Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
67UNIDADE III O Sistema de Gestão da Qualidade 3 A BUSCA DA MELHORIA CONTÍNUA NA ORGANIZAÇÃO E A SATISFAÇÃO DO CLIENTE Em um ambiente cada vez mais competitivo, as empresas estão procurando diferenciar-se frente à concorrência, buscando sempre novas ideias, metodologias e ferramentas. Nesse cenário de mundo globalizado, a capacidade de oferecer respostas rápidas, atuar em processos ágeis, manter custos adequados e atender às necessidades de clientes são fatores essenciais para que seja determinado o sucesso ou insucesso de uma organização. Por isso, as organizações podem buscar estratégias de inovações em processos e ferramentas de melhoria contínua, uma vez que se caracterizam pela eliminação de desperdícios e retrabalhos, melhoria dos produtos, aumento da produtividade, bem como na aplicação de soluções que dão apoio aos colaboradores para melhorar a prática de seus processos. Para Caffyn e Bessant (1996), melhoria contínua é um processo, em toda a empresa, focado na inovação incremental e contínua. No entanto, Liker (2005) afirma que melhoria contínua se trata do processo de realizar melhorias, mesmo pequenas, e atingir a meta enxuta de eliminar todo o desperdício que adiciona custo sem agregar valor. Davenport (1994) afirma que a inovação de processos é um veículo fundamental para a 68UNIDADE III O Sistema de Gestão da Qualidade implementação de estratégias de redução de custo, aumento da velocidade e satisfação do cliente, tornando-se uma importante fonte de vantagem competitiva para as organizações. Percebe-se, então, que a melhoria contínua, indiferente do conceito que se prega, é uma ferramenta de conscientização e de práticas, em busca de resultados, em que sua capacidade de estratégia de uso proporciona a redução dos custos de falhas (erros, enganos e omissões) e apresenta maior oportunidade de obter benefícios rápidos dos resultados da empresa. De acordo com estudos realizados por Armand Feigenbaum, citado por Silva (2009), um dos mais proeminentes autores sobre o tema “Custos da não qualidade” (Cost of Quality), estes custos, normalmente ocultos, podem chegar entre 20% e 30% dos níveis de faturamento da empresa e são a fundamentação econômica dos programas de Melhoria da Qualidade. REFLITA “Elimine defeitos, analise os erros até encontrar a fonte dos erros, fazer correções e registrar os acontecimentos posteriores à correção” (DEMING, 1990) A busca pela melhoria contínua deve iniciar-se pelo que se precisa melhorar, e para isso devem-se entender os processos organizacionais da empresa, definindo os processos principais e processos secundários. Os processos principais, ou produtivos, são aqueles que estão diretamente ligados ao escopo da organização, à parte central do negócio (core business). Já os processos secundários são aqueles que nem sempre estão ligados à essência do negócio, mas também são importantes em um cenário geral. Como o sistema de gestão da qualidade é focado no cliente, a organização pode iniciar a melhoria de seus processos, buscando entender, por meio de ferramentas de qualidade, as expectativas, necessidades e ansiedades do cliente, ou seja, o que o cliente quer, evitando, assim, a perda de tempo com melhorias desnecessárias e o entendimento mais assertivo dos objetivos a serem alcançados. É preciso ter objetivos, direcionamentos, planejamentos estratégicos para que sejam definidas métricas, alcançar a qualidade desejada e para se obter sucesso em melhoria contínua. Ou seja, deve-se saber onde está e para onde se deseja ir. Para isso, 69UNIDADE III O Sistema de Gestão da Qualidade definir e desdobrar os objetivos organizacionais e de qualidade em indicadores é primordial, de forma a permitir medir os resultados e tomar ações pautadas em fatos e evidências, no atingimento ou não desses. REFLITA “Não há melhoria se não há padrão” (Ohno,1997 ). Para que se possa buscar a melhoria contínua dos processos, sejam eles de produtos ou serviços, é importante iniciar a análise da organização respondendo a três perguntas: 1. O que queremos melhorar? (foco) 2. Como saberemos que a nossa mudança foi uma melhoria? (indicadores, métricas) 3. Que mudanças podemos fazer que vão gerar melhorias? (ações) Ou seja, utilizar da seguinte fórmula: foco + indicadores + ações = melhoria contínua. Diversas ferramentas de melhoria contínua foram desenvolvidas ao longo das últimas décadas, entre elas o Lean Manufacturing (Sistema Enxuto de Manufatura), desenvolvido pela Toyota, na década de 50, no Japão. É um conjunto de princípios e técnicas para análise e melhoria de processos, que surgiu com a ascensão industrial japonesa do pós-guerra. O conceito Lean, também chamado de kaizen, prega que devemos melhorar continuamente, através da padronização disciplinada e do aprendizado a longo prazo. De certa maneira, o Lean entende que, em uma organização, os problemas devem ser vistos de frente. Os problemas não devem ser escondidos, mas sim devem ser entendidos e tratados como a base para poder aprender mais como melhorar. Mesmo que adotado há décadas, as mudanças e práticas propostas pelo Lean exigem mudanças culturais e o uso de técnicas práticas para se alcançar os resultados e objetivos desejáveis. O Lean também é conhecido por conceituar que uma empresa deve ser extremamente enxuta e flexível, evitando desperdícios e tendo agilidade nos seus processos; devendo manter-se do tamanho da necessidade do cliente, trabalhando o que o cliente quer, quando o cliente quer, na quantidade que o cliente quer. E nada mais. 70UNIDADE III O Sistema de Gestão da Qualidade Para tanto, o sucesso e futuro de qualquer empresa está diretamente relacionado ao grau de satisfação dos seus clientes. Mas por que manter clientes satisfeitos é tão importante? ● Clientes satisfeitos, são fiéis, estão dispostos a repetir a experiência e voltam a comprar na mesma empresa. ● Clientes satisfeitos pagam a mais pelo produto/serviço, devido à confiança. ● Clientes satisfeitos elogiam, falam bem da empresa, trazendo novos clientes. ● Para o cliente satisfeito não interessa como o produto ou serviço foi realizado, e sim o resultado final que atenda às suas necessidades e desejos. Mas esse mesmo cliente encontra-se mais exigente em face às suas especificações e expectativas, em busca de qualidade dos produtos, facilidades de pagamento, entrega, atendimento, ou seja, qualidade do serviço. Por isso uma organização deve preparar-se e inovar-se, trabalhando de forma a garantir uma melhoria contínua do grau de satisfação dos seus clientes. Gostaria de finalizar a descrição do processo de melhoria contínua apresentando a você o famoso ciclo “PDCA” (Plan: Planejar – Do: Realizar – Check: Checar – Act: Agir), voltado exclusivamente para uso e entendimento da satisfação do cliente. Na sequência, “PDCA”: onde entrará a satisfação do cliente? ● Plan – planejar o que se vai produzir ou realizar; ● Do – produzir ou realizar o serviço; ● Check – identificar, controlar, monitorar se aquilo que foi produzido ou entregue está de acordo com a especificação ou necessidade; ● Act – agir/ajustar atuar nas ocorrências negativas ou não conformidades para que, na próxima, seja realizado e entregue da melhor forma. Com o uso do PDCA o cliente participa, identifica e atua como controle de qualidade na avaliação de conformidade do produto ou serviço face às especificações e os termos contratados. Por meio de uma pesquisa de satisfação, que também podemos denominar e concluir como avaliação de satisfação do cliente, são checados e avaliados os resultados, em que o grau de satisfação e a opinião ou crítica são conhecidos e a empresa, voltada a buscar identificar anomalias e características de seus produtos e serviços, atua em resoluções e melhorias.
Compartilhar