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gestão empresarial gestão de marketing marketing: histórico e conceitos 1 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Conhecer a evolução do conceito de marketing, trans- formado a cada época. COmpetênCias Identificar as mudanças pelas que passou o conceito de marketing até a primeira década do século XXI e reconhe- cer os momentos históricos em que surge. Habilidades Inserir o marketing na Teoria da Administração como parte de um processo sólido e contínuo, natural da pró- pria necessidade administrativa. gestão de marketing marketing: histórico e conceitos APRESENTAÇÃO Nesta primeira Unidade de Aprendizagem, você estu- dará o que é marketing, sua origem e evolução. Antes de começar, assimile e relembre os conceitos da Teoria Geral da Administração, para que assim os contextos se entrelacem nas próximas páginas. Participe! Faça esta troca de experiência, dê sua opi- nião, ajude na construção de novas reflexões grupais. Por fim, os conceitos desta Unidade foram extraídos dos livros mencionados no item Referências. Sempre que puder, faça a leitura dos textos originais para enri- quecer ainda mais seus conhecimentos. PARA COMEÇAR Esta é a primeira UA desta disciplina! Quero lhe dar as boas-vindas. Nós, professores-autores, preparamos para você um material com o qual poderá descobrir o mundo do marketing: uma das áreas que mais desper- tam a curiosidade de alunos e empresários ansiosos por aprender as melhores técnicas para difundir, convencer, persuadir e divulgar bens, produtos e serviços, melhorar a imagem e identidade da empresa ou, ainda, agregar valor aos produtos e/ou serviços. Por isso, pergunto: no seu ponto de vista, o que é mar- keting? Neste momento, anote suas percepções. Use ape- nas seu senso comum para responder, sem antes fazer outras pesquisas ou avançar na leitura. A ideia é conhecer o seu ponto de vista. Observando a foto a seguir, quais as suas conclusões? Registre-as! Há relação entre esta foto e o avanço da Te- oria Geral da Administração? Recupere o material desta disciplina e faça suas anotações. Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 4 Ao estudar marketing, é muito importante fazer a relação entre a área e a própria evolução da Teoria Geral da Administração. Afinal, não são con- textos separados! Outro fator relevante nesta primeira Unidade é respeitar seu ponto de vista inicial sobre o marketing. Daqui algum tempo, você poderá compará- -lo com suas ideias amadurecidas pelos conteúdos das próximas UAs, que certamente vão expandir seu conhecimento sobre o assunto. Todo bom gestor de marketing possui essa habilidade de respeitar o passado e as próprias crenças, mas também percebe quando o mercado muda. E levando em consideração que o mercado inova a cada dia, se não se atualiza, fica para trás. Neste momento, convido você a fazer novamente uma breve viagem pela história da Administração. Vou lhe apresentar quando e onde o mar- keting surge, com que finalidade, como era visto pelos estudiosos da épo- ca e quais são seus conceitos mais importantes. Além disso, vamos ver como os pesquisadores conseguem vislumbrar o tema de diferentes ân- gulos, de acordo com a evolução do contexto empresarial. Dica Acesse a área Navegando por aí e confira um vídeo que apresenta conceitos importantes para contextualizar e in- troduzir esse tema de estudo. Figura 1. Gravura de um antigo mercado de rua, Frankfurt. Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 5 FuNdAMENTOS 1. Origem e evOlUÇÃO dO marketing Apesar de ser possível encontrar a ideia de marketing ao longo da História, como área de estudo surgiu após Revolução Industrial, quando os indus- triais começaram a enfrentar dificuldades para administrar seus negócios. Era uma época de mudança de paradigmas: a realidade de vendedores dava lugar à outra, de compradores. Era preciso informar o lugar onde os produtos eram comercializados e, apesar de ainda não existir o mercado competitivo, os comerciantes começavam a se preocupar com a concorrência. Resumindo: o comércio evoluiu do simples escambo (trocas) para o uso corrente da moeda - o que facilitou seu processo de organização e permi- tiu que chegássemos aos dias atuais com o dinheiro digital. Não foi apenas com o uso da moeda que os mercados se expandiram, mas também com a herança das inovações tecnológicas. Por exemplo, as nave- gações permitiram a conquista não só de novos mercados e a agilidade no transporte de mercadorias, mas também a conquista de novos continentes. A ferrovia e a aquavia, em muitos países, ainda é uma estratégia para deslo- camento de pessoas e mercadorias para longas distâncias a baixos custos. Mais tarde, ainda na Revolução Industrial, as cidades se avolumaram. E se antes, no campo, a economia estava sujeita ao trabalho de grupos, em volta da lavoura e da colheita, nos centros urbanos passou a depen- der da mão de obra do indivíduo. Os mercados e transações se tornaram complexos com o aumento de indústrias, o inchamento das cidades e as novas realidades, tais como necessidade de saneamento básico, de me- lhorias nos transportes, educação e saúde. Figura 2. Representação de compras digitais. Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 6 Por muito tempo, o conceito de planejamento de ações para a con- quista de clientes não foi estudado. A única preocupação da empresa era produzir, vender, obter lucro para comprar mais matéria-prima e conti- nuar a produzir. Atos esses baseados na experiência do comerciante em situações de oportunidade, sem que riscos fossem analisados. Esse cenário começa a mudar com os precursores da Teoria Clássica da Administração (Frederick Winslow Taylor) e da Administração Clássica (Jules Henri Fayol). Ambos buscam, em seus estudos, maximizar o lucro. O marketing irá, a partir desse ponto, atravessar a economia monetária (KOTLER, 1980) e chegar à era das Tecnologias da Informação e Comuni- cação (TICs), em que as relações de troca se tornam complexas e precisam de atenção redobrada, como veremos no decorrer desta disciplina. Embora a ação de comercializar (marketing) surja formalmente no início do século XX (KOTLER, 1980), o estudo do marketing tem início nos anos 1950 nos Estados Unidos, local onde se viu o desenvolvimento do merca- do e outros acontecimentos essenciais, listados abaixo: → A consolidação da indústria no pós-guerra (Segunda Guerra Mun- dial), já que, ao analisar a história, os Estados Unidos não sofreram destruição em seu território e não tinham como prioridade a recons- trução do país, como foi o caso da Europa e do Japão; → As indústrias estadunisenses podiam voltar a atenção a outros produ- tos (além dos inúmeros que já produziam), o que permitiu maior oferta de modelos e possibilidades de financiamento; → A grande onda de imigração, principalmente de judeus, iniciada no final do século XIX e estendida até a metade do século XX. Segundo o prof. Dr. Sérgio Alberto Feldman, da Universidade Federal do Espírito Santo, os judeus são comerciantes natos - por isso foram persegui- dos na Europa. Nos Estados Unidos, no entanto, são aceitos e coo- peram com o crescimento e aperfeiçoamento do mercado de troca; → Aprimoramento dos meios de comunicação nos anos 1950 em dian- te, seja pela era do rádio, seja pelo início da televisão; → Intensificação do comércio internacional e das viagens aéreas de longo percurso; → A geração baby boomer, que, no pós-guerra, busca satisfazer suas necessidades e desejos de longevidade, de novos produtos, de esta- bilidade financeira, de realização pessoal e status; → Maior participação da mulher no mercado de trabalho e primeiras conquistas de sua emancipação, entre outros. Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 7 Para os consumidores, essas novas condições permitiram a diversificação dos mercados e mais opções de escolha e informação. Por outro lado, para as empresas trouxeram novas preocupações,especialmente com as vendas. Isso porque, diferentemente do que acontecia na Revolução In- dustrial - quando as pessoas compravam produtos sem variedade de es- colha (muitas vezes era um só fabricante local) e o poder de mercado era da fábrica -, o aumento de fabricantes propiciou maior oferta de modelos e, consequentemente, ampliou a concorrência. Nesta nova realidade dos Estados Unidos, surge a primeira loja de de- partamento, Macy, em 1858. Porém, apenas nos anos 1950 as lojas de departamento se intensificam e a competição se acirra - com destaque para lojas como Macy, Sears e Dillard’s, que vendiam de tudo um pouco. Na mesma época, são criados os supermercados com grande sortimento de itens (oferta de várias mercadorias e marcas). Outro grande acontecimento nos anos 1960 foi o surgimento dos shop- ping centers (espaços amplos onde são vendidos os mais variados produ- tos e prestados os mais diversos serviços). Esses ambientes pensados para a venda em massa e diversidade de espaços já assinalavam uma nova era em que a sociedade busca por faci- lidade, conforto, comodidade, descontos e promoções, segurança e novas tendências de maior atratividade do cliente. Philip Kotler, referência internacional na área de estudos sobre o market- ing e sua evolução, em seu livro de 1980 (p. 30) menciona citações da dé- cada de 1960 que permitem entender como as pessoas viam o marketing. Muitos desses pontos de vista continuam atuais e podem ser comparados com sua própria ideia do termo, leitor. Para alguns, o marketing era o sal- vador da sociedade, como você poderá confirmar: Figura 3. Supermercado inglês, década de 60. Disponível em: www. flickr.com/photos/ brizzlebornand bred/8751069802 www.flickr.com/photos/brizzlebornandbred/8751069802 www.flickr.com/photos/brizzlebornandbred/8751069802 www.flickr.com/photos/brizzlebornandbred/8751069802 www.flickr.com/photos/brizzlebornandbred/8751069802 Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 8 As políticas e práticas agressivas de marketing têm sido grandemente responsáveis pelo alto padrão de vida na América do Norte. Hoje, através de um marketing de mas- sa de baixo custo, consumimos produtos que antes eram considerados de luxo e que ainda são classificados dessa forma em muitos países. (STATON, 1964 apud KOTLER, 1980, p. 30) A propaganda fomenta o poder consumidor do homem. Cria desejos de um padrão de vida melhor. Coloca em face do homem o objetivo de uma moradia melhor, roupas melhores, alimentação de melhor qualidade para si e para sua família. Estimula o es- forço individual e maior produção. Junta numa união fértil coisas que de outra forma não entrariam em contato. (CHURCHILL, s.d. apud KOTLER, 1980, p.30) É interessante analisar que, para essas pessoas, o marketing possibilitava o acesso a bens que antes não eram conquistados. As técnicas do market- ing ajudaram a baratear os preços, fizeram com que as pessoas tivessem acesso a produtos que hoje são de necessidade básica, mas que, na época, eram artigos de luxo. Para outros, porém, o marketing era o vilão, o corruptor da sociedade. Abaixo, alguns exemplos: Nos últimos 6.000 anos o campo de marketing foi considerado como feito de artistas de segunda classe, trapaceiros, ‘picaretas’ e distribuidores de mercadoria de segunda mão. Muitos de nós já foram ‘ludibriados’ pelo trapaceiro; e todos nós alguma vez já fomos levados a comprar toda espécie de ‘coisas’ que, na verdade, não precisávamos e que, mais tarde, descobrimos que nem ao menos queríamos. (FARMER, 1967 apud KOTLER, 1980, p. 30) O que um homem realmente precisa? Algumas centenas de gramas de comida todos os dias, aquecimento e abrigo, dois metros para se deitar e alguma forma de trabalho que lhe proporcionará uma sensação de realização. E isso é tudo, sob o aspecto ma- terial. Todos sabemos disso. Mas recebemos uma lavagem cerebral de nosso sistema econômico, até que terminemos numa tumba, debaixo de uma pirâmide de presta- ções, hipotecas, utensílios absurdos [grifo nosso], brinquedos que desviam nossa atenção da estupidez de tudo isso. (HAYDEN, 1963 apud KOTLER, 1980, p. 30) Analisando as duas citações acima, fica claro que marketing se confundia com vendas. Acreditavam os consumidores que poderiam acabar com- prando produtos e serviços por manipulação de um vendedor que faria uso de todo o seu conhecimento e poder de persuasão. Ou, então, con- fundiam com a Propaganda, esta que, em vez de fazer parte do sistema Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 9 econômico, fazia parte da Psicologia, cheia de conceitos para persuadir os clientes. Os valores antagônicos do marketing chegaram ao Brasil e à maioria dos países da América Latina quando o sentimento dessas populações, por si mesmas, também eram contraditórios. O uso de bombas nuclea- res com poder de destruição em massa fez com que as pessoas vissem a vida como momentânea, frágil e apavorante, mas, ao mesmo tempo, fez com que buscassem aproveitá-la ao máximo, satisfazendo seus desejos e necessidades tanto por produtos como por serviços, e se darem ao luxo de pensar em superficialidades. Queriam viver o hoje por temer que o amanhã não existisse. Especialmente na cidade de São Paulo, na segunda metade do século XX, lojas como a Mesbla (1912) e o Mappin (1913) já eram bastante conhe- cidas e a rede Pão de Açúcar (1959) abria seus primeiros supermercados. O primeiro shopping center do país, o shopping Iguatemi, já recebia o pú- blico em 1966 — embora alguns afirmem ser o shopping do Méier (RJ) o pioneiro, inaugurado em 1965, há discordância quanto à estrutura e aos serviços prestados oferecidos no local, divergentes dos de um centro de compras (shopping center). Ao analisarmos a situação do Brasil na primeira década do século XXI, percebemos nas capitais e nas grandes cidades do interior uma clara ex- pansão dos shoppings centers que, em pouco tempo, começa a apresentar sinais de saturação. Inevitavelmente, as oportunidades passam a se dirigir, sobretudo, aos novos espaços em cidades menores. Nas décadas de 1980 e 1990, outras questões se fazem presentes: o au- mento de concorrentes, a segmentação dos mercados (divisão para me- lhorar estudo e alcance), os custos de armazenagem e distribuição, todas começam a impactar o preço de venda. Neste cenário frágil, os prestadores de serviços especializados em logís- tica se tornaram referência no mercado de distribuição de mercadorias. Até então, eles não trabalhavam de maneira integrada; um setor cuidava da distribuição física, outro do pedido, da separação, do almoxarifado, das compras etc. Também é importante mencionar a crise inflacionária que na década de 1980 atingia muitos países do continente latino-americano, especial- mente aqueles que saíam recentemente de períodos de ditadura militar com a economia fragilizada e a necessidade de mudanças estruturais na política econômica. Para resolver os problemas de altos gastos públicos, optaram pela privatização de empresas, ou seja, pela entrega de organiza- ções estatais para a iniciativa privada. Essa nova solução foi apresentada no Consenso de Washington, que valida o processo de globalização que vivenciamos até hoje. Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 10 Na década de 1990, a presença de grandes redes de varejo multinacio- nais consolidou a transferência de negociação do fabricante para o vare- jista - aquele comerciante que atende ao consumidor final. Graças a essa tendência, ocorreu o barateamento dos preços e o aumento da possibili- dade de compra para a grande parte da sociedade que busca por bens e serviços a menores custos. Como veremos na Unidade de Aprendizagem 6, desde toda essa mu- dança estrutural no mercado, o preço não é mais a margem de lucro somada ao custo; ele começa a ser dado pelo mercado. Fornecedores, concorrentes, consumidores e os governos hoje atuam diretamente nesta base, com a própria expansãoda economia e o acesso a serviços para as maiores camadas da sociedade de consumo. Por conta da necessidade de se planejar a venda surge o planejamento global das operações — consequência direta do processo de globalização. As empresas não tinham mais como escapar: ou se adaptavam à nova es- trutura de mercado global ou perderiam espaço para o concorrente, o que poderia afetar não somente o lucro da empresa mas também o consumi- dor final, que teria que escolher outro local ou outra marca para comprar. Entretanto, nesta primeira década do século XXI, os produtos não são mais concebidos a partir da perspectiva do fabricante e dos recursos dis- ponível. São, sim, concebidos a partir das necessidades e desejos dos consumidores. Aos itens de compra novas tecnologias são agregadas, forçando as empresas a oferecerem preços compatíveis com um dado mercado ou realidade. 2. entÃO, O QUe É marketing? A palavra marketing deriva do inglês market, que significa mercado, adiciona- do ao sufixo ing, que indica ação contínua de acordo com a gramática da lín- gua inglesa. Temos, então, numa tradução literal: fazendo o mercado, agindo no mercado, ou, ainda, trabalhar com mercados (KOTLER, 1980, p. 33). Tanto em português como em inglês, estas palavras derivam do latim mercari, marcare, que por sua vez derivam do etrusco merck, palavra usa- da para designar as mercadorias e os objetos de comércio. A autora Ruschmann (1990) reconhece o termo marketing como sendo um neologismo e faz menção à outra forma de tradução do termo market- ing para o português, que seria comercialização. Em resumo, não há uma tradução exata para a palavra marketing em português, motivo pelo qual autores como Cobra (1997) fazem uso do termo mercadologia, com senti- do de estudo do mercado. Ruschmann (1990), contudo, afirma que mercadologia, comercialização e outras traduções fazem com que a palavra marketing perca o significado Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 11 que tem em inglês. Somente enfatizam uma concepção do marketing: a de que é voltado para o comércio. No Brasil, o termo marketing é mais usado do que o termo mercadolo- gia e comercialização e, como tem aceitação e entendimento internacio- nais, será empregado no decorrer desta disciplina. papo técnico Antes de apresentar o conceito de marketing, é importante que você saiba ainda que marketing não é vendas, não é propaganda e não é publicidade, marketing é muito mais que isso! A venda, a publicidade e a propaganda são ferra- mentas que o marketing utiliza para alcançar os objetivos mercadológicos da empresa (que pode ser pública, privada e sem fins lucrativos). Segundo a AMA (American Marketing Association), o marketing é uma ati- vidade definida por um conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e ofertar valores que são desejados pelos clientes, parceiros e sociedade em geral. Em 1980, o autor Philip Kotler (1980, p. 31) afirmava que “marketing é a atividade humana dirigida para a satisfação das necessidades e desejos, através dos processos de troca”. E que o marketing era o “estudo dos pro- cessos e relações de troca [...]” (KOTLER, 1980, p. 29). Atualmente, estudar o marketing como um processo de como se dão as relações de troca parece-nos algo banal e arcaico, mas na época era algo inovador. Quando Theodore Levitt publica seu artigo “Miopia em Marke- ting” na revista Harvard Business Review, na década de 1960, apontando uma série de erros de percepção de mercado e afirmando que era preciso satisfazer a necessidade dos clientes, provocou um primeiro passo para uma série de artigos e publicações que mostrariam a importância de se investir em estudos sérios sobre a relevância do marketing como diferen- cial competitivo. No decorrer das décadas, o entendimento do que é o marketing evo- luiu. Atualmente, encontramos entre os principais autores da área concei- tos que definem e possibilitam acompanhar essa transformação da forma de se conceber o marketing. Cobra (1997, p. 20) diz que “Historicamente, a transição da economia de produção à economia de consumo processou-se através do marketing, Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 12 desde os primórdios da revolução industrial quando a produção em mas- sa encontrou a chamada economia de escala na fabricação”. Para Kotler, na 12ª edição de seu livro Administração de Marketing pu- blicado em 2006, o marketing ainda é “a identificação e a satisfação das necessidades humanas” (p. 4), mas agora também deve se preocupar com as necessidades sociais. Os autores Cassar e Dias (2005, p. 43) afirmam que: Marketing pode ser entendido como um canal multidirecional, socialmente saudável e economicamente sustentável que se estabelece entre clientes e fornecedores, por meio do qual, necessidades e desejos são dinamicamente compreendidos, dando ori- gem a ideias, produtos e serviços que possuem atributos percebidos como benefícios capazes de atender às necessidades das partes envolvidas, de maneira transparente e contínua. É importante destacar como há uma mudança na forma de se conceber o marketing nestes últimos 30 anos. Comparando o conceito de 1980 com os de conceitos de 2005 e 2006, saímos de uma empresa que se preocupa apenas com vendas, produção e qualidade do produto para uma outra completamente diferente, que, na primeira década do século XXI, se preocupa antes com o consumidor e depois com vendas; primeiro com a necessidade humana e social, e de- pois com a produção e o produto. Não que as vendas, a produção e o produto não sejam importantes, mas as empresas perceberam que, escutando os clientes, terão maiores chan- ces de lançar produtos e serviços bem-sucedidos no mercado; terão dife- renciais inovadores, e; serão mais eficientes e eficazes que antigamente, quando era o setor de engenharia que decidia o que o cliente consumiria. Ao final da primeira década do século XXI, já se dizia que é por meio da satisfação do cliente que acontece o processo de troca - a remunera- ção recebida por aquele que oferta o produto ou serviço. O e-commerce é uma prova dessa realidade: clientes de algumas empresas desse setor só pagam pelo serviço depois de verificar que este atende à sua necessidade ou ao seu desejo. Antes verificam se não há problemas na entrega, no formato, nas condições iniciais contratadas etc. É como diz Ruschmann (1990, p. 15): O marketing é, portanto, muito mais do que a modernização das técnicas de venda: é um conceito voltado para o consumidor. Seu objetivo busca identificar e satisfazer as necessidades dos consumidores. O conceito que o relacionava apenas à venda de bens e de serviços está ultrapassado e, atualmente, já é prática normal o fato de que a Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 13 produção ou o fornecimento de um serviço comece apenas após o conhecimento das necessidades e desejos dos consumidores. conceito Com base nestes conceitos é possível afirmar que a fun- ção máxima do marketing é satisfazer as necessidades e os desejos dos clientes, criando e entregando o produto/ serviço onde quer que ele esteja, da maneira desejada (que é superior à esperada), no momento em que precisa e, atual- mente, atentando-se à responsabilidade social empresarial, cuidando do planeta e preservando-o. 3. para QUe serve O marketing? Para alguns autores (KOTLER; ARMSTRONG, 2003; COBRA, 1997 e KOTLER, 2000) o marketing deve ser encarado pela empresa como uma filosofia. Como diz Drucker (apud KOTLER, 1980, p. 29) “o marketing é tão básico que não pode ser considerado como uma função isolada [...]. É o negócio todo visto do ponto de vista do resultado final, isto é, do cliente”. atenção Quando os processos de marketing são cuidadosamente pla- nejados e bem executados, servem para agregar valor ao serviço e ao produto, oferecidos ao consumidor conforme as suas necessidades e expectativas. Ou seja, ações planejadas para conquistarclientes constituem o objetivo das interven- ções do marketing. De acordo com o que você estudará nas próximas Unidades de Aprendi- zagem, o marketing serve para ajudá-lo a: → Conhecer, entender, mudar, definir ou redefinir melhor o seu pú- blico-alvo; → Preocupar-se e estar atento a questões macroambientais (que po- dem causar ameaças e trazer oportunidades) e microambientais (que o ajudarão a diagnosticar pontos fortes ou pontos fracos tanto da sua empresa como do concorrente); Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 14 → Conhecer e entender o que é, como funciona, para que serve e quais vantagens traz à empresa o composto de marketing (também conheci- do como mix de marketing) — mais conhecido como 4 Ps do marketing; → Pensar estratégias para Produto/serviço, Preço, Praça/distribuição e Promoção; → Identificar estratégias para a gestão da marca da empresa; → Identificar em qual fase do ciclo de vida se encontra cada um dos produtos e/ou serviços oferecidos por sua empresa; → Dedicar-se à criação e desenvolvimento de novos produtos/serviços de acordo com as sugestões tratadas na literatura pertinente sobre o assunto; → Identificar oportunidades de mercado e novos nichos; → Posicionar o produto/serviço no mercado, com diferenciais inovado- res e/ou competitivos; → Pensar estratégias para a distribuição de produtos e serviços, com a análise dos canais de marketing; → Orientar uma gestão de marketing que converse com todos os de- partamentos de uma empresa - ou seja, um gestor de marketing que não deve pensar na sua área como um departamento isolado e sim como uma filosofia de empresa; → Perceber a importância de se diversificar a quantidade de produtos/ serviços oferecidos, de acordo com a abertura de mercado existente; → Perceber a importância de se diversificar os canais de distribuição, de se verificar a eficácia e eficiência dos canais de marketing atuais com análise pormenorizada e detalhada; → Entender que os serviços, atualmente, agregam valor ao produto fi- nal e o diferenciam no mercado competitivo; → Descobrir que o marketing digital é uma possibilidade para quem atua tanto na área de serviços como de produtos, com estratégias inova- doras que possibilitam maior interação entre empresa e consumidor; → E muitos outros diferenciais e possibilidades, que você descobrirá com o avanço da disciplina. Lembre-se Muito se comenta sobre o marketing como ferramenta persuasiva que envolve grandes investimentos e assesso- ria especializada de alto custo, a que poucos têm acesso. Contudo é importante atentar para os novos canais de con- tato com o consumidor, como exemplo os meios digitais. antena PARAbóliCA O artigo abaixo fala sobre o marketing do século XXI e expressa uma opinião sobre sua democratização. Reflita sobre o assunto! As mudanças que revolucionaram o antigo market- ing do século XX1 Chega daquele marketing ultrapassado do século XX. O computador, as telecomunicações, a ciência, a tecnolo- gia e a internet revolucionaram a sociedade e a forma de se fazer marketing. O MKT 21 acompanha as revoluções e as mudanças. O MKT 21 é convergência. No século XX, o marketing estava acessível somente para grandes empresas, existiam poucas maneiras de fazer marketing e todas elas custavam muito caro. Mas na década de 1990 houve uma grande transformação. Quatro fatores foram fundamentais para essa revolução. → O computador: com sua popularização, hoje ele está dentro das casa s, empresas, escolas, em to- dos os lugares; → A telecomunicação: chegamos ao ponto de termos um celular em cada bolso da população; → A ciência e a tecnologia: com a evolução dessas, os custos diminuíram, os prazos reduziram e aumen- tou a qualidade e a eficiência de praticamente tudo; → A internet: uma verdadeira revolução no mundo, criou novas formas de se relacionar, se comuni- car e fazer negócio. Ela trouxe uma enxurrada de novidades na forma de e-mails, sites, portais, Goo- gle, MSN, YouTube, Orkut, Skype, Wikipedia, blogs, Twitter, Myspace, e-commerce e muito mais. E todos esses fatores combinados dão sentido a outro termo recente mas que também vem causando uma re- volução no marketing e na comunicação: a Convergência. 1. MKT 21: Marketing ligado na Tomada. [s.d]. Com o avanço da ciência e da tecnologia, a teleco- municação agora caminha junto com a internet. Os ce- lulares hoje em dia são verdadeiros computadores com acesso à rede e tudo que ela pode oferecer. Informação em tempo real em qualquer lugar do mundo. Quem foi que disse que o marketing tem de ser exclu- sivo para as grandes marcas? Quem foi que disse que o marketing tem de ser caro? O MKT 21 é marketing também para as pequenas e médias empresas. Todas têm a ganhar com o marketing do século XXI: aumento nas vendas, prospecção de mer- cado, divulgação e muito mais. Todas merecem um lugar ao sol (ou um lugar na mente do consumidor). E AgORA, José? Façamos um resumo dos principais pontos abordados nesta Unidade de Aprendizagem: O marketing existe desde os primórdios da civilização, mas como área de estudo surgiu apenas na década de 1950, nos Estados Unidos do período pós-guerra. Muitos autores conceituaram o termo das mais variadas manei- ras. No começo, faziam uma relação entre marketing e o processo de troca. Posteriormente, o identificaram como necessário para a satisfação de necessidades e desejos dos consumidores. Hoje, é tido como o responsável pela satisfação de necessidades e desejos humanos e sociais. Na década de 1960, para alguns, o marketing era o sal- vador da sociedade; para outros, seu vilão e corruptor. Não há uma tradução literal de marketing para um ter- mo em português. As mais aceitas são mercadologia e comercialização, porém estas o remetem absolutamente à visão de comércio, desfigurando o real sentido da pa- lavra em inglês. O marketing deve ser encarado como uma filosofia empresarial e não como um departamento ou setor iso- lado, responsável por divulgação ou vendas. Quando os processos de marketing são cuidadosa- mente bem planejados e executados, vão poder agregar valor ao serviço ou produto. As ações planejadas para conquistar, atrair e reter clientes constituem-se no objetivo das intervenções de marketing. Na próxima Unidade de Aprendizagem, veremos as abordagens clássicas do marketing. Para um melhor aproveitamento da UA, é importante que você releia o conteúdo e esclareça todas as eventuais dúvidas com seu professor. Gestão de Marketing / UA 01 Marketing: Histórico e Conceitos 18 glOSSáRiO Paradigma: pode ser entendido como uma re- ferência, uma diretriz, algo ideal, um modelo digno de ser seguido. Neologismo: uso de palavras novas, que podem ser derivadas ou formadas de outras exis- tentes, da mesma língua ou de outro idioma e, até mesmo um novo sentido a palavras já existentes em uma determinada língua. Antagônicos: opiniões opostas sobre um de- terminado assunto, também significa di- vergência. Nichos: oportunidade de novos negócios, oportu- nidades a serem descobertas e aproveitadas. Público-alvo: o público que se deseja alcançar com as estratégias de marketing. Composto de marketing: são variáveis que a empresa estuda para encontrar respostas desejadas em determinado mercado-alvo. Posicionamento: ato ou efeito de posicionar a imagem ou marca na mente do consumidor, a maneira como a empresa quer que o clien- te se lembre do seu produto/serviço. Segmentação: dividir a mercado para estudá- -lo, para melhor alcance da propaganda e da comunicação, para melhor satisfazer as ne- cessidades e desejos do consumidor. REFERêNCiAS AMA. �American Marketing Association. Dis- ponível em <http://www.marketingpower. com/AboutAMA/ Pages/DefinitionofMarke- ting.aspx?sq=marketing+definition>. Acesso em abr. 2010. COBRA, M. �Marketing básico. São Paulo: Atlas, 1997. DIAS, R. e CASSAR, M. �Fundamentos do Marke- ting Turístico.São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. KOTLeR, P. �Marketing. Edição compacta. São Paulo: Atlas, 1980. _______. �Administração de Marketing. São Pau- lo: Prentice Hall, 2000. _______. e ARMSTRONG, GARy. �Princípios de Ma- rketing. São Paulo: Prentice Hall, 2003. _______. e KeLLeR, KevIN LANe. �Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. LIMA, M. eT. AL. �Gestão de Marketing. Rio de Janeiro: FGV, 2007. Marketing Ligado na Tomada. As mudanças que revolucionaram o antigo marketing do século 20. Disponível em: < http://mkt21. orgas-mudancas-que-revolucionaram-o-an- tigo-marketing-do-seculo-20.asp>. Acesso em mai. 2010 RUSCHMANN, D. �Marketing turístico: um en- foque promocional. 10ª ed. Campinas: Pa- pirus, 1990. http://www.marketingpower.com/AboutAMA/%20Pages/DefinitionofMarketing.aspx?sq=marketing+definition http://www.marketingpower.com/AboutAMA/%20Pages/DefinitionofMarketing.aspx?sq=marketing+definition http://www.marketingpower.com/AboutAMA/%20Pages/DefinitionofMarketing.aspx?sq=marketing+definition http://mkt21.org/as-mudancas-que-revolucionaram-o-antigo-marketing-do-seculo-20.asp http://mkt21.org/as-mudancas-que-revolucionaram-o-antigo-marketing-do-seculo-20.asp http://mkt21.org/as-mudancas-que-revolucionaram-o-antigo-marketing-do-seculo-20.asp gestão empresarial gestão de marketing abordagens clássica e contemporÂnea do marketing 2 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Apresentar as abordagens clássicas e contemporâ- neas do marketing. Compreender o papel do marketing na sociedade atual. Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de associar as diferentes abordagens do marketing nas empresas. COmpetênCias Aproximar a abordagem clássica do marketing das pri- meiras abordagens da Teoria Geral da Administração. Analisar uma situação contemporânea do marketing, bem como solucionar um problema. Habilidades Pesquisar informações que permitam a compreensão do marketing em suas abordagens clássica e contemporânea. Perceber que a abordagem clássica do marketing ainda é aplicada no contexto empresarial do século XXI. gestão de marketing abordagens clássica e contemporânea do marketing APRESENTAÇÃO Nesta segunda Unidade de Aprendizagem você começará a estudar as abordagens de marketing. Primeiramente, apre- sentaremos as abordagens clássicas do marketing, com des- taque para o Composto de marketing, ou mix de marketing — conhecido como os 4 Ps do marketing (Produto, Preço, Praça, Promoção). Esta unidade é fundamental para que compreenda o desenrolar das atividades e propostas de marketing atuais. Mas antes de começar, destine 5 minutos para relembrar o que foi desenvolvido na UA 1. Com os conceitos ali estu- dados frescos na memória, fica mais fácil entender as prin- cipais abordagens clássicas do marketing. Se atualmente chegamos ao marketing holístico, é por- que toda uma reflexão foi concebida a partir dos 4 Ps. Não à toa esta abordagem clássica continua presente no dia a dia dos profissionais de marketing, que ainda fazem análi- se de demanda e estudo de mercado baseado em Produto, Preço, Praça e Promoção. Nesta Unidade de Aprendizagem também chamaremos a atenção para a orientação das em- presas: se ela não ouvir primeiro o cliente, não é orientada ao marketing. Após estudar as abordagens clássicas, você aprenderá sobre as abordagens contemporâneas de marketing, com destaque para o marketing de relacionamento, integrado, interno e socialmente responsável. O importante é vincular o surgimento dessas novas abordagens com a própria evo- lução do marketing, que deixa de analisar a demanda para pensar no público; deixa de ter um enfoque no produto e passa a entender melhor o consumidor e suas necessidades. PARA COMEÇAR Nas próximas páginas, você aprenderá sobre a abordagem clássica do marketing. Destacaremos as principais vertentes deste período. Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 4 Antes, vamos relembrar o que aprendemos na unidade anterior: a. O marketing evolui juntamente com a administração empresarial, durante a Revolução Industrial; b. Marketing é muito mais do que vendas, propaganda e publicidade, porque estas são apenas ferramentas para o marketing levar o pro- duto ou serviço ao consumidor final; c. Na década de 1960, alguns viam o marketing como “salvador da so- ciedade” e outros como o “vilão e corruptor da sociedade”; d. O marketing serve para planejar ações que, coordenadas, criam dife- renciais competitivos à empresa. Mas é importante que você saiba que esse equívoco de confundir mar- keting e vendas, ou marketing e propaganda, realmente existiu e conti- nua existindo. papo técnico Como você verá nesta unidade, as empresas, de acordo com as abordagem clássica do marketing, terão um tipo de orien- tação — mas são poucas as empresas que até os dias de hoje são orientadas ao marketing e, muito menor ainda, o número de empresas que tem a orientação do market- ing societal. dica Para que você possa compreender a abordagem clássica do marketing e identificar como e porque foi pensada da ma- neira como a apresentaremos, é importante que assista ao vídeo disponível na área Navegando por aí dessa unidade, no Ambiente Virtual do curso. lembre-se Analisar a abordagem clássica do marketing é contextualizar a teoria do marketing na evolução da própria administração, quanto à sua orientação para o mercado consumidor. Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 5 Observe na sua cidade, no seu bairro, na rua da sua casa ou do seu tra- balho empresas dos mais variados ramos. Nos comércios, ou empresas prestadoras de serviço, você terá maior facilidade para observar os se- guintes aspectos: a. Como é o atendimento ao cliente? b. A empresa se preocupa mais em lhe prestar um bom serviço/bom atendimento ou em vender? Ao longo da unidade, resgataremos as percepções iniciais que você teve, motivado por estas duas perguntas. FuNdAMENTOS 1. abOrdagem ClÁssiCa dO marKeting Conforme já foi salientado, para analisar a abordagem clássica do market- ing é importante identificar a própria evolução das empresas quanto à sua orientação para o mercado. Kotler e Keller (2006, p. 13-16) mencionam que são cinco fases (que eles denominam era ou orientação). Detalhamos a seguir cada uma para maior compreensão: 1. A era da produção: nesta fase, prevalece a orientação para a pro- dução. Se fizermos uma comparação com a própria história da Te- oria da Administração, nesta era — pós Revolução Industrial, até o final da Primeira Guerra Mundial — a preocupação das empresas é com a produção e as finanças. Produziam para suprir a deman- da, tinham acesso a recursos para a compra da matéria prima. A meta não era satisfazer o cliente, mas sim produzir mais a custos menores. Acreditavam que ao consumidor bastava que o produto fosse acessível (KOTLER; KELLER, 2006, p. 13). Este paradigma so- mente seria alterado com a Recessão de 1929, quando surgiram novas estratégias e técnicas de venda para terminar com grandes estoques e produtos encalhados; 2. A era do produto: nesta fase, prevalece a orientação para o produ- to. Os consumidores preferem ofertas de qualidade e desempenho superiores, ou com características que fossem inovadoras. Sendo assim, as empresas se esforçam para desenvolver produtos que se diferenciem por sua qualidade e que possam aperfeiçoar com o tempo. Para isso, porém, não consultam os consumidores - os Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 6 administradores, o departamento de Desenvolvimento e de Enge- nharia se sentem capazes de desenvolver produtos diferenciais. O grande esforço de comercialização e aceitação do produto fica a car- go do departamento de vendas e marketing (KOTLER, 2000; KOTLER; KELLER, 2006); 3. A era das vendas: nesta fase, prevalece a orientação para as vendas. Se nas fases anteriores a empresa se preocupava com aprodução e, em seguida, com a qualidade do produto, o que acontece agora é uma demanda estagnada e o aumento da concorrência. Para dar conta desta situação, surge a ênfase de vender a qualquer custo. Ain- da não se cogita satisfazer a necessidade do cliente. O departamento comercial não consegue traçar metas que não sejam a curto e médio prazos, em razão da concorrência e do estímulo da demanda. O que se desenvolve, então, são complexas estruturas de vendas. O preço é visto como um diferencial e quesito de promoção. A distribuição se torna fundamental para que o produto chegue à mão do consu- midor. O paradigma vigente é o de que qualquer produto que seja bem distribuído e anunciado será vendido. Nesta fase, as abordagens agressivas de vendas fazem com que o consumidor adquira produtos que nem pensava em adquirir. Tais estratégias funcionam até que a empresa se dá conta de que as necessidades do cliente devem ser priorizadas, e não as de seus vendedores (KOTLER, 2000; KOTLER; KELLER, 2006); 4. A era do marketing: nesta fase, prevalece a orientação para o mer- cado e para o cliente. A partir deste momento, prevalece o conceito de marketing em oposição ao conceito de vendas. vendas marketing Ênfase nos produtos. Ênfase nas necessidades e desejos dos clientes reais e potenciais. A empresa fabrica o produto e pensa em como vendê-lo de maneira lucrativa. A empresa pesquisa o que o cliente (real ou potencial) necessita e/ou deseja, em seguida pensa na melhor forma de fabricar e vender com um lucro que permita satisfazer tais expectativas. Mentalidade voltada para a empresa. Mentalidade voltada para o mercado e seus clientes. A preocupação é em satisfazer as necessidades internas, principalmente de seus vendedores (depto. comercial). A preocupação é em satisfazer as necessidades e desejos dos clientes (real e potencial). Tabela 1. Vendas versus Marketing. Fonte: Adaptado Kotler (2000); Kotler (1980) e Kotler e Keller (2006). Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 7 conceito de vendas conceito de marketing ponto de partida Fábrica Mercado foco Produtos existentes Necessidades e desejos dos clientes meios Venda e promoção Marketing integrado fins Lucros com o volume de vendas Lucros com a satisfação das necessidades e desejos dos clientes (real e potencial) Analisando-se as tabelas anteriores, fica claro que a empresa já não deve apenas produzir e vender aquilo que sabe fazer, ou aprendeu a fazer, mas identificar primeiramente as necessidades, expectati- vas e desejos dos consumidores potenciais (prospects). Também se inverte a perspectiva da produção: primeiro a empresa realiza pes- quisas de mercado para conhecer essas necessidades, expectati- vas e desejos, e só depois inicia o processo de desenvolvimento de novos produtos. Agora, a empresa passa a disponibilizar bens ou serviços solicitados e/ou desejados por seu consumidor potencial. Outra mudança que ocorre nesta fase é a divisão do mercado em segmentos. O ideal é que a empresa concentre seus esforços em de- terminados targets (público alvo ou mercado alvo) para que aumente a probabilidade de conhecê-los e entendê-los melhor. Também é nesta fase que os Sistemas de Informações e os avan- ços tecnológicos permitem a criação de ferramentas parceiras do marketing, como o CRM (Customer Relashionship Management: Ge- renciamento do Relacionamento com o Consumidor) (KOTLER, 2000; KOTLER; KELLER, 2006); papo técnico A orientação para o marketing enfatiza a importância de de- senvolver e comercializar produtos e serviços com base nas necessidades e desejos dos clientes. 5. A era do marketing societal: esta fase começa no final do século XX e prevê a orientação para o bem-estar não só do consumidor, mas de toda a sociedade. Este novo paradigma define que, em tempos de escassez de recursos naturais, deterioração do meio ambiente, desigualdade social e econômica e explosão demográfica a empresa deve contribuir para preservar ou melhorar o bem-estar social do Tabela 2. Conceituação de vendas versus Marketing. Fonte: Adaptado Kotler (2000); Kotler (1980) e Kotler e Keller (2006). Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 8 consumidor e da sociedade, sem deixar de satisfazer os desejos e necessidades de seus clientes, reais e potenciais. Por isso, é impor- tante que os profissionais de marketing incorporem considerações sociais e éticas em suas práticas diárias, equilibrando: lucros para a empresa, satisfação de desejos e necessidades dos consumidores e o interesse público. Tal visão é mencionada no trabalho de Kotler e Keller (2006) como um importante diferencial à empresa que queira sobreviver no século XXI. conceito Agora que já foram expostos os tipos de orientações de em- presas no processo de evolução do marketing, é importan- te salientar que a maioria dos países e das empresas atuais encontram-se nas últimas três fases (vendas, marketing e marketing societal), mas ainda é possível encontrar aquelas que se orientam para o produto e a produção. Isso acontece porque as diferenças culturais, sociais e econômicas influen- ciam em tais orientações empresariais. Assim como as orientações empresariais são influenciadas pelo macro e microambientes, o mesmo ocorre com o marketing. Na transição da fase de orientação de vendas para a fase de orientação de marketing o que se notava era uma atenção excessivo ao produto, em como promovê-lo. Este período é conhecido como abordagem clássica do marketing. Segundo Kotler (1980, p. 29), “o marketing evoluiu de suas antigas origens de distribuição e vendas para uma filosofia abrangente de como relacionar dinamicamente qualquer organização ao seu mercado”. E também afirma que, em muitos países, na década de 1980, as empresas de grande e pe- queno porte começavam a compreender a diferença entre vendas e mar- keting e se organizar para seguir essa segunda orentação. Nesta primeira fase do marketing, a teoria se estrutura em quatro pilares: 1. Produtos: que seria “tudo aquilo capaz de satisfazer a um desejo” (KOTLER, 1980, p. 31). Para o autor, o sentimento de carência é o que desperta na pessoa o desejo de obter o produto, não somente pelo que ele apresenta, mas também pelos benefícios/serviços que a ele são agregados. Por exemplo, a pessoa não compra batom so- mente pela embalagem, mas pela possibilidade de se embelezar, de seduzir, entre outros. Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 9 2. Troca: uma das quatro alternativas que o homem teria para obter um produto capaz de satisfazer uma necessidade específica. As ou- tras três alternativas seriam: 1. Autoprodução (o homem produz o que precisa); 2. Coerção (o homem arranca por força o que precisa para satisfazer sua necessidade específica); 3. Súplica (o homem implora por comida ou caridade para suprir sua necessidade específica). Na troca, o homem pode aproximar-se de alguém e oferecer um re- curso próprio para aquisição de algo que precisa para satisfazer suas necessidades específicas (KOTLER, 1980, p. 32). O autor deixa bem claro que o marketing trabalha com trocas, que, para acontecerem de forma plena, precisam contemplar quatro fases: 1. Precisam existir duas partes; 2. Cada uma das partes deve possuir algo que interessa à outra; 3. Para que a troca aconteça, cada parte precisa ser capaz de comu- nicar o que tem, e fazer a entrega da sua parte; 4. Cada parte é livre para aceitar ou não a oferta e, consequente- mente, efetuar a troca. 3. Mercado: que seria “uma arena para trocas potenciais” (KOTLER, 1980, p. 33). Neste caso, vamos supor que um comerciante tem um ou mais produtos para a troca. Se houver pessoas que comprem o seu produto, então há mercado. O tamanho deste mercado varia de acordo com o preço de seus produtos. Possivelmente, os que apre- sentem preços menores terão um mercado de consumidores maior, com interessee possibilidades para adquirí-los. O que não aconte- cerá com os produtos mais caros, já que por mais que haja pessoas interessadas em comprá-los, a quantidade será inferior ao dos pro- dutos com preços baixos. O autor também classificava o mercado em oito tipos: 1. Mercado de sensação humana (pessoas dispostas a trocar dinhei- ro por sessões de ioga, meditação etc.); 2. Mercado de produto (os bens tangíveis, como, por exemplo, pes- soas dispostas a trocar dinheiro por calçados); 3. Mercado demográfico (um exemplo seriam os jovens dispostos a trocar dinheiro por educação, diversão, equipamentos de som etc.); Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 10 4. Mercado geográfico (os consumidores de determinado país, cida- de, região ou estado que trocam seu dinheiro por bens e serviços diversos e característicos de sua região geográfica); 5. Mercado de eleitores (quando um candidato político faz sua campanha eleitoral com determinadas propostas a eleitores, em troca de seus votos); 6. Mercado legislativo (mesmo sem a troca de dinheiro, há a troca por favores e votos); 7. Mercado popular (uma instituição, quando se oferece um jantar em troca de publicidade ou prestígio); e 8. Mercado de doadores (a exemplo de uma instituição apresenta determinada ideia em troca de apoio financeiro). Nos próximos capítulos você verá que estes conceitos mudaram muito desde a abordagem clássica até o final da primeira década do século XXI. 4. Marketing: o conceito de mercado ajuda a compreender o conceito (ou conceitos) de marketing, que seria o ato de “trabalhar com mer- cados” (KOTLER, 1980, p. 33). Isso implica na tentativa de realizar as trocas potenciais com o objetivo que tínhamos apresentado no capítulo anterior: satisfazer e desejo do consumidor. Na abordagem clássica do marketing, Kotler (1980, p. 34-35) apresenta concepções de tarefas comuns à administração de marketing muito di- ferente do que é proposto na abordagem contemporânea do marketing, que na época era “a administração da demanda”. Nesta forma de conceber a administração do marketing, uma tarefa bá- sica e comum aos profissionais era conhecer o estado da demanda para, então, desenvolver uma tarefa de marketing necessária a cada situação. Tabela 3. Análise da demanda na teoria clássica do marketing. Fonte: Adaptado de Kotler, 1980, p. 35-38. estado da demanda tarefa de marketing denominação de marketing negativa Consumidores potenciais não gostam do produto ou serviço e chegam a evitá-lo. corrigir a demanda A repulsa dos vegetarianos por carne, de algumas pessoas por voos aéreos, por viagens de trem, entre outros. marketing de conversão Desenvolver um plano que converta a demanda negativa em positiva, que chegue ao nível equivalente ao de oferta existente. inexistente Os consumidores potenciais desconhecem ou são indiferentes à oferta. criar a demanda Objetos conhecidos cujo valor é nulo; objetos conhecidos com algum valor percebido, mas sem despertar grandes interesses e; objetos inovadores, porém desconhecidos e, por isso, não demandados pela população. marketing de estímulo Aqui, desenvolver um plano para chegar à demanda positiva é um desafio que pode ser enfrentado de três formas: a) Tentar relacionar o produto à alguma necessidade existente; b) Modificar o ambiente para que a oferta ofereça valor; e c) distribuir informações ou o proóprio produto em outros mercados/ambientes com a finalidade de que o conheçam e que saibam para que existe. Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 11 estado da demanda tarefa de marketing denominação de marketing latente Um número significativo de pessoas necessita de um produto ou serviço inexistente. desenvolver a demanda Oportunidade para o profissional de marketing escutar ou entender as demandas do mercado e desenvolver um novo produto ou serviço. marketing de desenvolvimento Converter a demanda latente em demanda real. declinante É o momento em que a demanda sofre quedas freqüentes não acompanhadas por ações corretivas de marketing. revitalizar a demanda É a busca por novas propostas para relacionar o produto ou serviço ao mercado alvo ou potencial. marketing de revitalização Trabalha o conceito de que se pode começar a trabalhar e desenvolver um novo ciclo de vida para o produto ou serviço mesmo na fase de declínio. irregular É o momento em que a tendência normal da demanda é caracterizada por flutuações sazonais que fogem ao controle do planejamento da oferta. sincronizar a demanda As providências que cabem é para se alterar o padrão de demanda, percebendo a oscilação ou a sazonalidade como oportunidades de novos negócios. marketing de sincronização Fazer com que a irregularidade ou oscilação da demanda sejam melhor sincronizadas. plena É a situação desejável a qualquer empresa ou vendedor, pois o nível e o tempo atual da demanda são equivalentes ao desejado. manter a demanda Estar atento ao mercado consumidor, aos concorrentes diretos e indiretos para detectar possíveis mudanças e rever detalhes táticos. marketing de manutenção A tarefa é a manutenção da eficiência, da eterna vigilância e evitar forças que possam causar a erosão da demanda. excessiva A demanda ultrapassa o nível previsto pelo departamento de marketing para a oferta do produto ou serviço. reduzir a demanda É o marketing inverso, cujas táticas são aumento do preço, queda da qualidade ou propaganda que eleve a qualidade do outro. marketing de redução Trata de desestimular os clientes da compra tanto temporariamente como permanentemente. indesejada A demanda é considerada excessiva devido a qualidades negativas associadas à oferta. destruir a demanda Pode ser um produto que a empresa queira tirar do mercado, de um competidor ou considerado socialmente prejudicial ou indesejável. marketing de eliminação Também chamado de marketing de não venda. É uma tentativa de tachar o produto como intrinsecamente indesejável ou prejudicial. É interessante analisar na abordagem clássica do marketing quais neces- sidades são vistas como primordiais, por exemplo, a comida, a água, o ar, a moradia e os desejos por recreação, educação, entretenimento, beleza, status, entre outros. dica Em 1980, o autor Philip Kotler em seu livro Marketing (edi- ção compacta) alertava que “Hoje o marketing não deve ser entendido no velho sentido de efetuar uma venda, no de satisfazer as necessidades dos clientes [grifo nosso]” (p.41). Mas a abordagem do marketing evoluiu de acordo com a mudança do mercado, dos consumidores, e com a evolução das tecnologias da infor- mação e da comunicação, para poder acompanhar as demandas. Como veremos na próxima unidade de aprendizagem, ao se estudar ambas as abordagens, nota-se as seguintes mudanças, conforme Kotler e Keller (2006, p. 25-26): → O departamento de marketing era o responsável pelo marketing da em- presa, porque era um marketing focado em produtos, com gerentes de Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 12 produtos, muito focado no desenvolvimento de soluções a partir de seu próprio ponto de vista, como conhecedor máximo do mercado; → Por esse motivo a empresa se preocupava mais com a construção da marca, usando de técnicas publicitárias para vender para todos, e não em atender mercados-alvo; → Como a intenção era vender para todos, o foco é direcionado ao resultado financeiro, em maior participação de mercado (market share). Neste tipo de empresa as estratégias eram as que permi- tiam ascensão no mercado estrangeiro, atraindo novos clientes, tanto por meio da aparência de suas lojas, como pelo treinamento de seus vendedores; → Era um modelo de empresa com muitos fornecedores, nunca se com- prava 100% de um único fornecedor, por isso a preocupação com es- toques era frequente; a orientação para vendas era necessária por- que a sobrevivência da empresa dependiado giro da mercadoria. 2. abOrdagem COntempOrânea dO marKeting Você já parou para pensar como as mudanças em nossa sociedade estão acontecendo numa velocidade incrível? O tempo traz experiência, vivên- cia, maturidade e muito aprendizado para todos nós. E para as empre- sas e o mercado? Como o tempo age sobre elas, e como reagem a esta velocidade de mudança de comportamento, valores e atitudes de seus consumidores? O tempo para elas também deve representar aprendizado e, mais especificamente, necessidade de antecipar transformações para lançar tendências e superar expectativas de seus clientes. Se na Unidade de Aprendizagem anterior vimos o passado do marke- ting e suas origens, aqui veremos o presente e o futuro, nos quais as em- presas devem pensar e agir. Às vezes vemos empresas presas ao passado, sem perspectivas atuais - e muito menos futuras - de atuação e mudan- ças. Estas empresas têm medo do novo, de perder o que conquistaram, e assim permanecem o que já foram, e não se preparam para o vir a ser. Pensar e agir de acordo com as mudanças atuais, que são muitas e velo- zes, é uma necessidade e obrigação das empresas e de seus gestores que pretendem continuar e prosperar no mercado. Bom, agora que você já refletiu sobre o tempo (passado, presente e fu- turo) e sua influência no mercado, podemos iniciar o tema que apresenta o tempo em seu próprio nome: abordagem contemporânea do marketing. Mas afinal, o que é contemporâneo? É aquilo próprio do nosso tempo. O marketing de hoje é feito das mais diversas formas para reconhecer e atender às necessidades e desejos do consumidor. Aqui, o foco está no consumidor, e não no produto e nas vendas, como na abordagem clássica. Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 13 Se o foco é o consumidor, como fazer para atender à suas expectativas? É isso que você vai aprender neste tópico: como o marketing contemporâ- neo se estrutura nas organizações. lembre-se Analisar a abordagem contemporânea do marketing é con- textualizar a teoria do marketing na evolução da área e na orientação para o mercado consumidor. Antes de iniciar a leitura dos fundamentos, escreva o que você, como con- sumidor, espera de uma empresa. Você acredita que está sendo feito pela marca o que o marketing se propõe a fazer para o consumidor? Estudamos a abordagem clássica do marketing e as orientações da em- presa para o mercado. Vimos as eras de produção, produto, vendas e marketing. Agora é a vez de conhecermos a orientação Holística do ma- rketing. Você sabe o que é holístico? Segundo o Dicionário Aurélio é aquilo “que dá preferência ao todo ou a um sistema completo, e não à análise da separação das respectivas partes componentes”. É exatamente isso que todas as áreas devem fazer e buscar sempre: integrar as partes e compreender como se relacionam. No marketing não é diferente. Busca-se harmonizar suas partes e pensar no todo, sendo o todo a nossa sociedade e o ambiente que vivemos. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 15): conceito O marketing holístico pode ser visto como o desenvolvimen- to, o projeto e a implementação de programas, processos e atividades de marketing, com o reconhecimento da ampli- tude e das interdependências de seus efeitos. Ele reconhece que no marketing “tudo é importante” — o consumidor, os funcionários, outras empresas e a concorrência, assim como a sociedade como um todo — e que muitas vezes se faz ne- cessária uma perspectiva abrangente e integrada. Neste sentido, o marketing holístico apresenta quatro dimensões segundo Kotler e Keller (2006): Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 14 1. Marketing de relacionamento; 2. Marketing integrado; 3. Marketing interno; 4. Marketing socialmente responsável. 2.1. MARKETING DE RELACIONAMENTO Atualmente, com a acirrada concorrência entre as empresas, com a di- versidade de oferta de produtos que o consumidor tem à sua disposição e com os clientes cada vez mais exigentes, como se diferenciar e fidelizar o público? Estas são as grandes perguntas que o marketing procura res- ponder a todo o momento. Primeiramente, você sabe como conhecer as necessidades e desejos do seu consumidor? Se responder positivamente, já damos um grande passo para compreender a abordagem contempo- rânea do marketing. E que passo importante é este? É a pesquisa de marketing, que bus- ca conhecer os hábitos de consumo, o comportamento do consumidor, saber quem é o seu cliente, onde mora, quando consome seu produto, se está satisfeito, porque escolheu a sua marca e não a do concorrente, dentre outras questões. Fazer pesquisa deve ser uma prática cotidiana na empresa, pois a partir dela temos dados e informações que vão possibi- litar a tomada de decisão com menor índice de erro. E errar no mercado atual não dá! Os concorrentes, os clientes e, principalmente, a empresa não permitem erros. Portanto, a pesquisa é o ponto de partida para co- nhecer nosso mercado e atendê-lo com excelência, o que é fundamental. A partir das informações obtidas com as pesquisas de marketing, temos importantes decisões a tomar. Como vamos nos aproximar de nossos clientes, nos relacionarmos, enfim, como entender e atender este mer- cado tão exigente? Precisamos gerenciar estas informações através do marketing de relacionamento, que procura se aproximar do consumidor e assim atendê-lo melhor. Estabelecer um relacionamento com o cliente permite fidelizá-lo, pois se criam vínculos e identificações com a marca. E é exatamente esta abor- dagem do marketing contemporâneo: atender as necessidades e expecta- tivas do consumidor no momento certo, da melhor forma e de maneira que possa atribuir boas sensações e lembranças à marca e ao produto. Segundo Kotler (2006, p. 16) “o marketing de relacionamento envolve cul- tivar o tipo certo de relacionamento com o grupo certo”. Neste sentido, você já deve ter percebido que o marketing contemporâneo se fundamen- ta em parcerias com todos os públicos decisórios da organização, os cha- mados stakeholders. Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 15 2.2. MARKETING INTERNO Os stakeholders envolvem os principais tipos de públicos que são estraté- gicos para a empresa, e dentre estes estão os colaboradores. O público interno possui uma importância fundamental para as organizações, pois representa o fator humano, destacado como gerador de conhecimento e mudanças. Mas para isso acontecer, deve ser ouvido, compreendido e motivado para o seu trabalho. E o que os funcionários da empresa têm a ver com o marketing? Afinal, o marketing não é para o consumidor? Essa visão que o marketing deve ser apenas voltado para fora da empresa está sendo repensado com o chamado endomarketing. Este tipo de marketing está alinhado com os Re- cursos Humanos da empresa e busca a plena satisfação de seus colabo- radores. E quem poderia melhor representar a empresa e a marca, com orgulho e satisfação, do que seus próprios funcionários? São eles os pri- meiros clientes, pois conhecem o produto, divulgam para seus conhecidos fora do ambiente empresarial e são fiéis à marca, por fazerem parte deste processo de construção da marca e do produto. Portanto, devemos sempre pensar que o marketing está em toda par- te, a todo o momento atendendo à demanda e gerando satisfação, e isto começa dentro da empresa. Colaboradores motivados, que se sentem re- almente fazendo parte da organização, produzem mais. Segundo Bekin (1995), o endomarketing é o elemento de ligação entre cliente, produto e empregado e surge como uma necessidade inevitável, como uma estraté- gia vital para a competição. 2.3. MARKETING INTEGRADO atenção O marketing se relaciona com as áreas da tecnologia e da comunicação a fim de criar, comunicar e entregar valor para seus consumidores. Com a tecnologia, fica muito mais fácil se aproximar do consumidor e assim propor produtos adequados às suas necessidades e seus desejos.Reflita sobre como a tecnologia veio fazer parte de nossas vidas e como ficou difícil nos afastarmos dela. Já tentou ficar sem celular, internet, TV? Como se sentiu? Parece que falta uma parte de nós, como se estes meios tecnológicos pertencessem ao nosso corpo. Aí entra o marketing em sua Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 16 abordagem contemporânea: ele permite, através da tecnologia, uma inte- ração com o público, aproximando-se e fidelizando-o cada vez mais. Como você, que usa a tecnologia para estudar, a empresa a usa para poder se aproximar e conhecer melhor seu consumidor. Não são mais elas que ditam as regras; agora concebem um produto com a co-parti- cipação do consumidor, estreitando, desta forma, seu relacionamento e criando uma oferta com a “cara” do seu público-alvo. O auxílio da tecnolo- gia tornou possível esta proximidade com o consumidor a partir de sites, SMS, blogs, YouTube, Twiter, entre outros meios. A cada dia, mais o virtual se aproxima do real, encantando e satisfazendo o consumidor. Ao mesmo tempo, o marketing foca na conectividade, na ideia de que estamos todos conectados nesta grande rede e no mercado global. Assim, o marketing digital se destaca como outra característica da abor- dagem contemporânea. Iremos nos aprofundar neste tema mais adiante; aqui você só precisa lembrar as principais formas nas quais o marketing se apresenta atualmente. Os sites dos produtos, o comércio eletrônico, o anúncio na internet e a propagação de marca em redes sociais fazem com que a empresa se consolide e o consumidor participe deste processo, ajudando a construir uma marca de valor e significado para si e para seu grupo de relacionamento. 2.4. MARKETING SOCIALMENTE RESPONSÁVEL O segredo para construir uma marca forte e com imagem positiva no mer- cado de hoje é uma comunicação eficiente e eficaz, que busca uma atua- lização constante com as tendências do mercado e as formas de agregar valor ao produto e à marca. Para alcançar este feito, as empresas focam na responsabilidade social, na sustentabilidade, nas questões éticas e am- bientais, tão importantes neste nosso tempo. → Você já viu nos capítulos anteriores que o marketing, muitas vezes, é associado erroneamente ao consumismo, à ilusão dos consumidores e à criação de necessidades, mas, na verdade, o foco no consumidor está em sua plena satisfação com valores éticos, sustentáveis e so- cialmente responsáveis. A diferenciação de marca e produto junto ao consumidor se dá dessa forma, investindo em projetos que per- mitam uma construção sólida da imagem com associação ao respeito às pessoas, ao meio ambiente, e, sobretudo à vida. A credibilidade na marca e a garantia de uma produção que respeite as normas ambien- tais só é obtida com responsabilidade social e com ética no marketing; → Como foi abordado na aula anterior, o marketing societal surge no fi- nal do século XX e tem como principal objetivo pensar no bem-estar Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 17 da sociedade, não apenas dos clientes. O que se busca é cuidar dos recursos naturais, desacelerando o processo de deterioração do meio ambiente. Outras tentativas são a de combater a desigualdade social e econômica e a explosão demográfica. Resumindo: A empresa que aplica o marketing societal deve contribuir para preservar ou melhorar o bem estar do consumidor e da sociedade sem deixar de satisfazer os desejos e necessidades de seus clientes reais e potenciais. Por isso é tão importante que os profissionais de processos gerenciais incorporem considerações sociais e éticas em suas práticas di- árias equilibrando lucros para a empresa, satisfação de desejos e necessi- dades dos consumidores e de questões sociais de interesse público. Essa visão é mencionada no trabalho de Kotler e Keller (2006) como importante diferencial à empresa que queira sobreviver no século XXI. antena PARAbóliCA Quando paramos para pensar na evolução do processo de marketing, das orientações da empresa, que, confor- me vimos anteriormente, pode ser para o produto, pro- dução, vendas, marketing e marketing societal. Também precisamos parar e analisar o processo árduo pelo qual passou o próprio consumidor até chegar à era da orien- tação para o marketing. Mas há muitas empresas que se dizem orientadas ao marketing, e até mesmo ao market- ing societal, e propagam esta informação em peças pu- blicitárias, que não passam de estratégias de marketing para atrair clientes. Estes são então obrigados em mui- tos casos a procurar o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), no Brasil. Enquanto muitas empresas ainda eram direciona- das para vendas, produtos e produção, e o número de clientes insatisfeitos com o processo de trocas era tão intenso quanto nos dias atuais (pensando na proporção e crescimento demográficos em determinadas áreas), é que se traçaram diretrizes do governo para a defesa do consumidor. Em 1983, quando José Geraldo Brito Filo- meno era Promotor Distrital no bairro do Ipiranga, SP, foi designado pelo Procurador-Geral da Justiça a parti- cipar de uma reunião do Conselho Estadual de Defesa do Consumidor, e foi o primeiro Promotor de Justiça do Consumidor do país. A função do Procon nos estados é essencial para que estes dados e estatísticas, além de conhecimentos, também tragam à tona as empresas que infringem a lei, e são desleais para com os consumido- res, repensem suas próprias estratégias: de que adianta atrair o cliente e vender, se não posso retê-lo? Por outro lado, algumas empresas estão verdadeira- mente, conectadas com as necessidades e desejos da sociedade contemporânea. Você já deve ter ouvido falar em marketing verde e ma- rketing social. Qual a importância destas áreas para a so- ciedade atual? Desde que sejam feitas de maneira ética, e com valores socialmente responsáveis que as sustentem, estas áreas representam a preocupação do marketing com a sociedade e o meio ambiente. Fique de olho nesse temas que representam o futuro do mercado. Pesquise temas como: marketing ecológico, comércio justo, ética do mercado, marketing social etc. E AgORA, José? Nesta unidade apresentamos a você que, segundo a orientação da empresa para o mercado, teremos: a. Orientação para a produção, e o que importa não é o cliente, e sim o lucro, com o qual se obterá a matéria-prima; b. Orientação para o produto, e neste ambiente o setor de engenharia é aquele que detém o conhe- cimento para desenvolvimento de produtos que agradará a todos os clientes (exemplo desta épo- ca são equipamentos eletroeletrônicos com mui- tos botões e manuais complexos, funções que não eram usadas, e o produto era subutilizado por des- conhecimento do usuário); c. Na orientação para as vendas, o setor que ganha ênfase especial é o comercial, com grande número de vendedores, que só tem como meta a venda a qualquer custo, sem se importar com as deman- das futuras por parte dos clientes; o cliente é tido como o chato, o que perturba, o que não sabe o que quer, e é um estorvo; d. Já na orientação de marketing, a empresa ouve o consumidor, para depois desenvolver produtos e/ou serviços; e e. Na orientação de marketing societal é preciso es- cutar o cliente e pensar em soluções que ajudem a prolongar a vida do planeta, que contribuam com o bem-estar social, que respeitem a escassez de recursos naturais; é o momento de se incorporar questões éticas à prática profissional. Na primeira fase de organização, o marketing era estru- turado em: → Produtos, troca, mercado e marketing. Na concepção clássica da administração do marketing, este deveria atentar-se e resolver os estados da deman- da (negativa, inexistente, latente, declinante, irregular, plena, excessiva ou indesejada), às quais se direciona- vam as tarefas (respectivamente: corrigir a demanda, criar a demanda, desenvolver a demanda, revitalizar a demanda, sincronizara demanda, manter a demanda, reduzir a demanda ou destruir a demanda), com ações de marketing (respectivamente denominadas de market- ing de conversão, estímulo, desenvolvimento, revitaliza- ção, sincronização, manutenção, redução ou eliminação). Agora você também conhece os principais conceitos e áreas da abordagem contemporânea do marketing, que são o marketing de relacionamento, o marketing integrado, o endomarketing e o marketing socialmente responsável. Essa abordagem é fundamental para com- preensão do papel do marketing na sociedade atual. Para tanto, você aprenderá na próxima UA como obter informações dos ambientes de marketing e, mais especi- ficamente, do microambiente - aquele que está próximo da empresa. Bons estudos! Gestão de Marketing / UA 02 Abordagens Clássica e Contemporânea do Marketing 21 glOSSáRiO Oferta: o que é disponibilizado ao mercado, o que é ofertado para compra. Demanda: ou procura, é a quantidade de um bem ou serviço que o mercado pode adquirir. Consumidores potenciais: aqueles que no mo- mento não compram o produto, mas que no futuro podem vir a adquiri-lo porque passa- riam a demandá-lo. Ciclo de vida do produto: é um conceito (que trabalharemos na unidade de aprendiza- gem 6) que descreve o processo de evolu- ção de um produto ou serviço. Este ciclo é dividido em fases para melhorar entendi- mento e estratégias. CRM - Customer Relashionship Manage- ment: O gerenciamento do relacionamento com o cliente é um processo que inclui técni- cas, tecnologias e métodos para entender o cliente, como ele compra, do que ele precisa e assim traçar uma tentativa de proximidade à este, conhecendo-o em profundidade, este é o grande desafio do CRM. Endomarketing: marketing interno desenvolvi- do com os colaboradores da empresa. Fidelizar: tornar o consumidor fiel a sua marca, ou seja, reter o cliente. Stakeholders: públicos estratégicos e decisó- rios para as organizações, tais como: con- sumidores, colaboradores, concorrentes, acionistas, imprensa, poderes públicos, for- necedores, dentre outros. REFERêNCiAS KOTLER, P. �Marketing. Edição compacta. São Paulo: Atlas, 1980. . �Administração de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2000. � � � . E KELLER, K. L. �Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. gestão empresarial gestão de marketing AMBIENTE DE MArkETINg: MICrOAMBIENTE 3 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Conceituar o que é microambiente. Apresentar a impor- tância da análise do microambiente no momento de se pensar em estratégias de marketing. COmpetênCias Capacidade de articular a teoria e prática ao pensar ações microambientais viáveis. Habilidades Combinar teoria e prática no momento de propor ações estratégicas que envolvam variáveis de microambiente. gestão de marketing ambiente de marketing: microambiente APRESENTAÇÃO Nesta terceira Unidade de Aprendizagem você começa a estudar sobre os ambientes de marketing. Em primeiro lugar, aprenderá o que é o microambiente, e as variáveis microambientais. É importante que assimile corretamen- te os conceitos apresentados. Antes de começar, destine 5 minutos para relembrar o que foi desenvolvido na Unidade 3 de Aprendizagem. E para que possa aproveitar ainda mais os conceitos que serão apresentados nas próximas páginas, faça uma re- leitura da disciplina de Teoria Geral da Administração, especialmente dos conceitos da Matriz SWOT ou PFOA. Também é preciso ter na memória o processo de criação da matriz, porque estes conceitos são dados – nesta UA – como já aprendidos. O que faremos é uma breve ex- planação para contextualizar tais conceitos na disciplina de marketing. PARA COMEÇAR Nas UAs anteriores, apresentamos a você o alicerce no qual o marketing se fundamenta, e, a partir de agora, co- meçaremos a praticar e a pensar estratégias. Ou seja, você terá o apoio da teoria para pensar a melhor alterna- tiva para a resolução de problemas (que serão propos- tos a partir desta Unidade de Aprendizagem). Portanto, a leitura e o entendimento dos conceitos apresentados a seguir são essenciais para o desenvolvimento das ati- vidades posteriores. Atualmente, é comum observar a tomada de decisão de alguns profissionais sem o embasamento teórico e prático dos ambientes de marketing. Isso não quer dizer que a decisão seja equivocada, mas se houvesse um em- basamento prévio nos conceitos - que aprenderá nesta Unidade de Aprendizagem -, a probabilidade de erros seria ainda menor. Gestão de Marketing / UA 03 Ambiente de Marketing: Microambiente 4 Muitas vezes, nas grandes empresas, há um ritual que antecede impor- tantes decisões corporativas. As decisões são tomadas depois que a pes- quisa de mercado foi realizada, que a análise detalhada de dados secun- dários e primários sinala oportunidades ou ameaças (macroambientais) ou pontos fracos e fortes (microambientais). Mas essa não deve ser uma realidade e prática somente a empresas de grande porte. As de médio e pequeno porte também podem usufruir destas estratégias para corrigir a trajetória empresarial, prevenir-se de in- cidentes e falhas mercadológicas e ainda tirar proveito de oportunidades que são dadas à sua área de negócios. Para que possa aproveitar os conceitos que serão apresentados nesta unidade, é importante que faça uma releitura da disciplina de Teoria Geral da Administração e dos conceitos da Matriz SWOT ou PFOA. É preciso re- lembrar também o processo de criação da matriz, porque estes conceitos são dados – nesta UA – como já aprendidos. O que faremos é uma breve explanação para contextualizar tais conceitos na disciplina de marketing. Vamos recordar estes conceitos antes de continuar com a leitura? FuNdAMENTOS 1. O ambiente de marKeting: variáveis maCrO e miCrOambientais Segundo Kotler e Armstrong (2000, p. 39): O ambiente de marketing de uma empresa consiste em atores e forças externas ao marketing que afetam a capacidade de administração de marketing de desenvolver e manter relacionamentos bem-sucedidos com seus clientes alvo. Já o Dicionário Aurélio on-line traz como significado para a palavra ambiente: adj. Que está à roda ou em volta de (pessoa ou coisa): ar ambiente. / S.m. O meio em que se vive; o ar que se respira. / Recinto. / Literatura. / Conjunto das particularidades de um meio social, natural ou histórico em que se situa a ação de uma narrativa (ro- mance, conto, novela). É interessante analisar estes conceitos e perceber que, para você, futuro profissional da área de processos gerenciais, o processo de tomada de decisão será uma constante. Gestão de Marketing / UA 03 Ambiente de Marketing: Microambiente 5 No marketing, quando o profissional precisa tomar decisões, ele deve primeiramente consultar o plano de marketing (você terá uma disciplina que tratará deste item), avaliar o que foi traçado no item ambiente de marketing e inferir se o que foi traçado já não está desatualizado. Só depois poderá analisar os demais itens do plano de marketing para sa- ber se a sua decisão é viável – considerando o plano de marketing num todo. É com base na análise de ambiente que o profissional está alerta aos agentes e forças que podem afetar ou abrir novos nichos de forma repentina. O motivo desta instabilidade é que vivemos em um mundo globaliza- do, economias abertas, mercados comuns; em um momento da história em que os fatos do outro lado mundo afetam instantaneamente todo o planejamento estratégico, tático e operacional da empresa. Por isso é tão importante que o profissional de marketing acompanhe todas as mudanças com atenção especial. O ambiente de marketing é dividido em duas áreas estratégicas: micro- ambiente e macroambiente. papo técnico No microambiente se diz que as variáveis são controláveis e que no macroambiente as variáveis são incontroláveis. No microambiente se traça uma análise baseada em fa- tores internos e no macroambiente, com base nos fato- res externos.
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