Prévia do material em texto
ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! PROFESSOR Me. Welington Junior Jorge Gestão Escolar e Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Básica https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3602 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. JORGE, Welington Junior. Gestão escolar e organização do trabalho pedagógico na educação básica. Welington Junior Jorge. Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 232 p. “Graduação - EaD”. 1. Gestão Escolar 2. Trabalho Pedagógico 3. Educação Básica. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Marcia Maria Previato de Souza Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Matheus Silva de Souza Design Educacional Ivana Martins Revisão Textual Sarah Cocato Ilustração Bruno Cesar Pardinho Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 370 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-275-2 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Design Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi EXPEDIENTE Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. BOAS-VINDAS MEU CURRÍCULO MINHA HISTÓRIA Olá, acadêmico(a) do curso de licenciatura em Pedagogia EaD da Unicesumar! Tudo bem contigo? Antes de apresentar o livro de Gestão Escolar e Organiza- ção do Trabalho Pedagógico na Educação Básica, quero contar a minha experiência com a educação. Confesso que foi algo desafiador. Tinha poucas motivações e até mesmo apoio das pessoas à minha volta, afinal, eles sempre ques- tionaram a razão de ser professor. Assim, a pergunta que se repetia constantemente era: com tantas profissões para você escolher, por que ser professor? No entanto, essa questão não fazia sentido, pois eu fazia parte de uma fa- mília de professores (duas irmãs, primos e tios). Reuniões de família sempre pareciam um verdadeiro conselho de classe: eram professores das mais diversas áreas falando de seus respectivos alunos. Depois de muitas tentativas em outras graduações, esco- lhi aquilo que me faria bem e, consequentemente, teria condições de exercer com excelência. Sempre digo que nada é melhor do que acordar, trabalhar e fazer o que realmente gosta. Assim, ao tomar a decisão de seguir a área da educação, ou seja, fazer uma licenciatura, teve início outro desafio: escolher o campo de atuação. Não é fácil escolher um curso ao qual você deseja seguir para o resto da sua vida. Nesse contexto, eu comecei a fazer um planejamento e selecionei os cursos de meu interesse. Ba- sicamente, eram: História, Sociologia, Filosofia, Matemática e Pedagogia. Após o levantamento, li sobre cada curso, o que estudava, quais disciplinas eram ofertadas, qual era a proposta, campo de atuação e mercado de trabalho. Por fim, a minha primeira graduação foi em Ciências So- ciais. Depois do término, percebi que ficaram duas lacunas: contexto histórico e metodologias e práticas de ensino. Ao ingressar no mestrado em Educação, tive a certeza de que era isso o que realmente gostaria de fazer: poder colaborar com o processo de ensino e aprendizagem nas mais diver- sas áreas da educação. Contudo, ainda faltava a formação basilar, que era constituída pela Pedagogia e pela História. Diante disso, continuei os meus estudos no mestrado e, logo depois, cursei Pedagogia e História. Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. http://lattes.cnpq.br/4561467918248070 IMERSÃO RECURSOS DE Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati- vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONCEITUANDO Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento! EXPLORANDO IDEIAS Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento! Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento! PENSANDO JUNTOS EU INDICO Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento! Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento! REALIDADE AUMENTADA Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento! PÍLULA DE APRENDIZAGEM Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento! RODA DE CONVERSA https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 A gestão escolar passou por vários desafios e, dentre eles, está a visão administrativa. Modelos da administração ficaram acentuados dentro dos ambientes escolares. São eles: o fordismo, taylorismo e toyotismo. Levando em consideração o percurso histórico, qual é a importância de uma gestão escolar democrática? Os anos de 1980 e 1990 foram fundamentais para o estabelecimento de uma gestão es- colar democrática. Dentre os acontecimentos ocorridos nesse período, podemos destacar a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9.394/96. Com o estabelecimentodas questões legais, foi fortalecida a participação de professores, alunos, pais e responsáveis, ou seja, a comunidade escolar. Assim, foi cons- truída uma escola aberta ao diálogo, a fim de garantir melhorias para um local público e de qualidade. Pensando nas instâncias colegiadas presentes na gestão escolar democrática, indique quais ações efetivas podem ser desenvolvidas pelo grêmio estudantil. Considerando a sua passagem pela educação básica, você participou da constituição de al- gum grêmio estudantil ou até mesmo votou nas eleições organizadas pelos alunos? Qual é a sua visão sobre a participação política nas decisões que cercam os interesses estudantis? Você, como membro do grêmio estudantil, quais ações poderia propor para a equipe diretiva, pensando em uma escola em que pais e alunos tivessem uma maior interação? Considerando o seu conhecimento e o que você estudará na disciplina “Gestão Escolar e Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Básica”, é possível destacar a importân- cia de uma gestão escolar democrática e participativa. Por isso, as instâncias colegiadas assumem um papel de grande importância na escola, tendo em vista que permitem que gestor, alunos, professores, pais e responsáveis trabalhem constantemente em busca de uma escola que cumpra a sua função social e venha a ser uma instituição que transforme toda a sociedade. INICIAIS PROVOCAÇÕES GESTÃO ESCOLAR E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA PERCURSO HISTÓRICO DA GESTÃO ESCOLAR GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 3 2 LEGISLAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR 4 5 ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA: CURRÍCULO, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO GESTÃO ESCOLAR DIGITAL 9 49 89 133 177 1Percurso Histórico da Gestão Escolar Me. Welington Junior Jorge Na Unidade 1, você terá a oportunidade de aprofundar a proble- matização sobre o tema Gestão Escolar e os avanços no decorrer da história no Brasil; além das teorias referentes à Administração Científica, que foi base da construção da Gestão Escolar, já que o(a) gestor(a) precisava desta visão técnica para administrar a escola. Também, discutiremos o tema das dimensões que cercam a escola, sendo elas: econômica, pedagógica, política e cultural. É importante entendermos todas essas questões na hora de desenvolver um bom trabalho como gestor. Ainda, você terá a possibilidade de relacionar os principais aspectos que envol- vem os fundamentos da Gestão Escolar no decorrer da história no Brasil e como desenvolver o trabalho pedagógico dentro do contexto da Gestão Democrática. UNIDADE 1 10 Durante nossa jornada como alunos da Educação Básica, tivemos a oportunidade de conhecer vários gestores escolares, entre eles, diretores(as), coordenadores(as), supervisores(as) e outros que compõem a equipe diretiva da escola, não é mesmo? Você se lembra, por exemplo, da sala do(a) diretor(a)? Muitas vezes, ela era vista como algo inacessível, certo? Quando éramos chamados para falar com o(a) diretor(a) ou com algum(a) outro(a) gestor(a), já pensávamos que levaríamos uma bronca ou algo assim, mas, alguma vez, você parou para observar a importância desse(a) profissional e sua função dentro da escola? Nos anos de 1980 e 1990, foi fundamental, para os estabelecimen- tos de ensino uma Gestão Escolar Democrática. Porém, para serem colocadas em prática essas garantias, eram necessários dispositivos legais que sustentavam a obrigatoriedade da Gestão Democrática. Com a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional – Lei 9.394/96, foi possível dar os primeiros passos para uma proposta democrática, ou seja, com o estabelecimento das questões legais, foi possível uma escola aberta ao diálogo, bus- cando melhorias para uma escola pública e de qualidade. Nada melhor do que estudarmos a teoria e colocarmos em prática tudo o que aprendemos, não é mesmo? Para isso, contudo, é fundamental ficar atento a al- gumas questões. No decorrer desta unidade, falarei sobre o contexto histórico da Gestão Escolar, ou seja, precisamos recorrer às aulas de História para focar nas Teorias da Administração e para entender como as instituições de ensino funcionavam, por isso, desenvolva uma tabela apontando qual é a função de um administrador dentro de um empresa, o que ele faz? Vamos lá! Em 1996, tivemos a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9.394/96 que trouxe mudanças significativas para a educação brasilei- ra. A partir dela, surge um novo olhar para a Gestão Escolar. No entanto, antes da LDB, como as escolas eram administradas? Que papel o(a) pedagogo(a) exercia na escola? E, hoje, que função exerce? Reflita sobre isso e continue lendo para descobrir um pouco mais sobre esse assunto. 11 UNICESUMAR Você, como acadêmico(a) de Pedagogia, deve imaginar quantas atribuições tem o pedagogo(a), não é mesmo? Pois bem, dentro deste universo que podemos chamar de escola, algumas dimensões estão presentes de forma muito clara, são elas: econômica, pedagógica, política e cultural. Pensando nisso, como podemos entender o papel do(a) gestor(a) nessas dimensões? Na dimensão econômica, podemos destacar a responsabilidade de organização e estruturação, ou seja, os recursos financeiros. A dimensão pedagógica está voltada para a aplicabilidade da educação em si, possibilitando que os(as) docentes tenham condições de desen- volver suas atividades. Quanto à dimensão política, temos o relacionamento com o sistema educacional e suas hierarquias e a própria sociedade, a qual vê a escola como um instrumento de mudança social. A cultural, como o próprio nome já diz, tem relação com os valores, a qualidade de vida e o desenvolvimento humano. Partindo desse entendimento, como um(a) bom(a) gestor(a) pode desen- volver suas atividades? É possível determinar apenas uma dimensão como a mais importante? Existem outras dimensões que poderiam estar presentes de acordo com o que estudamos nesta unidade? DIÁRIO DE BORDO UNIDADE 1 12 PERCURSO HISTÓRICO DA GESTÃO ESCOLAR Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade, você fará um estudo contextualiza- do sobre a influência da Administração e a função do(a) pedagogo(a) como gestor(a) ligada, diretamente, às necessidades do Capitalismo. No decorrer dos estudos, você precisa entender que a gestão passou – e ainda passa – por influências do mundo do trabalho. Sendo assim, é de extrema importância que façamos uma breve abordagem histórica para entendermos essa trajetória. Vale destacar, analisando a história e as discussões apresentadas nesta unidade, que o modelo de produção taylorista/fordista influenciou muito a área da educação, pois, do mesmo modo que se exigia dos operários nas fá- bricas e/ou indústrias, exigia-se dos professores nas escolas. A padronização do trabalho, a agilidade, a economia de tempo e dinheiro estavam interligadas nessa forma de aplicação tanto do trabalho quanto da educação. Por muito tempo, a escola foi vista como uma extensão da indústria, e a forma de ad- ministrar era bem parecida. É importante que você, aluno(a) de Pedagogia, entenda que o processo de gestão é fundamentado e conduzido segundo uma determinada concepção de educação e sociedade e, também, que ele não ocorre de forma neutra e descontextualizada. Ao estudar os períodos históricos, fica clara a influência do Estado nas decisões do(a) gestor(a)/diretor(a), ou seja, a forma com que se governa também reflete na escola. Desse modo, devemos compreender a escola como um local que tenha condições de transformar a sociedade não apenas com viés científico, mas, também, social, cultural, político e econômico. Nesta unidade, trabalharemos a trajetória da Gestão Escolar, com suas im- plicações históricas, desde o modelo fordista/taylorista até os dias atuais; e as características do gestor e suas ramificações. Concebemos, assim, este material como um importante auxiliador no processo de ensino-aprendizagem e que os alunos poderão utilizarpara esclarecer suas dúvidas quanto aos processos. Aproveite a jornada, e desejo a você uma ótima leitura. Bons estudos! 13 UNICESUMAR CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO ESCOLAR Se você finalizou seus estudos antes do ano de 1996, pode ter uma visão de insti- tuição escolar diferente da dos dias atuais, isso porque a legislação, que veremos na Unidade 2, apresenta os avanços que a Gestão Escolar teve no decorrer do tempo. Neste momento, precisamos ficar atentos à questão da figura do(a) administra- dor(a) na escola, focando suas atribuições e competências de sua função. Para que facilitar a compreensão, imagine a escola como uma empresa. Desta forma, sur- gem alguns questionamentos: o que a empresa visa? Quais são os seus interesses? E em relação a custo e despesas? Devo ressaltar que a disciplina é Gestão Escolar, porém a ideia de administrador(a) esteve muito presente no decorrer da história. Estudaremos o Fordismo, Taylorismo e Toyotismo. Abordaremos, tam- bém, alguns teóricos da Administração. Você pode pensar “qual é a relação dos conceitos?”, mas devemos lembrar que a Gestão é uma linha da Admi- nistração, por isso, entenderemos como funciona essa teoria. É necessário levar em consideração que existem várias outras linhas de pesquisa na área da Administração, porém compreenderemos, apenas, algumas delas e qual a sua relação com a Gestão Escolar. O Taylorismo e o Fordismo tinham como objetivo eliminar o desperdício, tirar o maior proveito possível de todos os recursos, reduzir os custos de produção e o tempo e gerar maior lucro para os donos das fábricas. Isso também acontecia nas escolas, tendo em vista que a valorização não estava na qualidade do traba- lho ofertado, e, sim, na quantidade de atividades passadas aos profissionais que, consequentemente, repassavam aos estudantes. Um aspecto importante do mo- delo taylorista/fordista foi o controle do tempo para que a maior produtividade possível fosse alcançada pelos operários. Os trabalhadores eram supervisionados e controlados todos os dias. Da mesma forma, isso ocorria nas escolas. Também conhecida como Teoria da Administração Científica, o Taylorismo, idealizado por Frederick Winslow Taylor, tinha a intenção de aplicar a Ciência à Administração para garantir um melhor custo/benefício às empresas da época. UNIDADE 1 14 “ Taylor propôs a ideia de uma gerência que criasse, através de mé-todos de experimentação do trabalho, regras e maneiras padrões de executar o trabalho. Essas regras padrões seriam obtidas pela melhor equação possível entre tempo e movimento. Para Taylor a garantia da eficiência era papel fundamental da gerência. Assim, criava-se métodos padronizados de execução que deveriam otimi- zar a relação entre tempo e movimento (RIBEIRO, 2015, p. 66). Já Henry Ford, idealizador do Fordismo, ao racionalizar a produção, idealizou e efetivou a linha de montagem, tendo a esteira mecânica como maior exemplo. Dessa forma, permitiu uma produção em série, em que se é possível produzir em grande escala, consolidando, assim, um sistema de produção altamente explora- tório. Sobre o Fordismo, Manuel Castells afirma que: “ O modelo de produção em massa, ou simplesmente fordismo, fun-damentou-se em ganhos de produtividade obtidos por economias de escala em um processo mecanizado de produção padronizada com base em linhas de montagem, sob as condições de um grande mercado por uma forma organizacional específica: a grande empresa estruturalizada nos princípios de integração vertical e na divisão so- cial e técnica institucionalizada de trabalho. Esses princípios estavam inseridos nos métodos de administração conhecidos como tayloris- mo e organização científica do trabalho (CASTELLS, 1999, p. 212). No Toyotismo, a principal característica é o modelo de produção just in time (produção por demanda), que se refere ao trabalho realizado em equipe e não mais individualizado, como nos modelos taylorista e fordista. “ Poderíamos até afirmar que o toyotismo é o modo de organização do trabalho e da produção capitalista adequado à era das novas máquinas da automação flexível, que constituem uma nova base técnica para o sistema do capital, e da crise estrutural de superpro- dução, com seus mercados restritos. Entretanto, cabe salientar que toyotismo é meramente uma inovação organizacional da produção capitalista sob a grande indústria, não representando, portanto, uma nova forma produtiva propriamente dita (ALVES, 2007, p. 246). 15 UNICESUMAR O processo de qualidade anterior dá lugar ao controle interno, feito pelo próprio operário. No Toyotismo, passa a vigorar o trabalhador polivalente e multifuncio- nal, que consegue operar diversas máquinas de forma simultânea. Dentro do conceito de Administração, algumas ideias precisam ficar bem claras para compreender o que é uma Gestão Escolar com características admi- nistrativas, por isso, três conceitos são fundamentais para você, acadêmico(a), compreendê-la, são eles: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo. “ Taylorismo: um exemplo dos métodos de Taylor foi a expe-riência na qual demonstrou que a produtividade mais elevada resulta da minimização do esforço muscular. Essa é uma das ideias fundamentais da ad- ministração científica: a produ- tividade resulta da eficiência do trabalho e não da maximização do esforço. A questão não é tra- balhar duro, nem depressa, nem bastante, mas trabalhar de for- ma inteligente (MAXIMIANO, 2011, p. 67). Figura 1 – Frederick Winslow Taylor Fonte: Wikimedia Commons (2005, on-line). “ Fordismo: na produção massificada, o produto é dividido em partes e o processo de fabricá-lo é dividido em etapas. Cada etapa do processo produtivo corresponde à montagem de uma parte do produto. Cada pessoa e cada grupo de pessoas, num sistema de pro- dução em massa, tem uma tarefa fixa dentro de uma etapa de um processo predefinido. A divisão do trabalho implica a especialização do trabalhador (MAXIMIANO, 2018, p. 76). UNIDADE 1 16 “ Toyotismo: o Sistema Toyota de Produção está ancorado na filo-sofia da “eliminação completa de todo e qualquer desperdício”. Para eliminar desperdícios, os proces- sos produtivos implementados pe- los fundadores da Toyota incorpo- raram, desde o início, os embriões dos dois princípios fundamentais do TPS: Jidoka e just-in-time (MAXIMIANO, 2011, p. 176). Figura 2 - Henry Ford com Modelo T em 1921 Fonte: Wikimedia Commons ([2020], on-line). Figura 3 – Kiichiro Toyoda Fonte: Wikipedia (2013, on-line). 17 UNICESUMAR TEORIAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO As duas principais teorias clássicas da Administração são a de Taylor e a de Fayol. É importante ressaltar que uma está relacionada à divisão de tarefas, e a outra, focada na departamentalização. Agora, veremos mais a fundo as teorias. Teoria Clássica de Fayol (1841-1925) Para Henri Fayol, o conjunto das operações de toda empresa pode ser divi- dido em seis grupos, sendo: 1. Operações técnicas: produção, fabricação, transformação. 2. Operações comerciais: compras, vendas, permutas. 3. Operações financeiras: procura e gerências de capitais. 4. Operações de segurança: proteção de bens e de pessoas. 5. Operações de contabilidade: inventários, balanços, preços de cus- to, estatística etc. 6. Operações administrativas: previsão, organização, direção, coor- denação e controle (FAYOL, 1989, p. 23). Limita-se a estudar a Administração como ciência que formata e estrutura as organizações. Tem seu foco principal na organização formal, nos princípios gerais da Administração e nas competências do administrador. De acordo com Antônio Cesar Amaru Maximiano, Fayol estabeleceu: O presente vídeo tem como proposta apresentar as principais ideias dos teóricos res- ponsáveis por reinventar os processos produtivos dentro das suas particularidades. Com o avanço das indústrias, era necessário repensar os meios de produção. Com o avanço do capitalismo, as indústrias precisam produzir mais com o menor custo, sen- do necessário criar formas paraque tal feito fosse colocado em prática. https://www.youtube.com/watch?v=Knm9GPIuewQ EXPLORANDO IDEIAS UNIDADE 1 18 Figura 4 – Teorias da Administração / Fonte: adaptado de Maximiano (2011). 19 UNICESUMAR Teoria Clássica de Taylor (1856-1915): Administração Científica Para compreender melhor a teoria proposta por Taylor, é importante destacar a contagem do tempo ao executar cada operação e de que forma o operário a realizava. Quando identificava-se uma forma mais rápida de se fazer algo, os outros operários precisavam realizá-la da mesma forma, havendo uma sin- tonia no tempo e movimento da sua execução. A essência da teoria de Taylor é fazer com que se siga os métodos, garantindo a agilidade e, consequente- mente, a produtividade, ou seja, sua teoria permitiu que, dentro da linha de produção, fossem localizadas as lacunas (desperdícios) para (re)inventar uma outra forma de fazer. Vimos, até aqui, conceitos básicos para compreender a Administração. Vale destacar que a nossa disciplina é de Gestão Escolar e Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Básica, e as teorias anteriormente apresen- tadas foram fundamentais para compreender como as questões técnicas esti- veram presentes na escola. É importante dizer que a escola precisa de um(a) gestor(a), porém, como veremos durante toda a disciplina, não se pode deixar de lado as ações pedagógicas, por isso, o equilíbrio entre ambos os conceitos precisam estar em sintonia. Título: Tempos Modernos Ano: 1936 Sinopse: não é possível falar de linha de produção, exploração do trabalho, supervisão das atividades, baixos salários, alta jornada de trabalho, sem falar do filme Tempos Modernos de Charles Cha- plin. O filme retrata bem a condição de trabalho dentro de uma indústria, por meio de uma linha de montagem que acelera a todo momento, obrigando os operários seguir o seu ritmo. Embora lan- çado em 1936, a produção cinematográfica é muito atual, já que faz discussões que persistem até os dias de hoje. EU INDICO UNIDADE 1 20 A atuação do pedagogo em diferentes períodos da história A Administração Escolar sofreu as influências da expansão da nossa sociedade e da racionalização do trabalho. Integrou-se ao campo de estudos e pesquisas, desenvolvendo-se como um dos fatores utilizados para atender às necessida- des do desenvolvimento econômico. Com o passar do tempo, no contexto da democratização da sociedade, as novas exigências das relações de trabalho requerem formação diferenciada dos trabalhadores, mas, principalmente, dos gestores. A gestão dos processos educacionais se encontra nos vários modos de organização da sociedade civil, nas suas representações políticas e econômicas, produzindo novas culturas de organização e de administração institucional. No final da primeira República, no início da Era Vargas, a sociedade passou por uma crise de agroexportação. A modernidade é impulsionada pela indus- trialização e pela mudança na organização social com impacto na urbanização (ANDREOTTI, 2006). A partir desse momento, o que marca a política é um Estado que intervém na economia e em todos os processos administrativos. As novas formas de produção e de conflitos sociais colocam a educação como pro- pulsora do progresso e da integração social, visando a adaptação dos cidadãos às formas de reestruturação do trabalho. A escola precisava se adaptar a tais mudanças, exigindo ampliação e reorganização da administração, da educação e da escola (ANDREOTTI, 2006). A sociedade depositava na escola as expectativas de superação dos proble- mas sociais. Assim, a educação e, mais precisamente, a escola deveriam repensar os seus objetivos e, consequentemente, a sua forma de administrar as ações cotidianas para atender aos interesses políticos da sociedade, que transferia a responsabilidade de salvadora dos problemas econômicos. É necessário com- preender que a escola começa a atender as demandas do mercado, isso ficará mais claro a seguir. Ao dar continuidade na leitura do livro didático, é importante conhecer os períodos históricos da sociedade brasileira, para que fique fácil a compreensão das mudanças ocorridas na escola. A formação do pedagogo ganha destaque no Brasil a partir de 1964. Até esse momento, havia a hierarquização das funções, como administração, supervisão, planejamento e inspeção escolar. Assim, a atuação do pedagogo consistia em 21 UNICESUMAR direcionar e controlar o processo escolar. Imperava o autoritarismo, a estru- tura verticalizada, a falta de diálogo entre os profissionais que ensinavam em uma mesma instituição, entre outras características que constituíam o Regime Militar (SOUZA; TAVARES, 2014). A figura do profissional técnico foi rompida com a profissionalização do pe- dagogo, deixando de ser um especialista para ser o pedagogo unitário. “ Esse pedagogo unitário é a síntese proposta ou sonhada de um pro-fissional que tenha uma sólida formação teórica, um compromisso político e uma clareza das questões sociais emergenciais que se põem diante da escola. É um profissional que, aliado ao professor, enfrenta al- guns desafios que a realidade impõe (URBANETZ; SILVA, 2008, p. 45). Por isso, é necessário conhecer os processos da Administração no ambiente esco- lar, o supervisor, coordenador, inspetor, orientador, que partiam das propostas da Administração, passam a assumir uma única formação, envolvendo várias áreas do conhecimento. O modelo de produção taylorista/fordista influenciou muito a área da edu- cação, pois, do mesmo modo que se exigia dos operários nas fábricas e/ou indús- trias, exigia-se dos professores nas escolas. Esse modelo era baseado na padroni- zação do método de trabalho e das ferramentas utilizadas, tendo como finalidade atender às demandas educacionais de trabalhadores e dirigentes, definindo os limites entre ações intelectuais e instrumentais, determinando as funções de cada um no processo (PREVITALLI; SILVA, 2009). Para atender à demanda na formação dos profissionais, a educação foi recebi- da como fundamento para o desenvolvimento econômico, assumindo caracterís- ticas do modelo produtivo taylorista/fordista, já que era necessária a qualificação em massa dos trabalhadores. Com a Reforma Universitária de 1968, o planejamento e a execução na escola ficam a cargo do pedagogo-especialista, sendo esse o responsável pelo planeja- mento, controle e avaliação (BRZEZINSKI, 1996). Na escola, havia os profissio- nais que pensavam e os que executavam as tarefas propostas, isto é, cada um rea- lizava a sua função de forma fragmentada, não interferindo na função do outro. Dessa forma, com a incorporação do modo organizacional taylorista/fordista, a escola consolida uma função reprodutora da sociedade capitalista. UNIDADE 1 22 Com a crise da década de 1970, a estagnação da economia que afetou os países desenvolvidos, o baixo crescimento dos mercados, a sua instabilidade e a eleva- ção da concorrência internacional colocaram dificuldades ao sistema taylorista/ fordista. As mudanças no setor de produção, principalmente, aquelas ligadas ao setor financeiro, e o deslocamento para o setor de serviços acarretaram em mu- danças profundas no modelo de produção. Assim, passa a ser utilizado um novo modelo de produção, conhecido como Toyotismo (PREVITALLI; SILVA, 2009). Com esse novo modelo de produção, uma nova Pedagogia se faz necessária, pois a nova organização do trabalho exige novas competências. A partir dos prin- cípios toyotistas, um diferente tipo de profissional chega à escola, em função do novo método flexível de organização, gestão e trabalho. O professor passa a ser visto como parceiro da escola, podendo dar sua opinião, suas ideias e sugestões em relação aos quesitos administrativos e pedagógicos de sua escola. REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL Fonte: Agência Brasil (2010, on-line). 23 UNICESUMAR A democratização do Estado para a administração da educação manteve as características de centralização, controle e fiscalização.À escola, como instituição social, foi cobrada maior eficiência, produção e qualidade para atender às novas formas de produção e a adequação do trabalhador ao mundo globalizado. Para esses quesitos, sustenta-se a necessidade de gerenciamento da educação por pro- fissionais capacitados, competentes e eficientes. Significa assegurar que a escola precisa de um(a) gestor(a) que atue como um gerente de uma empresa. Na sociedade atual, há uma reordenação da produção impulsionada pela tec- nologia, a qual requer novas formas de administrar para atingir os mesmos fins, e, assim, reveste-se de determinadas aparências para atrair os interesses dos dife- rentes grupos sociais. A gestão da educação e da escola passa a ser caracterizada com a visão da democracia, da descentralização, da autonomia e da participação. “ Novos desafios e exigências são apresentados à escola, que recebe o estatuto legal de formar cidadãos com capacidade de não só enfrentar esses desafios, mas também de superá-los. Como consequência, para trabalhar em educação, de modo a atender essas demandas, torna-se imprescindível que se conheça a realidade e que se tenha as compe- tências necessárias para realizar nos contextos educacionais os ajustes e mudanças de acordo com as necessidades e demandas emergentes no contexto da realidade externa e no interior da escola. No contex- to dessa sociedade, a natureza da educação e as finalidades da escola ganham uma dimensão mais abrangente, complexa e dinâmica e, em consequência, o trabalho daqueles que atuam nesse meio. O objetivo maior da comunidade educacional revela-se, portanto, o de se esta- belecer uma comunidade de ensino efetivo, onde persevere, coletiva- mente, não somente o ideal de ensinar de acordo com o saber produ- zido socialmente, mas o de aprender, em acordo com os princípios de contínua renovação do conhecimento, criando-se um ambiente de contínuo desenvolvimento para alunos, professores, funcionários e é claro, os gestores. O conhecimento da realidade ganha novas perspec- tivas: a organização do projeto político-pedagógico da escola e o seu currículo; o papel da escola e o desempenho de seus profissionais, que devem renovar-se e melhorar sua qualidade continuamente, tendo o aluno como centro de toda a sua atuação (LÜCK, 2009, p.16). UNIDADE 1 24 Aos administradores escolares, é conferida a importância estratégica como cons- trutores do movimento democrático. Isso quer dizer que os gestores desempe- nham papéis de coordenação, motivação e influência para compartilhar as ações – que são do poder público –com a família e com os que trabalham na escola e, desse modo, responsabilizam-se pelo “ônus” da manutenção da escola e da reso- lução dos problemas educacionais (CARVALHO, 2009). O trabalho dos gestores escolares tem se revelado tanto como fortalecedor de ações que buscam a garantia dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes quanto como inibidor de iniciativas inovadoras, reforçando a in- ternalização das estruturas sociais vigentes. É importante ressaltar que é quase inconcebível qualquer outra forma de gestão que não a democrática. Entretanto, apesar dos discursos sobre gestão participativa e outras propostas democráticas, os elementos do modelo racio- nal-burocrático permanecem na gestão escolar. É preciso ter consciência que as forças econômicas e sociais, assim como as ferramentas políticas e intelectuais, são construídas nas relações, tendo as elites dominantes como ponto de apoio às aspirações e expectativas de determinados grupos. O QUE É GESTÃO ESCOLAR? A Teoria da Administração que influenciou a gestão da educação no contexto brasileiro, nos anos 60, foi a Administração Científica e Gerencial de Fayol e Taylor, com seus princípios no enfoque organizacional. A principal preocupa- ção de Taylor era com o controle do operário. Pensando a partir da doutrina de Fayol, consolidamos a formulação teórica que identifica a escola como uma grande empresa e estudamos uma administração que seja aplicável à escola como a qualquer outra empresa. Para o autor, a administração tem seus fundamentos em três elementos básicos, e são eles: ■ A racionalização do trabalho. ■ A divisão do trabalho. ■ O interesse no trato pela administração. 25 UNICESUMAR A gestão do sistema educacional é constituí- da, basicamente, por um processo de articulação para o desenvolvimento da proposta político- -pedagógica das esco- las públicas. Entretanto, esse processo de gestão é fundamentado e con- duzido de acordo com uma determinada con- cepção de educação e de sociedade e, também, não acontece de modo neutro e descontextualizado. Sendo assim, é importante entender que pensar um processo administrativo da educação significa definir um projeto de cidadania e atribuir uma finalidade à escola que seja coerente com esse projeto (LIBÂNEO, 2015). Sander (1995, p. 55), “com o objetivo de realizar uma análise da administração da educação, apresenta uma divisão em quatro dimensões articuladas de forma dialética”, sendo elas: ■ Dimensão econômica. ■ Dimensão pedagógica. ■ Dimensão política. ■ Dimensão cultural. Para o autor, para cada uma dessas dimensões de análi- se, há, respectivamente, um critério de desempenho ad- ministrativo, sendo eles: eficiência, eficácia, efetividade e relevância. Com isso, faz-se necessário compreender as dimensões que cercam a Gestão Escolar para ser pos- sível analisar suas atribuições. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3895 UNIDADE 1 26 Como o próprio Sander (1995) apresenta, este profissional precisa ter a com- petência econômica, ou seja, quanto maior a eficiência para captar e utilizar os recursos econômicos para atingir os objetivos do sistema educacional, maior será a competência do(a) gestor(a) nesse quesito. É fundamental que ele(a) co- nheça a origem dos recursos e como utilizá-los com responsabilidade, buscando a eficiência econômica. Como, também, é necessária a competência pedagógica: o(a) gestor(a) demonstrará sua competência neste quesito a partir da formulação de objetivos na área educacional e sua eficácia na execução, fazendo com que a equipe pedagógica, em conjunto com os professores, desenvolva suas funções de forma sincronizada. Não podemos esquecer da competência política, pela qual o(a) gestor(a) pre- cisa perceber como o ambiente externo influencia o sistema de educação e quais suas responsabilidades, criando estratégias para satisfazer as demandas políticas e sociais da comunidade escolar, já que a escola precisa cumprir a sua função social ao formar pessoas capazes de se compreenderem como cidadãos. Por fim, não menos importante, temos a competência cultural: conhecer os valores sociais, políticos e culturais, compreender e respeitar toda diversidade presente na escola, entendendo que todas as pessoas que estão ali presentes fazem parte do processo educacional e precisam ser respeitadas, independentemente das diferenças. Assim, a administração da educação somente será considerada relevante à medida que oferecer condições propícias para promover a qualidade de vida humana no sistema educacional, nas escolas e na sociedade como um todo (SAN- DER, 1995). É importante insistir nesta questão, tendo em vista que ter um am- biente agradável para se trabalhar faz toda a diferença para os profissionais da educação. A equipe precisa chegar à escola sabendo que terá condições de exercer suas atividades com eficiência. Neste vídeo, você terá o entendimento da Gestão Escolar com um viés administrativo e pedagógico: https://youtu.be/WhvyRmJatRs EXPLORANDO IDEIAS https://youtu.be/WhvyRmJatRs https://youtu.be/WhvyRmJatRs 27 UNICESUMAR Perfil do gestor Você deve imaginar: é possível estabelecer um perfil de gestor? A resposta é “sim”! Porém, não se transforma em um(a) gestor(a) do dia para noite, é necessário muito estudo e dedicação, afinal esse profissional precisa estar aberto ao diálogo, construindo, assim, uma escola que possibiliteum ambiente sau- dável para todos. Docentes, discentes, equipe pedagógica, operacional, pais e fornecedores pre- cisam se deparar com um ambiente organizado, por isso, são fundamentais alguns elementos para a administração escolar. Ainda de acordo com Sander (1995), são elementos da administração escolar e de responsabilidade do(a) gestor(a): Planejamento: para elaborar o planejamento, o(a) gestor(a) deve partir do conhecimento da realidade na qual o processo educativo se desenvolverá, isto é, do conhecimento da comunidade escolar do seu entorno. Para essa efetivação, é preciso que se realize uma coleta de informações significativas desta realidade e, a seguir, se faça a análise e interpretação delas, transfor- mando-as em subsídio ao planejamento que resultará no documento deno- minado projeto político-pedagógico da escola. Organização: o(a) gestor(a) é o(a) responsável por determinar as funções de cada funcionário. Deve, também, tomar providências quanto aos recursos físicos, materiais e financeiros que garantam o êxito das ações desenvolvidas pela escola. Nas escolas públicas, a estrutura do sistema educacional já é estabelecida. Qualquer alteração que venha a ser proposta pela escola deve acontecer por meio de seu colegiado e necessita de aprovação dos órgãos competentes. Com relação à seleção de pessoal, é realizada por meio de concurso público, e suas atribuições já fazem parte de estatutos da categoria. Porém, na estruturação da instituição escolar, é preciso superar a ruptura existente entre quem faz a escola e quem se beneficia de seus serviços. UNIDADE 1 28 Neste vídeo, a Professora Heloísa Lück falará sobre as dimensões em gestão escolar e suas competências: https://youtu.be/Ii67fV1Wp74 EXPLORANDO IDEIAS Assistência à execução: o diretor deve sempre verificar se todos os recur- sos necessários estão disponíveis antes de iniciar a execução da atividade educativa, para possibilitar aos executores, funcionários da escola, o pleno desenvolvimento de suas atribuições sem prejuízos dos serviços prestados por eles. Durante a execução, o diretor deve ter uma postura de acompanha- mento, apoio e cobrança, bem como de coordenação de esforços, visando ao alcance dos objetivos propostos pela escola. Avaliação dos resultados: esta etapa se realiza por meio da observação das ações, visando verificar se realmente são coerentes com os objetivos propostos, dirigem-se aos objetivos estabelecidos e até que ponto estes objetivos estão sendo alcançados. Deve ocorrer em termos quantitativos e qualitativos. Em termos quantitativos, devem ser considerados: o número total de matrículas, a frequência dos alunos e dos funcionários, o rendimento escolar dos alunos e o índice de evasão escolar. Competências do(a) gestor(a): conforme vamos avançando, podemos per- ceber que as atribuições do pedagogo não são algo simples, muito pelo contrá- rio, são muitas atribuições que cercam essa função. Além das atribuições, não podemos esquecer das competências, afinal são elas que darão base para o licenciado exercer suas funções. Você consegue imaginar como um diretor precisa estar antenado a várias competências dentro de um ambiente escolar? No decorrer da leitura desta unidade, você deve estar percebendo que não é uma tarefa fácil administrar uma escola, afinal, além das questões técnicas que envolvem este cenário, é ne- cessário uma visão pedagógica para fazer com que a escola cumpra o seu papel. No decorrer do curso de Licenciatura em Pedagogia, você observará que o pedagogo pode atuar em várias frentes, não apenas em sala de aula. Podemos ir além, em ambientes não escolares como ONGs, hospitais, empresas, institutos, dentre vários outros, por isso, algumas competências são necessárias para que o(a) gestor(a) possa desenvolver a sua atividade com plenitude. 29 UNICESUMAR De acordo com Heloísa Lück, “ A competência para o exercício de uma função ou profissão pode ser vista sob duas óticas: a da função/profissão em si e a da pessoa a exercê-la. Em relação à função/profissão, competência é o conjunto sistêmico de padrões mínimos necessários para o bom desempenho das responsabilidades que caracterizam determinado tipo de ativi- dade profissional. Em relação à pessoa, constitui na capacidade de executar uma ação específica ou dar conta de uma responsabilidade específica em um nível de execução suficiente para alcançar os efeitos pretendidos. A competência envolve conhecimentos, habilidades e atitudes referentes ao objeto de ação, sem a qual a mesma é exercida pela prática do ensaio e erro. A definição de competências tem por objetivo estabelecer os parâmetros necessários, tanto para orientar o exercício do trabalho em questão, como para orientar os estudos e preparação para esse exercício. Também se constitui em um sistema de avaliação de efetividade do trabalho realizado. Em última instância, com a sua definição e aplicação, é possível promover o desenvolvi- mento organizacional e seus melhores resultados (LÜCK, 2009, p. 12). São muitas as atribuições e competências que um(a) gestor(a) precisa ter, não é mesmo? Não é possível ser um(a) gestor(a) com um olhar voltado apenas para a administração; da mesma forma que não é interessante focar apenas nas questões pedagógicas da escola. Podemos ter um olhar antagônico para essas duas áreas, por isso, a responsabilidade desse profissional é muito grande. O(A) gestor(a) é cercado(a) de docentes, discentes, equipes operacional, diretiva e pedagógica, pais e responsáveis, ou seja, é necessário ter condições de gerir todos os envolvidos, fazendo com que a escola seja um ambiente saudável para estar e trabalhar. São muitas atividades realizadas pelo(a) gestor(a)! É necessário desconstruir a imagem de um(a) diretor(a) autoritário(a) que apenas dá ordens e pouco faz. O(A) gestor(a), para gerir pessoas, precisa se deparar com desafios diários. Como já vimos até aqui, não é possível ter apenas um olhar administrativo, é preciso estar atento às questões pedagógicas. PENSANDO JUNTOS UNIDADE 1 30 TRABALHO PEDAGÓGICO NO CONTEXTO ESCOLAR Uma coisa que precisa ficar muita clara para você, acadêmico(a), é que o(a) ges- tor(a) precisa ter um entendimento de várias frentes no contexto escolar. O(A) profissional precisa ter atributos que discutirei a seguir. Neste momento, é impor- tante deixar de lado o trabalho dentro da sala de aula e partir para um viés mais administrativo, porém sem esquecer das questões pedagógicas. O(A) gestor(a) precisa estar interligado(a) a vários setores da escola, por isso, é importante es- clarecer os pontos a seguir. E agora? Gestor ou administrador? Tanto o termo gestão quanto o termo administração são de origem latina (gerere e administrare). O primeiro, gerere, tem o sentido de governar, conduzir, dirigir. O segundo, administrare, tem um significado mais específico – administrar um bem, defendendo os interesses daquele(a) que o possui –, constituindo-se em uma aplicação do administrar. Quando falamos de educação, esses termos se aplicam como uma instância inerente à prática educacional, que envolve o conjunto de normas/diretrizes e práticas que garantem, de um lado, o significado histórico do que se faz e, do outro, a união do conjunto na diversidade de sua concretização. 31 UNICESUMAR A administração da educação alcança as po- líticas, o planejamento, a gestão e a avaliação da educação. Sendo assim, concebida como uma grande coordenação de esforços para a realização da implementação de políticas e planos, a gestão passa a ser uma parte da administração. Ao(À) gestor(a), cabe uma visão amplificada, com dinamismo e boa articulação, capaz de tomar decisões e fazer avaliações. De acordo com Lück et al. (2012), o modelo eficaz de um(a) diretor(a) apresenta o seguinte perfil: Área administrativa: ■ Visão de conjunto e estratégica. ■ Conhecimento da política e da legislação educacional. ■ Competência administrativa e pedagógica. ■ Habilidades de planejamento.■ Habilidades de manejo e controle e orçamento. ■ Habilidades de organização. ■ Habilidades de acompanhamento e monitoramento. ■ Habilidades de avaliação. ■ Habilidade de usar uma grande variedade de técnicas de solução de problemas. ■ Habilidade de resolver problemas criativamente. ■ Habilidade de tomar decisões eficazmente. Área de relacionamento interpessoal/inteligência emocional: ■ Habilidade de se comunicar eficazmente. ■ Habilidade de mobilizar a equipe escolar e comunidade local. ■ Habilidade de facilitar processos de equipe. ■ Habilidade de desenvolver equipes. ■ Habilidade de negociar e resolver conflitos. ■ Habilidade de avaliar e dar feedback ao trabalho dos outros. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3917 UNIDADE 1 32 A comunicação do(a) bom(boa) gestor(a): A boa comunicação é de extrema importância para qualquer organização empresarial e escolar, pois o ser humano está, a todo instante, falando, gesticu- lando ou fazendo mímica para o seu interlocutor, ou seja, está estabelecendo comunicações a todo momento. “ Ao analisar o processo de comunicação, é fácil constatar que o processo deve começar pelo receptor. Este é o elemento principal no processo, uma vez que o objetivo da comunicação é o entendi- mento da mensagem. Por isso, pelo receptor facilita a decodifica- ção ao usar os apelos e termos de acordo com o público-alvo. No entanto, quando se comunica alguma coisa para várias pessoas ao mesmo tempo, a mensagem pode ser distorcida devido às dife- rentes capacidades de entendimento (LAS CASAS, 2006, p. 147). Para estabelecer boa comunicação, é preciso, primeiramente, conhecer o me- canismo de comunicação dentro de uma organização. Quando há o entendi- mento, por parte da equipe da escola, sobre o funcionamento da comunicação, as relações tendem a melhorar, tendem a ser menos conflituosas, o que facilita o trabalho de todos os profissionais dentro da instituição. DESCENTRALIZAÇÃO, DEMOCRATIZAÇÃO E INCLUSÃO Uma das coisas que o Regime Militar (1964-1985) nos mostrou no decorrer da histó- ria é que a democracia é algo muito importante e necessária dentro de uma sociedade. A Constituição Federal de 1988 nos apresentou outra forma de compreender a liber- dade, não apenas no que tange às questões políticas, embora elas sejam fundamentais dentro do contexto ao qual estamos estudando, mas o que eu quero deixar claro para vocês é que a Constituição Cidadã deu o seu primeiro passo para uma escola descen- tralizadora, inclusiva e participativa. Falar em Gestão Participativa não é algo restrito às instituições escolares, ela rompe barreiras que adentram outras esferas, sendo elas instituições públicas ou privadas, respeitando sempre suas particularidades. 33 UNICESUMAR Quando falamos em democracia dentro do ambiente escolar, devemos, princi- palmente, estar aberto ao diálogo com professores, pais ou responsáveis, alunos e todos aqueles que fazem parte da comunidade escolar. Falar em Gestão Participa- tiva é trazer conceitos fundamentais para uma boa organização escolar. A escola precisa ser vista como um ambiente diverso, em que o debate deve ser garantido como forma de expressão de pensamentos, respeitando, claro, a dignidade do próximo. Sempre devemos ter em mente que as instituições de ensino são res- ponsáveis, em conjunto com o Estado e a família, por transformar a sociedade, proporcionando valores do que é ser um bom cidadão. A proposta desta unidade é trazer esses conceitos tendo em vista que a escola não pode ser omissa na hora de formar os indivíduos para a sociedade, e o(a) ges- tor(a) precisa estar em constante diálogo para ouvir os seus anseios e necessidades e aplicá-los, de fato, dentro da sala de aula. Por isso, ser gestor(a) não é apenas administrar uma escola com viés técnico, como já discutimos anteriormente, mas também proporcionar a toda a comunidade escolar decisões que contribuirão para um bom andamento na construção da autonomia e formação das pessoas que fazem parte desse processo. De acordo com Lück (2011), a Gestão Participativa é entendida como uma forma de regular o envolvimento dos funcionários de uma organização no seu processo decisório. A gestão apresenta o conceito de participação, ou seja, do trabalho associado de pessoas que analisam situações, decidem sobre seu encaminhamento e agem sobre elas em conjunto. UNIDADE 1 34 Compete aos responsáveis pela gestão escolar promover a criação e a sus- tentabilidade de um local propício à participação total no processo social escolar dos seus profissionais, de estudantes e de seus pais, uma vez que se entende que é por essa participação que os mesmos desenvolvem consciência social crítica e sentido de cidadania. Segundo Lück et al. (2012), algumas ações importantes devem ser bus- cadas para a transformação das relações ocorridas na escola, na tentativa de se criar um local que estimule as participações da comunidade escolar. Essas ações são as seguintes: “ Criar uma visão de conjunto associada a uma ação de cooperativismo;Promover um clima de confiança;Valorizar as capacidades e aptidões dos participantes; Associar esforços, quebrar arestas, eliminar divisões e integrar esforços; Estabelecer demanda de trabalho centrado nas ideias e não em pessoas; Desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto (LÜCK et al., 2012, p. 18-19). Ainda segundo a autora, com estas novas tendências, os chefes passam a parti- cipar e dar maior apoio à autonomia e à liberdade dos seus colaboradores. Esta prática melhora a satisfação e o compromisso de todos com a escola. A Gestão Democrática se apresenta por meio da interação da escola com a comunidade, em que a cidadania é exercida pela participação da população em variados quesitos da administração escolar. Sobre a Gestão Democrática, Heloísa Lück nos diz que: “ A realização da gestão democrática é um princípio definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Art. 3º. Inciso VIII), e na Constituição Federal (Art. 206, inciso VI). O mesmo se assenta no pressuposto de que a educação é um processo so- cial colaborativo que demanda a participação de todos da co- munidade interna da escola, assim dos pais e da sociedade em geral. Dessa participação conjunta e organizada é que resulta a qualidade do ensino para todos, princípio da democratização da educação. Portanto, a gestão democrática é proposta como 35 UNICESUMAR condição de: i) aproximação entre escola, pais e comunidade na promoção de educação de qualidade; ii) de estabelecimento de ambiente escolar aberto e participativo, em que os alunos possam experimentar os princípios da cidadania, seguindo o exemplo dos adultos. Sobretudo, a gestão democrática se assenta na pro- moção de educação de qualidade para todos os alunos, de modo que cada um deles tenha a oportunidade de acesso, sucesso e progresso educacional com qualidade, numa escola dinâmica que oferta ensino contextualizado em seu tempo e segundo a realidade atual, com perspectiva de futuro (LÜCK, 2009, p. 70). A educação é uma ferramenta de suma importância nesse processo, tendo em vista que ela busca formar cidadãos completos nos quesitos físico, social, cognitivo e emocional. É por meio da educação que os indivíduos ampliam suas visões de mundo e se tornam críticos, reflexivos, dinâmicos, solidários, criativos e capazes de solucionarem os problemas do seu dia a dia. É impor- tante que os indivíduos se desprendam da sua condição de alienação imposta pelas elites. É preciso conceber a vida com outra visão, ou seja, ter um apro- fundamento das ideias e não olhar superficialmente os assuntos que envolvem nossa sociedade. Quando falamos em Gestão Democrática, é necessário apresentar alguns pontos para que ela realmente seja concretizada. Além de ter um(a) gestor(a) aberto(a) a ouvir os anseios da comunidade escolar, deve se fazer presente o funcionamento das Instâncias Colegiadas de forma autônoma e participativa. Quero destacar que veremosessas instâncias nas próximas unidades, mas é importante observar se o gestor proporcionou um debate para a constitui- ção do Conselho Escolar, Projeto Político-Pedagógico, Grêmio Estudantil, da Avaliação Institucional, Eleição Direta para Diretor(a). O fato de ter essas instâncias ativas não garante uma Gestão Democrática, é essencial que elas sejam realizadas de maneira coletiva e participativa. O objetivo da escola é disseminar o conhecimento científico, erudito e transformador. Deste modo, todo esforço na implantação de uma Gestão Democrática deve promover a função social da escola, que é socializar os conteúdos historicamente acumulados pela humanidade, provendo condições aos indivíduos de progredir, crescer e se desenvolver totalmente. UNIDADE 1 36 Liderança e sabedoria A liderança é uma das principais características dos(as) gestores(as). Segundo Grun (2007), o verdadeiro líder deveria se inspirar no modelo dos monges, como, por exemplo, São Bento, descrito em seu livro A sabedoria dos monges na arte de liderar pessoas. Acredita-se que, se o(a) diretor(a) se fundamentar nesses valores e atos, certamente será um(a) profissional de sucesso e um(a) líder respeitado(a) pela sua comunidade. São os conselhos de São Bento para uma boa liderança, de acordo com Grun (2007): 37 UNICESUMAR REQUISITOS PARA UMA BOA LIDERANÇA Experiência: para saber administrar, é preciso ser sábio, experimentar as coisas. Maturidade humana: está ligada aos hábitos e ao caráter. A pessoa madura é sóbria, sensata e ponderada. Modéstia: saber utilizar as palavras. Humildade: trata-se de uma virtude que significa forças, e só quem tem virtudes serve para exercer a liderança. Humildade é a coragem de descer à própria condição de humanidade. Serenidade: ser sereno é não ser turbulento. Uma pessoa turbulenta não pensa claramente, suas emoções são arruinadas e não consegue liderar. Senso de justiça: o líder deve ser justo com todos e com as necessidades de cada um. O líder deve tratar a todos com justiça, respeitando os direitos de cada um. Clareza nas decisões: aquele que deseja liderar outras pessoas precisa deci- dir-se com clareza e de forma rápida, clareza é uma virtude espiritual. Senso de economia: não se deve esbanjar. Deve-se ter cuidado, é importante tratar das coisas de modo correto. Atitude de pai: o líder tem de apresentar em si a qualidade de pai, sendo aquele que educa, apoia, incentiva, corrige os erros. Zelo: o líder deve zelar por tudo e por todos, mas não deve fazer tudo sozi- nho, deve delegar funções. Atenção: trata-se de ter cuidado, atenção, executar a tarefa e tomar decisões com cuidado. Crença na pessoa humana: não se deve entristecer os irmãos, nem magoar o outro. O líder deve entender que todo funcionário contribui com o sucesso da empresa, o trabalho deve enriquecer o ser humano, trazer prazer e alegria. Sem entristecer: para São Bento, o líder não deve transmitir tristeza, mas tranquilidade e paz. UNIDADE 1 38 REQUISITOS PARA UMA BOA LIDERANÇA Sem desprezar: aquele que despreza segrega a sua comunidade. O desprezo atormenta e desmotiva, corta relações afetivas, atrapalha o desenvolvimento. A liderança como serviço: somente aquele que presta atenção em si mesmo e cuida de si próprio poderá cuidar bem dos outros e prestar atenção ao que faz bem ao outro e à equipe. Dedicação: a dedicação tem a ver com amor, liderar exige amor aos seus colaboradores. Servir à vida: liderar significa despertar vida nas pessoas, fazer com que delas emane a vida. Aquele que conduz vai à frente. Liderar, então, significa que o diretor que serve as pessoas, com o tempo, levará a empresa à vitória. Despertar a criatividade: liderar é uma tarefa criativa. O líder deve despertar a criatividade em seus colaboradores, fazer exalar a vida das pessoas na empresa. Poder de cura: o líder deve dedicar-se com toda a sua atenção e com todo o seu coração aos colaboradores doentes para que eles possam viver humana- mente e trabalhar com prazer. Reconhecer os sinais do tempo: não lamentar a passagem do tempo, utilizar isso de forma a desenvolver a criatividade, oferecer produtos que possam suprir as necessidades atuais. Delegar responsabilidades: distribuir, de forma adequada, as funções no trabalho. Responsabilidade social: liderar significa assumir responsabilidade pela socie- dade, e somente poderá confiar uma tarefa de liderança àquele que estiver disposto a entender sua responsabilidade ao mundo como um todo. Liderar como tarefa de educar: o líder é responsável pelo crescimento de seus funcionários e pelo seu desenvolvimento. Hospitalidade: o líder verdadeiro é aquele que integra seus colaboradores internos e externos, respeitando a dignidade de cada um. O respeito com as coisas: todos os recursos são presentes de Deus, todos são preenchidos pelo bem e pela sabedoria Dele. É patrimônio, por isso, o líder deve conservá-los e aumentá-los. 39 UNICESUMAR REQUISITOS PARA UMA BOA LIDERANÇA Espiritualidade ao lidar com o dinheiro: deve-se viver com os recursos sem negligenciar. Usar a boa palavra: o líder é sábio, humilde, não condena e nem julga. Não se intrometer em tudo: o líder deve contentar-se com a tarefa que lhe foi confiada e contribuirá para a edificação da empresa. Disseminar as informações: escutar e dar valor às questões dos funcionários. Consideração: o líder deve ter grande consideração para com os seus colabo- radores. Não melindrar: não irritar seus funcionários. Dar asas à alma: a liderança significa reger as almas. Para isso, deve-se convi- ver com as pessoas para conhecê-las, para satisfazê-las. Engrandecer a vida: engrandecer significa colocar à disposição dos colabora- dores, dando-lhes espaço para o crescimento coletivo. Não sobrecarregar: a felicidade, a integridade, o bem-estar e a autoestima do indivíduo estão acima do sucesso. Amar as pessoas: o amor precisa ser combinado com a prudência, sem exa- geros. Ser médico: o líder tem a responsabilidade de tornar os seus colaboradores saudáveis. Reconhecer a própria fraqueza: o líder tem que reconhecer as suas fraque- zas, ter benevolência para com seus funcionários, pois ele também pode errar. Confrontar-se com a verdade: deve-se cortar a raiz dos problemas, das intri- gas e das calúnias. Pensar com o coração: o líder deve ser prudente. O medo paralisa, o amor vivifica: é preciso liderar com amor e não espalhar o medo. Encontrar a medida certa: o líder deve ter equilíbrio. UNIDADE 1 40 REQUISITOS PARA UMA BOA LIDERANÇA Sem ciúme e sem desconfiança: não se deve ter ciúme ou desconfiança da- queles que o cercam. Discernir e manter as proporções: o líder não deve fazer de seus próprios padrões um modelo para os outros. Equilíbrio entre forças e fraquezas: o líder tem como tarefa levar os colabora- dores que não correspondem às expectativas da empresa, deve cuidar dos fracos e equilibrar esses desempenhos. Sem obsessão pelo trabalho: o trabalho por obsessão não constrói, só destrói. Serenidade da alma: deve-se trabalhar com tranquilidade, com paz na alma e com equilíbrio. Pureza de coração: o líder precisa de serenidade para lidar com as emoções. O silêncio: quando o indivíduo está em contato com o silêncio, ele não se deixa perturbar tão facilmente. Tempo certo: o ser humano não deve trabalhar contra a sua natureza e con- tra seu ritmo. O tempo e os seres humanos devem caminhar juntos para que seja possível realizar um bom trabalho. A atmosfera do trabalho: o líder deve difundir uma atmosfera de paz e de contentamento interior. A casa de Deus: a casa de Deus não deve perturbar nem angustiar, mas sim erigir e construir. A liderança tem uma tarefa espiritual. Visão: é preciso ter visão, ver além dos limites, motivar e modificar (GRUN, 2007). Os itens apresentados são os conselhos práticos retirados do livro de Grun (2007) para o(a) líder nos dias de hoje. O desafio da liderança é colocar esses conse- lhos em prática e reconhecer que elessão a base para formar um bom líder. São muitas atribuições ao(à) gestor(a). Quando não estamos no posto, podemos ter dificuldade para compreender todo o contexto, mas são várias atribuições. Ser gestor(a) é, além de administrar, cuidar da equipe e deixar ela em condições de desenvolver suas atividades. 41 UNICESUMAR Figura 5 – Pilares da gestão escolar / Fonte: o autor. UNIDADE 1 42 1. Gestão Pedagógica Ocupa-se da gestão da área educacional, da educação escolar, em relação aos objetivos gerais e específicos para o ensino; das linhas de atuação, em função dos objetivos e do perfil da comunidade e dos alunos; das metas a serem atingidas. Preocupa-se com os conteúdos curriculares; acompanha e avalia o rendimen- to das propostas pedagógicas, dos objetivos e o cumprimento de metas; avalia o desempenho dos alunos, do corpo docente e da equipe escolar como um todo. O(A) diretor(a) deve ser o(a) grande administrador(a) da Gestão Pedagógica e o(a) primeiro(a) responsável pelo seu sucesso, sempre auxiliado(a) nessa tarefa pela Equipe Pedagógica, como o(a) Supervisor(a) e o(a) Orientador(a). 2. Gestão Administrativa A Gestão Administrativa tem como principais funções: cuidar da parte física da instituição, como os equipamentos, os materiais e o prédio da escola; cuidar da área institucional, aplicando a legislação da forma correta, de modo que os direi- tos e deveres sejam cumpridos e respeitados; e, também, administrar as atividades que envolvam a secretaria. 3. Gestão Financeira É responsável pelas funções administrativas que englobam o planejamento e a execução das ações referentes ao financeiro da escola e, também, com sua apli- cabilidade e controle dentro da instituição de ensino. 4. Gestão de Recursos Humanos Tem como objetivo manter as boas relações entre os estudantes, a equipe da escola e a comunidade. Por lidar diretamente com pessoas, é uma área mais sensível da administração. É importante, para o bom funcionamento da escola, que os pro- fissionais estejam satisfeitos, para que tenham melhor rendimento. A Gestão de Recursos Humanos ajuda a manter a organização da escola, para que ela funcione de um modo que proporcione um bom local de ensino-aprendizagem. 43 UNICESUMAR 5. Gestão da Comunicação Ocupa-se dos procedimentos necessários para manter a boa comunicação na escola, principalmente, para manter um bom relacionamento dentro da comu- nidade escolar. Ela é responsável pela comunicação da escola com os alunos e com os pais dos alunos e da escola com seus colaboradores. 6. Gestão de Tempo e Eficiência dos Processos Ocupa-se de administrar o tempo para estabelecer prioridades e garantir o foco no cumprimento das obrigações. Encarrega-se de estabelecer listas de priorida- des, funções bem delimitadas entre os trabalhadores e, ainda, delimitar processos para gerar maneiras de automatizá-los no cotidiano. Por fim, ser gestor(a) está além de cuidar dos recursos financeiros da escola, é necessário ter uma visão total de todos os processos, são relações de pessoas, financeiro, pedagógico, comunicação, administrativo, recursos humanos, den- tre várias outras atribuições. É preciso estar atento(a) a todos os problemas que venham a acontecer na escola, ter a capacidade e reconhecimento de liderança, para que, assim, venha a ser possível realizar um bom trabalho em prol de um objetivo comum, que é uma escola de qualidade. Título: Gestão Escolar: perspectivas, desafios e função social Autora: Andrea Ramal Editora: Gen LTC Ano: 2013 Sinopse: este livro destaca a importância do papel do(a) gestor(a) escolar na qualidade da educação básica do país. Muitas vezes, o trabalho do(a) gestor(a) não é reconhecido, tendo em vista que, sempre que se fala em educação, a primeira imagem que se tem são dos professores, ou seja, o trabalho do(a) gestor(a), muitas vezes, não é reconhecido pelo comunidade escolar. Porém, para que tenha uma equipe sólida, é necessária uma liderança que tenha condições de estar a frente, buscando sempre o melhor para o seu grupo. Além de líder, o(a) gestor(a) precisa ser um(a) administrador(a), que saiba envolver toda a comunidade escolar em prol de um objetivo comum. EU INDICO UNIDADE 1 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), você deve ter observado que as reflexões trazidas nesta primeira unidade, foram apenas um início para as próximas discussões. A proposta não foi aprofundar nos conceitos de Gestão Escolar e Gestão De- mocrática, mas, sim, proporcionar uma visão geral do que trataremos nas unidades seguintes. Desta forma, problematizarei essas questões nas próximas unidades, trazendo os aspectos legais e conceituais. Foi destacado que as Teorias da Administração foram cruciais para com- preendermos a processo da Gestão Escolar. Iniciei a discussão pelo Taylo- rismo/Fordismo, que influenciou muito a área educacional, pois operava da mesma forma dentro das fábricas e das escolas, tratando os funcionários da indústria e os professores de forma semelhante. A forma de padronizar o trabalho e a tentativa de economizar tempo e dinheiro se conectam nessa concepção de trabalho e educação. Fizemos, nesta unidade, um apanhado histórico sobre a função do(a) pedagogo(a) na educação, sobre a sua evolução. Passamos pelo Taylorismo/ Fordismo e chegamos aos tempos do Toyotismo. Assim, pudemos entender que o processo de gestão é baseado e constituído de acordo com uma deter- minada concepção de educação e de sociedade e que ele não ocorre de forma neutra e fora de contexto. O(A) gestor(a) de uma escola deve administrá-la como se estivesse gerindo uma empresa particular, utilizando-se dos mesmos processos e pilares que são úteis para o bom funcionamento da empresa como um todo. O(A) diretor(a) deve ser o(a) grande administrador(a) da Gestão Escolar, sempre auxiliado pela Equipe Pedagógica, como o(a) Supervisor(a) e o(a) Orientador(a). Nesta unidade, trabalhamos a trajetória da Gestão Escolar com suas im- plicações históricas, desde o modelo Fordista/Taylorista até os dias atuais; as características do(a) gestor(a) e suas ramificações. Esperamos ter facilitado o entendimento e a aplicação das questões que envolvem as funções dos(as) gestores(as) escolares, colaborando para um bom resultado no processo de ensino-aprendizagem. 45 AGORA É COM VOCÊ 1. Seguindo a linha da Administração dentro dos ambientes escolares, algumas teorias apresentadas nesta unidade tinham como proposta eliminar os desperdícios causados, ou seja, os recursos disponíveis precisavam ter um maior proveito, economizando custos para o Estado. Seguindo esta mesma linha, os(as) gestores(as) precisavam minimizar os custos da escola e aumentar a produtividade, ou seja, os professores precisavam passar muito conteúdo para os alunos, pelo fato desta ação ser resultado de eficiência. Além da produção dos professores em sala de aula, outro fator importante era o controle do tempo, para que a maior produtividade possível fosse tirada dos professores, ou seja, os seus trabalhos em sala de aula eram supervisionados e controlados todos os dias. De acordo com o enunciado, quais teorias podemos identificar? a) Taylorismo/Fordismo. b) Fordismo/Weberianismo. c) Toyotismo/Fordismo. d) Toyotismo/Taylorismo. e) Fordismo/Fayol. 2. A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, a sociedade exigia mão-de-obra qualificada, para isto, a escola adotou princípios empresariais vi- sando um conhecimento técnico, fragmentando sua estrutura, excluindo a reflexão da realidade escolar, revelando assim marcas do taylorismo, princípios que obedecendo à ideologia dominante, formava pessoas que apoiavam esta ideologia e serviam a ela, internalizando em sua organização os elementos funcionais do processo de Fayol, com pequenas mudanças em sua denominação e sua aplicação (NASCIMENTO; SCHNEC- KENBERG, s/d, p. 06). NASCIMENTO, C. de F.; SCHNECKENBERG, M. A Trajetória da Gestão Democrática no Ambiente Escolar. [2020]. Disponívelem: https://silo.tips/download/a-trajetoria-da- -gestao-democratica-no-ambiente-escolar. Acesso em: 17 de nov. 2020. Com base na concepção de Taylorismo expressa no trecho anterior, avalie as seguintes asserções: I - Para Taylor, o trabalhador precisa saber de várias áreas, reduzindo a contratação e aumentando a carga horário. II - O operário deveria se especializar em um setor específico. III - Basear sua remuneração na quantidade de peças produzidas. IV - Realizar o trabalho em grupo, fortalecendo a equipe. 46 A G O R A É C O M V O C Ê Está correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) II e III, apenas. d) III e IV, apenas. e) IV, apenas. 3. A formação do diretor escolar está relacionada diretamente com o desempenho do seu trabalho na gestão escolar, pois esta ao envolver múltiplas dimensões e desdobramen- tos exige desta profissão, entre outros requisitos, capacidade de liderança, atualização, conhecimento da legislação vigente, sobretudo em relação às suas demandas e ao desenvolvimento de contínuo aprimoramento (SILVA, 2015, p. 60). SILVA, C. G. da. Dimensões da Gestão Escolar: saberes e práticas do Diretor da Escola. 2015. 188 p. Dissertação (Mestrado em Educação: Currículo) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: https://leto.pucsp.br/bitstream/ handle/9860/1/Camila%20Godoi%20da%20Silva.pdf. Acesso em: 5 nov. 2020. Com base na concepção de dimensões da Gestão Escolar, avalie as seguintes asserções. I - Dimensão econômica: envolve os recursos financeiros, ou seja, os recursos que a escola recebe, precisando ter conhecimento de quais aplicações bancárias de curto, médio ou longo prazo precisam ser realizadas. II - Dimensão pedagógica: envolve técnicas de educação na sua execução, exemplo disso é o(a) pedagogo(a) montar as aulas dos professores que têm dificuldades. III - Dimensão política: relaciona-se esse tema com a organização das eleições para diretor(a). IV - Dimensão cultural: está relacionada com os valores inseridos no processo educa- cional como um todo, exemplo disso é o trabalho com a diversidade. Está correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) II e IV, apenas. d) III e IV, apenas. e) IV, apenas. 47 A G O R A É C O M V O C Ê 4. A gestão escolar, como área de atuação, constitui-se, pois, em um meio para a realização das finalidades, princípios, diretrizes e objetivos educacionais orientadores da promoção de ações educacionais com qualidade social, isto é, atendendo bem a toda a população, respeitando e considerando as diferenças de todos os seus alunos, promovendo o aces- so e a construção do conhecimento a partir de práticas educacionais participativas, que fornecem condições para que o educando possa enfrentar criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante e transformador da realidade sociocultural e econômica vigente, e de dar continuidade permanente aos seus estudos (LÜCK, 2009, p. 23). Neste sentido, considerando os pilares presentes na Gestão Escolar, qual podemos destacar no que tange à aplicação da legislação vigente? a) Gestão Pedagógica. b) Gestão Administrativa. c) Gestão de Recursos Humanos. d) Gestão Financeira. e) Gestão Logística. 5. O que se constata na prática, é que mesmo existindo um planejamento previamente construído e elaborado com uma determinada finalidade, este não é aplicado efetiva- mente. Nota-se que uma descrença geral está enraizada na prática diária dos professo- res, no que diz respeito ao planejamento. Cabe ressaltar, também, que o gestor e toda a equipe diretiva necessitam adotar uma postura que vá de encontro a este marasmo pedagógico, transformando esta visão negativista. Postura que a maioria dos gestores não exercita no seu dia a dia (MIZUTA, 2014, p.16). MIZUTA, G. D. Planejamento escolar e as dimensões políticas e técnicas: sua rela- ção com as especificidades do cotidiano escolar. 2014. 52 f. Monografia (Especialização em Gestão Escolar) – Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Considerando o exposto anteriormente, assinale a alternativa que apresenta as competên- cias necessárias para um bom gestor. a) Competência Comunicativa e Pedagógica. b) Competência Administrativa e Pedagógica. c) Competência Administrativa e Financeira. d) Competência de Recursos Humanos e Comunicação. e) Competência Emocional e Liderança. 48 CONFIRA SUAS RESPOSTAS 1. A está correta, tendo em vista que, na questão, podemos observar duas práticas: eliminar os desperdícios causados e controle do tempo. As teorias presentes são Taylorismo e Fordismo. 2. C está correta, tendo em vista que a proposta do Taylorismo é fazer com que o ope- rário fosse especializado em um área, proporcionando mais agilidade na produção, e os operários deveriam ganhar de acordo com a produção, ou seja, quem produz mais ganharia mais. 3. E está correta, já que o conceito de Dimensão Cultural está atrelada à diversidade cultural presente na escola, cada indivíduo com sua bagagem cultural. 4. B. A Gestão Administrativa tem como principais funções: cuidar da parte física da instituição, como os equipamentos, os materiais e o prédio da escola; cuidar da área institucional, aplicando a legislação da forma correta, de modo que os direitos e deveres sejam cumpridos e respeitados; e, também, administrar as atividades que envolvam a secretaria. 5. B está correta, já que o(a) gestor(a) precisa ter um olhar em duas esferas – Admi- nistrativa e Pedagógica –, tendo em vista que o seu trabalho é desenvolvido em instituições de ensino. 2Legislação na Gestão Escolar Me. Welington Junior Jorge Na Unidade 2, você terá a oportunidade de aprofundar a pro- blematização sobre o tema da Legislação na Gestão Escolar e os avanços pós-Constituição Federal de 1988 e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (9.394/96). A proposta foi analisar a legislação vigente da Gestão Escolar Democrática e quais os princípios para se fazer uma boa gestão nos estabeleci- mentos de ensino. As discussões desta unidade têm como intuito a observação das principais legislações a nível federal, afinal são as previsões legais que respaldam o trabalho do(a) gestor(a)/ diretor(a), e tais discussões são necessárias para atingirmos o objetivo de termos uma escola que seja o espaço de transfor- mação de toda a sociedade. O(A) gestor(a) precisa estar atento(a) para que possa desenvolver um trabalho visando à participação de toda comunidade escolar. Ainda, você terá a possibilidade de compreender as leis de uma forma crítica, relacionando-as com o contexto da Gestão Democrática. UNIDADE 2 50 Você já teve que ir à coordenação/direção por não fazer a atividade ou não entregar o dever de casa no dia correto? Ou, então, ficou de castigo na sua casa porque não cumpriu as regras? De fato, seguir as leis vigentes em nossa sociedade é um exercício diário, mas elas são necessárias para que seja possível termos uma sociedade justa e que promova o bem-estar para todos. Contudo, quem é responsável por criar essas leis? Na esfera municipal, temos os vereado- res; na estadual, os deputados estaduais; e, a nível federal, os nossos deputados federais e senadores; ou seja, de forma típica, é o Legislativo o responsável por essa função. Por isso, muitas coisas só podem ser feitas se estiverem dentro da legalidade, e, com a Gestão Escolar, não é diferente. Como seria uma sociedade sem leis? Seria fácil governar/administrar? Para aprofundarmos nossa discussão acerca da atuação do gestor escolar, proponho, nesta unidade, uma análise fundamentando conceitos teóricos e legais que cercam a Gestão Democrática, partindo da Constituição Federal de 1988 até a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96). É importante destacar que, a partir desses dois momentos, foi pos- sível pensar em uma escola democrática, ou seja, discutir questões pertinentes à educação não é um dever exclusivo do Estado, mas, sim,de toda a sociedade. 51 UNICESUMAR Vale destacar que não vamos nos ater a textos constitucionais anteriores, já que nosso foco é entendermos esse movimento pós-publicação da obrigato- riedade de criar uma lei específica para a Gestão Democrática, ou seja, quais parâmetros legais foram necessários se criar para termos ela regulamentada. Existem várias formas de acessar as nossas legislações vigentes, porém, para termos uma lei atualizada, é necessária a sua publicação ou atualização. Por isso, você precisa acessar o Portal de Legislação do Brasil (http://www4. planalto.gov.br/legislacao/), pois, por meio dele, você terá acesso à legislação de nosso país. Que tal aproveitar alguns minutinhos e conhecê-lo? Já pensou em uma escola sem regras? O(A) diretor(a) tomar as decisões sem a consulta de um colegiado? Parece estranho pensar isso nos dias de hoje, mas a discussão da Gestão Democrática se iniciou apenas com a Constituição Federal de 1988 e, logo após, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96). Mesmo com respaldo legal, é possível dizer que todas as escolas partem deste princípio? DIÁRIO DE BORDO http://www4.planalto.gov.br/legislacao/ http://www4.planalto.gov.br/legislacao/ UNIDADE 2 52 CONTEXTUALIZAÇÃO DO DIREITO EDUCACIONAL Caro(a) aluno(a), sempre que falamos em legislação, logo vem à mente algum tipo de restrição ou, até mesmo, burocracia, esse sentimento é muito comum, tendo em vista que a sociedade moderna é pautada em direitos e deveres, possibilitando a vivên- cia em sociedade. Se fôssemos elencar todos os decretos, leis, resoluções, declarações inter- nacionais, enfim, ficaríamos em uma discussão sem fim, mas a proposta desta unidade é compreender a importância do Direito e como a educa- ção está em conjunto com este conceito. Já pensou uma sociedade sem lei? Imagine uma escola sem regras, sem uma legislação vigente como forma de controle e, até mesmo, sua organização: já pensou como seria? São muitos os questionamentos que podemos fazer, por isso, o Direito é fundamental em nossa sociedade, só assim con- seguimos viver em harmonia. Vale destacar que só a existência da lei não é garantia de mudar a realidade, mas é por meio dela que nos orientamos e compreendemos o que podemos ou não fazer. Falar em Direito Educacional ou Legislação Educacional é destacar o ordena- mento jurídico e suas peculiaridades no campo da educação. Ressaltaremos o con- junto de leis que envolve toda a comunidade escolar, direta ou indiretamente, ou seja, vamos destacar, nesta unidade, a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e as regulamentações dentro da esfera federal. Cabe a você, acadêmico(a) de Pedagogia, conhecer as especificidades de cada localidade em que for atuar, proporcionando uma boa relação aos envolvidos do meio educacional. Sendo assim, para que seja possível a efetivação na norma jurídica, é necessária a sua positivação. 53 UNICESUMAR Segundo Ivan de Oliveira Silva, Direito Positivo é “ [...] o conjunto de regras e princípios que regulam a vida do homem em sociedade e vigora em determinada época para um número de pessoas sujeitas a determinado poder estatal. Está ele fortemente vinculado à noção de lei escrita e vigente em deter- minado período histórico (SILVA, 2011, p. 9). O Direito Educacional, embora esparso em várias esferas, encontra-se positi- vado, facilitando ao Poder Público sua fiscalização, determinando aos órgãos competentes o cumprimento da lei. É com esses preceitos que vamos expor as principais normativas envolvendo a educação, dentre elas, a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Plano Nacional da Educação, as portarias, resoluções, os regimentos, decretos e nor- mas que envolvam o processo de ensino e aprendizagem. “ Direito educacional é o ramo do Direito que trata do conjunto de leis e normas legais que oferecem base legal à educação no país, normatizando as relações entre os elementos que a constituem: os sujeitos (professor, aluno, técnicos), as instituições (escolas/ órgãos de supervisão), tendo por finalidade a garantia do direito à educação (TOLEDO, 2016, p. 10). Cada pessoa tem um comportamento diferente e vontades diferentes. Já pensou se cada pessoa fizesse o que acha correto? Qual é a importância das leis para o controle social? Mesmo com as leis vigentes, é possível dizer que não existem crimes? A proposta deste vídeo é falar sobre a importância do Direito para a sociedade. Vale a pena a reflexão. EXPLORANDO IDEIAS https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6496 UNIDADE 2 54 Para facilitar a compreensão do Direito Educacional e seus desdobramentos, segue um diagrama que expressa a forma hierárquica dos dispositivos legais envolvendo a temática educação. É importante ressaltar que as diretrizes, os decretos e as resoluções têm suas particularidades de acordo com cada Estado e Município, porém ambos devem seguir a Constituição Federal. Quadro 1 –Grau de autonomia / Fonte: o autor. Por mais que exista uma autonomia dos Estados e Municípios, eles não podem criar decretos divergentes à Constituição Federal e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Um exemplo para ilustrar melhor este caso é a Lei 9.394/96 em seu artigo 31, inciso II, que diz: “carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional”. Um prefeito ou governador, por achar que 800 horas é muito tempo, resolve, por meio de um decreto, determinar 600 horas de carga horária mínima anual, ou seja, 200 horas a menos do que a lei federal prevê. Por não haver essa sintonia, não será possível que os alunos tenham apenas 600 horas de aula anualmente. A quantidade de normas envolvendo a educação se dá, justamente, para que seja possível o Poder Público garantir o acesso à educação de qualidade e gratuita. Devo destacar que a sociedade está em constante mudança e, consequentemente, buscando atender os anseios sociais, por isso, as normas podem sofrer alterações ou, até mesmo, acontecimentos que impossibilitem o cumprimento da lei devido a situações imprevistas que possam vir a ocorrer. PENSANDO JUNTOS DECRETOS 55 UNICESUMAR Você pode pensar: qual é a importância de estudarmos legislação na disciplina de Gestão Escolar e Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Básica? A resposta é simples! O acesso e a permanência na escola estão previstos no texto constitucional, além disso, temos uma lei exclusiva para tratar questões que envol- vam a educação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, que será analisada logo mais, ou seja, não é possível estar em um ambiente educacio- nal sem falar de Direito, e podemos ir além: todo o regimento escolar deve estar em consonância com a Constituição Federal – CF e a LDBEN. Partindo deste entendimento, vamos explorar as questões que envolvem o Direito Educacional. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Antes de adentrarmos no estudo da Consti- tuição Federal de 1988, é importante fazer uma retomada breve da his- tória até a data da sua promulgação. O Brasil passou por um perío- do ditatorial nos anos de 1964 até 1985, nesta época, as pessoas ti- nham seus direitos li- mitados, exemplo disso eram os direitos políticos, ou seja, não era possível votar para presidente. Mui- tas pessoas foram presas, torturadas, exiladas e até mortas. Com o desgaste do governo militar, o então presidente João Figueiredo iniciou o processo de redemocratização, ganhando força com as eleições indiretas para presidente, as quais Tancredo Neves e José Sarney venceram. Devido à morte de Tancredo, Sarney assumiu a presidência do Brasil. No ano de 1986, novos senadores e deputados federais foram eleitos e assumiram a responsabilidade de elaborar uma nova Constituição, esse movimento ficou conhecido como Assembleia Nacional Constituinte (PADILHA, 2014). UNIDADE 2 56 Assim, no dia05 de outubro de 1988, foi promulgada a Constituição Fe- deral, também conhecida como Constituição Cidadã, iniciando-se o respeito aos direitos individuais, sociais, políticos, resultando na não interferência do Estado na autonomia das pessoas. O Estado assume a responsabilidade da tu- tela do seu povo, mas sem grandes interferências na autonomia do indivíduo, exemplo disso foram as eleições diretas para presidente (MENDES, 2019). Destaco que procurei fazer apenas um resumo para falarmos sobre o di- reito à educação dentro da Constituição Federal, porém precisamos concei- tuar o termo constituição e a sua magnitude no ordenamento social: “(...) A Constituição é a lei fundamental proclamada pelo país, na qual baseia-se a organização do Direito público dessa nação” (LASSALE, 1933, p. 10). Assim, podemos entender por Constituição o conjunto de leis que rege o Estado, sendo que, nesse conjunto, encontram-se princípios capazes de manter a es- trutura jurídica organizada, já que seu próprio nome se refere a constituir, criar, organizar um Estado de Direito. Segundo Gilmar Mendes, “ A Constituição, em sentido formal, é o documento escrito e so-lene que positiva as normas jurídicas superiores da comunidade do Estado, elaboradas por um processo constituinte específico. São constitucionais, assim, as normas que aparecem no diploma constitucional, que resultam das fontes do direito constitucional, independentemente do seu conteúdo. Em suma, participam do conceito da Constituição formal todas as normas que forem tidas pelo poder constituinte originário ou de reforma como normas constitucionais, situadas no ápice da hierarquia das normas ju- rídicas. Como se nota, a noção de Constituição formal adere a uma concepção igualmente importante — a de fonte do direito constitucional. Da mesma forma, a distinção entre Constituição material e Constituição formal enseja uma classificação de nor- mas constitucionais. São dois temas que merecem ser examina- dos (MENDES, 2019, p. 57). Para Miguel Reale, 57 UNICESUMAR “ O Direito Constitucional tem por objeto o sistema de regras refe-rente à organização do Estado, no tocante à distribuição das esferas de competência do poder político, assim como no concernente aos direitos fundamentais dos indivíduos para com o Estado, ou como membros da comunidade política (REALE, 2001, p. 322). De acordo com Alexandre de Moraes, “ Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e supre-ma de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aqui- sição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos (MORAES, 2014, p. 06). Perceba a importância da nossa Constituição Federal. A proposta é, justamente, apresentar para você que as leis constitucionais existem para dar sustentação aos nossos direitos. É por meio dela que temos garantias sociais, a livre manifestação de pensamento, que a educação é dever do Estado, a independência dos poderes, os di- reitos fundamentais, dentre inúmeras outras tutelas. Por isso, é importante ressaltar os princípios norteadores da Constituição, para que a sociedade tenha conhecimento do que cobrar dos seus representantes, sejam eles do Executivo, Legislativo e Judiciário. Agora que você, acadêmico(a) do curso de Licenciatura em Pedagogia, com- preendeu o caminho percorrido para chegarmos à atual Constituição Federal e a sua importância, adentraremos nos direitos sociais. É preciso lembrar que nossa Constituição é composta por 250 artigos até o atual momento, e estudá-los na íntegra não faria muito sentido para nossa proposta, que é a área educacional, por isso, centralizaremos nossas discussões nos artigos que tratam da temática educação. Antes, porém, vamos compreender o significado do termo direitos sociais de acordo com o texto constitucional. “ Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o traba-lho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL, 1988, on-line). UNIDADE 2 58 Quando falamos em direitos sociais, estamos tratando de questões que envol- vem todos da sociedade, independente da sua religião, raça, ideologia partidá- ria, idade, sexo, condição financeira, ou seja, têm como prerrogativa melhorar a condição social das pessoas por meio de leis e regulamentações em diferentes áreas, tais como educação, trabalho, segurança, alimentação, lazer, proteção à ma- ternidade e à infância, previdência e assistência aos desamparados. Eles “[...] são múltiplos, de acordo com as necessidades em uma sociedade diferenciada como a nossa: direito à educação, à saúde, ao lazer etc.” (SLAIBI FILHO, 2009, p. 303). Para José Afonso da Silva, “ [...] os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igual- dade. Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida em que criam condições materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o que, por sua vez, proporciona con- dição mais compatível com o exercício efetivo da liberdade (SILVA, 2005, p. 286-287). Assim, os direitos sociais procuram proporcionar uma melhor condição de vida e de trabalho para todos. Ao trazer essa temática para o meio educacional, en- tende-se como ações governamentais aquelas que possibilitam a todo cidadão o desenvolvimento integral, atuando como agentes de transformação na socie- dade, com habilidades científicas, valores éticos e morais, criticidade, autonomia e convivência coletiva. Dúvidas sobre Artigo, Caput, Parágrafo, Inciso, Alínea e Item: esse vídeo vai te ajudar a compreender cada um deles, de forma breve e simples! EXPLORANDO IDEIAS https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6500 59 UNICESUMAR Os temas que tratam a educação na Constituição Federal estão presentes nos ar- tigos de 205 a 214. Neste momento, é importante trazer os textos na íntegra para discussão, afinal, sempre que você tiver alguma dúvida sobre a lei, é necessário recorrer ao texto constitucional e fazer uma leitura. “ A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será pro-movida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, on-line). Como o próprio texto diz, a responsabilidade da educação não deve ser exclusi- vamente do Estado, cabendo à família, também, assumir esse dever, criando con- dições para uma educação pública e gratuita e na idade adequada. A Constituição apresenta o desenvolvimento da pessoa e, consequentemente, a responsabilidade da educação neste processo. Dando sequência, temos o Art. 206, que afirma: “ O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensa- mento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistên- cia de instituições públicas e privadas de ensino; IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII – garantia de padrão de qualidade; VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucionaln. 53, de 2006) Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores con- siderados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006) (BRASIL, 1988, on-line). UNIDADE 2 60 Embora não tratemos deste assunto neste tópico, temos a primeira menção à Gestão Democrática, ou seja, inicia-se a obrigatoriedade de criar uma lei es- pecífica tratando deste tema. Apesar de discutirmos a Gestão Democrática nas próximas unidades, vale enfatizar que ela está presente no texto constitucional, ou seja, deveria ser aplicada em todas as escolas públicas. Sobre o Art. 207, não exploraremos o tema, tendo em vista que trata da auto- nomia das universidades, e o foco desta discussão é sobre a Educação Básica e o dever do Estado, como consta no próximo artigo. “ Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezes- sete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II – progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 14, de 1996.) III – atendimento educacional especializado aos portadores de defi- ciência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006.) V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação bási- ca, por meio de programas suplementares de material didático-esco- lar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 59, de 2009.) § 1º – O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo; § 2º – O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Públi- co, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente; § 3º – Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou respon- sáveis, pela frequência à escola (BRASIL, 1988, on-line). 61 UNICESUMAR Percebeu a responsabilidade do Estado no que tange à educação? Por isso, a necessidade de criar leis específicas que tratam desta temática, tendo em vista que a Constituição Federal não especifica com detalhes cada item, mas expressa a necessidade desta discussão que, por meio de leis, decretos ou reso- luções, proporciona essas implementações. A partir deste momento, o Poder Legislativo (senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores) irão propor projetos de lei para regulamentar esses compromissos previstos na Constituição Federal. “ Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as se-guintes condições: I – cumprimento das normas gerais da educação nacional; II – autorização e avaliação da qualidade pelo poder público (BRASIL, 1988, on-line). A Constituição Federal de 1988 procurou se ater a todos os pontos referentes à educação, não apenas à obrigatoriedade do ensino, mas que outros setores também tivessem autonomia de oferecer o ensino, desde que fossem super- visionados pelo Estado e seguissem a legislação educacional, ou seja, a ini- ciativa privada pode explorar esse setor, porém será necessária a supervisão e autorização do Estado para regulamentar o funcionamento, assim “as escolas de educação básica privadas estão subordinadas ao sistema municipal ou estadual de ensino” (TOLEDO, 2016, p. 13). “ Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fun-damental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º – O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental; § 2º – O ensino fundamental regular será ministrado em lín- gua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem (BRASIL, 1988, on-line). UNIDADE 2 62 Uma outra ação do Estado na regulamentação de conteúdos mínimos exi- gidos. Ao analisarmos esse artigo, os(as) gestores(as) precisam compreender que suas convicções políticas, religiosas e culturais não devem prevalecer sobre a vontade do Estado. Um gestor ateu ou agnóstico não pode proibir a disciplina de Ensino Religioso, cabendo a obrigatoriedade da oferta e a matrí- cula facultativa, como previsto em lei. Outro exemplo que podemos destacar é a obrigatoriedade das aulas serem ministradas em língua portuguesa: o(a) diretor(a), por gostar de língua estrangeira, não pode obrigar que os professo- res ensinem seus alunos utilizando outra língua senão a oficial. O(a) gestor(a) precisa ter o conhecimento do texto constitucional para não infringir a lei, pois não pode ir contra a Constituição Federal. “ Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 1º – A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas fede- rais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir a equalização de oportunidades educacionais e o padrão mínimo de qualidade do ensino me- diante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. § 2º – Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fun- damental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 14, de 1996.) § 3º – Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Cons- titucional n. 14, de 1996.) § 4º – Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 59, de 2009.). § 5º – A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006) (BRASIL, 1988, on-line). 63 UNICESUMAR Percebe-se que a divisão das responsabilidades da criação e manutenção do ensino não é apenas do Governo Federal, cada esfera assume seu papel. Nes- te caso, um(a) gestor(a) do Ensino Médio não pode recorrer à Secretaria de Educação do Município para solicitar benfeitorias ou, até mesmo, recursos para sua manutenção, tendo em vista que a responsabilidade é do Estado ou Distrito Federal. Esses são alguns exemplos de como o Poder Público organiza os níveis de escolarização. É importante destacar essas questões até mesmo para instrução dos pais e/ou responsáveis. Não se pode exigir melhorias do(a) prefeito(a) em escolas que são administradas pelo Estado. “ Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreen- dida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvol- vimento do ensino. § 1o – A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2o – Para efeito do cumprimento do disposto no “caput” deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. § 3o – A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridadeao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere à universalização, garantia de padrão de qualidade e equi- dade, nos termos do plano nacional de educação. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 59, de 2009.) § 4o – Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamen- tários. § 5º – A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhi- da pelas empresas na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006.) (Vide Decreto n. 6.003, de 2006.) UNIDADE 2 64 § 6º – As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contri- buição social do salário-educação serão distribuídas proporcio- nalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006.). “ Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públi-cas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: I – comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus exce- dentes financeiros em educação; II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades. § 1º – Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quan- do houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade; § 2º – As atividades universitárias de pesquisa e extensão pode- rão receber apoio financeiro do Poder Público (BRASIL, 1988, on-line). Os artigos 212 e 213 tratam de recursos e financiamentos da educação, ou seja, os recursos que o Estado arrecada por meio de impostos e que deverão, obrigatoriamente, ser destinados em uma porcentagem para a educação. Caso os Estados e Municípios precisem de recursos, a União poderá repassá-los por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Seguindo o texto constitucional, é importante destacar que a porcentagem estabelecida para investir na educação é a mínima, desta forma, caso for necessário um repasse maior, o Poder Público não receberá uma sanção por parte do Legislativo e do Judiciário. 65 UNICESUMAR “ Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desen- volvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 59, de 2009.) I – erradicação do analfabetismo; II – universalização do atendimento escolar; III – melhoria da qualidade do ensino; IV – formação para o trabalho; V – promoção humanística, científica e tecnológica do País; VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 59, de 2009.) (BRASIL, 1988, on-line). Fechando o ciclo dos artigos referentes à educação, precisamos dar uma atenção especial ao 214. Por meio dele, faz-se necessário um planejamento com objetivos claros no que tange ao desenvolvimento da educação. A Constituição Federal estabelece a criação deste plano, cabendo ao Legislativo da esfera federal, estadual, municipal e distrital organizá-los. Título: Direito Educacional Autora: Margot de Toledo Editora: CENGAGE Ano: 2015 Sinopse: este livro apresenta as questões legais voltadas para a educação, iniciando pelo contexto histórico do direito educacio- nal. A Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente: estes são temas abordados neste livro. Todos os profissionais da educação precisam conhecer as leis que regulamentam o ensino, proporcionando um conhecimento mais amplo. A propos- ta deste livro é, justamente, fazer um compilado de dispositivos legais, envolvendo a educação não apenas como um processo, mas sim com respaldo legal. EU INDICO UNIDADE 2 66 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB A LDB é um instrumento de suma importância para a educação. Ela contém normas que regem o funcionamento do sistema educacional brasileiro, po- dendo ser público ou privado. A base em que foi redigida este documento foi a Constituição Federal de 1934, em que ela aparece, pela primeira vez, em um texto constitucional, no seu artigo 5º, inciso XIV: “traçar as diretrizes da educação nacional” (BRASIL, 1934, on-line). A construção deste instrumento normativo tinha como providência organizar e administrar o ensino, criando normas gerais e caminhos para uma educação de qualidade. De acordo com Elias de Oliveira Mota, Diretriz, como substantivo, é a linha que mostra o caminho, define objetivos e tendências e significa direção, orientação. Como adjetivo, é a qualidade do que dirige, que orienta, ou seja, conjunto de instruções, indicações e regras gerais que conduzem as ações em uma determinada área. Bases são os alicerces que servem de apoio a uma estrutura ou de sustentá- culos a uma construção. As bases indicam a disposição das partes e mantêm a coesão de toda a estruturação (MOTA, 1997, p. 1, grifo nosso). EXPLORANDO IDEIAS Partindo deste conceito, devemos compreender a LDB não como algo estático e entender que os legisladores, em conjunto com a sociedade organizada, pre- cisam discutir sobre quais direções a educação precisa seguir. Afinal, a nossa sociedade está avançando e precisamos (re)pensar quais medidas tomar de acordo com a nossa realidade. Os cenários da educação, no decorrer dos anos, foram os mais diversos possíveis, por fim, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, con- teúdo já estudado nesta unidade, abrem-se novos olhares. Com a alteração do texto constitucional (pós-ditadura), houve a necessidade da criação de uma diretriz, de acordo com o Art. 22: “Compete privativamente à União legislar sobre: diretrizes e bases da educação nacional” (BRASIL, 1988, on-line). 67 UNICESUMAR Com a nova Constituição e a reabertura para um país democrático de direito, inicia-se uma nova discussão para a LDB. Como já estudamos nesta unidade, a Constituição Federal de 1988 reformulou o olhar para as insti- tuições como um todo, os anos de ditadura demonstraram a importância da liberdade e democracia. Atrelado a isso, fez-se necessária a reformulação do instrumento normativo, proporcionando, assim, novos avanços e metas para a educação. Com todo esse cenário e o pluralismo de ideias vigentes no fim dos anos 80, uma nova organização precisava ser criada e, assim, o fizeram até a chegada da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96. Para compreender o contexto histórico, Margot de Toledo (2016) descreve como se construiu a nova LDB. Figura 1 – Construção da Nova LDB / Fonte: Toledo (2016, p. 19). UNIDADE 2 68 Apesar de todos esses anos que passaram pós-Constituição, várias discussões foram necessárias, disputas ideológicas foram marcadas neste período, afinal tínhamos, de um lado, uma proposta libertadora, democrática, que buscava a autonomia do indivíduo e a defesa da escola pública e, por outro lado, uma po- lítica neoliberal que se apresentava como responsabilidade dos indivíduos e do sistema educacional (TOLEDO, 2016). De fato, a Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional 9.394/96 se mostrou bastante ampla na sua formulação, visando não apenas a Educação Infantil, mas, também, o Ensino Superior, contemplando as modalidades de ensino. Para não nos prolongarmos em nossa discussão, apresentarei os princípios base da LDB e sua contemplação na Gestão Escolar Democrática. “ Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos prin-cípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. “ Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. II - consideração com a diversidade étnico-racial. XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida (BRASIL, 1996, on-line, grifo nosso). 69 UNICESUMAR Por fim, chegamos a uma das principais partes que cercam a proposta deste livro: sinalizamos a essência legal para termos uma Gestão Democrática nos ambientes escolares. Cumpre-se o dispositivo constitucional, em seu Art. 206, VI, “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRA- SIL, 1988, on-line). Devemos observar que, para que se tenha uma Gestão Escolar Democrática, precisa existir uma Gestão Participativa, na qual seja possível fomentar a participação de toda a comunidade escolar, discutindo sobre a função social da escola e, consequentemente, o interesse de todos que fazem parte dela, claro, respeitando os aspectos legais. A escola precisa compreender que não é possível haver um espaço democrático que não te- nha condições de respeitar a diversidade presente, por isso, faz-se necessário levantar esses questionamentos e colocá-los em prática. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 Sempre que falarmos em educação, precisamos destacar a LDB, é por meio dela que as instituições de ensino público e privado seguem as orientações desde a educação básica até o superior. EU INDICO PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO Fazer um plano é algo que envolve vários seto- res. Muitas vezes, podemos desejar algo, mas não é possível devido a outros impedimentos e inte- resses. Quando falamos de Po- der Público, isso também não é diferente. Já vimos, anteriormente, que existe uma porcentagem mínima para se apli- car na educação, porém, devido aos vários fatores, isso não acontece em sua plenitude. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6505 UNIDADE 2 70 Você, que está na sua cidade, já conheceu outras escolas, já estudou em al- guma que tinha uma estrutura mínima de funcionamento? É possível dizer que nossos governantes estão cumprindo o seu papel? Eles estão interessados em uma educação de qualidade, para que todas as pessoas tenham acesso e se tor- nem mais críticas? É possível a escola cumprir a sua função social sem investi- mento? São esses alguns dos questionamentos que precisamos fazer para termos a necessidade de elaborar um plano para a educação e que possa ser viabilizado. Para contextualizar de forma breve o Plano Nacional de Educação, é pre- ciso dar início a um movimento popular nos anos de 1930. Foi graças ao Movimento dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, que se criou um do- cumento de forma coletiva, por vários educadores, que tinha como proposta pensar a educação de forma planejada, ou seja, o Estado deveria assumir a responsabilidade com as gerações futuras do país, pensando a educação de forma planejada e com metas, fixando um plano nacional em caráter de lei. Resultado deste manifesto foi a inclusão de um Plano Nacional de Educação na Constituição de 1934 no Art. 150, ‘a’: “[...] fixar o plano nacional de educa- ção, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especia- lizados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do país” (BRASIL, 1934, on-line). O fato de ter um artigo constitucional não significou uma ação imediatista, apenas no ano de 1962, após a criação da Lei de Diretrizes e Bases (1961), que o Conselho Federal de Educação, até mesmo para cumprir o que estava previsto na Constituição de 1934 e na LDB de 1961, traçou metas para Ensino Primário, Ensino Médio e Ensino Superior. Segundo Dermeval Saviani, “ Na vigência da lei, a primeira providência tomada foi a instala-ção do Conselho Federal de Educação (CFE), o que ocorreu em fevereiro de 1962. Para a composição do órgão, contou-se com a “clarividência de Anísio Teixeira”, conforme depoimento de New- ton Sucupira. Também foi Anísio quem cuidou, ainda em 1962, da Elaboração do Plano Nacional de Educação previsto no parágrafo 2º do artigo 92 da LDB. O Plano por ele proposto foi aprovado pelo CFE em 12 de setembro de 1962 e homologado pelo ministro Darcy Ribeiro em 21 do mesmo mês (SAVIANI, 2010, p. 305). 71 UNICESUMAR Assim, o Brasil começa a dar os primeiros passos para pensar a educação de forma planejada, porém, com o decorrer das décadas, poucos avanços foram conquistados, estabelecendo, assim, uma característica pessimista do país no que tange à área da educação. Esta desatenção por parte do Poder Público se prolongou por muitos anos: a própria LDB, apenas em 1996, passou por uma reestruturação. Um marco para se pensar em um novo planejamento voltado para a área da educação foi com a promulgação da Constituição Federal, mais especifica- mente em seu artigo 214, como já trabalhamos nesta unidade. O dispositivo deixa claro a importância do conhecimento científico e tecnológico e que não poderá haver uma descontinuidade nos avanços da educação. Somente no ano de 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), por meio da Lei nº 10.172/01, ao qual fica expressa a duração de dez anos. “ O PNE 2001-2010 tem como objetivo assegurar que, até 2011, todas as crianças, os jovens e os adultos tenham condições de acesso e permanência nas escolas públicas do país. Os setores organizados da sociedade civil que se envolveram na construção do PNE esperavam que, a despeito das dificuldades de ordem política e administrativa, este se configurasse como um plano de Estado, não um plano de governo, desde que ultrapassaria, pelo menos, o período de duas gestões governamentais. Aliás, vale ressaltar que, dois anos após a aprovação do PNE, houve mudan- ça do governo no Brasil e a agenda das políticas educacionais, a partir de 2003, foi reorientada, com ênfase, sobretudo, na expan- são da educação pública de qualidade (AGUIAR, 2010, p. 712). O PNE se consagrou na história da educação brasileira por estar em diálogo com vários setores da sociedade e unificado com a Constituição Federal e a LDB. A partir do momento em que toma essa postura, o Congresso Nacio- nal dá o seu aval, transformando-o em lei. Outro ponto a ser destacado foi a contemplação de todos os níveis de ensino e colocar o Poder Público e a sociedade para fiscalizarem a sua execução (DIDONET, 2000). Com o fim do PNE 2001-2010, iniciam-se novas discussões e um novo substituto, porém, devido às questões políticas e trocas no Ministério da Edu- cação, o novo PNE só foi publicado no ano de 2014, com a Lei 13.005/2014, UNIDADE 2 72 mantendo, assim, a vigência por dez anos (2014-2024), fixando 20 metas para a educação brasileira. De acordo com a proposta e a legislação vigente, o PNE, em seu artigo 2º, incisoVI, traz a “promoção do princípio da gestão democrá- tica da educação pública” (BRASIL, 2014, on-line), reforçando, em seguida, no artigo 9º da mesma Lei: “ Art. 9o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão apro-var leis específicas para os seus sistemas de ensino, disciplinando a gestão democrática da educação pública nos respectivos âmbitos de atuação, no prazo de 2 (dois) anos contado da publicação desta Lei, adequando, quando for o caso, a legislação local já adotada com essa finalidade (BRASIL, 2014, on-line). Outro ponto a ser considerado nesta nova formulação (2014-2024) são as 20 metas. Desta forma, os “[...] objetivos quantificados e localizados no tempo e no espaço; são previsões do que se espera fazer em um determinado período para superar ou minimizar um determinado problema” (BRASIL, [2020], on-line). Dentre as metas estipuladas, destaco a meta 19, que afirma: “ Meta 19. Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comuni- dade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto (BRASIL, 2014, on-line). Para que seja possível o cumprimento da meta 19, foram elaboradas oito estra- tégias, sendo elas: “ 19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da União na área da educação para os entes federados que tenham aprova-do legislação específica que regulamente a matéria na área de sua abrangência, respeitando-se a legislação nacional, e que considere, conjuntamente, para a nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho, bem como a participa- ção da comunidade escolar; 73 UNICESUMAR 19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos (às) conse- lheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e controle social do Fundeb, dos conselhos de alimentação escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos (às) representantes educacionais em de- mais conselhos de acompanhamento de políticas públicas, garantin- do a esses colegiados recursos financeiros, espaço físico adequado, equipamentos e meios de transporte para visitas à rede escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções; 19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação, com o intuito de coordenar as conferências municipais, estaduais e distrital bem como efetuar o acompanhamento da execução deste PNE e dos seus planos de educação; 19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a consti- tuição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associações de pais, assegurando-se-lhes, inclusive, espaços adequados e condi- ções de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas representações; 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos es- colares e conselhos municipais de educação, como instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e educacional, inclusive por meio de programas de formação de conselheiros, assegurando- -se condições de funcionamento autônomo; 19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais da edu- cação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos projetos po- lítico-pedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a participação dos pais na ava- liação de docentes e gestores escolares; 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de ensino; 19.8) desenvolver programas de formação de diretores e gestores escolares, bem como aplicar prova nacional específica, a fim de subsidiar a definição de critérios objetivos para o provimento dos cargos, cujos resultados possam ser utilizados por adesão (BRASIL, 2014, on-line). UNIDADE 2 74 Analisando o PNE (2014-2024), podemos ver avanços nas propostas, construção e consolidação de uma gestão democrática escolar, fortalecendo, assim, a comuni- dade. De fato, todos esses planejamentos, por si só, não terão eficácia se todos não estiverem envolvidos no processo. Todos os questionamentos apontados são para apresentar para você quais ações o Estado está tomando para termos qualidade na educação. São várias metas a serem alcançadas, por isso o papel do(a) gestor(a)/ diretor(a) e de toda equipe é fundamental, para que, assim, seja possível termos uma escola capaz de transformar a sociedade. Plano Nacional da Educação O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e estraté- gias para a política educacional no período de 2014 a 2024. BRASIL. Ministério da Educação. O Plano Nacional de Educação (201/2024) em movimento. Disponível em: http://pne.mec.gov.br. Acesso 17 nov. 2020. EU INDICO REGIMENTO ESCOLAR: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA Para finalizar este conteúdo, não podemos esquecer de falar sobre o Regimen- to Escolar, documento fundamental para o funcionamento da escola. Como vimos nos tópicos anteriores, são vários dispositivos legais presentes em nosso ordenamento jurídico para que tenhamos uma educação de qualidade e para todos. Assim, para que uma escola tenha autorização de funcionamento, ela precisa estar em sintonia com a legislação vigente, cumprir os requisitos bá- sicos dos órgãos competentes, autorizando o funcionamento. Seguindo este entendimento, ao fazer o Regimento Escolar, o(a) gestor(a), em conjunto com a comunidade escolar, precisa cumprir alguns requisitos em sua formulação, respeitando a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Conselho Nacional da Educação, o Plano Nacional da Educação, o Conselho Estadual de Educação e o Conselho Municipal de Educação. Lembrando, caro(a) aluno(a), que estamos falando da Educação Básica (Edu- cação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio), e caberá à instituição escolar recorrer ao seu órgão competente. http://pne.mec.gov.br/ https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6506 75 UNICESUMAR De acordo com Albertina Maria Rocha Salazar, “ O regimento escolar constitui o conjunto das normas e das regras que regulam o projeto político-pedagógico da instituição, possibilitando a sua execução por todos. É o documento que representa a norma legal, no contexto da escola, determinando e disciplinando, nesse universo escolar, o cumprimento das leis federais, dos decretos e das regula- mentações estaduais e municipais (SALAZAR, 2007, p. 105). Com essa proposta, o Regimento Escolar tem como função a organização escolar, sendo ela administrativa e pedagógica, enfatizando as normas e critérios que serão regulamentados e a função social da escola. Cada escola precisa ter o seu regimento, lembrando que ela precisa atender às necessidades de cada comunidade escolar, por isso, a participação coletiva na construção desse documento é fundamental. Muitas vezes, temos uma ideia de escola e da sua função, porém é preciso levar em consideração a realidade em que ela está locada. Outro ponto importante a ser destacado no regimento é a sua validade, pois não é interessante para o(a) gestor(a) alterar mensalmente o documento; e, embora sua construção tenha um tempo con- siderável, ela não pode ser estática, respeitando as mudanças que possam ocorrer. UNIDADE 2 76 Ao pensar no Regimento Escolar, alguns pontos são fundamentais, afinal pre- cisam assegurar que as propostas administrativas e pedagógicas da instituição estejam de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ao desenvolver esse texto, o trabalho coletivo deve se sobressair aos interesses indi- viduais, articulando esse regimento com diretor(a), coordenador(a), professores, funcionários, pais e alunos, possibilitando a pluralidade de ideia e uma gestão participativa, indo de encontro com o texto constitucional e a LDB. Na construção de um Regimento Escolar, alguns itens são essenciais, mas não podemosconstruir um regimento padrão, tendo em vista que cada escola, em conjunto com sua comunidade escolar, precisa elaborá-lo de acordo com suas necessidades e realidades. Um regimento em um Estado terá planos de ação diferentes de outro Estado, para ser mais específico, o regimento de uma escola não poderá ser igual ao de outra instituição, como já foi discutido aqui, pois existem particularidades que devem ser respeitadas e precisam estar presentes no regimento. Por isso, a comunidade escolar é tão importante neste momento, para que juntos possam discutir e elaborar um regimento que contemple a realidade. Alguns tópicos são fundamentais na hora de fazer um Regimento Escolar, são eles: Tsutaka Watanabe sintetizou o Regimento Escolar da seguinte forma: Define a organização de cada escola e formaliza as concepções adotadas a respei- to de sua estrutura básica, de fora a assegurar o alcance, com maior êxito possível, dos objetivos educacionais a que se propõe; Orienta as decisões pedagógicas, administrativas e disciplinares; Expressa formalmente a organização escolar e garante a regularidade legal dos atos escolares e consequentemente a autenticidade da vida escolar; Caracteriza a escola tendo em vista o tipo e grau de ensino, suas dimensões e sua filosofia educacional; Individualiza cada escola, assumindo características próprias, de acordo com sua filosofia e suas peculiaridades (autonomia administrativa, didática e disciplina) (WATANABE, 1999, p. 40-41). EXPLORANDO IDEIAS 77 UNICESUMAR ÍNDICE TÍTULO I DA IDENTIFICAÇÃO, DOS FINS E DOS OBJETIVOS DO COLÉGIO CAPÍTULO I Da Identificação CAPÍTULO II Dos Fins e Objetivos do Colégio TÍTULO II DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E TÉCNICO-PEDAGÓGICA CAPÍTULO I Da Estrutura SEÇÃO I Do Conselho Coordenador SEÇÃO II Da Direção SEÇÃO III Do Núcleo de Apoio Técnico-Pedagógico Subseção I Da Coordenação Pedagógica Subseção II Da Orientação Educacional Subseção III Dos Conselhos de Classe SEÇÃO IV Do Núcleo de Apoio Administrativo Subseção I Da Secretaria UNIDADE 2 78 Subseção II Das Atividades Complementares Subseção III Da Tesouraria e Contabilidade SEÇÃO V Dos Recursos Pedagógicos Auxiliares Subseção I Da Sala de Leitura Subseção II Dos Laboratórios e Outros Ambientes SEÇÃO VI Das Instituições Auxiliares SEÇÃO VII Do Corpo Docente SEÇÃO VIII Do Corpo Discente TÍTULO III DA ORGANIZAÇÃO DA VIDA ESCOLAR CAPÍTULO I Dos Níveis de Educação e Ensino CAPÍTULO II Dos Fins e Objetivos dos Cursos CAPÍTULO III Do Currículo SEÇÃO I Da Composição Curricular 79 UNICESUMAR Subseção I Da Composição Curricular da Educação Infantil Subseção II Da Composição Curricular do Ensino Fundamental e do Ensino Médio SEÇÃO II Da Organização da Educação Básica Subseção I Da Organização da Educação Infantil Subseção II Da organização do Ensino Fundamental e do Ensino Médio CAPÍTULO IV Da Proposta Pedagógica CAPÍTULO V Do Processo de Planejamento e do Plano Escolar CAPÍTULO VI Da organização das Classes e Turmas SEÇÃO I Da Classificação e Reclassificação CAPÍTULO VII Do Processo de Avaliação SEÇÃO I Das Finalidades da Avaliação SEÇÃO II Da Avaliação dos Alunos da Educação Infantil SEÇÃO III Da Avaliação dos Alunos no Ensino Fundamental e Médio UNIDADE 2 80 Subseção I Da Recuperação e Do Reforço Subseção II Da Promoção Subseção III Da Retenção CAPÍTULO VIII Do Sistema do Controle de Frequência CAPÍTULO IX Da Matrícula CAPÍTULO X Da Transferência, Da Adaptação e Do Aproveitamento de Estudos CAPÍTULO XI Da Expedição de Documentos da Vida Escolar TÍTULO IV DOS DIREITOS E DEVERES DOS PARTICIPANTES DO PROCESSO EDUCATIVO CAPÍTULO I Dos Direitos e Deveres do Pessoal em Geral do Colégio CAPÍTULO II Dos Direitos e Deveres do Corpo Docente CAPÍTULO III Dos Direitos e Deveres do Corpo Discente CAPÍTULO IV Dos Direitos e Deveres dos Pais ou Responsável DAS DISPOSIÇÕES GERAIS (REGIMENTO..., 2018, p. 1-5). 81 UNICESUMAR Como podemos perceber, o Regimento Escolar é algo bem complexo e que de- manda a participação de toda a comunidade escolar. Porém, o fato de ter essa normativa não quer dizer que as ações acontecerão automaticamente, é necessá- rio que todos ajudem em sua execução, e o papel do(a) gestor(a), neste momento, é muito importante, afinal é ele(a) quem dará os primeiros passos para a sua organização, coordenação e implementação. Lembre-se, aluno(a) de Pedagogia: ter conhecimento do Regimento Escolar é o início de um trabalho eficaz na escola, e cabe a todos acompanhar diariamente as ações da escola, para saber se ela está cumprindo a sua função social na loca- lidade em que está inserida. CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), você deve ter observado que as legislações são a base da Gestão Escolar e que, sem elas, não é possível uma escola começar as suas ativida- des, já que cabe ao Poder Público a fiscalização e autorização de funcionamento. Como foi exposto, é importante destacar que os dispositivos normativos que re- gem a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), o Plano Nacional de Educação e, até mesmo, o Regimento Escolar precisam estar em sintonia com a Constituição Federal (CF), pois foi ela que deu abertura para novas discussões e leis específicas voltadas para a educação. Cada Estado e Município tem regimentos específicos para o funcionamento, e ele, respeitando suas particularidades, precisa respeitar a CF e a LDBEN, visto que não basta colocar em prática as vontades individuais e/ou o ideário na construção de uma instituição escolar, é necessária a participação coletiva, promovendo a discussão sobre as questões que cercam a comunidade escolar. Assim, cabe ao(à) gestor(a)/diretor(a) saber a importância dos dispositivos legais na hora de iniciar seus trabalhos, compreendendo que existem normativas que devem ser seguidas para a execução do seu trabalho. Por isso, é importante ressaltar que a educação é um direito social, logo todo cidadão tem direito a estar na escola e completar o seu ciclo, independente da sua condição social, religião, sexo, raça, etnia e ideologia. Como a própria a Constituição diz no seu artigo 205: “a educação [é] direito de todos e dever do Estado e da família [...]” (BRASIL, 1988, on-line). UNIDADE 2 82 Dentro desse contexto legal, não poderíamos deixar de falar sobre a lei específica que rege nossa educação, que é a Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional, é por meio dela que sabemos quais medidas seguir no que tange à organização e administração do ensino. A LDB contempla, de forma aberta e democrática, as ações que a União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal precisam seguir, proporcionando igualdade, liberdade, pluralismo, respeito, coexistência, gratuidade, valorização, Gestão Democrática, qualidade e garantias, ou seja, proporcionar uma escola para todos. Por fim, conclui-se, nesta unidade, a importância da legislação na admi- nistração e organização escolar, conhecendo as diferentes dimensões legais que cercam a educação. Lembre-se, acadêmico(a) de Pedagogia, que a es- cola precisa cumprir a sua função social, ou seja, diretor(a), vice-diretor(a), professores, pedagogos, equipe operacional, pais e alunos precisam estar em sintonia com um só objetivo: construir uma escola capaz de transformar a vida das pessoas, respeitando as diferenças e proporcionando uma sociedade mais justo e democrática para todos. Vimos, nesta unidade, as questões legais que cercam a Gestão Democrática, prin- cipalmente, a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional. Seguindo esta linha de pensamento, qual é a função do Plano Nacional de Educação para a manutenção dessa Gestão Democrática? https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3896 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3915 83 AGORA É COM VOCÊ 1. O PNE foi aprovadopela Câmara de Deputados no dia 14 de junho de 2000 e es- tava estruturado em torno de três eixos: a) a educação como direito individual; b) a educação como fator de desenvolvimento econômico e social; c) a educação como meio de combate à pobreza. Os objetivos gerais da educação estabelecidos no PNE são: a elevação global do nível de educação da população; a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; a redução das desigualdades sociais e regionais, no tocante ao acesso e à permanência na educação pública, e a democratização da gestão do ensino público (AGUIAR, 2010, p. 710). Com base no Plano Nacional de Educação expresso no trecho anterior, avalie as seguin- tes asserções: I - O Plano Nacional de Educação está previsto na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. II - O Plano Nacional de Educação é flexível, tendo em vista que cada Estado tem a sua particularidade, não precisando seguir as metas. III - O Plano Nacional de Educação fixa 20 metas para a educação brasileira, a serem atingidas durante o período de 2014 a 2024. IV - Trata-se de um plano anual de consulta obrigatória para a construção dos planos dos demais níveis do sistema educacional. Está correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e III, apenas. c) II e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 2. Durante as décadas de 1970 e 1980, as políticas públicas em educação estiveram voltadas para a questão da universalização do ensino fundamental, ou seja, todas as crianças com idade entre sete a quatorze anos, na época, deveriam estar na escola. Tal intento não foi atingido tão facilmente. Na década de 1990, os esforços se voltaram para a universalização da educação básica, ou seja, ampliar a meta aos jovens em idade para cursar o ensino médio. Hoje, apesar da carência de vagas na educação infantil, o cenário educacional brasileiro se desenha a partir de políticas públicas voltadas para a qualidade em educação (TOLEDO, 2016, p. 26). 84 A G O R A É C O M V O C Ê Com base na concepção do Princípio da Garantia de padrão de qualidade, qual(is) tipo(s) de avaliação tem(têm) essa função? Avalie as asserções: I - Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb. II - Vestibular. III - Processo de Avaliação Seriada. IV - Prova Brasil. Está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) I e IV, apenas. e) II e III, apenas. 3. A Constituição Federal é o documento oficial maior do nosso Estado Brasileiro que pontua direitos e deveres, mas não especifica sua dinâmica, por isso é necessária uma Lei Complementar, como previsto na Carta de 88, para operacionalizar a oferta e orientar a aplicação de todas as variáveis que envolvem este serviço. É possível considerar que a Lei 9.394/96 foi uma grande conquista, mas sofreu muitas mudan- ças e atualmente encontramos o documento original desfigurado pela necessidade que houve ao longo do tempo, pela discussão atropelada e falta de consenso den- tro do Poder Legislativo. Talvez, se tivesse sido melhor discutida e sem as vaidades de nossos políticos a referida Lei seria mais completa, objetiva, buscando atender plenamente as necessidades da nossa educação. Hoje, o desafio maior é organizar políticas de governo que consigam dar cumprimento a tudo o que está disposto na LDBEN 9.394/96, fato que ainda não ocorreu plenamente (MONTEIRO; GONZÁLEZ; GARCIA, 2011, p. 92). MONTEIRO, R. A. C.; GONZÁLEZ, M. L.; GARCIA, A. B. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: o porquê e seu contexto histórico. Revista Eletrônica de Edu- cação, São Carlos, v. 5, n. 2, p. 82-95, nov. 2011. Disponível em: http://www.reveduc. ufscar.br/index.php/reveduc/article/download/225/142. Acesso em: 6 nov. 2020. Com base na concepção da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, avalie as seguintes asserções. 85 A G O R A É C O M V O C Ê I - A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. II - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica de acordo com as suas peculiaridades. III - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação bá- sica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. IV - A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, II, III e III. 4. De acordo com a Constituição Federal de 1988, no Art. 214: “A lei estabelecerá o pla- no nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas [...]” (BRASIL, 1988, on-line). Com base na Constituição Federal de 1988, avalie as seguintes asserções. I - A educação, direito de todos e dever do Estado, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. II - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de educação básica obrigatória e gratuita dos três aos dezoito anos de idade, assegurada inclusi- ve sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. 86 A G O R A É C O M V O C Ê III - Serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. IV - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. Está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) II e III, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, II, III e III. 5. A Constituição, em sentido formal, é o documento escrito e solene que positiva as normas jurídicas superiores da comunidade do Estado, elaboradas por um processo constituinte específico. São constitucionais, assim, as normas que aparecem no di- ploma constitucional, que resultam das fontes do direito constitucional, independen- temente do seu conteúdo. Em suma, participam do conceito da Constituição formal todas as normas que forem tidas pelo poder constituinte originário ou de reforma como normas constitucionais, situadas no ápice da hierarquia das normas jurídicas. Como se nota, a noção de Constituição formal adere a uma concepção igualmente importante — a de fonte do direito constitucional. Da mesma forma, a distinção en- tre Constituição material e Constituição formal enseja uma classificação de normas constitucionais. São dois temas que merecem ser examinados (MENDES, 2019, p. 57). Dentre os artigos descritos na Constituição Federal, qual é o mais importante para Gestão Democrática? a) Art. 206. b) Art. 207. c) Art. 208. d) Art. 209. e) Art. 210. 87 CONFIRA SUAS RESPOSTAS 1. B é a correta, tendo em vista que o Plano Nacional de Educação está previsto na Cons- tituição Federal de 1988, Art. 212-A, inciso X. O Plano Nacional de Educação fixa 20 metas para a educação brasileira, a serem atingidas durante o período de 2014 a 2024. 2. D, está correta, já que é o Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb, com a Prova Brasil, que faz essas avaliações. 3. E estácorreta, tendo em vista que a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Os sistemas de ensino definirão as normas da Gestão Democrática do ensino público na Educação Básica, de acordo com as suas peculiaridades. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de Educação Básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e ad- ministrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. A Educação Básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. 4. D está correta, já que serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. 5. A está correta, tendo em vista que o Art. 206 diz: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei. Já que é por meio deste artigo que se fez necessário a aplicação da Gestão Democrática nas escolas públicas” (BRASIL, 1988, on-line). M EU E SP A Ç O 3Gestão Democrática na Escola Me. Welington Junior Jorge Na Unidade 3, você terá a oportunidade de aprofundar a proble- matização sobre Gestão Escolar Democrática, além de relacionar os conceitos sobre Regimentos Escolar e a sua importância na organização escolar. Também discutiremos sobre o Projeto Po- lítico Pedagógico, destacando a sua função e os fundamentos para construção. Ainda, você terá a possibilidade de conhecer as Instâncias Colegiadas e suas especificidades na construção de uma escola democrática e participativa. Por fim, demonstrar a importância da Gestão de Pessoas no contexto escolar. UNIDADE 3 90 Dificilmente, vamos encontrar uma escola perfeita que, em algum momento, não tenha passado por qualquer dificuldade, seja ela social, política, econômica e cultural. Falar em Gestão Escolar Democrática é permitir à comunidade escolar condições de construir uma escola que cumpra a sua função social. Nos dias de hoje, não é possível pensar uma sociedade sem a participação da escola, são diversas atividades e, até mes- mo, profissões que necessitam da figura do professor, seja ela formal ou não formal. Agora, imagine toda essa construção sendo feita dentro de um ambiente sem a participação dos maiores interessados? Desta forma, a Gestão Democrática na escola tem a proposta de garantir de forma coletiva a participação mais efetiva da comunidade, capaz de tornar a escola um local mais coeso, consolidando sua pluralidade, ao combater preconceitos e contribuir com a diminuição das desi- gualdades. Desta forma, o interesse em melhorar a organização escolar deve ser da própria escola? Alunos/as? Docentes? Pais ou responsáveis? Será possível uma escola que cumpra a sua função social sem envolvimento de toda a comunidade? São vários os desafios que escola assume; além das questões administrati- vas e pedagógicas, existem interesses individuais ou até mesmo comuns que precisam ser levados em consideração. O Gestor precisa assumir o papel de mediador no que tange esses conflitos de interesse, mas para que isto ocorra, são necessários um conjunto de pessoas que tenham o interesse em manter a escola organizada e que cumpra o seu papel. 91 UNICESUMAR Embora o desafio seja grande, é fundamental que o gestor esteja aberto ao diá- logo e que envolva toda a comunidade escolar em prol do bem comum. Você deve entender que o processo educacional é fundamentado e conduzido segundo uma determinada concepção de educação e de sociedade e, também, que ele não ocorre de forma neutra e descontextualizada. Deste modo, é preciso compreender que pensar um processo administrativo e pedagógico é ir além de questões burocráticas, mas sim em um projeto de vida, que tenha condições de mudar a vida de toda a sociedade. O modelo democrático de gestão escolar assegura o direito universal à educação, tor- nando a escola uma instituição mais forte em virtude de sua pluralidade, combatendo preconceitos e contribuindo para a diminuição das desigualdades como um todo. Vivemos em uma democracia na sociedade brasileira, e dentro da escola públi- ca não é diferente. Para que se tenha esse reflexo dentro dos ambientes escolares, é fundamental a participação das Instâncias Colegiadas, promovendo discussões que cercam os interesses da escola. Partindo desse entendimento, desenvolva uma lista das Instâncias Colegiadas que estão presentes na escola democrática e aponte a sua importância para a escola. Algumas questões são fundamentais para que se tenha uma Gestão Democrática na Escola, dentre elas Projeto Político Pedagógico, Regimento Escolar e as Instâncias Colegiadas. Pensando no alinhamento desses itens, é possível dizer que a simples implementação resulta em uma Gestão Democrática? DIÁRIO DE BORDO UNIDADE 3 92 GESTÃO DEMOCRÁTICA - Princípios da Gestão Escolar - como já vimos nas unidades anteriores, as questões legais estão regidas pela Constituição Fede- ral e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Assim, a Gestão escolar é a ação de gerir a dinâmica cultural da escola, alinhado às diretrizes e políticas educacionais públicas que implementam o projeto político pedagógico (PPP). Tem também o compromisso de manter os princípios democráticos, criando métodos capazes de organizar e criar uma escola autônoma, com as características de participação, compartilhamento e autocontrole. “ Em caráter abrangente, a gestão escolar engloba, de forma associa-da, o trabalho da direção escolar, da supervisão ou coordenação pedagógica, da orientação educacional e da secretaria da escola, considerados participantes da equipe gestora da escola. Segundo o princípio da gestão democrática, a realização do processo de gestão inclui também a participação ativa de todos os professores e da co- munidade escolar como um todo, de modo a contribuírem para a efetivação da gestão democrática que garante qualidade para todos os alunos (LÜCK, 2009, p. 23). A gestão escolar tem como objetivo organizar, mobilizar e articular todas as ações necessárias para assegurar o progresso dos processos socioculturais das escolas, de forma que promovam uma aprendizagem eficiente, possibilitando ao aluno sua integração completa dentro da sociedade. 93 UNICESUMAR A partir desta proposta, a escola e os problemas educacionais passam a ser observados, e ações estratégicas podem ser tomadas para que haja a resolução de tais questões. A gestão escolar tem seu foco voltado para a atuação, não apenas para a discussão dos problemas. Seu principal objetivo é a aprendizagem dos alunos, e o gestor deve ser capaz de colocar em ação as melhores estratégias para que esse objetivo seja alcançado de forma eficaz. A Gestão Participativa na Escola Autor: Heloísa Lück Editora: Vozes Ano: 2011 Sinopse: A série Cadernos de Gestão foi desenvolvida para o gestor educacional refletir so- bre o seu trabalho. O livro destaca a importância do trabalho coletivo para o gestor. Neste volume, a autora fala dos processos de melhoria da gestão escolar e a importância da ges- tão participativa nesse panorama e na formação humana social a que a escola se propõe. EU INDICO Questões legais da Gestão Democrática - sobre a representação da gestão de- mocrática na legislação, a encontramos na Constituição Federal (1988) e na Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), vale destacar que já estudamos em outra unidade esse tema, mas para ressaltar, destaco, o art. 206 da ConstituiçãoCidadã que diz, “O ensino será ministrado nos seguintes princípios:”, dando sequência no inciso VI, “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”. UNIDADE 3 94 Na LDBEN, no art. 3º “O ensino será ministrado nos seguintes princípios:” e no § VIII, “gestão democrática, do ensino público, na forma desta lei e da legisla- ção dos sistemas de ensino”. No art. 14 da mesma lei, diz, “Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:”, no inciso I, “participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola” e por fim o inciso II, “participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes” (BRASIL, 1988). “ A realização da gestão democrática é um princípio definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Art. 3º. Inciso VIII), e na Constituição Federal (Art. 206, inciso VI). O mesmo se assenta no pressuposto de que a educação é um processo social colaborativo que demanda a participação de todos da comunidade interna da escola, assim dos pais e da sociedade em geral. Dessa participação conjunta e organizada é que resulta a qualidade do ensino para todos, princípio da democratização da educação. Portanto, a gestão democrática é propos- ta como condição de: I) aproximação entre escola, pais e comunidade na promoção de educação de qualidade; II) de estabelecimento de ambiente escolar aberto e participativo, em que os alunos possam experimentar os princípios da cidadania, seguin- do o exemplo dos adultos. Sobretudo, a gestão democrática se assenta na promoção de educação de qualidade para todos os alunos, de modo que cada um deles tenha a oportunidade de acesso, sucesso e progresso educacional com qualidade, numa escola dinâmica que oferta ensino contextualizado em seu tempo e segundo a realidade atual, com pers- pectiva de futuro (LÜCK, 2009, p. 70). O interesse em melhorar a qualidade educacional deve ser da comunidade escolar como um todo, isso inclui a equipe da escola, os estudantes, suas famílias e o Estado. É importante que haja uma sintonia entre seus participantes para que a construção de uma escola democrática seja eficaz. Embora a Gestão Democrática seja algo que deveria estar presente, muitas escolas, por várias razões, limitam a participação de toda comunidade, não abrindo espaço para o diálogo e compartilhamento de ideias. 95 UNICESUMAR Para a Gestão Democrática na Escola - é necessário o estabelecimento de objetivos, metas e procedimentos que possibilitem a participação da coletividade nas decisões. O diretor que adota esse tipo de gestão toma suas decisões de forma coletiva, atuando na coordenação e avaliação sistemática das ações. “ A gestão democrática na escola pública é concebida como um ins-trumento metodológico que a escola vem realizando com toda a equipe gestora e comunidade escolar de forma participativa e ob- jetiva com a finalidade de construir um processo democrático di- nâmico e contínuo de esforço e coletividade visando à autonomia de todos os integrantes da Instituição escolar. Percebe-se que por intermédio da participação ocorre uma participação na aplicabi- lidade dos recursos financeiros, a execução e avaliação das ações pedagógicas, contribuindo para melhoria do ensino aprendizagem dos discentes. A Escola autônoma não é uma escola sem regras ou sem controle do Estado, ela é uma escola autônoma que se deseja caminhar para se tornar cidadã e necessita compreender que a sua autonomia de limita a estabelecer normas e regras pelas quais será gerida, de forma democrática com a participação de todos os atores envolvidos em suas ações educacionais, porém, essas regras e ações estarão sujeitas a uma lei maior: a Constituição Federal e a LDB vigente, além das normas do Conselho Nacional (CNE) e do Conselho Estadual de Educação – CEE de seu Estado (BARBA et al., 2009, p. 129). Seguindo essa linha, a escola precisa ter condições de desenvolver as suas ati- vidades e ações respeitando as necessidades locais ao qual ela está inserida, isso é, dar autonomia para a escola e, consequentemente, compartilhando es- sas responsabilidades não apenas para o gestor da escola, mas também toda a comunidade ao qual ela está presente. Esse modo de gerir é resultante de um processo pedagógico da coletividade que engloba a legislação vigente e a criação de meios que propiciem maior participação coletiva, como os grêmios estudantis e o conselho escolar. UNIDADE 3 96 “ Esse novo modelo de gestão não só abre espaço para iniciativa e participação, como cobra isso da equipe escolar, alunos e pais. Ele delega poderes (autonomia administrativa e orçamentária) para a Diretoria da Escola resolver o desafio da qualidade da educação no âmbito de sua instituição. A dimensão sociopolítica da escola torna-se mais exigente e complexa e exige parceria e corresponsa- bilidade na sua gestão. A responsabilidade sócio-política da escola não dispensa seus agentes sociais inseridos na comunidade escolar, nem o governo, nem a sociedade de lutar pela universalização da educação de qualidade e excelência (LÜCK, 2009, p. 70). Em grupos onde a prática dos direitos humanos é fundamental, a democracia se constitui. Estes reconhecem o direito e o dever de se assumir a responsabilidade pela melhoria dos bens e dos serviços. A partir dessa ideia, é impossível dissociar os direitos e os deveres, sendo essa junção a verdadeira democracia, em que a cidadania é praticada em prol da construção de um bem comum. “ No contexto das sociedades e organizações democráticas, dado o seu caráter dinâmico e participativo, direito e dever são conceitos que se desdobram e se transformam de forma contínua e recíproca pela própria prática democrática, que é participativa, aberta, flexível e criativa. Portanto, não são conceitos que representam condições isoladas e dissociadas. Não se trata, portanto de um sentido norma- tivo e imperativo de direitos e deveres e sim de um sentido intera- tivo pelo qual se transformam continuamente e são superados por estágios sucessivos de complexidade que vão tornando mais amplas, complexas e significativas as funções sociais do grupo, ao mesmo tempo em que seus membros vão desenvolvendo a consciência do processo como um todo e de seus múltiplos desdobramentos. A construção da consciência e responsabilidade social sobre o papel de todos na promoção da aprendizagem e formação dos alunos (in- clusive deles próprios com esse fim), constitui-se, pois em condição imprescindível para a construção de escola democrática e realização de gestão democrática. Essa condição se constrói mediante uma perspectiva proativa, empreendedora, competente e orientada por elevado espírito educacional, critérios que qualificam a participação no contexto da escola (LÜCK, 2009, p. 71). 97 UNICESUMAR Pode-se concluir, a partir do trecho apresentado, que a participação é uma responsa- bilidade social. Assumir o compromisso necessário na tomada de decisões que abran- gem a coletividade é um direito e um dever de todos dentro do processo democrático. Sempre que falamos em Gestão Escolar Democrática, logo pensamos em participação coletiva e toda comunidade presente na escola. Será mesmo que isso acontece na realidade? O que precisamos pensar é que ter amparo legal não significa a sua implan- tação, por isso, a luta da comunidade é fundamental. PENSANDO JUNTOS Com uma maior participação, maior é a possibilidade dos membros da escola se aproximarem, fazendo com que as desigualdades sejam reduzidas. Sendo assim, a participação tem o objetivo de alcançar uma gestão em que haja unidade social. A responsabilidade social sempre deve ser voltada para o desenvolvimento do estudante, seu aprimoramento, tanto para o exercício da cidadania, quanto para a aprendizagem significativa. Sendo assim, a gestão democrática no âmbito escolar é responsável pela formaçãodo aluno em sua vivência social e democrática e para a sua conscientização quanto aos seus direitos e deveres. Para que haja participação, é necessário organização. É importante que os membros da comunidade escolar estejam preparados para efetivar as ações pro- postas. A orientação por meio de objetivos pessoais ou mal organizados, não pode ser aplicada. A participação engloba a capacidade de decidir e se compro- meter com as decisões tomadas. Não existe ambiente perfei- to ou regra definitiva sobre o que é ideal para a participa- ção, mesmo que a escola te- nha bons métodos para pos- sibilitar as discussões entre a comunidade escolar. Por isso, a figura do diretor é importante, pois é ele quem lida e organiza as reuniões, e deve sempre man- tê-las e melhorá-las. UNIDADE 3 98 A Comunidade Escolar na Gestão Democrática A relação entre escola, comunidade e os pais é um importante quesito para a boa qualidade e o bom funcionamento da instituição escolar. Essa relação pode ser cons- truída de modo lento e informal, mas deve ser realizada de forma organizada. Com a sistematização e organização desse processo, os resultados são mais positivos. A gestão democrática vai muito além da participação dos membros da co- munidade escolar nas instâncias colegiadas, ela precisa estar aberta ao diálogo constantemente com a comunidade, proporcionando que os envolvidos direta- mente tenham condições de expor suas necessidades. A escola consegue, assim, tornar-se uma unidade social efetiva, sendo possível apenas com a junção da participação da comunidade. Parcerias entre as escolas e a comunidade podem ser formadas, inclusive com a participação de empresas. As empresas podem agir de forma a trazer tutores e palestrantes, fazer doações financeiras, proporcionar capacitações, entre outros. As parcerias que duram e trazem resultados são aquelas recíprocas, em que ambos os lados saem com algum benefício e possuem objetivos e metas bem definidos. É importante que a instituição escolar apresente seus objetivos educacio- nais, defina suas necessidades, planeje e estruture a forma com que o parceiro deve intervir, sempre acompanhando os resultados alcançados. Quando a par- ceria entre escola e comunidade é boa, as atividades exercidas serão enrique- cedoras na educação dos estudantes. A escola pode realizar variadas ações para a promoção da participação da comunidade escolar, como a realização de festas, arrecadação de fundos, abertura aos sábados para atividades, entre outros. Para isso, comitês podem ser criados, formados por membros da escola, da comunidade e dos pais. 99 UNICESUMAR A escolha do diretor na gestão democrática Para exercer o cargo de diretor/a escolar, existem algumas formas, entre elas desta- cam-se: “1) diretor livremente indicado pelos poderes públicos (Estados e Muni- cípios); 2) diretor de carreira; 3) diretor aprovado em concurso público; 4) diretor indicado por listas tríplices ou sêxtuplas ou processos mistos; e 5) eleição direta para diretor” (BRASIL, 2004, p. 35). Dentro da gestão democrática, o processo mais utilizado é o de eleição direta: “ As eleições diretas para diretores, historicamente, têm sido uma das modalidades tidas como das mais democráticas formas, apesar de se constituírem também uma grande polêmica. A defesa dessa modali- dade vincula-se à crença de que o processo implica uma retomada ou conquista da decisão sobre os destinos da escola pela própria escola. O processo de eleição apresenta-se de formas variadas, indo desde a delimitação do colégio eleitoral – que pode ser restrito a apenas uma parcela da comunidade escolar, ou à sua totalidade, compreendida como o universo de pais, estudantes, professores, técnicos e funcioná- rios – até a definição operacional para o andamento e a transparência do processo – data, local, horário, valorização operacional dos votos de participação dos vários segmentos envolvidos (BRASIL, 2004, p. 39). A eleição é um importante mecanismo dentro da gestão democrática, apresenta-se como um canal na democratização da escola e das relações sociais. A eleição em si não garante a democratização da gestão, mas é um meio primordial para o exercício democrático. É possível a demissão de um diretor? Esse cargo é vitalício? A função de diretor tem um tempo determinado, ou seja, não é definitivo. Caso venha ocorrer alguma ir- regularidade ou até mesmo uma transgressão da sua função, o gestor pode responder de forma administrativa, civil e até penal, isso vai depender do ato que foi cometido. Competências do diretor na Gestão Democrática - a gestão escolar realizada pelo diretor tem como características a liderança e o compartilhamento da liderança. É necessário que o diretor compartilhe esse poder não só com a comunidade interna da escola, mas também com a externa. Tendo como objetivo o melhor funcionamento possível do âmbito escolar em frente aos seus desafios. UNIDADE 3 100 São competências do diretor na gestão democrática: “ Lidera e garante a atuação democrática efetiva e participativa do Conselho Escolar ou órgão colegiado semelhante, do Conselho de Classe, do Grêmio Estudantil e de outros colegiados escolares. Equilibra e integra as interfaces e diferentes áreas de ação da escola e a interação entre as pessoas, em torno de um ideário educacional comum, visão, missão e valores da escola. Lidera a atuação integrada e cooperativa de todos os participantes da escola, na promoção de um ambiente educativo e de aprendiza- gem, orientado por elevadas expectativas, estabelecidas coletiva- mente e amplamente compartilhadas. Demonstra interesse genuíno pela atuação dos professores, dos funcionários e dos alunos da escola, orientando o seu trabalho em equipe, incentivando o compartilhamento de experiências e agre- gando resultados coletivos. Estimula participantes de todos os segmentos da escola a envol- verem-se na realização dos projetos escolares, melhoria da escola e promoção da aprendizagem e formação dos alunos, como uma causa comum a todos, de modo a integrarem-se no conjunto do trabalho realizado. Estimula e orienta a participação dos membros mais apáticos e dis- tantes, levando-os a apresentar suas contribuições e interesses para o desenvolvimento conjunto e do seu próprio desenvolvimento. Mantém-se a par das questões da comunidade escolar e interpreta construtivamente seus processos sociais, orientando o seu melhor encaminhamento. Promove práticas de co-liderança, compartilhando responsabilida- des e espaços de ação entre os participantes da comunidade esco- lar, como condição para a promoção da gestão compartilhada e da construção da identidade da escola. Promove a articulação e integração entre escola e comunidade pró- xima, com o apoio e participação dos colegiados escolares, mediante a realização de atividades de caráter pedagógico, científico, social, cultural e esportivo (LUCK, 2009, p. 69). 101 UNICESUMAR O diretor deve incentivar a criação desses comitês, pois estes trazem bons resul- tados na transformação da escola em um local de participação, estreitando os laços entre comunidade e escola, propiciando uma melhoria na qualidade do processo de ensino-aprendizagem. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) O PPP apresenta a base teórica metodológi- ca, os objetivos, e a forma de organização e implementação da avaliação da instituição de ensino. O PPP da escola é um guia dos compromissos assumidos pela comunidade escolar, sendo responsabilidade da escola sua construção, execução e avaliação (NOGUEI- RA, 2009). É também um projeto político, pois se articula às responsabilidades sociopolíticas e com as demandas da comunidade escolar. Há um compromisso do PPP com a formação do indivíduo para uma determinada sociedade, em que este se torne participativo, responsável, crítico e criativo. A escola tem autonomia para a elaboração e execução da sua proposta pedagó- gica, segundo o Art. 12 da Lei 9394/96. Com o Projeto Político Pedagógico, a escoladeve realizar uma autocrítica, reorganizar o trabalho de modo a diminuir sua frag- mentação e controle burocrático. O PPP é um plano escolar global, elaborado por meio de um planejamento participativo e como uma ação da gestão democrática. De acordo com Padilha (2002), a construção do Projeto Político Pedagógico é um princípio de democracia, sendo de extrema importância que as decisões toma- das em relação às ações a serem realizadas pela escola sejam apresentadas e debatidas pelos membros da co- munidade escolar. O PPP é a identidade da escola, ele não deve ficar engavetado. Deve ser disponibilizado para o público, de forma que tenha seu amplo acesso garantido. Veiga (2001, p. 11), ao tratar sobre a execu- ção de um Projeto Político Pedagógico de qualidade, afirma que ele se ratifica quando: https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3897 UNIDADE 3 102 “ a) Nasce da própria realidade, tendo como suporte a explicação das causas dos problemas e das situações nas quais tais problemas acontecem; b) É exequível e prevê as condições necessárias ao desenvolvimento e à avaliação; c) Implica a ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola; d) É construído continuamente, pois, como produto, é também pro- cesso, incorporando ambos numa interação possível. As promessas apresentadas no PPP são ações possíveis, englobando todos os agentes educacionais da instituição escolar. Para que a escola possa acompanhar as mudanças propostas, é necessário que haja a colaboração entre os membros da sociedade envolvidos, desde a nível local, quanto regional: as decisões precisam se desprender da esfera estatal. Fundamentos Teóricos do PPP - as bases da legislação que fundamentam o PPP são: a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9394/96. O PPP também deve estar alinhado com as legislações vi- gentes, como os estudos da Cultura Afro-brasileira e Africana, a Cultura indígena, entre outros. Escritores da Liberdade, (2007) - Para desenvolver um PPP é ne- cessário conhecer a comunidade escolar. A sugestão desse vídeo, é para compreendermos as desigualdades presentes em nossa sociedade. O filme apresenta a diversidade presente na escola, os jovens são criados no meio de tiroteios e agressividade, um meio social que não proporciona meios para uma educação de qualidade e a professora que oferece o que eles mais precisam: uma voz própria. A missão da professora é, além de fazer com que os alunos tenham uma visão diferente do ambiente escolar, lutar e combater as diferenças presentes entre os próprios alunos. Após uma con- versa aberta com os alunos e deixando eles contarem sua própria história, inicia-se a recuperação social dos alunos. O filme é baseado no aclamado best-seller O Diário dos Escritores da Liberdade. EU INDICO 103 UNICESUMAR O PPP deve propor um modo político e pedagógico de se trabalhar, formulando metas, prevendo ações, instituindo meios de ação, respeitando as bases da legis- lação que fundamentam a educação. “ A importância desses princípios está em garantir sua operaciona-lização nas estruturas escolares, pois uma coisa é estar no papel, na legislação, na proposta, no currículo, e outra é estar ocorrendo na di- nâmica interna da escola, no real, no concreto (VEIGA, 1991, p. 82). Na construção do Projeto Político Pedagógico, a proposta deve se comprometer com um modo de ver a sociedade, e como a educação pode realizar seu papel de modo a transformá-la. Toda escola deve cumprir a sua função social e política na sociedade. Com a participação efetiva dos membros da comunidade escolar, é possível construir um projeto consistente e realizável. Orientações para elaboração do PPP ESTRUTURA DO PPP QUESTÕES PARA ANÁLISE DO PPP OBSERVAÇÕES 1. Marco Referencial Projeção de: •Finalidades •Princípios •Objetivos •Diretrizes Educacionais a) Os valores, princípios e concepções explicitados no PPP da Escola estão coerentes com a Política Educacional do Paraná e com as reais necessida- des da Escola? b) As concepções e princípios do PPP da Escola focam efetivamente a apren- dizagem dos alunos? c) No PPP da Escola estão claras as atividades de intervenção pedagógica que contemplem as necessidades de aprendizagem dos alunos? d) O PPP desta Escola, em sua identifi- cação, forneceu parâmetros e critérios para o seu diagnóstico? Quais? e) Você pode afirmar que as concep- ções e valores vivenciados na Escola estão de acordo com os princípios enunciados no PPP? UNIDADE 3 104 ESTRUTURA DO PPP QUESTÕES PARA ANÁLISE DO PPP OBSERVAÇÕES 2. Diagnóstico •A prática pedagógica - Currículo - Práticas pedagógicas da Escola - Formas de enturmação dos Alunos - Aprendizagem dos alunos -Formação continuada dos Professores - Formas de relaciona- mento com os pais e comunidade a) O diagnóstico explicitado no PPP retrata a realidade da Esco- la? (desempenho dos alunos, da Equipe Pedagógica, etc.). b) Percebe-se no PPP, a distância entre o real e o ideal desejado? c) No PPP estão claras as estratégias, os recursos e as oportunidades de transformação da escola? Ideal? d) As reais necessidades da Escola estão claramente definidas no PPP? 3. Programação Formas de Mediação: •Ação Concreta •Linha de Ação •Atividade permanente •Norma a) As ações propostas no PPP es- tão coerentes com a Escola que o PPP propõe que seja construída? b) As ações propostas no PPP têm como meta a satisfação das necessidades apontadas tanto no marco teórico quanto no diagnóstico? c) A prática pedagógica explicita- da no PPP poderá contribuir para diminuir a distância entre a Escola Real e a Escola Ideal? d) As ações planejadas e definidas no PPP levam em conta as possibili- dades de sua efetivação? e) As condições para implementação e concretização do PPP estão explici- tadas nele? f) As formas de acompanhamento e avaliação da implementação do PPP estão bem definidos? g) O Plano de Intervenção peda- gógica de sua Escola contempla as necessidades de aprendizagem dos alunos apontadas no PPP? Quadro 1 - Instrumento para revisão do Projeto político pedagógico. Fonte: Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (s.d., p. 2-5). 105 UNICESUMAR O Projeto Político Pedagógico deve ser construído de forma coletiva, analisando o contexto escolar antes da definição de suas ações. Entretanto, no dia a dia da escola, há uma dificuldade em conseguir que a comunidade participe e se envolva na ela- boração desse documento. Cada escola tem autonomia para assumir a sua construção do PPP, visto que cada instituição tem um contexto, um perfil diferente. No Paraná, a Secretaria de Estado e Educação (SEED) é que faz a orientação de como o PPP deve ser estruturado em cada escola. De acordo com o Conselho de Educação do Paraná, são os elementos constitu- tivos do PPP, apresentados na indicação 004/99: “ I - explicitação sobre a organização da entidade escolar;II - filosofia e os princípios didático-pedagógicos da instituição;III - conteúdos, competências e habilidades propostas e os respectivos encaminhamentos metodológicos; IV - atividades escolares, em geral, e as ações didático-pedagógicas a serem desenvolvidas durante o tempo escolar; V - matriz curricular específica e a indicação da área ou fase de estudos a que se destina; VI - processos de avaliação, classificação, promoção e dependência; VII - regime escolar; VIII - calendário escolar; IX - condições físicas e materiais; X - relação do corpo docente e técnico-administrativo; XI - plano de formação continuada para os professores; XII - plano de avaliação interna e sistemática do curso (PARANÁ, 1999, on-line). Segundo Padilha (2002), a elaboração do PPP deve compreender a seguinte meto- dologia: a) Estabelecimento de um marco referencial, que responda algumas perguntas, como: quais são as utopias que nos movem neste mundo? Como entendemos o mundo em que vivemos?Qual o retrato da escola que temos? Qual escola idealizamos? UNIDADE 3 106 b) Após definido o marco referencial, a equipe deve confrontá-lo com a reali- dade escolar. Isso deve ser feito a partir de avaliações do ano anterior, para que se possa definir o que será feito futuramente na escola. Segundo Padilha (2002) e Gadotti (2003, p. 4) são cinco as etapas básicas para a construção do PPP: “ 1. Discussão do marco referencial;2. Conhecimento da realidade da escola e do seu entorno;3. Definição dos objetivos a serem alcançados; 4. Indicação das ações que se pretende desenvolver para alcançar os objetivos; 5. Avaliação constante do trabalho desenvolvido. Ainda segundo a análise de Gadotti (2003, p. 4), alguns elementos devem constar no registro documental do PPP, sendo eles: “ a) Nome do Projeto;b) histórico da escola;c) justificativa do projeto; d) objetivos gerais e específicos; e) metas a serem alcançadas (curto, médio e longo prazos); f) desenvolvimento metodológico; g) recursos (materiais e humanos); h) cronograma de execução; i) avaliação. O PPP, a Escola e a Comunidade - em instituições onde há uma gestão demo- crática, os funcionários se envolvem em diversos processos, desde a resolução de problemas até a manutenção das ações e nas tomadas de decisões. Todos partici- pam da melhoria da escola: os professores, os alunos, os pais, os funcionários e a comunidade. O PPP é responsabilidade de todos, não apenas do diretor escolar. O Projeto Político Pedagógico prevê a autonomia e a participação, sen- do de grande importância que suas ações sejam sentidas no Colegiado Escolar, no planejamento educacional, entre outros, não ficando limitado apenas ao 107 UNICESUMAR documento que foi elaborado. Todos os segmentos ligados à instituição esco- lar devem se envolver na concretização das funções de gestão, utilizando uma autoridade compartilhada, em que há a delegação de poderes aos membros da comunidade, juntamente com suas responsabilidades. Não sendo uma responsabilidade única da equipe pedagógica, o PPP deve reunir todos os interessados em sua consolidação, inclusive a comunidade. Os pedagogos devem realizar a mobilização da comunidade escolar como ponto de partida. Isso pode ser feito por meio de reuniões, convites aos pais e mobilização dos estudantes. Após a mobilização da comunidade, ela pode ser organizada em grupos ou equipes para que sejam realizadas as discussões e elaborados os temas. Presen- te (2001, p. 23) sugere a organização dos grupos de trabalho da seguinte forma: “ Destacar os dados que serão relevantes para o trabalho;A quem e onde recorrer na busca de informações;A organização dos dados; As pessoas que poderiam contribuir no esclarecimento de even- tuais dúvidas ou no aprofundamento das questões relativas à fundamentação teórica; O cronograma das reuniões das equipes; O cronograma das reuniões gerais, para socialização das infor- mações levantadas e do andamento dos trabalhos de cada equipe; O modo de divulgação do trabalho, de forma a manter a comu- nidade permanentemente informada sobre o seu andamento e as conclusões obtidas; O prazo para a conclusão do trabalho; A pessoa que atuará como coordenador do trabalho; e, por fim, as pessoas responsáveis pela elaboração do documento. A escola representa uma força de transformação, que deve ser construída com a ajuda dos que participam dela. É de extrema importância que todos os ramos da comunidade escolar sejam participativos na escola, que se envolvam nas atividades realizadas, que ajudem a realizar o PPP juntamente com o diretor. UNIDADE 3 108 CONSTRUÇÃO DO REGIME ESCOLAR O Regimento Escolar é um do- cumento legal indispensável para o funcionamento da esco- la. Nele estão expressas as regras e normas que regulam as ações desempenhadas por cada mem- bro da comunidade escolar, de acordo com o Conselho Muni- cipal de Educação. O documen- to tem como objetivo a organi- zação curricular, administrativa e pedagógica da instituição educacional. “ As secretarias estaduais e municipais de educação disponibilizam em seus sites oficiais modelos básicos de regimento para que as escolas possam construir a sua versão com base em uma referência comum. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e outros marcos legais estaduais e municipais fazem parte do conteúdo de todo regimento escolar. Depois de construído coletivamente, o documento final passa por apro- vação do conselho escolar e por homologação em um órgão regional da secretaria de educação estadual ou municipal. É necessário verificar qual o local de registro do regimento aprovado pela comunidade, pois ele muda de uma rede de ensino para outra (FERREIRA, 2019, p. 1). O Regimento Escolar garante o fortalecimento da autonomia pedagógica da instituição de ensino. Ocorre a valorização da comunidade escolar e, por con- sequência, a melhoria na qualidade da educação. É necessário que o regimento seja socializado com toda a comunidade, para que todos conheçam e cumpram com as normas da escola. Regimento Escolar e o PPP - o Regimento escolar tem origem na Proposta Pedagógica, tendo o embasamento legal em seu conteúdo. Como se trata de um documento legal, a elaboração do texto deve estar de acordo com as normas e redações de atos normativos. 109 UNICESUMAR De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o regimento escolar deve elencar os temas que constam no infográfico a seguir: Temas do Regimento Interno UNIDADE 3 110 O regimento deve apresentar detalhes sobre o funcionamento da escola, suas regras, os direitos, os deveres, entre outros. É um manual de ordem prática, que, em sua constituição, deve incluir a participação de toda a comunidade escolar. O regimento apresenta a fundamentação legal de como se dá o funciona- mento da escola. Já o PPP é o definidor das estratégias que serão utilizadas para desenvolver o processo de ensino e aprendizagem. Assim, os dois documentos devem estar interligados. O PPP apresenta qual o tipo de avaliação que a escola deverá ter. No re- gimento, há um tópico sobre avaliação, definindo as ações e os critérios que levarão o aluno à aprovação e qual a média de notas que ele deverá ter. Isto é, os dois documentos se conectam. Ambos apresentam a organização didá- tico-pedagógica escolar, mas é o regimento que faz a regulação, no âmbito da escola, das concepções educacionais, dos princípios da Constituição e da legislação vigente. Aspectos sociológicos e filosóficos da educação A escola se apresenta com algumas funções principais. Ela se divide em: repas- sar aos alunos informações que a sociedade considera importante; estimular as ações necessárias para o amadurecimento do estudante em sua vivência coti- diana; e preparar o aluno para o exercício de uma profissão e de sua cidadania. 111 UNICESUMAR Com o passar dos anos, a escola precisou se modificar para acompanhar as mudanças da sociedade. Atualmente, os conhecimentos que precisam ser repassa- dos não são do domínio de todos, são muito extensos, sendo assim, transmitidos por meio de instituições organizadas das quais chamamos de escolas. ■ Fundamentos sociológicos A escola é um espaço de socialização, atende às condições sociais e está sujeita a transformações. À escola compete formar o indivíduo, inserindo as normas sociais por meio da reprodução de valores e hábitos. A educação dentro e fora da escola está interligada, pois ambas socializam o indivíduo e formam os membros da sociedade. “ A forma como se realiza o processo de formação humana na so-ciedade moderna, portanto, a educação no interior da instituição social chamada escola, diz respeito aos valores, ideologias e in- tenções dos diferentes grupos sociais que disputam seu lugar na hierarquia social. É necessário compreender que a escola não tem apenas o papel de formação dos sujeitos sociais, uma formação descomprometida com as formas organizativas da sociedade, mas um papel comprometidocom a dinâmica social dominante ou popular (MAZZONETO et al., 2017, p. 26). A escola pode ser considerada como a instituição pela qual é transmitida a he- rança social e os novos conhecimentos; porém, sua ação abrange um campo bem maior do que esses, já que ela promove o desenvolvimento da personalidade do indivíduo, para que ele tenha um bom desenvolvimento social. Desta forma, ela deve produzir cultura, prestar serviços, garantir o bem-estar físico e social da comunidade, já que ela tem expectativas sobre o trabalho produzido. Expectativas estas que devem ser identificadas pelo diretor e servir como ponto de partida para a elaboração dos objetivos a serem alcançados pelo pedagógico da escola. Sendo assim, a comunidade influencia na constituição do currículo escolar e deve garantir a sua participação através da gestão democrática. Hoje, a escola deve priorizar e valorizar o seu espaço como um local que garanta a igualdade de oportunidades, respeitando as diferenças e os conheci- mentos trazidos pelos alunos de seus cotidianos. UNIDADE 3 112 ■ Fundamentos filosóficos Sendo a escola um local de pro- cessamento da educação conce- bido em seu aspecto formal, há uma interação educativa entre quem leciona e quem aprende. Por meio da filosofia da educa- ção, há um direcionamento da ação educativa, já que é por meio de uma reflexão organizada, geral e aprofundada dos problemas que giram em torno da escola que os educadores norteiam suas ações. A filosofia, ao longo da história, foi construída em sintonia com o pensa- mento científico. Conforme os problemas iam surgindo, tornava-se mais forte a necessidade de uma filosofia para se orientar. Da mesma forma, podemos con- ceber a filosofia, que fornece os fundamentos para projeto pedagógico “ A Filosofia tem um papel importante em nossa época, pois estando presente nesta realidade, não segue o mesmo ritmo daquilo que lhe é imposto. Ela oferece possibilidades de outras vias, aumentando, assim, nossa capacidade crítica e não deixando o ser se perder entre os emaranhados de fenômenos que nos envolvem a cada instante. Na era de incertezas, imediatismo e velocidade de informações em que vivemos, as chances de a Filosofia sobreviver precisam ser bus- cadas e argumentadas, pois não é possível que uma ciência que deu tanto suporte em momentos cruciais da humanidade, agora pereça ou se torne sem sentido (MAZZONETO et al., 2017, p. 13). Partindo do entendimento filosóficos, falar em educação é a busca da satisfação, necessidades e as expectativas do indivíduo; sendo assim, ao construir uma pro- posta pedagógica para a sua escola, a equipe deve sempre considerar os funda- mentos filosóficos e sociológicos da educação. 113 UNICESUMAR Organização escolar - além de aspectos materiais e econômicos, a organização escolar é composta pelas determinações resultantes de uma estrutura racional-le- gal, onde se é estabelecida as bases do funcionamento da escola, como a atribuição das funções dos professores, dos alunos e dos agentes administrativos. “ Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de es-tudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, em que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. §1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tra- tar de transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais. § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta lei (BRASIL, 1996, on-line). A Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996) apresenta alguns modos de organização es- colar, devendo o diretor estar ciente sobre eles. Entre esses tipos, apresenta-se a organização em séries ou em ciclos. A organização em séries é a mais utilizada nas escolas públicas do Brasil. Segundo o Art. 31 da Lei de Diretrizes e Bases - Lei 9394/96: “ A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvol- vimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013). II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuí- da por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; (In- cluído pela Lei nº 12.796, de 2013). UNIDADE 3 114 IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013). V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) (BRASIL, 1996, on-line). Calendário Escolar O calendário escolar é a forma de divisão do tempo que engloba o ano letivo, estabelecendo os dias de aula, os recessos e outras datas, embasado nas necessi- dades educativas apresentadas no projeto pedagógico. “O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nessa Lei”, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB), de 1996 (BRASIL, 1996, on-line). Ele deverá ser organizado com carga horária anual mínima de oitocentas horas, di- vidido em, no mínimo, duzentos dias letivos de trabalho na escola. Contudo, de acordo com a LDB, é possível que seja ampliada a carga horária, conforme as necessidades da escola. Administração escolar O gestor é o principal responsável pela execução da política educacional da escola, ele deve organizar, dinamizar e coordenar as ações necessárias para atingir um processo de ensino eficiente. O desempenho dos agentes educa- cionais e a qualidade do ensino e aprendizagem estão conectados diretamente ao desempenho do gestor. As decisões envoltas na administração escolar devem ser embasadas, pen- sadas a partir da realidade escolar e social em que se vive. A função do diretor necessita promover relações lógicas para obter um desempenho eficaz de todos os envolvidos no processo educativo. 115 UNICESUMAR “ Como ação primordial em prol da qualidade na educação, os direto-res devem organizar a instituição de ensino, articulando os proces-sos realizados por todos que nela atuam. Devem, primeiramente, es- tar atentos à validade dos atos que legalizam a instituição de ensino em que são diretores. Isso porque, a expedição dos documentos dos alunos depende do regular funcionamento da instituição de ensino. Em segundo lugar, o diretor, juntamente com a equipe gestora e secretário escolar, deve orientar os profissionais que atuam na ins- tituição de ensino para que suas ações estejam em consonância com o disposto no PPP e Regimento Escolar. Uma dica para a equipe gestora é organizar reuniões periódicas com os segmentos escolares, a fim de informar sobre as ações que lhe cabem e que estão apresentadas no PPP e Regimento Escolar. Além disso, nessas reuniões a equipe gestora pode verificar se os procedimentos realizados estão de acordo com o disposto nesses documentos. E, se acaso forem identificadas divergências ou mu- danças nas ações e nos procedimentos elencados, deve-se atuali- zar estes documentos por meio de uma (re)construção coletiva. Em seguida, a equipe gestora deve submeter às atualizações para aprovação do Conselho Escolar, que posteriormente encaminhará o documento ao NRE (SEED, 2018, p. 15). UNIDADE 3 116 O diretordeve se preocupar com as questões necessárias para desenvolver as ati- vidades administrativas. Isto envolve os recursos financeiros, materiais e humanos encontrados na escola, tudo efetivado com planejamento e organização. O diretor, com a intenção de obter um bom desempenho de sua função, assume determinados papéis, sendo estes de natureza administrativa e pedagógica: a) Atividades de natureza administrativa ■ Organizar e articular todas as áreas da escola. ■ Controlar o financeiro e o material da escola. ■ Articular a parceria entre a escola e comunidade. ■ Articular o bom relacionamento entre os recursos humanos. ■ Articular as relações com os superiores no sistema de ensino. ■ Delegar e supervisionar as funções dos componentes da comunidade escolar. b) Atividades de natureza pedagógica ■ Formular objetivos sociopolíticos e educacionais para a instituição. ■ Atualizar o currículo. ■ Dinamizar e assistir os funcionários da escola. ■ Promover um sistema de ação integrado e cooperativo. ■ Manter a comunicação aberta com os membros da comunidade escolar. ■ Acompanhar, avaliar e estimular a melhoria da qualidade educativa desen- volvida na instituição. AS INSTÂNCIAS COLEGIADAS Com a adoção da Gestão Democrática, a escola passou a estimular a criação das Instâncias Colegiadas, sendo estas instrumentos que facilitam a participação dos membros escolares no processo educativo, fazendo com que o diretor não exerça seu trabalho apenas de forma individual, mas sim coletivamente. São as Instâncias Colegiadas da escola: ■ Conselho Escolar. ■ Conselho de Classe. ■ Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF). ■ Grêmio Estudantil. 117 UNICESUMAR Todas as instâncias colegiadas citadas são locais onde os professores, alunos, funcionários, pais e a comunidade podem ser ouvidos e consultados, para a efe- tivação de uma escola mais democrática. Nesses locais são relatados tanto os problemas da escola, como sugestões de melhorias, para que o processo de ensino aprendizagem seja o mais eficiente possível. “ Art. 14: Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão de-mocrática do ensino público na Educação Básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político-Pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos es- colares e equivalentes (BRASIL, 1996, on-line). Cada instância tem um objetivo específico, com uma finalidade diferente. Entretanto, todas levam ao mesmo ponto em comum: o aprimoramen- to do processo educacional. Para isto, a formação dos Conselhos e sua participação na escola estão previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN, nº 9394/96: O Conselho Escolar O Conselho Escolar - é um órgão colegiado formado por participan- tes da comunidade escolar que tem como função realizar as delibera- ções necessárias referentes ao admi- nistrativo, ao financeiro e ao político pedagógico da escola. De acordo com o Artigo 4º do Estatuto do Conselho Escolar do Paraná: https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3897 UNIDADE 3 118 “ O Conselho Escolar é um órgão colegiado, representativo da Co-munidade Escolar, de natureza deliberativa, consultiva, avaliativa e fiscalizadora, sobre a organização e realização do trabalho peda- gógico e administrativo da instituição escolar em conformidade com as políticas e diretrizes educacionais da SEED, observando a Constituição, a LDB, o ECA, o Projeto Político-Pedagógico e o Re- gimento da Escola/ Colégio, para o cumprimento da função social e específica da escola. § 1º - A função deliberativa, refere-se à tomada de decisões relativas às diretrizes e linhas gerais das ações pedagógicas, administrativas e financeiras quanto ao direcionamento das políticas públicas, de- senvolvidas no âmbito escolar. § 2º - A função consultiva refere-se à emissão de pareceres para dirimir dúvidas e tomar decisões quanto às questões pedagógicas, administrativas e financeiras, no âmbito de sua competência. § 3º - A função avaliativa refere-se ao acompanhamento sistemático das ações educativas desenvolvidas pela unidade escolar, objetivan- do a identificação de problemas e alternativas para melhoria de seu desempenho, garantindo o cumprimento das normas da escola bem como, a qualidade social da instituição escolar. § 4º - A função fiscalizadora refere-se ao acompanhamento e fiscaliza- ção da gestão pedagógica, administrativa e financeira da unidade esco- lar, garantindo a legitimidade de suas ações (PARANÁ, 2009, p. 9-10). A Criação de um Conselho Escolar - pode ser de iniciativa tanto do diretor da escola, como de qualquer indivíduo que faça parte da comunidade escolar. Qualquer um deles pode convocar a todos para a organização das eleições para o colegiado. Devem participar do Conselho Escolar, de acordo com o Artigo 18º do Estatuto do Conselho Escolar do Paraná: “ a. Diretor.b. Representante da equipe pedagógica.c. Representante do corpo docente (professores). d. Representante da equipe técnico-administrativa e assistentes de execução. e. Representante da equipe auxiliar operacional. 119 UNICESUMAR f. Representante dos pais de alunos ou responsáveis. g. Representante do Grêmio Estudantil ou alunos (apenas quando o Grêmio não estiver instituído). h. Representante da APMF. i. Representante dos movimentos sociais organizados da comuni- dade (Associação de Moradores, Sindicatos, Instituições Religiosas, Conselhos Comunitários, Conselho de Saúde, entre outros) (PA- RANÁ, 2009, p. 14). Conselho de Classe - é uma instância colegiada de avaliação permanente e se relaciona ao processo educativo, sendo sua ação de natureza consultiva e deliberativa. De acordo com Dalben (2006), os participantes do Conselho de Classe (professores, equipe pedagógica e diretiva) devem fazer a deliberação sobre os seguintes assuntos: “ a) objetivos de ensino a serem alcançados; b) uso de metodolo-gias e estratégias de ensino; c) critérios de seleção de conteúdos curriculares; d) projetos coletivos de ensino e atividades; e) for- mas, critérios e instrumentos de avaliação utilizados; f ) formas de acompanhamento dos alunos; j) propostas curriculares alter- nativas para alunos com dificuldades específicas; l) adaptações curriculares para alunos portadores de necessidades especiais; m) propostas de organização de estudos complementares (DAL- BEN, 2006, p. 33). O Conselho de Classe faz parte do processo avaliativo realizado pela escola. Nele, a avaliação do desempenho dos alunos é realizada e ocorrem as reflexões sobre as práticas pedagógicas utilizadas, tendo como finalidade a melhora do processo de ensino aprendizagem. As discussões feitas durante o conselho, jun- tamente com as informações levantadas, devem ser registradas. Ao pedagogo cabe coordenar a execução do conselho, mediando as discussões e encami- nhando as ações necessárias. Ele é um instrumento primordial da educação, pois possibilita o cumprimento da função social da escola, sendo responsabi- lidade da direção a realização de um conselho eficiente e responsável. UNIDADE 3 120 Associação de pais, mestres e funcionários (APMF) - a Associação de Pais, Mestres e Funcionários é uma instância colegiada democrática que visa a integração dos segmentos escolares, colaborando e auxiliando com o processo de ensino aprendizagem e promovendo a integração entre escola e família. Compõem a APMF, segundo o Capítulo VIII, da Regulamentação da Associação de Pais, Mestres e Funcionários, de 2003: “ Art. 9º O quadro social da APMF será constituído com número ilimitado das seguintes categorias de integrantes: efetivos, co-laboradores e honorários. § 1º Serão integrantes efetivos todos os Pais, ou responsáveis legais, Mestres e Funcionários da Uni- dade Escolar. § 2º Serão integrantes colaboradores, ex-alunos, pais de ex-alunos, ex-professores, ex funcionários e membros da comunidade que manifestaremo desejo de participar. § 3º Serão integrantes honorários, por indicação dos integrantes efetivos, com a aprovação da Assembleia Geral, todos aqueles que tenham prestado relevantes serviços à Educação e à APMF. § 4º São con- siderados Mestres para efeito deste Estatuto todos os professores e especialistas em exercício na Unidade Escolar. Art. 10º Cons- tituem direitos dos integrantes efetivos: I - votar e ser votado; II - apresentar novos integrantes para a ampliação do quadro social; III - apresentar sugestões e oferecer colaboração à APMF; IV - convocar Assembleia Geral Extraordinária, observando o disposto no parágrafo único do art. 18; V - solicitar, em Assem- bléia Geral, esclarecimentos acerca do controle dos recursos e encaminhamentos da APMF; VI - verificar, a qualquer momento que se fizer necessário, livros e documentos da APMF; VII - parti- cipar das atividades promovidas pela APMF, bem como solicitar utilização das dependências do estabelecimento nos termos do art. 4° do inciso II deste Estatuto (PARANÁ, 2003, on-line). A APMF é um órgão onde os pais, os professores e os funcionários da escola são representados. Não tem fins lucrativos, partidários ou religiosos. É uma instituição auxiliar que tem como objetivo ajudar e melhorar a educação com a integração entre escola, família e comunidade. 121 UNICESUMAR A participação dos membros da APMF promove autonomia à escola, pois au- xilia nas decisões no que cabe às atividades escolares, curriculares ou culturais, podendo auxiliar na elaboração do calendário escolar, na construção do Projeto Político Pedagógico, entre outros. Grêmio Estudantil - é uma instância colegiada que possibilita dar voz aos alunos, para que estes participem e tenham interesses que vão além da sala de aula. A criação de um Grêmio deve ser estimulada pela equipe diretiva de todas as escolas. A Lei Federal nº. 7.398, de 4 de novembro de 1985, apresenta a fundamenta- ção legal para a criação do Grêmio Estudantil: “ Art . 1º - Aos estudantes dos estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus fica assegurada a organização de Estudantes como entidades au-tônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas com finalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas e sociais. § 1º - A organização, o funcionamento e as atividades dos Grêmios serão estabelecidos nos seus estatutos, aprovados em Assembleia Geral do cor- po discente de cada estabelecimento de ensino convocada para este fim. § 2º - A aprovação dos estatutos, e a escolha dos dirigentes e dos re- presentantes do Grêmio Estudantil serão realizadas pelo voto direto e secreto de cada estudante observando-se no que couber, as normas da legislação eleitoral (BRASIL, 1985, on-line). A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, entendendo a importância da Associação de pais, mestres e funcionários (APMF) no interior de nossas escolas, valoriza e incentiva a participação de todos os paranaenses no processo de tomada de decisões coletiva e na implementação de políticas públicas educacionais, estaduais e federais. É de suma importância que pais, professores, funcionários e equipe direti- va, que compõem a diretoria da APMF, tenham consciência que toda e qualquer decisão tomada em reunião por esse colegiado deverá ser discutida e amplamente debatida, se- jam questões de ordem pedagógica ou administrativa, pois essas decisões terão um papel fundamental no processo de ensino aprendizagem dos nossos alunos (PARANÁ, 2003). Sobre as atribuições da APMF, segundo o Caderno de Apoio à elaboração ao estatuto da APMF da Secretaria de Estado e Educação (SEED), você pode conferir no link a seguir: EU INDICO https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3918 UNIDADE 3 122 O Grêmio Estudantil existe de forma independente em relação à direção es- colar, sendo um meio democrático, com Estatuto próprio e eleições com voto secreto e direto. Durante o processo eletivo, deve haver discussões, debates, apresentação das propostas da chapa, de forma a praticar o exercício político e favorecer o desenvolvimento da cidadania. O Grêmio deve desenvolver atividades culturais, como exposições e ex- cursões; atividades sociais, abordando temas como desigualdade e preconcei- to; atividades esportivas, como campeonatos e gincanas; atividades políticas, como palestras sobre direitos humanos e eleições; atividades comunicativas, como a criação de um jornal escolar, entre outros. O Grêmio Estudantil tem a possibilidade de promover eventos com o objetivo de arrecadar fundos para a escola. Ele também deve elaborar seu estatuto de funcionamento, para que suas ações sejam legitimadas. GESTÃO DE PESSOAS As pessoas que compõem a escola, com suas inúmeras características, são a base da qualidade educacional. Ao trabalhar em conjunto, dividir responsa- bilidades, compartilhar desafios, os membros da escola fazem total diferença nos bons resultados que a instituição pode vir a ter. A gestão de pessoas, com sua ação organizada de forma coletiva, é o fun- damento básico para a gestão escolar. Suas ações são orientadas pelo diretor da escola, por meio de uma liderança clara e organizada. São inúmeras as ne- cessidades e possibilidades que a gestão de pessoas pode abranger, já que todos os encaminhamentos realizados na escola são processos da gestão escolar. Trabalhar com pessoas, não é uma tarefa fácil, já imaginou, em um mesmo ambiente, várias pessoas com interesses totalmente diferentes, são pais, alunos, professores, ope- racional, equipe pedagógica, equipe diretiva, enfim, são muitas pessoas para equilibrar o ambiente escolar, e ter uma boa gestão de pessoas é fundamental. PENSANDO JUNTOS 123 UNICESUMAR São elementos fundamentais da gestão de pessoas: • Motivação e desenvolvimento de espírito comprometido com o trabalho educacional, pelos quais os participantes da comunidade escolar reconhecem em si os valores correspondentes aos valores educacionais e a perspectiva de, com seu empenho e competências, contribuírem para a realização de seus objetivos, e, ao mesmo tempo em que contribuem para a formação e aprendizagem dos seus alu- nos, alcançam e reconhecem os mesmos resultados em si próprios. • Formação de espírito e trabalho de equipe, ação constituída pelo acompanhamento cotidiano de organizar, orientar e articular as interações que ocorrem no interior da escola, que são naturalmente orientadas por múltiplos interesses de validade e intensidade dife- rentes, superando eventuais situações de altos e baixos, fazendo su- perar essa diversidade de modo a equacionar motivações em torno dos objetivos educacionais. • Cultivo de diálogo e comunicação abertos e contínuos, que se constituem em elementos educacionais fundamentais para que uma equipe se constitua e se mantenha como tal e orientada por obje- tivos comuns de promoção da aprendizagem e desenvolvimento. UNIDADE 3 124 • Inter-relacionamento pessoal orientado pelo espírito humano e educacional, segundo o qual, construir um bom relacionamento com os outros e ter tato para expor um ponto de vista ou fazer alguma crítica ao trabalho do outro se tornam diferenciais do trabalho educativo e se constituem tanto em um aspecto mo- tivacional entre os participantes da escola como elemento de formação dos alunos. • Capacitação em serviço orientada pela promoção de um am- biente centrado na aprendizagem continuada. O processo so- cioeducacional da escola e as experiências a ele relacionadas se constituem em elemento de aprendizagem e formação das pes- soas que atuam nesse ambiente. Essa aprendizagem não ocor- re espontaneamente e deve ser orientada segundo o sentido de desenvolvimento pretendido pela escola, em relação ao seu processo educacional. Essa orientação se dá em um processo de capacitação continuada e em serviço. • Desenvolvimento de uma cultura de avaliação e autoavaliação contínua de desempenho, que corresponde à prática realizada de modo a permitir reflexão orientadora da revisão de práticas e promoçãodo seu desenvolvimento contínuo (LÜCK, 2009, p. 83). A liderança tem um papel primordial no desenvolvimento de pessoas e de equipe. O diretor precisa liderar de forma aberta, orientando e mobilizando a todos os membros da escola para que o trabalho ocorra de forma eficiente. Cabe a ele, também, articular todos os esforços para que a importância da formação de uma cultura de aprendizagem seja formada, propiciando um ambiente escolar íntegro e ético. Motivação O ser humano precisa ter suas necessidades atendidas, ele precisa ser reco- nhecido e valorizado. O funcionário motivado trabalha melhor, apresenta um melhor desempenho em suas funções. O entusiasmo, a vitalidade e o comprometimento são qualidades necessárias nos membros escolares, para que a instituição se fortaleça em seu trabalho coletivo. 125 UNICESUMAR A motivação consiste no reconhecimento e na adesão de métodos que favoreçam uma pedagogia bem sucedida na escola, destacando o esforço de todos na construção de um ambiente favorável para o processo de ensino aprendizagem. O diretor escolar é o principal responsável pela criação de um ambiente mo- tivador, organizando uma aprendizagem dinâmica e competente. Cabe ao diretor estimular a motivação se sua equipe de trabalho, devendo, assim, promover: “ I) uma boa organização do trabalho;II) concentração na aprendizagem e melhoria contínua;III) prevenção contra as condições de dispersão e desconcentração em relação aos objetivos educacionais; IV) ambiente ordeiro e focado em objetivos; V) limpeza, segurança, tranquilidade; VI) relações interpessoais dinâmicas bi e multilaterais; VII) bom humor, entusiasmo, espírito de servir; VIII) participação e envolvimento, dentre outros aspectos (LÜCK, 2009, p. 85). Toda a comunidade escolar deve participar do desenvolvimento dessas ações, sendo a participação um fator motivacional dentro do ambiente educativo. A ação efetiva do diretor em manter os seus colaboradores motivados traz bons resultados para a construção de uma escola justa e democrática. Formando a equipe escolar A formação da equipe escolar é um processo contínuo, coletivo, onde devem ser levados em consideração todos os segmentos de atuação da escola. É pre- ciso que as pessoas estejam articuladas, realizando trabalhos em equipe, sendo orientados por objetivos afins. A formação da equipe é um processo complexo, necessita de conhecimen- tos, habilidades e ações voltadas para os mesmos objetivos, em que os mem- bros da equipe escolar trabalhem de forma colaborativa. Algumas condições são necessárias para que os profissionais que exercem suas funções na escola constituam uma equipe, segundo Lück (2009, p. 86), são os seguintes: UNIDADE 3 126 “ I) o cultivo do mesmo ideário educacional;II) o respeito pela legislação, normas e regulamentos educacionais;III) o entendimento dos objetivos educacionais a nortearem as ações específicas de cada setor ou área de atuação; IV) a adequação de interesses pessoais aos interesses sociais e educacionais; V) a existência de práticas de comunicação, diálogo e relaciona- mento interpessoal abertas, frequentes e sistemáticas; VI) formação de redes de interação; VII) transformação de progressos individuais em progressos coletivos; VIII) dinâmica de grupo equilibrada e diligente; IX) ação interativa com objetivos compartilhados, dentre outros aspectos; X) transformação de desenvolvimentos individuais em desenvol- vimento coletivo. O diretor da escola deve observar os desenvolvimentos pessoais e colocá-los a disposição da coletividade, já que o trabalho em equipe necessita de um esforço coletivo para alcançar determinado objetivo. A Liderança tem papel fundamental da formação de uma boa equipe de trabalho, devendo manter seus colaboradores sempre motivados. Avaliação de desempenho - é um processo sobre o qual se observa o desenvol- vimento da competência de cada funcionário da escola, seja da equipe adminis- trativa ou pedagógica. Ela é utilizada para que haja um acompanhamento desse desenvolvimento e, consequentemente, seu aperfeiçoamento. Não é possível separar a gestão de pessoas da avaliação de desempenho, já que a autonomia da gestão escolar prevê o aperfeiçoamento da escola, o que está ligado diretamente aos profissionais que nela atuam. 127 UNICESUMAR Sendo assim, uma estratégia da gestão objetiva a promoção de uma análise clara, concreta e direta sobre os desempenhos dos profissionais, de forma que identifiquem as questões que devem ser melhoradas. A avaliação permite ao pró- prio funcionário analisar o seu método de trabalho, sua organização, entre outros. Ela precisa ser: contínua, dinâmica, sistemática, e busca o desenvolvimento da escola em sua totalidade. É função do diretor liderar e orientar esse processo, de forma que se aproxime do trabalho dos seus funcionários. “ O sucesso ou não de um sistema de avaliação não deve ser deter-minado a partir de casos individuais, já que o próprio conceito de sucesso é variável. Assim, Bracken e outros (2001) sugerem que se defina como um processo bem sucedido aquele que cria mudanças claras e duráveis de comportamento e/ou desenvolvimento de habi- lidades em um número suficiente de pessoas, de modo a promover um incremento na efetividade da organização. Podemos então con- cluir que a avaliação é essencial para a saúde da instituição e para a qualidade de seu serviço e produto (REIFSCHNEIDER, 2008, p. 56). Por isso, é necessário seu planejamento e implementação voltados para que os profissionais sejam autocríticos quanto ao seu desempenho, para que melhorem seu desempenho individual e coletivo, para que se crie o diálogo dentro da ins- tituição, promovendo o surgimento de ideias. A avaliação de desempenho deve ser um processo de autoconhecimento do profissional individual e do profissional em equipe. O feedback é neces- sário, e este precisa ser claro e simples, para que o colaborador possa desen- volver sua identidade profissional. E ao fim de tudo, transformar suas ações, melhorar seu desempenho, a fim de construir um bom ambiente de trabalho e uma escola mais coesa. 128 AGORA É COM VOCÊ 1. O grêmio estudantil se torna um mecanismo de participação dos estudantes nas dis- cussões do cotidiano escolar e em seus processos decisórios, constituindo-se num laboratório de aprendizagem da função política da educação e do jogo democrático. Possibilita, ainda, que os estudantes aprendam a se organizarem politicamente e a lutar pelos seus direitos (DOURADO; OLIVEIRA; MORAES, 2013). Sobre Gestão Democrática Escolar, qual lei que fundamenta a obrigatoriedade do Grêmio Estudantil? Analise as alternativas e assinale a correta. a) Lei nº 7.398/85. b) Lei nº 7.396/85. c) Lei nº 7.397/85. d) Lei nº 7.398/83. e) Lei nº 7.398/88. 2. Seja na escola, seja na sociedade observada ampliadamente, a democracia tem se organizado apenas dessa maneira formal. A democracia tem se ampliado, atingido os países mais diversos e, em certo sentido, instituições da sociedade, como a es- cola. Contudo, via de regra, ela se efetiva como um conjunto de regras que estabe- lecem a lógica da representação, considerando que não é possível todos discutirem e decidirem tudo todo o tempo. Para Touraine, a democracia implica mais do que a constituição de procedimentos e instituições, com vistas a tomar decisões acerca daquilo que é de interesse coletivo (SOUZA, 2009). Com base na concepção de Gestão Democrática na referida LDBEN 9394/96, avalie as seguintes asserções. I - Para que a Gestão Democrática tenha a sua efetividade, o gestor pode optar na ausência do Grêmio Estudantil. II - Pensando em uma escola pública e de qualidade, prefeitos e governadores indi- cam diretores de escola, seguindo a legislação que cerca a Gestão Democrática. III - Gestão democrática do ensino público está prevista na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96. IV - A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 9.394/96tem como premissa definir as normas e regulamento da Gestão Democrática no ensino público. 129 A G O R A É C O M V O C Ê Está correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) II e III, apenas. c) III e IV apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 3. O lugar da escola se encontra em educar para a democracia no sentido da cons- trução de um ser humano reflexivo, crítico, criativo, participativo, comprometido socialmente e transformador da realidade, garantindo a aprendizagem de certas habilidades e conhecimentos necessários para a vida em sociedade, contribuindo no processo de inserção social das novas gerações (MIRANDA; LEITE; MARQUES, 2010). Sobre quais são as Instâncias Colegiadas, analise as alternativas e assinale a correta. a) Conselho Escolar, Conselho de Classe, APMF e Comunidade Escolar. b) Comunicado Escolar, Conselho de Classe, APMF e Grêmio Estudantil. c) Conselho Escolar, Comunidade Escolar, APMF e Grêmio Estudantil. d) Conselho Escolar, Conselho de Classe, Comunicado Escolar e Grêmio Estudantil. e) Conselho Escolar, Conselho de Classe, APMF e Grêmio Estudantil. 4. O Regimento Escolar, sendo um instrumento da organização administrativa e peda- gógica da escola, é sua lei maior. Ele define a natureza e a finalidade da escola, bem como as normas e os critérios que regulam seu funcionamento. Ele deve ser cons- truído em cada escola, com a participação de todos os que nela atuam. No entanto, sua elaboração não pode ferir a legislação hierarquicamente superior, isto é, deve estar sujeita às normas do sistema de ensino a que pertence (WOLF; CARVALHO, s.d). Sobre o Regimento Escolar, está correto o que se afirma em: a) São normas para regulamentar o calendário escolar, sendo este a base para a construção de atividades presentes na escola. b) São normas que estão em sintonia com a filosofia e a política educacional do país, observando os princípios constitucionais e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 130 A G O R A É C O M V O C Ê c) São normas para oficializar a participação do Grêmio Estudantil, já que ele está previsto no ordenamento jurídico e sendo obrigatório nas escolar. d) São normas internas para execução das atividades dos professores, conhecido também como Plano de Trabalho Docente. e) São normas organizadas pelo gestor/diretor para administrar a escola, sendo a base da Gestão Escolar Democrática. 5. Um projeto político-pedagógico não nega o instituído da escola que é a sua história, que é o conjunto dos seus currículos, dos seus métodos, o conjunto dos seus atores internos e externos e o seu modo de vida. Um projeto sempre confronta esse insti- tuído com o instituinte. Por exemplo, hoje a escola pública burocrática se confronta com as novas exigências da cidadania e busca de nova identidade de cada escola, pautas de uma sociedade cada vez mais pluralista (GADOTTI, 2000). Com base na concepção de Projeto Político-Pedagógico, avalie as seguintes asserções. I - É um documento feito pelo gestor da escola, apresentando as principais carac- terísticas da instituição de ensino. II - É um documento que se apoia no desenvolvimento e envolvimento de toda a comunidade escolar. III - É um documento que está em constante diálogo com as instâncias colegiadas. IV - É um documento que está em constante construção, ou seja, um processo in- concluso. Está correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) II e III apenas. c) III e IV apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 131 CONFIRA SUAS RESPOSTAS 1. A. Está correta, já que o Grêmio Estudantil foi instituído por meio da Lei 7.398/85 2. C. Está correta, tendo em vista que a Gestão Escolar está prevista na Constituição Fe- deral e Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Os sistemas de ensino que vão determinar as normas do estabelecimento, considerando toda a diversidade presente. 3. E. Está correta, tendo em vista que que as Instâncias Colegiadas são formadas pelo Conselho Escolar, Conselho de Classe, APMF e Grêmio Estudantil. 4. B. Está correta, o Regimento Escolar são as normas presentes nas instituições de ensino em sintonia com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 5. D. Está correta tendo em vista que o Projeto Político Pedagógico precisa estar ali- nhado com a realidade da comunidade escolar e aberto às mudanças, ou seja, em constante transformação. M EU E SP A Ç O 4Organização Pedagógica da Escola: Currículo, Planejamento e Avaliação Me. Welington Junior Jorge Na Unidade 4, você terá a oportunidade de aprofundar a proble- matização sobre o tema Organização Pedagógica da Escola, além de aprimorar os conceitos sobre Currículo, Planejamento e Ava- liação, e qual a importância desses conceitos dentro da Gestão Escolar Democrática. Também discutiremos o tema da avaliação interna e externa, diferenciando os conceitos e identificando a importância de cada uma delas no contexto educacional. Ainda, você terá a possibilidade de relacionar os principais aspectos que envolvem os elementos básicos do planejamento, as Competên- cias da BNCC e, por fim, o Plano de Trabalho Docente. UNIDADE 4 134 São muitos os desafios encontrados dentro de uma Gestão Escolar De- mocrática, isso se deve ao fato da sociedade estar em constante transforma- ção, exigindo políticas e práticas nas áreas da educação e gestão escolar, que possibilitem que a escola seja construída e direcionada para a formação de um modelo participativo, dinâmico e democrático. Como já sa- bemos, a Gestão Democrática é pautada na legislação brasilei- ra, expressa na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ou seja, não podemos descartar o empenho dos legisladores em construir uma educação que visa a participação de todos. Dentro desse processo de Gestão Democrática Escolar, encontramos o planejamento pedagógico e o planejamento financeiro, que cada vez mais necessitam da participação de toda a co- munidade escolar em sua construção. A autonomia da escola se consolida com a maior participação dos envolvidos, as- sim, os gestores precisam estar atentos em como gerir uma escola nas questões administrativas, mas sem se desvincular do pedagógico. Para todo trabalho dos profissionais que estão envolvidos com a escola, dentre eles, alunos, pais, professores, equipe pedagógica e diretiva, é essencial discutir sobre a Avaliação Escolar, já que é indispen- sável no processo educacional. Ela consiste em duas dimensões: a interna, avaliação realizada pelos pro- fessores, alunos, equipe diretiva e pedagógica; e a ex- terna, que avalia o desempenho escolar, realizada por um agente responsável de fora da escola, por exemplo, o Estado, como a aplicação da Prova Brasil. Com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o currículo passa a ser concebido por competências. Ele norteia o trabalho pedagógico da escolar, auxiliando o profissional da educação a ela- 135 UNICESUMAR borar o seu Plano de Trabalho Docente e suas avaliações. Desta forma, além dos conteúdos programáticos, a escola passa a envolver outros fatores, como a diversidade e tecnologia, possibilitando uma formação mais integral. Par- tindo desses pontos elencados, podemos dizer que a Organização Escolar é baseada apenas nas questões administrativas e pedagógicas? Quais os desafios enfrentados pelo gestor ao assumir a administração da escola? São muitas as possibilidades e visões que o gestor precisa ter; muitas ve- zes, o conhecimento pedagógico não é o suficiente para conseguir gerir toda uma escola, por isso, o trabalho em conjunto com as instâncias colegiadas é fundamental neste trajeto. O significado que o aluno dá aos conhecimentos que adquire no âmbito escolar se relaciona de forma direta ao modo de ensino e avaliação, pois este é levado a refletir sobre os conteúdos trabalhados, for- mando novas estruturas. Desta forma, a escola deve realizar seu planejamento pedagógico com a participação da comunidade escolar.O gestor deve mobilizar toda sua equipe para que consigam desenvolver um bom planejamento, considerando as possibilidades e os recursos disponí- veis para que seja possível a criação de um ambiente favorável, alcançando os desafios estabelecidos. Quando os profissionais envolvidos na Gestão Escolar passam a refletir e analisar o processo educacional de forma geral, a qualida- de do ensino e aprendizagem aumenta. É preciso derrubar as barreiras que atrasam o desenvolvimento educacional, promover um maior contato com a BNCC e entender a divisão do saber para atingir o sucesso no ensino. Esses pontos são fundamentais para a organização escolar, assim como o planeja- mento pedagógico, a avaliação, o orçamento escolar e o currículo. Não podemos nos esquecer da BNCC, que procura trazer uma igualdade no currícu- lo e o plano de trabalho docente. É sem- pre importante lembrar que, dentro da Gestão Democrática, todo esse pro- cesso deve envolver a participa- ção dos membros da comuni- dade escolar, pois, assim, podemos alcançar uma aprendizagem significativa. UNIDADE 4 136 A Base Nacional Comum Curricular - BNCC é um documento que visa a desfragmentação das políticas edu- cacionais, o que garante o direito de todos os estudantes do pleno desenvolvimento da cidadania. Para que a BNCC seja colocada em prática, algumas competências precisam ser destacadas. Aqui, http://basenacionalcomum.mec.gov. br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf você terá acesso a todas elas. Pensando nisso, quais competências gerais da educação básica estão presentes na BNCC e quais os reflexos na Gestão Escolar? Você vai, no decorrer desta unidade, compreender a importância do trabalho coletivo, e para que venha ser possível ter uma boa organização dentro dos esta- belecimentos de ensino, é necessário que toda equipe trabalhe em sintonia. Não devemos nos esquecer que trabalhar com pessoas não é uma tarefa fácil e que exige resiliência entre os pares. De fato, o gestor terá vários desafios, afinal, é ele que precisa manter o equilíbrio das questões administrativas e pedagógicas. Contudo, o responsável por essa função não conseguirá fazer esse trabalho sozinho, por isso, é necessário o trabalho em conjunto, com docentes, pais ou responsáveis, alunos e operacional, ou seja, toda a comunidade escolar. Quando se tem uma gestão escolar participativa e democrática, o gestor terá mais condições de colocar o planejamento produzido em prática, resultando na efetivação do processo de ensino e aprendiza- gem, ou seja, uma escola capaz de transformar a vida de crianças e jovens. DIÁRIO DE BORDO http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3919 137 UNICESUMAR Planejamento Pedagógico - como já vimos até aqui, a escola é um lugar bem complexo, e para que seja possível administrá-la, é necessário um bom planejamen- to, não exclusivamente no aspec- to financeiro, mas como um todo. Lembre-se que a escola não deve ser vista apenas com olhar téc- nico administrativo/financeiro, mas também na área pedagógica. Por isso, o planejamento pedagógico é funda- mental, para estabelecer tratativas de como funcionará o ano letivo e quais desa- fios e metas deverão ser superados. Além do planejamento anual realizado pelas Secretaria da Educação Municipal ou Estadual, as escolas precisam desenvolver seu planejamento, respeitando as particularidades locais. De acordo com o que vimos na Unidade 2, conforme expresso na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, no seu art. 24, inciso I, “ a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver” (BRASIL, 1996, on-line), e o planejamento escolar precisa estar dentro desta carga horária. O gestor, em conjunto com a comunidade escolar, precisa elaborar um calendário que esteja dentro dessa proposta. Você deve estar pensando, por que não se faz um calendário único para todas as escolas? Devemos lembrar que o Brasil é um país continental, ou seja, cada região tem as suas particularidades, por isso, faz-se necessário a construção individual, logo, o planejamento é algo neces- sário e de extrema importância. Como a nossa disciplina está voltada para Gestão Democrática, a participação da comunidade escolar é mais do que necessária. Entretanto, o que vamos trabalhar nesta unidade é o planejamento escolar crítico, ou seja, “um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social” (LIBÂNEO, 1994, p. 222). Desta forma, a execução precisa ser desenvolvida de forma que possibilite uma reflexão sobre a função social da escola e quais ações docentes poderão ser executadas no decorrer do ano, proporcionando aos dis- centes uma visão mais crítica sobre os fatos que acontecem na sociedade. UNIDADE 4 138 Para José Carlos Libâneo, “ O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organiza-ção e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação (LIBÂNEO, 2001, p. 221). As instituições escolares precisam apresentar o planejamento escolar, a fim de que possibilite, por meio de diagnósticos, tomar decisões sobre a dinâ- mica escolar, ou seja, quais ações serão propostas e que venha ser possível o cumprimento do seu papel. Sendo assim, essa atividade, embora desafiadora, alcance as metas e objetivos docentes propostos, as equipes pedagógica e di- retiva precisam se reunir e discutir quais as intenções da escola durante o ano letivo, para que, posteriormente, os docentes tenham condições de organizar o seu planejamento e colocá-lo em ação. “ O planejamento consiste na identificação, na análise e na estru-turação dos propósitos da instituição rumo ao que se pretende alcançar, levando em consideração suas políticas e recursos dis- poníveis. Contempla indagações no âmbito do que fazer, como, por que, quando, por quem e onde (COLOMBO, 2007, p. 17). O gestor precisa mobilizar toda equipe para que, juntos, consigam desenvol- ver um bom planejamento, considerando as possibilidades e, até mesmo, os recursos disponíveis, sendo possível criar um ambiente favorável, alcançando os desafios estabelecidos (GADOTTI, 2003). Esta ação não pode ser vista apenas como um trabalho burocrático, tendo em vista que a escola tem a sua importância na sociedade e que a sua função vai além de ministrar conteúdos curriculares, mas sim preparar as crianças e jovens para a vida em sociedade, ou seja, uma educação transformadora. 139 UNICESUMAR As instituições de ensino, ao desenvolverem o planejamento, asseguram proce- dimentos mais eficazes, proporcionando aos docentes uma articulação do con- teúdo teórico com a vivência prática do aluno, ou seja, as práticas pedagógicas precisam estar sincronizadas com a realidade social, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Diretriz Curricular e Base Nacional Comum Curricular. Esses são documentos base, assegurando um ensino de qualidade e que respeite a diversidade. Vale destacar que o Projeto Político-Pedagógico prevê esse pla- nejamento, tendo em vista o marco referencial, realidade da escola, objetivos e metas a serem alcançados e a avaliação institucional (GADOTTI, 2003). Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9.394/96, diz: “ Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:I - elaborar e executar sua propostapedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e finan- ceiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula es- tabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; Título: Gestão da Cultura e do Clima Organizacional da Escola Autor: 2017 Editora: Vozes Sinopse: este livro faz parte do quinto volume da série Cadernos de Gestão, que oferece uma discussão permitindo aos gestores escolares compreender a sua importância e ações dentro do am- biente escolar de forma articulada, acompanhando o que ocorre no interior da escola. Seguindo essa linha, a autora propõe, de for- ma conceitual, ações que permitem ver as interligações entre fenômenos da cultura e clima organizacional e como eles se manifestam no cotidiano escolar. Assim, como os gestores podem atuar de modo mais consistente, superando as dificuldades que acon- tecem diariamente na escola. EU INDICO UNIDADE 4 140 VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei; IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas. XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de pre- venção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas (BRASIL, 1996, on-line). Podemos perceber que a lei não traz uma normativa específica sobre Planejamento Escolar, porém, dentro das incumbências dos estabelecimentos de ensino, ela destaca o diálogo entre diversos setores que envolvem o meio educacional. Ao estabelecer um planejamento escolar de forma democrática e que envolva a comunidade, facilitará a execução das metas propostas no decorrer do ano letivo. Lembre-se, acadêmico, para termos uma Gestão Escolar eficiente, é ne- cessário o envolvimento de todos, não é possível a escola cumprir com a sua função social sem articular um trabalho colaborativo, afinal, devemos ter uma escola que seja capaz de transformar a sociedade e ela não se constrói sozinha. As Políticas Públicas e a Administração Educacional estão vinculadas. O Sistema de Ensino no Brasil é centralizado e tem como base a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96, mas as duas determi- nam a Gestão Democrática no sistema educacional, discussão essa que já realizamos nas unidades anteriores. O progresso do sistema educativo é o grande objetivo a ser atingido pela administração educacional. “ As políticas públicas evoluem, e com elas evoluem os paradigmas gerenciais. Buscam-se soluções para o gerenciamento e a qualidade educacional mediante a parceria com os que fazem a educação acon- tecer no cotidiano da escola. Todavia, a parceria iniciada e todas as discussões sobre os novos paradigmas gestores não podem escamo- tear a possibilidade da simples adoção pela escola dos novos padrões 141 UNICESUMAR gerenciais da organização. Esses padrões, com mais flexibilidade e outorgando um certo grau de participação aos trabalhadores (agora chamados de colaboradores), não lhes garante o controle efetivo do processo produtivo, nem dos seus resultados. Se os educadores não se empenharem, política e tecnicamente, em prol de uma participação efe- tiva, a reorganização das funções administrativas e da gestão da escola na rede pública continuará ocorrendo com sua ilusória participação nos processos decisórios (FREITAS, 2000, p. 49). A autonomia da escola é uma conquista contínua, sendo importante a preparação de toda comunidade que busca por uma melhor qualidade na educação. O exercício da autonomia e do planejamento participativo escolar necessitam de uma boa co- municação, de uma mudança comportamental entre a comunidade escolar local. É necessário que fiquem claras para o gestor as diversidades presentes em sua região, afinal, a instituição precisa estar de acordo com os interesses daqueles que estão a sua volta, cumprindo a sua função social. De acordo com Freitas (2000, p. 50), “Gestores educacionais no sistema e nas escolas precisam desenvolver habilidades em planejamento, identificação e resolução de problemas, de modo participativo, em gestão financeira, em lide- rança democrática, currículo e relações interpessoais”. As escolas devem fazer um planejamento tendo como base sua realidade, fazendo a integração entre questões de cunho administrativo e financeiro, com o currículo e as outras ques- tões político-pedagógicas. A função do gestor no momento do planejamento é fazer um equilíbrio de todos os setores, por isso a participação da comunidade é fundamental, até mesmo para ajudar o trabalho do diretor/a. A ação do gestor escolar deve ser organizada e direcionada, de forma adequada e específica aos objetivos. Ele/a não pode administrar pensando apenas nas suas convicções do que é necessário ou não, tendo em vista que o foco é coletivo. É preciso que seja feito um bom planejamento de organização e trabalho em todos os departamentos da escola. Quando não há um plano de ação bem organizado, o trabalho e as atitudes tendem a ser impensadas, improvisadas, causando prejuízos e erros à escola. Muitas vezes, a imagem do gestor é daquele que fica na direção apenas dando ordem; isso é um equívoco! Como podemos observar, a responsabi- lidade é muito grande e envolvem alunos, equipe pedagógica e diretiva, docentes, pais ou responsáveis, ou seja, todos esses setores precisam estar alinhados, para que venha ser possível manter a organização escolar. UNIDADE 4 142 É importante um planejamento, a fim de que as ações sejam claras e obje- tivas. É função do diretor da escola a promoção das condições necessárias e das ações pertinentes à instituição, de modo que se possa promover: “ [...] o desenvolvimento de maior compreensão dos fundamentos e dos desdobramentos das ações educacionais;a construção de um quadro abrangente e com maior clareza sobre o conjunto dos elementos envolvidos em relação à situação sobre a qual se vai agir e sua relação com interfaces; uma maior consistência e coerência entre as ações educacionais; uma preparação prévia para a realização das ações; um melhor aproveitamento do tempo e dos recursos disponíveis; uma concentração de esforço na direção dos resultados desejados; uma superação da tendência à ação reativa, improvisada, rotineira e orientada pelo ensaio e erro; um controle e redução das hesitações, ações aleatórias e de ensaio e erro; a formação de acordos e integração de ações; a definição de responsabilidades pelas ações e seus resultados; o estabelecimento de unidade e continuidade entre operações e ações, superando-se a fragmentação e mera justaposição destas (LÜCK, 2009, p. 34). Planejar consiste em examinar e analisar dados, de forma criteriosa, observando suas limitações e desafios, de forma a superar as dificuldades encontradas. Esse processo é uma reflexão diagnóstica, em que se analisa a realidade educacional e busca os meios necessários para a sua melhoria. Um planejamento eficaz necessita de uma reflexão rigorosa, crítica, livre de preconceitos e ideias tendenciosas. É uma tomada de decisão sobre a ação, sobre o que será feito e como será feito. O planejamento sempre almeja o alcance de determinado objetivo. O planejamento é um processo inseparável da atividade educacional. A edu- cação é complexa e precisa ser trabalhada de forma organizada, apontando, assim, a necessidade de se planejarcada ação que for tomada dentro da escola. É uma forma organizada de se enfrentar os desafios que surgem no cotidiano escolar. O planejamento não deve ser considerado apenas como uma formalidade burocrática, mas como um instrumento que dinamiza o trabalho. Devem ser considerados os desdobramentos das ações, os objetivos, o que elas abrangem, e 143 UNICESUMAR também, articular a organização dos meios necessários para que sejam efetivadas. Tendo em vista que o planejamento é inseparável da atividade educa- cional, é preciso que ele seja competente e apropriado para a produção de projetos com ações eficientes. “ Observa-se haver em várias circunstâncias do contexto educacional a desconsideração em relação à importância do planejamento para a determinação da qualidade do ensino, pela organização do seu trabalho com esse foco. Essa desconsideração é demonstrada quan- do os planos são delineados com uma orientação formal, de que resulta, por exemplo, que o Projeto Político-Pedagógico da Escola e o seu Plano de Desenvolvimento fiquem guardados em gavetas ou armários, em vez de estarem na mesa do diretor, dos coordenado- res ou supervisores pedagógicos e dos professores; que até mesmo sejam desconhecidos por profissionais que trabalham na escola; que os planos de aula sejam cópias daqueles realizados em outras turmas e outros anos letivos, isto é, “planeja-se”, mas não se usa o plano resultante para orientar o cotidiano do trabalho escolar (ou, na pior das hipóteses, que esses planos nem existem, por falta de acompanhamento e reforço por parte do diretor escolar); que os planos sejam considerados como meros instrumentos burocráticos e não como mapas orientadores do trabalho (LÜCK, 2009, p. 33). O planejamento deve ter uma visão abrangente, que integra toda a escola e a comunidade. Deve superar a aleatoriedade e ser sistemático. Ele envolve a fase que antecede as ações, projetando as atitudes necessárias para a resolução dos problemas encontrados no processo de análise. O planejamento é um processo contínuo, ou seja, ele não fica restrito ape- nas a fase que antecede as ações, mas sim deve estar presente durante todos os momentos de execução do projeto: “planeja-se antes, durante e depois das ações, pois não é possível prever antecipadamente todas as condições de execução de planos, notadamente, das dinâmicas sociais, como é o caso da educação” (LÜCK, 2009, p. 33). Assim, o planejamento deve ser utilizado no decorrer da imple- mentação das ações, pois pode haver imprevistos ou novas situações naturais do processo educativo, que necessitam de um preparo prévio, para que novas decisões sejam tomadas, inclusive, para reorientar ações que estavam previstas. UNIDADE 4 144 A avaliação escolar é um meio utilizado pelos profissionais da educação que objetiva averiguar o aprendi- zado dos estudantes, analisar a eficácia dos métodos aplicados e refletir sobre o proces- so de ensino aprendiza- gem. Envolve os alunos, os professores e a pró- pria escola. O proces- so avaliativo não deve apenas valorizar res- postas corretas, mas também utilizar das atividades diárias dos alunos como meio de verificar o processo de ensino, assim, o professor deve incorporar possíveis mudanças em sua metodologia para que os alunos tenham uma melhor aprendizagem. “Educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente” (GADOTTI, 1984, p. 40). A Lei de Diretrizes e Bases Educação Nacional (LDB) apresenta uma ruptura da avaliação tradicional que possui um caráter quantitativo, classi- ficatório, baseado em notas. A LDB também permitiu a inclusão de um pro- cesso avaliativo de caráter nacional, a nível institucional e acadêmico, com o objetivo da melhora da qualidade de ensino. É imprescindível que todos os profissionais da educação conheçam os detalhes do processo avaliativo, já que um docente que não sabe avaliar, não consegue rever sua própria prática, não conseguindo alcançar as necessidades dos estudantes. Segundo Bloom et al. (1983), a avaliação do processo de ensino-apren- dizagem apresenta três tipos de funções: diagnóstica (analítica), formativa (controladora) e somativa (classificatória). A seguir, apresentarei como cada uma delas funciona. Lembre-se que a avaliação não é algo estático, sua apli- cação envolve vários fatores e condições cognitivas dos discentes. 145 UNICESUMAR Título: Como Estrelas na Terra Ano: 2007 Sinopse: o jovem Ishaan tem muita dificuldade para se concentrar nos estudos e mal consegue escrever o alfabeto. Depois de diversas reclamações da escola, o pai, que acredita que Ishaan não faz as ta- refas por falta de compromisso, decide levá-lo a um internato, o que leva o menino a entrar em depressão; mas um professor substituto de artes, Nikumbh, logo percebe o problema de Ishaan, e entra em ação com seu plano para devolver a ele a vontade de aprender e, sobretudo, viver. EU INDICO A avaliação diagnóstica (analítica) - é realizada pelos professores no co- meço do ano letivo, permitindo que observem o quanto cada aluno conhece sobre o conteúdo que será trabalhado durante o ano. Tem como principal objetivo a verificação do que cada aluno já aprendeu, para que possa formu- lar as ações para uma aprendizagem significativa. Muitos docentes ficam em dúvida, para saber de onde partir para trabalhar um conteúdo, principalmente os professores que estão tendo contato com os alunos pela primeira vez. Desta forma, é necessário a aplicação da Avaliação Diagnóstica, para que o professor consiga desenvolver seu conteúdo e caso o resultado for insatisfatório, será necessário a retomada no assunto para dar sequência. “ Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso com-preendê-la e realizá-la comprometida com uma concepção peda-gógica. No caso, considerarmos que ela deva estar comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez que esta concepção está preocupada com a perspectiva de que o educando deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilida- des necessárias à sua realização como sujeito crítico dentro desta sociedade que se caracteriza pelo modo capitalista de produção. A avaliação diagnóstica não se propõe e nem existe uma forma solta isolada. É condição de sua existência e articulação com uma concepção pedagógica progressista (LUCKESI, 2003, p. 82). UNIDADE 4 146 A avaliação diagnóstica conduz a uma tomada de decisão, a um direcionamento para a elaboração das atividades no decorrer do ano. Deve servir como uma possibilidade de reflexão, possibilitando uma mudança de posicionamento do professor diante da prática docente. Essa avaliação é importante para definir quais ações serão execu- tadas pelos professores. Para exemplificar esta situação, podemos partir do seguinte contexto: imagine que a professora quer que um aluno faça um texto sobre as suas férias, mas ele não tem condições de formular uma frase. O exemplo em questão é bem simples, mas a proposta é deixar claro a importância da avaliação diagnóstica, mostrando que o professor precisa conhecer as necessidades dos alunos e as suas limitações e, a partir daí, se necessário, retomar/iniciar o conteúdo proposto. Embora o tema seja avaliação diagnóstica, você deve estar pensando, qual a função do gestor? Ele/a precisa saber se os professores estão fazendo essa retomada para dar sequência ao conteúdo. Lembre-se, acadêmico(a), a função do gestor não se resume às questões administrativas, mas também pedagógica; embora a escola tenha uma equipe pedagógica que tem como atribuição acompanhar as atividades dos docentes em sala de aula, o gestor precisa saber as ações dos professores. A avaliação formativa (controladora) - ocorre no decorrer do ano letivo. Tem como função averiguar se os estudantes estão atingindo as metas propostas previa- mente. Essa avaliação se faz necessária, não apenas para avaliar o aluno,mas também o próprio docente, afinal, os alunos podem não estar conseguindo acompanhar o professor e é neste momento que se faz necessário uma avaliação na metodologia. “ Formativa tem como função informar o aluno e o professor sobre os resultados que estão sendo alcançados durante o desenvolvimento das atividades; melhorar o ensino e a aprendizagem; localizar, apontar, discriminar deficiências, insuficiências, no desenvolvimento do en- sino-aprendizagem para eliminá-las; proporcionar feedback de ação (leitura, explicações, exercícios) (SANT’ANNA, 2001, p. 34). A partir da avaliação formativa, o estudante fica sabendo no que está “errando” e “acertando”, de forma que seja estimulado a continuar seus estudos com dedicação e organização. Esse tipo de avaliação precisa ser controlada, já que o docente é res- ponsável por orientar os estudos dos discentes e buscar a melhor metodologia. Vale destacar que um bom diálogo com os alunos se faz necessário neste momento, afinal, não cabe ao docente responsabilizar o aluno por não aprender, por isso, conversar 147 UNICESUMAR com os alunos é a melhor forma de alcançarem o objetivo comum que é a efetivação do ensino e aprendizagem. A avaliação somativa (classificatória) - é realizada ao fim de um curso ou módulo de ensino. Tem como objetivo classificar os alunos, possibilitando a comparação dos resultados atingidos e a atribuição de notas, tem caráter objetivo e quantitativo. Essa avaliação é comum para determinar se o discente está aprovado ou reprovado; também, utiliza-se para comparação com outros alunos, caso haja um sistema de “ranking”. “ Medir significa determinar a quantidade, a extensão ou o grau de al-guma coisa, tendo por base um sistema de unidades convencionais. Na nossa vida diária estamos constantemente usando unidades de medi- das, unidades de tempo. O resultado de uma medida é expresso em nú- meros. Daí a sua objetividade e exatidão. A medida se refere sempre ao aspecto quantitativo do fenômeno a ser descrito (HAYDT, 2000, p. 9). Sendo a aprendizagem escolar uma ação qualitativa, os instrumentos de avaliação quantitativos não podem ser considerados eficientes para constatar se a aprendi- zagem dos estudantes foi significativa. É importante considerar meios qualitativos de avaliação durante o ano letivo, para que a aprendizagem dos alunos não seja reduzida apenas a notas. Os três tipos de funções de avaliação devem ser vinculados para que seja garan- tido um bom processo de ensino e aprendizagem. Lembrando que as decisões sobre como serão implantados deverá envolver os docentes, a direção e os alunos, para que o objetivo da aprendizagem seja atingido da forma mais eficaz. Como já visto na Unidade 3, o Conselho Escolar é fundamental para definir os critérios que foram utilizados para avaliação, por isso, é fundamental a participação de todos. Avaliação institucional - de acordo o Dias Sobrinho (1995), a avaliação institucional é dividida em dois campos que apontam as diferenças sobre o ensino na universidade e a educação em si. Um dos enfoques da avaliação institucional está ligado à execução de uma política neoliberal, baseada nas expectativas de órgãos internacionais, como o Banco Mundial, buscando maior produtividade e eficiência. Ainda segundo o autor, o outro enfoque seria a autoavaliação, como resultado das imposições apresentadas pelo Programa de Avaliação das Univer- sidades Brasileiras - PAIUB. UNIDADE 4 148 A autoavaliação é realizada pelos próprios participantes da escola e leva em consideração os resultados das avaliações de sistema, como a Prova Brasil, reali- zada pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB). “ A grande escassez de referências bibliográficas sobre monitora-mento e avaliação em relação à educação brasileira é um indica-dor da desconsideração dessa fundamental dimensão da gestão educacional. O que existe diz respeito a sistemas educacionais, sobretudo em relação ao SAEB, nada havendo de substancial sobre o processo nas escolas ou mesmo na gestão de sistemas. Fato curioso é que a expressão da língua inglesa accountability que implica na prática de monitoramento e avaliação, não tem correspondente em português. Ela representa responsabilidade e prestação de contas, combinados. O termo é traduzido ou como responsabilidade ou como prestação de contas, desconectando ambos os significados, daí porque ser preferível adotar o ter- mo inglês accountability. Reconhece-se agora o grande prejuízo que essa desconsideração promoveu à educação brasileira, pois nenhuma atuação político-pedagógica é implementável sem os cuidados técnicos e que estes são apoiadores da realização des- sa dimensão. Por outro lado, entende-se que monitoramento e avaliação carregam consigo conotações conceituais e estas é que estabelecem o limite da sua realização, se burocrática ou educa- cional (LÜCK, 2009, p. 44). O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) foi criado em 1990 e é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educa- cionais (INEP), tendo participação das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação de todos os estados brasileiros. “ O SAEB foi a primeira iniciativa brasileira, em escala nacional, para se conhecer o desempenho do sistema educacional brasileiro. Ele começou a ser desenvolvido no final dos anos 80 e foi aplicado pela primeira vez em 1990. Em 1995, o SAEB passou por uma reestruturação metodológica de modo a possibilitar a comparação 149 UNICESUMAR dos desempenhos ao longo dos anos. Desde a sua primeira avalia- ção, fornece dados sobre a qualidade dos sistemas educacionais do Brasil como um todo, das regiões geográficas e das unidades federadas (estados e Distrito Federal). Baseado em amostragem, os gestores podem ter uma representação do nível de qualidade e identificar áreas de aprendizagem dos alunos (LÜCK, 2009, p. 66). A avaliação do SAEB é feita de dois em dois anos (aplicação em ano ímpar e divulgação dos resultados em ano par) e permite um levantamento estatístico sobre a situação da educação no Brasil. Ela avalia a Educação Básica e obje- tiva melhorar a qualidade do ensino e universalidade do acesso à educação, fornecendo dados para a formulação de políticas públicas voltadas para a Educação Básica. Esses dados são relevantes para o Governo, para que venha ser possível definir metas e, até mesmo, plano de ações para garantir uma qualidade no ensino, podendo, caso necessário, promover políticas públicas e investimentos que, de alguma forma, contribuam para a educação. A Portaria nº 366, de 29 de abril de 2019, estabelece as diretrizes de rea- lização do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) no ano de 2019: “ Art. 2º O SAEB é um sistema de avaliação externa em larga escala, composto por um conjunto de instrumentos, realizado periodi-camente pelo INEP desde os anos 1990, e que tem por objetivos, no âmbito da Educação Básica: I - Produzir indicadores educacionais para o Brasil, suas Regiões e Unidades da Federação e, quando possível, para os Municí- pios e as Instituições Escolares, tendo em vista a manutenção da comparabilidade dos dados, permitindo, assim, o incremento das séries históricas; II - Avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência da educação praticada no país em seus diversos níveis governamentais; III - Subsidiar a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas públicas em educação baseadas em evidências, com vistas ao desenvolvimento social e econômico do Brasil; IV - Desenvolver competência técnica e científica na área de ava- liação educacional, ativando o intercâmbio entre instituições de ensino e pesquisa (BRASIL, 2019a, on-line). UNIDADE 4 150 O SAEB busca coletar dados que promovam a compreensão dos fatores que podem influenciar o desempenho dos estudantes e também propor ações para que as dificuldades possam ser superadas. Os números do SAEB devem ser aproveitados para a melhoria do processo de aprendizagem, considerandoos fatores que possam tê-lo influenciado. Embora esse critério possibilite contro- vérsias, já que o investimento na educação não deve ser baseado apenas nos indicadores, é um meio que o Estado tem de identificar se existem lacunas ou não nos estabelecimentos de ensino. O SAEB é composto pelas seguintes avaliações em larga escala: Figura 1 - SAEB / Fonte: adaptada de SEDUC (2019). Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) - avaliação realizada pelos estudantes de escolas públicas e privadas do Brasil, urbanas e rurais, da 4ª série e 5º ano, da 8ª série e 9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio. “ Cada prova do Saeb é constituída por dois blocos de língua por-tuguesa e dois de matemática. Os estudantes do quinto ano res-pondem a 22 questões de língua portuguesa e 22 de matemática. Os do nono ano, a 26 de cada disciplina. Esse número de questões é aplicado também aos estudantes do terceiro ano do ensino mé- dio. As escolas participantes recebem boletim de desempenho com os resultados das séries avaliadas. Os resultados de cada unidade escolar são liberados para consulta pela internet, na pá- gina eletrônica do Inep. Como o alvo da avaliação é a unidade de 151 UNICESUMAR ensino, não são divulgados resultados ou emitidos certificados de desempenho individual dos estudantes. As escolas que parti- cipam da Aneb não recebem resultados por unidade de ensino, mas as notas contribuem para gerar os resultados agregados por dependência, município, estado e Brasil (BRASIL, 2019b, p. 1). Tem como objetivo principal realizar uma avaliação da qualidade, equidade e eficiência da educação no nosso país, apresentando os resultados obtidos de forma geral, das regiões geográficas e dos estados. É importante destacar que as avaliações institucionais são necessárias para que o Poder Público faça um pla- nejamento de ação caso as instituições de ensino estiverem com índices baixos. Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) ou Prova Bra- sil - realizada pelos estudantes da 4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas do município, do estado e da federação. “ Nos testes aplicados na quarta e oitava séries (quinto e nono anos) do ensino fundamental, os estudantes respondem a itens (ques-tões) de língua portuguesa, com foco em leitura, e matemática, com foco na resolução de problemas. No questionário socioe- conômico, os estudantes fornecem informações sobre fatores de contexto que podem estar associados ao desempenho. Professores e diretores das turmas e escolas avaliadas também respondem a questionários que coletam dados demográficos, perfil profissional e de condições de trabalho (BRASIL, [2020], on-line). Tem como objetivo a avaliação da qualidade do ensino ofertado pelo sis- tema de educação no Brasil a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos. A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) - a avaliação era rea- lizada pelos estudantes 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas: “ A ANA, um dos instrumentos do Sistema de Avaliação da Edu-cação Básica (Saeb), avalia os níveis de alfabetização e letramen-to em língua portuguesa, a alfabetização em matemática e as condições de oferta do ciclo de alfabetização das redes públicas. Passam pela avaliação todos os estudantes do terceiro ano do UNIDADE 4 152 ensino fundamental matriculados nas escolas públicas no ano da aplicação da avaliação. Em 2016, os testes da ANA foram aplicados para 2,5 milhões de estudantes, de 50 mil escolas e 100 mil turmas (BRASIL, 2017a, on-line). A Avaliação Nacional de Alfabetização foi incorporada ao SAEB por meio da Por- taria nº 482, de 7 de junho de 2013. A finalidade deste exame é identificar os níveis de alfabetização da Língua Portuguesa e Matemática. Após o ano de 2019, os estu- dantes do segundo ano que tenham feito a matrícula fazem a prova. No ano de 2019, por meio da Portaria nº 366, de 29 de abril de 2019, ficou estabelecido as diretrizes de realização do Sistema de Avaliação da Educação Bá- sica (SAEB). Assim, as siglas ANA, ANEB e ANRESC deixam de existir e todas as avaliações externas em larga escala passam a ser identificadas com o nome SAEB, porém, respeitando as particularidades de cada etapa e nível de ensino, área de conhecimento e os tipos de instrumentos envolvidos. A proposta da unificação é fortalecer o exame em todas as esferas, deixando com mais peso e uma responsa- bilidade maior para as instituições de ensino, professores, gestores, alunos e para o próprio Estado, permitindo avaliar a qualidade, eficiência e equidade da educação, praticadas nos diversos níveis governamentais. Infelizmente, as avaliações em larga escala podem colocar em descrédito o trabalho de vários profissionais da educação e até mesmo dos próprios alunos. Um baixo indicador pode representar que o trabalho não está sendo realizado com eficiência, porém, existem vários outros fatores que precisam ser levados em consideração. O senso comum, ao analisar os resultados, pode indicar que o esta- belecimento de ensino é fraco ou muito bom, porém, precisamos fazer uma análise crítica sobre essas questões, afinal, a responsabilidade da qualidade do ensino, não está atrelado apenas ao professor ou, até mesmo, o gestor, mas sim de todos os envolvidos, principalmente o Estado. Por isso, essas avaliações precisam ter o caráter de subsidiar meios de monito- ramento ou, até mesmo, possibilitar a criação de políticas públicas para aumentar resultados “negativos”, para que assim seja possível avaliar a qualidade do ensino e promover ações a partir dos resultados obtidos. A comunidade escolar não pode se sentir inferiorizada com os resultados obtidos, precisa fazer uma reflexão crítica sobre os índices e promover ações para reverter a situação. 153 UNICESUMAR IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - os resultados obtidos por meio da Prova Brasil/ANRESC e SAEB/ANEB embasam a constituição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O Ideb foi criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em uma escala de zero a dez. Apresenta, em síntese, dois conceitos sobre a qualidade educacional no Brasil, a aprovação e a média de desempenho dos alunos em português e matemática. O in- dicador é calculado mediante os dados obtidos sobre a aprovação no Censo Escolar e em médias de desempenho nas avaliações do INEP, do SAEB e da Prova Brasil. “ Baseado em exames padronizados e análises estatísticas, esse indicador, constitui-se, portanto, em um instrumento capaz de proporcionar in-formações significativas e consistentes que permitem aferir o estado e a situação de sistemas ou redes de ensino e de escolas e descrevê-los de forma objetiva e facilmente entendível, uma vez que abrange elementos observáveis e mensuráveis. Os indicadores de desempenho da escola servem para apontar sucessos, como também expor dificuldades, limi- tações e indicar situações que necessitam de mais cuidado e atenção, de modo a orientar a tomada de decisão e a determinação de ações de melhoria e a necessária correção de rumos. Também servem para re- forçar as ações bem sucedidas, apontando a sua adequação em relação aos resultados desejados (LÜCK, 2009, p. 58). É importante que estudos em relação à avaliação institucional sejam desenvolvi- dos, pois acarretam em uma reflexão da comunidade escolar sobre o que pode ser melhorado e aperfeiçoado dentro da escola. Com esse tipo de avaliação, é possível que dados importantes sejam repassados, a fim de efetivar o Projeto Político-Peda- gógico escolar, em que, a partir de princípios democráticos e participativos, possa haver uma construção da identidade da escola, de sua autonomia e objetivos. Acabamos de ver vários tipos de avaliação, seja ela interna ou externa. Você percebeu que não tem uma avaliação para os gestores, qual a sua ideia sobre isso? A mesma forma que alunos e professores são avaliados,seria necessário ter avaliação para os gestores? PENSANDO JUNTOS UNIDADE 4 154 Orçamento escolar - mudanças profundas na organização da edu- cação ocorreram nas últimas déca- das, novas exigências educacionais foram requeridas, ocasionadas pelas transformações sociais, econômicas, políticas e culturais que exigiam uma educação de qualidade como fator de desenvolvimento para o país. Na década de 90, a Gestão Democrática viabilizou a descentralização dos recursos financeiros, sendo concebida como um processo de autonomia e par- ticipação da comunidade escolar, além de possibilitar uma melhor aplicação e acompanhamento dos recursos aplicados na escola. A autonomia da gestão es- colar está prevista na legislação e promove maior alcance da gestão democrática. O financiamento educacional é um importante meio na promoção das po- líticas públicas da educação, ele é primordial para a melhoria da qualidade de ensino. As fontes orçamentárias previstas em lei são: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB); o Salário-Educação; e os programas nacionais de finan- ciamentos educacionais. “ A gestão financeira da escola, a partir dos esforços pela demo-cratização da educação e da gestão escolar e dos movimentos de descentralização da gestão e construção da autonomia da escola, ganhou uma expressão especial, favorecendo a escola a resolução de muitos de seus próprios problemas de consumo, manutenção e reparos, pelo repasse de recursos a ela feito. A partir desse enfoque, os sistemas de ensino têm destinado recursos para as escolas, em proporção ao número de alunos nela matriculados, a fim de que possam realizar despesas diversas (LÜCK, 2009, p. 113). Em 1995, o Ministério de Educação e Cultura (MEC), por meio do Fundo Nacio- nal de Desenvolvimento da Educação (FNDE), iniciou o Programa de Manuten- ção de Desenvolvimento do Ensino (PMDE), que repassa recursos da federação para as escolas públicas do Ensino Fundamental. 155 UNICESUMAR O recurso recebido pela escola, por meio do Fundo Nacional, deve ser dire- cionado à promoção de uma educação de qualidade, tendo como base o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola. O valor dos recursos financeiros recebidos por cada escola varia de acordo com a quantidade de alunos. A LDB também prevê as responsabilidades a nível estadual e municipal quanto à educação: “ Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: I – organizar, manter e de-senvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensi-no; II – definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III – elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; IV – autorizar, reconhecer, credenciar, su- pervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; VI – assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio. Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes aos Estados e aos Municípios. Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: I – organizar, manter e desen- volver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados; II – exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV – autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V – oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se inte- grar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica (BRASIL, 1996, on-line). UNIDADE 4 156 A Constituição Federal delimita a responsabilidade de cada setor da esfera públi- ca em relação à educação. O Ensino Fundamental e a Educação Infantil devem ter a maioria de seus recursos advindos dos municípios. A descentralização da edu- cação, essa divisão entre as responsabilidades da União, do Estado e do Município, é uma estratégia para que os objetivos educacionais sejam atingidos. Intenciona a transferência do espaço de decisão do nível central para as unidades executoras. Pelo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que é do Governo Federal, pelo qual a escola pública com mais de 50 alunos e com uma unidade executora (UEX), como, por exemplo, Conselho Escolar e Associação de Pais e Mestre, pode registrar-se para o repasse anual de recursos, cuja utilização deve ser feita de acordo com as decisões dos órgãos colegiados da escola. Esses recursos podem ser utilizados para as seguintes finalidades: “ • aquisição de material permanente;• manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade escolar;• aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola; • capacitação e aperfeiçoamento de profissionais da educação; • avaliação de aprendizagem; • implementação de projeto pedagógico e desenvolvimento de ati- vidades educacionais (LÜCK, 2009, p. 113). O valor que cada escola recebe tem como base a quantidade de estudantes ma- triculados no ensino fundamental ou em educação especial no ano anterior do recebimento dos recursos. As escolas públicas também recebem recursos da rede de ensino que pertencem, não apenas do governo federal, e os valores dependem de quais programas estão incluídos. A escola recolhe os recursos advindos dos órgãos administrativos na esfera federal, estadual e municipal. A legislação con- fere o direito à destinação dos recursos públicos para a educação: “ A União aplicará anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no míni-mo, da receita resultante de impostos, compreendida e proveniente de transferências na manutenção e desenvolvimento do ensino (CF Art. 212 e LDB Art. 69) (BRASIL, 1996, on-line). 157 UNICESUMAR As escolas recebem recursos de fontes públicas, mas também podem receber de meios privados, por meio de doações, como campanhas de arrecadação na comu- nidade escolar. Cabe à direção da escola a responsabilidade pela administração dos recursos financeiros que chegam à instituição. Essa gestão financeira deve ser realizada com o apoio do colegiado, podendo ser ele o Conselho Escolar, a Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF), entre outros, que não tenha fins lucrativos, de pessoa jurídica própria. Há uma série de questões que devem ser feitas para avaliar a administração das finanças da escola: “ Quais são as fontes e o montante de recursos de que a escola dispõe?Como é decidido o seu gasto? – por quem e tendo por base o quê?É feito um orçamento de gastos possíveis da escola no seu Plano de Desenvolvimento? Esse orçamento é definido com base numa perspectiva reativa ou proativa, isto é, depende do que é dado pelo governo, ou também leva em consideração a possibilidade e o esforço de levantar novos recursos, a partir de iniciativas da escola e da unidade executora? A decisão da distribuição de recursos leva em conta a definição de prioridades educacionais, isto é, sua contribuição para a melhoria da qualidade do ensino? Os gastos são corretamente calculados e de acordo com as prio- ridades? As compras realizadaspela escola são feitas de modo a atender às disposições legais orientadoras de compras pelo serviço público? Os registros e documentações financeiras da escola são mantidos organizados e atualizados? Que situações podem assegurar o uso mais satisfatório dos recur- sos? (LÜCK, 2009, p. 114). A administração dos recursos financeiros da escola deve seguir todas as orien- tações e cuidados exigidos pela legislação do serviço público, sempre de acordo com as leis vigentes. É obrigação do diretor ter conhecimento das legislações escolares, a federal, a estadual e as normas da rede de ensino a qual está inserido, seguindo todos os princípios da administração pública. UNIDADE 4 158 Entre 1998 e 2006, o Ensino Fundamental foi a única etapa da Educação Básica que teve seu financiamento assegurado por lei, por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), regulamentado pela lei nº 9.424/96, com o objetivo de garantir a universalização do ensino. No ano de 2007, o FUNDEF foi substituído pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação): “ O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb é um fundo espe-cial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo por estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), formado, na quase totalidade, por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal. Além desses recursos, ainda compõe o Fundeb, a título de complementação, uma parcela de recursos federais, sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica (BRASIL, 2007, on-line). O FUNDEB foi inserido de forma gradativa, até que atingisse todos os alunos da Educação Básica pública. Um recurso importante para o financiamento da educação no Brasil é o Salário-Educação, sendo uma contribuição social cujas ações são voltadas para educação básica pública, sendo prevista no § 5º do art. 212 da Constituição Federal de 1988. “ O Salário-Educação subsidia os grandes programas federais no âmbito da educação – Merenda Escolar, Livro Didático, Biblio-tecas nas Escolas, Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Ações Complementares do FNDE. Para Estados e Municípios mais abastados esse recurso pode não significar muito, mas é de grande importância para as unidades da federação que precisam do apoio financeiro da União (ALMEIDA; KELLER-FRANCO, 2016, p. 21). 159 UNICESUMAR No ano de 2020, por meio da Emenda Constitucional nº 108, o FUNDEB so- freu alteração em seu art. 212-A, a União vai aumentar os recursos até atingir o percentual de 23%, formando um novo fundo até o ano 2026. Passará de 10% para 12% até o fim de 2021, em seguida para 15% em 2022; 17% em 2023; 19% em 2024; 21% em 2025, prevendo chegar a 23% em 2026. É possível averiguar, na legislação do Brasil, a necessidade de uma auto- nomia das escolas, em que os profissionais da educação sejam valorizados e que a comunidade escolar participe de seu desenvolvimento, o que estimula essa autonomia. “ A descentralização do poder, o trabalho coletivo e o modelo de gestão democrática, beneficiam as instituições escolares em vários fatores que são essenciais para o bom funcionamento da escola. As escolas em que funcionam os colegiados escolares deliberativos, onde todos os segmentos os representam, con- seguem por sua vez gerenciar melhor as ações educacionais e os gastos, atuando com maior autonomia no uso dos recursos financeiros recebidos por parte das escolas (ALMEIDA; KEL- LER-FRANCO, 2016, p. 23). A descentralização do poder é um processo político, e a gestão democrática a trata dessa mesma forma. Referindo-se a meios ligados à educação política, em que é possível pensar e repensar o cotidiano escolar, promovendo uma participação democrática, o bom gerenciamento dos recursos e a melhoria da qualidade de ensino. Currículo Escolar – BNCC - o termo “Currículo” vem do latim Curri- culum, que remete à ideia de um tempo que corre, e esse tempo inserido na escola conecta a educação e a sociedade. A escola tende a valorizar o conheci- mento quando este significa o mesmo que currículo e ensino-aprendizagem, originando uma organização do conhecimento. A organização do currículo na efetivação da educação nem sempre foi fácil, pois divergências teóricas apresentam diversas concepções sobre ele. Com a adoção da lógica capita- lista, o currículo passa a ser muito criticado, visto que preza por um caráter independente. UNIDADE 4 160 “ Atendendo às aspirações capitalistas, o currículo escolar sofre críti-cas já que seu caráter independente é duramente questionado. Cur-rículo e escola têm uma inter-relação que pode ser considerada pra- ticamente obrigatória. Por mais que tenham existido tentativas de operar com o currículo de espaços não escolares, a associação entre o dispositivo curricular e a instituição escolar pode ser considerada como historicamente constitutiva da própria teoria curricular (LO- PES; DELBONI, 2018, p. 719). Desde a década de 90, o Brasil tem implantado políticas educacionais e econômi- cas que visam atender as demandas da globalização. Desse modo, há uma busca pela modernização, que possa atender as necessidades de eficiência e produtivi- dade geradas pelo mundo moderno. Em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, foram aprovadas as Diretri- zes Curriculares da Educação Básica (Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013) que mudam a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Essas diretrizes apontam a delimitação de uma base nacional comum, com a intenção de orientar as formas de avaliar e a elaboração dos livros didáticos. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normati- vo, em que estão estabelecidos os conteúdos principais que todos os estudantes devem desenvolver durante a educação básica. Os princípios que nortearam a BNCC foram as Diretrizes Curriculares da Educação Básica. 161 UNICESUMAR “ Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traça-dos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Bá-sica (DCN), a BNCC soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 2017b, p. 7). O Ministério da Educação e Cultura (MEC) apresenta a BNCC como um im- portante documento que visa a desfragmentação das políticas educacionais, o que garante o direito de todos os estudantes do pleno desenvolvimento da cidadania. A BNCC é compreendida em aspectos socioemocionais, sendo dez as Competências Gerais, de acordo com o Movimento pela base nacional comum curricular: Competências Gerais da BNCC As dez Competências Gerais da BNCC promovem a ordenação da cognição emocional, o que facilita a padronização em grande escala das avaliações. A Base Nacional Comum Curricular apresenta os conceitos de igualdade e equidade com o mesmo significado, com o objetivo de estabelecer o bem coletivo sem diferenciação. UNIDADE 4 162 “ A equidade supõe a igualdade de oportunidades para ingressar, permanecer e aprender na escola, por meio do estabelecimento de um patamar de aprendizagem e desenvolvimento a que todos têm direito. Decorre disso a necessidade de definir, mediante pactuação interfederativa, direitos e objetivos de aprendizagem essenciais a ser alcançados por todos os alunos da educação básica. A BNCC vem cumprir esse papel, tendo como foco principal a igualdade e a unidade nacional. (BRASIL, 2017b, p. 11). Seguindo esse argumento, a BNCC concretiza um pacto de promoção da igualda- de em nível nacional, tendo consequência a efetivação da equidadenas decisões voltadas para o currículo, para as decisões didático-pedagógicas de cada estado e no planejamento escolar anual. Assim, o currículo dividido por competências não é uma ação exclusiva do Brasil: “ Essa mesma tendência de elaboração de currículos referenciados em competências é verificada em grande parte das reformas cur-riculares que vêm ocorrendo em diferentes países desde as déca- das finais do século XX e ao longo deste início do século XXI. É esse também o enfoque adotado nas avaliações internacionais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês), que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla em espanhol) (BRASIL, 2017b, p. 16). A BNCC está ligada ao contexto histórico das reformulações de currículo que vem acontecendo em várias partes do mundo nas últimas décadas, tendo como base as transformações do mundo moderno e suas novas demandas de mun- dialização do capital. A BNCC, em seus princípios formativos, não apresenta ideias novas, mas promove a perpetuação dos fundamentos de reforma que foram introduzidos no final do século XX. As resoluções aplicadas na BNCC foram construídas de forma histórica, em uma relação entre sociedade, produ- tividade, trabalho e educação. 163 UNICESUMAR “ Dos anos 90, até a atualidade a educação é percebida dentro de um contexto multicultural onde o currículo deve ser organizado levan-do em consideração a raça, gênero, diferenças individuais, proble- mas sociais e equidade. Nessa perspectiva o currículo “pós-moder- no” deve se construir pautado no contexto histórico com intuito a provocar mudanças sociais e não narrar linearmente a história privilegiando determinado espaço, povo e cultura em detrimento a outros. [...] O currículo foi construído desde os tempos mais re- motos e continua sendo elaborado nesse momento histórico que vivenciamos (MASCARENHAS; GIORI, 2020, p. 7). É importante que a construção curricular seja significativa, que crie possibili- dades de transformação social, que seja aberto, inovador e esteja sempre pronto para ser reavaliado. O currículo escolar não é apenas uma forma organizada de conteúdos a serem trabalhados na escola, por isso ele deve levar em conta a rea- lidade do aluno, para que sua construção seja realmente eficaz. “ Faz-se necessário um currículo vivo, em que as questões cotidianas apresentam-se como material de estudo e análise para toda a comunida-de escolar: pais, professores, diretor, coordenador e estudantes, cada um dentro de sua competência tem sua participação. Ressalta-se que para se viver uma escola dinâmica, com um currículo vivo, a auto avaliação deve ser constante, pois vai responder que tipo de sociedade desejamos, sendo primordial para sua transformação, trazer essa questão ao centro para discussão, entendendo que transformar a escola só é possível quan- do temos um novo olhar sobre velhas e novas questões. Assim, produzir um currículo significativo, como uma forma de pensar o mundo, onde as questões cotidianas apresentam-se como material de estudo e análise para os estudantes, é estar aberto às questões emergentes neste novo contexto social para que haja, assim, a formação de cidadãos que saibam se posicionar e atuar no mundo (FERREIRA et al., 2020, p. 148). O currículo é um componente fundamental da escola, pois é sobre ele que o processo de ensino e aprendizagem é realizado, uma vez que ele define o que será ensinado, porque será ensinado e como será ensinado, abrindo um caminho para a prática docente. UNIDADE 4 164 Antes da BNCC, a centralidade do currículo era voltada para os conheci- mentos; após ela, o centro do currículo se torna as competências e habilidades. O processo educacional no Brasil é influenciado diretamente por órgãos inter- nacionais, em que outros países são beneficiados, colocado nosso país em uma situação desfavorável. Segundo Peroni, Caetano e Arelaro (2019, p. 51) “quando avançamos alguns passos no processo democrático, em um processo de correla- ção de forças, o setor empresarial e neoconservador se reorganiza, em uma grande ofensiva, para retomar a direção política da educação”. São as demandas sociais que determinam os conteúdos do currículo; a re- lação entre homem e sociedade o estruturam, o que facilita o processo de ensi- no-aprendizagem, proporcionando a consumação do conhecimento ao aluno. Precisamos partir da ideia que a consciência foi substituída pela eficiência e competência no mundo moderno, o que não seria diferente com a organização dos parâmetros curriculares. O pensamento crítico e a consciência devem ser construídos com a escola. Nenhuma ideologia que subjuga o indivíduo pode prevalecer na formação do currículo. O conhecimento promove a emancipação humana, mais do que a verificação da eficiência de cada estudante. “ Sob o nome BNCC, vem sendo projetado um conjunto de práticas pelas quais se dá a vinculação entre educação-conhecimento-equi-dade, parecendo tornar equivalentes as noções de democracia (de- mocratização), direito, e distribuição de conhecimentos como bens (objetos) a serem apropriados (DA CUNHA; LOPES, 2017, p. 24). Em seu discurso, a BNCC apresenta a ideia de equidade e democracia juntas, o que parece contraditório quando falamos sobre a educação no Brasil. A sua execução gera muitos questionamentos e discussões entre os profissionais da educação no país, sobre a premissa de que a BNCC não conseguirá suprir os problemas que existem na sociedade. A BNCC atende as demandas da Organi- zação das Nações Unidas (ONU), que, com a Agenda 2030, prevê 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Considerando o objetivo 4 da ODS, “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover opor- tunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos” (ONU, 2015, on-line), podemos observar a relação com a BNCC, visto que suas competências básicas estão de acordo com tal objetivo. 165 UNICESUMAR A ideia de que a BNCC é um documento independente e democrático é questio- nável quando ele permite a interferência de um órgão estrangeiro na educação básica do Brasil. É necessário que as condições adversas que existem ao redor de cada escola sejam consideradas para que o processo de ensino-aprendizagem possa ser realmente significativo, e não apenas a execução dos preceitos de uma cartilha internacional. Plano de Trabalho Docente - a educação tem seu foco voltado para o saber erudito, para o conhecimento científico. Suas especificações devem constar no Plano de Trabalho Docente (PTD) – um planejamento elaborado pelo professor que deve estar de acordo com o Projeto Político-Pedagógico (PPP). O principal recurso de trabalho do professor é o planejamento. É uma ação diária que necessita de reflexão para a elaboração das atividades didáticas e dos objetivos a serem alcançados no processo educacional, sendo uma atividade consciente e organizada. “ É fundamental levar o professor a pensar sobre o planejamento, mais especificamente sobre o plano de trabalho docente, sobre sua elabo-ração e a importância deste no processo ensino-aprendizagem e na formação de cidadãos, bem como evidenciar a importância da articula- ção conteúdo/metodologia no desenvolvimento da prática pedagógica buscando superar os desacertos entre concepção e execução do plano de trabalho docente desencadeando ações que oportunizem reflexão sobre a prática do planejamento no processo ensino aprendizagem, buscando um significado transformador para os elementos curricula- res básicos (TORMENA; FIGUEIREDO, 2010, p. 5). Os resultados no campo educacional não podem ser aleatórios, é necessário que sejam construídos com disciplina e metodologia para que o objetivo seja alcançado. Assim, o PTD éo local onde o docente aplica esses métodos, descrevendo como e quando serão realizados. É no Plano de Trabalho Docente que encontramos a fer- ramenta de ação do professor, que o estimula a ter um planejamento com ações significativas de forma a identificar as dificuldades e a realidade de seus alunos. O planejamento precisa ser entendido no seu contexto social, senão, não será eficaz. A dinâmica enfrentada na escola, com suas influências econômicas, políticas e culturais devem ser consideradas na elaboração do plano de trabalho. O ato de pla- nejar não deve ser concebido apenas como uma burocracia, mas como uma atividade consciente que prevê as ações dos professores, tendo como base o PPP e também as questões sociais que envolvem a escola. Para que venha ser possível a execução de UNIDADE 4 166 um bom planejamento, precisa-se destacar alguns pontos, sendo eles a finalidade, que tem como proposta o fim que deseja alcançar, a realidade, ter a dimensão do que deseja e, por fim, o plano de ação, meios para diminuir a distância. O PPP é o documento que norteia as ações da instituição, já o PTD específica o trabalho docente dentro da sala de aula. O professor precisa ter consciência sobre como os conteúdos devem ser trabalhados com os alunos, quais serão esses conteúdos e para que eles servem. A improvisação em sala de aula não é uma ação adequada, por isso a necessidade de um bom planejamento, sendo este flexível, podendo ser alterado quando necessário. É necessário que o Plano de Trabalho Docente considere o conhecimento científico e como ele se relaciona com o cotidiano dos estudantes. A produção do conhecimento condiz com o desenvolvimento da curiosidade do aluno, que o faça refletir constantemente a partir dos conteúdos estudados. “ A questão porque planejar parece ter resposta óbvia; planeja-se porque “não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde navega”. Na prática, no entanto a questão do planejamento no con- texto escolar não parece ter a importância que deveria ter. Há quem pense que tudo já está planejado nos livros-texto ou nos materiais adotados como apoio ao professor. Há, ainda, quem pense que sua experiência como professora seja suficiente para ministrar suas au- las com eficiência (MORETTO, 2007, p. 100). No PTD, registra-se como serão realizadas as ações, quando serão realizadas e com quem. Ele norteia e formaliza as ações educacionais em seus diversos mo- mentos dentro do processo de planejar. É uma forma sistemática de apresentação e justificativa dos caminhos a serem tomados. O planejamento escolar não é uma tarefa simples, precisa ser bem estudado, elaborado de forma consciente. Ele pode ser um instrumento para que a escola recupere sua função social, com a materialização de preceitos sociológicos, filosóficos e políticos da instituição, previstos no PPP. O planejamento não é algo ultrapassado, o pedagogo deve conhecer a fina- lidade de sua ação. Planejar pode resultar em uma sociedade menos desigual e democrática, ao considerar os fatores internos e externos à escola e à realidade dos alunos em sua composição. 167 UNICESUMAR “ Ao longo da história, o planejamento tem se constituído como um documento meramente burocrático, desvinculado da prática, muitas vezes transcrito de um ano para outro, como forma de cumprir uma obrigação, sendo entregue e posteriormente engavetado. Esse conceito leva o educador a certa descrença na importância do planejamento. Nota-se na área educacional que esta está inserida na rápida transfor- mação social, e que o planejamento deve tomar lugar, e nos levar a uma reflexão constante para que a educação atinja os êxitos tão esperados. A educação não pode e não deve ficar de fora dessa dinâmica global. É na educação que vemos a formação do cidadão para o mundo con- temporâneo (TORMENA; FIGUEIREDO, 2010, p. 6). As transformações nas dinâmicas sociais precisam ser encaradas pela escola, pois tanto os professores quanto os alunos precisam estar preparados para elas, até mes- mo como uma forma de garantir a escola como uma instituição social fundamen- tal. Sendo assim, é importante que o professor enxergue as condições em que seus alunos existem, pois o contexto fora de sala de aula tende a influenciar o processo de ensino-aprendizagem dentro dela. É com um planejamento que considera essa existência que o professor se compromete com a transformação da realidade social. Um professor que objetiva atuar de forma eficiente deve elaborar um plano que estimule a participação do aluno, a fim de que sua aprendizagem seja real- mente significativa. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9394/96, estabelece que: “ Art. 13º. Os docentes incumbir-se-ão de:I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimen-to de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagó- gica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de partici- par integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famí- lias e a comunidade (BRASIL, 1996, on-line). UNIDADE 4 168 Mesmo sendo o Plano de Trabalho Docente uma exigência legal, como vimos anteriormente, seu principal objetivo é a garantia de qualidade na aprendi- zagem dos estudantes. Isso pode ser realizado com o planejamento prévio das ações, de modo sistemático e flexível, que possam proporcionar medidas efetivas de intervenção no sistema educacional. “ Uma instituição onde os professores planejam com eficiência tem certamente maior garantia de que o processo ensino aprendiza-gem aconteça com qualidade contribuindo assim para a melhoria da educação pública. É importante que o pedagogo oriente os professores na sua prática pedagógica com metodologias e didá- ticas que venha de encontro com a pedagogia Histórico Crítica, pois é essa perspectiva teórica que está contemplada no Projeto Político Pedagógico da escola e essa clareza e compreensão no ato de planejar torna nossa ação pedagógica mais coerente e sig- nificativa, voltada para garantir a aprendizagem de nossos alu- nos. Dessa forma, quando acontece um atendimento da equipe pedagógica de forma segura e coerente junto aos professores, o trabalho em sala de aula fica enriquecido e o professor sente- se acolhido e respeitado (TORMENA; FIGUEIREDO, 2010, p. 16). O plano traz a possibilidade ao docente de manter a articulação da disciplina com o currículo e também de autoavaliar suas aulas com o objetivo de melho- rá-la sempre. Ele pode ser alterado caso a reflexão do professor norteia nesse sentido. Como o ambiente escolar pode resultar em situações imprevisíveis, o plano de aula não obriga o professor a cumpri-lo de forma rígida. Com essas imprevisibilidades, o professor utilizando da reflexão como ferramenta para um bom plano de trabalho, pode fazer o redirecionamento de ações, o que não quer dizer que o professor esteja despreparado, mas sim que tem a habilidade para agir e decidir quando necessário. Contudo, quando o docente se afasta constantemente do plano, pode-se entender que o planejamento deixou de prever as dificuldades e situações que podem acontecer no cotidiano da sala de aula. Então, primeiramente, 169 UNICESUMAR o professor deve conhecer o aluno. A partir daí, ele consegue estabelecer os objetivos, métodos e estratégias para alcançar uma prática pedagógica efetiva. Um bom planejamento apresenta diversas vantagens ao professor e aos alunos, mesmo que não possam ser observados de forma imediata. É improvável que uma prática educativa orientada pelo improviso e pela falta de sistematização seja eficiente e eficaz. “ Elaborar, executar e avaliar planos de ensino exige que o professor tenha clareza (crítica): da função da educaçãoescolar na sociedade brasileira; da função político-pedagógica dos educadores escola- res (diretor, professores, funcionários, conselho de escola...); dos objetivos gerais da educação escolar (em termos de país, estado, município, escola, áreas de estudo e disciplinas), efetivamente com- prometida com a formação da cidadania do homem brasileiro; do valor dos conteúdos como meios para a formação do cidadão consciente, competente e crítico; das articulações entre conteúdos, métodos, técnicas e meios de comunicação; e da avaliação no en- sino-aprendizagem (FUSARI, 1990, p. 51). Com o planejamento, os objetivos são definidos e ordenados, estruturando e direcionando as ações a serem realizadas, evitando que recursos sejam utili- zados de forma desnecessária, o que facilita o controle das ações e a forma de avaliá-las. É importante que o professor planeje sua aula considerando que os alunos vivem na Era da informação, o que necessita de um plano que aborda o que o aluno realmente precisa e deseja saber. A partir do Plano de Trabalho Docente, a escola procura alcançar seu grande obje- tivo, que consiste na aprendizagem significativa dos estudantes e o estímulo para que queiram aprender cada vez mais, de forma autônoma. Desse modo, é importante que a prática pedagógica esteja voltada para o desenvolvimento dos estudantes, isto é, ob- servá-los, conhecê-los, compreendê-los, entendendo suas dificuldades e incentivando a superá-las. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3898 170 AGORA É COM VOCÊ 1. [...] o planejamento escolar é apontado como alternativa de organização coletiva, em que diversos segmentos (envolvendo professores das diversas áreas, alunos, funcionários administrativos e comunidade) se reúnem para discutir e decidir co- letivamente e publicamente os objetivos, metas, finalidades, valores, atitudes e solucionem os problemas comuns à escola, viabilizando, assim, a materialização de uma escola realmente democrática e objetiva. Devido ao enorme grau de com- plexidade dos problemas nos dias de hoje, maior é a necessidade de planejar. Se em qualquer atividade da nossa vida exige um planejamento, a educação não foge dessa exigência; mas infelizmente, em algumas situações, ele tem sido utilizado de maneira errada, onde se reduz a atividade em que o professor preenche e entrega à secretaria da escola um formulário. Em que é padronizado e colocado em colunas, e o docente redige os seus “objetivos gerais”, “objetivos específicos”, “conteúdos”, “estratégias” e “avaliação” (CONCEIÇÃO, 2016, on-line). Com base no pensamento da autora e tratando sobre Planejamento Escolar, analise as asserções a seguir: I - O diretor/gestor precisa desenvolver um bom planejamento, afinal, é ele que vai nortear o trabalho dos professores dentro do ambiente escolar. II - O planejamento escolar inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização quanto pedagógica. III - O Planejamento de um Sistema Educacional consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do desenvolvimento geral do país. IV - A preocupação do professor é conseguir ministrar seu conteúdo dentro da sala de aula, ou seja, o Plano de Trabalho Docente é um mero documento burocrático. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 171 A G O R A É C O M V O C Ê 2. A avaliação educacional, em geral, e a avaliação de aprendizagem escolar, em par- ticular, são meios e não fins, em si mesmas, estando delimitadas pela teoria e pela prática que as circunstancializam. Desse modo, entendemos que a avaliação não se dá nem se dará num vazio conceitual, mas sim dimensionada por um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica (LUCKESI, 2003, p. 28). Sobre os três tipos de Avaliações Internas, está correto o que se afirma em: a) Diagnóstica, Formativa e Somativa. b) Analítica, Diagnóstica e Controladora. c) Somativa, Classificatória e Controladora. d) Analítica, Controladora e Formativa. e) Formativa, Prova Brasil e Enem. 3. Tal como o FUNDEF, o FUNDEB, previsto na PEC 415, operaria apenas no âmbito de cada estado e, portanto, não transferiria recursos de uma para outra Unidade da Federação, sendo redistribuído entre o governo estadual e os municipais de acordo com o número de matrículas que tivessem em quase toda a educação básica (as creches foram excluídas). O substitutivo, por sua vez, não só incluiu as creches, como também estipulou que o FUNDEB seria distribuído em função do número de matrículas que os governos tivessem no seu âmbito de atuação priori- tária, conforme definido nos §§ 2º e 3º do art. 211 da CF. Estas modificações foram mantidas na PEC do Senado, que estipulou que as matrículas são presenciais. Isso significa que as matrículas municipais no ensino médio não seriam levadas em conta na distribuição do FUNDEB, porque as prefeituras não devem atuar priori- tariamente no ensino médio, mas apenas na educação infantil e no ensino funda- mental. Analogamente, as matrículas estaduais na educação infantil não seriam contabilizadas na distribuição do FUNDEB, porque os governos estaduais devem atuar prioritariamente no ensino fundamental e no ensino médio. No caso da EJA, seriam consideradas as matrículas estaduais e municipais no ensino fundamental e só as estaduais no ensino médio (DAVIES, 2006). 172 A G O R A É C O M V O C Ê Sobre o significado da sigla FUNDEB, está correto o que se afirma em: a) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e do Ensino Su- perior. b) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Superior e de Valorização dos Profissionais da Educação. c) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação Infantil. d) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. e) Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Desvaloriza- ção dos Profissionais da Educação. 4. A BNCC se constituiu devido a determinações legais e político-sociais, influindo na instituição de políticas públicas. Todo projeto curricular se dá em um movimento contraditório, envolvendo tensões, debates e embates de classes e grupos sociais em que se imiscuem questões políticas, ideológicas e pedagógicas. Percebe-se que, nesse campo de disputas, a hegemonia dos ideários neoliberais, ancorada nas com- petências, ganhou espaço e lugar no campo da educação brasileira, sobretudo com as reformas do Estado e a reestruturação produtiva, que influenciaram, por sua vez, as reformas educacionais das décadas de 90 e dos anos 2000. Essa luta de forças pode ser visualizada no processo de discussão sobre a BNCC da Educação Infantil, que em parte contribuiu para se conhecer diferentes concepções político-ideológicas demarcadas nas propostas concretas e discursivas daqueles que dela participaram (BARBOSA; SILVEIRA, 2019). Sobre a Base Nacional Comum Curricular, está correto o que se afirma em: a) São normas para regulamentar o planejamento escolar, proporcionando mais eficiência no trabalho do professor, gestor e dos próprios alunos. b) É um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e pro- gressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. c) São normas para oficializar a inclusão dos conteúdos contemplados no Plano de Trabalho Docente, permitindo que o aluno tenha condições do que estudar e como será pautada a aula do docente. 173 A G O R A É C O M V O C Ê d) É um documento de caráter normativo que prevê a inclusão de todos os conteú- dos de forma igualitária, ou seja, respeitando a diversidade dentro dos ambientes escolares. e) São normas organizadas pelo gestor/diretor para administrar a escola, visando o Plano de Trabalho Docente e, consequentemente, o plano deação que será executado. 5. O plano possibilita ao professor manter, na medida do possível e do desejável, a articulação da disciplina como um todo pela relação com o plano curricular e, ainda, realizar uma autoavaliação da aula para direcionar ações futuras. Pontos a serem mantidos ou a reformular poderão ser evidenciados com mais segurança. Cabe destacar, no entanto, que o plano de aula não implica, necessariamente, seu cum- primento rígido. O ambiente da sala de aula exige do docente uma constante atitude reflexiva para criar e redirecionar ações sempre que surgirem imprevistos que des- pertam novos interesses e necessidades (TORMENA; FIGUEIREDO, 2010). Com base na concepção de Plano do Trabalho Docente (PTD), avalie as seguintes as- serções. I - O PTD deve estar centrado no livro didático, permitindo ao professor concluir toda a programação. II - PTD é a forma de o professor organizar suas aulas no decorrer do ano letivo. III - O PTD é ferramenta que ampara as ações do docente dentro do ambiente es- colar; sem essa ferramenta corre o risco do trabalho do professor ficar inconsis- tente, ou seja, impede que seu trabalho seja efetuado na íntegra. IV - O PTD é um documento estático que o professor desenvolve no início do ano letivo para conseguir cumprir com suas atividades. Está correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) II e III, apenas. c) II e IV, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 174 CONFIRA SUAS RESPOSTAS 1. C. O gestor precisa desenvolver um bom planejamento, norteando o trabalho do pro- fessor e toda equipe. O planejamento escolar precisa conter as atividades didáticas e também pedagógicas para uma boa organização. Com um bom planejamento, é possível tomar decisões dentro do ambiente escolar. Vale destacar que o PTD não é apenas burocrático. 2. A. Tendo em vista que as avaliações são Diagnóstica, Formativa e Somativa. 3. D. A sigla FUNDEB significa Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. 4. B. Vale destacar que se trata de um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. 5. B. O Plano de Trabalho Docente é a forma de o professor organizar suas aulas no decorrer do ano letivo, sendo possível o cumprimento das suas atividades. O PTD é ferramenta que ampara as ações do docente dentro do ambiente escolar, sem essa ferramenta corre o risco do trabalho do professor ficar inconsistente, ou seja, impede que seu trabalho seja efetuado na íntegra. M EU E SP A Ç O M EU E SP A Ç O 5GESTÃO ESCOLAR DIGITAL Me. Welington Junior Jorge Nesta unidade, você terá a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos sobre o tema “Gestão Escolar e Tecnologias Edu- cacionais”. Assim, trabalharemos as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), a cibercultura, o ciberespaço e as platafor- mas digitais, relacionando-os com a sua importância para a ges- tão escolar. Também discorreremos sobre o aluno na era digital e outras formas de compreender o mundo, ao apresentarmos as possibilidades de ensino por meio de recursos digitais. Você ainda terá a possibilidade de conhecer os principais aspectos que envolvem os elementos da gestão escolar e a utilização de aplicativos que proporcionam uma forma mais eficiente de organização. Bons estudos! UNIDADE 5 178 Será que é possível proporcionar uma gestão escolar democrática utilizando recursos tecnológicos? O que trabalharemos nesta unidade está relacionado com a ideia de tornar o trabalho do gestor mais digital, ou seja, buscaremos conciliar as suas atribuições com os recursos que podem facilitar a sua rotina. Considere a seguinte situação: um gestor precisa fazer uma reunião com os pais ou responsáveis. Diante disso, passa em todas as salas comunican- do os alunos sobre a necessidade e qual será o horário do encontro. No entanto, apenas 20% dos pais ou responsáveis comparecem. Questiona-se: houve uma falha na comunicação ou desinteresse por parte dos alunos em transmitir o recado? Neste momento, você deve estar se perguntando: por que o gestor não imprimiu um convite aos 1.200 alunos e solicitou que ele fosse entregue aos seus pais? De fato, seria possível fazer dessa forma, mas será que funciona- ria? O fato de os alunos não falarem sobre a reunião mudaria se existisse o convite? Considerando os recursos da escola, não seria um gasto desneces- sário? Existiam outras formas de realização dessa atitude? Gratuitamente? A escola não poderia formular outra alternativa mais eficaz e sem custo? Não existem outras formas de comunicação com os pais? Caso o comunicado fosse enviado por um aplicativo de men- sagens, não haveria uma maior ade- são? Quantas são as possibilidades proporcionadas graças às tecnolo- gias digitais? Considerando todas as transformações existentes em nossa sociedade, a comunicação analógica ainda é eficiente? É importante fazermos es- ses questionamentos, tendo em vista que o gestor precisa compreender qual é a melhor forma de se comunicar. As- sim, é necessário 179 UNICESUMAR repensar as práticas e a condução da própria gestão. Para agilizar o trabalho da equipe pedagógica e diretiva, estabelecer uma comunicação mais ágil facilitará e aproximará os pais ou responsáveis para as questões que envolvem a escola. De forma geral, as tecnologias nos proporcionam muitas coisas e são vá- rias as possibilidades que um professor, gestor e equipe pedagógica ou diretiva podem desenvolver com o seu uso. Para as atividades do gestor, as tecnologias são uma forma de acelerar os processos e a comunicação com a comunidade escolar. É necessário ter isso em mente, para que seja possível desenvolver o trabalho do gestor. Em relação ao trabalho docente, o gestor também precisa estar em sintonia com a sua equipe para que ela se sinta motivada a desenvolver as atividades com as tecnologias educacionais. A escola de hoje é totalmente diferente da dos anos 2000, assim como a dos anos de 1990. As metodologias foram desenvolvidas e trouxeram consigo os recursos tecnológicos. Assim, as informações não ficam restritas apenas ao livro didático ou à biblioteca física e o professor não pode ser entendido como o único responsável pelo conhecimento dos seus alunos. Por isso, todas as mudanças ocorridas ao longo do tempo precisam ser acompanhadas pelo gestor, afinal, a escola é um reflexo das ações que acon- tecem na sociedade e ambas precisam estar em sintonia. Além disso, as insti- tuições de ensino precisam preparar os jovens a viver em grupo, assumir a sua posição social e fazer uma leitura de como os processos sociais, econômicos, políticos e culturais acontecem. Utilizar as tecnologias educacionais em prol de uma educação libertadora proporciona novas compreensões em relação à realidade social. É fundamental que os professores, independentemente de suas disciplinas, consigam desenvolver esse trabalho. Já o gestor, consciente da importância, precisa acompanhar os profissionais da educação. Quando houver uma la- cuna por falta de formação, é necessário suprir a demanda. Se o fator for desmotivação, o gestor tem a responsabilidade de reverter a situação. Falar em gestão escolar não é simplesmente administrar uma escola, mas saber fazer uma leitura dos problemas que acontecem ou podem acontecer e procurar soluções para resolver, proporcionando uma boa condição de trabalho para os profissionais cumprirem a sua função dentro da instituição. UNIDADE 5 180 No decorrer desta unidade, realizaremos uma leitura sobre a importância das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ambiente escolar. A pro- posta é apresentar recursos que possam contribuir para o trabalho do gestor, tornando o seu trabalho mais eficiente e ágil. Pensando nisso, convido-lhe a conhecer duas plataformas que podem facilitar essetrabalho. São elas: Google for Education e Office 365. É importante mergulhar nas ferramentas não apenas para o trabalho do gestor, mas também do professor. São várias as formas de atuação, afinal, devemos nos lembrar de que os nossos alunos estão inseridos em outra realidade, devido principalmente às tecnolo- gias digitais. Por isso, acesse os links a seguir e co- nheça o que esses recursos são capazes. Office 365 Google for Education Depois de conhece-las e determinar qual é a que mais lhe agrada, desenvolva um planejamento de estudos do módulo e agende os prazos de todas as atividades, para que, assim, não se esqueça de nenhuma. Convido-lhe a utilizar esse espaço como registro dos aspectos que achou importante em relação à gestão escolar e ao uso das tecnologias educacionais. Questione-se: um gestor consegue gerir uma escola sem alia-la às tecnologias educacionais? Como as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) vêm impactando a nossa realidade? DIÁRIO DE BORDO https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6247 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6248 181 UNICESUMAR A ESCOLA NA ERA DIGITAL A sociedade está passando por várias mudanças não apenas na agilidade da infor- mação e da comunicação, mas principalmente no modo como tem impactado o ambiente escolar. Ao fazermos uma analogia, as preocupações dos professores e até mesmo dos gestores da escola eram bem diferentes das atuais, tendo em vista que, além dos impasses e atribuições já existentes, a tecnologia trouxe outros, como a falta de atenção, assédio virtual, exposição de alunos e docentes nas redes e bullying virtual. Assim, não podemos desconsiderar os avanços que as Tecnologias de In- formação e Comunicação (TICs) trouxeram, mas precisamos fazer uma avaliação crítica de todas as mudanças que ocorreram ao longo dos anos (SILVA, 2006). Os gestores e os docentes precisam compreender os avanços tecnológicos ocorridos no processo de ensino-aprendizagem. De fato, o desafio não é fácil, tendo em vista que muitos alunos têm mais facilidade em operacionar os re- cursos do que os próprios professores. Entretanto, as tecnologias educacionais já são uma realidade e é necessário aceitar as mudanças que aconteceram. Não podemos pensar em uma escola que proporcione aos seus alunos uma única for- ma de pensar, ou seja, é preciso realizar novas reflexões sobre o que acontece na sociedade não apenas no aspecto educacional, mas também nos âmbitos social, político, cultural e econômico (CARMO, 2016). UNIDADE 5 182 Por muitos anos, o conhecimento e até mesmo a informação estavam restritos às mídias impressas. No entanto, eles foram disseminados por meio do rádio, da tele- visão e das redes, o que proporcionou e gerou novas informações e conhecimen- tos que não se limitavam mais aos livros e às bibliotecas físicas. Em detrimento de toda a informação presente em nos- sa sociedade, não nos contentamos com respostas simples ou de senso comum, mas precisamos de abordagens mais es- pecíficas. Por isso, o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) abrem novas possibilidades de inserção em outros contextos e realidades: “ Do ponto de vista científico e tecnológico, constatamos profun-das transformações na maneira como produzimos conhecimento contemporaneamente. Vivemos em um mundo onde as grandes velocidades e, principalmente, a aceleração com que os aparatos se deslocam, provocam modificações profundas nas nossas formas de pensar e de ser. Movemo-nos em velocidades nunca antes expe- rimentadas. A humanidade passou de deslocamentos que giravam em torno dos três a 10 km/h — velocidade do caminhar ou dos animais — para velocidades em torno de 1.000 km/h — a dos aviões supersônicos. Tudo isso no tempo equivalente à vida de apenas uma ou duas gerações (PRETTO, 2011, p. 96). Todas as mudanças que ocorrem em nossa sociedade precisam ser objetos de es- tudo não apenas no ensino superior, mas em outros níveis de ensino. A relação que o homem vem construindo em conjunto com a tecnologia precisa ser discutida no ambiente escolar, afinal, são as crianças e os jovens os responsáveis por criar e aprimorar as novas tecnologias. A instituição escolar não pode abrir mão das novas demandas existentes e a relação do homem com a máquina é irreversível. Nesse contexto, o corpo docente precisa estar preparado e capacitado para novos desafios, rompendo com novos espaços e até mesmo com o tempo (GABRIEL, 2013). 183 UNICESUMAR Seguindo essa linha, o gestor precisa compreender que as tecnologias se trans- formam a todo tempo, o que exige que os docentes compreendam e decifrem as potencialidades do mundo digital e como elas estão inseridas na realidade da es- cola. Assim, é necessário rever as práticas que são adotadas. Além disso, é preciso ter em mente que falar de tecnologia não é simplesmente fazer a substituição da lousa, do livro didático, do giz ou até mesmo do papel. A discussão presente se concentra em entender que o processo de ensino-aprendizagem está mudando e precisamos superá-lo a partir das ferramentas disponíveis a nosso favor. Em paralelo, o trabalho pedagógico se torna mais complexo, já que muitos professores ainda resistem em utilizar tais recursos. Portanto, capacita-los é fundamental para que sejam refletidas as potencialidades na sala de aula (MORAN, 2003). Precisamos desconstruir a cultura de que o conhecimento está centrado apenas no docente e a ideia de que ele é o único responsável pelo processo de ensino-aprendiza- gem. É necessário romper essas práticas tradicionais, tendo em vista as possibilidades que as tecnologias educacionais podem contribuir na sala de aula. O formato tradi- cional perdura em uma sociedade conectada. Nesse sentido, o gestor, em conjunto com os professores, precisa fazer as leituras presentes na sociedade e reproduzi-las de forma crítica dentro da sala de aula, provocando o aluno a pensar de vários modos, o que permite que, a partir dessas mudanças, surjam novas reflexões sobre a educação. É fato: toda transformação pode gerar uma divergência entre os docentes, afinal, nenhuma mudança ocorre aleatoriamente e momentaneamente. Por essa razão, é imprescindível que os professores tenham condições técnicas e pedagó- gicas de colocar esses processos em prática, o que torna fundamental a função do gestor nesse processo (PRATA, 2002). Além disso: “ Nas práticas escolares, isso implica que produzir conhecimento é cons-truir relações de significação e, com elas, os seres que as criam, ou seja, implica promover o exercício da comunicação como exercício formador do indivíduo e do cidadão. Em vista disso, está criada uma forte demanda sobre os gestores escolares, exigindo investimentos bem planejados em recursos tecnológicos, humanos e organizacionais, uma vez que é fundamental que haja nas escolas equipamentos dispo- níveis e em funcionamento, pessoal capacitado, acervos organizados, critérios claros para aquisição de tecnologias e softwares educacionais, entre outros recursos (MARTINS, 2002, p. 82). UNIDADE 5 184 Dessa forma, o Estado precisa fazer a sua parte, que é a de permitir que as ins- tituições de ensino tenham condições de produzir novos conhecimentos por meio do digital, com equipamentos que possam ser trabalhados pelos profes- sores e alunos, suprindo demandas presentes no mercado de trabalho. É con- senso que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) estão presentes em nossa sociedade e a escola precisa estar em sintonia com essas mudanças. Contudo, apenas manifestar a vontade da utilização da tecnologia dentro da escola não é o suficiente: é essencial que sejam elaboradas políticas públicas que garantam que a comunidade escolar tenha acesso a esses recursos, para que, assim, o trabalho possa ser colocado em prática. De forma resumida, elucidaremos três aspectos: ■ É necessária a presença de professores qualificados para trabalhar com as tecnologias educacionais em sala de aula. ■ É preciso formaralunos engajados em aprender de forma ativa, e não esperar do professor a informação para gerar conhecimento. ■ O Estado deve garantir os recursos necessários para a escola, a fim de que os alunos aprendam a partir do meio digital. De acordo com Martins (2002, p. 85): “ Em princípio, a tecnologia faz parte do progresso social. Nesse sen-tido, ela é positiva por ser potenciadora. Acontece que, ao mesmo tempo, toda realidade é ambivalente e toda tecnologia possui uma dupla face. Portanto, deve ser assumida com uma atitude responsá- vel, lúcida e consciente. Na criação de um ambiente informatizado que tenha como objetivo gerenciar dados e permitir a criação e me- lhoria do conhecimento sobre os processos da escola. Agora, faz-se pertinente o seguinte questionamento: como o gestor deve agir defronte a todas essas mudanças? Já estudamos, nas unidades anteriores, que o gestor/diretor precisa lidar com todas as diferenças presentes na escola. Além de administrar, ele também precisa cuidar das pessoas, para que elas desen- volvam o seu trabalho com qualidade e eficiência. Contudo, como fazer isso na prática? A resposta não é tão simples assim, uma vez que envolve pessoas e todas são sempre complexas. 185 UNICESUMAR O primeiro passo é proporcionar formações voltadas para a área da tec- nologia, a fim de que o professor possa aplicar os seus conteúdos teóricos por meio de recursos digitais em sala de aula. Entender que o processo de ensino-aprendizagem vem se transformando ao longo do tempo também é uma atribuição do gestor: não basta que o Estado promova todos os recursos tecnológicos e os insira na sala de aula, se não são dadas ao professor as con- dições de usá-los. Por fim, entende-se que toda a comunidade escolar precisa fazer uma leitura das necessidades da sociedade e colocá-las em prática na sala de aula. Quando esse trabalho apresentar alguma dificuldade, é preciso que as instâncias colegiadas discutam essas questões de forma colaborativa e participativa, para que, juntas, possam fazer com que a escola cumpra a sua função social (PIEDADE; PEDRO, 2014). AS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E O PAPEL DO GESTOR Sempre que falamos de tecnologia, temos a ideia de que se trata de algo muito recente e con- temporâneo, mas isso não é verdade. Falar em tecnologia é demonstrar tudo aquilo que o ho- mem fez e vem fazendo em benefício de algo ou de alguém. A ideia não é tecer um conceito de tecnologia, mas apenas apresentar a noção de que toda mudança humana está presente e já faz parte da nossa realidade. Seguindo essa linha de pensamento, devemos compreen- der que a revolução tecnológica vem nos acompanhando há milhares de anos e toda intervenção humana por intermédio dos meios digitais, ou não, está presente na tecnologia (COSTAS, 2018). UNIDADE 5 186 Com a inserção das redes e dos computadores na educação nos anos de 1990, houve o início de um processo de reinvenção, a chegada de um universo até en- tão desconhecido por muitos. Apesar de as redes gerarem muitas possibilidades no meio educacional, ainda persistia uma cultura tradicional e receio por parte de seus integrantes. A tecnologia digital permitiu que o usuário adentrasse em mundos nunca antes visitados, por meio das redes, além de ter compactado e transmitido todos os tipos de mensagens, incluindo sons e imagens, para qual- quer parte do globo onde houvesse acesso à Internet. Segundo Castells (2002, p. 362): “ A mídia é a expressão de nossa cultura e nossa cultura funciona principalmente por intermédio dos materiais propiciados pela mí-dia. Enquanto o processo de comunicação se efetiva através da inte- ração emissor/receptor para interpretação da mensagem, a televisão, como um grande meio de comunicação, caracteriza-se por ser um sistema de mão única, que não possibilita a interação. Você deve estar se perguntando: se a disciplina é sobre gestão escolar, por que falar de tecnologias educacionais? Devemos reforçar que o papel do gestor não está atre- lado apenas às questões administrativas, assim como já discutimos, mas também se relaciona com as questões pedagógicas. Por isso, precisamos entender como a tec- nologia vem avançando na sociedade, qual é o seu reflexo dentro da escola e saber o motivo pelo qual devemos rever os processos de ensino-aprendizagem. Diante das tecnologias existentes, o ato de ensinar não se limita apenas à sala de aula, mas se dá em toda a comunidade escolar. Por esse motivo, é preciso fazer uma reflexão sobre esses avanços e como eles podem alterar os instrumentos de ensino e as suas práticas. Devido às várias atribuições do gestor, o que inclui as questões administrativas e pedagó- gicas, será que a sua função é também é a de engajar os professores para que eles desen- volvam as suas atividades por meio do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), a fim de que a aula tenha um melhor aproveitamento? PENSANDO JUNTOS 187 UNICESUMAR Em meio a tantas tecnologias, é perceptível que o acesso à informação se torna cada vez mais rápido, sem mencionar as habilidades que os recursos digitais nos trouxeram. O ato de aprender não se restringe apenas ao am- biente escolar. Muito pelo contrário, basta um clique para termos a nossa indagação respondida pelos buscadores on-line. Dificilmente, uma pessoa busca uma informação, em um primeiro instante, nos livros, tendo em vista toda a facilidade proporcionada pela tecnologia. Assim, é por intermédio das instituições de ensino que podemos e devemos entender a integrar a lingua- gem da mídia, trabalhando os seus códigos, as suas expressões e possíveis manipulações (CARMO, 2016). Hoje, crianças e jovens utilizam as mídias digitais para se informar e até mesmo se entreter, o que faz com que os recursos tecnológicos venham a ser entendidos apenas como lazer. Quando essas ferramentas chegam até a sala de aula, não há identificação entre o entretenimento e a aprendizagem. Como exemplo, podemos citar as redes sociais, que, de forma geral, são uti- lizadas para o entretenimento. Todavia, elas também podem ser utilizadas pelo professor para a postagem de conteúdos, atividades, tarefas, materiais complementares, dentre outros. Essa diferenciação é um dos grandes desafios dos docentes e é uma luta diária que precisa ser feita não apenas por um professor, mas por todos. A função do gestor, nesse momento, é a de fomentar a equipe a utilizar de forma crítica e reflexiva as mídias digitais (BARBOSA, 2007). Almeida e Moran (2005, p. 43) explicam que: “ [...] caso o professor não conheça as características, as poten-cialidades e as limitações das tecnologias e mídias, ele poderá desperdiçar a oportunidade de favorecer um desenvolvimento mais poderoso do aluno. Isso porque para questionar o aluno, desafiá-lo e instigá-lo a buscar construir e reconstruir conheci- mento com o uso articulado de tecnologias, o professor precisa saber quais mídias são tratadas por essas tecnologias e o que elas oferecem em termos de suas principais ferramentas, fun- ções e estruturas. UNIDADE 5 188 Essa discussão é importante para que o gestor tenha uma visão ampla dos desafios presentes no ambiente escolar. As crianças e os jovens, a todo momento, estão se apropriando das informações existentes nas redes e, muitas vezes, são conteúdos equivocados, colocando em xeque o conhecimento gerado pelo professor. De- vemos destacar que a finalidade da tecnologia dentro das escolas é a de formar cidadãos críticos e capazes de fazer uma reflexão sobre o contexto social e apli- ca-la na realidade. Em consequência disso, com a popularização da Internet e das mídias digitais, precisamos repensar o modo de ensinar e a forma de gerir uma escola. O gestor não pode ter uma visão tradicional ao trabalhar com professores e alunos digitais. Portanto, dominar essas mudanças é fundamental: “ Enquanto a escola organiza conteúdos e aplica métodos para atingir objetivos éticos, a mídia oferece, numa competição caótica, infor-maçõesdifusas, descentradas, mas voltadas, exclusivamente, para o consumo. Mesmo quando campanhas de propagandas pretendem “educar”, podemos afirmar que a razão maior é a de condicionar condutas, pois a educação pressupõe conteúdos críticos e métodos criteriosos, enquanto a superficialidade das mensagens publicitárias ou propagandísticas se baseia nas técnicas, na repetição (redun- dância) da imagem e do texto, distanciados, em sua unidade, das relações estruturais da construção e da reconstrução do mundo (CHEIDA, 2002, p. 28). A sala de aula acaba se tornando um campo de batalha, afinal, o desafio do pro- fessor é o de disputar com as informações disponíveis nas mídias, tendo em vista o meio ao qual estão inseridos. Assim, a escola precisa fazer uma desconstrução de forma crítica para combater a desinformação. Ter professores capacitados para lidar com essa situação é fundamental, uma vez que o ambiente escolar precisa formar indivíduos que tenham condições de conviver em sociedade e de fazer uma leitura das necessidades e das demandas existentes. As relações sociais também são permeadas pelas tecnologias, sendo assim, as instituições de ensino precisam proporcionar aos alunos as condições de interpretar o que é real ou não. Diante do exposto, o gestor precisa estar alinhado com a equipe pedagógica durante o trabalho desenvolvido pelos professores e, quando necessário, deve fazer intervenções, sempre pensando no bom andamento do processo de aprendizagem: 189 UNICESUMAR O conhecimento que deve ser usado pelo cidadão para compreender e atuar nos complexos cenários contemporâneos já não se encontra apenas, nem prin- cipalmente, na mente individual, mas está fundamentalmente distribuído em redes físicas e virtuais, externas ao próprio indivíduo. Ao contrário da percepção comum e clássica do conhecimento como um conjunto de conteúdos ou objetos estáveis que aparecem nos livros didáticos, na era digital, é necessário enfatizar a importância dos processos de interação em redes nas quais os conhecimentos são construídos e modificados (GÓMEZ, 2015, p. 49). “ Tudo o que foi exposto até este momento foi importante para lhe apresentar, acadêmico(a) do curso de Pedagogia, que as atribuições dos gestores vão muito além das questões burocráticas, pois é exigi- do um equilíbrio entre a sua função administrativa e a pedagógica. No entanto, a construção de uma escola que cumpre a sua função social não deve ser realizada apenas pelo profissional responsável pela administração, mas por toda a comunidade escolar, visto que os alunos que estão sendo formados serão os próximos profissionais a exercerem os mais diversos trabalhos. A CIBERCULTURA E O CIBERESPAÇO NO AMBIENTE ESCOLAR Para entendermos a cibercultura e o ciberespaço no ambiente esco- lar, precisamos ter em mente dois conceitos basilares abordados pelo sociólogo Pierre Lévy. O es- tudioso defende que, no atual con- texto digital, é possível alcançar outras esferas e ambientes, uma vez que o mundo está conectado e o conhecimento já não se encon- tra restrito em espaços físicos: bas- ta um clique para termos acesso a várias obras científicas. UNIDADE 5 190 São diversos os ambientes para sanarmos as mais variadas dúvidas, o que gera uma cultura cibernética, ou seja, a cibercultura. Assim, “qualquer reflexão sobre o futuro dos sistemas de educação e de formação na cibercultura deve ser fundada em uma análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber” (LÉVY, 2010, p. 159). As Tecnologias de Informação e Comu- nicação (TICs) foram capazes de popularizar o conhecimento por meio do compartilhamento. Atualmente, quando você visualiza uma informação inte- ressante, a probabilidade de compartilha-la com outras pessoas é bem grande. Alguns conceitos precisam ser esclarecidos dentro do contexto da tecnolo- gia, afinal, são eles os responsáveis por compor todas as informações que estão disponíveis na rede. Com o avanço da tecnologia digital, foi possível romper as barreiras existentes entre os continentes. Hoje, é possível acessar qualquer informação pública de qualquer país e estar sempre presente. Um professor de História, para explicar o Antigo Egito e como os povos de lá viviam, basta acessar o buscador on-line de sua preferência e navegar pelos mais diversos caminhos por meio de imagens, sons ou audiovisual. Isso faz com que o tra- balho dos professores se tornem mais reais, visto que foi criada uma cultura em que se defende que as informações disponíveis nas redes são reais. Diante do exposto, é importante utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) de forma crítica e: “ Ao professor cabe o papel de estar engajado no processo, cons-ciente não só das reais capacidades da tecnologia, do seu po-tencial e de suas limitações para que possa selecionar qual é a melhor utilização a ser explorada num determinado conteúdo, contribuindo para a melhoria do processo ensino-aprendiza- gem, por meio de uma renovação da prática pedagógica do pro- fessor e da transformação do aluno em sujeito ativo na constru- ção do seu conhecimento, levando-os, através da apropriação desta nova linguagem a inserirem-se na contemporaneidade (MERCADO, 2002, p. 18). A cibercultura desfez vários paradigmas não apenas na educação, mas na socie- dade como um todo. Os espaços foram rompidos, as informações contidas em livros, aos poucos, estão sendo trocadas e as bibliotecas físicas, em muitos lugares, estão dando espaço ao laboratório de informática. Ocorre, dessa forma, uma 191 UNICESUMAR desterritorialização, ou seja, estamos vivendo um momento em que a informação deixou de estar centralizada e passou a ser de um espaço universalizado. Esse fato fez com que a forma de se trabalhar e até mesmo de estudar há cinco anos seja bem diferente do que estamos vivendo nos dias de hoje (LÉVY, 2010). Consequentemente, com o avanço da cultura digital, novos espaços estão surgindo. Além da educação formal das instituições escolares, vários espaços não-escolares estão ganhando força e campo no mundo digital. As pessoas já não estão preocupadas com o local que detém a informação, mas como acessá-la de forma rápida. O lugar, atualmente, não é o mais importante, mas a informação que está sendo transmitida. Falar em ciberespaço é justamente compreendermos que é possível aprender português, matemática, história, geografia e ciências, por exemplo, sem estar presente fisicamente. Um exemplo disso é você, acadêmico(a), que está cursando Pedagogia a distância e busca uma formação sem estar presente fisicamente em nossa sede. Isso é a prova de como a educação está rompendo as barreiras e abrindo várias oportunidades independentemente do local em que ela se encontra, graças às tecnologias presentes em nossa sociedade: “ Com as Novas Tecnologias da Informação abrem-se novas pos-sibilidades à educação, exigindo uma nova postura do educador. Com a utilização de redes telemáticas na educação, pode-se obter informações em fontes, como centros de pesquisa, Universidades, bibliotecas, permitindo trabalhos em parceria com diferentes esco- las; conexão com alunos e professores a qualquer hora e local, favo- recendo o desenvolvimento de trabalhos com troca de informações entre escolas, estados e países, através de cartas, contos, permitindo que o professor trabalhe melhor o desenvolvimento do conheci- mento (MERCADO, 2002, p. 13). Por isso, devemos ter em mente que “ciberespaço”, de acordo com o teórico Pierre Lévy (2010), não se baseia em determinar o local onde está a informação ou até mesmo o conhecimento, mas assimilar que, por onde andamos, estamos aptos a aprender coisas novas. Não importa o dia, a semana, a hora, se é feriado, ou não: o lugar de aprender deixou de ser fixo e passou a ser atemporal. Para o autor, diante das conexões presentes em todos os lugares, deixam de existir tempo e espaços específicos: basta um dispositivo com acesso à Internet e você poderá buscar qualquer tipo de informação.UNIDADE 5 192 A cultura do conhecimento e da informação está se alterando diariamente. Não é possível viver informado apenas com o conteúdo de livros e jornais. De acordo com Lévy (2010), a cibercultura soma todas as informações existentes e as centraliza nas redes, o que gera os mais variados espaços e lugares em um único lugar, que é a In- ternet. À medida que os espaços vão se alterando, o comportamento dos indivíduos também acompanha essas mudanças, logo, os paradigmas que cercam o tempo e o espaço vão sendo rompidos: “ As novas tecnologias podem ter um significativo impacto sobre o papel dos professores, pela formação constante recebida via internet, em termos de conteúdos, métodos e uso da tecnologia, apoiando um modelo geral de ensino que encara os estudantes como participantes ativos do processo de aprendizagem e não como receptores passivos de informações ou conhecimento, incentivando-se os professores a utilizar redes e começarem a reformular suas aulas e encorajar seus alunos a participarem de novas experiências (MERCADO, 2002, p. 26). Com o avanço da tecnologia, muitas coisas deixarão de existir, tais como profissões, equipamentos, bens e serviços, e todas essas mudanças precisam estar presentes no ambiente escolar. É importante destacar essas questões, tendo em vista que as me- todologias e as práticas de ensino também se alteram com o passar do tempo. Por- tanto, rever e até mesmo repensar no modo como se está conduzindo o processo de ensino-aprendizagem é urgente. Embora o professor não venha perder a sua função ou terá a sua substituição por robôs, ele precisará dar um novo significado ao seu cargo, ao entender que a sociedade está se transformando e as instituições de ensino precisam acompanhar esse processo. O gestor escolar precisa reconhecer que a escola não é somente um lugar em que se é buscado conhecimento científico, mas a sua função é muito mais abrangente. As instituições de ensino visam propiciar uma formação social que enfrenta outras formas de socialização e transmissão de saberes. Estar alinhado com todas essas mudanças faz com que a sociedade seja construída por pessoas que compreendem a realidade. Por isso, ter professores que utilizem a tecnologia para ensinar poderá mostrar as diversidades presentes, e não apenas um conhecimento restrito. Essas ações rom- pem com as diferenças e evidenciam aos alunos que o convívio em grupo é mais 193 UNICESUMAR abrangente do que a tolerância ao outro, já que é preciso conviver e, acima de tudo, respeitar o “diferente”: “ Pode-se dizer que as tecnologias digitais quando bem utilizadas na educação podem ser um ponto de partida para o levantamen-to de questões e a busca de soluções para os problemas identifica- dos nos respectivos níveis de aprendizagem, com a finalidade de produzir conhecimento. Já que o avanço da internet, dos disposi- tivos móveis e de outros aplicativos alterou radicalmente a forma de socializar, construir, colaborar e inovar. Essa dinâmica social possibilita pensar a aprendizagem a partir das novas tecnologias (OLIVEIRA, 2019, p. 147). Por fim, devemos entender que, embora toda a tecnologia presente não tenha sido elaborada, a princípio, para fins pedagógicos ou até mesmo didáticos, a educação se apropriou dela com o passar do tempo. Nesse contexto, à medida que as necessidades foram surgindo, adequações precisaram ser realizadas. Também é preciso ter em mente que a tecnologia está presente dentro do ambiente escolar e na própria sociedade, por isso, a forma de se comunicar ou até mesmo de se informar não está restrita apenas aos materiais impressos. Muito pelo contrário, a Internet nos possibilita uma variedade de caminhos para aprender. Assim, compreender essas demandas e ter uma formação con- tinuada adequada são elementos extremamente necessários, pois proporcio- nam uma aprendizagem plural e, consequentemente, digital. A importância da gestão escolar e a contribuição da tecnologia A tecnologia nos proporciona uma infinidade de pos- sibilidades. Para o gestor, em suas atividades, não é diferente. No podcast de hoje, falaremos da impor- tância da gestão escolar e como a tecnologia contri- bui para a sua organização e eficiência, afinal, saber lidar com esse recurso é fundamental para se obter uma gestão que gere bons resultados e aproxime toda a comunidade escolar. Vamos lá! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3901 UNIDADE 5 194 O PAPEL DO GESTOR FRENTE À ERA DIGITAL Você deve estar se perguntando: por que estamos falando de tecnologia em uma disciplina de gestão escolar? A resposta é simples! O diretor precisa dar respaldo administrativo e pedagógico dentro da instituição a qual faz parte e essa atitude exige que todas as suas ações estejam centradas naquilo que está acontecendo na sociedade, afinal, a escola precisa preparar os jovens não apenas para o mercado de trabalho, mas para viver em sociedade. Seguindo essa linha de pensamento, consideramos que o papel do gestor frente à essa era digital é o de dar condições para que professores e alunos possam desen- volver as suas atividades dentro do ambiente escolar. Quando isso não for possível, precisa criar meios, seja por meio da secretaria municipal, seja pelo próprio Estado, de solicitar suprimentos para que a escola tenha condições de preparar os alunos para a realidade digital e proporcionar outros meios de aprendizagem. A educação vem sofrendo transformações diariamente e as instituições de ensino precisam realizar essa leitura para que, assim, venha ser possível atender às demandas existentes. O aluno precisa estar apto e ter condições de fazer uma leitura crítica, ao desenvolver uma reflexão sobre as ações que acontecem na sociedade. Assim como já foi apresentado, o processo de ensino-aprendizagem não está centrado apenas na escola, mas, com o avanço da tecnologia e até mes- mo da Internet, outros espaços foram construídos e os docentes precisam estar preparados para essas alterações. 195 UNICESUMAR Você consegue perceber a importância do gestor dentro do processo de en- sino-aprendizagem? É em decorrência disso que é importante ter uma equipe bem treinada e qualificada para a função, não apenas os docentes, mas todos os que estão envolvidos com a escola. Essas transformações precisam ser proble- matizadas no ambiente escolar, para que os alunos sejam engajados, motivados e atentos a tudo aquilo que está a sua volta. Além disso, um gestor não pode admitir que professores e alunos sofram qualquer tipo de “ataque”, presencial ou on-line: a ideia é compreender os problemas que a tecnologia traz e encontrar soluções. Desse modo, o papel do gestor ultrapassa as questões burocráticas de sua função e, para que seja possível desenvolver o seu trabalho, é necessária uma comunidade escolar engajada nas ações da escola. Entretanto, como o gestor conseguirá reunir todas essas informações, mu- danças e transformações e atender às demandas já existentes na escola? Assim como em qualquer outra área, é necessário ter organização e um bom planeja- mento. Lembre-se de que ninguém faz nada sozinho e ter uma equipe treinada e engajada faz toda a diferença. O gestor precisa partir do princípio democrático e participativo, assim como consta na Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 9.493/96, que estabelece as diretrizes e as bases da educação nacional. Nesse contexto, a responsabilidade de discutir as questões que cercam a tec- nologia não cabe apenas ao diretor ou aos professores, mas a toda comunidade escolar. Portanto, as instâncias colegiadas também precisam participar desse pro- cesso, ao darem sugestões e ao elaborarem ações de engajamento com os alunos, pais e professores, a fim de se edificar um local que atenda aos discentes de forma plena. Em outras palavras, devemos ter uma escola que cumpra a sua função com base nos interesses atuais. Por isso, as metodologias e as práticas precisam ser revistas, além de serem inseridas as tecnologias educacionaise realizada a ressignificação das formas de aprender. Seguindo os preceitos expostos, a função do gestor escolar é a de proporcio- nar condições para facilitar as práticas pedagógicas, seja por meio de estratégias, seja por intermédio da orientação aos professores e a toda equipe pedagógica, proporcionando um ambiente propício para que os docentes contribuam com a construção do conhecimento, ao reconhecerem que os seus alunos estão inseri- dos em uma cultura digital. O gestor não pode se esquecer do seu trabalho bu- rocrático, mas precisa proporcionar para a equipe um ambiente favorável, o que inclui pessoas envolvidas com a missão de fazer a diferença no ambiente escolar: UNIDADE 5 196 “ É importante a boa relação entre os indivíduos; seja no ambiente escolar, ou em outros espaços, para o crescimento daquele am-biente e das pessoas envolvidas, visto que é de forma coletiva que se consegue alcançar mais rápido os objetivos comuns. Um ges- tor consciente e crítico do seu papel deve promover um espaço que seja adequado para que todos possam participar, sem existir distinção, levando-se em consideração que todos os membros se sintam responsáveis pelo progresso da instituição de ensino. Ao agir dessa maneira o gestor escolar estará criando um vínculo entre os profissionais e a instituição. Esta proposta deve acenar para um ambiente prazeroso e democrático, pois a escola deve cumprir sua função social que é a de formar cidadãos com valores éticos, emocionais, respeito e discernimento (SOUZA, 2020, p. 7). Quando um gestor trabalha com uma equipe motivada em prol da qualidade na edu- cação, a instituição de ensino, em conjunto com toda a comunidade escolar, fortale- ce-se. Entretanto, muitas escolas ainda carecem de recursos tecnológicos, o que exige o envolvimento de todos na construção de uma educação que atenda a todos e tenha como pilar o respeito às diferenças. Dessa forma, um ambiente prazeroso para trabalhar faz com que toda a equipe exerça a sua função com excelência. Os desafios aparecerão, porém o gestor precisa estar atento ao que acontece na escola, a fim de que, quando necessário, convoque as instâncias colegiadas para discutir as reais necessidades. Diante do exposto, as transformações não podem acontecer apenas no que tange à estrutura, mas também no processo de ensino-aprendizagem. Além do mais, os dispositivos tecnológicos por si só não são capazes de mudar a educação, mas é preciso que haja professores capacitados e comprometidos com a educação: “ Noções como tempo, espaço, identidade, sujeito, verdade, autorida-de ou ordem estão muito diferentes do que eram há cerca de vinte ou trinta anos; e estão muitíssimo diferentes do que eram antes disso. Do ponto de vista educacional, essas noções são fundamentais para as concepções que se tem acerca do conhecimento, de suas funções e do seu processo de construção e compartilhamento. E, uma vez que essas coisas se rearranjam em suas interrelações, todo o aparato de coisas a elas ligado, como métodos, instrumentos, rituais e especialistas, tam- bém mudará de lugar (MONTEIRO; MOTTA, 2013, p. 15). 197 UNICESUMAR A seguir, explicaremos como as tecnologias podem melhorar a comunicação entre o gestor e a comunidade escolar. Imagine a necessidade de uma reunião de pais ou responsáveis em um dia qualquer. Os professores comunicam os alunos e, consequentemente, eles deverão avisar os seus pais ou responsáveis que precisam ir até a escola para participar de uma reunião. Todavia, será que todos os jovens comunicarão os seus responsáveis para a reunião? Agora, suponha que a escola utilize um meio digital para convocar os pais ou responsáveis para essa reunião. Podemos ir além, uma vez que esse encontro poderia ser transmitido ao vivo. Será que a participação não seria maior? Você consegue observar como a tecnologia pode ajudar o gestor em uma reunião de pais, por exemplo? Quando falamos de tecnologia, não estamos discutindo o seu uso apenas em sala de aula, mas todos os departamentos da escola podem usar os meios digitais para facilitar a sua comunicação, acelerar processos e garantir que as informações sejam de fácil acesso, com o objetivo de que a comunidade escolar esteja em sintonia com os assuntos escolares. O exemplo expresso foi apenas uma das possibilidades que o gestor pode utilizar para se comunicar com a parte interessada, porém existem outras formas e até mesmo ferramentas para colocar essas ações em prática. APLICATIVOS PARA A GESTÃO ESCOLAR No decorrer da unidade, foi expli- cada a importância da tecnologia e a visão que o gestor precisa ter diante desse recurso. Embora a es- cola ainda esteja estabelecida em um modelo tradicional, é necessá- rio que toda a comunidade reveja as suas práticas. Vale destacar que é importante que as instituições de ensino acompanhem os an- seios sociais, porque as pessoas estão inseridas em uma cibercultura, logo, em espaços diversos. Portanto, o distanciamento não pode ser um empecilho para termos uma comunicação rápida e eficiente. UNIDADE 5 198 Os recursos tecnológicos nos proporcionam uma forma mais dinâmica de exe- cução dos projetos. Pensando nisso, serão apresentadas algumas ferramentas que podem ser trabalhadas por gestores, equipe pedagógica e diretiva, profes- sores e até mesmo alunos. Não faremos um passo a passo de como utilizar essas ferramentas, mas a nossa finalidade é a de apresentar as que podem ser usadas gratuitamente, de que forma e qual é a sua finalidade. No entanto, é importante frisar que, para que seja possível desenvolver um trabalho colaborativo e mais participativo, é necessária a colaboração de todos. Dentre os diversos aplicativos e até mesmo softwares disponíveis no mercado, gratuitos ou pagos, apresentaremos, a seguir, uma plataforma de fácil integração e que, com acesso à Internet, poderá ser utilizada por qualquer usuário que tenha a sua liberação. Assim, divulgaremos as plataformas Google e Microsoft 365, ambas com versões gratuitas (algumas limitações) e pagas (uso mais amplo). As duas são compatíveis com vários dispositivos Android ou iOs, smartphones, tablets, desktop, notebook, dentre outros. Por se tratar de uma disciplina de gestão escolar, focaremos em suas funcionalidades. Para a utilização da plataforma Google, é necessário ter uma conta no Google, que pode ser criada ou acessada por meio do link: https://accounts. google.com/signup. Já para o uso da Microsoft 365, o cadastro deve ser rea- lizado em: https://login.live.com/. https://accounts.google.com/signup https://accounts.google.com/signup 199 UNICESUMAR De acordo com o infográfico, é possível observar as funcionalidades que um gestor pode se apropriar e aplicar em sua gestão. Embora as funcionalidades tenham a mesma proposta, existem as particularidades de cada empresa, ao desenvolver os seus programas. Foram apresentadas as funcionalidades apli- cadas na área de gestão escolar, propondo, assim, um modo de deixar o tra- balho mais organizado e compartilhado. Lembre-se de que o diretor precisa prestar contas do seu trabalho, as decisões são tomadas de forma coletiva e as instâncias colegiadas precisam ter acesso às informações em relação às suas atribuições. Por isso, além de uma gestão democrática, é preciso que ela venha a ser transparente. CONCEITUANDO UNIDADE 5 200 Toda instituição precisa de um e-mail para se comunicar, que pode ser institucional, ou não. O importante é que ela tenha como premissa criar departamentos para que a comunidade escolar saiba para o local de dire- cionamento de sua dúvida, sugestão, reclamação ou até mesmo observação. A proposta é a de justamente tornar o processo mais ágil, ou seja, se o pai ou responsável pretende falar sobre questões pedagógicas e não pode ir até a escola ou não consegue ligar, é necessária a existência de um e-mail dire- cionado para esse indivíduo fazer um agendamento,sanar as suas dúvidas ou até mesmo resolver o possível problema. Também é necessário que ele seja utilizado para resolver os problemas relacionados à escola e tenha o uso exclusivo para esse fim. Isso significa que não é ético utilizar o e-mail de trabalho para fins pessoais. São vários os provedores que podem ser utilizados. Entretanto, em de- trimento do fato de que a nossa proposta é a de fazer um trabalho com- partilhado, é importante que todos os setores utilizem o mesmo provedor. Caso a escola venha a optar pela Plataforma Google para desenvolver as suas atividades e os seus trabalhos, é essencial que utilize o Gmail. O mesmo ocorre se a escola utilizar a plataforma da Microsoft, que exige o Hotmail ou Outlook. Tudo isso torna o uso das ferramentas disponíveis mais fácil. Além disso, é imprescindível a realização do login na conta que deseja, o que permite fazer o uso de todas as ferramentas disponíveis. Vale destacar que, por meio do cadastro, também é possível acessar todos os programas que discutiremos em seguida. No que tange ao armazenamento nas nuvens, dentre as várias opções gratuitas, temos o Google Drive e o OneDrive: ambas são ferramentas para armazenamento e sincronização de arquivos, visto que abrigam uma va- riedade de aplicações. Dentre elas, é possível salvar documentos, planilhas, apresentações, fotos, vídeos, arquivos e pastas. Muitos documentos precisam ficar disponíveis para a comunidade escolar, tais como o Projeto Político Pedagógico, o regimento escolar, o plano de trabalho docente e as prestações de conta. Em consequência disso, todos precisam estar na escola e, mesmo em formato impresso, eles podem estar disponíveis on-line. 201 UNICESUMAR Assim que você se formar e começar a trabalhar em uma escola, será necessário conhecer os seus documentos. Para que a equipe pedagógica e diretiva não gastem tempo procurando, é possível disponibilizar o link de acesso, pois, dessa forma, você terá o que precisa. Outro exemplo, é um pai que fará a matrícula do seu filho e precisa da ficha de cadastro. Para ace- lerar o processo, ela pode ficar disponível no drive, o que exige apenas o acesso, a impressão e a ida até a secretaria da escola. O compartilhamento de arquivos é fundamental para facilitar o trabalho das pessoas, além de ser possível que fiquem visíveis apenas para um grupo específi- co ou sejam públicos: cabe ao gestor fazer essas definições. Para iniciar a utilização do Google Drive, é preciso acessar o site: http://drive. google.com em um navegador de sua preferência. No caso do OneDrive, basta acessar o link: https://onedrive.live.com/. É significativo criar cada pasta e con- ceder o acesso às pessoas de acordo com os seus interesses, dado que, assim, é possível determinar por usuário se ele terá a possibilidade de visualizar o arqui- vo ou se poderá até mesmo criar, editar ou excluir. Depois de criada a conta, o drive já pode ser utilizado. A adição de arquivos pode ser por meio da criação de documentos ou uploads. Para fazer o upload de arquivos, você precisa arras- tá-los, como se estivesse movendo arquivos do seu computador, ou pode clicar em “Novo” e fazer o upload do arquivo. UNIDADE 5 202 Lembre-se de que a proposta é apre- sentar as ferramentas para você se aper- feiçoar. Depois de lido o conteúdo, você precisa acessar os links que foram disponibilizados e saber mais sobre os itens que deseja. Ficou difícil compreen- der? Detalhemos para que fique mais fácil. O upload também pode ser feito pela forma convencional, com as caixas de diálogo do sistema. Para isso, basta clicar em “Novo” e, em seguida, em “Upload de arquivo” ou “Fazer o upload de arquivos”, respectivamente. Em seguida, será aber- ta uma janela do sistema operacional para que você busque e selecione os arquivos desejados. Tanto o Google Drive quanto o OneDrive permitem ane- xar várias extensões de arquivos dentro do limite de cada versão. As versões gratuitas partem de 5 a 15 GB, dependendo da plataforma utilizada. Outra ferramenta para se trabalhar de forma colaborativa e on-line são os editores de texto, planilha e apresentação. O Google Docs é uma ferramenta localizada dentro do pacote Google Drive e está relacionada à produção de documentos de textos, planilha de cálculos, uma apresentação ou formulá- rios para coleta de dados em conjunto com outras pessoas de seu grupo. Para acessar a plataforma, é só digitar https://www.google.com/intl/pt-BR/docs/ about/ no navegador de sua preferência. Pela Microsoft (Office 365), não é muito diferente: você acessa todas as ferramentas similares e pode trabalhar on-line com vários outros colaboradores. Basta acessar https://login.live. com/ e usa-la de acordo com a sua necessidade. Os editores de texto são ótimas ferramentas para que professores e até mesmo a equipe pedagógica desenvolvam projetos, plano de trabalho docen- te, relatórios, avaliações e insiram sugestões. Dessa forma, é muito comum fazer a impressão dessas atividades e leva-las para a equipe fazer uma pré- -avaliação antes mesmo de aplicá-las. Essas atitudes podem ser resolvidas a partir do momento em que há arquivos on-line compartilhados, que agilizam o processo para a equipe pedagógica. No caso do Projeto Político Pedagó- 203 UNICESUMAR gico, que é um documento que precisa ser construído de forma coletiva, ele também pode estar disponível para consultas, sugestões, reavaliação, críticas, a fim de que todos tenham acesso e possam contribuir de alguma forma. São muitas as possibilidades que podem ser desenvolvidas e trabalhadas de forma compartilhada, inclusive, a publicação de comunicados. Resumidamente, é possível fazer a criação e o compartilhamento de seu trabalho on-line. Não só, mas também é permitida a formulação de documen- tos, planilhas e apresentações on-line, o compartilhamento, a colaboração em tempo real, a organização e o armazenamento de seu trabalho com segurança. São muitas as possibilidades, mas, assim como qualquer mudança de rotina, pode causar estranhamento. Contudo, tenha em mente que esse é um hábito que facilita os processos dentro de uma gestão e, consequentemente, ajuda o meio ambiente. Os usuários que estão acostumados com os programas da Microsoft Office estranharão as funcionalidades do Google Docs, porém, com pouco tempo de uso e diante do que proporciona, será fácil a utilização. E você? O que achou? Vale a pena conhece-las, visto que são plataformas que podem contribuir para a atividade do gestor. Além do mais, assim como já descrevemos no decorrer da unidade, a escolha de um editor de texto se relaciona com as necessidades do usuário. Não é possível defendermos o me- lhor ou mais eficiente, já que cada um apresenta características diferentes: basta se adaptar e aprimorar. Não há como falar de organização e, principalmente, de prestação de contas, sem a utilização de planilha. É claro que você pode utilizar outros programas, porém, para a criação de tabelas e gráficos, é fundamental o uso de programas específicos que agilizam o trabalho do gestor. Assim como já estudamos, as instâncias colegiadas têm um papel fundamental na escola e precisam acompanhar vários processos realizados pelo gestor. Em contrapar- tida, essas ações precisam ser repassadas as partes interessadas. Para que tudo seja aprovado, todos devem ter acesso ao que está sendo rea- lizado na escola, como o dinheiro que está sendo aplicado e as movimentações financeiras. Agora, imagine todo esse trabalho disponível on-line para consulta? Poder acompanhar a atuação da gestão não é ter uma atitude transparente? Por isso, a utilização de planilhas é de extrema importância, afinal, do mesmo modo que é possível o compartilhamento de textos, é possível partilhar planilhas. UNIDADE 5 204 Tratemos da utilização das planilhas. Muitos podem acreditar que só é pos- sível fazer planilhas com o Excel, da Microsoft, mas isso não é uma verdade. Existem outras opções de editor de planilhaseletrônicas. Em decorrência da familiaridade entre o Google e a Microsoft, os programas possuem recursos bem parecidos: inserir bordas, formatação de células, incluir imagens e desenhos, fazer comentários, criar gráficos e tabelas, e desenvolver fórmulas e funções. Enfim, são muitos recursos que podem ser utilizados por ambos os programas. A planilha do Google é bem similar a Excel, da Microsoft, porém, de acordo com o que deverá ser realizado, o caminho pode ser distinto. Ao acessar a barra de ferramentas, é possível localizar o que deseja fazer. Algumas limitações podem existir, mas, assim como já foi discutido, tudo dependerá das suas necessidades. Diante do fato de que a nossa proposta é o trabalho com essas ferramentas na sala de aula ou para uso do professor, a sua utilização pode ser muito útil. Para que se tenha um bom desempenho nas atividades, é importante que o diretor passe segurança para a sua equipe e para todos que estão envolvidos com a escola. Assim, dar a liberdade de ser avaliado ou até mesmo de receber opiniões ou sugestões das instâncias colegiadas é fundamental para uma gestão democrática. No entanto, pais, professores e até mesmo os alunos podem se sentir desconfortáveis na hora de expor as suas ideias frente ao gestor. Nesse contexto, suponha que exista um link que, ao acessa-lo, a comunidade escolar encontra um formulário em que é possível expressar anonimamente as suas angústias ou até mesmo sugerir ações a serem desenvolvidas na escola. Será que não haveria uma maior participação? É claro que os formulários existem para as mais diversas situações: o que apresentamos são sugestões do que pode ser feito para aprimorar ainda mais a participação da comunidade escolar. Outro exemplo que podemos destacar é a realização de uma pesquisa com alunos, pais, professores e equipes pedagógica, operacional e diretiva sobre os projetos a serem desenvolvidos na escola, a fim de se obter os resultados de forma organizada, os quais poderão ser elencados em forma de gráficos para compreen- der os dados. Isso já é possível com o Formulário Google e o Forms da Microsoft. Ambos captam e compilam as informações por meio de vários formatos de per- guntas, como a múltipla escolha, as listas suspensas e as escalas lineares: 205 UNICESUMAR “ O formulário construído pode ser disponibilizado através de um endereço eletrônico e, quando preenchido pelos respondentes, as respostas aparecem imediatamente na página do Google Forms do usuário que os criou. Essa é uma das principais vantagens no seu uso à visualização dos dados coletados. As respostas aparecem organizadas em uma tabela (...), onde cada coluna corresponde às resoluções de uma questão e cada linha corresponde a um respon- dente. Essa planilha pode ser exportada em diversos formatos, in- clusive como uma planilha Excel (MATHIAS; SAKAI, 2013, p. 7). Além de ser possível realizar uma exportação com programas compatíveis, é permitido inserir imagens e vídeos, realizar testes com corretor automático e até mesmo ramificar as perguntas de acordo com as respostas. A utilização desses recursos é fundamental para os gestores que precisam de respostas imediatas e já organizadas em planilhas. Além disso, é importante destacar que cada gestor tem as suas necessidades e deve se adaptar conforme aquilo que realmente precisa em sua função. Portanto, a nossa proposta é a de mos- trar que é possível usar recursos tecnológicos para facilitar a organização do gestor e até mesmo a aceleração dos processos. Você, acadêmico(a) de Pedagogia, perceberá que professores, tutores e coordenadores utilizam as ferramentas digitais para expor as suas ideias e os seus ensinamentos devido à simplicidade e à objetividade que possibilitam ou a fim de repassar as informações de forma rápida e dinâmica. A apresentação de slides é algo que faz parte da vida do docente e até mesmo do gestor, ao conduzir reuniões ou ao ministrar aulas. No ensino superior, nós, professores, a utilizamos para fazer as nossas aulas conceituais, mapas, lives, atividades e dentre várias outras ações. Com esse recurso, é possível criar slides ou abrir um já existente, assim como o Powerpoint. Pode-se, ainda, apresentar de forma on-line, sem a ne- cessidade de qualquer outro programa. Com esse aplicativo, é possível inserir tabelas, imagens, desenhos, vídeos do Youtube, formas geométricas, caixa de texto e outras apresentações de slides. Por fim, também é possível escolher um modelo já pronto ou criar um de acordo com as suas necessidades. UNIDADE 5 206 Um grande desafio por parte dos pedagogos e da equipe pedagógica e di- retiva é a montagem do calendário escolar. Essa é uma atitude difícil, porque é ele que define todas as ações que serão feitas no ano seguinte. Certamente, sempre haverá alguma alteração devido aos fatores que não cabem ao ges- tor, mas uma coisa é fato: é necessário que o calendário seja bem elaborado e contemple todas as previsões legais. É por intermédio do calendário que toda a escola e até mesmo a comunidade escolar realizará o planejamento do ano letivo, ou seja, ele precisa ser acessível à parte interessada. Será que é possível fazer isso de forma on-line? A resposta é sim! Com o Google Agenda e o Calendário da Microsoft, a equipe responsável pelo planejamento pode disponibilizar o calendário para a comunidade escolar. O Google Agenda e o Calendário da Microsoft estão disponíveis na Web e, com eles, é possível adicionar e controlar eventos e compromissos, com- partilhar a programação com outras pessoas, agregar diversas agendas pú- blicas a sua e dentre outras funções. Eles também podem ser sincronizados com o seu e-mail ou dispositivo eletrônico que tenha acesso à Internet. Para usar a Google Agenda, acesse: https://calendar.google.com. Já para conhecer o Calendário da Microsoft, acesse: https://outlook.office365.com/calendar. Com a agenda, é possível compartilhar compromissos com outras pessoas e o aplicativo pode ser acessado por qualquer dispositivo móvel. Os recursos tecnológicos foram apresentados pensando justamente em uma escola inserida no meio digital, que facilita a comunicação entre pro- fessores, pais, alunos e equipe pedagógica e diretiva. Assim como acontece com vários elementos de nossa vida, precisamos de adaptação. O gestor não pode simplesmente afirmar que transformará a comunicação da escola, mas é preciso um trabalho coletivo, em que todos estejam abertos a pensar de for- ma digital. Devemos utilizar a tecnologia a nosso favor e, consequentemente, tornar a comunicação mais eficaz e efetiva. O USO DAS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Falar em gestão escolar, dentre várias outras funções, é se preocupar com a for- mação dos professores. São vários os desafios encontrados diariamente dentro https://calendar.google.com 207 UNICESUMAR do ambiente escolar e isso faz com que os educadores tenham condições de lidar com o diferente. A diversi- dade presente na escola é de suma importância, pois con- tribui para que a comunidade escolar compreenda o “outro” e, principalmente, respeite os que estão presentes. Para que seja possível trabalhar com o “diferente”, é necessária uma formação que permita que o gestor, em conjunto com a equipe pedagógica, estabeleça pautas a serem discutidas no curso de formação. Em todo início de ano letivo, os professores passam por uma formação, tam- bém conhecida como “semana pedagógica”. Nela, são trabalhados temas de di- versas áreas e é nesse momento que todos que fazem parte da escola precisam fazer uma reflexão e estabelecer ações para resolver os problemas que venham a acontecer dentro da escola. Assim como já destacamos, a escola é um local que proporciona aos indivíduos não somente o conhecimento científico, mas eviden- cia a convivência em sociedade. Contudo, para que isso ocorra, é necessário que os docentes tenham dimensão da sua importância enquanto mediadores nessa jornada e o gestor, em conjunto com a equipe,deve levantar pautas e discutir assuntos que fazem parte da realidade da comunidade escolar. Título: Entre os muros da escola Ano: 2008 Sinopse: o professor François Marin assume aulas em um colégio de periferia em Paris, na França. A maioria de seus alunos é imigrante e ele tem como função ensinar o idioma local. Além disso, o professor tem um grande desafio no que tange à disciplina, tendo em vista que os alunos não se importam com a matéria, o que dificulta a execução do seu trabalho. Os discentes, a todo momento, resistem em atender às solicitações do professor, o que gera um clima desagradável para toda a turma. Além do descaso por parte dos discentes, há a falta de educação, que é constante durante o ano letivo. EU INDICO UNIDADE 5 208 São vários os temas que podem ser abordados na semana pedagógica. Alguns exemplos são: ensino-aprendizagem na era digital; metodologias; práticas; direitos humanos; educação ambiental; diversidade; racismo; xenofobia; de- sigualdades sociais; inclusão; acessibilidade; tecnologias educacionais; in- disciplina; educação financeira; metodologias ativas; projetos educacionais; pesquisa científica; bullying; e ciberbullying. Essas pautas podem ser traba- lhadas em conjunto com os professores no ambiente escolar e esse momen- to é muito importante para a realização de uma reflexão sobre os aspectos sociais, políticos, culturais, econômicos e tecnológicos. O uso das tecnologias é fundamental para a formação dos professores, a fim de que seja desenvolvido o conhecimento científico e elucidado o modo de pratica-lo com os alunos. Além disso, utilizar os recursos digitais é fazer com que o professor tenha olhares diversos sobre o mesmo tema. Exemplo disso é quando um conteúdo está exposto no livro didático e o docente realiza um contraponto com o que está disponível nas redes, a fim de promover uma reflexão se aquilo que está expresso faz parte, ou não, da realidade dos alunos. Esse momento é de reflexão, sobretudo quando acontece dentro do ambiente escolar. Por isso, é importante que o gestor elabore pautas e as problematize com todos os que fazem parte da formação. Vale destacar as particularidades de cada disciplina, porém a formação não é exclusivamente voltada para um conteúdo que os professores já dominam, mas se relaciona com os assuntos que estão sendo discutidos nos ambientes escolares. Os assuntos que permeiam os alunos e os professores não precisam se restringir apenas a um docente ou até mesmo a uma disciplina. Lembre-se de que estamos tratando de gestão democrática e a participação da comuni- dade escolar é fundamental para que seja possível transformar a sociedade e, consequentemente, a escola cumpra a sua função social. A responsabilidade de uma boa educação ou até mesmo uma boa escola não pode ser atribuída apenas a uma disciplina, um professor ou equipe pedagógica e diretiva, mas todos devem assumir o compromisso de fazer com que aquele conhecimento faça a diferença na sociedade. Devemos ressaltar a importância das instâncias colegiadas, ao assumirem o compromisso com a escola, compreenderem as diferenças e ao colocarem em prática o respeito pelo outro. 209 UNICESUMAR Conscientes da importância do professor no processo ensino-aprendizagem, sentía- mos a necessidade de investirmos no professor, em sua formação inicial e continua- da, pensando em uma forma de contribuirmos para a reversão do quadro apontado. Percebemos a urgência e a necessidade de estudos sobre a relação do professor com as novas práticas de leitura-escrita digital e com os processos de aprendizagem neste tempo de inovações tecnológicas. Consideramos que, na formação dos professores, tanto inicial quanto continuada, poucas e incipientes têm sido as iniciativas capazes de apontar saídas reais ou de contribuir de forma eficiente com um trabalho que integre a questão da aprendizagem, com o computador e a internet, presentes na contempo- raneidade. Preocupando-nos com essa situação, e acreditando que o mundo acadê- mico pode e deve contribuir com seus esforços investigativos para trazer um avanço a essas questões, enfrentamos uma nova pesquisa. Fonte: Freitas (2009, p. 58). EXPLORANDO IDEIAS O gestor precisa compreender que à medida que a sociedade traça novos caminhos e realiza novas escolhas, a escola também precisa fazer o mesmo. Assim, sair da linha tradicional e trilhar novos caminhos são importantes dentro do contexto tecnológico. A ideia não é transformar o ambiente escolar em um mundo digital, até mesmo de- vido à falta de estrutura das escolas, porém é preciso compreendermos que a cultura tecnológica e o ciberespaço estão aumentando em uma velocidade muito rápida. A cada dia, os nossos alunos conhecem e adquirem informações de forma muito mais rápida do que os próprios professores, que ainda resistem em fazer uma leitura do mundo digital. Se eu desejo que o discente tenha condições de ser um sujeito crítico e tenha a capacidade de se comunicar de forma eficiente, os professores tam- bém precisam ter essa preocupação. A aproximação das diversas realidades pelo mundo faz com que os alunos se tornem mais engajados e se comprometam com os assuntos levantados na escola. O curso de formação precisa garantir que o professor tenha as competências necessárias para gerar, nos alunos, novas habilidades e competências, ou seja, formas de compreender o mundo em que vivem. O gestor escolar não pode admitir profes- sores que não tenham condições de fazer uma leitura do mundo digital, da mesma forma que os docentes não podem aceitar uma formação que não seja eficiente e não lhe proporcione uma reflexão aprofundada. UNIDADE 5 210 As próprias metodologias e as práticas em sala de aula precisam estar em constante mudança. O trabalho deve ser coletivo e constantemente avaliado, ao apresentar as deficiências e a sua possível resolução. Por isso, a formação docente não pode ser compreendida apenas como um trabalho burocrático que precisa ser feito, mas como algo que permite que os professores façam uma reflexão sobre aquilo que estão realizando. No decorrer da unidade, procuramos apresentar a importância das Tec- nologias de Informação e Comunicação (TICs) para o gestor. Além dessa discussão, foi possível observar a importância da formação dos professores não apenas para colocar em prática os assuntos pedagógicos enquanto prá- ticas e metodologias, mas para formar pessoas críticas e reflexivas por meio do uso das tecnologias. Ter um corpo docente qualificado faz toda a diferença no processo de ensino-aprendizagem, afinal, para construirmos uma escola que realmente cumpra a sua função social, é necessário um trabalho colabo- rativo e que possibilite o fortalecimento da escola pública e de qualidade. Considerando todos os avanços tecnológicos presentes em nossa so- ciedade, não podemos argumentar que a falta de comunicação venha ser um motivo ou até mesmo uma desculpa para não se informar. Tudo o que fazemos ou podemos fazer precisa ter um elo que visa fortalecer a comunicação em várias fren- tes. Além disso, o gestor precisa estar alinhado com a sua equipe diretiva e pedagógica e com o seu corpo docente, ao passo que o inverso também é necessário, a fim de que não haja falhas de comunicação. Tudo isso objetiva a criação de um ambiente em que a boa comunicação venha a ser a base da relação entre os sujeitos. O mesmo processo também deve ocorrer entre professores, alunos e todas as instâncias colegiadas presentes. Uma escola forte é colaborativa, ou seja, aquela em que todos participam, de- senvolvem as suas funções e colocam em prática o conhecimento adquirido. 211 UNICESUMAR Estamos rodeados de tecnologia e precisamos usar essa ferramenta para desen- volver novas habilidades, fortalecer a comunicação e criar novas práticas e meto- dologias no processo de ensino-aprendizagem. Precisamos ter a consciência de que falar de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) não é apenas fazeruma pesquisa com os alunos em um laboratório de informática, mas abrange outros aspectos. Além do mais, precisamos de professores cada dia mais engajados e que utilizem várias ferramentas na sala de aula, para que o discente tenha a possibilida- de de conhecer outras ideias e até mesmo informações, o que atrela a qualidade ao ato de educar. Não podemos pensar em uma escola que apenas oferece ao seu aluno um conteúdo teórico, mas é necessário que ele esteja integrado com a realidade digital, a fim de que o sujeito flexibilize vários papéis na sociedade. Para que os professores tenham condições de exercer a sua função dentro des- se mundo digital, é necessário que recebam uma formação sobre esses temas. Essa atitude gera docentes alinhados com os objetivos da escola e é nesse âmbito que se encontra a importância da formação continuada. O papel do gestor é fundamental nesse processo, visto que é ele que precisa liderar a sua equipe, fazer uma leitura das reais necessidades e compreender que a escola não é um espaço que não possibilita discussão, reflexão e problematização entre seus pares. Muito pelo contrário, estar aberto a discussão é fundamental, afinal, as pessoas só se desenvolvem a partir do momento em que elas estão abertas ao diálogo. Dessa forma, nos dias atuais, não há como falar de formação sem o uso das tecnologias educacionais. Portanto, é preciso pensar e executar os processos com base na realidade a qual o aluno está inserido, a fim de obter mais sucesso no processo educacional. A plataforma Google e sua utilização Convido-lhe a aprender um pouco mais sobre a pla- taforma Google e a sua utilização na gestão escolar. É importante destacar que cada gestor utilizará esse recurso de acordo com as suas necessidades. Por isso, cada item tem as suas funcionalidades e finalidades. Alguns recursos, tais como o editor de texto, a planilha, a apresentação e a videoconferência, têm a premissa de deixar a gestão mais participativa e democrática. Portanto, utilizá-los dará agilidade à comunicação. Va- mos aprender mais sobre essa plataforma? https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6246 212 AGORA É COM VOCÊ 1. Segundo Prata (2020, p. 13), “a formação continuada dos profissionais da edu- cação (direção, pedagogos, professores e outros) é uma condição estratégica de atualização e promoção que, consequentemente, contribui para a melhoria da qualidade de ensino/aprendizagem e criação de novos modelos de gestão. Essa condição pode cumprir-se com rapidez e extensão através da tecnologia, mediante o uso dos recursos da TV, vídeos e informática e na criação de redes virtuais de informação e produção de conhecimentos. Dentre os recursos que tem auxiliado esse processo através da informática/internet destacam-se o correio eletrônico (meio de comunicação para envio e recepção de mensagens eletrônicas), listas de discussão ou fóruns (formado por pessoas e grupos que têm como objetivo a discussão de determinado assunto), chat (permite a conversa entre pessoas de forma interativa e em tempo real), teleconferências (conferências que envolvem usuários fisicamente distantes podendo envolver a transmissão e o recebimento de texto, som e imagem). Esses recursos devem subsidiar metodologias voltadas para aprendizagens, habilidades e competências que o professor queira desen- volver com seus alunos”. PRATA, C. L. Gestão escolar e as tecnologias. In: ALMEIDA, M. E. B. de. et al. (org.). Formação de gestores escolares. São Paulo: Takano Editora e Gráfica, 2002. p. 13-84. Com base no que foi apresentado e em relação à formação docente por meio da tecnologia, analise as asserções a seguir: I - Saber realizar uma leitura das tecnologias dentro do conteúdo que ministra na sala de aula faz com que o aluno tenha um engajamento maior, uma vez que é considerada a realidade ao qual ele vive. II - Os professores e os gestores precisam estar alinhados com as tecnologias, devido às mudanças que ocorrem na sociedade. Assim, consequentemente, devem buscar outras formas de facilitar a comunicação. III - O professor não pode considerar a tecnologia como algo que irá substituí-lo, mas que proporcionará outros olhares ao discente, ao relacionar o que está no livro didático e as informações disponíveis nas redes. IV - Professores capacitados e que utilizam os recursos tecnológicos tornam o trabalho mais organizado, proporcionando uma maior eficiência nos processos. É correto o que se afirma em: 213 A G O R A É C O M V O C Ê a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 2. Moran (2003, p. 152) sustenta que “um diretor, um coordenador tem nas tecnologias, hoje, um apoio indispensável ao gerenciamento das atividades administrativas e peda- gógicas. O computador começou a ser utilizado antes na secretaria do que na sala de aula. Neste momento há um esforço grande para que esteja em todos os ambientes e de forma cada vez mais integrada. Não se pode separar o administrativo e o pedagógico: ambos são necessários. Numa primeira etapa privilegiou-se o uso do computador para tarefas administrativas: cadastro de alunos, folha de pagamento. Depois, os computa- dores começaram a ser instalados em um laboratório e se criaram algumas atividades em disciplinas isoladas, em implementação de projetos. As redes administrativa e pe- dagógica, nesta primeira etapa, estiveram separadas e ainda continuam funcionando em paralelo em muitas escolas. Encontramo-nos, neste momento, no começo da inte- gração do administrativo e do pedagógico do ponto de vista tecnológico”. MORAN, J. Gestão inovadora da escola com tecnologias. In: VIEIRA, A. (org.). Gestão educacional e tecnologia. São Paulo, Avercamp, 2003. p. 151-164. Com base no que foi apresentado e em relação à gestão e à tecnologia, analise as asserções a seguir: I - A plataforma Google possibilita que gestores tenham mais organização e efi- ciência em suas atividades. Além disso, o seu uso se dá de acordo com cada aplicativo. II - Ter o calendário escolar disponível no Google Agenda limita a comunicação, difi- cultando o trabalho do pedagogo no momento de elaborar o planejamento anual. III - A prestação de contas é uma forma de apresentar os gastos e os investimentos da escola com a comunidade escolar. A utilização do Microsoft Excel dificulta o entendimento desses dados e é necessária a utilização de uma planilha on-line. IV - Editores de texto, tais como o Word e o Excel, ajudam o pedagogo no momento de organizar as suas atividades, possibilitando que o Projeto Político Pedagó- gico fique disponível on-line para consulta. É correto o que se afirma em: 214 A G O R A É C O M V O C Ê a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 3. De acordo com Alonso ([2021], p. 6), “é possível afirmar que tanto o clima como a cultura da escola são fatores importantes que condicionam em grande parte a ação docente influenciando os resultados das práticas que se desenvolvem em sala de aula e da apren- dizagem do aluno. É nesse espaço que se pode notar a importância da gestão como elemento facilitador ou obstaculizador do trabalho pedagógico. Além disso, é do conhe- cimento efetivo da comunidade escolar e de suas reais necessidades que deve alimen- tar-se a direção para definir a sua proposta de ação e aplicação dos recursos existentes. Enquanto responsável último pelo desempenho escolar compete ao dirigente prover as condições necessárias para que o trabalho pedagógico possa desenvolver-se da melhor forma possível e de acordo com a Proposta Pedagógica estabelecida em conjunto com a comunidade escolar. Ao tempo que se espera do diretor uma ação provedora das condições e facilitadora desse trabalho, é de se supor que ele desenvolva instrumentos adequados de acompanhamento e orientação das atividades pedagógicas, permitindo a ele e aos demais educadores o controle dessas ações segundo critériosclaramente estabelecidos com os professores e demais membros da comunidade escolar”. ALONSO, M. Gestão escolar: revendo conceitos. [S. l.: s. n.], [2021]. Disponível em: http://www.eadconsultoria.com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/texto06.pdf. Acesso em: 20 jan. 2021. Com base no que foi apresentado e em relação à gestão e à tecnologia, analise as asserções a seguir: I - Embora o trabalho da escola venha a ser muito burocrático, principalmente o da equipe diretiva, utilizar as tecnologias para otimizar os trabalhos permite que os setores possam se comunicar mediante os recursos corretos. II - Cabe ao gestor fazer com que os professores utilizem a ferramenta tecnológica voltada para a educação. Assim, permanece em segundo plano a formação es- pecífica, ou seja, o diretor orienta os professores a utilizarem os recursos digitais sem a necessidade de uma formação específica. III - As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) permitem que o professor avance no modelo tradicional de aula e apresente novas formas de ensinar e até mesmo de aprender aos alunos. 215 A G O R A É C O M V O C Ê IV - Considerando a realidade a qual o professor está inserido e o aluno, que já está vinculado ao mundo digital, é necessário criar formas de engajar o discente, para que ele tenha condições de interpretar o que está disponível nas redes. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III, apenas. d) I, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 4. Segundo Cavalli (1992, p. 243, tradução nossa), “os professores estão, na sua esma- gadora maioria, agudamente conscientes da inadequação da formação profissional recebida; eles se sentem jogados na água sem que ninguém esteja preocupado em ensiná-los a nadar. De um lado, eles julgam quase sempre suficiente a preparação disciplinar obtida, mas se sentem desguarnecidos na linha de frente do conhecimen- to dos problemas educativos, dos processos de aprendizagem na idade evolutiva, das metodologias didáticas gerais (programação curricular, avaliação etc.) e das me- todologias didáticas específicas da matéria ensinada”. CAVALLI, A. Insegnare oggi: prima indagine IARD sulle condizioni di vita e di lavoro nella scuola italiana. Bologna: Il Mulino,1992. Com base no que foi apresentado e em relação à formação de professores, analise as asserções a seguir: I - Professores precisam utilizar o espaço de formação para debater os assuntos que são relevantes para a sociedade, afinal, os estudantes de hoje serão os profissionais do futuro. II - O curso de formação docente é um processo importante. Nele, o gestor pre- cisa conduzir e ouvir os anseios dos professores, para que, no ano recorrente, venha a ser possível resolver os problemas do passado, garantindo uma maior efetividade nos reais problemas da escola. III - O gestor precisa garantir que os professores tenham a capacidade específica de suas disciplinas, tendo em vista que muitos docentes, mesmo frequentando a sala de aula, esquecem-se dos conteúdos que precisam ser aplicados com os alunos. IV - Deve ser revista a necessidade de discussão sobre as tecnologias educacionais nas formações de professores, tendo em vista o distanciamento desse tema com o contexto atual. 216 A G O R A É C O M V O C Ê É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 5. De acordo com Belloni (1998, on-line), “a escola é agora apenas mais uma entre as muitas agências especializadas na produção e na disseminação da cultura. Em concorrência com as diferentes mídias, a escola tende a perder terreno e prestígio no processo mais geral de transmissão da cultura e particularmente no processo de socialização das novas gerações, que é sua função específica. Num mundo cada vez mais ‘aberto’ e povoado de máquinas que lidam com o saber e com o imaginário, a escola apega-se ainda aos espaços e tempos ‘fechados’ do prédio, da sala de aula, do livro didático, dos conteúdos curriculares extensivos, defendendo-se da inovação. No campo da comunicação, duas tendências aparentemente contraditórias delineiam-se claramente: de um lado, uma extrema concentração da produção globalizada de bens culturais com base na publicidade; de outro, uma fragmentação cada vez mais acentuada de textos, máquinas, meios, mitos, linguagens e públicos que se mesclam, se adaptam e transformam as diversidades culturais”. BELLONI, M. L. Tecnologia e formação de professores: rumo a uma pedago- gia pós-moderna? Educução & Sociedade, Campinas, v. 19, n. 65, p. 143-162, 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S0101-73301998000400005&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 21 jan. 2021. Sobre as tecnologias educacionais no ambiente escolar, assinale a alternativa correta: a) Educar pelas mídias é uma forma de problematizar as questões sociais recorrentes na sociedade, permitindo que a discussão seja efetuada de forma interdisciplinar. b) Com o avanço das mídias, a escola deixa de ser um ambiente que visa ao conhe- cimento e passa a ser um espaço focado na informação. c) Com o avanço das tecnologias, a função do professor deixa de ser a de ensinar para mediar o processo de ensino e aprendizagem. d) As mídias são uma opção de conhecimento de caráter normativo que prevê a in- clusão de todos os conteúdos de forma igualitária, ou seja, respeita a diversidade dentro dos ambientes escolares. 217 A G O R A É C O M V O C Ê e) O plano de trabalho docente precisa ser voltado para as mídias digitais, propor- cionando, ao aluno, novas formas de conhecimento sem precisar do auxílio das instituições de ensino. 6. Segundo Menezes e Silva (2020, p. 18), “termos como letramento digital, multimo- dalidade, hipertextualidade e gêneros digitais já não são exatamente uma novidade no meio acadêmico científico. Muito tem se discutido acerca das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação – as NTIC – e sobre a utilização desses recursos no processo de ensino-aprendizagem, devido à ampla adesão por pessoas de diferen- tes classes sociais e ao constante surgimento e crescimento de novas plataformas digitais. Tendo em vista que a internet e suas tecnologias, hoje em dia, são partes essenciais no cotidiano da grande maioria, nos mais diversos contextos, formais e in- formais, e que há inúmeras pesquisas voltadas para essa realidade contemporânea, é de se esperar que a escola acompanhe as inovações de uma sociedade virtual, cada vez mais acelerada, com praticamente tudo a um clique de distância. É necessário, portanto, investigar esses espaços digitais e refletir sobre o que podemos considerar como novos espaços de leitura e escrita”. MENEZES, G. de F.; SILVA, H. M. de L. Ciberespaço, cibercultura e formação de jovens leituras: desafios e possibilidades no ensino médio. In: SILVA, H. M. de L. (org.). Da teoria à práxis: o Pibid Língua Portuguesa da UFPB. João Pessoa: Ideia, 2020. p. 18-32. Sobre o ciberespaço e a cibercultura, assinale a alternativa correta: a) Com o avanço das bibliotecas físicas nas escolas públicas, os alunos podem nave- gar pelos livros, rompendo os espaços que existem do mundo analógico e digital. b) Com o avanço das tecnologias, os livros impressos foram ganhando espaço, de- mocratizando a leitura em vários níveis de ensino. c) Os espaços digitais foram se transformando em físicos, devido à demanda exis- tente para o público jovem, que prefere o contato com o livro. d) O uso dos livros didáticos é o primeiro passo para se ter contato com a informa- ção, tendo em vista o acesso aos hiperlinks disponíveis. e) Com o avanço das tecnologias, as bibliotecas físicas perderam espaço para os laboratórios de informática, rompendo os muros da escola e trazendo novas formas de aprender e ensinar. 218 A G O R A É C O M V O C Ê 7. De acordo com Carneiro, Lopes e Campos Neto (2018, p. 403), “um dos principais exemplos concretosda inserção de elementos típicos da EaD nos espaços educa- cionais tradicionais, está na utilização das plataformas digitais de aprendizagem. Plataformas estas, que correspondem ao principal canal e meio pedagógico tipi- camente característico da Educação a Distância (EAD). No entanto, mesmo nesse contexto inovador em que diferentes espaços (presencial e virtual) e as tecnologias digitais têm convergido, é perceptível que alguns professores ainda demonstram forte resistência quanto à prática com os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) em atividades de ensino. Por outro lado, diferentemente destes, temos aqueles que têm vontade de conhecer e trabalhar com AVAs, que compreendem seu valor pedagógico e potencial para interações, que podem em última instância resultar em aprendizagem. Considerando, portanto, a utilização destas plataformas educa- cionais em atividades de ensino-aprendizagem como uma atitude empreendedora do profissional docente - haja vista, existirem inúmeras barreiras para integração destes ambientes nos espaços escolares, que vão desde a infraestrutura escolar (acesso à computador e internet), quanto à formação docente (para o uso das TICs) -, temos que estes, além de compreenderem os valores e potenciais pedagógicos dos ambientes virtuais para desenvolverem atividades de ensino-aprendizagem, estão assim, significativamente correlacionado e/ou aproveitando esse potencial dos jovens que convivem constantemente com as tecnologias, com as atividades diárias de ensino-aprendizagem”. CARNEIRO, J. R. S.; LOPES, A. S. B.; CAMPOS NETO, E. B. A utilização do Google Sala de Aula na Educação Básica: uma plataforma pedagógica de apoio à Educação Contex- tualizada. In: WORKSHOP DE INFORMÁTICA NA ESCOLA, 24., 2018, Fortaleza. Anais [...]. Fortaleza: WIE, 2018. Com base no que foi exposto e em relação às plataformas digitais, analise as asser- ções a seguir: I - A plataforma Google, embora seja gratuita, carrega várias limitações de uso, uma vez que exige vários logins para acessar os recursos disponíveis. II - A plataforma Google e o Office 365 são ferramentas digitais que podem ser utilizadas em qualquer dispositivo com acesso à Internet, tais como tablets, smartphones e desktops. 219 A G O R A É C O M V O C Ê III - Com o Google Docs e o Word 365, é possível disponibilizar o Projeto Político Pedagógico das instituições de ensino, para que a comunidade escolar tenha acesso e realize sugestões. IV - Com o Excel 365 e o Google Planilhas, é possível que o gestor disponibilize a prestação de contas da escola de forma on-line. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 8. Mapa de empatia: Aqui, o estudante fará a sua autoavaliação, uma espécie de checklist, mas em um formato mais divertido. 9. Um mapa mental ou conceitual Olá, acadêmico(a)! Chegamos ao fim de mais uma unidade e, neste momento, é importante que você organize as suas ideias para que seja fácil no momento de realização de alguma atividade, avaliação e até mesmo concurso público. Por isso, os mapas mentais ou conceituais são fundamentais para organizar os conceitos que a unidade propõe. Pensando nisso, proponho alguns termos-chave que pre- cisam estar evidentes diante do contexto estudado. Esta unidade tratou da gestão escolar e da tecnologia. Definições de cibercultura e de ciberespaço, Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), formação docen- te, plataformas digitais, diferenças entre a plataforma Google e o Office 365 e as suas funcionalidades, editor de texto, planilha, apresentação de slide e programas utilizados para videoconferência. Esses são termos importantes que você precisa saber no momento de compreender a unidade. Aproveite este momento para construir o seu mapa mental/conceitual incluindo os aspectos mais importantes sobre a utilização de tecnologias educacionais na gestão escolar. 220 C O N FI R A S U A S R ES P O ST A S 1. Alternativa E. Todas as asserções estão corretas. Aplicar tecnologias educacionais no processo de en- sino-aprendizagem contribui para que os alunos se engajem, tendo em vista a cultura a qual estão inseridos, assim como professores e gestores precisam estar alinhados com esses recursos. As tecnologias não substituem o trabalho do professor, mas o facilitam, no momento de expor os seus conteúdos. Além disso, a capacitação é fundamental para que as tecnologias sejam utilizadas de forma eficiente. 2. Alternativa A. A plataforma Google permite que gestores tenham mais organização e eficiência em suas atividades, mas a sua utilização deve acontecer de acordo com cada aplicativo. O calendário escolar pode ser disponibilizado on-line, assim como a prestação de contas e até mesmo o regimento escolar. 3. Alternativa D. A asserção II afirma que a formação docente precisa ficar em segundo plano, o que não é correto. Para que os professores tenham condições de desenvolver as suas atividades, é necessária uma formação adequada. 4. Alternativa B. As asserções III e IV estão erradas, tendo em vista que o gestor não precisa garantir que os professores tenham capacidade específica das suas disciplinas. O que precisa ser trabalhado não é conteúdo, mas como aplicar as metodologias e as práticas. A discussão voltada para as tecnologias educacionais, na formação de professores, precisa ser revista, visto que os adolescentes dominam os smartphones. 221 C O N FI R A S U A S R ES P O ST A S 5. Alternativa A. Educar pelas mídias é uma forma de problematizar problemas sociais recorrentes na socie- dade, permitindo que a discussão seja efetuada de forma interdisciplinar. Os professores precisam utilizar as mídias para mostrar ao aluno as mais diversas formas de informação e como fazer uma reflexão sobre o tema. 6. Alternativa E. Tendo em vista os avanços das tecnologias, as bibliotecas físicas foram perdendo espaço para os laboratórios de informática, rompendo os muros da escola e trazendo novas formas de aprender e ensinar. Existem várias formas e lugares a que os alunos podem buscar informação, ou seja, o professor precisa apresentar as possibilidades e problematizá-las com os alunos. 7. Alternativa D. A plataforma Google e o Office 365 são ferramentas digitais que podem ser utilizadas em qualquer dispositivo com acesso à Internet, tais como tablets, smartphones e desktops. Pelo Google Docs e o Word 365, é possível disponibilizar o Projeto Político Pedagógico das instituições de ensino para que a comunidade escolar tenha acesso e insira sugestões. Além do mais, com o Excel 365 e o Google Planilhas, é possível que o gestor disponibilize a prestação de contas da escola de forma on-line. 222 REFERÊNCIAS UNIDADE 1 ALVES, G. Dimensões da Reestruturação Produtiva: ensaios de sociologia do trabalho. 2. ed. Londrina: Práxis, 2007. ANDREOTTI, A. L. A administração escolar na Era Vargas e no Nacional-Desenvolvimentismo (1930- 1964). Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. especial, p. 102-123, ago. 2006. Disponível em: http://escolas.educacao.ba.gov.br/system/files/private/midiateca/documentos/2014/administra- cao-escolar-na-era-vargas.pdf. Acesso em: 10 dez. 2020. BRZEZINSKI, I. Pedagogia, pedagogos e formação de professores: busca e movimento. Campi- nas: Papirus, 1996. CARVALHO, E. J. Gonçalves. Reestruturação produtiva, reforma administrativa do Estado e gestão da educação. Rev. Educ. Soc., Campinas, v. 30, n. 109, p. 1139-1166, set./dez. 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/es/v30n109/v30n109a11.pdf. Acesso em: 10 dez. 2020. CASTELLS, M. A sociedade em rede. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. EM FOCO - Heloisa Lück. [S. l.: s. n.], 12 jun. 2013. 1 vídeo (25 min). Publicado pelo canal TV USC. Disponível em: https://youtu.be/Ii67fV1Wp74. Acesso em: 10 dez. 2020. FAYOL, H. Administração Insdustrial e Geral: previsão, organização, comando, coordenação, controle. 10. ed. São Paulo: