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Retardo Mental
O retardo mental é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como“...a parada do desenvolvimento ou o desenvolvimento incompleto do funcionamento intelectual, caracterizados essencialmente por um comprometimento, durante o período de desenvolvimento, das faculdades que determinam o nível global de inteligência, isto é, das funções cognitivas, de linguagem, da motricidade e do comportamento social..." e Segundo Vasconcelos (2004), é um transtorno extremamente heterogêneo no que se trata de sua origem, podendo ser definido como um grupo que possui o desenvolvimento adaptativo e intelectual abaixo da média, e pode se iniciar antes dos 18 anos de idade. 
É possível dizer ainda, conforme o autor acima, que a ocorrência de diversos transtornos mentais é mais comum nesse grupo do que na população em geral. Posto que estes sejam essencialmente os mesmos distúrbios que afetam este grupo com retardo mental; as manifestações clínicas podem ser diversas, de acordo às contingências de cada indivíduo e suas capacidades, o que pode obscurecer os sintomas comportamentais claramente observáveis.
De acordo com a American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD) – antiga American Association on Mental Retardation (AAMR) – a deficiência intelectual é designada por limitações significativas tanto no que se refere ao funcionamento intelectual (como chamamos a inteligência) quanto ao comportamento adaptativo, o que abrange muitas habilidades sociais e práticas da vida diária.
Alguns fatores que podem desencadear o retardo mental, também chamado de fatores etiológicos, estão as condições biológicas ou principalmente psicossociais (ou uma combinação de ambos). Em aproximadamente 50% dos indivíduos examinados em contexto clínico, não é possível determinar a causa da deficiência intelectual, apesar dos extensos esforços de avaliação (RITTEY, et.al 2003).
O retardo mental é mais comumente identificado em pessoas do gênero masculino e isso ocorre pelas modificações nos genes do cromossomo x e a identificação se baseia em três parâmetros: o aparecimento dos sintomas antes dos 18 anos conforme já dito acima; o desempenho intelectual que fica abaixo da média, e é evidenciado pela medição do (QI) quociente de inteligência de 70 para baixo; e falta de habilidades adaptativas em pelo menos dois dos campos: a forma de se comunicar, autocuidado, as relações sociais/interpessoais, auto orientação, desempenho nos estudos, no ambiente de trabalho, em seu lazer e atividades simples do dia a dia. Um QI acima de 85 é considerado normal e pessoas com pontuação de 71 a 84 são consideradas deficientes intelectuais (Rittey, 2003).
Considerando os coeficientes ditos acima, a Organização Mundial da Saúde (1993), classifica-o em retardo mental leve (F-17) e vai até o retardo mental profundo (F-73). Tem-se ainda o (F-78) e (F-79) que respectivamente são: outro retardo mental e o retardo mental não especificado. 
Segundo Schalock et al. 2010, o retardo mental é ​​frequentemente diagnosticado tardiamente ou nem sequer ocorre porque geralmente se apresenta de forma não sindrômica ou está associada a elementos dismórficos menores que passam despercebidos durante o exame médico. É caracterizada por dificuldades de aprendizagem não muito graves. Já a deficiência intelectual moderada está associada a dificuldades de aprendizagem significativas. Caracteriza-se pela aquisição de competências simples que permitem a comunicação social, um certo grau de independência e uma vida semi-independente.
Como as causas da DI são diversas, elas são geneticamente determinadas ou não. Em 2005, estimou-se que 25% dos casos eram genéticos; 25% ambiente original (adquirido) e 50% causa desconhecida ou multifatorial (fumaça). Em geral, metade dos pacientes que buscam auxílio na medicina não conseguem um diagnóstico definitivo, principalmente quando se trata do grau leve sem demais associações (XU e CHEN, 2003).
Dentre as causas não genéticas tem-se os eventos pré, peri e pós-natal, tais como distúrbios endócrinos maternos, hipóxia intrauterina, desnutrição materna, envenenamento, doenças cerebrais maternas, vasculares ou degenerativas, traumatismo cranioencefálico, envenenamento por chumbo, fenilcetonúria, erros congênitos do metabolismo e desnutrição em crianças (TOSCANO e GUILARTE, 2005).
Em contrapartida, as causas genéticas englobam os distúrbios cromossômicos, como rearranjos cromossômicos terminais e em regiões relacionadas com as síndromes de microdeleção e microduplicação e outros rearranjos intersticiais; e desordens complexas provocadas por modificações em múltiplos genes e distúrbios monogênicos (KRIEK, 2007).
A deficiência intelectual acompanha o indivíduo por toda sua vida, mas uma curiosidade é que não os impede de por exemplo, participar ter uma vida normal e até mesmo participar de competições de modalidades esportivas como os Jogos Paralímpicos que incluem a natação, tênis de mesa e até mesmo o atletismo. Hoje, temos como exemplo o atleta brasileiro paraolímpico Daniel Martins de São Paulo com 26 anos e velocista do atletismo e as irmãs Gêmeas Betariz Carneiro e Débora Carneiro que foram medalhistas com ouro e prata, respectivamente, nos Jogos Parapan-Americanos de 2019.
REFERÊNCIAS:
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5). Arlington: American Psychiatric Publishing; 2012. Disponível em:< https://www.psychiatry.org/psychiatrists/practice/dsm>. Acessado em: 27.04.2024.
Kriek, M; White, S.J; Szuhai, K; Knijnenburg, J; Ommen, G.J; den Dunnen, J.T; Breuning, M.H. 2006. Copy number variation in regions flanked (or unflanked) by duplicons among patients with developmental delay and/or congenital malformations; detection of reciprocal and partial Williams-Beuren duplications. Eur. J. Hum. Genet. 14: 180-189. Disponível em:< https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16391556/>. Acessado em: 27.04.2024.
Rauch. A; Hoyer. J; Guth.S; Zweier. C; Kraus. C; Becker.C; Zenker. M; Huffmeier. U; Thiel. C; Ruschendorf. F; Nurnberg. P; Reis. A; Trautmann. U; Diagnostic yield of various genetic approaches in patients with unexplained developmental delay or mental retardation. Disponível em:< https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16917849/> Acessado em: 27.04.2024.
Schalock, R.L; Borthwick-Duffy, S.A; Bradley, V.J; Buntinx, W.H.E; Coulter, D.L., Craig, E.M. Intellectual Disability: Definition, Classification, and Systems of Supports. American Association on Intellectual and Developmental Disabilities, Washington, DC. Disponível em:< https://www.aaidd.org/intellectual-disability/definition>. Acessado em: 27.04.2024.
Rittey, C.D. Learning difficulties: what the neurologist needs to know. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2003;74 Suppl I:30-36. 9. Shevell M, Ashwal S, Donley D, Flint J, Gingold M, Hirtz D, et al. Practice parameter: evaluation of the child with global developmental delay. Neurology. 2003;60:367-80.
Toscano, C.D; Guilarte, T.R. 2005. Lead neurotoxicity: from exposure to molecular effects. Brain. Res. Brain. Res. Rev. 49: 529-554. Disponível em:< https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16269318/>. Acessado em: 27.04.2024.
Vasconcelos, M.M. Retardo Mental. Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2(supl), 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jped/a/CfpXsHsxCgjFyNB6KkSSGWH/?format=pdf&lang=pt>. Acessado em: 27.04.2024.
Xu, J. e Chen, Z. 2003. Advances in molecular cytogenetics for the evaluation of mental retardation. Am. J. Med. Genet. 117: 15-24. Disponível em:< https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12561054/>. Acessado em: 27.04.2024.

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