Logo Passei Direto
Buscar

Lutas e Educação Física

Ferramentas de estudo

Questões resolvidas

Na BNCC, diferentes conteúdos são apresentados às diferentes disciplinas componentes do sistema escolar brasileiro, que divide seus conteúdos de acordo com as respectivas fases de aprendizado, sendo elas: educação infantil, ensino médio e ensino fundamental. Esse último possui uma carga maior de conteúdos, considerando seu tempo maior de duração (9 anos). A base divide seus conhecimentos e suas disciplinas a partir de áreas. Sobre esse aspecto, podemos afirmar que a Educação Física se encontra na área de:

A Ciências da Natureza, visto que engloba diferentes aspectos da relação do homem com o meio através do movimento. Sendo o movimento parte dos diferentes processos da natureza, a Educação Física faz-se presente como formadora do componente crítico dos educados em relação ao meio que vivem.
B Linguagens, onde, junto à Língua Portuguesa e à Arte, visam corroborar para a formação do educando em seus aspectos artísticos e culturais. Sendo, para a Educação Física, o movimento sua ferramenta de comunicação através do corpo.
C Ciências Humanas, visto que a Educação Física contemporânea visa humanizar os processos de interação entre os pares na sociedade. Uma formação humanista através do movimento é de suma importância no que tange à formação do cidadão.
D Matemática, visto que, com o aumento do interesse da Educação Física pela quantificação dos processos envoltos na performance humana, é de suma importância o conhecimento das relações estatísticas e percentuais do movimento humano.
E Ensino Religioso, juntamente à área de lutas, é uma das áreas de maior discussão no meio escolar. Diferentes lutas foram criadas a partir de contextos religiosos, os quais foram atribuídos a circunstâncias históricas. Assim, a inserção da Educação Física vai de encontro às questões de culto ao corpo.

Uma das questões mais recorrentes no estudo das LAMEC é sobre os métodos de ensino. Apesar de não haver ainda um método que abarque a complexidade prevista pela própria historicidade das modalidades, diferentes iniciativas promissoras visam proporcionar uma experiência construtiva na relação das lutas na escola e ao mundo dos estudantes. Dentre elas, podemos citar:

A A formação de faixas-pretas pode e deve ser oportunizada pela universidade. Essa, em conjunto com as federações específicas das modalidades, possui a missão institucional de formar seus professores para o mercado de trabalho.
B A formação de redes de escolas de ofício é um caminho possível na formação dos professores especialistas e não especialistas de Educação Física. Como visto até então, as escolas de ofício devem ser as principais responsáveis pela manutenção do conhecimento sobre as diferentes modalidades.
C A ausência do conteúdo referente às lutas nas aulas de Educação Física se apresenta como uma alternativa de baixo custo para as instituições de ensino, sendo estas estimuladas a obrigar o profissional a especializar-se se assim quiser.
D Formação na própria escola é uma iniciativa utilizada em diferentes estados brasileiros, onde a instituição escolar, em contato com as federações de esportes olímpicos, oferece a seus docentes a formação como especialistas para que possam atender às normas da BNCC.

Na literatura especializada em artes marciais, diga-se aquelas de caráter acadêmico científico, são comuns questionamentos acerca dos métodos de ensino tidos como tradicionais. Essa maneira de se ministrar os conteúdos é comumente denominada de escolas de ofício. Leia atentamente as alternativas abaixo e assinale a que melhor representa as características dessas escolas.

A A técnica e a forma de ensino aludem a um caráter mecânico de reprodução técnica, que propõe pouco ou nenhum espaço para debate ou questionamento. Nesta, o mestre é visto como o detentor do conhecimento, sendo o responsável pela.
B Diz respeito à habilidade manual atribuída aos artesãos e que se equipara à habilidade técnica de artistas marciais. Essa relação de habilidade é extrapolada não apenas em habilidades manuais, mas na própria relação para com a confecção de suas armas.
C O artesão é aquele, para além de confeccionar, molda suas criações. Nas artes marciais, o mestre é aquele que encaminha seu discípulo aos requisitos técnicos, físicos e filosóficos necessários à sua formação.
D As ditas escolas de ofício são aquelas que preparam o futuro professor para ser como seu mestre. Ou seja, ensina-o um ofício, atribuindo durante seu processo educacional conceitos sobre Pedagogia, Didática e outras ciências, a fim de oportunizar sua interação com a sociedade.
E No processo de ensino-aprendizagem, as escolas de ofício estão presentes dentre as mais importantes e reconhecidas maneiras de se transmitir conhecimento. Extremamente valorizada no meio acadêmico, é a única maneira apresentada pela literatura para a manutenção dos conhecimentos nas artes marciais.

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Questões resolvidas

Na BNCC, diferentes conteúdos são apresentados às diferentes disciplinas componentes do sistema escolar brasileiro, que divide seus conteúdos de acordo com as respectivas fases de aprendizado, sendo elas: educação infantil, ensino médio e ensino fundamental. Esse último possui uma carga maior de conteúdos, considerando seu tempo maior de duração (9 anos). A base divide seus conhecimentos e suas disciplinas a partir de áreas. Sobre esse aspecto, podemos afirmar que a Educação Física se encontra na área de:

A Ciências da Natureza, visto que engloba diferentes aspectos da relação do homem com o meio através do movimento. Sendo o movimento parte dos diferentes processos da natureza, a Educação Física faz-se presente como formadora do componente crítico dos educados em relação ao meio que vivem.
B Linguagens, onde, junto à Língua Portuguesa e à Arte, visam corroborar para a formação do educando em seus aspectos artísticos e culturais. Sendo, para a Educação Física, o movimento sua ferramenta de comunicação através do corpo.
C Ciências Humanas, visto que a Educação Física contemporânea visa humanizar os processos de interação entre os pares na sociedade. Uma formação humanista através do movimento é de suma importância no que tange à formação do cidadão.
D Matemática, visto que, com o aumento do interesse da Educação Física pela quantificação dos processos envoltos na performance humana, é de suma importância o conhecimento das relações estatísticas e percentuais do movimento humano.
E Ensino Religioso, juntamente à área de lutas, é uma das áreas de maior discussão no meio escolar. Diferentes lutas foram criadas a partir de contextos religiosos, os quais foram atribuídos a circunstâncias históricas. Assim, a inserção da Educação Física vai de encontro às questões de culto ao corpo.

Uma das questões mais recorrentes no estudo das LAMEC é sobre os métodos de ensino. Apesar de não haver ainda um método que abarque a complexidade prevista pela própria historicidade das modalidades, diferentes iniciativas promissoras visam proporcionar uma experiência construtiva na relação das lutas na escola e ao mundo dos estudantes. Dentre elas, podemos citar:

A A formação de faixas-pretas pode e deve ser oportunizada pela universidade. Essa, em conjunto com as federações específicas das modalidades, possui a missão institucional de formar seus professores para o mercado de trabalho.
B A formação de redes de escolas de ofício é um caminho possível na formação dos professores especialistas e não especialistas de Educação Física. Como visto até então, as escolas de ofício devem ser as principais responsáveis pela manutenção do conhecimento sobre as diferentes modalidades.
C A ausência do conteúdo referente às lutas nas aulas de Educação Física se apresenta como uma alternativa de baixo custo para as instituições de ensino, sendo estas estimuladas a obrigar o profissional a especializar-se se assim quiser.
D Formação na própria escola é uma iniciativa utilizada em diferentes estados brasileiros, onde a instituição escolar, em contato com as federações de esportes olímpicos, oferece a seus docentes a formação como especialistas para que possam atender às normas da BNCC.

Na literatura especializada em artes marciais, diga-se aquelas de caráter acadêmico científico, são comuns questionamentos acerca dos métodos de ensino tidos como tradicionais. Essa maneira de se ministrar os conteúdos é comumente denominada de escolas de ofício. Leia atentamente as alternativas abaixo e assinale a que melhor representa as características dessas escolas.

A A técnica e a forma de ensino aludem a um caráter mecânico de reprodução técnica, que propõe pouco ou nenhum espaço para debate ou questionamento. Nesta, o mestre é visto como o detentor do conhecimento, sendo o responsável pela.
B Diz respeito à habilidade manual atribuída aos artesãos e que se equipara à habilidade técnica de artistas marciais. Essa relação de habilidade é extrapolada não apenas em habilidades manuais, mas na própria relação para com a confecção de suas armas.
C O artesão é aquele, para além de confeccionar, molda suas criações. Nas artes marciais, o mestre é aquele que encaminha seu discípulo aos requisitos técnicos, físicos e filosóficos necessários à sua formação.
D As ditas escolas de ofício são aquelas que preparam o futuro professor para ser como seu mestre. Ou seja, ensina-o um ofício, atribuindo durante seu processo educacional conceitos sobre Pedagogia, Didática e outras ciências, a fim de oportunizar sua interação com a sociedade.
E No processo de ensino-aprendizagem, as escolas de ofício estão presentes dentre as mais importantes e reconhecidas maneiras de se transmitir conhecimento. Extremamente valorizada no meio acadêmico, é a única maneira apresentada pela literatura para a manutenção dos conhecimentos nas artes marciais.

Prévia do material em texto

Base nacional comum curricular e as lutas
Marcelo Moreira Antunes
Descrição
A contextualização documental e metodológica das lutas no ambiente
escolar.
Propósito
A difusão das artes marciais, de seus processos educacionais e morais,
figura na escola sob a denominação de “lutas”. A BNCC é o documento
normativo que atribui às disciplinas da educação básica o conteúdo
mínimo a ser aplicado nacionalmente. Portanto, é de suma importância
o conhecimento das diretrizes da BNCC e das propostas didáticas de
ensino das lutas na escola, a fim de oportunizar sua inserção nas aulas
de Educação Física.
Objetivos
Módulo 1
Lutas disposto pelo documento da BNCC
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 1/52
Analisar criticamente o conteúdo referente às lutas disposto pelo
documento da BNCC.
Módulo 2
Lutas nas aulas de Educação Física
Identificar possibilidades metodológicas do conteúdo das lutas nas
aulas de Educação Física.
Introdução
As artes marciais ao longo do tempo passaram por diferentes
construções, muitas das quais exigiram ressignificação. Artes e
sistemas combativos que não se adequaram às novas demandas
sociais foram extintos ou assimilados aos conhecimentos de
outras modalidades. As mudanças de paradigmas dentro das
artes marciais fizeram com que seus significados, dentre eles, o
educacional, fossem valorizados e estimulados no trato com
essas práticas.
A escola apresenta-se como o ambiente formal para a
construção dos processos de ensino-aprendizagem, tendo sido
nesse ambiente que o caráter educacional das artes marciais
floresceu e se tornou tema de importantes discussões que
permeiam o seu papel como conteúdo e temática. Conteúdo esse
que deve ser inserido na área da Educação Física, disciplina
responsável por apresentar aos discentes as práticas corporais
no ambiente escolar.
Os documentos relacionados à área da Educação Física na
escola denominam “lutas” o conteúdo referente às artes marciais
nesse espaço, atribuindo aquisições que transitam desde
aspectos motores até comportamentais. Diferentes iniciativas
documentais propuseram as lutas como conteúdo da Educação
Física escolar, no entanto, a falta de especificidade e referências
à prática proporcionada por essas tentativas resultou em

07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 2/52
discordâncias metodológicas em sua aplicação, as quais são
influenciadas pela formação docente diante do conteúdo lutas
em si e as abordagens a serem utilizadas.
Todo esse debate disperso cria barreiras na inserção das lutas
nas aulas de Educação Física por parte dos professores, que se
apegam a conceitos midiáticos sobre essas artes, vide a
necessidade da formação pelas escolas de ofício e a associação
da prática de lutas com posturas violentas, em uma clara e
infundada réplica da fala popular. Assim, veremos ao longo do
texto como o documento de referência da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) dispõe o conteúdo lutas na Educação Física
escolar.
Neste material, analisaremos as dificuldades de aplicação do
conteúdo na escola pelos professores de Educação Física e
como as diferentes metodologias estudadas atualmente por
pesquisadores que se dedicam à didática dessas artes podem
contribuir com a prática docente, tanto de professores
especialistas quanto não especialistas em artes marciais.
1 - Lutas disposto pelo documento da BNCC
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar criticamente o conteúdo referente às lutas
disposto pelo documento da BNCC.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 3/52
O documento BNCC
O processo de ressignificação das artes marciais, para além da defesa
pessoal, possibilitou que essas artes transitassem por outros espaços
de conhecimento, sendo a escola o ambiente formal na construção de
conhecimento relacionado à educação. No entanto, a inserção do
conteúdo sob a denominação “lutas” foi atrelada à gama de
conhecimentos relacionados à área da Educação Física.
O vasto conteúdo proposto pela BNCC quanto às lutas
na disciplina espera do docente um conhecimento que,
na maioria das vezes, não corresponde à realidade de
sua formação, tampouco lhe dá subsídios para a sua
aplicação quando pensamos na defasada realidade
das escolas brasileiras.
A inserção do conteúdo lutas nas aulas de Educação Física já havia sido
proposta quando da criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais. No
ano de 2017, o documento proposto como Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) inseriu novamente o conteúdo nas atribuições da
Educação Física. Entretanto, mesmo com uma descrição pormenorizada
dos objetivos a serem alcançados, pareceu não contemplar a
problemática referente à inserção e aos métodos de aplicação das lutas
na escola – principalmente, por professores não especialistas em artes
marciais –, e muito menos cumprir o objetivo de auxiliar os docentes na
construção do material a ser abordado nas aulas. Entenda melhor, a
seguir:
A insegurança na aplicação do conteúdo “lutas” nas aulas de Educação
Física é um dos motivos relatados que levam à não inserção desse
conteúdo.
Essa atitude nega aos alunos conhecimentos atrelados a essas
práticas.
Conhecimentos esses que estão além dos quesitos motores, sendo
também históricos, filosóficos e culturais.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 4/52
Dentre os problemas mais incidentes nos diferentes estudos
diagnósticos a essa postura docente, aponta-se a própria formação
deficitária ao longo da graduação. O professor, por vezes, foi instruído
de maneira superficial em seu período como universitário na disciplina
correspondente às lutas (com diferentes denominações de acordo com
a instituição).
Muitas instituições, inclusive, ainda utilizam o método das escolas de
ofício, ou seja, o puro replicar do conteúdo técnico e tático de uma
modalidade específica voltada à construção de lutadores. Essa forma
de ensinar contribui muito pouco para a formação, tanto do aluno na
escola quanto do docente em sua construção de crítico e gestor dos
conteúdos no ambiente escolar.
Apesar de o aluno ser apresentado como o centro do
processo de ensino-aprendizagem, é através do
professor que o conteúdo se replica. Logo, para além
de conhecer as atribuições e os objetivos direcionados
ao conteúdo “lutas” na escola pelo documento da
BNCC, faz-se necessário que o professor saiba analisá-
lo criticamente, a ponto de adaptá-lo à sua realidade,
não excluindo o conteúdo de seu plano de ensino, mas,
sim, buscando conhecimento sobre as metodologias
que cercam esse universo.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normativo,
o qual foi publicado no ano de 2017, tendo surgido como resposta às
constantes solicitações de diferentes profissionais da educação quanto
à necessidade de um currículo mínimo a ser aplicado e utilizado
nacionalmente, ao menos, na educação básica. Portanto, esse
documento institui o conteúdo a ser aplicado nacionalmente em todas
as escolas de educação básica brasileiras.
A BNCC detém força de lei por expressar diretrizes educacionais
previstas na própria Constituição Brasileira, a qual, para além de delegar
a gestão do ensino básico às instituições governamentais, a partir da
Lei de Diretrizes Bases (LDB), instituiu a necessidade de conteúdos
mínimos a serem trabalhados na educação básica nacional.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 5/52
Na Constituição, alega-se que a educação é direito de
todos e que é de comum responsabilidade da União,
dos estados e municípios a promoção dascompetências e das diretrizes da educação básica.
Um ponto interessante referente aos objetivos da BNCC é a promoção
de competências, as quais têm por finalidade a formação integral do
aluno. Em diferentes países, a promoção do conceito de competências
já é utilizada, ao passo que alunos, além de memorização acrítica dos
conteúdos, devem desenvolver o “saber fazer”, sendo este um dos
importantes fundamentos pedagógicos do presente documento.
Constituída sobre os pilares da igualdade, diversidade e equidade, a
BNCC busca estipular caminhos para que, através da educação, a
sociedade torne-se mais justa e igualitária.
Igualdade
Apesar de previsto em lei, o conceito de igualdade apresenta-se
para além da área legal, sendo perceptível na esfera social
através da ausência de oportunidades para diferentes gêneros e
raças constituintes da população brasileira.
Diversidade
O conceito de diversidade é o cerne da identidade brasileira,
considerando o grande número de descendentes, que variam de
europeus a indígenas, dentre as mais diferentes miscigenações.
O conceito de diversidade, por sua vez, não abrange apenas as
diferentes raças, mas também os credos, a opção sexual e o
direcionamento político, os quais devem fazer parte das
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 6/52
discussões em ambientes de educação formal, principalmente,
aqueles de formação intelectual dos estudantes de período
destinado à educação básica.
Equidade
O conceito de equidade pressupõe o respeito às diferenças no
próprio processo educacional, oportunizando, a partir das
características particulares dos educandos, diferentes caminhos
e métodos para que sejam capazes de usufruir de uma educação
integral.
A construção da BNCC, apesar de proporcionar grande avanço sob as
carências da educação básica brasileira, levantou diferentes
questionamentos quanto aos conteúdos e à forma com que são
dispostos. Conteúdos esses que, por vezes, são apresentados de forma
vaga, ou sequer mencionados, tornando seus objetivos, até então
plausíveis, em caminhos dificultosos, transformando o documento, que
em seu cerne possui força de lei, em pauta para questionamentos sobre
sua estrutura.
Atenção!
Apesar da importância histórica que pode e deve ser atrelada à BNCC,
vê-se que a realidade escolar – estrutura física e didática da escola,
assim como formação acadêmica de seus docentes – é um fator a ser
considerado na promoção dos objetivos dispostos nas diferentes
disciplinas componentes da base.
A BNCC em formato didático estrutura seu conteúdo por etapas de
aprendizagem e respectivas áreas de conhecimento, atribuindo fazeres
e objetivos específicos.
A base divide-se em três etapas referentes às três fases da educação
básica:
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 7/52
Educação infantil
Ensino fundamental
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 8/52
Ensino médio
A educação infantil na BNCC
As diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil propõem
como eixos pedagógicos estruturantes dessa fase as interações e as
brincadeiras. Reconhece-se na literatura a importância do ato de brincar
para a criança, atividade que, ainda de acordo com os documentos
basilares da educação brasileira, é responsável por criar as primeiras
interações sociais com o mundo que cerca a criança. Nessa fase, serão
geridas as primeiras descobertas, frustrações e vitórias referentes às
aprendizagens física, cognitiva e afetivas. Portanto, é fundamental o
estabelecimento de diretrizes educacionais nessa faixa etária.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 9/52
Na primeira etapa da base, está a educação infantil. No entanto, até
meados da década de 1980, essa fase educacional, que abarcava
crianças com idade de 0 a 6 anos, denominava-se pré-escola,
subentendendo, nesse primeiro momento, a não inserção de seus
conteúdos como componentes da educação básica. A partir do ano de
1996, com a criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), inseriu-se no
âmbito da educação básica, abrangendo então crianças de 0 a 5 anos
de idade, objetivos educacionais previstos em lei.
Na BNCC, para além da aplicação de conteúdos, o documento estipula
eixos estruturantes dessa fase, os quais remetem às interações e às
brincadeiras, características fundamentais da formação infantil, como já
apresentado. A criação desses eixos tem por objetivo possibilitar
condições de aprendizagem infantil através do desafio e da resolução,
os quais remetem a 6 direitos fundamentais dessa fase e que se
apresentaram como norteadores na construção dos conteúdos. Tais
direitos apresentam-se através dos seguintes eixos: conviver, brincar,
participar, explorar, expressar-se e conhecer-se.
 Conviver
Este primeiro eixo estruturante apresentado visa
colaborar por meio da socialização com outras
crianças e adultos com o respeito às diferenças, no
que tange às pessoas e às suas diferentes culturas
e costumes.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 10/52
 Brincar
Tem por objetivo estimular seu acesso a diferentes
conhecimentos, interagindo e construindo os seus
próprios, através da imaginação e da criatividade
promovidas pelo ambiente do brincar em diferentes
espaços físicos e âmbitos sociais.
 Participar
Refere-se à construção por parte da criança, que
não apenas participa das atividades, mas também
influencia na construção destas através de sua
opinião, estimulando a criticidade em relação aos
conteúdos que lhe dizem respeito.
 Explorar
É a ampliação do horizonte infantil, construindo, por
meio de práticas de gestos, sons, formas e outras
maneiras de interação, saberes sobre cultura, arte,
ciências e tecnologia.
 Expressar-se
Pode ser apresentado como habilidade a ser
adquirida através e ao longo do processo
educacional. Isso porque é por meio desse eixo que
a criança informa aos que com ela interagem sobre
suas alegrias e frustrações, assim como defende as
diferentes maneiras de fazê-lo.
 Conhecer-se
É f ã d id tid d d i l
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 11/52
Os direitos referentes à criança dispostos na educação infantil são
basilares na constituição de 5 campos apresentados pela BNCC:
O eu, o outro e o nós
Corpo, gestos e movimentos
Traços, sons, cores e formas
Escuta, fala, pensamento e imaginação
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
Esses campos se utilizam de experiências práticas, provindas do
cotidiano infantil, na formulação e no direcionamento dos objetivos de
aprendizagem. Cada campo foi criado a partir do reconhecimento das
necessidades educacionais consideradas fundamentais para a fase de
formação, unidas às experiências cotidianas do educando.
O eu, o outro e o nós
Onde a criança poderá aprender e exercitar sua habilidade em
relacionar-se. Campo em que será possível compreender os
diferentes posicionamentos de crianças e adultos em
É a formação da identidade da criança, a qual
ultrapassa a identidade moral, sendo também
física, cognitiva e cultural, onde, a partir de suas
experiências com e no mundo, suas preferências
são cultivadas tendo como ponto de partida seu
entendimento sobre os diferentes acontecimentos
a que é exposta, influenciando e sendo influenciada.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 12/52
diferentes situaçõese interagir a partir das experiências
adquiridas até então e, assim, estimular a reflexão e a criação
de novas posturas. Logo, é possível a valorização e o
reconhecimento de sua própria identidade, bem como a
compreensão e o discernimento da diferença em relação ao
outro.LOREM_IPSUM
Corpo, gestos e movimento
Dá vida à característica física relacionada às fases do
desenvolvimento infantil. Nesse momento, o corpo é o principal
instrumento de interação e conhecimento do mundo e de si
mesmo. Portanto, através de vivências físicas, o educando
reconhecerá potencialidades e limitações, bem como perigos
físicos, e estimulará suas habilidades motoras no correr, no
pular, no equilibrar-se etc.
Traços, sons, cores e formas
Visam estimular, através das diferentes manifestações
artísticas, culturais e científicas, a sensibilidade da criança para
com o mundo que a cerca. Mundo esse que possui cores,
músicas e texturas das mais diversas, que estimularão na
criança o gosto pelo criar. A experimentação dessas variadas
sensações, para além da formação cognitiva e intelectual do
educando, promove diferentes formas de interação com
aqueles que participam do seu círculo de convivência.
Escuta, fala, pensamento e imaginação
Neste campo, o estímulo à oralidade e à comunicação escrita
serão enfatizados. Todos somos expostos a diferentes modos
de comunicação em nosso cotidiano, os quais também são
compartilhados com a criança. Nessa fase, através da leitura
de livros, é possível oportunizar aos educandos os primeiros
contatos com a comunicação literária, estimulando ainda o
contar de suas próprias histórias, assim como é necessário o
estímulo, ainda na forma de rabiscos, para o registro de sua
oralidade através da forma escrita da comunicação.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 13/52
Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações
Diz respeito ao posicionamento social e temporal da criança
para com o mundo que a cerca. Relações de parentesco,
quantificação de fenômenos, localização no tempo, como o
hoje e o amanhã, assim como os próprios fenômenos, serão
contextualizados a partir de experiências promovidas às
crianças. Crianças essas que trazem as experiências vividas no
dia a dia, sendo papel da escola oportunizá-las e educá-las de
maneira formal para a utilização desses signos junto a seus
pares.
Os eixos estruturantes (BRASIL, 2017, p. 38) e os campos de experiência
da educação infantil (BRASIL, 2017, p. 40) são pormenorizados no
documento de referência, recomendando-se, portanto, sua leitura na
íntegra.
O ensino fundamental na BNCC
Na segunda etapa descrita pela BNCC, encontramos o ensino
fundamental. Essa fase não apenas corresponde à maior etapa em anos
referente à educação básica (9 anos), atendendo crianças de 6 a 14
anos de idade, como também é reconhecida pelas transições mais
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 14/52
expressivas sofridas por crianças e jovens em seus aspectos físicos,
cognitivos e sociais.
Ao ensino fundamental, atribui-se o papel de consolidar conhecimentos
anteriores e proporcionar novas habilidades, subdividindo-se em anos
iniciais, correspondendo às séries remanescentes da transição com a
educação infantil e anos finais, os quais viabilizarão a transição ao
ensino médio.
No ensino fundamental, serão apresentadas diferentes áreas do
conhecimento, com conteúdos particulares em formato de matérias.
Vejamos:
Composta pelas disciplinas de Língua Portuguesa, Arte,
Educação Física e, nos anos finais do ensino fundamental,
juntam-se a essas a disciplina de Língua Inglesa. Dentre os
objetivos dessa grande área de conhecimento, está a promoção
da diversidade de linguagens, assim como o explorar das
capacidades artísticas dos alunos, além de contribuir para a
continuidade das experiências vividas na educação infantil
(BRASIL, 2017, p. 63)
Manifesta-se em suas diferentes representações através da
Geometria, Aritmética, Estatística e Probabilidades,
possibilitando aos alunos a compreensão de esquemas, gráficos
e tabelas, sendo sua utilidade e compreensão de fundamental
importância na sociedade, ultrapassando a barreira da
quantificação de fenômenos (BRASIL, 2017, p. 235).
Compreendendo nossa sociedade como altamente inserida em
aspectos científicos e tecnológicos, a partir da importância dada
a essas nos diferentes grupos da sociedade, preparar o aluno
para discussões desses aspectos se faz fundamental. A área
propõe-se ao “letramento científico”, não apenas
A ÁREA DE LINGUAGENS 
A ÁREA DE MATEMÁTICA 
A ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA 
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 15/52
compreendendo, mas também influenciando diferentes
fenômenos naturais, sociais e tecnológicos (BRASIL, 2017, p.
321).
Composta pelas disciplinas de Geografia e História, detém o
papel de proporcionar aos alunos elementos de interpretação
da(s) realidade(s) na sociedade, situando-os em diferentes
momentos históricos, quanto ao tempo e ao espaço de seus
desdobramentos. Estimula-se a capacidade de contextualização
das ações humanas sobre fatos e lugares (BRASIL, 2017, p. 353).
Oferecida como matéria obrigatória, porém, de matrícula
facultativa, o Ensino Religioso consolidou-se como área de
conhecimento do ensino fundamental a partir das Resoluções nº
04/2010 e nº 07/2010 do Conselho Nacional De Educação
(CNE). Tem em seu cerne as atribuições de promover a
diversidade religiosa, distanciando-se do caráter confessional
atribuído a esta anteriormente aos anos de 1980 (BRASIL, 2017,
p. 435).
O ensino médio na BNCC
A fase de transição da juventude para a idade adulta é abordada e
valorizada na formulação do documento BNCC, assim como a
preocupação com as necessidades formativas dessa faixa etária.
Dentre os objetivos do ensino médio, está o cultivar cidadãos
protagonistas de seu processo educacional, os quais sejam capazes de
gerir seus projetos de vida, sejam esses voltados ao estudo ou ao
trabalho.
A ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS 
A ÁREA DE ENSINO RELIGIOSO 
 No ensino médio, as disciplinas a serem abordadas
dentro dos respectivos anos letivos são elencadas
l BNCC t é d di ti ã d tê i
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 16/52
Visando proporcionar um modelo flexível, adequado às próprias
mudanças sociais que arrebatam os jovens dessa faixa etária, a Lei nº
13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), definindo que o
currículo do ensino médio seria direcionado pela BNCC, através de
itinerários formativos, atribuindo competências dentro das seguintes
áreas de conhecimento:
pela BNCC através de distinção de competências a
serem promovidas aos estudantes.
 Cada qual possui seu conteúdo específico, sendo
algumas delas propostas de maneira interligada,
compreendendo que, na análise de fenômenos
sociais e naturais, é necessária a articulação de
diferentes áreas do conhecimento.
Competências específicas de
Linguagens e Tecnologias e em
Língua Portuguesa
Competências específicas de
Matemática e suas Tecnologias
Competências específicas em
Ciências da Natureza e suas
Tecnologias
Competências específicas de
Ciências Humanas e Sociais
aplicadas
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 17/52
Todas essas competências devem ser atreladas a habilidades
correspondentes às áreas.
Articulando-se com as aprendizagens promovidas ao longo do ensino
fundamental, o ensino médio articula essa transição a fim de consolidar,
aprofundar e ampliar a formação integral dosalunos. Entenda melhor
como isso acontece, a seguir:
 Assim, tomando por base a área de Linguagens no
ensino fundamental, a qual objetiva basicamente o
conhecimento e a compreensão das diferentes
Linguagens; para o ensino médio, a denominada
área de Linguagens e Tecnologia visa proporcionar
ao educando autonomia sobre os processos,
inclusive como autor dessas práticas.
 Essa transição de aumento da autonomia também
é verificada nos objetivos da área de Matemática e
suas Tecnologias para o ensino médio, visto que, no
ensino fundamental, a área de Matemática
centrava-se na compreensão de conceitos e
procedimentos; no ensino médio, o aluno, para além
de consolidar os conhecimentos anteriores, deve
ser capaz de articular a Matemática a outras
ciências, através de uma visão mais integral.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 18/52
 Na área de Ciências da Natureza, ao longo do
ensino fundamental, os estudantes são ensinados a
investigar e a explorar diferentes fenômenos, seus
fundamentos e seus conceitos basilares. No
entanto, para o ensino médio, a área de Ciências da
Natureza e suas Tecnologias objetiva prover aos
estudantes não apenas a capacidade de explorar e
interagir com os fenômenos, mas também de fazer
previsões, modificando-as, refletindo e
argumentando em escala coletiva e global.
 Por fim, no ensino médio, a área denominada
Ciências Humanas e suas Tecnologias consolida os
conhecimentos das Ciências Humanas
proporcionadas pelo ensino fundamental, como a
capacidade de analisar, identificar, comparar e
interpretar ideias e pensamentos, seus e de outros.
No entanto, com a inserção da Filosofia e da
Sociologia, através do estudo de pensadores, de
suas teorias e de suas intervenções sociais, amplia-
se o embasamento teórico. Nesse cenário, os
alunos são estimulados a maior poder de
t ã i fl ê i b t
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 19/52
O ensino médio, além de garantir a consolidação dos conteúdos
aprendidos no processo educacional, visa preparar o aluno para a fase
adulta. Para além mercado profissional, busca torná-lo crítico sobre as
rápidas mudanças sociais e tecnológicas a que influencia e é
influenciado.
A educação física na BNCC
O documento em questão atribui à Educação Física um papel
fundamental na construção social do aluno. Para além da atividade
motora, a BNCC vislumbra que, através das práticas corporais, serão
promovidas experiências de cunho educativo e social. A Educação
Física é inserida à área de Linguagens na BNCC, e a ela são atribuídas 6
unidades temáticas, as quais se articulam ao longo do ensino
fundamental. São as seguintes:
Brincadeiras e jogos
Esportes - Esportes de marca, esportes de precisão, esportes
técnico-combinatórios, esportes de rede/quadra dividida ou parede
de rebote, esportes de campo e taco, esportes de invasão ou
territorial e esportes de combate.
Ginásticas - Ginástica geral, ginástica de condicionamento físico e
ginástica de conscientização corporal.
Danças - Danças urbanas e danças de salão.
Lutas - Lutas do Brasil e lutas do mundo.
argumentação e influência sobre assuntos que
tangenciam a nossa sociedade.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 20/52
Práticas corporais de aventura - Práticas corporais de aventura
urbanas e práticas corporais de aventura na natureza.
As respectivas unidades temáticas citadas acima devem se interligar a
fim de proporcionar uma relação global e crítica ao aluno em sua
relação para com o corpo e o mundo que o cerca. Essa interligação deve
privilegiar, de acordo com a BNCC, 8 dimensões do conhecimento:
Apesar de propor diferentes dimensões do conhecimento e objetivos
específicos a se alcançar na Educação Física para o ensino
Experimentação
Uso e apropriação
Fruição
Reflexão sobre a ação
Construção de valores
Análise
Compreensão
Protagonismo comunitário
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 21/52
fundamental, a BNCC não é tão clara quanto aos conteúdos
direcionados à educação infantil e ao ensino médio, ao passo que as
especificações são vagas e subjetivas. Esse é um ponto de constante
discussão acadêmica, visto que o documento de referência na
elaboração dos currículos escolares não propõe conteúdo para os anos
iniciais da vida escolar na infância e se apresenta de forma superficial
para os últimos anos da educação básica (ensino médio).
Saiba mais
O ensino médio é direcionado à geração de competências, dentre as
quais a Educação Física, unida às áreas de Arte e Línguas, deve
contemplar 3 das 7 competências elencadas, especificamente, as
habilidades 4, 5 e 6, as quais podem ser lidas de forma pormenorizada
no documento (BRASIL, 2017, p. 490).
No ensino médio, deveria haver uma descrição mais clara e objetiva dos
conteúdos a serem trabalhados pela Educação Física. Isso também
ocorre em relação à educação infantil, na qual, de acordo com o próprio
documento, o ato de brincar é um ato formativo, que deve ser feito
através de práticas, em sua maioria, físicas. Dito isso, não propor
conteúdos objetivos à fase direcionada à educação infantil é uma
grande falha.
A BNCC, apesar de ser louvada por diferentes autores como primeiro
passo para a implementação de um currículo unificado para a educação
básica brasileira, recebe duras críticas quanto ao engessamento dos
conteúdos. Situação essa que reduz o protagonismo do professor
enquanto produtor de conteúdo no processo de ensino. Outro ponto em
relação à lista de conteúdos a serem abordados diz respeito à própria
formação docente.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 22/52
Muitas das solicitações de conteúdo dispostas como
necessárias na BNCC, vide as lutas e as danças, por
diversas vezes, são negligenciadas no próprio currículo
do curso de nível superior em Educação Física, algo
corriqueiro em diferentes instituições de ensino.
Quando não ausentes, possuem informações pouco
úteis na formação do arcabouço teórico necessário a
ministrar o conteúdo e alcançar os objetivos propostos
para tal.
AS lutas na BNCC
Diferentes documentos referentes à Educação Física escolar alocam as
lutas como conteúdo de domínio da disciplina. Como visto, o termo
“lutas” refere-se às artes marciais no contexto escolar. Apesar de não
contemplar todo o universo referente às práticas de combate em seus
aspectos históricos e técnicos, sua inserção nos documentos basilares
da Educação Física é um grande avanço.
Comentário
Estudos que tratam das atividades combativas apontam a existência de
uma distinção na atribuição da nomenclatura das lutas. É possível
encontrar na literatura especializada os termos “lutas”, “esportes de
combate”, “modalidades esportivas de combate”, “artes marciais”,
dentre outros. Apesar de os termos muitas vezes serem apresentados
de forma genérica, suas denominações ainda geram grande discussão
nos estudos na área.
O termo “arte marcial” parece abarcar o maior número de assuntos a
respeito das publicações da área, uma vez transita pelo conteúdo
referente às atividades guerreiras, passando pela defesa pessoal até a
filosofia. Apesar disso, no Brasil, o termo “lutas” aparece nos
documentos de referência à Educação Física escolar, visto que apenas
em nosso país o termo é utilizado, e que, quando traduzido para outros
idiomas, descontextualiza-se do universo das artes marciais a que tanto
se pretende aludir.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio#23/52
Um dos primeiros documentos a citar as lutas em seu escopo foram os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que, no ano de 1998, já
propunham os conteúdos a serem abarcados pelo professor, assim
como habilidades a serem trabalhadas a partir destas. Em seu texto,
explana seu conceito do termo “lutas”:
[...] disputas em que os oponentes
devem ser subjugados, com
técnicas e estratégias de
desequilíbrio, contusão,
imobilização ou exclusão de um
determinado espaço na combinação
de ações de ataque e defesa.
Caracterizam-se por uma
regulamentação específica a fim de
punir atitudes de violência e
deslealdade. Podem ser citados
exemplos de luta as brincadeiras de
cabo de guerra e braço de ferro até
as práticas mais complexas da
capoeira, do judô e do Caratê.
(BRASIL, 1998, p. 70)
Na BNCC, os conteúdos a serem trabalhados pelo professor são mais
específicos. Além de acordar com as habilidades referentes às lutas
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 24/52
dispostas pelos PCNs, a base insere conteúdos (objetos de
conhecimento) como “lutas brasileiras” e “lutas do mundo”. A lutas são
dispostas na base em duas unidades temáticas. A primeira que leva o
nome “lutas”, e a segunda na unidade temática “esportes” ao falar de
lutas esportivas, ou esportes de combate, tendo o último como objeto
de conhecimento. Assim, na unidade temática “lutas”, os objetos de
conhecimento a serem abordados de acordo com a BNCC em referência
à fase escolar são assim apresentados:
1º e 2º anos do ensino fundamental – Não há.
3º ao 5º anos do ensino fundamental – Lutas no contexto
comunitário regional. Lutas de matriz indígena e africana.
6º e 7º anos do ensino fundamental – Lutas do Brasil.
8º e 9º anos – Lutas do mundo.
Essa solicitação, de tão vasto e específico conteúdo, desde a criação do
documento, sofre críticas em relação à realidade díspar que se encontra
na Educação Física escolar brasileira. Em grande parte das escolas, a
disciplina de Educação Física é ministrada com apenas um tempo de
aula por semana, o qual, muitas das vezes, pelo próprio direcionamento
da instituição escolar, possui uma tendência esportivista, voltada à
detecção de talentos esportivos, abordando de forma superficial (ou
simplesmente não abordando) os diferentes conteúdos de domínio da
área de lutas.
Há de se observar a ausência na previsão de
conteúdos para as lutas na educação infantil e nos 1º e
2º anos do ensino fundamental, postura essa que priva
as respectivas faixas etárias de vivências culturais e
motoras acerca desses saberes e práticas.
Mesmo com diferentes publicações e literatura específica que
apresentam os benefícios da prática de lutas nas fases iniciais de
desenvolvimento infantil, tal conteúdo não é elencado pela BNCC. Outro
ponto de questionamento das lutas como conteúdo diz respeito à
formação universitária do professor para tal. Simplesmente descrever
os conteúdos a serem ministrados é subentender que esses mesmos
conteúdos são de seu domínio. A seguir, entenda mais alguns pontos de
questionamentos:
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 25/52
A unidade temática “lutas” na BNCC tem como finalidade ser aquela que
apresenta ao educando as diferentes formas de disputas corporais,
empregando técnicas, táticas e estratégias de imobilização,
desequilíbrio, visando, através de ações combinadas de ataque e defesa,
 A realidade da disciplina de lutas na universidade é
tão escassa quanto a sua aplicação no ambiente
escolar. A falta de cabedal teórico por parte dos
professores não os transmite confiança na
elaboração de aulas e utilização de técnicas que
contemplem necessidades impostas pela BNCC.
 O que se vê por vezes na universidade e que se
reproduz no ambiente escolar é a promoção das
ditas “escolas de ofício”, onde professores
(especialistas ou não em alguma modalidade de
artes marciais) limitam-se à reprodução de golpes e
gestos motores específicos de determinada
modalidade.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 26/52
atingir ou retirar o oponente de determinado espaço físico. O documento
recomenda ainda que se abordem lutas nacionais, vide a capoeira e a
luta marajoara, assim como lutas provindas de realidade internacional,
vide o boxe chinês e o judô. As primeiras são designadas no documento
como “lutas brasileiras”, enquanto as seguintes como “lutas no mundo”.
Atente-se que, tanto os PCNs quanto a BNCC, não sinalizam a
necessidade de especialização do professor em modalidade alguma. No
entanto, a quantidade de conteúdo requerido para que o docente de fato
possa ser capacitado a ministrar com qualidade a disciplina de lutas na
escola deve ser proposta e ensinada na universidade. Assim como o
conteúdo de responsabilidade da Educação Física na escola é vasto e o
tempo de aula disponível escasso, o extenso conteúdo o qual deveria
ser abordado no ensino superior sobre lutas requer maior tempo para
abarcar a complexidade de reflexão exigida pelo currículo proposto pela
BNCC.
Outro ponto referente às lutas na escola são os seus conceitos prévios
por parte de docentes, pais e dirigentes escolares. Um dos mais comuns
preconceitos relacionados à temática é a falácia acerca da violência
gerada pela prática de determinadas modalidades. Explorada sob o
pretexto de esporte, grande parte da informação sobre as lutas e a sua
violência é disponibilizada pela mídia e é nesse contexto midiático que o
seu conteúdo, para além de informar, possui objetivo de consumo. Para
tal, as informações são transformadas em produtos midiáticos,
preenchidos de conceitos construídos para despertar sentimentos nos
consumidores, sendo assim a grande fonte de informação de pais,
alunos e, muitas vezes, docentes.
Apesar de a literatura especializada ser concisa ao
afirmar que a luta (artes marciais) não promove a
violência entre seus praticantes, a falta de instrução
sobre o assunto nos integrantes do processo cria mais
uma barreira à inserção das lutas na escola, a qual
soma-se à falta de equipamento, ao espaço e ao
interesse dos alunos.
A inserção das lutas no conteúdo da Educação Física e,
consequentemente, nos documentos oficiais, foi indubitavelmente um
grande avanço. No entanto, a entrega de resultados se encontra em
risco a partir de tantas variáveis intervenientes que se apresentam no
processo. Processo esse que se inicia na transposição da construção
documental utópica para o “chão da quadra”, na prática da Educação
Física escolar. A falta de inserção do conteúdo lutas nas aulas de
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 27/52
Educação Física é a prova da necessidade de fomento da inter-relação
governo-universidade-escola.
As lutas na escola e a BNCC
O mestre Luiz Felipe Machado Pinto realiza apontamentos sobre os
conteúdos elencados nas lutas, durante as aulas de Educação Física, de
acordo com as solicitações da BNCC.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Na BNCC, diferentes conteúdos são apresentados às diferentes
disciplinas componentes do sistema escolar brasileiro, que divide
seus conteúdos de acordo com as respectivas fases de
aprendizado, sendo elas: educação infantil, ensino médio e ensino
fundamental. Esse último possui uma carga maior de conteúdos,
considerando seu tempo maior de duração (9 anos). A base divide
seus conhecimentos e suas disciplinas a partir de áreas. Sobre
esse aspecto, podemos afirmar que a Educação Física se encontra
na área de:

A
Ciências da Natureza, visto que engloba diferentes
aspectos da relação do homem com o meio através
do movimento. Sendoo movimento parte dos
diferentes processos da natureza, a Educação Física
faz-se presente como formadora do componente
crítico dos educados em relação ao meio que vivem.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 28/52
Parabéns! A alternativa B está correta.
Na BNCC, alocar conhecimentos afins a partir de áreas foi feito
tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino médio. A
Educação Física, atrelada a mesma área que a Língua Portuguesa e
a Arte, apenas reforça o caráter de comunicação que o estudo do
movimento possui.
Questão 2
Apesar de a manutenção da unidade temática lutas na Educação
Física pela BNCC ser um grande adendo aos educandos, este
B
Linguagens, onde, junto à Língua Portuguesa e à
Arte, visam corroborar para a formação do
educando em seus aspectos artísticos e culturais.
Sendo, para a Educação Física, o movimento sua
ferramenta de comunicação através do corpo.
C
Ciências Humanas, visto que a Educação Física
contemporânea visa humanizar os processos de
interação entre os pares na sociedade. Uma
formação humanista através do movimento é de
suma importância no que tange à formação do
cidadão.
D
Matemática, visto que, com o aumento do interesse
da Educação Física pela quantificação dos
processos envoltos na performance humana, é de
suma importância o conhecimento das relações
estatísticas e percentuais do movimento humano.
E
Ensino Religioso, juntamente à área de lutas, é uma
das áreas de maior discussão no meio escolar.
Diferentes lutas foram criadas a partir de contextos
religiosos, os quais foram atribuídos a
circunstâncias históricas. Assim, a inserção da
Educação Física vai de encontro às questões de
culto ao corpo.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 29/52
apresenta-se diante de diferentes questionamentos por parte de
educadores, relativos a problemas que não apenas acontecem na
escola, mas também antes dela. Problemas esses que se
transformam em barreiras para a inserção dos conteúdos previstos
pela BNCC no ambiente escolar. Dentre os problemas apresentados
no texto, podemos citar:
Parabéns! A alternativa C está correta.
A
A falta de professores faixas-pretas nas escolas é
um dos grandes problemas enfrentados para se
desenvolver as modalidades neste ambiente. Visto a
falta de prática desses profissionais, é comum a
não aplicação nas aulas de Educação Física.
B
A relação das escolas com as federações de artes
marciais ainda é frágil, visto que as instituições que
regem o determinado esporte de combate não
autorizam a prática de lutas na escola.
C
A instrução deficitária do docente durante sua
formação universitária sobre lutas, assim como a
falta de infraestrutura das escolas para a aplicação
de diferentes jogos de luta causa insegurança na
inserção do conteúdo.
D
A falta de tatames e quimonos para que os alunos
possam praticar a modalidade é um impeditivo
constante na inserção de modalidades de luta no
ambiente escolar, além da falta de faixas e outros
atributos indispensáveis.
E
O documento BNCC é claro ao solicitar que
professores de lutas na escola devem possuir a
dupla formação, sendo esses faixas-pretas e
professores de Educação Física. Assim, os gestores
escolares optam por não inserir lutas no conteúdo a
fim de reduzir custos.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 30/52
Apesar do conteúdo unificado disposto pela BNCC, sua extensão
não condiz com a formação superficial dada durante a graduação
aos professores de Educação Física, tampouco com a estrutura
deficitária de muitas escolas, que, em muitos casos, sequer
possuem quadras de esporte.
2 - Lutas nas aulas de Educação Física
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car possibilidades metodológicas do
conteúdo das lutas nas aulas de Educação Física.
A herança das escolas de ofício nas
artes marciais
Agora, vamos abordar as diferentes estratégias dispostas na literatura
para a inserção das lutas no ambiente escolar. Vamos refletir sobre as
diferentes estratégias aplicadas, não apenas na condução do conteúdo,
e analisar como, através dessas, é possível reduzir as barreiras na
aplicação do conteúdo.
Como visto até então, o conteúdo lutas por si só gera imensa discussão
acerca de sua implantação nas escolas. Formação docente deficitária,
informações midiáticas imprecisas, apoio da escola ínfimo e conteúdo a
ser aplicado que não condiz com a realidade escolar brasileira, em
especial, com a Educação Física escolar.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 31/52
Os métodos de ensino das lutas, das artes marciais e dos esportes de
combate (LAMEC) possuem tantos desdobramentos que se firmaram
como um campo de estudo independente. Dessa forma, na Educação
Física, no que diz respeito às LAMEC, há duas grandes áreas que são
estudadas comumente por dois vieses: biodinâmico e sociocultural.
 O viés biodinâmico refere-se a estudos sobre
condicionamento, saúde e qualidade de vida na
prática das LAMEC, com foco na fisiologia e na
biomecânica corporais que alicerçam a prática.
Nesses estudos, há ênfase nas análises definidas
como quantitativas, onde, através de ciências como
a Estatística, por meio de representações
numéricas, são apresentados os resultados
referentes a mudanças na composição corporal, na
força, na velocidade e em outras qualidades e
valências físicas que possam ser quantificadas.
 O viés sociocultural está alicerçado por ciências
como Antropologia, Sociologia e Filosofia, de forma
que muitas dessas estão relacionadas a métodos
de ensino que se baseiam em estudos prévios da
didática internacional. Tal viés apresenta seus
achados baseados em uma análise qualitativa,
utilizando-se, por exemplo, de entrevistas e
questionários para analisar as inter-relações
sociais, históricas e culturais promovidas pelas
LAMEC. Logo, há de se notar que as informações
i l t i d d t d Ed ã
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 32/52
Os desafios na construção de métodos e caminhos que deem conta do
conteúdo apresentado pela BNCC é longo. Portanto, serão apresentados
no decorrer deste material o que a literatura especializada tem como
resultados, a fim de contribuir com os métodos de ensino em lutas, e as
bases históricas que compõem os métodos de ensino das LAMEC.
Atenção!
O termo “artes marciais”, diferentemente do termo “lutas”, abarca na
literatura não apenas sua inserção no ambiente escolar, mas a
construção cultural e técnica de diferentes sistemas combativos que
tinham como foco a defesa pessoal. Compreender como essas artes e
lutas eram ensinadas é o primeiro passo para a desconstrução dos
métodos de ensino. Métodos esses que, passados entre as diferentes
gerações, detinham caráter de manutenção hierárquica, com
características militaristas, o que em nada contribui para o
desenvolvimento integral do aluno.
Derivado do artesanato e referido ao “saber fazer”, o termo “escola de
ofício” é utilizado para se referir ao método reprodutivista de ensino
tradicional das artes marciais. Drigo e outros colaboradores (2011)
citam três características das escolas de ofício, as quais possuem
estrita relação com as artes marciais e o seu ensino tradicional, além de
apresentarem o mesmo peso quanto ao caráter formativo. Vejamos:
O aprender fazendo
A valorização do mestre
nacionalmente oriundas de autores da Educação
Física são recentes.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio#33/52
A prática e os estudos formais
O aprender fazendo: Pode ser atribuído tanto como método de ensino
para alunos quanto para formação de professores, algo que, geralmente,
não há distinção. O que muitas das vezes ocorre é a diferenciação do
nível de dificuldade técnica ou exigência física entre os mais e menos
graduados, os quais se sujeitam a exercícios de condicionamento físico
e técnico propostos como progressão pedagógica.
No entanto, o método de ensino nas artes marciais volta-se à repetição
dos movimentos, que são produzidos pelos mestres e reproduzidos
pelos discípulos.
Essa metodologia chega ao ambiente escolar, visto que não há uma
padronização do método de ensino nas artes marciais, então, o método
das escolas de ofício se faz presente na própria instrução aos docentes
na universidade. Tal prática não prepara o professor de Educação Física
escolar para refletir de maneira crítica sobre a forma de inserir as lutas
em seus conteúdos, optando muitas vezes por não ministrar ou repetir
parcialmente técnicas da modalidade que dava nome à disciplina
referente às lutas em sua formação (Judô 1, Judô 2, Capoeira 1, dentre
outras).
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 34/52
A valorização do mestre: Apresenta estrutura ainda patriarcal e
militarista das artes marciais. O mestre é o centro do processo, e não o
aluno, o que vai na contramão dos mais diversos autores do campo da
didática e dos documentos fundantes da educação brasileira. O mestre
é o pai da família marcial, o centro do conhecimento e a ele e sua
expertise que se intui o bom e o ruim, tanto quando se fala em qualidade
técnica quanto em requisitos morais e éticos.
Avaliações subjetivas fazem parte das suas funções de docente,
coordenador, técnico, pai e conselheiro. Seu poder é atribuído pela
graduação, e o respeito a seus méritos reflete-se na coloração de sua
faixa (corda, camisa ou outro simbolismo que se refira a seu
conhecimento). Essa estrutura militarista e hierárquica, quando
reproduzida na escola, causa desconforto não apenas aos alunos, mas
também aos demais docentes e pais, visto que o “método” de ensinar
apresenta caráter repressor, não proporcionando a criticidade no
processo e, portanto, sendo pouco produtivo ao desenvolvimento
integral do aluno, o qual necessita de experiências diversas na
construção de seu saber.
A prática e os estudos formais: Considerando a cultura da oralidade
provinda das artes marciais, é de se esperar que o empirismo na
aprendizagem das técnicas seja valorizado. Inclusive, a falta de
conteúdo teórico e literatura científica de diferentes modalidades
contribuem para que a palavra de quem ensina seja promovida como
verdade. Como visto, as avaliações do processo de ensino nas LAMEC
são baseadas no conhecimento técnico e, poucas vezes, na evolução
global.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 35/52
Apesar de seu rico conteúdo filosófico e cultural, mais uma vez, a
formação docente não proporciona o aprofundamento sobre essas
questões. Assim, o conhecimento ou o reconhecimento da expertise de
um artista marcial limita-se ao saber lutar, o que, no campo escolar, é
extremamente danoso, pois contribui para a reprodução da fala
midiática – apresenta-se como representante informacional do
conteúdo das lutas.
O desenvolvimento de estudos formais sobre a didática das lutas e sua
aproximação com a pedagogia do esporte visam ao desenvolvimento de
alternativas de ensino mais contemporâneas, mas que não
descaracterizem as artes marciais e os seus ensinamentos. No entanto,
o excesso de informações de baixa qualidade e de frágil procedência
sobre as LAMEC tendem a criar deturpações conceituais que
influenciam os próprios docentes na elaboração de suas aulas. Para
além da produção acadêmica, é necessário instruir os profissionais que
atuaram na educação formal com as lutas sobre as informações que as
cercam e como discerni-las. Compreender o processo de informação
dos educandos sobre as lutas e a sua relevância acadêmica é
imprescindível para a formação docente.
O papel da mídia no ensino das lutas
A educação para a mídia e através dela é uma necessidade relatada em
diferentes publicações. O alcance promovido pelo conteúdo da
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 36/52
televisão, do rádio, do cinema e de outros meios de mídia faz desta o
principal meio de difusão informacional na sociedade contemporânea.
Longe de promover um debate sobre a qualidade das informações
disponibilizadas pelas diferentes mídias, o fato a ser questionado é o
caráter fragmentado dessas informações. Entenda melhor, a seguir:
Um dos temas de maior discussão em torno das artes marciais é a
violência, e o fato de como essa violência é explorada e vendida cria
conceitos a respeito da prática das artes marciais, influenciando
negativamente a sociedade. Dessa forma, indo na contramão dos
estudos socioculturais acerca dos benefícios de suas práticas, tais
quais:
Redução no estresse
Controle das emoções
Inserção social
Através da alusão à violência incutida há séculos na criação dos
sistemas de combate de maneira descontextualizada, justifica-se a
violência como uma característica do esporte. Os atletas são
transformados em vendedores, os quais utilizam falas provocativas,
violentas e posturas antidesportivas, a fim de despertar a curiosidade do
 Apesar de vasta, as informações veiculadas como
conteúdo midiático não contribuem para a
formação de uma concepção sólida sobre tema
algum. As lutas, como visto anteriormente, sempre
fizeram parte da sociedade em diferentes
contextos, inclusive em forma de entretenimento.
 No entanto, hoje, o alcance de sua informação, os
conceitos e as opiniões são globais. A
transformação das artes marciais em espetáculo
na contemporaneidade trouxe consigo a
necessidade de se refletir sobre essas informações
e de compreender como a sociedade é impactada
diretamente por elas.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 37/52
espectador pelo desfecho. Ao remontar a característica circense já
apresentada no Coliseu romano, os promotores desses espetáculos
contemporâneos utilizam-se de técnicas de venda e não de análise.
Com o intuito de reduzir os impactos desse processo de venda de
informações e deturpações, os professores devem ser os principais
fomentadores e gestores do conteúdo, apropriando-se, nesse cenário,
do espaço formal de conhecimento, a escola, para modificar esse
estereótipo.
A necessidade de se preparar professores para lidar com as
informações da mídia vai de encontro à sua formação para lidar e
promover as lutas no ambiente escolar. Sua formação intelectual deve
se fazer presente ao analisar de maneira crítica os conteúdos midiáticos
e não apenas os absorver como meros espectadores. O papel do
educador é fazer com que os alunos sejam críticos diante da
informação transmitida, podendo discernir sobre o que é show e o que é
realidade.
A universidade deve ser o primeiro local de debate sobre as informações
em artes marciais, dando ao futuro professor ferramentas para tal. Ter
ao menos o conhecimento básico sobre as raízes históricas e culturais
das diferentes artes marciais possibilita ao professor o embasamento
para refletir e contrastar junto aos alunos as informações midiáticas
sobre as lutas.
Saiba mais
Há de se compreender que, na contemporaneidade, a característica
esportiva das artes marciais sofreu mudanças, ao passo que, através do
surgimento da modalidade MMA (em sua tradução literal, “Artes
Marciais Mistas”), nasceu um esporte de luta com característicasjá
espetacularizadas. Diferente da construção histórica de outras
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 38/52
modalidades de combate, as quais têm em sua origem a defesa pessoal
e a de território, o MMA é um esporte de mídia, com o intuito de
entretenimento e venda, fenômeno este de domínio e estudo das
LAMEC. Portanto, deve ser muito discutido em sala de aula.
O papel do professor de Educação Física perante a mídia, seja
especialista ou não em artes marciais, é o de fomentar diferentes
opiniões junto aos educandos, sendo o gestor do processo. Deve ainda,
auxiliar os alunos em sua formação crítica, junto aos meios de mídia,
em especial, no que diz respeito aos esportes de luta. Seu
conhecimento prévio como espectador não deve ser descartado, no
entanto, é importante que usufrua de seu conhecimento acadêmico a
fim de propor um ambiente de discussão acerca dos conceitos
promovidos pela mídia.
A realidade sobre os estudos em
LAMEC
Ao buscar informações pertinentes ao conteúdo relacionado às artes
marciais na literatura, é comum encontrarmos grande número de
estudos voltados para a performance humana. No entanto, no que se
refere ao campo e as suas aplicações na Educação Física escolar,
poucos contribuem para a didática do profissional atuante na escola.
Na própria Educação Física, há uma relevante discrepância quanto ao
número de publicações em relação aos estudos na área biodinâmica e
na área sociocultural.
Como vimos, a área biodinâmica utiliza conhecimentos de
ciências, como a Biologia, a Química, a Fisiologia e a
Estatística; já a área sociocultural utiliza de ciências como a
Sociologia, a Pedagogia e a Antropologia.
O baixo número de publicações nacionais sobre o estudo das
artes marciais no ambiente escolar cria a necessidade de se
buscar em outras realidades que não a brasileira iniciativas de
uma construção didática para as artes marciais.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 39/52
Dessa forma, autores estrangeiros de diferentes áreas do saber
são utilizados como embasamento para contextualizar a
didática das lutas na escola, o que provoca discussões sobre a
adequabilidade desses sistemas, ideias e teorias no Brasil.
Os diferentes estudos em LAMEC são direcionados de acordo com os
respectivos pesquisadores da área em inter-relação com as demandas
de informação e conteúdo propostas pela sociedade. Assim, fenômenos
como a esportivização das artes marciais, a profissionalização de seus
atores e as lutas espetacularizadas pelo processo midiático
promoveram os estudos sobre performance humana, relegando estudos
didáticos e pedagógicos sobre o ensino das LAMEC na área escolar.
Curiosidade
No estudo de Correia e Franchini (2010), os autores realizaram um
levantamento do número de publicações após a criação do sistema
CONFEF até o ano de 2010. Nesse cenário, verificou-se que, de 2561
estudos, apenas 75 eram sobre LAMEC e somente 10,7% eram voltados
a estudos pedagógicos. No estudo de Antunes e outros colaboradores
(2017), ao analisarem publicações sobre didática nas artes marciais e
esportes de combate subsidiados à área da Educação Física entre os
anos de 1997 e 2011, foram encontrados 117 estudos, sendo que
apenas 20 se enquadravam em estudos pedagógicos. O baixo número
de publicações sobre o tema dificulta a elaboração de material e,
consequentemente, a formação profissional para a inserção de lutas na
escola.
Mesmo ao analisar os estudos propostos como estudos didáticos nas
artes marciais, esses se direcionam a uma modalidade específica e aos
problemas a serem solucionados dentro de sua realidade prática.
Muitos propõem sistematizações ainda sobre uma única prática, a qual
se apresenta como um manual ao professor, que, mesmo utilizando
diferentes autores da pedagogia do esporte, não alcança o escopo
necessário a um método de ensino.
Ao produzir esses sistemas ou prover recomendações aos docentes na
elaboração dos conteúdos, vemos que em sua maioria são utilizadas as
teorias críticas de ensino, o que demonstra esforço por parte dos
pesquisadores e profissionais no sentido de não apenas atribuir
aspectos tecnicistas às lutas, mas também de promover a reflexão
acerca de seus conteúdos.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 40/52
Outra perspectiva interessante é a adoção do contexto histórico e
cultural nas aulas de Educação Física em que são inseridas as lutas,
considerando o rico acervo disponível sobre os países estrangeiros
responsáveis pela sistematização inicial dessas modalidades. Diante
disso, os professores apropriam-se dos aspectos da cultura e história
local, e contextualizam as práticas junto aos alunos, promovendo ações
educacionais de integração para além do ato de lutar.
Considerando as dificuldades estruturais e
metodológicas presentes na inserção das lutas no
ambiente escolar, é importante louvar as iniciativas de
pesquisadores e docentes em busca de alternativas
para escapar do caráter historicamente tecnicista das
escolas de ofício no ensino de artes marciais. São
esses profissionais que, a partir de um processo de
desconstrução, contribuem para a busca de novas
formas de ensinar.
Caminhos para o ensino das lutas na
escola
Vimos até aqui que ainda não há um método que abranja de maneira
global o ensino das lutas em ambiente escolar. No entanto, algumas
iniciativas promissoras buscam adequar-se à realidade escolar
brasileira. Apresentaremos a seguir algumas direções na construção e
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 41/52
na aplicação de conteúdos, no sentido de fomentar o interesse e auxiliar
profissionais e futuros profissionais em suas aulas.
Dentre as primeiras iniciativas a serem apresentadas, está a ideia de
formação continuada. Formação essa que se apresenta como um
caminho promissor enquanto perspectiva de melhoria da qualidade de
ensino das lutas na escola e de paramentar profissionais especialistas e
não especialistas na condução desse processo.
 A iniciativa parte do pressuposto de que, devido ao
grande conteúdo acadêmico necessário à
formação do profissional de Educação Física, o
tempo para se dedicar à complexidade das artes
marciais que fujam do panorama das escolas de
ofício é escasso, sendo necessária, portanto, uma
formação extraclasse.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 42/52
Ao unir os conhecimentos aprendidos sobre Didática e Pedagogia, o
professor deve adaptá-los a diferentes exercícios e atividades para sua
realidade escolar. Essa formação pode ser promovida através de cursos
de pós-graduação ou de extensão, podendo ser aplicados pelas próprias
universidades. Além disso, podem ser ofertadas disciplinas
fragmentadas voltadas à pedagogia das lutas, somando-se créditos
durante a formação do professor ainda na universidade.
A utilização do contexto histórico e cultural das
diferentes artes marciais também é apreciado nas
iniciativas de inserção das lutas na escola. Inclusive,
vai de encontro às solicitações dispostas pela BNCC
quanto ao ensino de lutas brasileiras e do mundo. Para
tal, é necessário que o profissional elenque as
modalidades que irá abordar, a fim de se inteirar
previamente sobre tais práticas.
Longe de se aprofundar nas diferentes disciplinas marciais, o professor
apropria-se momentaneamente desses conteúdos, de forma que possa
tratar de assuntos, como diferenças culturais e contexto de criação dos
sistemas, momento em que é possível traçar paralelos com a
espetacularização midiática das lutas e discutirtemas recorrentes,
como a violência. Essa abordagem pode promover ainda atividades
conjuntas de diferentes disciplinas, como História, Geografia, Sociologia
e Filosofia.
A ideia de proporcionar uma educação global passa pela interação entre
as diferentes disciplinas as quais serão ministradas aos alunos durante
o período escolar. Inclusive, a característica de integração entre teoria
escolar e realidade dos alunos é salientada por diversas vezes no
próprio documento da BNCC.
 Formações voltadas às noções de didática e
pedagogia das artes marciais dedicam-se não
apenas ao conteúdo escolar, mas oportunizam o
aprendizado de diferentes maneiras de se abordar o
conteúdo lutas. Diversas vezes, essas formações
são voltadas a públicos específicos, como o infantil
e o infanto-juvenil, o que, dada a proximidade da
faixa etária, pode engrandecer o profissional
atuante no ambiente escolar.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 43/52
Apesar de não englobar questões históricas e culturais, a utilização de
técnicas de diferentes modalidades para o desenvolvimento de
valências físicas e habilidades motoras previstas para as respectivas
faixas etárias é um caminho possível. Ou seja:
Atividades que envolvem elementos como a música, por exemplo
a capoeira, podem ser utilizadas para o desenvolvimento do
ritmo.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 44/52
Já atividades como o wushu e o taekwondo podem auxiliar no
desenvolvimento da força e da flexibilidade.
Os jogos são formas de inserção das lutas na escola que podem se
referir à ludicidade e atender às necessidades previstas pela BNCC.
Jogos de luta podem envolver projeções, desequilíbrio, oposições,
domínio do espaço físico e, dentro da proposta do professor, podem
ainda desenvolver o trabalho em equipe, através de jogos com
características cooperativas.
Resumindo
As lutas apresentam-se na BNCC não apenas dentro de seu campo
específico, mas enquanto modalidade possível no campo dos jogos. Os
jogos de luta não precisam deter nomes específicos ou ser criados a
partir de modalidades específicas, porém devem utilizar-se de contextos
combativos das diferentes lutas, como o espaço físico da roda na
capoeira, os rolamentos como estratégia de fuga e deslocamento no
judô, a oralização dos golpes do caratê etc.
É possível ainda a utilização de um consultor para preencher essa
lacuna do ensino das lutas na escola. Apesar de privar o professor da
escola de contribuir para seu conhecimento técnico sobre o conteúdo,
não privará os discentes. O consultor é, em sua maioria, um professor
especialista, o qual não detém o papel de formar novos professores ou
atletas de uma modalidade, mas posiciona-se como um estudioso das
LAMEC, no sentido de oportunizar os diferentes aspectos históricos,
culturais, pedagógicos e motores que circundam essas modalidades,
cumprindo, assim, a regulamentação prevista pelos documentos
norteadores correspondentes de Educação Física escolar brasileira.
Ainda há muito o que se fazer em prol do estudo das
LAMEC, dentro e fora do ambiente escolar. O conteúdo
das artes marciais é de extrema complexidade para ser
compilado no contexto das lutas para o ambiente
escolar, em contrapartida, ao buscar suprir as
solicitações da BNCC e de seu extenso conteúdo
programático, o documento parece não levar em conta
a realidade das aulas de Educação Física escolar no
Brasil, tampouco a formação do profissional que atuará
com tal conteúdo na escola.
Diferentes iniciativas demonstram que existe uma possibilidade real de
ensinar com qualidade as lutas na escola, no entanto, é necessário
esforço conjunto entre professores, pais, gestores da educação e
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 45/52
entidades governamentais, no sentido de se fomentar a aplicação dessa
unidade temática. Unidade essa que contribui para além da formação
física e intelectual do educando, que o propõe aspectos morais em
relação ao mundo, o fazendo crítico às informações transmitidas sobre
as lutas e suas práticas.
Lutas na escola: possibilidades x
di�culdades
O mestre Luiz Felipe Machado Pinto realiza apontamentos sobre as
demandas das lutas segundo a BNCC e faz propostas de execução
destas na realidade escolar brasileira.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Na literatura especializada em artes marciais, diga-se aquelas de
caráter acadêmico científico, são comuns questionamentos acerca
dos métodos de ensino tidos como tradicionais. Essa maneira de se
ministrar os conteúdos é comumente denominada de escolas de
ofício. Leia atentamente as alternativas abaixo e assinale a que
melhor representa as características dessas escolas.

A
A técnica e a forma de ensino aludem a um caráter
mecânico de reprodução técnica, que propõe pouco
ou nenhum espaço para debate ou questionamento.
Nesta, o mestre é visto como o detentor do
conhecimento, sendo o responsável pela
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 46/52
Parabéns! A alternativa A está correta.
As escolas de ofício aludem ao simplório caráter técnico do
aprendizado de uma profissão, deixando de fora desse processo
elementos que façam não apenas o docente, mas também seus
alunos a refletirem e modificarem as práticas.
Questão 2
manutenção e ensino do conteúdo relacionado às
artes marciais.
B
Diz respeito à habilidade manual atribuída aos
artesãos e que se equipara à habilidade técnica de
artistas marciais. Essa relação de habilidade é
extrapolada não apenas em habilidades manuais,
mas na própria relação para com a confecção de
suas armas.
C
O artesão é aquele, para além de confeccionar,
molda suas criações. Nas artes marciais, o mestre é
aquele que encaminha seu discípulo aos requisitos
técnicos, físicos e filosóficos necessários à sua
formação.
D
As ditas escolas de ofício são aquelas que
preparam o futuro professor para ser como seu
mestre. Ou seja, ensina-o um ofício, atribuindo
durante seu processo educacional conceitos sobre
Pedagogia, Didática e outras ciências, a fim de
oportunizar sua interação com a sociedade.
E
No processo de ensino-aprendizagem, as escolas de
ofício estão presentes dentre as mais importantes e
reconhecidas maneiras de se transmitir
conhecimento. Extremamente valorizada no meio
acadêmico, é a única maneira apresentada pela
literatura para a manutenção dos conhecimentos
nas artes marciais.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 47/52
Uma das questões mais recorrentes no estudo das LAMEC é sobre
os métodos de ensino. Apesar de não haver ainda um método que
abarque a complexidade prevista pela própria historicidade das
modalidades, diferentes iniciativas promissoras visam proporcionar
uma experiência construtiva na relação das lutas na escola e ao
mundo dos estudantes. Dentre elas, podemos citar:
A
A formação de faixas-pretas pode e deve ser
oportunizada pela universidade. Essa, em conjunto
com as federações específicas das modalidades,
possui a missão institucional de formar seus
professores para o mercado de trabalho.
B
A formação de redes de escolas de ofício é um
caminho possível na formação dos professores
especialistas e não especialistas de Educação
Física. Como visto até então, as escolas de ofício
devem ser as principais responsáveis pela
manutenção do conhecimento sobre as diferentes
modalidades.
C
A ausência do conteúdo referente às lutas nas aulas
de Educação Física se apresenta como uma
alternativa de baixo custopara as instituições de
ensino, sendo estas estimuladas a obrigar o
profissional a especializar-se se assim quiser.
D
Formação na própria escola é uma iniciativa
utilizada em diferentes estados brasileiros, onde a
instituição escolar, em contato com as federações
de esportes olímpicos, oferece a seus docentes a
formação como especialistas para que possam
atender às normas da BNCC.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 48/52
Parabéns! A alternativa E está correta.
Educação continuada, contratação de consultores e abordagem
histórica são algumas das ideias para a construção do conteúdo
lutas na escola, visto que o objetivo é proporcionar ao educando
uma visão integrada e crítica sobre e através das lutas.
Considerações �nais
Como visto ao longo do conteúdo, no ano de 2017, foi publicada a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), documento com força de lei que
busca atender às demandas de um currículo nacional unificado para a
educação básica, por parte de professores e gestores da educação
brasileira. Apesar da importância desse documento para unificação dos
conteúdos, muito se questiona a sua adequabilidade à realidade
brasileira, a qual enfrenta muitos problemas, desde a falta de estrutura
física até a formação de seus docentes.
Dentre os conteúdos de grande questionamento, encontra-se o campo
das lutas, o qual é designado à área do conhecimento Educação Física.
As lutas, como são chamadas as artes marciais nos documentos
basilares, detêm vasto conteúdo proposto pela BNCC. Apesar de ser um
grande adendo a inserção de lutas como unidade temática da Educação
Física, com todos seus aspectos morais, motores, históricos e
filosóficos, há de se questionar o modo como esses conhecimentos
estão sendo transmitidos.
Hoje, não há ainda um método de ensino para as lutas que englobe os
diversos assuntos correlatos, tampouco que dê conta da diversidade
das lutas existentes. As dificuldades de inserção desse conteúdo na
E
A formação continuada dos professores de
Educação física através de cursos de pós-graduação
ou extensões promovidas pela própria universidade
podem auxiliar docentes na complementação do
vasto conteúdo atribuído ao estudo das LAMEC,
proporcionando ferramentas para construção de seu
conteúdo.
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 49/52
escola se dão pela sua própria ausência nos planos de curso dos
docentes – os quais apontam extrema superficialidade em sua
formação – além da aplicação do método de escolas de ofício, que
reproduzem conteúdo técnico e acrítico, o que em nada soma para a
formação dos educandos.
Falas em alusão à violência através da prática e midiatização dos
conceitos devem ser debatidas em sala de aula, empoderando a escola
como instituição de conhecimento formal. Para tal, diferentes e
promissoras iniciativas têm colhido bons frutos quanto à melhoria do
ensino de lutas na escola. No entanto, a interação entre sociedade e
escola se faz constantemente necessária para a evolução desse
processo.
Podcast
Agora, o mestre Luiz Felipe Machado Pinto encerra o tema falando sobre
as diferentes iniciativas de ensino que têm sido apresentadas nas
escolas, as quais visam ao ensino das lutas de maneira crítica e
contextualizada, distanciando-se assim do mecanicismo das escolas de
ofício.

Explore +
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo,
recomendamos as seguintes leituras:
A Base Nacional Comum Curricular, em especial a seção referente à
Educação Física.
O livro Aspectos Multidisciplinares das Artes Marciais, de Marcelo
Moreira Antunes e Carla Carvalho Iwanaga, publicado em 2014 pela
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 50/52
Editora Paco e Littera.
Referências
ANTUNES, M. M. et al. Pedagogia das artes marciais e esportes de
combate no brasil: um estudo sobre a produção científica nacional.
Arquivos em Movimento, v. 13, n. 1, p. 64-77, 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.
BNCC. Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Diário Oficial da União,
1996.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
CORREIA, W. R.; FRANCHINI, E. Produção acadêmica em lutas, artes
marciais e esportes de combate. Motriz. Journal of Physical Education,
UNESP, p. 01-09, 2010.
DIAS, E. Arte Marcial: Espetáculo, Esporte e Circo. Curitiba: Editora
Appris, 2020.
DRIGO, A. J. et al. Artes marciais, formação profissional e escolas de
ofício: Análise documental do judô brasileiro. Motricidade, v. 7, n. 4, p.
49-62, 2011.
HARNISCH, G. S. et al. As lutas na Educação Física escolar: um ensaio
sobre os desafios para sua inserção. Caderno de Educação Física e
Esporte, v. 16, n. 1, p. 179-184, 2018.
IWANAGA, C. C.; MARANHÃO NETO, G. A. O papel das artes marciais em
condições especiais. In: ANTUNES, M. M.; IWANAGA, C. C. Aspectos
Multidisciplinares das Artes Marciais. Jundiaí: Paco Editorial, 2014.
Material para download
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 51/52
Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.
Download material
O que você achou do conteúdo?
Relatar problema
07/05/2024, 18:12 Base nacional comum curricular e as lutas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02314/index.html?brand=estacio# 52/52
javascript:CriaPDF()

Mais conteúdos dessa disciplina