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DOC-20240429-WA0035

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1 
88 
PREMONIÇÃO 
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO: 
DEMOCRACIA E CIDADANIA 
Com o intuito de auxiliá-los na última semana de estudos para a prova do CNU, separei, em poucas 
páginas, os conteúdos que reputo fundamentais você saber para a sua prova. Meu objetivo não é 
esgotar o tema, mas predizer os assuntos que tem maior probabilidade de serem cobrados. Se, 
nestas poucas páginas, acertarmos algumas das questões de prova, ficarei imensamente feliz. 
Compartilhe este material com seus amigos que farão a prova. E, claro, siga meu Instagram! Te 
espero por lá! 😉 
 
https://www.instagram.com/proftorques/ 
 
O conteúdo do edital contém os seguintes pontos: 
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO: DEMOCRACIA E CIDADANIA 2.1 Estado de 
direito e a Constituição Federal de 1988: consolidação da democracia, 
representação política e participação cidadã. 2.2 Divisão e coordenação de 
Poderes da República. 2.3 Presidencialismo como sistema de governo: noções 
gerais, capacidades governativas e especificidades do caso brasileiro. 2.4 
Efetivação e reparação de Direitos Humanos: memória, autoritarismo e violência 
de Estado. 2.5 Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 (Decreto nº 
7.037/2009). 2.6 Combate às discriminações, desigualdades e injustiças: de renda, 
regional, racial, etária e de gênero. 2.7 Desenvolvimento sustentável, meio 
ambiente e mudança climática. 
Nosso objetivo é passar por todos os pontos por aqui! 
Boa revisão! 
Sumário 
Estado de direito e a Constituição Federal de 1988: consolidação da democracia, representação 
política e participação cidadã. Divisão e coordenação de Poderes da República. Presidencialismo 
https://www.instagram.com/proftorques/
 
2 
88 
como sistema de governo: noções gerais, capacidades governativas e especificidades do caso 
brasileiro ........................................................................................................................................... 2 
Efetivação e reparação de Direitos Humanos: memória, autoritarismo e violência de Estado ...... 13 
Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 (Decreto nº 7.037/2009) ................................ 24 
Combate às discriminações, desigualdades e injustiças: de renda, regional, racial, etária e de 
gênero ............................................................................................................................................ 31 
Negro .......................................................................................................................................... 37 
Mulher ......................................................................................................................................... 49 
Desigualdades ............................................................................................................................. 66 
Idoso ........................................................................................................................................... 78 
 
ESTADO DE DIREITO E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: 
CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA, REPRESENTAÇÃO 
POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ. DIVISÃO E 
COORDENAÇÃO DE PODERES DA REPÚBLICA. 
PRESIDENCIALISMO COMO SISTEMA DE GOVERNO: NOÇÕES 
GERAIS, CAPACIDADES GOVERNATIVAS E ESPECIFICIDADES 
DO CASO BRASILEIRO 
# Cidadania: 
• Cidadania é o direito de participar da política e dos negócios do Estado; 
• Fundamento da República: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos: (...) II - a cidadania (...). 
• Em sentido formal, cidadania implica nacionalidade (critérios jurídicos e políticos que 
vinculam a pessoa ao Estado). Trata da titularidade dos direitos civis, políticos e sociais. 
 
3 
88 
• Em sentido material, cidade trata da extensão dos direitos e garantias fundamentais a todas 
as pessoas que integram a nação. Aproxima-se do conceito de igualdade jurídica. 
• Níveis de evolução para alcançar a cidadania: 
 
# Constituição como Norma Suprema e Fundamental do Estado. A Constituição Federal de 1988 
deu origem ao Estado brasileiro atual! 
# Elementos fundamentais de um Estado: 
 
• Povo: pessoas ligadas ao Estado; 
• Território: delimitação territorial onde está situado o povo; 
• Governo soberano: titularidade para comando do povo brasileiro. 
# A soberania é entendida como o poder supremo que o Estado possui dentro dos seus limites 
territoriais e, internacionalmente, refere-se à não sujeição a nenhum outro poder no âmbito 
internacional. 
• direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de 
pensamento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito 
à justiça.
DIREITOS CIVIS
• direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou 
eleitor, no conjunto das instituições de autoridade pública.
DIREITOS POLÍTICOS
• conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social, desde a 
segurança até ao direito de partilhar do nível de vida, segundo os 
padrões prevalecentes na sociedade.
DIREITOS SOCIAIS
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DE UM ESTADO
Povo Território Governo soberano
 
4 
88 
 
# Estado Democrático: 
• Forma de governo cujo poder político é exercido pelo povo ou em seu nome, com decisões 
tomadas a partir da vontade da maioria em respeito aos direitos e liberdade individuais. 
• Elementos chave: eleições livres e justas, respeito aos direitos individuais, separação de 
poderes, responsabilização, participação cidadã, Estado de Direito, pluralismo político, 
proteção das minorias, imparcialidade. 
• Elementos chave: 
1. Eleições Livres e Justas: Em um Estado democrático, os cidadãos têm o direito de escolher 
seus representantes por meio de eleições livres e justas. Isso significa que as eleições devem 
ser realizadas regularmente, de forma transparente e sem coerção, e os resultados devem 
refletir a vontade da maioria. 
2. Respeito pelos Direitos Individuais: Um Estado democrático protege os direitos e 
liberdades individuais de seus cidadãos, incluindo a liberdade de expressão, de imprensa, 
de reunião, de associação e de religião. Também assegura a igualdade perante a lei e a 
proteção contra discriminação. 
3. Separação de Poderes: Em uma democracia, o poder do governo é geralmente dividido 
entre diferentes ramos, como o executivo, o legislativo e o judiciário, para evitar abusos de 
poder e garantir um sistema de freios e contrapesos. 
4. Responsabilização: Os líderes e representantes eleitos são responsáveis perante o povo 
e podem ser sujeitos a processos de impeachment ou a eleições regulares. A 
responsabilização também se estende à prestação de contas por ações do governo. 
5. Participação Cidadã: Os cidadãos têm o direito de participar ativamente no processo 
político, seja por meio do voto, da expressão de opiniões, da apresentação de petições ou 
da participação em organizações da sociedade civil. 
6. Estado de Direito: Um Estado democrático opera sob o princípio do Estado de Direito, 
onde todas as ações do governo são baseadas em leis e regulamentos, e ninguém está 
acima da lei. 
O PODER
é do povo
será 
exercido
diretamente pelo povo
indiretamente
por intermédio de 
representantes eleitos
 
5 
88 
7. Pluralismo Político: Em um Estado democrático, há espaço para a existência de diferentes 
partidos políticos e pontos de vista, permitindo a competição saudável e a diversidade de 
opiniões. 
8. Proteção das Minorias: A proteção dos direitos das minorias é fundamental em um Estado 
democrático, para garantir que grupos minoritários não sejam marginalizados ou oprimidos 
pela maioria. 
9. Imparcialidade e Justiça: As instituições judiciais devem ser imparciais e garantir a justiça, 
protegendo os direitos e resolvendo disputas de maneira justa e equitativa. 
# Estado de Direito: 
• Estado ordenado por um conjunto de princípios e valores que estabelecem que o governo 
e todas aspessoas estão sujeitas à lei, conforme regras preestabelecidas e procedimentos 
legais. 
• Princípios: supremacia da lei, igualdade perante a lei, legalidade, acesso à justiça, devido 
processo legal, separação dos poderes, accountability (responsabilização) e transparência. 
• Elementos chave: 
1. Supremacia da Lei: A lei é a autoridade suprema e todos os cidadãos, incluindo 
funcionários governamentais e autoridades, estão sujeitos a ela. Ninguém está acima da lei. 
2. Igualdade perante a Lei: Todas as pessoas são iguais perante a lei, independentemente 
de sua posição social, econômica, política ou outras características pessoais. 
3. Legalidade: As ações do governo devem ser baseadas em leis e regulamentos existentes, 
e qualquer ação governamental que viole a lei pode ser contestada nos tribunais. 
4. Acesso à Justiça: Todos têm o direito de buscar justiça e reparação por meio de um 
sistema de justiça imparcial e acessível. 
5. Devido Processo Legal: Os processos legais devem ser justos e transparentes, com 
garantias de direitos fundamentais, como o direito a um julgamento justo, o direito de ser 
ouvido e o direito a um advogado. 
6. Separação de Poderes: O poder estatal deve ser dividido entre diferentes ramos do 
governo (executivo, legislativo e judiciário) para evitar abusos de poder e garantir o controle 
mútuo. 
7. Accountability (Responsabilização): Funcionários públicos e autoridades governamentais 
devem ser responsáveis por suas ações e decisões, e os cidadãos devem ter meios eficazes 
para responsabilizá-los por condutas inadequadas. 
 
6 
88 
8. Transparência: O governo deve operar de forma transparente, disponibilizando 
informações e documentos públicos, e os cidadãos devem ter acesso a essas informações. 
# Forma, sistema e regime de governo e forma de Estado 
 
 
 
 
 
• Forma como se atinge o Poder.
• No Brasil, o governo é do povo.
• O exercício dos cargos políticos são transitórios.
• Os governantes são escolhidos pelo povo.
• Os cidadão podem concorrer aos cargos públicos em condições de igualdade.
REPÚBLICA
• Modo como é conduzido o relacionamento entre o Poder Executivo e o Poder 
Legislativo.
• Há predominância do Poder Exeacutivo.
• A chefia de Estado e a chefia de governo é exercida pelo Presidente da 
República.
• O Poder Legislativo não participa diretamente do governo.
PRESIDENCIALISMO
• Forma descentralizada de organização do Estado brasileiro.
• Autonomia e esfera de competência própria dos entes.
• Estados-membros influenciam na vontade nacional (Senado Federal).
• Igualdade entre os entes federativos.
• Justiça específica para solução de litígios.
• Espaço de competência exclusiva.
FEDERAÇÃO
• Permite a aplicação dos direitos de cidadania.
• Convergência entre o povo e os governantes, dada a interação entre ambos.
• Maior legitimidade no exercício do poder.
REGIME DEMOCRÁTICO
 
7 
88 
 
# Direitos Humanos no Brasil 
 
# Art. 109. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior 
• Forma como se atinge o poder.
• República
FORMA DE GOVERNO
• Organização político-administrativa dos entes que 
compõem determinado Estado.
• Federal
FORMA DE ESTADO
• O modo como é conduzido o relacionamento entre 
o Poder Executivo e o Poder Legislativo
• Presidencialismo 
SISTEMA DE GOVERNO
• Convergência de vontade entre os legalmente 
administrados (povo) e aqueles que legitimamente 
administram (governo).
• Democrático
REGIME DE GOVERNO
 
8 
88 
Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de 
competência para a Justiça Federal. 
# Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos 
 
# Prisão Civil por Dívidas: 
• art. 7º, 7, do Pacto de San Jose da Costa Rica: Ninguém deve ser detido por dívidas. Este 
princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude 
de inadimplemento de obrigação alimentar. 
• art. 5º, LXVII, CF: Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo 
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. 
• Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a 
modalidade do depósito. 
# TIDHs com status constitucional: 
• Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo 
Facultativo. 
• Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com 
Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso. 
• Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de 
Intolerância. 
# Democracia do Sistema Constitucional Brasileiro 
• Modelos democráticos: 
CF e TIDH aprovados com o quórum de 
emenda
TIDH aprovados com quórum de normas 
infraconstitucionais
Atos normativos primários
Atos normativos secundários
 
9 
88 
 
• Instrumentos de democracia direta: 
 
• Direito de Petição: Confere-se a todos, inclusive estrangeiros residentes no país e pessoas 
jurídicas, independentemente do pagamento de taxas, o direito de peticionar aos Poderes 
Públicos em defesa de direitos ou contra a ilegalidade ou o abuso de poder. 
• Ação Popular: Instrumento processual para o cidadão defender os interesses de toda a 
coletividade, para controlar a legalidade de atos ou contratos administrativos, ou impedir 
atos lesivos ao patrimônio público, de qualquer um dos poderes ou órgãos e entidades 
vinculados ao Estado. 
• Consulta Popular: 
o durante as eleições municipais; 
o Objetiva questões locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à 
Justiça Eleitoral até 90 dias antes das eleições. 
• Direito de Participação: 
o forma participação na administração pública direta ou indireta, para: 
§ reclamações quanto à prestação de serviços públicos; 
§ acesso a registro administrativos e informações sobre atos de governo; 
§ representação contra exercício negligente ou abusivo do cargo, emprego ou 
função. 
DEMOCRACIA 
DIRETA
o cidadão exerce o poder diretamente, sem 
representantes
DEMOCRACIA 
REPRESENTATIVA
o cidadão exerce o poder indiretamente, por 
intermédio de representantes escolhidos
DEMOCRACIA 
SEMIDIRETA OU 
PARTICIPATIVA
o cidadão exerce o poder diretamente e 
indiretamente
INSTRUMENTOS DE DEMOCRACIA DIRETA
direito de petição (art. 5º, XXXIV, a)
plebiscito (art. 14, I)
referendo (art. 14, II)
iniciativa popular (art. 14, III)
consulta popular (art. 14 § 12º)
ação popular (art. 5º, LXXIII) 
direito de participação (art. 37, § 3º)
 
10 
88 
o Sufrágio x Voto X Escrutínio: 
 
• Democracia Participativa: 
 
o 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) 
o II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
SUFRÁGIO
Direito do cidadão de 
eleger, de ser eleito e 
de participar da 
organização e da 
atividade do Estado.
VOTO
Exercício do sufrágio.
Modo de manifestar
a vontade numa 
deliberação coletiva, 
pela qual se escolhe 
quem irá ocupar os 
cargos políticos-
eletivos em nosso 
País.
ESCRUTÍNIO
Forma de realização do 
voto.
Contagem dos votos 
colhidos no decorrer de 
uma eleição, fase do 
processo de apuração 
dos votos.
Concluída a recepção de 
votos, as respectivas 
urnas são remetidas à 
junta eleitoral para 
apuração. A partir desse 
momento, inicia-se o 
escrutínio da eleição, ou 
seja, a apuração.
DIRETO voto exercido direta e pessoalmente pelo eleitor (sem 
intermediários)
SECRETO não identificado
DE IGUAL VALOR cada voto possui o mesmo peso (não há voto censitário)
OBRIGATÓRIO todos devem votar (há exceções)
UNIVERSAL exercício por todas as pessoas (que se adequem às 
condições legais)
PERÍODICO exercido de tempos em tempos
PERSONALÍSSIMO não se vota por procuração oucorrespondência
LIVRE pode-se escolher o candidado que desejar, protegido pela 
sigilosidade.
 
11 
88 
 
• Capacidade Eleitoral Ativa: 
o alistamento e voto obrigatórios: aos maiores de 18 anos e menores de 70 anos ( 
desde que alfabetizados); 
o alistamento e voto facultativos: 
§ analfabeto; 
§ maiores de 70 anos; 
§ adolescentes entre 16 e 18 anos; 
o alistamento e voto não permitidos: 
§ estrangeiros; e 
§ conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório. 
• Conscritos: 
o O simples fato de a pessoa estar prestando serviço militar obrigatório resulta na 
situação jurídica de conscrito. 
o Os engajados ao serviço militar permanente, independentemente da patente que 
possuam, não estão impedidos de ser candidatos, tendo, inclusive, a obrigação de 
alistar-se como eleitores. 
o Os policiais militares são alistáveis, independentemente do nível da carreira. 
o Alunos de órgão de formação da Reserva, como médicos, dentistas, farmacêuticos 
e veterinários, que prestam serviço militar obrigatório, sofrerão os mesmos efeitos 
do militar conscrito, conforme art. 4º, da Lei nº 5.292/67, com redação dada pela Lei 
nº 12.336/2010. Na prática, eles já terão se alistado, desse modo, sofrerão suspensão 
dos direitos políticos enquanto prestarem o serviço militar obrigatório. 
o É o entendimento de José Afonso da Silva, extraído de SILVA, José Afonso da. 
Comentário Contextual à Constituição, 7ª edição, atual., São Paulo: Malheiros 
Editores, 2010, p. 224. 
o Resolução TSE nº 15.099/1989. 
• Quase Nacional: 
o Aos portugueses, quando estabelecem residência permanente no País, e desde que 
haja reciprocidade em favor de brasileiros, lhes serão atribuídos os direitos inerentes 
aos brasileiros; 
CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA
direito de votar e de participar 
diretamente da vida política do 
Estado
CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA
direito de ser votado
 
12 
88 
 
Requisitos de Elegibilidade Hipóteses de Inelegibilidade 
são disciplinados na Constituição e em leis 
ordinárias 
são disciplinados na Constituição e em leis 
complementares 
decorrem de atos lícitos praticados pelos 
interessados 
em regra, decorrem da prática de atos ilícitos 
permitem que o interessado concorra a 
cargos políticos 
vedam a possibilidade de o interessado concorrer 
validamente a um cargo público eletivo 
denominados de requisitos positivos denominados de requisitos negativos 
• Iniciativa Popular: 
o forma de apresentação de projetos de leis aos órgãos parlamentares brasileiros; 
o iniciativa popular federal: 
 
o Exemplos: iniciativa popular federal 
§ a Lei nº 8.930/1994, que caracterizou homicídio realizado por grupo de 
extermínio e homicídio qualificado como crime hediondo; 
§ a Lei nº 9.840/1999, lei contra a corrupção eleitoral, que permite a cassação 
do registro do candidato que incidir em captação ilícita de voto; 
§ a Lei nº 11.124/2005, que criou o Fundo Nacional de Habitação de Interesse 
Social; 
§ a Lei Complementar nº 135/2010, que proíbe a candidatura daquele que for 
considerado como “ficha suja”. 
PARA A CAPACIDADE 
ELEITORAL PASSIVA
observar os requisitos de 
elegibilidade
não incorrer nas hipóteses de 
inelegibilidades
REQUISITOS PARA A 
APRESENTAÇÃO DE 
PROJETO DE LEI POR 
INICIATIVA POPULAR
1% do eleitorado 
nacional
distribuídos por:
5 Estados, ao menos, e
pelo menos 0,3% dos 
eleitores em cada um 
deles.
 
13 
88 
o não há previsão para iniciativa popular para Projeto de Emenda à Constituição 
o iniciativa popular estadual: disciplina reservada à CE; 
o Iniciativa popular municipal: 5% dos eleitores do município. 
• Plebiscito e Referendo 
o O plebiscito é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos decidem, ou se 
posicionam, a respeito de determinados assuntos relevantes. Pode ter caráter 
OPNATIVO ou VINCULANTE bastando que conste expressamente no instrumento 
convocatório. 
o O referendo é a forma de manifestação popular pela qual o eleitor aprova, ou rejeita, 
uma matéria governamental já editada. Desse modo, a lei ou a emenda 
constitucional é aprovada, contudo, antes de entrar em vigor é submetida à 
aprovação. Sempre VINCULANTE. 
o Aprovação: maioria simples, excluídos brancos e nulos. 
o Congresso Nacional: autoriza referendo e convoca plebiscito. 
EFETIVAÇÃO E REPARAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS: 
MEMÓRIA, AUTORITARISMO E VIOLÊNCIA DE ESTADO 
# Memória, Autoritarismos e Violência do Estado 
# Justiça de Transição 
“o conjunto de medidas judiciais e não judiciais que têm sido implementadas por diferentes países 
para reparar um legado de massivos abusos aos direitos humanos.” (Centro Internacional para a 
Justiça Transicional) 
# Fortalecimento do Estado Democrático de Direito. 
O desenvolvimento de garantias para que não se repitam violações em massa aos direitos 
humanos. 
Medidas se desenvolvem nos campos da promoção da justiça, revelação da verdade, reparação 
das vítimas, preservação e divulgação da memória e implementação de reformas institucionais. 
# Fenômeno jurídico e político. 
Possui as seguintes dimensões: justiça, verdade, reparação e reformulação das instituições. Ou 
seja, é o processo de transição de um regime político a outro e o que é feito para reparar/punir as 
perdas do regime anterior. 
 
14 
88 
Ex.: nossa redemocratização, a qual, é importante pontuar, é criticada por teóricos, que julgaram 
insuficientes as medidas tomadas pelo Estado, que focou em indenizar, sem lembrar de investigar 
e punir culpados por atrocidades da época. 
# Marcos 
• internacionais: 
o Grécia Antiga; 
o julgamentos de Nuremberg; 
o início dos anos 90. 
# Eventos Importantes 
• Formação do Cone Sul da América (Argentina, Chile, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia); 
• África do Sul após o fim do regime racista do apartheid (1994); 
• Queda Muro de Berlim (1989). 
O primeiro no Cone Sul da América, em que Argentina, Chile, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia – 
após golpes militares e ditaduras extremamente violentas – experimentavam a retomada da 
democracia. 
O segundo refere-se à transição da África do Sul após o fim do regime racista do apartheid, em 
1994, sob a liderança de Nelson Mandela. 
E, finalmente, o grupo das transições nos países do extinto bloco soviético na Europa oriental e 
central, também no início da década de 1990, após a queda do Muro de Berlim, ocorrida em 9 de 
novembro de 1989. 
# Marco Nacional 
• Constituição Federal: reformas institucionais democráticas (MP) e proteção aos direitos 
humanos. 
• Lei nº 9.140/1995: reconheceram os mortos e desaparecidos políticos pela repressão, se 
garantiu às famílias o direito à reparação e à busca e identificação dos restos mortais e se 
instituiu a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP); 
• Lei nº 10.559/2002: regulamentou o art. 8º dos ADCT, criou a Comissão de Anistia e 
promoveu um amplo sistema de reparações materiais; 
• Lei nº 12.528/2011: Comissão Nacional da Verdade (CNV); 
• Lei nº 12.527/2011: reforma do marco normativo sobre transparência e sigilo de arquivos. 
Atuações esparsas. 
Não obstante a CF, tivemos apenas ações esparsas. 
 
15 
88 
# Caso Gomes Lund vs Brasil e a Guerra do Araguaia 
• A Lei 6.683/1979, Lei da Anistia, institucionalizou situação de omissão quanto à investigação 
penal da atuação dos agentes do Exército brasileiro. 
• Ações civis formuladas pelos familiares das vítimas também não foram bem sucedidas para 
a obtenção de informações. 
• Situação de omissão estatal, com impunidade dos responsáveis. 
• Corte Interamericana de Direitos Humanos x STF 
A Guerrilha do Araguaia foi um conflito político entre 1967 e 1974, na região do “Bico do 
Papagaio”, na fronteira entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins. O conflito foi um dos mais 
marcantes da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). 
A guerrilha foi organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B). O objetivo do PC do B era 
angariar apoio da população local para enfrentar a ditadura, derrubá-la, tomaro Estado e fazer a 
revolução. 
Os combates no Araguaia começaram em abril de 1972, quando o Exército iniciou o ataque aos 
destacamentos guerrilheiros. As Forças Armadas realizaram três campanhas militares e operações 
de inteligência na região, mobilizando cerca de 10 mil homens. 
Em outubro de 1974, a última militante encontrada na região, Walkiria Afonso Costa, foi presa e 
morta. Estima-se que morreram 20 militares, 67 guerrilheiros e 31 camponeses. 
Essa situação foi submetida à apreciação da CIDH, a qual entendeu que o Estado brasileiro incorreu 
na violação de direitos humanos tanto em razão da sua ação no combate à Guerrilha quanto em 
razão da sua posterior omissão em investigar e efetivamente punir os responsáveis pelas violações. 
O próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF 153, afirmou a vigência da Lei 
de Anistia e a constitucionalidade da interpretação do seu art. 1º, § 1º. 
A Corte Interamericana de Direitos Humanos que a Lei de Anistia não tem efeitos jurídicos e não 
pode continuar sendo utilizada como obstáculo para a investigação dos fatos relativos ao combate 
à Guerrilha do Araguaia. Além disso, entendeu a Corte que o Brasil descumpriu o dever de adaptar 
o seu direito interno às disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos em razão da 
interpretação e aplicação que foi dada à Lei de Anistia, o que, por sua vez, fez com que o Estado 
brasileiro incorresse em violação do dever de investigar os fatos. 
Como consequência, estabeleceu a Corte que o Estado brasileiro tem o dever de conduzir 
eficazmente, perante a justiça ordinária, a investigação penal dos fatos. 
Além disso, o Estado deve envidar esforços para a determinação do paradeiro das vítimas 
desaparecidas e, se possível, identificar e entregar os restos mortais aos familiares. 
 
16 
88 
Ainda, o Estado deve fornecer tratamento médico, psicológico e psiquiátrico às vítimas que o 
quiserem. 
Determinou a Corte também que o Estado realize ato público de reconhecimento de 
responsabilidade internacional. 
Previu a condenação também que o Brasil deve adotar medidas para tipificar criminalmente o 
delito de desaparecimento forçado de pessoas. 
E, ainda, os familiares das vítimas devem ser indenizados. 
A Corte Interamericana de Direitos Humanos apreciou a situação e entendeu que o Estado 
brasileiro incorreu em violação dos direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, bem como 
em violação da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, ao se omitir na realização 
de investigação, julgamento e punição dos responsáveis pela tortura e assassinato de Vladimir 
Herzog em contexto de sistemático e generalizado ataque à população civil. 
O jornalista Vladimir Herzog, Vlado, como era conhecido, foi assassinado pela ditadura militar no 
Brasil (1964 a 1985) no dia 25 de outubro de 1975. No domingo, fez 45 anos. O crime aconteceu 
após ele ter se apresentado, de forma voluntária, a depor no Destacamento de Operações de 
Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). 
Nono caso brasileiro analisado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), a 
sentença do Caso Herzog versus Brasil data de 15 de março de 2018. 
Em meados dos anos 1970, o regime militar promovia ofensiva contra supostos membros do 
Partido Comunista Brasileiro (PCB). O jornalista Vladimir Herzog, então diretor do Departamento 
de Jornalismo da TV Cultura, foi apontado como militante do PCB. Vlado, como era conhecido, 
apresentou-se para depor na sede do DOI-CODI, em São Paulo, na manhã de 25 de outubro de 
1975. Lá, foi detido, interrogado, torturado e acabou morto, no mesmo dia. A ditadura, recusando-
se a admitir o assassinato, forjou um suicídio, legitimado por perícia técnica fraudulenta. A evidente 
fraude na versão oficial, explicitada pelas fotos divulgadas, provocou grande comoção em vários 
setores da sociedade brasileira. 
A forte reação, porém, não foi o suficiente para o regime admitir a fraude, e o inquérito policial 
militar (IPM) instaurado reiterou a versão oficial. A despeito de algumas decisões favoráveis à família 
de Vladimir Herzog, nenhum dos envolvidos nunca foi responsabilizado no decorrer das décadas 
seguintes, principalmente por conta da aplicação da Lei de Anistia, cujo a vigência e 
constitucionalidade do parágrafo que protege os militares foi reafirmada pelo Supremo Tribunal 
Federal (STF). 
Em julho de 2009, o Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (Cejil/Brasil), a Fundação 
Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (FIDDH), o Centro Santo Dias da Arquidiocese de 
São Paulo e o Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo entraram com petição na Comissão 
 
17 
88 
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), denunciando as violações sofridas por Herzog e seus 
familiares. O Brasil questionou a competência temporal da Comissão, negou ter sido omisso em 
relação aos fatos denunciados e questionou o esgotamento dos recursos internos. Em novembro 
de 2012, porém, a CIDH rechaçou a argumentação brasileira, produzindo relatório de 
admissibilidade da petição. 
Após várias prorrogações de prazo, a Comissão produziu relatório de mérito em outubro de 2015, 
considerando o Brasil responsável por uma série de violações de direitos humanos, em detrimento 
de Herzog e seus familiares. O órgão fez uma série de recomendações ao Estado brasileiro, 
estabelecendo um prazo para o cumprimento. Após o Brasil apresentar relatório, a CIDH 
considerou que a implementação não era satisfatória e remeteu o caso à Corte IDH, em abril de 
2016. Considerando a data de reconhecimento da competência do Tribunal pelo Brasil (dezembro 
de 1998), a Comissão submeteu à Corte “as ações e omissões estatais” que ocorreram ou 
continuaram ocorrendo após esse marco temporal. 
A Corte Interamericana admitiu parcialmente três das exceções preliminares interpostas pelo 
Estado, relacionadas à competência temporal, e negou as outras seis, dando prosseguimento ao 
julgamento. Na mesma sentença, condenou o Brasil pela violação dos direitos à integridade 
pessoal, às garantias judiciais e à proteção judicial, bem como do direito a conhecer a verdade, 
em relação com a obrigação de respeitar e garantir os direitos e o dever de adotar disposições de 
direito interno, previstos na Convenção Americana. Também considerou ter havido violação dos 
artigos 1, 6 e 8 da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. Foram consideradas 
vítimas de tais violações de direitos humanos Clarice (esposa), Zora (mãe), Ivo e André Herzog 
(filhos). 
Compreendeu a Corte também que o Estado violou o direito de conhecer a verdade em razão de 
não ter havido qualquer esclarecimento judicial sobre a morte de Vladimir Herzog. 
Finalmente, entendeu a Corte que houve violação da integridade pessoal dos familiares de 
Vladimir Herzog em razão do sofrimento adicional por que eles passaram em razão das 
circunstâncias particulares da violação cometida. 
Assim, condenou a Corte o Estado brasileiro a reiniciar a investigação e o processo penal 
cabíveis para investigar os fatos, promovendo-se a identificação, processamento e punição dos 
responsáveis pela tortura e morte de Vladimir Herzog. 
Entendeu a Corte que o Estado deve adotar medidas a fim de que se reconheça a 
imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade e crimes internacionais. 
O Estado também deve realizar ato público de reconhecimento da responsabilidade internacional 
pelos fatos, em desagravo à memória de Vladimir Herzog e à falta de investigação, julgamento e 
punição dos responsáveis por sua tortura e morte. 
 
18 
88 
Além disso, o Brasil foi condenado a para danos materiais e imateriais em favor dos familiares de 
Vladimir Herzog. 
# Comissão Nacional da Verdade 
# Objetivos 
• efetivar o direito à memória 
• obter a verdade histórica 
• promover a reconciliação nacional 
# Composição 
• sete membros, todos brasileiros, nomeados pelo Presidente da República, que atendiam 
aos seguintesrequisitos: 
o reconhecida idoneidade e conduta ética; 
o identificados com a defesa da democracia e da institucionalidade constitucional; 
o identificados com respeito aos direitos humanos. 
 
# Objetivos 
Art. 3º São objetivos da Comissão Nacional da Verdade: 
I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos 
humanos mencionados no caput do art. 1º ; 
II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, 
desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que 
ocorridos no exterior; 
III - identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as 
circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos 
mencionadas no caput do art. 1º e suas eventuais ramificações nos diversos 
aparelhos estatais e na sociedade; 
• exerciam cargos executivos em agremiação partidária, com exceção daqueles de 
natureza honorária;
• não tinham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da 
Comissão;
• estavam no exercício de cargo em comissão ou função de confiança em quaisquer 
esferas do poder público.
NÃO PUDERAM PARTICIPAR DA COMISSÃO NACIONAL DA 
VERDADE AQUELES QUE:
 
19 
88 
IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação 
obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais 
de desaparecidos políticos, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.140, de 4 de 
dezembro de 1995; 
V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação 
de direitos humanos; 
VI - recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação 
de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva 
reconciliação nacional; e 
VII - promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos 
casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja 
prestada assistência às vítimas de tais violações. 
O que a Comissão da Verdade pode Buscar 
• receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados 
voluntariamente, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando 
solicitada; 
• requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público, ainda 
que classificados em qualquer grau de sigilo; 
• convocar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação 
com os fatos e circunstâncias examinados; 
• determinar a realização de perícias e diligências para coleta ou recuperação de informações, 
documentos e dados; 
• promover audiências públicas; 
• requisitar proteção aos órgãos públicos para qualquer pessoa que se encontre em situação 
de ameaça em razão de sua colaboração com a Comissão Nacional da Verdade; 
• promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou 
internacionais, para o intercâmbio de informações, dados e documentos; 
• requisitar o auxílio de entidades e órgãos públicos. 
# Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade 
• Conclusões 
[1] Comprovação das graves violações de direitos humanos 
[2] Comprovação do caráter generalizado e sistemático das graves violações de direitos 
humanos 
 
20 
88 
[3] Caracterização da ocorrência de crimes contra a humanidade 
[4] Persistência do quadro de graves violações de direitos humanos 
[1] Comprovação das graves violações de direitos humanos 4. A CNV pôde documentar a 
ocorrência de graves violações de direitos humanos entre 1946 e 1988, período assinalado para 
sua investigação, notadamente durante a ditadura militar, que se estendeu de 1964 a 1985. Essa 
comprovação decorreu da apuração dos fatos que se encontram detalhadamente descritos neste 
Relatório, nos quais está perfeitamente configurada a prática sistemática de detenções ilegais e 
arbitrárias e de tortura, assim como o cometimento de execuções, desaparecimentos forçados e 
ocultação de cadáveres por agentes do Estado brasileiro. Para essa apuração, a CNV valeu-se de 
elementos consistentes, frutos de sua atividade de pesquisa, bem como de evidências obtidas por 
963 comissão nacional da verdade – relatório – volume i – dezembro de 2014 órgãos públicos, 
entidades da sociedade civil e vítimas e seus familiares, que, antes da existência da comissão, se 
dedicaram a essa busca. 5. No âmbito desse quadro de graves violações de direitos humanos, a 
CNV teve condições de confirmar 434 mortes e desaparecimentos de vítimas do regime militar, 
que se encontram identificados de forma individualizada no Volume III deste Relatório, sendo 191 
os mortos, 210 os desaparecidos e 33 os desaparecidos cujos corpos tiveram seu paradeiro 
posteriormente localizado, um deles no curso do trabalho da CNV. Esses números certamente não 
correspondem ao total de mortos e desaparecidos, mas apenas ao de casos cuja comprovação foi 
possível em função do trabalho realizado, apesar dos obstáculos encontrados na investigação, em 
especial a falta de acesso à documentação produzida pelas Forças Armadas, oficialmente dada 
como destruída. Registre-se, nesse sentido, que os textos do Volume II deste Relatório 
correspondentes às graves violações perpetradas contra camponeses e povos indígenas 
descrevem um quadro de violência que resultou em expressivo número de vítimas. 
[2] Comprovação do caráter generalizado e sistemático das graves violações de direitos humanos 
6. Conforme se encontra amplamente demonstrado pela apuração dos fatos apresentados ao 
longo deste Relatório, as graves violações de direitos humanos perpetradas durante o período 
investigado pela CNV, especialmente nos 21 anos do regime ditatorial instaurado em 1964, foram 
o resultado de uma ação generalizada e sistemática do Estado brasileiro. Na ditadura militar, a 
repressão e a eliminação de opositores políticos se converteram em política de Estado, concebida 
e implementada a partir de decisões emanadas da presidência da República e dos ministérios 
militares. Operacionalizada através de cadeias de comando que, partindo dessas instâncias 
dirigentes, alcançaram os órgãos responsáveis pelas instalações e pelos procedimentos 
diretamente implicados na atividade repressiva, essa política de Estado mobilizou agentes públicos 
para a prática sistemática de detenções ilegais e arbitrárias e tortura, que se abateu sobre milhares 
de brasileiros, e para o cometimento de desaparecimentos forçados, execuções e ocultação de 
cadáveres. Ao examinar as graves violações de direitos humanos da ditadura militar, a CNV refuta 
integralmente, portanto, a explicação que até hoje tem sido adotada pelas Forças Armadas, de 
que as graves violações de direitos humanos se constituíram em alguns poucos atos isolados ou 
excessos, gerados pelo voluntarismo de alguns poucos militares. 
 
21 
88 
[3] Caracterização da ocorrência de crimes contra a humanidade 7. A configuração de condutas 
ilícitas como crimes contra a humanidade consolidou-se ao longo do século XX e no princípio deste 
século nas normas imperativas internacionais – ditas de jus cogens, o direito cogente, inderrogável 
e peremptório –, expressas no costume e em tratados de direito internacional dos direitos humanos 
e de direito internacional penal, como o Tratado de Roma, que instituiu o Tribunal Penal 
Internacional. Tal configuração decorre da associação de tais condutas a uma série de elementos 
que as tornam particularmente graves: serem atos desumanos, cometidos no contexto de um 
ataque contra a população civil, de forma generalizada ou sistemática e com o conhecimento dessa 
abrangência por parte de seus autores. Emergiu, assim, a concepção jurídica de que crimes como 
detenções ilegais e arbitrárias, a tortura, as execuções, os desaparecimentos forçados e a ocultação 
de cadáveres – objeto da investigação da CNV –, uma vez revestidos desses elementos contextuais, 
constituem crimes contra a humanidade. 964 18 – conclusões e recomendações 8. Ao demonstrar 
por meio da apuração registrada neste Relatórioque as graves violações de direitos humanos 
praticadas pelo regime militar ocorreram em um contexto generalizado e sistemático de ataque do 
Estado contra a população civil – foram atingidos homens, mulheres, crianças, adolescentes e 
idosos, vinculados aos mais diferentes grupos sociais, como trabalhadores urbanos, camponeses, 
estudantes, clérigos, dentre tantos outros –, a CNV constatou que a prática de detenções ilegais e 
arbitrárias, tortura, execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres por agentes 
do Estado durante a ditadura militar caracterizou o cometimento de crimes contra a humanidade. 
[4] Persistência do quadro de graves violações de direitos humanos 9. A CNV, ao examinar o 
cenário de graves violações de direitos humanos correspondente ao período por ela investigado, 
pôde constatar que ele persiste nos dias atuais. Embora não ocorra mais em um contexto de 
repressão política – como ocorreu na ditadura militar –, a prática de detenções ilegais e arbitrárias, 
tortura, execuções, desaparecimentos forçados e mesmo ocultação de cadáveres não é estranha à 
realidade brasileira contemporânea. Relativamente à atuação dos órgãos de segurança pública, 
multiplicam-se, por exemplo, as denúncias de tortura, o que levou à recente aprovação da Lei no 
12.847/2013, destinada justamente à implementação de medidas para prevenção e combate a 
esse tipo de crime. É entendimento da CNV que esse quadro resulta em grande parte do fato de 
que o cometimento de graves violações de direitos humanos verificado no passado não foi 
adequadamente denunciado, nem seus autores responsabilizados, criando-se as condições para 
sua perpetuação. 
• Recomendações: 
A) Medidas institucionais 
[1] Reconhecimento, pelas Forças Armadas, de sua responsabilidade institucional pela ocorrência 
de graves violações de direitos humanos durante a ditadura militar (1964 a 1985); 
[2] Determinação, pelos órgãos competentes, da responsabilidade jurídica – criminal, civil e 
administrativa – dos agentes públicos que deram causa às graves violações de direitos humanos 
ocorridas no período investigado pela CNV, afastando-se, em relação a esses agentes, a aplicação 
 
22 
88 
dos dispositivos concessivos de anistia inscritos nos artigos da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 
1979, e em outras disposições constitucionais e legais 
[3] Proposição, pela administração pública, de medidas administrativas e 
judiciais de regresso contra agentes públicos autores de atos que geraram a condenação do Estado 
em decorrência da prática de graves violações de direitos humanos 
[4] Proibição da realização de eventos oficiais em comemoração ao golpe militar de 1964 
[5] Reformulação dos concursos de ingresso e dos processos de avaliação contínua nas Forças 
Armadas e na área de segurança pública, de modo a valorizar o conhecimento sobre os preceitos 
inerentes à democracia e aos direitos humanos 
[6] Modificação do conteúdo curricular das academias militares e policiais, para promoção da 
democracia e dos direitos humanos 
[7] Retificação da anotação da causa de morte no assento de óbito de pessoas mortas em 
decorrência de graves violações de direitos humanos 
[8] Retificação de informações na Rede de Integração Nacional de Informações de Segurança 
Pública, Justiça e Fiscalização (Rede Infoseg) e, de forma geral, nos registros públicos 
[9] Criação de mecanismos de prevenção e combate à tortura 
[10] Desvinculação dos institutos médicos legais, bem como dos órgãos de perícia criminal, das 
secretarias de segurança pública e das polícias civis 
[11] Fortalecimento das Defensorias Públicas 
[12] Dignificação do sistema prisional e do tratamento dado ao preso 
[13] Instituição legal de ouvidorias externas no sistema penitenciário e nos órgãos a ele 
relacionados 
[14] Fortalecimento de Conselhos da Comunidade para acompanhamento dos estabelecimentos 
penais 
[15] Garantia de atendimento médico e psicossocial permanente às vítimas de graves violações de 
direitos humanos 
[16] Promoção dos valores democráticos e dos direitos humanos na educação 
[17] Apoio à instituição e ao funcionamento de órgão de proteção e promoção dos direitos 
humanos 
 
23 
88 
B) Reformas constitucionais e legais 
[18] Revogação da Lei de Segurança Nacional 
[19] Aperfeiçoamento da legislação brasileira para tipificação das figuras penais correspondentes 
aos crimes contra a humanidade e ao crime de desaparecimento forçado 
[20] Desmilitarização das polícias militares estaduais 
[21] Extinção da Justiça Militar estadual 
[22] Exclusão de civis da jurisdição da Justiça Militar federal 
[23] Supressão, na legislação, de referências discriminatórias das homossexualidades 
[24] Alteração da legislação processual penal para eliminação da figura do auto de resistência à 
prisão 
[25] Introdução da audiência de custódia, para prevenção da prática da tortura e de prisão ilegal 
C) Medidas de seguimento das ações e recomendações da CNV 
[26] Estabelecimento de órgão permanente com atribuição de dar seguimento às ações e 
recomendações da CNV 
[27] Prosseguimento das atividades voltadas à localização, identificação e entrega aos familiares 
ou pessoas legitimadas, para sepultamento digno, dos restos mortais dos desaparecidos políticos 
[28] Preservação da memória das graves violações de direitos humanos 
[29] Prosseguimento e fortalecimento da política de localização e abertura dos arquivos da ditadura 
militar 
# Comissão de Anistia 
• Criada pela Lei 10.559/2002 
• Começou a operar em 2014, tem por objetivo analisar pedidos de anistia (decorrente de 
perseguição política ilegítima); 
• Fornece parecer opinativo para assessorar o Ministro de Estado dos Direitos Humanos e da 
Cidadania; 
• Já foram concedidas anistia a mais de 50 mil pessoas 
Andou a partir de 2023. 
PORTARIA Nº 177, DE 22 DE MARÇO DE 2023 – aprovou o ri. 
 
24 
88 
# Abertura dos Documentos da Ditadura 
• O Dec. 5.584/2005 determinou a transferência dos documentos dos extintos Conselho de 
Segurança Nacional (CSN), Comissão Geral de Investigações (CGI) e Serviço Nacional de 
Informações (SNI) para o Arquivo Nacional. 
• Não foram abertos, contudo, os documentos que estão em poder da Forças Armadas 
("deverão ser disponibilizados para acesso público, resguardadas a manutenção de sigilo e 
a restrição ao acesso de documentos [...] nos termos do decreto n. 4.553”); 
• Mesmo ato ampliou prazos de abertura à consulta pública de papéis considerados sigilosos. 
Documentos ultrassecretos tiveram seu prazo de liberação alterado de trinta para cinquenta 
anos, com a possibilidade de a interdição ser renovada por tempo indeterminado. 
• OUTRAS MEDIDAS: 
• Pagamento de indenizações: O governo brasileiro pagou indenizações a milhares de 
pessoas que foram vítimas da ditadura. As indenizações variam de acordo com o caso, mas 
podem chegar a R$ 100 mil. 
• Realização de homenagens às vítimas da ditadura: O governo brasileiro realizou uma série 
de homenagens às vítimas da ditadura. Em 2014, por exemplo, foi inaugurado o Memorial 
da Democracia em Brasília. 
• Implementação de políticas públicas de memória e verdade: O governo brasileiro 
implementou uma série de políticas públicas de memória e verdade, como o programa 
"Brasil Nunca Mais". 
PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS PNDH-3 
(DECRETO Nº 7.037/2009) 
# Política Nacional de Direitos Humanos 
# Política Nacional 
• Pós-regime militar (a partir de 1985); 
• Competência das três esferas do Poder Executivo (União, estados-membros e municípios), 
proteger e implementar direitos humanos; 
• Conferir especial tratamento às pessoas que se encontrem em situação de vulnerabilidade; 
• Para dar exequibilidade à política, foram implementados planos. 
Decorreram da reunião e assunção pelo Brasil da Declaração de Viena e Programa de Ação, 
editado na II Conferência Mundial sobre os Direitos do Homem, em 1993, em Viena. 
# Planos de Direitos Humanos 
• Programa Nacional de Direitos Humanos 1o 1996 
 
25 
88 
o primeiro governo FHC. 
 
• Programa Nacional de Direitos Humanos 2 
o 2002 
o segundo governo FHC. 
 
• Programa Nacional de Direitos Humanos 3 
o 2009 
o segundo governo Lula 
# PNDH1 
• Conferiu ênfase aos direitos civis e foi estruturado em propostas a serem implementadas 
pelos órgãos governamentais definindo metas de curto, médio e longo prazos. 
• Publicado pelo Decreto Executivo nº 1.904/1996, foi o objeto de debate da 1ª Conferência 
Nacional de Direitos Humanos, três anos após a Conferência de Viena de 1993 recomendar 
aos Estados-parte elaborar Programas Nacionais de Direitos Humanos. 
• Explicitamente, o PNDH I conferiu maior ênfase na promoção e defesa dos direitos civis, 
prevendo centenas de propostas de ações governamentais prioritariamente voltadas para: 
o integridade física 
o liberdade 
o garantia dos direitos das pessoas submetidas a vulnerabilidade e/ou discriminação. 
• Não há no PNDH 1 mecanismos de incorporação das propostas de ação previstas e de 
instrumentos de planejamento e orçamento do Estado brasileiro. Ou seja, são previstas 
regras protetivas de caráter programático, contudo, o Estado não diz como ou o que 
executará para a defesa dos direitos acima mencionados. 
• Além disso, esse programa continha uma série de regras e propostas genéricas, no sentido 
de apoiar, estimular, incentivar, dotadas de pouca efetividade. 
# PNDH2 
• Incluiu os direitos sociais, econômicos e culturais, ao prever ações específicas para a área 
do direito à educação, previdência e assistência social, trabalho, moradia, meio ambiente, 
alimentação, cultura e lazer. Além disso, conforme leciona a doutrina o referido plano teve 
por objetivo a “construção e consolidação de uma cultura de respeito aos direitos 
humanos”; 
• O PNDH 2 foi concluído com a publicação do Decreto Executivo nº 4.229/2002, que incluiu 
os direitos humanos de segunda dimensão, consentâneo com a noção de indivisibilidade e 
interdependência entre os Direitos Humanos. Significa dizer que o Estado Brasileiro não se 
preocupou apenas com os direitos civis e políticos, mas também com os direitos sociais, 
econômicos e culturais. 
 
26 
88 
• Nesse contexto, destacam-se os seguintes direitos protegidos pelo PNDH 2: 
o educação 
o previdência e assistência social 
o trabalho 
o moradia 
o meio ambiente 
o alimentação 
o cultura 
o lazer 
• Foram implementadas novas formas de acompanhamento e monitoramento das ações 
contempladas no Plano Nacional de Direitos Humanos (integrando o 1 e o 2), prevendo a 
disposição de políticas e programas dentro dos orçamentos nos níveis federal, estadual e 
municipal. 
• A finalidade do PNDH 2 foi influenciar a discussão em torno da elaboração do Plano 
Plurianual 2004-2007, servindo de parâmetro e orientação para a definição dos programas 
sociais a serem desenvolvidos no país até 2007. Segundo a doutrina essa finalidade constitui 
avanço relativamente ao plano anterior, na medida em que se procurou dar consistência e 
concretude à proteção dos direitos básico do cidadão, com a formulação de políticas 
públicas e destinação de recursos para sua execução. 
• Entretanto, o PNDH 2 foi publicado apenas no último ano do governo de Fernando 
Henrique Cardoso, o que dificultou a consecução das políticas. 
 
PNDH 1
Direitos Civis e Políticos
integridade 
física liberdade cidadania
OBSERVAÇÕES
- inexistência 
de 
mecanismos 
efetivos de 
implementaçã
o das 
propostas
- regras e 
propostas 
genéricas
 
27 
88 
 
 
# PNDH3 
• Objetiva a construção de espaço para a participação democrática para a revisão do PNDH 
II, com o desafio de integrar as diferentes dimensões dos Direitos Humanos. 
• Instituído pelo Decreto Executivo nº 7.037/2009; 
• Adoção da “visão de transversalidade”: a adoção de políticas públicas passa por diversos 
órgãos e poderes estatais, com o objetivo de elaborar e monitorar políticas públicas. 
• Considera a indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos em todas as suas 
dimensões: direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais. 
o art. 84, VI, a, da CF – competência privativa do Pres. da República 
o decreto autônomo 
• Organizado em eixos temáticos estruturantes (principais desafios para a efetivação dos 
direitos em nosso país, destacando as dimensões da desigualdade, violência, modelo de 
desenvolvimento, cultura e educação em direitos humanos, democracia, monitoramento e 
direito à memória e a justiça). 
PNDH 2
Direitos Sociais, Econômicos e 
Culturais
educação, previdência e 
assistência social, trabalho, 
moradia, meio ambiente, 
alimentação, cultura e lazer
OBSERVAÇÕES
- adoção de novas formas de 
acompanhamento e 
monitoramento das propostas
- destinação de recursos no PPA 
2004-2007 com vistas 
implementação de políticas 
públicas protetivas dos direitos 
humanos
PNDH 3
Envolve Diferentes Dimensões de Direitos
direitos humanos 
de 1ª dimensão
direitos humanos 
de 2ª dimensão
direitos humanos 
de 3ª dimensão
OBSERVAÇÕES:
- implementação 
dos direitos por 
intermédio de 
uma visão de 
transversalidade
- leva em 
consideração a 
indivisibilidade e 
a 
interdependência 
dos Direitos 
Humanos
 
28 
88 
• Dimensões: 
o universalização dos direitos em um contexto de desigualdades; e 
o impacto de um modelo de desenvolvimento insustentável e concentrador de renda na 
promoção dos direitos humanos. 
• Pouco avançou na efetivação de direitos previstos no PNDH III, muito em razão do contexto 
de grandes desigualdades. 
• Objetiva o PNDH combater a pobreza no Brasil e as desigualdades de renda sob a 
constatação de que tal realidade passa necessariamente por questões discriminatórias, em 
especial, em razão da cor e do sexo. 
• Estrutura 
 
Assim, por eixo orientador devemos entender um conjunto de assuntos de direitos humanos 
considerado fundamental para a adoção das políticas de Governo em matéria humanística. 
Dentro de determinado eixo são fixadas diretrizes, ou seja, são delimitadas linhas de atuação que 
devem ser observadas. 
Os objetivos estratégicos, por sua vez, são pretensões específicas dentro de cada diretriz. 
Por fim, o Decreto nº 7.037/2009 ainda estabelece ações específicas a serem adotadas para que 
sejam atingidos os objetivos estratégicos definidos no âmbito de cada diretriz. 
# Eixos Orientadores 
 
Eixo Orientador Diretrizes Objetivos 
Estratégicos
Ações 
Programáticas
• Interação democrática entre Estado e sociedade civilEixo Orientador I:
• Desenvolvimento e Direitos HumanosEixo Orientador II
• Universalizar direitos em um contexto de desigualdadesEixo Orientador III:
• Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à 
ViolênciaEixo Orientador IV:
• Educação e Cultura em Direitos HumanosEixo Orientador V:
• Direito à Memória e à VerdadeEixo Orientador VI:
 
29 
88 
# Direitrizes 
Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil: 
Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de 
fortalecimento da democracia participativa; 
Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas 
públicas e de interação democrática; e 
Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos e construção 
de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação; 
Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos: 
Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica, 
ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, 
participativo e não discriminatório; 
Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento; e 
Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos,incluindo as 
gerações futuras como sujeitos de direitos; 
Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades: 
Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, 
assegurando a cidadania plena; 
Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, 
de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação; 
Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e 
Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade; 
Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência: 
Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública; 
Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal; 
Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação de atos 
criminosos; 
 
30 
88 
Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução 
da letalidade policial e carcerária; 
Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas; 
Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e 
medidas alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e 
Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a 
garantia e a defesa de direitos; 
Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos: 
Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos 
Humanos para fortalecer uma cultura de direitos; 
Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de 
educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições formadoras; 
Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos 
Direitos Humanos; 
Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público; e 
Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para 
consolidação de uma cultura em Direitos Humanos; e 
Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade: 
Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da cidadania e dever 
do Estado; 
Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da verdade; e 
Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com a promoção do direito à memória e à 
verdade, fortalecendo a democracia. 
Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os órgãos do Poder Legislativo, do Poder 
Judiciário e do Ministério Público, serão convidados a aderir ao PNDH-3. 
 
31 
88 
COMBATE ÀS DISCRIMINAÇÕES, DESIGUALDADES E 
INJUSTIÇAS: DE RENDA, REGIONAL, RACIAL, ETÁRIA E DE 
GÊNERO 
# Grupos Vulneráveis x Minorias 
• As minorias constituem o grupo de pessoas que ocupam posição não dominante na 
sociedade, embora sejam organizados e com sentimento de autodeterminação e 
solidariedade entre os integrantes dos grupos. 
• Os grupos vulneráveis, por sua vez, constituem o conjunto de pessoas dotado formalmente 
de direitos, contudo, destituídos de poder. Desse modo, os grupos vulneráveis encontram 
uma série de dificuldades para exigir seus direitos. 
# Igualdade em sentido formal e em sentido material 
• Incapacidade de a igualdade em sentido formal dar conta das diferenças e particularidades. 
o direitos de liberdade negativa; 
o consideração abstrata da pessoa 
• A igualdade em sentido material pressupõe a individualização do sujeito. 
o foco nos grupos vulneráveis 
o perspectiva da não-discriminação 
o diversidade 
o inclusão 
o abrangência subjetiva 
o aspecto de política pública 
o proibição de discriminar 
# Direito Antidiscriminatório e Direito das Minorias 
• primeiro momento: regras proibitivas de discriminação; 
• segundo momento: criação de um conjunto de normas que estruturam uma política pública 
para a promoção da igualdade em favor de grupos vulneráveis. 
• Conceito de discriminação positiva: São medidas efetivamente discriminatórias na medida 
em que elas beneficiam um grupo social específico, mas são positivas, já que promovem 
uma discriminação como forma de combate a outra discriminação negativa e excludente. 
# Conceitos 
 
32 
88 
• preconceito: é uma atitude negativa dirigida a um grupo com base em características das 
pessoas que o integram. O preconceito é voltado contra o grupo como um todo. Trata-se 
de visão que ignora as diferenças individuais; 
• estereótipo: é uma generalização sobre um grupo a partir de certas características dos seus 
membros. O estereótipo pode ser positivo ou negativo; e 
• discriminação: é uma ação negativa dirigida ao membro de um grupo em razão da 
pertinência da vítima ao grupo. 
• ESETEREOTIPO: Não necessariamente há discriminação em razão de um estereótipo. 
Exemplo comum de estereótipo positivo: o de que as pessoas asiáticas são mais inteligentes 
# Fundamentos do Direito Antidiscriminatório 
• subjetividade jurídica: esse elemento enfatiza o fato de que a postura discriminatória é 
baseada numa certa visão de mundo subjetiva adotada pelo discriminador, o que se reflete 
no próprio direito antidiscriminação, o qual deve combater a discriminação; 
• racionalidade constitucional: no sentido de que o direito incorpora uma perspectiva 
racional baseada na proteção de valores constitucionais como fundamento da proibição da 
discriminação; e 
• universalidade de direitos: esse elemento ressalta o fato de que os seres humanos, tão só 
em razão de serem humanos, são dotados dos mesmos direitos, o que vai contra as 
concepções discriminatórias. 
# Teoria do Impacto Desproporcional 
• “toda e qualquer prática empresarial, política governamental ou semigovernamental de 
cunho legislativo ou administrativo, ainda que não provida de intenção discriminatória no 
momento de sua concepção, deve ser condenada por violação do princípio da igualdade 
material se, em consequência de sua aplicação, resultarem efeitos nocivos de incidência 
especialmente desproporcional sobre certas categorias de pessoas” 
• Ex.1 - ADI 1.946: limitação ao benefício previdenciário a R$ 1.200,00, com pagamento da 
diferença da licença-maternidade pelo empregador. 
• Ex.2 - ADPF 291: “(...) a manutenção de um dispositivo que torna crime militar o sexo 
consensual entre adultos, ainda que sem a carga pejorativa das expressões ‘pederastia’ e 
‘homossexual ou não’, produz, apesar de sua aparente neutralidade e em razão do histórico 
e das características das Forças Armadas, um impacto desproporcional sobre homossexuais, 
o que é incompatível com o princípio da igualdade”. 
# Obrigações Positivas 
• Obrigações positivas gerais: são obrigações destinadas à população em geral e decorrem 
do reconhecimento de um núcleo material mínimo devido a todos; e 
• Obrigações positivas especiais: são complementares às obrigações gerais e são voltadas 
especificamente para a proteção de certos grupos vulneráveis. 
 
33 
88 
# Reserva do Possível 
• limitação dos recursos disponíveis diante das necessidades infinitas a serem supridas; 
• impossibilitum nulla obligatio est (obrigação impossível não pode ser exigida). 
• ARGUMENTO ÚLTIMO ITEM: A ATUAÇÃO DO ADMINISTRADOR É A VONTADE DA 
MAIORIA REVELADA (assim, se determinado Prefeito prefere dispor dos recursos para 
atender a festividades ao invés da educação escolar, estaria atendendo à vontade da 
maioria). 
• mínimo existencial não é sinônimo de sobrevivência (envolve condições socioculturais que 
garantam vida digna). 
• insuficiência orçamentária para atividades prioritárias: a real insuficiência para atendimento 
do mínimo existencial requer demonstração com dados orçamentários e contábeis (AgRg 
no AREsp 790.767, DJe 14/12/2015). 
• A cláusula da reserva do possível não é suficiente para impedir a concretização de garantias 
constitucionais queconstituem um mínimo existencial; 
• O princípio da proibição do retrocesso visa garantir que a atuação do Estado vá no sentido 
de ampliar os direitos humanos e de lhes assegurar a máxima efetividade, não se admitindo 
a extinção de políticas públicas de proteção sem alguma forma de compensação; 
• A primazia dos direitos humanos justifica a atuação do Poder Judiciário no sentido de 
obrigação a Administração a executar obrigações de fazer específicas. 
# Princípio do Excesso e da Proteção Deficiente 
• Proibição do excesso (Übermassverbot): trata-se na proibição de que o poder público atue 
de forma excessiva e acabe por violar direitos fundamentais. 
• Proibição da proteção deficiente (Untermassverbot): nesse caso se reconhece que não é 
lícito ao Estado errar por omissão. 
• Gilmar mendes 
• Exemplo disso seria o caso em que, para conter rebeliões em presídios, fosse proibida, de 
forma permanente, a recepção de visitantes pelos presos: trata-se de medida que se justifica 
de forma temporária para conter um risco atual ou iminente, mas que não poderia ser feita 
de modo permanente sob pena de violar o direito à intimidade dos presos; e 
• Seria o caso, por exemplo, se não existissem medidas de proteção da integridade física das 
mulheres vítimas de violência doméstica ou se fossem aplicadas às crianças e adolescentes 
as mesmas normas trabalhistas aplicáveis aos trabalhadores adultos, situações em que se 
poderia alegar que o Estado deve dar maior proteção a um interesse jurídico relevante. 
# Marcadores Sociais da Diferença e Interseccionalidades 
• A noção de marcadores sociais permite pensar no modo como algumas diferenças sociais 
passam a ser operadas dentro de um regime de desigualdades, diminuindo as condições 
de existência para alguns enquanto garante melhorias substanciais de existência para 
outros. 
 
34 
88 
• Quando estamos falando de marcadores sociais da diferença, estamos falando da 
necessidade de se construir um olhar interseccional sobre as desigualdades. 
• Se, na década de 1990, usava-se muito a noção de marcadores sociais para pensar alguns 
problemas e alguns processos de desigualdades do Norte Global, a partir dos anos 2000 a 
noção de marcadores sociais passa a circular com força no Brasil, primeiramente ligada à 
noção de categorias em articulação e, em seguida, à noção de interseccionalidade 
(MOUTINHO, 2014). 
• Marcadores sociais da diferença são compostos por raça, gênero, sexo, idade, classe, 
deficiência etc. e a articulação dessas categorias, por meio de uma abordagem 
interseccional, que compreende a análise das relações sociais em sua complexidade e 
pretende pensar como tais marcadores estão articulados na prática social. 
 
 
 
35 
88 
 
 
 
36 
88 
 
 
 
37 
88 
 
Negro 
# Combate ao Racismo 
 
IG
U
AL
D
AD
E
em sentido formal
aproxima-se do conceito de legalidade
igualdade abstrata e genérica
igualdade perante a lei
em sentido 
material
sinônimo de legalidade
igualdade na prática
leva em consideração as distinções
 
38 
88 
• Racismo consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que 
enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos 
ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de personalidade, inclusive o falso conceito 
de superioridade racial. 
Proteção Internacional 
# Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial 
• TIDH da ONU; 
• internalizado, com status supralegal; 
• objetivo central: eliminar a discriminação; 
• adoção das vertentes repressivo-punitiva e promocional; 
• admite-se a diferenciação: 
ü entre cidadãos e não-cidadãos; 
ü disposições legais por conta de nacionalidade, cidadania e naturalização; e 
ü ações afirmativas. 
# Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e a Intolerância 
 
• 1. Discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer 
área da vida pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir o 
reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos 
humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos internacionais aplicáveis 
aos Estados Partes. A discriminação racial pode basear-se em raça, cor, ascendência ou 
origem nacional ou étnica. 
• 2. Discriminação racial indireta é aquela que ocorre, em qualquer esfera da vida pública ou 
privada, quando um dispositivo, prática ou critério aparentemente neutro tem a capacidade 
de acarretar uma desvantagem particular para pessoas pertencentes a um grupo específico, 
com base nas razões estabelecidas no Artigo 1.1, ou as coloca em desvantagem, a menos 
Editada 2013
Aprovação no SF DL 1/2021
Depósito e Ratificação 2021
Promulgação DE 10.932/2022
 
39 
88 
que esse dispositivo, prática ou critério tenha um objetivo ou justificativa razoável e legítima 
à luz do Direito Internacional dos Direitos Humanos. 
• 3. Discriminação múltipla ou agravada é qualquer preferência, distinção, exclusão ou 
restrição baseada, de modo concomitante, em dois ou mais critérios dispostos no Artigo 
1.1, ou outros reconhecidos em instrumentos internacionais, cujo objetivo ou resultado seja 
anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de 
um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos 
internacionais aplicáveis aos Estados Partes, em qualquer área da vida pública ou privada. 
• 4. Racismo consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que 
enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos 
ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de personalidade, inclusive o falso conceito 
de superioridade racial. O racismo ocasiona desigualdades raciais e a noção de que as 
relações discriminatórias entre grupos são moral e cientificamente justificadas. Toda teoria, 
doutrina, ideologia e conjunto de ideias racistas descritas neste Artigo são cientificamente 
falsas, moralmente censuráveis, socialmente injustas e contrárias aos princípios 
fundamentais do Direito Internacional e, portanto, perturbam gravemente a paz e a 
segurança internacional, sendo, dessa maneira, condenadas pelos Estados Partes. 
• 5. As medidas especiais ou de ação afirmativa adotadas com a finalidade de assegurar o 
gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e 
liberdades fundamentais de grupos que requeiram essa proteção não constituirão 
discriminação racial, desde que essas medidas não levem à manutenção de direitos 
separados para grupos diferentes e não se perpetuem uma vez alcançados seus objetivos. 
• 6. Intolerância é um ato ou conjunto de atos ou manifestações que denotam desrespeito, 
rejeição ou desprezo à dignidade, características, convicções ou opiniões de pessoas por 
serem diferentes ou contrárias. Pode manifestar-se como a marginalização e a exclusão de 
grupos em condições de vulnerabilidade da participação em qualquer esfera da vida pública 
ou privada ou como violência contra esses grupos. 
• Mecanismos de Fiscalização do TIDH: 
o denúncia à Comissão; 
§ titulares ativos: pessoa e organizações não-governamentais; 
§ é necessário ato específico de ratificação da competência da Comissão para 
recebimento de denúncias; 
o competência da Corte para julgar questões referente à Convenção; 
o constituição do Comitê Interamericano. 
Proteção Interna 
# Combate ao Racismo 
 
40 
88 
 
# Constituição Federal 
Art. 3º, IV: 
Art. 3° Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (…). 
IV Promover o bem-estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discriminação. 
Art. 4º, II e VIII; 
Art. 4° – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios: 
II – prevalência dos direitos humanos; 
VIII – repudio ao terrorismoe ao racismo; 
Art. 5º, XLI e XLII: mandado constitucional de criminalização do racismo 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
reclusão, nos termos da lei; 
• A relação entre Direito Penal e Direitos Humanos é vista pela faceta do conflito. 
• Os direitos dos indivíduos impõem limites materiais e formais ao direito penal e à 
persecução criminal (investigação, processo e execução penal). 
COMBATE À 
DISCRIMINAÇÃO 
RACIAL
vertente punitiva tipificação de crime 
para o racismo
vertente 
promocional
prescrição e 
políticas públicas 
específicas
 
41 
88 
• restrições à aplicação da lei penal (princípio da legalidade estrita, presunção de inocência e 
o in dubio pro reo, irretroatividade da lei gravosa e retroatividade da lei benigna etc.), 
garantias processuais 14(princípio do juízo natural, vedação do tribunal de exceção, atenção 
ao devido processo legal penal, legalidade e legitimidade das provas etc.) e ainda 
condicionamentos da execução penal (vedação de penas cruéis e desumanas, 
individualização da pena e direitos do sentenciado etc.). 
• Os mandados de criminalização propugnam por uma faceta amistosa entre esses ramos 
jurídicos. 
• É o Direito Penal atendendo a função social. 
• Os mandatos constitucionais de criminalização atuam como limitações à liberdade de 
configuração do legislador penal e impõem a instituição de um sistema de proteção por 
meio de normas penais (...) Outras vezes cogita-se mesmo de mandatos de criminalização 
implícitos, tendo em vista uma ordem de valores estabelecida pela Constituição. Assim, 
levando-se em conta o dever de proteção e a proibição de uma proteção deficiente ou 
insuficiente (untermassverbot), cumpriria ao legislador estatuir o sistema de proteção 
constitucional penal adequado. (ADI nº 3112/DF). 
• Ao mesmo tempo em que o Estado não pode se exceder no campo penal (proibição do 
excesso ou Übermassverbot), também não pode se omitir ou agir de modo insuficiente 
(proibição da insuficiência ou Untermassverbot). 
# Relacionamento entre Direitos Humanos e o Direito Penal 
• Os TIDHs se preocupam com a punição penal dos autores de violações a direitos humanos. 
• Declaração e Programa de Ação da Conferência Mundial de Viena (1993) implantou, em 
definitivo, o dever dos Estados de punir criminalmente os autores de graves violações de 
direitos humanos para que seja consolidado o Estado de Direito. 
• A tipificação penal é tida como essencial para que se realize o efeito dissuasório ou 
preventivo contra a conduta atacada. 
• VERTENTE REPRESSIVO-PUNITIVA. 
• DECORRE DO CONTEXTO DA 2GM. 
• o medo de uma punição penal faz com que se evite a repetição por parte do autor da 
conduta (prevenção específica) e ainda se evite sua multiplicação por parte dos demais 
membros da coletividade (prevenção geral). 
• Assim, na esteira de ser o direito penal um instrumento de ultima ratio invocado para 
proteger os bens jurídicos essenciais, justifica-se o uso da sanção penal para proteger os 
direitos fundamentais. 
• Exemplos: 
o Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio à exige a 
criminalização do genocídio; 
o Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes à exige a tipificação da tortura 
 
42 
88 
o Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação 
Racial à obriga a criminalização da discriminação racial; 
o Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher 
à obriga a criminalização da violência contra a mulher. 
# Constituição Federal 
Art. 7º, XXX: 
Art. 7°, XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério 
de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
Art. 215, §§ 1º e 5º 
Art. 215. § 1°- O Estado protegera as manifestações das culturas populares, indígenas 
e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. 
Art. 216. § 5° – Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de 
reminiscências históricas dos antigos quilombos. 
Art. 68, ADCT: 
Art. 68 – Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando 
suas terras e reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os 
títulos respectivos. 
# Estatuto da Igualdade Racial 
# Objetivos do EIR 
 
Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra 
a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos 
e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. 
• O importante é que você saiba que a tutela dos direitos étnicos abrange: 
OBJETIVOS DO EIR
efetivação da igualdade de 
oportunidades aos negros
defesa de direito étnicos
combate à discriminação e 
intolerância racial
 
43 
88 
o direitos individuais de um negro especificamente considerado; 
o direitos difusos da comunidade negra; 
o direitos coletivos (em sentido estrito) de determinado grupo de pessoas negras 
ligadas por uma relação jurídica entre si. 
# Conceitos 
• discriminação racional ou étnico racial: constitui toda forma de distinção baseada em 
fatores étnicos ou de descendência que impliquem na anulação ou restrição dos seus 
direitos humanos. 
• desigualdade racial: diferenciação injustificada no acesso e fruição de bens, serviços e 
oportunidade em razão de fatores étnicos ou de descendência. 
• desigualdade de gênero e raça: constatação do fosso entre as mulheres negras e demais 
segmentos da sociedade. 
• população negra: conjunto de pessoas que se declaram negas ou pardas segundo o IBGE. 
• políticas públicas: ações, iniciativas e programas adotados pelo Poder Público voltado para 
a efetivação de direitos humanos, no âmbito de suas prerrogativas institucionais. 
# Racismo Estrutural 
• 1) Racismo sob a concepção individualista: o racismo é compreendido como um 
comportamento de indivíduos ou grupos que agem por motivações psicológicas ou desvios 
éticos, consistindo em uma "irracionalidade" ou "patologia" comportamental. 
o Silvio Luiz de Almeida na sua obra "Racismo Estrutural": Os ataques racistas se dão, 
em sua maioria, de forma direta. O combate a esse tipo de racismo se daria por meio 
da responsabilização jurídica e condenação moral dos racistas. Crítica: visão limitada 
do racismo à esfera individual, visão legalista, pouco efetiva para o combate ao 
racismo. 
• 2) Racismo sob a concepção institucional: o racismo constitui uma relação de poder desigual 
entre grupos raciais. 
o O termo "racismo institucional" foi usado pela primeira vez no livro Black Power: 
Politics of Liberation in America, de Charles V. Hamilton e Kwame Ture. Sob essa 
concepção, o racismo opera, em regra, de forma indireta, através das instituições 
que são hegemonizadas por grupos raciais que impõem os seus padrões, com o 
privilégio de determinados grupos raciais no acesso a cargos de liderança, cargos 
públicos, postos de poder, acesso a saúde, educação. As instituições reproduzem 
o racismo e carregam internamente a luta de grupos sociais. 
• 3) Racismo sob a concepção estrutural: o racismo é parte da estrutura social. A ordem social 
tem o racismo como um de seus elementos estruturantes. Em virtude disso, a atuação 
meramente inerte ou "normal" das instituições resulta em práticas racistas, pois as 
instituições reproduzem a ordem social racista. 
o Comportamentos individuais e institucionais derivam da sociedade em que o racismo 
é a regra e não a exceção. Dessa forma, as instituições e os indivíduos

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