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1 88 PREMONIÇÃO DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO: DEMOCRACIA E CIDADANIA Com o intuito de auxiliá-los na última semana de estudos para a prova do CNU, separei, em poucas páginas, os conteúdos que reputo fundamentais você saber para a sua prova. Meu objetivo não é esgotar o tema, mas predizer os assuntos que tem maior probabilidade de serem cobrados. Se, nestas poucas páginas, acertarmos algumas das questões de prova, ficarei imensamente feliz. Compartilhe este material com seus amigos que farão a prova. E, claro, siga meu Instagram! Te espero por lá! 😉 https://www.instagram.com/proftorques/ O conteúdo do edital contém os seguintes pontos: DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO: DEMOCRACIA E CIDADANIA 2.1 Estado de direito e a Constituição Federal de 1988: consolidação da democracia, representação política e participação cidadã. 2.2 Divisão e coordenação de Poderes da República. 2.3 Presidencialismo como sistema de governo: noções gerais, capacidades governativas e especificidades do caso brasileiro. 2.4 Efetivação e reparação de Direitos Humanos: memória, autoritarismo e violência de Estado. 2.5 Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 (Decreto nº 7.037/2009). 2.6 Combate às discriminações, desigualdades e injustiças: de renda, regional, racial, etária e de gênero. 2.7 Desenvolvimento sustentável, meio ambiente e mudança climática. Nosso objetivo é passar por todos os pontos por aqui! Boa revisão! Sumário Estado de direito e a Constituição Federal de 1988: consolidação da democracia, representação política e participação cidadã. Divisão e coordenação de Poderes da República. Presidencialismo https://www.instagram.com/proftorques/ 2 88 como sistema de governo: noções gerais, capacidades governativas e especificidades do caso brasileiro ........................................................................................................................................... 2 Efetivação e reparação de Direitos Humanos: memória, autoritarismo e violência de Estado ...... 13 Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 (Decreto nº 7.037/2009) ................................ 24 Combate às discriminações, desigualdades e injustiças: de renda, regional, racial, etária e de gênero ............................................................................................................................................ 31 Negro .......................................................................................................................................... 37 Mulher ......................................................................................................................................... 49 Desigualdades ............................................................................................................................. 66 Idoso ........................................................................................................................................... 78 ESTADO DE DIREITO E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA, REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ. DIVISÃO E COORDENAÇÃO DE PODERES DA REPÚBLICA. PRESIDENCIALISMO COMO SISTEMA DE GOVERNO: NOÇÕES GERAIS, CAPACIDADES GOVERNATIVAS E ESPECIFICIDADES DO CASO BRASILEIRO # Cidadania: • Cidadania é o direito de participar da política e dos negócios do Estado; • Fundamento da República: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) II - a cidadania (...). • Em sentido formal, cidadania implica nacionalidade (critérios jurídicos e políticos que vinculam a pessoa ao Estado). Trata da titularidade dos direitos civis, políticos e sociais. 3 88 • Em sentido material, cidade trata da extensão dos direitos e garantias fundamentais a todas as pessoas que integram a nação. Aproxima-se do conceito de igualdade jurídica. • Níveis de evolução para alcançar a cidadania: # Constituição como Norma Suprema e Fundamental do Estado. A Constituição Federal de 1988 deu origem ao Estado brasileiro atual! # Elementos fundamentais de um Estado: • Povo: pessoas ligadas ao Estado; • Território: delimitação territorial onde está situado o povo; • Governo soberano: titularidade para comando do povo brasileiro. # A soberania é entendida como o poder supremo que o Estado possui dentro dos seus limites territoriais e, internacionalmente, refere-se à não sujeição a nenhum outro poder no âmbito internacional. • direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de pensamento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito à justiça. DIREITOS CIVIS • direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autoridade pública. DIREITOS POLÍTICOS • conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social, desde a segurança até ao direito de partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes na sociedade. DIREITOS SOCIAIS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DE UM ESTADO Povo Território Governo soberano 4 88 # Estado Democrático: • Forma de governo cujo poder político é exercido pelo povo ou em seu nome, com decisões tomadas a partir da vontade da maioria em respeito aos direitos e liberdade individuais. • Elementos chave: eleições livres e justas, respeito aos direitos individuais, separação de poderes, responsabilização, participação cidadã, Estado de Direito, pluralismo político, proteção das minorias, imparcialidade. • Elementos chave: 1. Eleições Livres e Justas: Em um Estado democrático, os cidadãos têm o direito de escolher seus representantes por meio de eleições livres e justas. Isso significa que as eleições devem ser realizadas regularmente, de forma transparente e sem coerção, e os resultados devem refletir a vontade da maioria. 2. Respeito pelos Direitos Individuais: Um Estado democrático protege os direitos e liberdades individuais de seus cidadãos, incluindo a liberdade de expressão, de imprensa, de reunião, de associação e de religião. Também assegura a igualdade perante a lei e a proteção contra discriminação. 3. Separação de Poderes: Em uma democracia, o poder do governo é geralmente dividido entre diferentes ramos, como o executivo, o legislativo e o judiciário, para evitar abusos de poder e garantir um sistema de freios e contrapesos. 4. Responsabilização: Os líderes e representantes eleitos são responsáveis perante o povo e podem ser sujeitos a processos de impeachment ou a eleições regulares. A responsabilização também se estende à prestação de contas por ações do governo. 5. Participação Cidadã: Os cidadãos têm o direito de participar ativamente no processo político, seja por meio do voto, da expressão de opiniões, da apresentação de petições ou da participação em organizações da sociedade civil. 6. Estado de Direito: Um Estado democrático opera sob o princípio do Estado de Direito, onde todas as ações do governo são baseadas em leis e regulamentos, e ninguém está acima da lei. O PODER é do povo será exercido diretamente pelo povo indiretamente por intermédio de representantes eleitos 5 88 7. Pluralismo Político: Em um Estado democrático, há espaço para a existência de diferentes partidos políticos e pontos de vista, permitindo a competição saudável e a diversidade de opiniões. 8. Proteção das Minorias: A proteção dos direitos das minorias é fundamental em um Estado democrático, para garantir que grupos minoritários não sejam marginalizados ou oprimidos pela maioria. 9. Imparcialidade e Justiça: As instituições judiciais devem ser imparciais e garantir a justiça, protegendo os direitos e resolvendo disputas de maneira justa e equitativa. # Estado de Direito: • Estado ordenado por um conjunto de princípios e valores que estabelecem que o governo e todas aspessoas estão sujeitas à lei, conforme regras preestabelecidas e procedimentos legais. • Princípios: supremacia da lei, igualdade perante a lei, legalidade, acesso à justiça, devido processo legal, separação dos poderes, accountability (responsabilização) e transparência. • Elementos chave: 1. Supremacia da Lei: A lei é a autoridade suprema e todos os cidadãos, incluindo funcionários governamentais e autoridades, estão sujeitos a ela. Ninguém está acima da lei. 2. Igualdade perante a Lei: Todas as pessoas são iguais perante a lei, independentemente de sua posição social, econômica, política ou outras características pessoais. 3. Legalidade: As ações do governo devem ser baseadas em leis e regulamentos existentes, e qualquer ação governamental que viole a lei pode ser contestada nos tribunais. 4. Acesso à Justiça: Todos têm o direito de buscar justiça e reparação por meio de um sistema de justiça imparcial e acessível. 5. Devido Processo Legal: Os processos legais devem ser justos e transparentes, com garantias de direitos fundamentais, como o direito a um julgamento justo, o direito de ser ouvido e o direito a um advogado. 6. Separação de Poderes: O poder estatal deve ser dividido entre diferentes ramos do governo (executivo, legislativo e judiciário) para evitar abusos de poder e garantir o controle mútuo. 7. Accountability (Responsabilização): Funcionários públicos e autoridades governamentais devem ser responsáveis por suas ações e decisões, e os cidadãos devem ter meios eficazes para responsabilizá-los por condutas inadequadas. 6 88 8. Transparência: O governo deve operar de forma transparente, disponibilizando informações e documentos públicos, e os cidadãos devem ter acesso a essas informações. # Forma, sistema e regime de governo e forma de Estado • Forma como se atinge o Poder. • No Brasil, o governo é do povo. • O exercício dos cargos políticos são transitórios. • Os governantes são escolhidos pelo povo. • Os cidadão podem concorrer aos cargos públicos em condições de igualdade. REPÚBLICA • Modo como é conduzido o relacionamento entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. • Há predominância do Poder Exeacutivo. • A chefia de Estado e a chefia de governo é exercida pelo Presidente da República. • O Poder Legislativo não participa diretamente do governo. PRESIDENCIALISMO • Forma descentralizada de organização do Estado brasileiro. • Autonomia e esfera de competência própria dos entes. • Estados-membros influenciam na vontade nacional (Senado Federal). • Igualdade entre os entes federativos. • Justiça específica para solução de litígios. • Espaço de competência exclusiva. FEDERAÇÃO • Permite a aplicação dos direitos de cidadania. • Convergência entre o povo e os governantes, dada a interação entre ambos. • Maior legitimidade no exercício do poder. REGIME DEMOCRÁTICO 7 88 # Direitos Humanos no Brasil # Art. 109. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior • Forma como se atinge o poder. • República FORMA DE GOVERNO • Organização político-administrativa dos entes que compõem determinado Estado. • Federal FORMA DE ESTADO • O modo como é conduzido o relacionamento entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo • Presidencialismo SISTEMA DE GOVERNO • Convergência de vontade entre os legalmente administrados (povo) e aqueles que legitimamente administram (governo). • Democrático REGIME DE GOVERNO 8 88 Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. # Hierarquia dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos # Prisão Civil por Dívidas: • art. 7º, 7, do Pacto de San Jose da Costa Rica: Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar. • art. 5º, LXVII, CF: Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. • Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. # TIDHs com status constitucional: • Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo. • Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso. • Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância. # Democracia do Sistema Constitucional Brasileiro • Modelos democráticos: CF e TIDH aprovados com o quórum de emenda TIDH aprovados com quórum de normas infraconstitucionais Atos normativos primários Atos normativos secundários 9 88 • Instrumentos de democracia direta: • Direito de Petição: Confere-se a todos, inclusive estrangeiros residentes no país e pessoas jurídicas, independentemente do pagamento de taxas, o direito de peticionar aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra a ilegalidade ou o abuso de poder. • Ação Popular: Instrumento processual para o cidadão defender os interesses de toda a coletividade, para controlar a legalidade de atos ou contratos administrativos, ou impedir atos lesivos ao patrimônio público, de qualquer um dos poderes ou órgãos e entidades vinculados ao Estado. • Consulta Popular: o durante as eleições municipais; o Objetiva questões locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 dias antes das eleições. • Direito de Participação: o forma participação na administração pública direta ou indireta, para: § reclamações quanto à prestação de serviços públicos; § acesso a registro administrativos e informações sobre atos de governo; § representação contra exercício negligente ou abusivo do cargo, emprego ou função. DEMOCRACIA DIRETA o cidadão exerce o poder diretamente, sem representantes DEMOCRACIA REPRESENTATIVA o cidadão exerce o poder indiretamente, por intermédio de representantes escolhidos DEMOCRACIA SEMIDIRETA OU PARTICIPATIVA o cidadão exerce o poder diretamente e indiretamente INSTRUMENTOS DE DEMOCRACIA DIRETA direito de petição (art. 5º, XXXIV, a) plebiscito (art. 14, I) referendo (art. 14, II) iniciativa popular (art. 14, III) consulta popular (art. 14 § 12º) ação popular (art. 5º, LXXIII) direito de participação (art. 37, § 3º) 10 88 o Sufrágio x Voto X Escrutínio: • Democracia Participativa: o 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) o II - o voto direto, secreto, universal e periódico; SUFRÁGIO Direito do cidadão de eleger, de ser eleito e de participar da organização e da atividade do Estado. VOTO Exercício do sufrágio. Modo de manifestar a vontade numa deliberação coletiva, pela qual se escolhe quem irá ocupar os cargos políticos- eletivos em nosso País. ESCRUTÍNIO Forma de realização do voto. Contagem dos votos colhidos no decorrer de uma eleição, fase do processo de apuração dos votos. Concluída a recepção de votos, as respectivas urnas são remetidas à junta eleitoral para apuração. A partir desse momento, inicia-se o escrutínio da eleição, ou seja, a apuração. DIRETO voto exercido direta e pessoalmente pelo eleitor (sem intermediários) SECRETO não identificado DE IGUAL VALOR cada voto possui o mesmo peso (não há voto censitário) OBRIGATÓRIO todos devem votar (há exceções) UNIVERSAL exercício por todas as pessoas (que se adequem às condições legais) PERÍODICO exercido de tempos em tempos PERSONALÍSSIMO não se vota por procuração oucorrespondência LIVRE pode-se escolher o candidado que desejar, protegido pela sigilosidade. 11 88 • Capacidade Eleitoral Ativa: o alistamento e voto obrigatórios: aos maiores de 18 anos e menores de 70 anos ( desde que alfabetizados); o alistamento e voto facultativos: § analfabeto; § maiores de 70 anos; § adolescentes entre 16 e 18 anos; o alistamento e voto não permitidos: § estrangeiros; e § conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório. • Conscritos: o O simples fato de a pessoa estar prestando serviço militar obrigatório resulta na situação jurídica de conscrito. o Os engajados ao serviço militar permanente, independentemente da patente que possuam, não estão impedidos de ser candidatos, tendo, inclusive, a obrigação de alistar-se como eleitores. o Os policiais militares são alistáveis, independentemente do nível da carreira. o Alunos de órgão de formação da Reserva, como médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários, que prestam serviço militar obrigatório, sofrerão os mesmos efeitos do militar conscrito, conforme art. 4º, da Lei nº 5.292/67, com redação dada pela Lei nº 12.336/2010. Na prática, eles já terão se alistado, desse modo, sofrerão suspensão dos direitos políticos enquanto prestarem o serviço militar obrigatório. o É o entendimento de José Afonso da Silva, extraído de SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição, 7ª edição, atual., São Paulo: Malheiros Editores, 2010, p. 224. o Resolução TSE nº 15.099/1989. • Quase Nacional: o Aos portugueses, quando estabelecem residência permanente no País, e desde que haja reciprocidade em favor de brasileiros, lhes serão atribuídos os direitos inerentes aos brasileiros; CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA direito de votar e de participar diretamente da vida política do Estado CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA direito de ser votado 12 88 Requisitos de Elegibilidade Hipóteses de Inelegibilidade são disciplinados na Constituição e em leis ordinárias são disciplinados na Constituição e em leis complementares decorrem de atos lícitos praticados pelos interessados em regra, decorrem da prática de atos ilícitos permitem que o interessado concorra a cargos políticos vedam a possibilidade de o interessado concorrer validamente a um cargo público eletivo denominados de requisitos positivos denominados de requisitos negativos • Iniciativa Popular: o forma de apresentação de projetos de leis aos órgãos parlamentares brasileiros; o iniciativa popular federal: o Exemplos: iniciativa popular federal § a Lei nº 8.930/1994, que caracterizou homicídio realizado por grupo de extermínio e homicídio qualificado como crime hediondo; § a Lei nº 9.840/1999, lei contra a corrupção eleitoral, que permite a cassação do registro do candidato que incidir em captação ilícita de voto; § a Lei nº 11.124/2005, que criou o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social; § a Lei Complementar nº 135/2010, que proíbe a candidatura daquele que for considerado como “ficha suja”. PARA A CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA observar os requisitos de elegibilidade não incorrer nas hipóteses de inelegibilidades REQUISITOS PARA A APRESENTAÇÃO DE PROJETO DE LEI POR INICIATIVA POPULAR 1% do eleitorado nacional distribuídos por: 5 Estados, ao menos, e pelo menos 0,3% dos eleitores em cada um deles. 13 88 o não há previsão para iniciativa popular para Projeto de Emenda à Constituição o iniciativa popular estadual: disciplina reservada à CE; o Iniciativa popular municipal: 5% dos eleitores do município. • Plebiscito e Referendo o O plebiscito é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos decidem, ou se posicionam, a respeito de determinados assuntos relevantes. Pode ter caráter OPNATIVO ou VINCULANTE bastando que conste expressamente no instrumento convocatório. o O referendo é a forma de manifestação popular pela qual o eleitor aprova, ou rejeita, uma matéria governamental já editada. Desse modo, a lei ou a emenda constitucional é aprovada, contudo, antes de entrar em vigor é submetida à aprovação. Sempre VINCULANTE. o Aprovação: maioria simples, excluídos brancos e nulos. o Congresso Nacional: autoriza referendo e convoca plebiscito. EFETIVAÇÃO E REPARAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS: MEMÓRIA, AUTORITARISMO E VIOLÊNCIA DE ESTADO # Memória, Autoritarismos e Violência do Estado # Justiça de Transição “o conjunto de medidas judiciais e não judiciais que têm sido implementadas por diferentes países para reparar um legado de massivos abusos aos direitos humanos.” (Centro Internacional para a Justiça Transicional) # Fortalecimento do Estado Democrático de Direito. O desenvolvimento de garantias para que não se repitam violações em massa aos direitos humanos. Medidas se desenvolvem nos campos da promoção da justiça, revelação da verdade, reparação das vítimas, preservação e divulgação da memória e implementação de reformas institucionais. # Fenômeno jurídico e político. Possui as seguintes dimensões: justiça, verdade, reparação e reformulação das instituições. Ou seja, é o processo de transição de um regime político a outro e o que é feito para reparar/punir as perdas do regime anterior. 14 88 Ex.: nossa redemocratização, a qual, é importante pontuar, é criticada por teóricos, que julgaram insuficientes as medidas tomadas pelo Estado, que focou em indenizar, sem lembrar de investigar e punir culpados por atrocidades da época. # Marcos • internacionais: o Grécia Antiga; o julgamentos de Nuremberg; o início dos anos 90. # Eventos Importantes • Formação do Cone Sul da América (Argentina, Chile, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia); • África do Sul após o fim do regime racista do apartheid (1994); • Queda Muro de Berlim (1989). O primeiro no Cone Sul da América, em que Argentina, Chile, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia – após golpes militares e ditaduras extremamente violentas – experimentavam a retomada da democracia. O segundo refere-se à transição da África do Sul após o fim do regime racista do apartheid, em 1994, sob a liderança de Nelson Mandela. E, finalmente, o grupo das transições nos países do extinto bloco soviético na Europa oriental e central, também no início da década de 1990, após a queda do Muro de Berlim, ocorrida em 9 de novembro de 1989. # Marco Nacional • Constituição Federal: reformas institucionais democráticas (MP) e proteção aos direitos humanos. • Lei nº 9.140/1995: reconheceram os mortos e desaparecidos políticos pela repressão, se garantiu às famílias o direito à reparação e à busca e identificação dos restos mortais e se instituiu a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP); • Lei nº 10.559/2002: regulamentou o art. 8º dos ADCT, criou a Comissão de Anistia e promoveu um amplo sistema de reparações materiais; • Lei nº 12.528/2011: Comissão Nacional da Verdade (CNV); • Lei nº 12.527/2011: reforma do marco normativo sobre transparência e sigilo de arquivos. Atuações esparsas. Não obstante a CF, tivemos apenas ações esparsas. 15 88 # Caso Gomes Lund vs Brasil e a Guerra do Araguaia • A Lei 6.683/1979, Lei da Anistia, institucionalizou situação de omissão quanto à investigação penal da atuação dos agentes do Exército brasileiro. • Ações civis formuladas pelos familiares das vítimas também não foram bem sucedidas para a obtenção de informações. • Situação de omissão estatal, com impunidade dos responsáveis. • Corte Interamericana de Direitos Humanos x STF A Guerrilha do Araguaia foi um conflito político entre 1967 e 1974, na região do “Bico do Papagaio”, na fronteira entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins. O conflito foi um dos mais marcantes da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). A guerrilha foi organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B). O objetivo do PC do B era angariar apoio da população local para enfrentar a ditadura, derrubá-la, tomaro Estado e fazer a revolução. Os combates no Araguaia começaram em abril de 1972, quando o Exército iniciou o ataque aos destacamentos guerrilheiros. As Forças Armadas realizaram três campanhas militares e operações de inteligência na região, mobilizando cerca de 10 mil homens. Em outubro de 1974, a última militante encontrada na região, Walkiria Afonso Costa, foi presa e morta. Estima-se que morreram 20 militares, 67 guerrilheiros e 31 camponeses. Essa situação foi submetida à apreciação da CIDH, a qual entendeu que o Estado brasileiro incorreu na violação de direitos humanos tanto em razão da sua ação no combate à Guerrilha quanto em razão da sua posterior omissão em investigar e efetivamente punir os responsáveis pelas violações. O próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF 153, afirmou a vigência da Lei de Anistia e a constitucionalidade da interpretação do seu art. 1º, § 1º. A Corte Interamericana de Direitos Humanos que a Lei de Anistia não tem efeitos jurídicos e não pode continuar sendo utilizada como obstáculo para a investigação dos fatos relativos ao combate à Guerrilha do Araguaia. Além disso, entendeu a Corte que o Brasil descumpriu o dever de adaptar o seu direito interno às disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos em razão da interpretação e aplicação que foi dada à Lei de Anistia, o que, por sua vez, fez com que o Estado brasileiro incorresse em violação do dever de investigar os fatos. Como consequência, estabeleceu a Corte que o Estado brasileiro tem o dever de conduzir eficazmente, perante a justiça ordinária, a investigação penal dos fatos. Além disso, o Estado deve envidar esforços para a determinação do paradeiro das vítimas desaparecidas e, se possível, identificar e entregar os restos mortais aos familiares. 16 88 Ainda, o Estado deve fornecer tratamento médico, psicológico e psiquiátrico às vítimas que o quiserem. Determinou a Corte também que o Estado realize ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional. Previu a condenação também que o Brasil deve adotar medidas para tipificar criminalmente o delito de desaparecimento forçado de pessoas. E, ainda, os familiares das vítimas devem ser indenizados. A Corte Interamericana de Direitos Humanos apreciou a situação e entendeu que o Estado brasileiro incorreu em violação dos direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, bem como em violação da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, ao se omitir na realização de investigação, julgamento e punição dos responsáveis pela tortura e assassinato de Vladimir Herzog em contexto de sistemático e generalizado ataque à população civil. O jornalista Vladimir Herzog, Vlado, como era conhecido, foi assassinado pela ditadura militar no Brasil (1964 a 1985) no dia 25 de outubro de 1975. No domingo, fez 45 anos. O crime aconteceu após ele ter se apresentado, de forma voluntária, a depor no Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Nono caso brasileiro analisado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), a sentença do Caso Herzog versus Brasil data de 15 de março de 2018. Em meados dos anos 1970, o regime militar promovia ofensiva contra supostos membros do Partido Comunista Brasileiro (PCB). O jornalista Vladimir Herzog, então diretor do Departamento de Jornalismo da TV Cultura, foi apontado como militante do PCB. Vlado, como era conhecido, apresentou-se para depor na sede do DOI-CODI, em São Paulo, na manhã de 25 de outubro de 1975. Lá, foi detido, interrogado, torturado e acabou morto, no mesmo dia. A ditadura, recusando- se a admitir o assassinato, forjou um suicídio, legitimado por perícia técnica fraudulenta. A evidente fraude na versão oficial, explicitada pelas fotos divulgadas, provocou grande comoção em vários setores da sociedade brasileira. A forte reação, porém, não foi o suficiente para o regime admitir a fraude, e o inquérito policial militar (IPM) instaurado reiterou a versão oficial. A despeito de algumas decisões favoráveis à família de Vladimir Herzog, nenhum dos envolvidos nunca foi responsabilizado no decorrer das décadas seguintes, principalmente por conta da aplicação da Lei de Anistia, cujo a vigência e constitucionalidade do parágrafo que protege os militares foi reafirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em julho de 2009, o Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (Cejil/Brasil), a Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (FIDDH), o Centro Santo Dias da Arquidiocese de São Paulo e o Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo entraram com petição na Comissão 17 88 Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), denunciando as violações sofridas por Herzog e seus familiares. O Brasil questionou a competência temporal da Comissão, negou ter sido omisso em relação aos fatos denunciados e questionou o esgotamento dos recursos internos. Em novembro de 2012, porém, a CIDH rechaçou a argumentação brasileira, produzindo relatório de admissibilidade da petição. Após várias prorrogações de prazo, a Comissão produziu relatório de mérito em outubro de 2015, considerando o Brasil responsável por uma série de violações de direitos humanos, em detrimento de Herzog e seus familiares. O órgão fez uma série de recomendações ao Estado brasileiro, estabelecendo um prazo para o cumprimento. Após o Brasil apresentar relatório, a CIDH considerou que a implementação não era satisfatória e remeteu o caso à Corte IDH, em abril de 2016. Considerando a data de reconhecimento da competência do Tribunal pelo Brasil (dezembro de 1998), a Comissão submeteu à Corte “as ações e omissões estatais” que ocorreram ou continuaram ocorrendo após esse marco temporal. A Corte Interamericana admitiu parcialmente três das exceções preliminares interpostas pelo Estado, relacionadas à competência temporal, e negou as outras seis, dando prosseguimento ao julgamento. Na mesma sentença, condenou o Brasil pela violação dos direitos à integridade pessoal, às garantias judiciais e à proteção judicial, bem como do direito a conhecer a verdade, em relação com a obrigação de respeitar e garantir os direitos e o dever de adotar disposições de direito interno, previstos na Convenção Americana. Também considerou ter havido violação dos artigos 1, 6 e 8 da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. Foram consideradas vítimas de tais violações de direitos humanos Clarice (esposa), Zora (mãe), Ivo e André Herzog (filhos). Compreendeu a Corte também que o Estado violou o direito de conhecer a verdade em razão de não ter havido qualquer esclarecimento judicial sobre a morte de Vladimir Herzog. Finalmente, entendeu a Corte que houve violação da integridade pessoal dos familiares de Vladimir Herzog em razão do sofrimento adicional por que eles passaram em razão das circunstâncias particulares da violação cometida. Assim, condenou a Corte o Estado brasileiro a reiniciar a investigação e o processo penal cabíveis para investigar os fatos, promovendo-se a identificação, processamento e punição dos responsáveis pela tortura e morte de Vladimir Herzog. Entendeu a Corte que o Estado deve adotar medidas a fim de que se reconheça a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade e crimes internacionais. O Estado também deve realizar ato público de reconhecimento da responsabilidade internacional pelos fatos, em desagravo à memória de Vladimir Herzog e à falta de investigação, julgamento e punição dos responsáveis por sua tortura e morte. 18 88 Além disso, o Brasil foi condenado a para danos materiais e imateriais em favor dos familiares de Vladimir Herzog. # Comissão Nacional da Verdade # Objetivos • efetivar o direito à memória • obter a verdade histórica • promover a reconciliação nacional # Composição • sete membros, todos brasileiros, nomeados pelo Presidente da República, que atendiam aos seguintesrequisitos: o reconhecida idoneidade e conduta ética; o identificados com a defesa da democracia e da institucionalidade constitucional; o identificados com respeito aos direitos humanos. # Objetivos Art. 3º São objetivos da Comissão Nacional da Verdade: I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos mencionados no caput do art. 1º ; II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior; III - identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos mencionadas no caput do art. 1º e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade; • exerciam cargos executivos em agremiação partidária, com exceção daqueles de natureza honorária; • não tinham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da Comissão; • estavam no exercício de cargo em comissão ou função de confiança em quaisquer esferas do poder público. NÃO PUDERAM PARTICIPAR DA COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE AQUELES QUE: 19 88 IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995; V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos; VI - recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação nacional; e VII - promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações. O que a Comissão da Verdade pode Buscar • receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados voluntariamente, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitada; • requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público, ainda que classificados em qualquer grau de sigilo; • convocar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados; • determinar a realização de perícias e diligências para coleta ou recuperação de informações, documentos e dados; • promover audiências públicas; • requisitar proteção aos órgãos públicos para qualquer pessoa que se encontre em situação de ameaça em razão de sua colaboração com a Comissão Nacional da Verdade; • promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou internacionais, para o intercâmbio de informações, dados e documentos; • requisitar o auxílio de entidades e órgãos públicos. # Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade • Conclusões [1] Comprovação das graves violações de direitos humanos [2] Comprovação do caráter generalizado e sistemático das graves violações de direitos humanos 20 88 [3] Caracterização da ocorrência de crimes contra a humanidade [4] Persistência do quadro de graves violações de direitos humanos [1] Comprovação das graves violações de direitos humanos 4. A CNV pôde documentar a ocorrência de graves violações de direitos humanos entre 1946 e 1988, período assinalado para sua investigação, notadamente durante a ditadura militar, que se estendeu de 1964 a 1985. Essa comprovação decorreu da apuração dos fatos que se encontram detalhadamente descritos neste Relatório, nos quais está perfeitamente configurada a prática sistemática de detenções ilegais e arbitrárias e de tortura, assim como o cometimento de execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres por agentes do Estado brasileiro. Para essa apuração, a CNV valeu-se de elementos consistentes, frutos de sua atividade de pesquisa, bem como de evidências obtidas por 963 comissão nacional da verdade – relatório – volume i – dezembro de 2014 órgãos públicos, entidades da sociedade civil e vítimas e seus familiares, que, antes da existência da comissão, se dedicaram a essa busca. 5. No âmbito desse quadro de graves violações de direitos humanos, a CNV teve condições de confirmar 434 mortes e desaparecimentos de vítimas do regime militar, que se encontram identificados de forma individualizada no Volume III deste Relatório, sendo 191 os mortos, 210 os desaparecidos e 33 os desaparecidos cujos corpos tiveram seu paradeiro posteriormente localizado, um deles no curso do trabalho da CNV. Esses números certamente não correspondem ao total de mortos e desaparecidos, mas apenas ao de casos cuja comprovação foi possível em função do trabalho realizado, apesar dos obstáculos encontrados na investigação, em especial a falta de acesso à documentação produzida pelas Forças Armadas, oficialmente dada como destruída. Registre-se, nesse sentido, que os textos do Volume II deste Relatório correspondentes às graves violações perpetradas contra camponeses e povos indígenas descrevem um quadro de violência que resultou em expressivo número de vítimas. [2] Comprovação do caráter generalizado e sistemático das graves violações de direitos humanos 6. Conforme se encontra amplamente demonstrado pela apuração dos fatos apresentados ao longo deste Relatório, as graves violações de direitos humanos perpetradas durante o período investigado pela CNV, especialmente nos 21 anos do regime ditatorial instaurado em 1964, foram o resultado de uma ação generalizada e sistemática do Estado brasileiro. Na ditadura militar, a repressão e a eliminação de opositores políticos se converteram em política de Estado, concebida e implementada a partir de decisões emanadas da presidência da República e dos ministérios militares. Operacionalizada através de cadeias de comando que, partindo dessas instâncias dirigentes, alcançaram os órgãos responsáveis pelas instalações e pelos procedimentos diretamente implicados na atividade repressiva, essa política de Estado mobilizou agentes públicos para a prática sistemática de detenções ilegais e arbitrárias e tortura, que se abateu sobre milhares de brasileiros, e para o cometimento de desaparecimentos forçados, execuções e ocultação de cadáveres. Ao examinar as graves violações de direitos humanos da ditadura militar, a CNV refuta integralmente, portanto, a explicação que até hoje tem sido adotada pelas Forças Armadas, de que as graves violações de direitos humanos se constituíram em alguns poucos atos isolados ou excessos, gerados pelo voluntarismo de alguns poucos militares. 21 88 [3] Caracterização da ocorrência de crimes contra a humanidade 7. A configuração de condutas ilícitas como crimes contra a humanidade consolidou-se ao longo do século XX e no princípio deste século nas normas imperativas internacionais – ditas de jus cogens, o direito cogente, inderrogável e peremptório –, expressas no costume e em tratados de direito internacional dos direitos humanos e de direito internacional penal, como o Tratado de Roma, que instituiu o Tribunal Penal Internacional. Tal configuração decorre da associação de tais condutas a uma série de elementos que as tornam particularmente graves: serem atos desumanos, cometidos no contexto de um ataque contra a população civil, de forma generalizada ou sistemática e com o conhecimento dessa abrangência por parte de seus autores. Emergiu, assim, a concepção jurídica de que crimes como detenções ilegais e arbitrárias, a tortura, as execuções, os desaparecimentos forçados e a ocultação de cadáveres – objeto da investigação da CNV –, uma vez revestidos desses elementos contextuais, constituem crimes contra a humanidade. 964 18 – conclusões e recomendações 8. Ao demonstrar por meio da apuração registrada neste Relatórioque as graves violações de direitos humanos praticadas pelo regime militar ocorreram em um contexto generalizado e sistemático de ataque do Estado contra a população civil – foram atingidos homens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos, vinculados aos mais diferentes grupos sociais, como trabalhadores urbanos, camponeses, estudantes, clérigos, dentre tantos outros –, a CNV constatou que a prática de detenções ilegais e arbitrárias, tortura, execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres por agentes do Estado durante a ditadura militar caracterizou o cometimento de crimes contra a humanidade. [4] Persistência do quadro de graves violações de direitos humanos 9. A CNV, ao examinar o cenário de graves violações de direitos humanos correspondente ao período por ela investigado, pôde constatar que ele persiste nos dias atuais. Embora não ocorra mais em um contexto de repressão política – como ocorreu na ditadura militar –, a prática de detenções ilegais e arbitrárias, tortura, execuções, desaparecimentos forçados e mesmo ocultação de cadáveres não é estranha à realidade brasileira contemporânea. Relativamente à atuação dos órgãos de segurança pública, multiplicam-se, por exemplo, as denúncias de tortura, o que levou à recente aprovação da Lei no 12.847/2013, destinada justamente à implementação de medidas para prevenção e combate a esse tipo de crime. É entendimento da CNV que esse quadro resulta em grande parte do fato de que o cometimento de graves violações de direitos humanos verificado no passado não foi adequadamente denunciado, nem seus autores responsabilizados, criando-se as condições para sua perpetuação. • Recomendações: A) Medidas institucionais [1] Reconhecimento, pelas Forças Armadas, de sua responsabilidade institucional pela ocorrência de graves violações de direitos humanos durante a ditadura militar (1964 a 1985); [2] Determinação, pelos órgãos competentes, da responsabilidade jurídica – criminal, civil e administrativa – dos agentes públicos que deram causa às graves violações de direitos humanos ocorridas no período investigado pela CNV, afastando-se, em relação a esses agentes, a aplicação 22 88 dos dispositivos concessivos de anistia inscritos nos artigos da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979, e em outras disposições constitucionais e legais [3] Proposição, pela administração pública, de medidas administrativas e judiciais de regresso contra agentes públicos autores de atos que geraram a condenação do Estado em decorrência da prática de graves violações de direitos humanos [4] Proibição da realização de eventos oficiais em comemoração ao golpe militar de 1964 [5] Reformulação dos concursos de ingresso e dos processos de avaliação contínua nas Forças Armadas e na área de segurança pública, de modo a valorizar o conhecimento sobre os preceitos inerentes à democracia e aos direitos humanos [6] Modificação do conteúdo curricular das academias militares e policiais, para promoção da democracia e dos direitos humanos [7] Retificação da anotação da causa de morte no assento de óbito de pessoas mortas em decorrência de graves violações de direitos humanos [8] Retificação de informações na Rede de Integração Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização (Rede Infoseg) e, de forma geral, nos registros públicos [9] Criação de mecanismos de prevenção e combate à tortura [10] Desvinculação dos institutos médicos legais, bem como dos órgãos de perícia criminal, das secretarias de segurança pública e das polícias civis [11] Fortalecimento das Defensorias Públicas [12] Dignificação do sistema prisional e do tratamento dado ao preso [13] Instituição legal de ouvidorias externas no sistema penitenciário e nos órgãos a ele relacionados [14] Fortalecimento de Conselhos da Comunidade para acompanhamento dos estabelecimentos penais [15] Garantia de atendimento médico e psicossocial permanente às vítimas de graves violações de direitos humanos [16] Promoção dos valores democráticos e dos direitos humanos na educação [17] Apoio à instituição e ao funcionamento de órgão de proteção e promoção dos direitos humanos 23 88 B) Reformas constitucionais e legais [18] Revogação da Lei de Segurança Nacional [19] Aperfeiçoamento da legislação brasileira para tipificação das figuras penais correspondentes aos crimes contra a humanidade e ao crime de desaparecimento forçado [20] Desmilitarização das polícias militares estaduais [21] Extinção da Justiça Militar estadual [22] Exclusão de civis da jurisdição da Justiça Militar federal [23] Supressão, na legislação, de referências discriminatórias das homossexualidades [24] Alteração da legislação processual penal para eliminação da figura do auto de resistência à prisão [25] Introdução da audiência de custódia, para prevenção da prática da tortura e de prisão ilegal C) Medidas de seguimento das ações e recomendações da CNV [26] Estabelecimento de órgão permanente com atribuição de dar seguimento às ações e recomendações da CNV [27] Prosseguimento das atividades voltadas à localização, identificação e entrega aos familiares ou pessoas legitimadas, para sepultamento digno, dos restos mortais dos desaparecidos políticos [28] Preservação da memória das graves violações de direitos humanos [29] Prosseguimento e fortalecimento da política de localização e abertura dos arquivos da ditadura militar # Comissão de Anistia • Criada pela Lei 10.559/2002 • Começou a operar em 2014, tem por objetivo analisar pedidos de anistia (decorrente de perseguição política ilegítima); • Fornece parecer opinativo para assessorar o Ministro de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania; • Já foram concedidas anistia a mais de 50 mil pessoas Andou a partir de 2023. PORTARIA Nº 177, DE 22 DE MARÇO DE 2023 – aprovou o ri. 24 88 # Abertura dos Documentos da Ditadura • O Dec. 5.584/2005 determinou a transferência dos documentos dos extintos Conselho de Segurança Nacional (CSN), Comissão Geral de Investigações (CGI) e Serviço Nacional de Informações (SNI) para o Arquivo Nacional. • Não foram abertos, contudo, os documentos que estão em poder da Forças Armadas ("deverão ser disponibilizados para acesso público, resguardadas a manutenção de sigilo e a restrição ao acesso de documentos [...] nos termos do decreto n. 4.553”); • Mesmo ato ampliou prazos de abertura à consulta pública de papéis considerados sigilosos. Documentos ultrassecretos tiveram seu prazo de liberação alterado de trinta para cinquenta anos, com a possibilidade de a interdição ser renovada por tempo indeterminado. • OUTRAS MEDIDAS: • Pagamento de indenizações: O governo brasileiro pagou indenizações a milhares de pessoas que foram vítimas da ditadura. As indenizações variam de acordo com o caso, mas podem chegar a R$ 100 mil. • Realização de homenagens às vítimas da ditadura: O governo brasileiro realizou uma série de homenagens às vítimas da ditadura. Em 2014, por exemplo, foi inaugurado o Memorial da Democracia em Brasília. • Implementação de políticas públicas de memória e verdade: O governo brasileiro implementou uma série de políticas públicas de memória e verdade, como o programa "Brasil Nunca Mais". PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS PNDH-3 (DECRETO Nº 7.037/2009) # Política Nacional de Direitos Humanos # Política Nacional • Pós-regime militar (a partir de 1985); • Competência das três esferas do Poder Executivo (União, estados-membros e municípios), proteger e implementar direitos humanos; • Conferir especial tratamento às pessoas que se encontrem em situação de vulnerabilidade; • Para dar exequibilidade à política, foram implementados planos. Decorreram da reunião e assunção pelo Brasil da Declaração de Viena e Programa de Ação, editado na II Conferência Mundial sobre os Direitos do Homem, em 1993, em Viena. # Planos de Direitos Humanos • Programa Nacional de Direitos Humanos 1o 1996 25 88 o primeiro governo FHC. • Programa Nacional de Direitos Humanos 2 o 2002 o segundo governo FHC. • Programa Nacional de Direitos Humanos 3 o 2009 o segundo governo Lula # PNDH1 • Conferiu ênfase aos direitos civis e foi estruturado em propostas a serem implementadas pelos órgãos governamentais definindo metas de curto, médio e longo prazos. • Publicado pelo Decreto Executivo nº 1.904/1996, foi o objeto de debate da 1ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, três anos após a Conferência de Viena de 1993 recomendar aos Estados-parte elaborar Programas Nacionais de Direitos Humanos. • Explicitamente, o PNDH I conferiu maior ênfase na promoção e defesa dos direitos civis, prevendo centenas de propostas de ações governamentais prioritariamente voltadas para: o integridade física o liberdade o garantia dos direitos das pessoas submetidas a vulnerabilidade e/ou discriminação. • Não há no PNDH 1 mecanismos de incorporação das propostas de ação previstas e de instrumentos de planejamento e orçamento do Estado brasileiro. Ou seja, são previstas regras protetivas de caráter programático, contudo, o Estado não diz como ou o que executará para a defesa dos direitos acima mencionados. • Além disso, esse programa continha uma série de regras e propostas genéricas, no sentido de apoiar, estimular, incentivar, dotadas de pouca efetividade. # PNDH2 • Incluiu os direitos sociais, econômicos e culturais, ao prever ações específicas para a área do direito à educação, previdência e assistência social, trabalho, moradia, meio ambiente, alimentação, cultura e lazer. Além disso, conforme leciona a doutrina o referido plano teve por objetivo a “construção e consolidação de uma cultura de respeito aos direitos humanos”; • O PNDH 2 foi concluído com a publicação do Decreto Executivo nº 4.229/2002, que incluiu os direitos humanos de segunda dimensão, consentâneo com a noção de indivisibilidade e interdependência entre os Direitos Humanos. Significa dizer que o Estado Brasileiro não se preocupou apenas com os direitos civis e políticos, mas também com os direitos sociais, econômicos e culturais. 26 88 • Nesse contexto, destacam-se os seguintes direitos protegidos pelo PNDH 2: o educação o previdência e assistência social o trabalho o moradia o meio ambiente o alimentação o cultura o lazer • Foram implementadas novas formas de acompanhamento e monitoramento das ações contempladas no Plano Nacional de Direitos Humanos (integrando o 1 e o 2), prevendo a disposição de políticas e programas dentro dos orçamentos nos níveis federal, estadual e municipal. • A finalidade do PNDH 2 foi influenciar a discussão em torno da elaboração do Plano Plurianual 2004-2007, servindo de parâmetro e orientação para a definição dos programas sociais a serem desenvolvidos no país até 2007. Segundo a doutrina essa finalidade constitui avanço relativamente ao plano anterior, na medida em que se procurou dar consistência e concretude à proteção dos direitos básico do cidadão, com a formulação de políticas públicas e destinação de recursos para sua execução. • Entretanto, o PNDH 2 foi publicado apenas no último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, o que dificultou a consecução das políticas. PNDH 1 Direitos Civis e Políticos integridade física liberdade cidadania OBSERVAÇÕES - inexistência de mecanismos efetivos de implementaçã o das propostas - regras e propostas genéricas 27 88 # PNDH3 • Objetiva a construção de espaço para a participação democrática para a revisão do PNDH II, com o desafio de integrar as diferentes dimensões dos Direitos Humanos. • Instituído pelo Decreto Executivo nº 7.037/2009; • Adoção da “visão de transversalidade”: a adoção de políticas públicas passa por diversos órgãos e poderes estatais, com o objetivo de elaborar e monitorar políticas públicas. • Considera a indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos em todas as suas dimensões: direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais. o art. 84, VI, a, da CF – competência privativa do Pres. da República o decreto autônomo • Organizado em eixos temáticos estruturantes (principais desafios para a efetivação dos direitos em nosso país, destacando as dimensões da desigualdade, violência, modelo de desenvolvimento, cultura e educação em direitos humanos, democracia, monitoramento e direito à memória e a justiça). PNDH 2 Direitos Sociais, Econômicos e Culturais educação, previdência e assistência social, trabalho, moradia, meio ambiente, alimentação, cultura e lazer OBSERVAÇÕES - adoção de novas formas de acompanhamento e monitoramento das propostas - destinação de recursos no PPA 2004-2007 com vistas implementação de políticas públicas protetivas dos direitos humanos PNDH 3 Envolve Diferentes Dimensões de Direitos direitos humanos de 1ª dimensão direitos humanos de 2ª dimensão direitos humanos de 3ª dimensão OBSERVAÇÕES: - implementação dos direitos por intermédio de uma visão de transversalidade - leva em consideração a indivisibilidade e a interdependência dos Direitos Humanos 28 88 • Dimensões: o universalização dos direitos em um contexto de desigualdades; e o impacto de um modelo de desenvolvimento insustentável e concentrador de renda na promoção dos direitos humanos. • Pouco avançou na efetivação de direitos previstos no PNDH III, muito em razão do contexto de grandes desigualdades. • Objetiva o PNDH combater a pobreza no Brasil e as desigualdades de renda sob a constatação de que tal realidade passa necessariamente por questões discriminatórias, em especial, em razão da cor e do sexo. • Estrutura Assim, por eixo orientador devemos entender um conjunto de assuntos de direitos humanos considerado fundamental para a adoção das políticas de Governo em matéria humanística. Dentro de determinado eixo são fixadas diretrizes, ou seja, são delimitadas linhas de atuação que devem ser observadas. Os objetivos estratégicos, por sua vez, são pretensões específicas dentro de cada diretriz. Por fim, o Decreto nº 7.037/2009 ainda estabelece ações específicas a serem adotadas para que sejam atingidos os objetivos estratégicos definidos no âmbito de cada diretriz. # Eixos Orientadores Eixo Orientador Diretrizes Objetivos Estratégicos Ações Programáticas • Interação democrática entre Estado e sociedade civilEixo Orientador I: • Desenvolvimento e Direitos HumanosEixo Orientador II • Universalizar direitos em um contexto de desigualdadesEixo Orientador III: • Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à ViolênciaEixo Orientador IV: • Educação e Cultura em Direitos HumanosEixo Orientador V: • Direito à Memória e à VerdadeEixo Orientador VI: 29 88 # Direitrizes Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil: Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento da democracia participativa; Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas públicas e de interação democrática; e Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação; Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos: Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não discriminatório; Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento; e Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos,incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos; Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades: Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena; Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação; Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade; Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência: Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública; Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal; Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e profissionalização da investigação de atos criminosos; 30 88 Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carcerária; Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas; Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medidas alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos; Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos: Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional de educação em Direitos Humanos para fortalecer uma cultura de direitos; Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas instituições de ensino superior e nas instituições formadoras; Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos; Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviço público; e Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos; e Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade: Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito Humano da cidadania e dever do Estado; Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da verdade; e Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com a promoção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a democracia. Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os órgãos do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público, serão convidados a aderir ao PNDH-3. 31 88 COMBATE ÀS DISCRIMINAÇÕES, DESIGUALDADES E INJUSTIÇAS: DE RENDA, REGIONAL, RACIAL, ETÁRIA E DE GÊNERO # Grupos Vulneráveis x Minorias • As minorias constituem o grupo de pessoas que ocupam posição não dominante na sociedade, embora sejam organizados e com sentimento de autodeterminação e solidariedade entre os integrantes dos grupos. • Os grupos vulneráveis, por sua vez, constituem o conjunto de pessoas dotado formalmente de direitos, contudo, destituídos de poder. Desse modo, os grupos vulneráveis encontram uma série de dificuldades para exigir seus direitos. # Igualdade em sentido formal e em sentido material • Incapacidade de a igualdade em sentido formal dar conta das diferenças e particularidades. o direitos de liberdade negativa; o consideração abstrata da pessoa • A igualdade em sentido material pressupõe a individualização do sujeito. o foco nos grupos vulneráveis o perspectiva da não-discriminação o diversidade o inclusão o abrangência subjetiva o aspecto de política pública o proibição de discriminar # Direito Antidiscriminatório e Direito das Minorias • primeiro momento: regras proibitivas de discriminação; • segundo momento: criação de um conjunto de normas que estruturam uma política pública para a promoção da igualdade em favor de grupos vulneráveis. • Conceito de discriminação positiva: São medidas efetivamente discriminatórias na medida em que elas beneficiam um grupo social específico, mas são positivas, já que promovem uma discriminação como forma de combate a outra discriminação negativa e excludente. # Conceitos 32 88 • preconceito: é uma atitude negativa dirigida a um grupo com base em características das pessoas que o integram. O preconceito é voltado contra o grupo como um todo. Trata-se de visão que ignora as diferenças individuais; • estereótipo: é uma generalização sobre um grupo a partir de certas características dos seus membros. O estereótipo pode ser positivo ou negativo; e • discriminação: é uma ação negativa dirigida ao membro de um grupo em razão da pertinência da vítima ao grupo. • ESETEREOTIPO: Não necessariamente há discriminação em razão de um estereótipo. Exemplo comum de estereótipo positivo: o de que as pessoas asiáticas são mais inteligentes # Fundamentos do Direito Antidiscriminatório • subjetividade jurídica: esse elemento enfatiza o fato de que a postura discriminatória é baseada numa certa visão de mundo subjetiva adotada pelo discriminador, o que se reflete no próprio direito antidiscriminação, o qual deve combater a discriminação; • racionalidade constitucional: no sentido de que o direito incorpora uma perspectiva racional baseada na proteção de valores constitucionais como fundamento da proibição da discriminação; e • universalidade de direitos: esse elemento ressalta o fato de que os seres humanos, tão só em razão de serem humanos, são dotados dos mesmos direitos, o que vai contra as concepções discriminatórias. # Teoria do Impacto Desproporcional • “toda e qualquer prática empresarial, política governamental ou semigovernamental de cunho legislativo ou administrativo, ainda que não provida de intenção discriminatória no momento de sua concepção, deve ser condenada por violação do princípio da igualdade material se, em consequência de sua aplicação, resultarem efeitos nocivos de incidência especialmente desproporcional sobre certas categorias de pessoas” • Ex.1 - ADI 1.946: limitação ao benefício previdenciário a R$ 1.200,00, com pagamento da diferença da licença-maternidade pelo empregador. • Ex.2 - ADPF 291: “(...) a manutenção de um dispositivo que torna crime militar o sexo consensual entre adultos, ainda que sem a carga pejorativa das expressões ‘pederastia’ e ‘homossexual ou não’, produz, apesar de sua aparente neutralidade e em razão do histórico e das características das Forças Armadas, um impacto desproporcional sobre homossexuais, o que é incompatível com o princípio da igualdade”. # Obrigações Positivas • Obrigações positivas gerais: são obrigações destinadas à população em geral e decorrem do reconhecimento de um núcleo material mínimo devido a todos; e • Obrigações positivas especiais: são complementares às obrigações gerais e são voltadas especificamente para a proteção de certos grupos vulneráveis. 33 88 # Reserva do Possível • limitação dos recursos disponíveis diante das necessidades infinitas a serem supridas; • impossibilitum nulla obligatio est (obrigação impossível não pode ser exigida). • ARGUMENTO ÚLTIMO ITEM: A ATUAÇÃO DO ADMINISTRADOR É A VONTADE DA MAIORIA REVELADA (assim, se determinado Prefeito prefere dispor dos recursos para atender a festividades ao invés da educação escolar, estaria atendendo à vontade da maioria). • mínimo existencial não é sinônimo de sobrevivência (envolve condições socioculturais que garantam vida digna). • insuficiência orçamentária para atividades prioritárias: a real insuficiência para atendimento do mínimo existencial requer demonstração com dados orçamentários e contábeis (AgRg no AREsp 790.767, DJe 14/12/2015). • A cláusula da reserva do possível não é suficiente para impedir a concretização de garantias constitucionais queconstituem um mínimo existencial; • O princípio da proibição do retrocesso visa garantir que a atuação do Estado vá no sentido de ampliar os direitos humanos e de lhes assegurar a máxima efetividade, não se admitindo a extinção de políticas públicas de proteção sem alguma forma de compensação; • A primazia dos direitos humanos justifica a atuação do Poder Judiciário no sentido de obrigação a Administração a executar obrigações de fazer específicas. # Princípio do Excesso e da Proteção Deficiente • Proibição do excesso (Übermassverbot): trata-se na proibição de que o poder público atue de forma excessiva e acabe por violar direitos fundamentais. • Proibição da proteção deficiente (Untermassverbot): nesse caso se reconhece que não é lícito ao Estado errar por omissão. • Gilmar mendes • Exemplo disso seria o caso em que, para conter rebeliões em presídios, fosse proibida, de forma permanente, a recepção de visitantes pelos presos: trata-se de medida que se justifica de forma temporária para conter um risco atual ou iminente, mas que não poderia ser feita de modo permanente sob pena de violar o direito à intimidade dos presos; e • Seria o caso, por exemplo, se não existissem medidas de proteção da integridade física das mulheres vítimas de violência doméstica ou se fossem aplicadas às crianças e adolescentes as mesmas normas trabalhistas aplicáveis aos trabalhadores adultos, situações em que se poderia alegar que o Estado deve dar maior proteção a um interesse jurídico relevante. # Marcadores Sociais da Diferença e Interseccionalidades • A noção de marcadores sociais permite pensar no modo como algumas diferenças sociais passam a ser operadas dentro de um regime de desigualdades, diminuindo as condições de existência para alguns enquanto garante melhorias substanciais de existência para outros. 34 88 • Quando estamos falando de marcadores sociais da diferença, estamos falando da necessidade de se construir um olhar interseccional sobre as desigualdades. • Se, na década de 1990, usava-se muito a noção de marcadores sociais para pensar alguns problemas e alguns processos de desigualdades do Norte Global, a partir dos anos 2000 a noção de marcadores sociais passa a circular com força no Brasil, primeiramente ligada à noção de categorias em articulação e, em seguida, à noção de interseccionalidade (MOUTINHO, 2014). • Marcadores sociais da diferença são compostos por raça, gênero, sexo, idade, classe, deficiência etc. e a articulação dessas categorias, por meio de uma abordagem interseccional, que compreende a análise das relações sociais em sua complexidade e pretende pensar como tais marcadores estão articulados na prática social. 35 88 36 88 37 88 Negro # Combate ao Racismo IG U AL D AD E em sentido formal aproxima-se do conceito de legalidade igualdade abstrata e genérica igualdade perante a lei em sentido material sinônimo de legalidade igualdade na prática leva em consideração as distinções 38 88 • Racismo consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de personalidade, inclusive o falso conceito de superioridade racial. Proteção Internacional # Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial • TIDH da ONU; • internalizado, com status supralegal; • objetivo central: eliminar a discriminação; • adoção das vertentes repressivo-punitiva e promocional; • admite-se a diferenciação: ü entre cidadãos e não-cidadãos; ü disposições legais por conta de nacionalidade, cidadania e naturalização; e ü ações afirmativas. # Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e a Intolerância • 1. Discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer área da vida pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes. A discriminação racial pode basear-se em raça, cor, ascendência ou origem nacional ou étnica. • 2. Discriminação racial indireta é aquela que ocorre, em qualquer esfera da vida pública ou privada, quando um dispositivo, prática ou critério aparentemente neutro tem a capacidade de acarretar uma desvantagem particular para pessoas pertencentes a um grupo específico, com base nas razões estabelecidas no Artigo 1.1, ou as coloca em desvantagem, a menos Editada 2013 Aprovação no SF DL 1/2021 Depósito e Ratificação 2021 Promulgação DE 10.932/2022 39 88 que esse dispositivo, prática ou critério tenha um objetivo ou justificativa razoável e legítima à luz do Direito Internacional dos Direitos Humanos. • 3. Discriminação múltipla ou agravada é qualquer preferência, distinção, exclusão ou restrição baseada, de modo concomitante, em dois ou mais critérios dispostos no Artigo 1.1, ou outros reconhecidos em instrumentos internacionais, cujo objetivo ou resultado seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes, em qualquer área da vida pública ou privada. • 4. Racismo consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de personalidade, inclusive o falso conceito de superioridade racial. O racismo ocasiona desigualdades raciais e a noção de que as relações discriminatórias entre grupos são moral e cientificamente justificadas. Toda teoria, doutrina, ideologia e conjunto de ideias racistas descritas neste Artigo são cientificamente falsas, moralmente censuráveis, socialmente injustas e contrárias aos princípios fundamentais do Direito Internacional e, portanto, perturbam gravemente a paz e a segurança internacional, sendo, dessa maneira, condenadas pelos Estados Partes. • 5. As medidas especiais ou de ação afirmativa adotadas com a finalidade de assegurar o gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais de grupos que requeiram essa proteção não constituirão discriminação racial, desde que essas medidas não levem à manutenção de direitos separados para grupos diferentes e não se perpetuem uma vez alcançados seus objetivos. • 6. Intolerância é um ato ou conjunto de atos ou manifestações que denotam desrespeito, rejeição ou desprezo à dignidade, características, convicções ou opiniões de pessoas por serem diferentes ou contrárias. Pode manifestar-se como a marginalização e a exclusão de grupos em condições de vulnerabilidade da participação em qualquer esfera da vida pública ou privada ou como violência contra esses grupos. • Mecanismos de Fiscalização do TIDH: o denúncia à Comissão; § titulares ativos: pessoa e organizações não-governamentais; § é necessário ato específico de ratificação da competência da Comissão para recebimento de denúncias; o competência da Corte para julgar questões referente à Convenção; o constituição do Comitê Interamericano. Proteção Interna # Combate ao Racismo 40 88 # Constituição Federal Art. 3º, IV: Art. 3° Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (…). IV Promover o bem-estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º, II e VIII; Art. 4° – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: II – prevalência dos direitos humanos; VIII – repudio ao terrorismoe ao racismo; Art. 5º, XLI e XLII: mandado constitucional de criminalização do racismo Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; • A relação entre Direito Penal e Direitos Humanos é vista pela faceta do conflito. • Os direitos dos indivíduos impõem limites materiais e formais ao direito penal e à persecução criminal (investigação, processo e execução penal). COMBATE À DISCRIMINAÇÃO RACIAL vertente punitiva tipificação de crime para o racismo vertente promocional prescrição e políticas públicas específicas 41 88 • restrições à aplicação da lei penal (princípio da legalidade estrita, presunção de inocência e o in dubio pro reo, irretroatividade da lei gravosa e retroatividade da lei benigna etc.), garantias processuais 14(princípio do juízo natural, vedação do tribunal de exceção, atenção ao devido processo legal penal, legalidade e legitimidade das provas etc.) e ainda condicionamentos da execução penal (vedação de penas cruéis e desumanas, individualização da pena e direitos do sentenciado etc.). • Os mandados de criminalização propugnam por uma faceta amistosa entre esses ramos jurídicos. • É o Direito Penal atendendo a função social. • Os mandatos constitucionais de criminalização atuam como limitações à liberdade de configuração do legislador penal e impõem a instituição de um sistema de proteção por meio de normas penais (...) Outras vezes cogita-se mesmo de mandatos de criminalização implícitos, tendo em vista uma ordem de valores estabelecida pela Constituição. Assim, levando-se em conta o dever de proteção e a proibição de uma proteção deficiente ou insuficiente (untermassverbot), cumpriria ao legislador estatuir o sistema de proteção constitucional penal adequado. (ADI nº 3112/DF). • Ao mesmo tempo em que o Estado não pode se exceder no campo penal (proibição do excesso ou Übermassverbot), também não pode se omitir ou agir de modo insuficiente (proibição da insuficiência ou Untermassverbot). # Relacionamento entre Direitos Humanos e o Direito Penal • Os TIDHs se preocupam com a punição penal dos autores de violações a direitos humanos. • Declaração e Programa de Ação da Conferência Mundial de Viena (1993) implantou, em definitivo, o dever dos Estados de punir criminalmente os autores de graves violações de direitos humanos para que seja consolidado o Estado de Direito. • A tipificação penal é tida como essencial para que se realize o efeito dissuasório ou preventivo contra a conduta atacada. • VERTENTE REPRESSIVO-PUNITIVA. • DECORRE DO CONTEXTO DA 2GM. • o medo de uma punição penal faz com que se evite a repetição por parte do autor da conduta (prevenção específica) e ainda se evite sua multiplicação por parte dos demais membros da coletividade (prevenção geral). • Assim, na esteira de ser o direito penal um instrumento de ultima ratio invocado para proteger os bens jurídicos essenciais, justifica-se o uso da sanção penal para proteger os direitos fundamentais. • Exemplos: o Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio à exige a criminalização do genocídio; o Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes à exige a tipificação da tortura 42 88 o Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial à obriga a criminalização da discriminação racial; o Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher à obriga a criminalização da violência contra a mulher. # Constituição Federal Art. 7º, XXX: Art. 7°, XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; Art. 215, §§ 1º e 5º Art. 215. § 1°- O Estado protegera as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. Art. 216. § 5° – Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. Art. 68, ADCT: Art. 68 – Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras e reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. # Estatuto da Igualdade Racial # Objetivos do EIR Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. • O importante é que você saiba que a tutela dos direitos étnicos abrange: OBJETIVOS DO EIR efetivação da igualdade de oportunidades aos negros defesa de direito étnicos combate à discriminação e intolerância racial 43 88 o direitos individuais de um negro especificamente considerado; o direitos difusos da comunidade negra; o direitos coletivos (em sentido estrito) de determinado grupo de pessoas negras ligadas por uma relação jurídica entre si. # Conceitos • discriminação racional ou étnico racial: constitui toda forma de distinção baseada em fatores étnicos ou de descendência que impliquem na anulação ou restrição dos seus direitos humanos. • desigualdade racial: diferenciação injustificada no acesso e fruição de bens, serviços e oportunidade em razão de fatores étnicos ou de descendência. • desigualdade de gênero e raça: constatação do fosso entre as mulheres negras e demais segmentos da sociedade. • população negra: conjunto de pessoas que se declaram negas ou pardas segundo o IBGE. • políticas públicas: ações, iniciativas e programas adotados pelo Poder Público voltado para a efetivação de direitos humanos, no âmbito de suas prerrogativas institucionais. # Racismo Estrutural • 1) Racismo sob a concepção individualista: o racismo é compreendido como um comportamento de indivíduos ou grupos que agem por motivações psicológicas ou desvios éticos, consistindo em uma "irracionalidade" ou "patologia" comportamental. o Silvio Luiz de Almeida na sua obra "Racismo Estrutural": Os ataques racistas se dão, em sua maioria, de forma direta. O combate a esse tipo de racismo se daria por meio da responsabilização jurídica e condenação moral dos racistas. Crítica: visão limitada do racismo à esfera individual, visão legalista, pouco efetiva para o combate ao racismo. • 2) Racismo sob a concepção institucional: o racismo constitui uma relação de poder desigual entre grupos raciais. o O termo "racismo institucional" foi usado pela primeira vez no livro Black Power: Politics of Liberation in America, de Charles V. Hamilton e Kwame Ture. Sob essa concepção, o racismo opera, em regra, de forma indireta, através das instituições que são hegemonizadas por grupos raciais que impõem os seus padrões, com o privilégio de determinados grupos raciais no acesso a cargos de liderança, cargos públicos, postos de poder, acesso a saúde, educação. As instituições reproduzem o racismo e carregam internamente a luta de grupos sociais. • 3) Racismo sob a concepção estrutural: o racismo é parte da estrutura social. A ordem social tem o racismo como um de seus elementos estruturantes. Em virtude disso, a atuação meramente inerte ou "normal" das instituições resulta em práticas racistas, pois as instituições reproduzem a ordem social racista. o Comportamentos individuais e institucionais derivam da sociedade em que o racismo é a regra e não a exceção. Dessa forma, as instituições e os indivíduos
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