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Atenção Farmacêutica em Pediatria e Geriatria

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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professora: Celina Ferrari Laverde
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade abordará a Atenção Farmacêutica em indivíduos 
pediátricos e geriátricos, com foco nos cuidados primários a estas po-
pulações que possuem características fisiopatológicas específicas. 
Além disso, também serão discutidos o uso racional de medicamentos 
e o manejo assistencial que o profissional farmacêutico deve conhe-
cer para garantir a promoção, recuperação e reabilitação da saúde 
de cada indivíduo. Desse modo, será descrito desde a fisiologia e 
farmacologia básica, para compreensão sólida do funcionamento do 
organismo de crianças e idosos, até os desafios inerentes da profis-
são farmacêutica que envolvem cuidados básicos à saúde, análises 
de prescrições, comunicação estratégica, capacidade de reconhecer 
problemas e solucioná-los, bem como intervir quando houver neces-
sidade. Também serão expostas as perspectivas atuais da atenção 
primária, o acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes e a 
relação do farmacêutico com o paciente, com os familiares e com a 
equipe multidisciplinar para que a função assistencial seja realizada 
de maneira individualizada, efetiva, segura e humanizada. 
Atenção Farmacêutica. Pediatria. Geriatria. 
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 CAPÍTULO 01
ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS POPULAÇÕES PEDIÁTRICAS E GERIÁ-
TRICAS
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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Fatores Sociais e Índices Epidemiológicos ______________________
Atenção Farmacêutica e o Uso Racional de Medicamentos ______
Características Fisiológicas e Farmacológicas das Populações Pe-
diátricas ________________________________________________________
 CAPÍTULO 02
ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA PEDIATRIA E NA GERIATRIA
O Papel do Farmacêutico na Atenção Primária à Saúde _________ 31
27Recapitulando ________________________________________________
Método SOAP _________________________________________________ 41
20
Características Fisiológicas e Farmacológicas das Populações Ge-
riátricas ________________________________________________________
40Seguimento Farmacoterapêutico ______________________________
Recapitulando _________________________________________________ 45
22Cuidados Especiais no Manejo Clínico dos Pacientes ____________
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Considerações Finais ____________________________________________ 67
Fechando a Unidade ____________________________________________ 68
Referências _____________________________________________________ 71
 CAPÍTULO 03
ACOMPANHAMENTO E MONITORIZAÇÃO DE RESULTADOS FARMA-
COTERAPÊUTICOS
Método Dáder ________________________________________________ 50
Análise da Farmacoterapia – Método Pharmacotherapy Workup 
(PW) ___________________________________________________________ 56
Método TOM (Therapeutic Outcomes Monitoring) – Monitorização 
de Resultados Terapêuticos _____________________________________ 57
Capacitação do Farmacêutico para Implementação de Métodos 
de Atenção Farmacêutica _______________________________________ 59
Recapitulando __________________________________________________ 63
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O processo de atenção farmacêutica consiste em um conjun-
to de ações voltadas para orientação e acompanhamento do pacientequanto aos cuidados básicos em saúde e ao uso correto de medica-
mentos. Nesse contexto, o profissional farmacêutico é o principal res-
ponsável que atua com o intuito de evitar possíveis problemas indeseja-
dos durante a farmacoterapia.
As populações pediátricas e geriátricas são especialmente im-
portantes no campo da saúde devido a suas particularidades fisiopato-
lógicas e, portanto, necessitam de alguns cuidados diferentes da po-
pulação adulta. O manejo assistencial dessas populações consiste em 
um grande desafio para a atuação farmacêutica, pois crianças e idosos 
apresentam características farmacológicas distintas dos adultos. Logo, 
é preciso considerar algumas estratégicas a fim de garantir a saúde e a 
segurança do indivíduo durante o uso de medicamentos.
Além disso, é importante destacar que, para essas populações, 
os cuidados básicos e a adesão aos tratamentos medicamentosos depen-
dem da compreensão e disponibilidade dos pais, filhos e/ou cuidadores. 
Sendo assim, a comunicação clara, acessível e organizada entre o pro-
fissional farmacêutico e os familiares é um exemplo de intervenção muito 
utilizado em âmbito clínico para garantir a qualidade de vida dos pacientes. 
Diversos fatores fisiopatológicos, ambientais, alimentares e ha-
bituais interferem na condição clínica dos pacientes pediátricos e geriá-
tricos e por consequência torna-se necessário a elaboração de planos 
de cuidados específicos. Por exemplo, alguns medicamentos possuem 
tempo de meia-vida de eliminação mais longo em idosos devido à fun-
ção renal reduzida inerente à idade, logo, o ajuste de dose se faz neces-
sário para garantir a segurança do paciente. Crianças cuja deglutição 
ainda não está completamente madura necessitam de medicamentos 
em formas farmacêuticas líquidas, como suspensões e xaropes.
Cabe ao profissional farmacêutico estar atento às demandas 
de cada paciente, sendo estas relacionadas a medicamentos ou não, 
para que os cuidados sejam maximizados em prol da saúde e do bem-
-estar do indivíduo. 
O objetivo da atenção farmacêutica não é intervir no diagnós-
tico ou nas atribuições de médicos e outros profissionais da saúde. A 
função do profissional farmacêutico frente ao trabalho de atenção far-
macêutica se baseia em garantir o uso racional de medicamentos e pro-
mover uma farmacoterapia eficaz, segura e custo-efetiva. Para isso, o 
farmacêutico é responsável por realizar a dispensação dos medicamen-
tos, a educação em saúde, o registro das atividades, acompanhamento 
terapêutico, mensuração de resultados com capacidade de reconhecer 
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os problemas relacionados aos medicamentos (PRMs), intervenção clí-
nica em possíveis erros de medicação e conciliação medicamentosa. 
No decorrer do módulo, serão abordados os principais conte-
údos e estratégias que garantam a capacitação do profissional farma-
cêutico e facilitem a implementação do serviço de atenção farmacêutica 
através dos cuidados básicos às populações pediátricas e geriátricas, 
em âmbito individual e coletivo. 
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FATORES SOCIAIS E ÍNDICES EPIDEMIOLÓGICOS
Crianças
A criança é um ser humano que está biologicamente em pleno 
desenvolvimento. Segundo a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, con-
sidera-se criança o indivíduo até doze anos de idade incompletos. O 
Ministério da Saúde (2013) aponta que toda criança deve ter seu cres-
cimento e desenvolvimento acompanhado pelas equipes das Unidades 
Básicas de Saúde, portanto, é direito da criança: ser registrada gratuita-
mente, realizar o teste do pezinho entre o terceiro e quinto dia de vida, 
ter completo acesso aos serviços de saúde, à escola pública e gratuita, 
ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS
POPULAÇÕES PEDIÁTRICAS E GERIÁTRICAS
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às vacinas indicadas no calendário básico de vacinação, à água potável 
e alimentação adequada; ter a companhia dos pais durante internações 
hospitalares, viver em ambiente limpo, compreensivo e afetuoso e pos-
suir a oportunidade de aprendizado e lazer. 
A divisão dos grupos etários pediátricos é importante, pois cons-
titui o marco do período de desenvolvimento e auxilia nos dados demo-
gráficos e epidemiológicos de saúde infantil. Não há um consenso em re-
lação a essa divisão, pois pequenas diferenças podem ser apresentadas 
dependendo dos critérios adotados e dos objetivos pretendidos. Na tabe-
la 1, abaixo, está uma classificação didática descrita por Williams (2012).
Tabela 1 – Grupos etários em idade pediátrica
Fonte: Williams, 2012.
Em maio de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) di-
vulgou o relatório anual sobre a saúde no mundo que engloba dados re-
ferentes aos anos entre 2000 e 2018. Em relação à saúde infantil, a OMS 
demonstrou que os índices de mortalidade foram reduzidos à metade 
em crianças com até cinco anos, ou seja, houve uma queda de 76 para 
aproximadamente 39 mortes a cada mil nascidos vivos na média mundial. 
O objetivo da OMS é zerar os indicadores até o ano de 2030 e, 
para isso, os países precisam apresentar no máximo 25 mortes a cada 
mil crianças abaixo de cinco anos. Atualmente, o Brasil já atingiu a meta 
inicial, pois, segundo o gráfico 1 apresentado abaixo, o país apontou 
14 mortes em mil crianças. É importante ressaltar a importância de um 
sistema de saúde multidisciplinar, forte e eficaz encontrado em países 
como Japão, que segundo os dados apresentados da OMS (2020) ob-
teve o menor índice registrado: 2 mortes para cada mil crianças. 
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Gráfico 1 – Mortalidade infantil no mundo entre os anos de 2000 a 2018. Dez 
maiores índices e comparação com o Brasil. 
 
Fonte: OMS, 2020.
Nesse contexto, o cuidado dos indivíduos pediátricos envolve 
uma relação colaborativa estabelecida entre os pais, os profissionais de 
saúde, da educação e da assistência social. Essa colaboração engloba 
principalmente a proteção do desenvolvimento físico, mental e social da 
criança e o profissional farmacêutico possui papel fundamental nesses 
quesitos, conforme será abordado ao longo de toda unidade. 
Idosos
O Estatuto do Idoso, que dispõe da Lei 10.741, de 1 de outubro 
de 2003, é destinado a garantir os direitos de pessoas com idade igual 
ou superior a sessenta anos. De acordo com o relatório mundial de saú-
de da OMS (2018), entre os anos de 2000 a 2016, a expectativa de vida 
saltou de 66,5 para 72 anos, especialmente em países mais desenvol-
vidos. Este fenômeno ocorre devido à redução das taxas de mortalidade 
e fecundidade observadas nas últimas décadas. 
Além disso, a transição epidemiológica que altera o perfil de 
mortalidade também foi alterada com o passar dos anos. Enquanto na 
década de 40, a população sucumbia por doenças infectocontagiosas, 
atualmente, a taxa de mortalidade está mais relacionada com doenças 
crônicas não transmissíveis (CHAIMOWICZ, 2013). 
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
(2018) apontaram que a expectativa de vida dos brasileiros acompa-
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nhou a tendência mundial de envelhecimento, alcançando a marca de 
76 anos. Para as mulheres, esse número é ainda maior: 79 anos, en-
quanto que, para homens, o índice está em torno de 72 anos. Tal di-
ferença pode ser explicadapor fatores não naturais que apareceram 
desde 1940 com a advento da urbanização, como homicídios, acidentes 
de trânsitos e quedas acidentais. 
O aumento da população idosa observada nas últimas déca-
das reflete os avanços dos serviços de saúde que têm se mostrado efe-
tivos em diminuir a taxa de mortalidade. No entanto, a mudança do perfil 
epidemiológico da população, caracterizada pelo crescente surgimento 
de doenças crônicas e degenerativas, constitui um grande risco à saúde 
e ao bem-estar do idoso.
Dentre as doenças mais frequentemente relacionadas à mor-
talidade entre a população idosa, destacam-se as doenças cardiovas-
culares (31,8%), câncer (21,6%), acidente vascular encefálico (7,9%), 
diabetes (3%) e doença de Alzheimer (3,2%) (CHRIST; DIWAN, 2008). 
Tais condições são constantemente relacionadas ao estilo de vida que 
incluem o tabagismo, o consumo de álcool, sedentarismo, dieta inade-
quada e predisposição genética. 
Além disso, a população idosa é caracterizada pelo uso con-
tínuo de diversos medicamentos e, apesar dos benefícios de uma 
farmacoterapia adequada, as alterações fisiológicas inerentes ao en-
velhecimento podem tornar os idosos mais susceptíveis aos efeitos 
indesejados da polifarmácia. Por isso, a atenção farmacêutica voltada 
para a população idosa é tão desafiadora, tendo em vista que a pre-
sença de diferentes morbidades e múltiplos tratamentos farmacológicos 
são considerados fatores de alto risco para o surgimento de problemas 
relacionados aos medicamentos (PRMs). 
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS E FARMACOLÓGICAS DAS 
POPULAÇÕES PEDIÁTRICAS
A atenção farmacêutica voltada para populações pediátricas 
é um desafio para os profissionais envolvidos, pois são escassos os 
estudos científicos direcionados ao uso de medicamentos por essa po-
pulação, devido às barreiras éticas que permeiam a pesquisa nesse 
grupo populacional. 
Além disso, as características fisiológicas de crianças são va-
riáveis, o que podem alterar a funcionalidade do organismo e, conse-
quentemente, a maneira como os medicamentos agem. Dessa forma, 
as particularidades da biologia infantil estabelecem ligações com o apa-
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recimento de patologias mais frequentes e as razões que justificam as 
decisões e o plano de cuidado desenvolvido para crianças. 
De maneira geral, a fisiologia pediátrica está diretamente liga-
da aos processos farmacológicos. Por exemplo, o funcionamento do 
sistema digestório, sanguíneo, hepático e excretor afeta os quatro pila-
res da farmacocinética, que são a absorção, distribuição, metabolização 
e excreção dos fármacos. 
A farmacocinética de absorção dos fármacos segue os mes-
mos princípios dos adultos, no entanto, deve-se considerar que alguns 
aspectos fisiológicos ainda estão em plena formação, como é o caso da 
cavidade bucal e dentes. 
É extremamente comum crianças apresentarem a deglutição di-
ficultada e, portanto, opta-se por utilizar os medicamentos em formas far-
macêuticas líquidas como xaropes e suspensões ou alterar a via de admi-
nistração dos medicamentos para obter melhores resultados terapêuticos. 
A via de administração oral e o uso de formas farmacêuticas 
líquidas geralmente são os meios escolhidos para a farmacoterapia pe-
diátrica, pois, além de serem de fácil ingestão, também permitem me-
lhor ajuste de dose pelo prescritor. As recomendações de uso, como a 
agitação, por exemplo, devem ser claramente explicadas aos pais e/ou 
cuidadores, pois se não forem corretamente seguidas, as doses pode-
rão apresentar concentrações menores do que as doses terapêuticas e, 
assim, comprometer a eficácia do tratamento (SILVA, 2011). 
A forma farmacêutica elixir não é aconselhável para uso in-
fantil devido à presença de álcool como adjuvante. Mesmo diante 
da pequena concentração alcoólica, não é bem elucidado como o 
metabolismo do álcool atua no organismo pediátrico, portanto, deve 
haver o máximo de precaução quanto ao uso desta formulação.
Entretanto, existem diferenças de pH estomacal, especialmen-
te em indivíduos prematuros e recém-nascidos, o que pode alterar a ab-
sorção dos fármacos. Normalmente, por volta dos dois anos de idade, o 
pH do estômago da criança já está semelhante ao do indivíduo adulto, 
enquanto que o tempo de esvaziamento gástrico se aproxima dos valo-
res adultos nos primeiros oito meses de vida. 
Clinicamente, o resultado dessas alterações fisiológicas envol-
ve a biodisponibilidade do fármaco no organismo da criança e, portanto, 
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o profissional farmacêutico precisa estar atento a esses aspectos para 
que a dose administrada não seja menor do que a dose terapêutica. 
A via de administração endovenosa em crianças necessita de 
plenos cuidados e atenção aos menores volumes que podem provocar 
erros de diluição mais facilmente e ao pequeno calibre dos vasos san-
guíneos. Nesse sentido, é comum ocorrer lesões por extravasamento 
do fármaco da circulação para os espaços perivasculares e causar gra-
ves danos tanto da pele, quanto de tecidos mais profundos, se o fárma-
co administrado possuir capacidade vesicante. Logo, é de suma impor-
tância que, nesses casos, os cuidados de administração envolvam um 
conjunto de medidas específicas baseado na condição fisiológica do 
sistema circulatório da criança e nas propriedades dos fármacos. 
A via intramuscular é fortemente afetada pela redução do flu-
xo sanguíneo na musculatura esquelética e nas contrações musculares 
ainda imaturos, principalmente em recém-nascidos. Por isso, a absor-
ção de fármacos por esta via torna-se lenta e o efeito farmacológico leva 
mais tempo para aparecer.
Para administração tópica, ressalta-se a importância da composi-
ção e do aspecto da barreira epitelial da criança, que ainda se apresenta 
de forma fina sensível e frágil. Tal imaturidade epidérmica diminui a defesa 
contra a proliferação de patógenos e torna a pele da criança mais susceptí-
vel a traumas e a toxicidade sistêmica causada pela absorção exacerbada 
de fármacos. Em especial, os recém-nascidos possuem menor conteúdo 
lipídico na pele devido à baixa atividade das glândulas sebáceas, portanto, 
fármacos lipossolúveis como corticoides devem ser aplicados com extrema 
cautela nesses casos, em que a permeabilidade cutânea está aumentada. 
Como alternativa às vias de administrações mencionadas aci-
ma, a via retal é bastante utilizada em crianças, através de enemas 
e supositórios. Esta via é indicada em casos em que a criança esteja 
apresentando vômito ou não aceita deglutir o medicamento. 
O uso da via retal também pode ser considerado quando não 
houver o medicamento na forma farmacêutica líquida, ou se o fármaco 
for rapidamente desativado pela ação do pH estomacal ou pela ativida-
de enzimática do estômago. 
É considerada uma via de administração relativamente segura 
aos pacientes pediátricos, principalmente quando se deseja uma rápida 
absorção do fármaco, no entanto, assim como a via tópica, a absorção 
é irregular e pouco acentuada, por isso não há como mensurar efetiva-
mente a dose absorvida e consequentemente o efeito terapêutico. 
A distribuição dos fármacos no organismo é dependente da 
idade e da composição corporal. Em recém-nascidos, a quantidade total 
de água está em torno de 78% do peso corporal do indivíduo, enquanto 
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em criança esse valor corresponde a 60% e em adultos, 58% (LABAU-
NE, 1993). Devido à maior quantidade de água corpórea em recém-nas-
cidos, a distribuição torna-se mais eficaz quando o fármaco apresenta 
característica hidrossolúvel. Ao passo que a quantidade de água diminui 
no organismo, dá-sepreferência aos fármacos lipossolúveis.
Durante a fase neonatal, a presença de albumina fetal, bilirrubina 
e ácidos graxos livres é capaz de deslocar um fármaco do sítio de ligação 
da albumina, o que provoca um aumento das frações livres dos fármacos 
no organismo. A mesma situação é observada em crianças devido aos ní-
veis reduzidos de proteínas totais no plasma, especialmente a albumina. 
Quando isso ocorre há possibilidade do surgimento de toxicidade aguda. 
A barreira hematoencefálica consiste em uma camada de 
células endoteliais que protege o Sistema Nervoso Central (SNC) de 
substâncias potencialmente tóxicas e, por consequência, a maioria 
dos fármacos não atravessa essa barreira. Entretanto, em indivídu-
os recém-nascidos, a barreira hematoencefálica ainda não está to-
talmente formada e isso permite a permeabilidade de fármacos ao 
SNC, principalmente aqueles com características lipossolúveis. 
A imaturidade hepática costuma ser muito comum em crianças, 
principalmente em indivíduos prematuros e recém-nascidos. Tendo isso 
em vista, a produção de enzimas responsáveis pela metabolização de 
fármacos, principalmente as enzimas da família citocromo P450 pode 
ser reduzida. Logo, as reações de biotransformações podem ser com-
prometidas e ocasionar possíveis quadros de toxicidade, pois o fármaco 
não será excretado corretamente. Um exemplo comum é a síndrome 
cinzenta associada ao uso de cloranfenicol (KEARNS, 2003). 
Com o passar dos anos, a maturação do metabolismo hepático 
de crianças se desenvolve e constitui um fator especialmente importante, 
pois, o aumento funcional do fígado e do fluxo sanguíneo esplênico são 
fatores determinantes para a escolha da posologia dos medicamentos.
Pró-fármacos são precursores inativos que, quando bio-
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transformados, produzem metabólitos ativos com efeito terapêutico. 
Existem diversos benefícios farmacocinéticos dos pró-fármacos, 
porém, o uso nas populações pediátricas deve ser analisado com 
cautela, uma vez que a fisiologia hepática infantil ainda é imatura.
As características fisiológicas do sistema renal também são im-
portantes ao longo do desenvolvimento da criança. O sistema de depu-
ração renal é pouco eficaz ao nascimento, no entanto, a função renal, 
mais especificamente a filtração glomerular, atinge padrões observados 
em adultos logo no primeiro ano de vida. 
Os processos de reabsorção e secreção tubular normalmente 
são comprometidos devido aos túbulos serem anatomicamente meno-
res, especialmente em prematuros. A maturação completa dessas fun-
ções ocorre somente aos três anos de idade; logo, antes dessa idade, 
deve-se preferir o uso de medicamentos que sejam excretados por ou-
tras vias que não seja a renal. Entretanto, se tal manejo não for possí-
vel, deve-se monitorar os índices de eletrólitos e dos metabólitos dos 
fármacos para evitar possível situações de toxicidade. 
Em recém-nascidos, os rins possuem capacidade limitada de 
excretar ácidos orgânicos como penicilinas, sulfonamidas e cefalospori-
nas, devido ao baixo pH urinário que favorece a reabsorção desses áci-
dos. Logo, a concentração sérica desses medicamentos pode se elevar, 
provocando, assim, toxicidade (ALCORN, 2003; MELLO, 2004). 
Os aspectos farmacodinâmicos observados em crianças ainda 
não estão completamente elucidados, porém, sabe-se que as popula-
ções pediátricas são mais susceptíveis aos efeitos adversos de deter-
minados medicamentos, por exemplo, os efeitos das tetraciclinas na 
formação dentária e óssea e das fluoroquinolonas no desenvolvimento 
cartilaginoso (MELLO, 2004). 
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS E FARMACOLÓGICAS DAS 
POPULAÇÕES GERIÁTRICAS
Com o envelhecimento, o indivíduo apresenta alterações fisioló-
gicas em praticamente todos os sistemas orgânicos. Tais mudanças são 
especialmente significativas no trato gastrointestinal, no sistema porta-
-hepático, rins, músculos e sistema nervosos central e, de maneira se-
melhante ao que foi discutido em crianças, essas alterações estão direta-
mente ligadas com a farmacocinética dos medicamentos no organismo.
O mecanismo de absorção dos fármacos pode apresentar 
comprometimento devido a modificações ocorridas no tecido epitelial 
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que reveste o intestino delgado. Essas modificações se apresentam 
como diminuição das microvilosidades da área absortiva, do peristaltis-
mo e, consequentemente, afetam o tempo de esvaziamento gástrico, o 
trânsito intestinal e os níveis de pH. 
Além disso, o processo de envelhecimento também ocasiona 
a diminuição da proporção de água corporal e o aumento do tecido adi-
poso. Sendo assim, a distribuição de fármacos hidrossolúveis se torna 
mais difícil, o que proporciona aumento da concentração sérica do fár-
maco e possíveis efeitos de toxicidade. 
De maneira contrária, a distribuição de fármacos lipossolúveis 
se torna mais fácil, porém, isto pode prolongar o tempo de meia-vida de 
eliminação do fármaco e seu acúmulo nos tecidos. Por consequência, 
há o aumento do risco do surgimento de interações medicamentosas e 
efeitos adversos (KANE, 2015). 
As principais modificações hepáticas encontradas em idosos re-
ferem-se à redução da perfusão sanguínea acompanhada da diminuição 
da massa do fígado, e consequente redução de hepatócitos. Sendo assim, 
há diminuição do metabolismo dos fármacos, fato que eleva o tempo de 
meia-vida de eliminação e, portanto, pode aumentar o risco de toxicidade. 
Em relação à fisiologia excretora, os rins vão perdendo grada-
tivamente a sua capacidade funcional, ou seja, a filtração glomerular se 
torna prejudicada e a eliminação dos fármacos fica comprometida. De 
maneira semelhante ao metabolismo hepático, o acúmulo plasmático 
do fármaco que ocorre quando a função renal está em declínio aumenta 
as chances de toxicidade. 
A função renal é uma das principais características fisioló-
gicas que deve ser considerada em um esquema terapêutico. Possui 
grande relevância clínica, pois, entre indivíduos idosos, a redução 
da massa muscular provoca diminuição da creatinina endógena e, 
portanto, níveis habituais de creatinina sérica podem mascarar pos-
síveis disfunções renais. Sendo assim, é de extrema importância o 
uso de ferramentas que estimem valores da função renal ou mais 
especificamente, a filtração glomerular. O exemplo mais utilizado 
em âmbito clínico assistencial é o clearance de creatinina. A partir 
dos valores obtidos, é possível elaborar estratégias medicamento-
sas que possibilitem o ajuste de dose dos fármacos, a fim de pro-
porcionar uma farmacoterapia segura e eficaz ao indivíduo. 
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A redução da atividade fisiológica encontrada nas populações 
idosas torna o organismo mais vulnerável à ação dos medicamentos. 
Isto pode ser explicado através das alterações na quantidade de recep-
tores, na afinidade das ligações fármaco-receptor e nas cascatas de 
sinalização intracelular dos sistemas (FUCHS; WANNMACHER, 2017). 
De maneira semelhante às alterações farmacocinéticas, as 
modificações farmacodinâmicas observadas ao longo do processo de 
envelhecimento também são fatores importantes a serem considerados 
no surgimento de efeitos adversos e, consequentemente, no compro-
metimento da efetividade dos tratamentos terapêuticos. 
CUIDADOS ESPECIAIS NO MANEJO CLÍNICO DOS PACIENTES
Como visto até agora, devido à fisiologia diferenciada de crian-
ças e idosos, estas populações necessitam de cuidados especiais, o 
que torna o processo de atenção farmacêutica um grande desafio. 
Na prática assistencial, os cuidados em relação às farmacote-
rapias costumam ser bem delineados,no entanto, é comum o surgimen-
to do iatrogenia, que é conceituada como:
Um evento ou doença não-intencional causada por uma intervenção, justi-
ficada ou não, por parte da equipe multiprofissional de saúde, que resulte 
em danos à saúde do paciente. A iatrogenia também pode ser decorrente 
da omissão direta de uma intervenção bem estabelecida esperada ou de um 
procedimento de monitoramento (SZLEJF et al., 2008, p. 338).
Tanto crianças quanto idosos buscam o sistema de saúde devi-
do a queixas relacionadas aos efeitos indesejados dos fármacos ou in-
terações medicamentosas. Normalmente, esses eventos são confundidos 
com sintomas de outras comorbidades, o que leva a novas prescrições de 
medicamentos e novos diagnósticos, quando, na verdade, o ideal seria a 
investigação aprofundada das farmacoterapias já utilizadas pelo paciente. 
Diante desse conceito, em âmbito clínico, é importante que o pro-
fissional farmacêutico tenha o conceito de iatrogenia em mente, pois, como 
parte integrante da equipe multiprofissional, ele possui responsabilidades 
essenciais relacionadas ao cuidado medicamentoso dos pacientes. 
Atualmente, existem diversos protocolos e manuais já elabora-
dos com o intuito de auxiliar o farmacêutico nos cuidados básicos aos 
pacientes. Todos os estabelecimentos de saúde – especialmente aque-
les que oferecem serviços assistenciais – possuem protocolos padrões 
de cuidados à terapia medicamentosa. No entanto, é responsabilidade 
farmacêutica analisar os protocolos, intervir quando houver necessidade, 
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atualizá-los e, principalmente, adequá-los de maneira individualizada. 
A elaboração de protocolos padrões voltados para o cuidado dos 
pacientes e das terapias medicamentosas é responsabilidade do profis-
sional farmacêutico. É importante que o farmacêutico tenha amplo conhe-
cimento a respeito da fisiologia e da farmacologia, para que os documen-
tos elaborados estejam de acordo com as bases científicas necessárias 
que garantam a segurança do paciente e a efetividade do tratamento. 
 O método clínico normalmente utilizado para a elaboração 
dos protocolos de cuidados abrange basicamente quatro etapas, como 
mostrado na tabela 2 abaixo:
Tabela 2 – Método clínico de elaboração de cuidados ao paciente em serviços 
assistenciais
Fonte: Autora, 2020.
O método clínico aborda de forma geral os cuidados para com 
as populações, no entanto, o profissional farmacêutico é o especialista 
responsável pelos medicamentos. Logo, é de extrema importância que 
o método clínico de cuidados seja extrapolado para a elaboração de 
protocolos de farmacoterapia que garantam a individualidade, seguran-
ça e efetividade do tratamento medicamentoso. 
Os pilares que direcionam o desenvolvimento de uma terapia 
medicamentosa consistem na real necessidade do medicamento pelo 
paciente, na adesão ao tratamento e no acompanhamento terapêutico. 
Em especial, populações pediátricas e geriátricas requerem maiores 
cuidados durante a terapia medicamentosa devido aos fatores farmaco-
lógicos já discutidos neste capítulo. 
A figura 1, apresentada abaixo, demonstra um fluxo de fatores 
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importantes que são necessários para a elaboração de protocolos efi-
cazes de farmacoterapia. 
Figura 1 – Fluxo de fatores a serem considerados para elaboração de proto-
colos de farmacoterapia.
 
Fonte: Autor, 2020.
O farmacêutico possui liberdade de atuação quando o assunto 
envolve o uso de medicamentos. É dever do profissional conhecer as 
necessidades do paciente, bem como questionar as escolhas realiza-
das por prescritores e intervir nas decisões, se houver necessidade. 
Para isso, o farmacêutico precisa possuir uma relação de confiança 
mútua com toda a equipe multidisciplinar e ser capaz de dialogar de 
maneira educada, profissional, científica e compreensiva. 
As necessidades de cada paciente podem ser definidas atra-
vés de seus próprios históricos, de resultados de exames físicos e labo-
ratoriais e de anamnese detalhada. Ao longo do curso serão abordadas 
com maior ênfase a realização de entrevistas farmacêuticas e a relação 
entre farmacêutico – paciente, farmacêutico – cuidador. 
Outro ponto de bastante relevância é que crianças e idosos 
constituem a população com maiores dificuldades de adesão ao tra-
tamento medicamentoso, pois as administrações costumam depender 
da compreensão e do esforço de pais e/ou cuidadores. Além disso, di-
versos fatores também interferem no descumprimento do tratamento 
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e evolvem a renda familiar, o grau de escolaridade, falta de rede de 
suporte social, custos dos medicamentos, cultura e crenças acerca do 
tratamento proposto e das doenças. 
De acordo com a OMS (2003), a efetividade de adesão à tera-
pia medicamentosa enfrenta cinco dimensões, conforme mostradas na 
figura 2 abaixo. O profissional farmacêutico atua de maneira direta ou 
indireta em todos esses fatores para facilitar a taxa de adesão ao trata-
mento medicamentoso.
Figura 2: Cinco dimensões da adesão ao tratamento medicamentoso.
 
Fonte: OMS, 2003.
Quando possível, é desejável que o farmacêutico ofereça a in-
tercambialidade de medicamentos ao paciente para que haja garantia 
de acesso. Medicamentos genéricos possuem melhor custo-benefício, 
e na grande maioria das vezes é atribuição do farmacêutico intervir e 
ofertar ao paciente um medicamento que possua o mesmo efeito tera-
pêutico, porém, seja mais barato. 
Além disso, também consiste em uma das atribuições do far-
macêutico, através dos métodos de atenção farmacêutica que serão 
explicados ao longo deste módulo, analisar os fatores relacionados ao 
paciente, à doença e aos medicamentos para auxiliar a melhor adesão 
do paciente à farmacoterapia.
No entanto, a principal responsabilidade do farmacêutico está 
concentrada na comunicação, pois é através dela que o paciente e/ou 
cuidadores serão orientados a respeito de toda a terapia. É um desafio, 
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tendo em vista que a orientação deve ser feita de maneira clara, objetiva 
e acessível. 
Logo, a comunicação torna-se um grande desafio para o far-
macêutico, pois os seus interlocutores possuem graus de instruções 
variados. Assim, ora ele precisará de estratégias comunicativas médico-
-científica, ora ele precisará de comunicação popular e acessível.
Os pilares de efetividade e segurança descritos na figura 
1, bem como as maneiras de racionalizar o uso de medicamentos, 
serão abordados com maior ênfase nos próximos capítulos. No en-
tanto, é importante que o profissional farmacêutico já seja capaz 
de relacionar os desafios do acompanhamento terapêutico com as 
características biológicas discutidas neste capítulo. 
Em suma, as populações pediátricas e idosas constituem um 
grande desafio ao sistema de saúde como um todo. Muitos fatores es-
tão envolvidos na garantia à saúde desses pacientes, que envolve des-
de bases conceituais de fisiologia e farmacologia até fatores socioeco-
nômicos e culturais. Por isso, a atuação farmacêutica se faz cada vez 
mais necessária, tendo em vista que o farmacêutico é o profissional que 
estabelece um dos mais fortes elos entre o paciente e a sociedade. 
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QUESTÕES DE CONCURSO
QUESTÃO 1
Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: EBSERH Prova: Técni-
co em Farmácia 
O xarope de isoniazida 100 mg/5 mL é utilizado paraquimiopro-
filaxia de tuberculose em crianças. Considerando a posologia de 
10 mg/kg/dia, uma criança pesando 8 kg deve tomar diariamente 
quantos mililitros do referido xarope?
a) 1,0 mL.
b) 2,0 mL.
c) 2,5 mL.
d) 4,0 mL.
e) 4,5 mL.
QUESTÃO 2
Ano: 2018 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: SES-PE Prova: Analis-
ta em Saúde - Farmacêutico
Uma criança com insuficiência cardíaca congestiva recebeu uma 
prescrição de digoxina em solução oral. A mãe da criança foi até uma 
farmácia magistral solicitar a manipulação do medicamento. Sobre a 
manipulação e a dispensação da digoxina, é correto afirmar que:
a) não é necessária a entrega da bula simplificada no momento da dis-
pensação.
b) deve haver dupla pesagem da digoxina, sendo uma delas realizada 
pelo farmacêutico responsável pela manipulação.
c) o armazenamento da digoxina deve ser realizado em local distinto, 
sob a guarda do auxiliar de farmácia.
d) a digoxina é uma substância sujeita a controle especial.
e) a digoxina é um medicamento seguro com elevado índice terapêutico.
QUESTÃO 3
Ano: 2016 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: EBSERH Prova: Técni-
co em Farmácia (CH-UFPA)
Foi prescrita a uma criança de 1 ano amoxicilina 400 mg / 5 mL. A 
dose prescrita foi de 200 mg de 12 em 12 horas durante 10 dias. 
Qual volume da suspensão oral será necessário para que a criança 
complete o tratamento?
a) 5 cm3.
b) 50 cm3.
c) 0,5 cm3.
d) 5 mm3.
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e) 50 mm3.
QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: IESES Órgão: Prefeitura de São José do Cerrito 
- SC Prova: Bioquímico Farmacêutico
“Suas reações adversas são comuns em idosos, que são mais vulne-
ráveis à depleção de volume e à hipotensão ortostática e mais propen-
sos a apresentar hipopotassemia e hiponatremia. Como é frequente a 
redução do clearance renal em idosos, os de alça são os preferidos. 
Os poupadores de potássio podem provocar hiperpotassemia, espe-
cialmente se associados a inibidores da enzima conversora da angio-
tensina (IECA) e/ou em idosos com função renal comprometida.”. 
O texto retirado de artigo da Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 56 
(2): 164-174, abr.-jun. 2012, refere-se aos:
a) Anti-inflamatórios não esteroides.
b) Ansiolíticos.
c) Antibióticos.
d) Diuréticos.
QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO PRÓ-MUNICÍPIO Órgão: Prefeitura de 
Massapê - CE Prova: Farmacêutico
A osteoartrite e artrite reumatoide são doenças comuns em idosos 
e um dos tratamentos utilizados são os AINES (Anti-inflamatórios 
não Esteroidais). Sobre o uso dessa classe de medicamentos em 
idosos, deve-se monitorar cuidadosamente:
a) Os níveis sanguíneos de gás carbônico e oxigênio;
b) A função renal;
c) A glicemia em jejum;
d) Os níveis de hemoglobina.
QUESTÃO DISSERTATIVA
Com base nos cuidados específicos da terapia medicamentosa, quais fa-
tores você consideraria na elaboração de um protocolo efetivo e seguro?
TREINO INÉDITO
Diante do que foi abordado neste capítulo sobre os aspectos bio-
lógicos das populações pediátricas e geriátricas, assinale a alter-
nativa correta:
a) Crianças e idosos possuem as mesmas características fisiológicas 
que os adultos, logo, a abordagem terapêutica deverá ser a mesma.
b) As mudanças fisiológicas encontradas em indivíduos pediátricos e 
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geriátricos são um dos principais fatores que norteiam as estratégias 
dos tratamentos medicamentosos.
c) A fisiologia de crianças e idosos exerce pouca influência nos pilares 
farmacocinéticos de absorção, distribuição, metabolização e excreção.
d) As alterações farmacocinéticas encontradas em idosos e crianças 
não justificam a necessidade de ajuste das doses dos medicamentos.
e) O clearance de creatinina, muito utilizado para avaliar função renal, 
não possui relevância clínica para o desenvolvimento de esquemas te-
rapêuticos eficazes e seguros.
NA MÍDIA
COVID-19: GERIATRA FALA SOBRE OS CUIDADOS COM OS IDOSOS
Diante da pandemia do novo coronavírus, causada pelo vírus Sars-
-Cov-2, o cuidado com as populações de risco, especialmente idosos e 
portadores de doenças crônicas, deve ser acentuado. 
O enfoque da notícia está justamente na fala do médico geriatra, Dr. Rafael 
Canineu, explicando que o processo de envelhecimento é inerente do ser 
humano e não configura doença. No entanto, o envelhecimento está acom-
panhado de alterações fisiológicas que podem tornar o indivíduo idoso mais 
susceptível a diversos problemas de saúde, que incluem as complicações 
provenientes da infecção pelo coronavírus, tendo em vista que, quase me-
tade da população idosa possui pelo menos alguma doença crônica. 
Fonte: Revista Brasil
Data da publicação: 19/03/2020 
NA PRÁTICA
EPISÓDIO DA SÉRIE ESTADUNIDENSE HOUSE M.D. (EPISÓDIO 8, 
TEMPORADA 5). 
Neste episódio, o médico responsável Dr. Foreman analisa o caso de 
uma criança de quatro anos que se encontra internada com queixas de 
hematemese e está acompanhada da mãe e do irmão mais velho. 
Em uma das cenas, o médico precisa introduzir uma sonda oral em forma 
de cápsula na criança para realizar um exame de imagem do trato gas-
trointestinal, porém, a criança se recusa a degluti-la. De maneira pouco 
humanizada, o médico insiste para que a criança tome a cápsula e avisa 
que terá que forçar a deglutição caso o paciente permaneça com a recusa. 
Sabe-se que neste caso, o exame deve ser feito e não há outra via de 
administração que possa ser utilizada. Sendo assim, na prática clínica, 
o ideal seria o profissional farmacêutico dialogar de maneira humani-
zada, compreensiva e acessível ao paciente pediátrico para que seja 
estabelecida uma relação de confiança entre farmacêutico e paciente. 
Outro ponto a ser destacado é o próprio diagnóstico do paciente. No epi-
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sódio, a criança apresentou um quadro de intoxicação por ferro. É im-
portante que o profissional farmacêutico consiga compreender que as 
alterações fisiológicas inerentes às crianças, principalmente aquelas que 
alteram a metabolização e/ou eliminação dos fármacos, podem causar 
danos graves relacionados à toxicidade. Uma simples suplementação de 
ferro, muito comum durante o período de desenvolvimento infantil, que 
foi administrada em doses maiores do que o organismo da criança pode 
metabolizar/excretar, foi o suficiente para gerar acúmulo de ferro no orga-
nismo e provocar o quadro de intoxicação demonstrado no vídeo.
Título: Episódio “Emancipação”, da série House M.D
Data de estreia: 18 de novembro de 2008
SAIBA MAIS: 
Título: Artigo científico
KEARNS, L.G., et al. Developmental pharmacology: drug disposition, 
action, and therapy in infants and children. New England Journal of Me-
dicine, London, v. 349, p. 1157-1167, 2003
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O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos principais sistemas 
de saúde do mundo que oferece de maneira gratuita o acesso à saúde, 
em suas mais variadas formas, à toda população. Diante de diversos 
serviços ofertados pelo SUS, destaca-se a atenção primária, secundá-
ria e terciária à saúde. 
De forma decrescente, a atenção terciária à saúde é caracteri-
zada pelos cuidados de alta complexidade que designam um conjunto de 
terapias e procedimentos com elevado grau de especialização, como por 
exemplo tratamentos oncológicos, cirurgias de transplantes e serviços de 
diálise. Já a atenção secundária à saúde engloba serviços especializados 
a nível ambulatorial e hospitalar de média complexidade, que ofertam ser-
ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA
PEDIATRIA E GERIATRIA
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viços de apoio diagnósticos e atendimentos de urgência e emergência. 
Diferente das estruturas secundária e terciária, a atenção pri-
mária à saúde representa o primeiro nível de contato do indivíduo com 
o sistema de saúde, no qual os cuidados são levados da maneira mais 
próxima possível ao lugar onde a população vive e/ou trabalha. Cons-
titui, portanto, o primeiro recurso de assistência à saúde. A atenção pri-
mária lida com problemas mais comuns da comunidade através das 
Unidades Básicas de Saúde (UBS), dos Agentes Comunitários de Saú-
de (ACS) e da Equipe de Saúde da Família (ESF). 
Na atenção primária, os pacientes têm acesso a planos de 
cuidados que permanecem ao longo do tempo. Por isso, além de 
promover serviços de tratamentos e reabilitação à saúde, a aten-
ção básica oferece, principalmente, serviços de caráter preventivo. 
Em teoria, foram estabelecidos quatro atributos essenciais da 
atenção primária à saúde e são eles: acesso – caracterizado pelo pri-
meiro contato e pela utilização dos serviços pelo indivíduo para todo 
problema de saúde novo ou já existente; longitudinalidade – represen-
tada por atenção continuada e passível de ser utilizada por longos perí-
odos; integralidade – definida através de processos que garantam aos 
pacientes todos os serviços de saúde necessários, desde os cuidados 
preventivos até o tratamento de doenças; e coordenação – caracteri-
zada pela capacidade de organizar todos os cuidados que o paciente 
recebe nos diferentes níveis de acesso à saúde (STARFIELD, 2002).
Além disso, também foram definidos três atributos derivados da 
atenção primária à saúde, que constituem: a atenção voltada para famí-
lia, que possui em sua base a orientação familiar e o conhecimento dos 
fatores familiares relacionados à origem e ao cuidado dos problemas de 
saúde; orientação comunitária – definida pelo conhecimento do profissio-
nal da saúde das necessidades da população, através de dados epide-
miológicos e contato direto com a comunidade. E competência cultural, 
representada pela adaptação do profissional da saúde à população que 
possui características culturais especiais, como por exemplo a comunida-
de indígena (STARFIELD, 2002). A figura 3, apresentada abaixo, resume 
todos os atributos da atenção primária à saúde mencionados. 
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Figura 3 – Atributos essenciais e derivados da atenção primária à saúde.
 
Fonte: Starfield, 2002.
A complexa relação existente entre saúde, doenças e cuidados 
exige que a atenção básica à saúde envolva o trabalho de equipe multi-
disciplinar com abordagem ampla e integrativa. Nesse sentido, o papel 
do farmacêutico se faz necessário, pois ele é o profissional responsável 
pela implementação de estratégias que visem o cuidado ao paciente 
através do uso racional de medicamentos, bem como do impacto fi-
nanceiro que os medicamentos representam para o sistema de saúde. 
Portanto, o trabalho do profissional farmacêutico é componente funda-
mental na atenção básica de saúde. 
Nesse contexto, o trabalho do farmacêutico é desenvolvido 
através da atenção farmacêutica que, de acordo com a OMS (1993), 
pode ser definida como: 
Um conceito de prática profissional na qual o paciente é o principal bene-
ficiário das ações do farmacêutico. A atenção farmacêutica é o compêndio 
das atitudes, dos comportamentos, dos compromissos, das inquietudes, dos 
valores éticos, das funções, dos conhecimentos, das responsabilidades e 
das habilidades dos farmacêuticos na prestação da farmacoterapia com o 
objetivo de obter resultados terapêuticos definidos na saúde e na qualidade 
de vida do paciente (OMS, 1993, online).
A primeira premissa da atenção farmacêutica é prevenir os 
problemas relacionados aos medicamentos (PRMs). Para isso, o far-
macêutico precisa garantir as reais necessidades, a segurança e a efe-
tividade da farmacoterapia do indivíduo. 
Além disso, a base da atenção farmacêutica é o acordo entre 
paciente e farmacêutico, no entanto, para populações pediátricas e ge-
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riátricas, esse acordo também deve ser estendido aos pais, filhos e/ou 
cuidadores, respectivamente. 
O profissional precisa se comprometer com o paciente e seus 
responsáveis por meio de um vínculo que sustente a farmacoterapia a 
longo prazo. Devem ser definidas as funções em comum, as responsa-
bilidades de cada parte e a importância da participação ativa. De ma-
neira concisa, a relação entre farmacêutico, paciente e cuidadores deve 
ser semelhante a um pacto que trabalhe em prol da resolução de todos 
os problemas relacionados com medicamentos, sejam eles reais ou po-
tenciais (CIPOLLE et al., 2000). 
ATENÇÃO FARMACÊUTICA E O USO RACIONAL DE MEDICAMEN-
TOS
De acordo com a American Pharmacists Association (1995), al-
guns princípios norteiam a atenção farmacêutica, tais como: a manutenção 
de uma relação extremamente profissional entre farmacêutico e paciente, 
familiares e/ou cuidadores, a organização e o registro das informações mé-
dicas de cada paciente, a avaliação das informações coletadas e a ela-
boração de uma farmacoterapia em comum acordo com o paciente e/ou 
responsáveis, a garantia de que o paciente e/ou responsáveis terão aces-
so e conhecimento necessários para aderir ao tratamento farmacológico a 
longo prazo e a revisão, monitoramento e modificação do plano de cuidado 
farmacoterapêutico, quando houver necessidade, para que haja sempre 
comum acordo entre paciente e/ou responsáveis e equipe de saúde. 
É através da atenção farmacêutica que o profissional age ob-
jetivando o uso racional de medicamentos e consequentemente, o su-
cesso da farmacoterapia, tendo em vista que, o uso indiscriminado de 
medicamentos pode provocar sérios danos à saúde do indivíduo.
Principalmente entre as populações pediátricas e geriátricas, 
são muitos os indivíduos usuários de medicamentos que estão sujeitos 
às reações adversas, causadas por dificuldades na adequação ao tra-
tamento, dependência física de cuidadores, polifarmácia e alterações 
farmacocinéticas inerentes às faixas etárias. Esses fatores podem per-
feitamente contribuir para o surgimento dos problemas relacionados ao 
medicamento (PRMs), e por consequência, comprometer a eficiência 
da farmacoterapia (GOMES, 2011). 
Antigamente, as atividades clínicas em farmácias eram restritas 
ao âmbito hospitalar, no entanto, com o surgimento da prática de atenção 
farmacêutica, as ações clínicas se expandiram para as farmácias comuni-
tárias, justamente para atingir a maior quantidade possível de indivíduos. 
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A lógica efetiva é que, quanto mais acessível o trabalho do far-
macêutico se tornar à população, mais racional será o uso de medica-
mentos. Neste contexto, tanto as instituições farmacêuticas, quanto as 
universidades estão buscando cada vez mais disseminar esse modelo 
de assistência no país. 
Ao longo desta unidade serão abordados os métodos do segui-
mento terapêutico e as possíveis estratégias de atenção farmacêutica 
mais utilizadas na prática clínica. No entanto, independentemente do 
método utilizado e de suas particularidades, o processo de atenção far-
macêutica é semelhante para todos eles e possui características gerais 
na busca pelo maior alcance possível do uso correto de medicamentos. 
A figura 4, apresentada abaixo, descreve as ações envolvidas 
em cada uma das etapas do processode atenção farmacêutica. O es-
quema disposto foi propositalmente elaborado em círculo para reforçar 
a ideia de que a atenção farmacêutica deve ser um processo realizado 
a longo prazo e de maneira constante. 
Figura 4 – Processo geral de atenção farmacêutica e suas respectivas ações 
descritas por etapas.
 
Fonte: Correr; Otuki, 2013.
Os problemas relacionados aos medicamentos (PRMs) são ba-
sicamente problemas de saúde oriundos da farmacoterpia, que compro-
metem a eficácia do tratamento e facilitam o surgimento de resultados 
clínicos não desejados. Os PRMs mais comuns são provenientes de: 
prescrição inadequada, interações medicamentosas, superdosagem, 
dose subterapêutica, uso incorreto, efeitos adversos e automedicação. 
O Terceiro Consenso de Granada define uma lista de fatores e 
situações que podem causar possíveis PRMs (COMITÊ DE CONSEN-
SO, 2007):
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• Administração errada do medicamento
• Características fisiológicas do paciente
• Processo de conservação inadequada do medicamento
• Contraindicação
• Posologia inadequada
• Duplicidade de administrações
• Erros de prescrições
• Falta de adesão
• Interações medicamentosas e alimentares
• Outros problemas de saúde que comprometem o tratamento
• Riscos de efeitos adversos
• Problema de saúde maltratado
Dentro do contexto dos PRMs existem aqueles que são conside-
rados reais, ou seja, aqueles que podem de fato serem manifestados, e os 
potenciais, que são aqueles baseados na possibilidade de sua ocorrência. 
É através das práticas de atenção farmacêutica que o profissional farma-
cêutico deve ser capaz de detectar os PRMs, intervir e solucioná-los.
Além disso, inserido nas práticas de atenção farmacêutica, tam-
bém existe o conceito de RNMs (Resultados Negativos Associado ao Medi-
camento). São alterações não desejadas no quadro de saúde do paciente, 
atribuídas ao uso ou desuso de um medicamento, que impede a efetivida-
de dos objetivos terapêuticos. Para medi-los, utilizam-se variáveis clínicas 
como sinais, sintomas, parâmetros fisiológicos e bioquímicos. 
De uma forma geral, os PRMs são situações que causam ou 
podem causar RNMs. Ou seja, pode-se considerar que a existência de 
PRMs corresponde a fatores de risco para o surgimento de RNMs.
O uso off label de medicamentos corresponde ao uso para 
outros fins, diferentes daqueles preconizados pelas agências sani-
tárias, está associado com o maior risco de surgimento de PRMs, 
principalmente em crianças e idosos. Frequentemente, a prescri-
ção e o uso desses medicamentos são baseados em extrapolações 
de doses, ignorando-se as alterações fisiológicas das populações 
pediátricas e geriátricas. Por isso, é essencial que o farmacêutico 
esteja atento ao uso off label de medicamentos na farmacoteparia 
dos pacientes para evitar possíveis reações adversas.
A intervenção farmacêutica é uma prática que denomina as 
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ações e as tomadas de decisões que partem do profissional farmacêutico 
para corrigir ou adequar o esquema terapêutico, na busca por melhores 
resultados. Por isso é muito importante que o método de atenção farma-
cêutica englobe a sistematização de intervenções farmacêuticas, pois a 
comunicação e a troca de informações com os demais profissionais da 
saúde contribuem positivamente para o uso racional de medicamentos.
O processo de intervenção farmacêutica pode ser feito junto ao 
paciente ou junto à equipe multiprofissional. Sempre deve conter um do-
cumento escrito que pode ser associado à comunicação oral, explicando 
ao paciente e/ou aos cuidadores sobre a doença, a terapia, as chances 
de cura e as formas de administração dos medicamentos. A humaniza-
ção do profissional farmacêutico é a grande chave nesse momento, pois 
fortalece a relação do farmacêutico com o paciente e seus responsáveis. 
É muito comum que a intervenção junto à equipe multiprofissio-
nal seja feita por meio de telefone. Para isso, o farmacêutico precisa ter 
embasamento teórico e linguagem médico-científica, além da comuni-
cação amigável e objetiva. Também há necessidade de um documento 
por escrito que deverá ser anexado e guardado junto ao prontuário do 
paciente, contendo: apresentação do paciente, análise farmacêutica, 
motivo da intervenção e despedida.
A intervenção farmacêutica não possui como objetivo al-
terar diagnósticos ou prescrições, funções estas atribuídas ao 
médico; mas, sim, garantir uma farmacoterapia racional, segura e 
economicamente acessível aos pacientes.
Considerações Importantes na Atenção Farmacêutica em 
Crianças e Idosos
A população geriátrica é a que comumente possui maior número 
de patologias e, portanto, a tendência é que esses pacientes utilizem di-
versos medicamentos em conjunto, fato conhecido por polifarmácia. Nes-
te grupo etário, as falhas de adesão durante a farmacoterapia são mais 
comuns e derivam, em grande parte, da confusão causada por múltiplos 
medicamentos, distúrbios cognitivos e comprometimento visual e manual.
Além disso, como já discutido anteriormente, a população ge-
riátrica é mais susceptível aos efeitos potencialmente tóxicos dos medi-
camentos devido às alterações fisiológicas existentes. Nesse contexto, 
algumas categorias de medicamentos se tornaram impróprias para uso 
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geriátrico, seja por falta de eficácia terapêutica ou por aumento do risco 
de toxicidade e efeitos adversos. 
De acordo com os critérios de Beers-Fick, foi definida uma lista 
de fármacos potencialmente inapropriados para idosos com sessenta 
e cinco anos ou mais. Sendo assim, é importante que o farmacêutico 
esteja atento para analisar prescrições médicas aos idosos, consideran-
do-as adequadas quando as características apresentadas no quadro 1 
(abaixo) estiverem em conformidade. 
Quadro 1 – Aspectos adequados em prescrições para pacientes idosos.
 
Fonte: Autor, 2020.
Através da Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) é possível ca-
racterizar as capacidades físicas, psicológicas e funcionais do paciente 
idoso. É um método de análise feito por uma equipe multidisciplinar, o 
que inclui o farmacêutico, que utiliza ferramentas de avaliação padroni-
zadas e confiáveis, permitindo à equipe de saúde obter dimensões do 
quanto aquele indivíduo é independente para exercer atividades cotidia-
nas (CONROY; PATHAK, 2017).
As avaliações são direcionadas ao estado cognitivo, físico, nutri-
cional e social do paciente idoso. O aparecimento de resultados sugestivos 
de comprometimento cognitivo e/ou físico sinaliza ao farmacêutico que o 
paciente necessitará de suporte para aderir a farmacoterapia. O farmacêu-
tico pode sugerir a realização desta análise a qualquer momento que julgar 
necessária, seja no início ou ao longo do tratamento medicamentoso.
A farmacoterapia das populações geriátricas frequentemen-
te exige intervenções de maior custo, que envolvem tecnologias mais 
complexas para que se obtenha o cuidado adequado. Um dos maiores 
desafios da atenção farmacêutica ao idoso, atualmente, consiste na fal-
ta de serviços domiciliares e ambulatoriais adequados. 
Na maioria das vezes, o paciente geriátrico é atendido pela pri-
meira vez em âmbito hospitalar, já em estágios avançados de patologias. 
Isso acarreta em aumento de custos ao sistema de saúde, além de diminuir 
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as chances de obter um prognóstico favorável. Por isso as práticas de aten-
ção farmacêutica inseridas nos processos de atenção básica de saúde são 
tão importantes, tanto para o indivíduo, quanto paraa comunidade.
Assim como a população geriátrica, crianças também possuem 
diferenças fisiológicas inerentes À idade e, na hora do planejamento 
farmacoterapêutico do paciente pediátrico, costuma-se utilizar a “regra 
dos cinco c”, descrita por Bisson (2007): fármaco correto, dose correta, 
horário correto, via de administração correta, paciente correto.
Para auxiliar o farmacêutico quando é solicitado o ajuste de 
dose do medicamento para crianças, utiliza-se a fórmula de Clark, que 
leva em consideração o peso do paciente, ou a regra de Young, que 
considera a idade do paciente. 
Também é de responsabilidade do profissional farmacêutico a 
orientação dos familiares e/ou cuidadores tanto de crianças, quanto de 
idosos, a respeito da farmacoterapia. O farmacêutico deve auxiliar o 
cuidador principal em relação ao nome do medicamento, finalidade para 
a qual se administra o fármaco, quantidade a ser utilizada, frequência e 
duração da administração, efeitos previstos e sinais que podem indicar 
algum efeito secundário do fármaco. 
É importante ressaltar que o farmacêutico precisa prestar mui-
ta atenção no grau de entendimento dos cuidadores, fazendo demons-
trações, instruções por escrito, auxiliar no ajuste de posologia de acordo 
com a rotina familiar e garantir que os cuidadores saibam como proce-
der em caso de sinais alarmantes de efeitos adversos e/ou toxicidade 
(BISSON, 2007). 
O relacionamento entre o paciente e seu respectivo cuidador 
é um fator determinante para eficácia da terapia, pois quanto pior for a 
comunicação entre eles, menor será a adesão ao tratamento e, conse-
quentemente, a qualidade de vida do paciente.
Os benefícios da implementação de serviços farmacêuticos 
em pediatria vão além da contribuição ao uso correto de medicamentos 
e redução dos custos. O farmacêutico também pode colaborar para o 
conhecimento do uso de medicamentos em crianças através da partici-
pação em pesquisas e como autores de relatos de casos, descrevendo, 
por exemplo, as interações medicamentosas e alimentares observadas 
durante a farmacoterapia.
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Crianças mais velhas também precisam ser orientadas e 
motivadas para obter melhor adesão ao tratamento. É importan-
te que elas participem ativamente das tomadas de decisões sobre 
seus próprios tratamentos, de maneira apropriada para a idade, 
para a natureza e para a gravidade do seu problema de saúde. 
Para as populações geriátricas e pediátricas, a anamnese, que 
é a coleta de dados diretamente com o paciente, muitas vezes, possui 
o intermédio dos cuidadores. 
Especificamente em pediatria, alguns fatores precisam ser 
abordados para melhor resultado da anamnese, como por exemplo as 
condições da gestação, do nascimento, da amamentação e da introdu-
ção alimentar. 
O sexo do paciente pediátrico, por exemplo, induz a algumas pre-
disposições genéticas, como a estenose congênita do piloro, que aparece 
mais frequentemente em crianças do sexo masculino (BISSON, 2007). 
Além disso, também deve-se questionar sobre a vida escolar da 
criança, os momentos de lazer, de sono, as doenças anteriores e o acom-
panhamento do calendário de vacinação. O local onde a criança reside 
também pode ser um ponto importante da anamnese, já que auxilia, por 
exemplo, no diagnóstico de doenças endêmicas (BISSON, 2007).
A atenção farmacêutica centrada na pediatria envolve, basica-
mente, as atividades de saúde pública, como o acompanhamento da 
criança quanto a vacinação, situações de desidratação, diarreias, vômi-
tos e atenção a mãe lactante que faz uso de medicações.
SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO
O seguimento farmacoterapêutico permite que o profissional 
farmacêutico aplique seus conhecimentos sobre o uso racional de me-
dicamentos e problemas de saúde em geral. É uma prática exclusiva do 
farmacêutico baseada em pesquisa, prevenção e resolução de PRMs, 
com o intuito de fazer com que o paciente obtenha o máximo de suces-
so em sua farmacoterapia. 
Além disso, o seguimento farmacoterapêutico constitui um 
grande desafio para o farmacêutico assistencial, pois é considerado 
uma das ferramentas mais importantes na redução de danos com me-
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dicações, o que significa maior eficácia do tratamento e, consequente-
mente, melhor qualidade de vida do paciente.
Com o passar dos anos foram desenvolvidos alguns métodos de 
seguimento farmacoterapêutico, porém, não existe um consenso sobre 
qual é o melhor método. Fica a critério do profissional escolher aquele que 
mais se enquadra nas necessidades rotineiras de trabalho. É necessário 
que o farmacêutico tenha ampla habilidade de comunicação para aplica-
ção de qualquer um dos métodos existentes, pois, dessa forma, a interação 
com o paciente e/ou cuidadores se torna mais intensa e colaborativa.
Entre os métodos mais conhecidos e utilizados por farmacêu-
ticos estão o SOAP (Subjective, objective, assessment, plan), Método 
Dáder, Método PW (Pharmacoterapy Workup) e Método TOM (Thera-
peutic Outcomes Monitoring). A seguir, serão abordados detalhadamen-
te os aspectos do método SOAP, porém, os demais serão discutidos 
com maior ênfase no próximo capítulo.
MÉTODO SOAP 
O método SOAP consiste em um modelo de documento muito 
utilizado para registrar a situação de saúde dos pacientes de maneira or-
ganizada. Esse método é direcionado ao problema de saúde do paciente, 
no qual a letra “S” representa informações subjetivas do indivíduo, a letra 
“O” representa informações objetivas, a letra “A” é definida como avaliação 
do problema de saúde e, por fim, a letra “P” representa o plano de atenção 
que será desenvolvido pelo farmacêutico (ROVERS et al., 2003). A figura 5 
(abaixo) demonstra um modelo de documento utilizado no método SOAP. 
Figura 5 – Modelo de documento utilizado para o método SOAP.
 
Fonte: Autora, 2020.
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O SOAP é considerado um método conciso de seguimento 
farmacoterapêutico, pois apenas as informações mais pertinentes a 
respeito do quadro clínico de saúde do paciente são providenciadas. A 
principal vantagem do SOAP consiste no fácil entendimento por outros 
profissionais da saúde; portanto, se torna um bom método utilizado para 
facilitar a interação da equipe multidisciplinar.
O método SOAP pode ser adaptado de maneira que jus-
tifique sua melhor eficácia. Por exemplo, pode-se inserir no do-
cumento o tópico de intervenções e monitoramento do plano de 
cuidados. Quando isso ocorre, o método passa a ser conhecido 
como método SOAP estendido. 
Neste seguimento farmacoterapêutico, cada letra representa 
uma etapa do processo de atenção farmacêutica, são elas:
Informações subjetivas (S) – fase em que se obtém informa-
ções baseadas nas experiências que o paciente descreve em relação 
a ele próprio e ao seu histórico clínico, o que inclui as medicações que 
o paciente faz uso e as patologias que ele teve ou ainda tem, de modo 
semelhante à anamnese. Essas informações são importantes, pois au-
xiliam na análise da severidade da condição do paciente, na progressão 
da doença e na escala de dor. Devem ser incluídos: a principal queixa, a 
situação atual da doença, histórico médico, social e familiar.
Informações objetivas (O): durante essa fase são coletadas as 
informações dos pacientes obtidas através do ponto de vista do far-
macêutico, de registros médicos e prontuários, tais como descrição da 
situação atual do paciente, exames físicos e laboratoriais, sinais vitais, 
frequência cardíaca, temperatura, medicamentos utilizados atualmente, 
alergias e possíveis efeitos adversos.
Avaliação (A) – fase em que são avaliados os PRMs e os motivos 
de elesestarem ocorrendo. Nessa fase, pode-se incluir critérios de inter-
venção farmacêutica (SOAP estendido) e análise da farmacoterapia, para 
averiguar se ela está sendo utilizada de maneira correta. É necessário que 
pelo menos uma meta de melhoria seja especificada para cada PRM. Além 
disso, essa fase é caracterizada por apresentar as possíveis hipóteses de 
diagnósticos, porém, se não houver evidências suficientes para isso, pode-
-se registrar novamente os sinais e sintomas mais pertinentes apresenta-
dos pelo paciente para facilitar a linha de raciocínio do farmacêutico.
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Plano (P) – fase em que se realizam as ações de cuidado, as 
recomendações aos pacientes e/ou cuidadores e também intervenções a 
fim de solucionar os PRMs encontrados. Incluem-se avaliações diagnós-
ticas e alteração na farmacoterapia através de ajuste de doses, posologia 
e mudanças não medicamentosas, como prática de atividades físicas, 
mudança de hábitos alimentares, regulação do sono e atividades de lazer. 
Alguns vieses de preenchimento podem permitir o aparecimen-
to de erros, tais como: anotações feitas em locais errados, informações 
vagas ou incorretas, exclusão de dados importantes, adição de fatores 
irrelevantes ou avaliação inadequada dos problemas. Portanto, é de 
suma importância que o documento seja preenchido com cautela para 
evitar o surgimento desses erros, e, por consequência, o comprometi-
mento da eficácia do seguimento terapêutico. 
Na figura 6 (abaixo) está demonstrado como um documento 
SOAP deve ser corretamente preenchido.
Figura 6 - Documento do método SOAP preenchido.
 
Fonte: Autora, 2020. Adaptado de Souza, 2017.
A prática de atenção farmacêutica já não é mais exclusiva ao 
contexto hospitalar. Ela também pode e deve ser realizada em farmá-
cias comunitárias, comerciais, ambulatórios e principalmente, para as 
populações pediátricas e geriátricas, em domicílio. É importante des-
tacar que a atenção farmacêutica pode ser realizada através de várias 
metodologias, que diferem apenas em relação à forma de demonstra-
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ção de resultados e de classificação de PRMs. 
Todos os seguimentos terapêuticos são efetivos para a prática 
de atenção farmacêutica e todos os métodos possuem suas respecti-
vas vantagens e desvantagens. O método SOAP é considerado o mais 
simples devido ao seu formulário não possuir itens específicos melhor 
direcionados. Assim, a documentação SOAP permite um registro em 
forma fluida de texto, que o farmacêutico pode redigir da maneira que 
lhe for coerente, sem necessidade de padronizações. 
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QUESTÕES DE CONCURSO
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefeitu-
ra de Lagoa Santa - MG Prova: Farmacêutico
Sobre fármacos antimicrobianos empregados na Atenção Primária 
à Saúde, assinale a alternativa incorreta.
a) A substituição na estrutura da benzilpenicilina de um grupo fenoxi-
metil por um benzil confere maior estabilidade em meio ácido e melhor 
absorção oral, mas menor atividade antimicrobiana.
b) A amoxicilina é empregada para tratamento de infecções urinárias e 
em profilaxia de procedimentos dentários em pacientes portadores de 
febre reumática.
c) A clofazimina é ativa contra o M. leprae que causa a hanseníase.
d) O levamisol é fármaco de segunda escolha para tratamento de 
leishmaniose.
QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefeitu-
ra de Ervália - MG Prova: Farmacêutico
No que se refere aos fármacos antimicrobianos empregados na 
atenção primária à saúde, assinale a alternativa correta.
a) A amoxicilina é prescrita para tratamento de infecções urinárias e em 
profilaxia de procedimentos dentários em pacientes portadores de febre 
reumática.
b) A eritromicina é um fármaco betalactâmico prescrito para tratamento 
da sífilis e da erisipela.
c) A oxaminiquina é fármaco de primeira escolha para tratamento da 
giardíase.
d) A rifampicina é inativa contra o M. leprae que causa a hanseníase.
QUESTÃO 3
Ano: 2019 Banca: FUNDATEC Órgão: Prefeitura de Coronel Bicaco 
- RS Prova: Farmacêutico
São indicadores de prescrição para uso de medicamentos em ser-
viços de atenção primária à saúde recomendados pela OMS:
I. Número médio de medicamentos prescritos por consulta.
II. Percentual de medicamentos prescritos pelo nome genérico.
III. Percentual de consultas com injetável prescrito.
Quais estão corretos?
a) Apenas II.
b) Apenas I e II.
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c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: FUNCERN Órgão: Consórcio do Trairí - RN Pro-
va: Farmacêutico
A promoção do uso racional de medicamentos é um componente 
importante da política nacional de medicamentos. Considerando 
questões que interferem no uso racional de medicamentos, assi-
nale a afirmativa correta:
a) Embora a Lei Federal nº 5.991/1973 não tenha previsto a atenção farma-
cêutica, a política nacional de assistência farmacêutica vigente a engloba 
no contexto da assistência farmacêutica, visando a uma farmacoterapia 
racional, bem como à obtenção de resultados definidos e mensuráveis, 
voltados para a melhoria da qualidade de vida do usuário do medicamento.
b) A Lei Federal nº 5.991/1973, ao conceituar dispensação como ato 
farmacêutico, confere valor jurídico ao dispositivo do código de ética da 
profissão farmacêutica, que proíbe ao farmacêutico delegar, a outros 
profissionais, atos ou atribuições exclusivos da profissão farmacêutica, 
no que se refere ao ato de dispensar medicamentos.
c) A farmacoepidemiologia, contemplada na política nacional de medi-
camentos vigente, que a estabelece como uma das prioridades e com o 
incentivo a estudos sobre a utilização de produtos, de forma a contribuir 
para o uso racional de medicamentos, também está contemplada na Lei 
Federal nº 5.991/1973, uma vez que aparece como atividade especial 
a ser considerada na articulação das políticas e programas do Sistema 
Único de Saúde (SUS).
d) Na medida em que a Lei nº 6.360/1976 estabelece que as ações de saú-
de se destinam a garantir condições de bem-estar físico, mental e social às 
pessoas e à coletividade, a política nacional de assistência farmacêutica 
vigente estabelece que a interação direta do farmacêutico com o usuário 
do medicamento, na atenção farmacêutica, deve envolver as concepções 
desses usuários, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais.
QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: UECE-CEV Órgão: Prefeitura de Amontada – CE 
Prova: Farmacêutico
A Política Nacional de Medicamentos preconiza o uso racional de 
medicamentos que compreende da prescrição até doses indicadas 
em intervalos definidos de medicamentos eficazes, seguros e de 
qualidade. Para a implementação do uso racional de medicamen-
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tos, são necessárias medidas que incluam:
a) o estímulo para a livre realização de propagandas sobre o uso de me-
dicamentos, pois, dessa forma, o paciente adquire conhecimento sobre 
a terapia medicamentosa que poderá ser implementada.
b) a extinção de instâncias nacionais para coordenar as políticas de me-
dicamentos e monitorar seu impacto, centralizando tais ações na Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
c) a criação de Comitês de Farmácia e Terapêutica em hospitais para 
monitorar e implementar intervenções que qualifiquem o uso dos medi-
camentos.
d) o estabelecimento de diretrizes

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