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1 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S 2 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S 3 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S 6 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Celina Ferrari Laverde 7 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Esta unidade abordará a Atenção Farmacêutica em indivíduos pediátricos e geriátricos, com foco nos cuidados primários a estas po- pulações que possuem características fisiopatológicas específicas. Além disso, também serão discutidos o uso racional de medicamentos e o manejo assistencial que o profissional farmacêutico deve conhe- cer para garantir a promoção, recuperação e reabilitação da saúde de cada indivíduo. Desse modo, será descrito desde a fisiologia e farmacologia básica, para compreensão sólida do funcionamento do organismo de crianças e idosos, até os desafios inerentes da profis- são farmacêutica que envolvem cuidados básicos à saúde, análises de prescrições, comunicação estratégica, capacidade de reconhecer problemas e solucioná-los, bem como intervir quando houver neces- sidade. Também serão expostas as perspectivas atuais da atenção primária, o acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes e a relação do farmacêutico com o paciente, com os familiares e com a equipe multidisciplinar para que a função assistencial seja realizada de maneira individualizada, efetiva, segura e humanizada. Atenção Farmacêutica. Pediatria. Geriatria. 9 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS POPULAÇÕES PEDIÁTRICAS E GERIÁ- TRICAS Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 13 34 16 Fatores Sociais e Índices Epidemiológicos ______________________ Atenção Farmacêutica e o Uso Racional de Medicamentos ______ Características Fisiológicas e Farmacológicas das Populações Pe- diátricas ________________________________________________________ CAPÍTULO 02 ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA PEDIATRIA E NA GERIATRIA O Papel do Farmacêutico na Atenção Primária à Saúde _________ 31 27Recapitulando ________________________________________________ Método SOAP _________________________________________________ 41 20 Características Fisiológicas e Farmacológicas das Populações Ge- riátricas ________________________________________________________ 40Seguimento Farmacoterapêutico ______________________________ Recapitulando _________________________________________________ 45 22Cuidados Especiais no Manejo Clínico dos Pacientes ____________ 10 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Considerações Finais ____________________________________________ 67 Fechando a Unidade ____________________________________________ 68 Referências _____________________________________________________ 71 CAPÍTULO 03 ACOMPANHAMENTO E MONITORIZAÇÃO DE RESULTADOS FARMA- COTERAPÊUTICOS Método Dáder ________________________________________________ 50 Análise da Farmacoterapia – Método Pharmacotherapy Workup (PW) ___________________________________________________________ 56 Método TOM (Therapeutic Outcomes Monitoring) – Monitorização de Resultados Terapêuticos _____________________________________ 57 Capacitação do Farmacêutico para Implementação de Métodos de Atenção Farmacêutica _______________________________________ 59 Recapitulando __________________________________________________ 63 11 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S O processo de atenção farmacêutica consiste em um conjun- to de ações voltadas para orientação e acompanhamento do pacientequanto aos cuidados básicos em saúde e ao uso correto de medica- mentos. Nesse contexto, o profissional farmacêutico é o principal res- ponsável que atua com o intuito de evitar possíveis problemas indeseja- dos durante a farmacoterapia. As populações pediátricas e geriátricas são especialmente im- portantes no campo da saúde devido a suas particularidades fisiopato- lógicas e, portanto, necessitam de alguns cuidados diferentes da po- pulação adulta. O manejo assistencial dessas populações consiste em um grande desafio para a atuação farmacêutica, pois crianças e idosos apresentam características farmacológicas distintas dos adultos. Logo, é preciso considerar algumas estratégicas a fim de garantir a saúde e a segurança do indivíduo durante o uso de medicamentos. Além disso, é importante destacar que, para essas populações, os cuidados básicos e a adesão aos tratamentos medicamentosos depen- dem da compreensão e disponibilidade dos pais, filhos e/ou cuidadores. Sendo assim, a comunicação clara, acessível e organizada entre o pro- fissional farmacêutico e os familiares é um exemplo de intervenção muito utilizado em âmbito clínico para garantir a qualidade de vida dos pacientes. Diversos fatores fisiopatológicos, ambientais, alimentares e ha- bituais interferem na condição clínica dos pacientes pediátricos e geriá- tricos e por consequência torna-se necessário a elaboração de planos de cuidados específicos. Por exemplo, alguns medicamentos possuem tempo de meia-vida de eliminação mais longo em idosos devido à fun- ção renal reduzida inerente à idade, logo, o ajuste de dose se faz neces- sário para garantir a segurança do paciente. Crianças cuja deglutição ainda não está completamente madura necessitam de medicamentos em formas farmacêuticas líquidas, como suspensões e xaropes. Cabe ao profissional farmacêutico estar atento às demandas de cada paciente, sendo estas relacionadas a medicamentos ou não, para que os cuidados sejam maximizados em prol da saúde e do bem- -estar do indivíduo. O objetivo da atenção farmacêutica não é intervir no diagnós- tico ou nas atribuições de médicos e outros profissionais da saúde. A função do profissional farmacêutico frente ao trabalho de atenção far- macêutica se baseia em garantir o uso racional de medicamentos e pro- mover uma farmacoterapia eficaz, segura e custo-efetiva. Para isso, o farmacêutico é responsável por realizar a dispensação dos medicamen- tos, a educação em saúde, o registro das atividades, acompanhamento terapêutico, mensuração de resultados com capacidade de reconhecer 12 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S os problemas relacionados aos medicamentos (PRMs), intervenção clí- nica em possíveis erros de medicação e conciliação medicamentosa. No decorrer do módulo, serão abordados os principais conte- údos e estratégias que garantam a capacitação do profissional farma- cêutico e facilitem a implementação do serviço de atenção farmacêutica através dos cuidados básicos às populações pediátricas e geriátricas, em âmbito individual e coletivo. 13 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S , FATORES SOCIAIS E ÍNDICES EPIDEMIOLÓGICOS Crianças A criança é um ser humano que está biologicamente em pleno desenvolvimento. Segundo a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, con- sidera-se criança o indivíduo até doze anos de idade incompletos. O Ministério da Saúde (2013) aponta que toda criança deve ter seu cres- cimento e desenvolvimento acompanhado pelas equipes das Unidades Básicas de Saúde, portanto, é direito da criança: ser registrada gratuita- mente, realizar o teste do pezinho entre o terceiro e quinto dia de vida, ter completo acesso aos serviços de saúde, à escola pública e gratuita, ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS POPULAÇÕES PEDIÁTRICAS E GERIÁTRICAS A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S 13 14 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S às vacinas indicadas no calendário básico de vacinação, à água potável e alimentação adequada; ter a companhia dos pais durante internações hospitalares, viver em ambiente limpo, compreensivo e afetuoso e pos- suir a oportunidade de aprendizado e lazer. A divisão dos grupos etários pediátricos é importante, pois cons- titui o marco do período de desenvolvimento e auxilia nos dados demo- gráficos e epidemiológicos de saúde infantil. Não há um consenso em re- lação a essa divisão, pois pequenas diferenças podem ser apresentadas dependendo dos critérios adotados e dos objetivos pretendidos. Na tabe- la 1, abaixo, está uma classificação didática descrita por Williams (2012). Tabela 1 – Grupos etários em idade pediátrica Fonte: Williams, 2012. Em maio de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) di- vulgou o relatório anual sobre a saúde no mundo que engloba dados re- ferentes aos anos entre 2000 e 2018. Em relação à saúde infantil, a OMS demonstrou que os índices de mortalidade foram reduzidos à metade em crianças com até cinco anos, ou seja, houve uma queda de 76 para aproximadamente 39 mortes a cada mil nascidos vivos na média mundial. O objetivo da OMS é zerar os indicadores até o ano de 2030 e, para isso, os países precisam apresentar no máximo 25 mortes a cada mil crianças abaixo de cinco anos. Atualmente, o Brasil já atingiu a meta inicial, pois, segundo o gráfico 1 apresentado abaixo, o país apontou 14 mortes em mil crianças. É importante ressaltar a importância de um sistema de saúde multidisciplinar, forte e eficaz encontrado em países como Japão, que segundo os dados apresentados da OMS (2020) ob- teve o menor índice registrado: 2 mortes para cada mil crianças. 15 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Gráfico 1 – Mortalidade infantil no mundo entre os anos de 2000 a 2018. Dez maiores índices e comparação com o Brasil. Fonte: OMS, 2020. Nesse contexto, o cuidado dos indivíduos pediátricos envolve uma relação colaborativa estabelecida entre os pais, os profissionais de saúde, da educação e da assistência social. Essa colaboração engloba principalmente a proteção do desenvolvimento físico, mental e social da criança e o profissional farmacêutico possui papel fundamental nesses quesitos, conforme será abordado ao longo de toda unidade. Idosos O Estatuto do Idoso, que dispõe da Lei 10.741, de 1 de outubro de 2003, é destinado a garantir os direitos de pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos. De acordo com o relatório mundial de saú- de da OMS (2018), entre os anos de 2000 a 2016, a expectativa de vida saltou de 66,5 para 72 anos, especialmente em países mais desenvol- vidos. Este fenômeno ocorre devido à redução das taxas de mortalidade e fecundidade observadas nas últimas décadas. Além disso, a transição epidemiológica que altera o perfil de mortalidade também foi alterada com o passar dos anos. Enquanto na década de 40, a população sucumbia por doenças infectocontagiosas, atualmente, a taxa de mortalidade está mais relacionada com doenças crônicas não transmissíveis (CHAIMOWICZ, 2013). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2018) apontaram que a expectativa de vida dos brasileiros acompa- 16 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S nhou a tendência mundial de envelhecimento, alcançando a marca de 76 anos. Para as mulheres, esse número é ainda maior: 79 anos, en- quanto que, para homens, o índice está em torno de 72 anos. Tal di- ferença pode ser explicadapor fatores não naturais que apareceram desde 1940 com a advento da urbanização, como homicídios, acidentes de trânsitos e quedas acidentais. O aumento da população idosa observada nas últimas déca- das reflete os avanços dos serviços de saúde que têm se mostrado efe- tivos em diminuir a taxa de mortalidade. No entanto, a mudança do perfil epidemiológico da população, caracterizada pelo crescente surgimento de doenças crônicas e degenerativas, constitui um grande risco à saúde e ao bem-estar do idoso. Dentre as doenças mais frequentemente relacionadas à mor- talidade entre a população idosa, destacam-se as doenças cardiovas- culares (31,8%), câncer (21,6%), acidente vascular encefálico (7,9%), diabetes (3%) e doença de Alzheimer (3,2%) (CHRIST; DIWAN, 2008). Tais condições são constantemente relacionadas ao estilo de vida que incluem o tabagismo, o consumo de álcool, sedentarismo, dieta inade- quada e predisposição genética. Além disso, a população idosa é caracterizada pelo uso con- tínuo de diversos medicamentos e, apesar dos benefícios de uma farmacoterapia adequada, as alterações fisiológicas inerentes ao en- velhecimento podem tornar os idosos mais susceptíveis aos efeitos indesejados da polifarmácia. Por isso, a atenção farmacêutica voltada para a população idosa é tão desafiadora, tendo em vista que a pre- sença de diferentes morbidades e múltiplos tratamentos farmacológicos são considerados fatores de alto risco para o surgimento de problemas relacionados aos medicamentos (PRMs). CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS E FARMACOLÓGICAS DAS POPULAÇÕES PEDIÁTRICAS A atenção farmacêutica voltada para populações pediátricas é um desafio para os profissionais envolvidos, pois são escassos os estudos científicos direcionados ao uso de medicamentos por essa po- pulação, devido às barreiras éticas que permeiam a pesquisa nesse grupo populacional. Além disso, as características fisiológicas de crianças são va- riáveis, o que podem alterar a funcionalidade do organismo e, conse- quentemente, a maneira como os medicamentos agem. Dessa forma, as particularidades da biologia infantil estabelecem ligações com o apa- 17 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S recimento de patologias mais frequentes e as razões que justificam as decisões e o plano de cuidado desenvolvido para crianças. De maneira geral, a fisiologia pediátrica está diretamente liga- da aos processos farmacológicos. Por exemplo, o funcionamento do sistema digestório, sanguíneo, hepático e excretor afeta os quatro pila- res da farmacocinética, que são a absorção, distribuição, metabolização e excreção dos fármacos. A farmacocinética de absorção dos fármacos segue os mes- mos princípios dos adultos, no entanto, deve-se considerar que alguns aspectos fisiológicos ainda estão em plena formação, como é o caso da cavidade bucal e dentes. É extremamente comum crianças apresentarem a deglutição di- ficultada e, portanto, opta-se por utilizar os medicamentos em formas far- macêuticas líquidas como xaropes e suspensões ou alterar a via de admi- nistração dos medicamentos para obter melhores resultados terapêuticos. A via de administração oral e o uso de formas farmacêuticas líquidas geralmente são os meios escolhidos para a farmacoterapia pe- diátrica, pois, além de serem de fácil ingestão, também permitem me- lhor ajuste de dose pelo prescritor. As recomendações de uso, como a agitação, por exemplo, devem ser claramente explicadas aos pais e/ou cuidadores, pois se não forem corretamente seguidas, as doses pode- rão apresentar concentrações menores do que as doses terapêuticas e, assim, comprometer a eficácia do tratamento (SILVA, 2011). A forma farmacêutica elixir não é aconselhável para uso in- fantil devido à presença de álcool como adjuvante. Mesmo diante da pequena concentração alcoólica, não é bem elucidado como o metabolismo do álcool atua no organismo pediátrico, portanto, deve haver o máximo de precaução quanto ao uso desta formulação. Entretanto, existem diferenças de pH estomacal, especialmen- te em indivíduos prematuros e recém-nascidos, o que pode alterar a ab- sorção dos fármacos. Normalmente, por volta dos dois anos de idade, o pH do estômago da criança já está semelhante ao do indivíduo adulto, enquanto que o tempo de esvaziamento gástrico se aproxima dos valo- res adultos nos primeiros oito meses de vida. Clinicamente, o resultado dessas alterações fisiológicas envol- ve a biodisponibilidade do fármaco no organismo da criança e, portanto, 18 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S o profissional farmacêutico precisa estar atento a esses aspectos para que a dose administrada não seja menor do que a dose terapêutica. A via de administração endovenosa em crianças necessita de plenos cuidados e atenção aos menores volumes que podem provocar erros de diluição mais facilmente e ao pequeno calibre dos vasos san- guíneos. Nesse sentido, é comum ocorrer lesões por extravasamento do fármaco da circulação para os espaços perivasculares e causar gra- ves danos tanto da pele, quanto de tecidos mais profundos, se o fárma- co administrado possuir capacidade vesicante. Logo, é de suma impor- tância que, nesses casos, os cuidados de administração envolvam um conjunto de medidas específicas baseado na condição fisiológica do sistema circulatório da criança e nas propriedades dos fármacos. A via intramuscular é fortemente afetada pela redução do flu- xo sanguíneo na musculatura esquelética e nas contrações musculares ainda imaturos, principalmente em recém-nascidos. Por isso, a absor- ção de fármacos por esta via torna-se lenta e o efeito farmacológico leva mais tempo para aparecer. Para administração tópica, ressalta-se a importância da composi- ção e do aspecto da barreira epitelial da criança, que ainda se apresenta de forma fina sensível e frágil. Tal imaturidade epidérmica diminui a defesa contra a proliferação de patógenos e torna a pele da criança mais susceptí- vel a traumas e a toxicidade sistêmica causada pela absorção exacerbada de fármacos. Em especial, os recém-nascidos possuem menor conteúdo lipídico na pele devido à baixa atividade das glândulas sebáceas, portanto, fármacos lipossolúveis como corticoides devem ser aplicados com extrema cautela nesses casos, em que a permeabilidade cutânea está aumentada. Como alternativa às vias de administrações mencionadas aci- ma, a via retal é bastante utilizada em crianças, através de enemas e supositórios. Esta via é indicada em casos em que a criança esteja apresentando vômito ou não aceita deglutir o medicamento. O uso da via retal também pode ser considerado quando não houver o medicamento na forma farmacêutica líquida, ou se o fármaco for rapidamente desativado pela ação do pH estomacal ou pela ativida- de enzimática do estômago. É considerada uma via de administração relativamente segura aos pacientes pediátricos, principalmente quando se deseja uma rápida absorção do fármaco, no entanto, assim como a via tópica, a absorção é irregular e pouco acentuada, por isso não há como mensurar efetiva- mente a dose absorvida e consequentemente o efeito terapêutico. A distribuição dos fármacos no organismo é dependente da idade e da composição corporal. Em recém-nascidos, a quantidade total de água está em torno de 78% do peso corporal do indivíduo, enquanto 19 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S em criança esse valor corresponde a 60% e em adultos, 58% (LABAU- NE, 1993). Devido à maior quantidade de água corpórea em recém-nas- cidos, a distribuição torna-se mais eficaz quando o fármaco apresenta característica hidrossolúvel. Ao passo que a quantidade de água diminui no organismo, dá-sepreferência aos fármacos lipossolúveis. Durante a fase neonatal, a presença de albumina fetal, bilirrubina e ácidos graxos livres é capaz de deslocar um fármaco do sítio de ligação da albumina, o que provoca um aumento das frações livres dos fármacos no organismo. A mesma situação é observada em crianças devido aos ní- veis reduzidos de proteínas totais no plasma, especialmente a albumina. Quando isso ocorre há possibilidade do surgimento de toxicidade aguda. A barreira hematoencefálica consiste em uma camada de células endoteliais que protege o Sistema Nervoso Central (SNC) de substâncias potencialmente tóxicas e, por consequência, a maioria dos fármacos não atravessa essa barreira. Entretanto, em indivídu- os recém-nascidos, a barreira hematoencefálica ainda não está to- talmente formada e isso permite a permeabilidade de fármacos ao SNC, principalmente aqueles com características lipossolúveis. A imaturidade hepática costuma ser muito comum em crianças, principalmente em indivíduos prematuros e recém-nascidos. Tendo isso em vista, a produção de enzimas responsáveis pela metabolização de fármacos, principalmente as enzimas da família citocromo P450 pode ser reduzida. Logo, as reações de biotransformações podem ser com- prometidas e ocasionar possíveis quadros de toxicidade, pois o fármaco não será excretado corretamente. Um exemplo comum é a síndrome cinzenta associada ao uso de cloranfenicol (KEARNS, 2003). Com o passar dos anos, a maturação do metabolismo hepático de crianças se desenvolve e constitui um fator especialmente importante, pois, o aumento funcional do fígado e do fluxo sanguíneo esplênico são fatores determinantes para a escolha da posologia dos medicamentos. Pró-fármacos são precursores inativos que, quando bio- 20 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S transformados, produzem metabólitos ativos com efeito terapêutico. Existem diversos benefícios farmacocinéticos dos pró-fármacos, porém, o uso nas populações pediátricas deve ser analisado com cautela, uma vez que a fisiologia hepática infantil ainda é imatura. As características fisiológicas do sistema renal também são im- portantes ao longo do desenvolvimento da criança. O sistema de depu- ração renal é pouco eficaz ao nascimento, no entanto, a função renal, mais especificamente a filtração glomerular, atinge padrões observados em adultos logo no primeiro ano de vida. Os processos de reabsorção e secreção tubular normalmente são comprometidos devido aos túbulos serem anatomicamente meno- res, especialmente em prematuros. A maturação completa dessas fun- ções ocorre somente aos três anos de idade; logo, antes dessa idade, deve-se preferir o uso de medicamentos que sejam excretados por ou- tras vias que não seja a renal. Entretanto, se tal manejo não for possí- vel, deve-se monitorar os índices de eletrólitos e dos metabólitos dos fármacos para evitar possível situações de toxicidade. Em recém-nascidos, os rins possuem capacidade limitada de excretar ácidos orgânicos como penicilinas, sulfonamidas e cefalospori- nas, devido ao baixo pH urinário que favorece a reabsorção desses áci- dos. Logo, a concentração sérica desses medicamentos pode se elevar, provocando, assim, toxicidade (ALCORN, 2003; MELLO, 2004). Os aspectos farmacodinâmicos observados em crianças ainda não estão completamente elucidados, porém, sabe-se que as popula- ções pediátricas são mais susceptíveis aos efeitos adversos de deter- minados medicamentos, por exemplo, os efeitos das tetraciclinas na formação dentária e óssea e das fluoroquinolonas no desenvolvimento cartilaginoso (MELLO, 2004). CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS E FARMACOLÓGICAS DAS POPULAÇÕES GERIÁTRICAS Com o envelhecimento, o indivíduo apresenta alterações fisioló- gicas em praticamente todos os sistemas orgânicos. Tais mudanças são especialmente significativas no trato gastrointestinal, no sistema porta- -hepático, rins, músculos e sistema nervosos central e, de maneira se- melhante ao que foi discutido em crianças, essas alterações estão direta- mente ligadas com a farmacocinética dos medicamentos no organismo. O mecanismo de absorção dos fármacos pode apresentar comprometimento devido a modificações ocorridas no tecido epitelial 21 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S que reveste o intestino delgado. Essas modificações se apresentam como diminuição das microvilosidades da área absortiva, do peristaltis- mo e, consequentemente, afetam o tempo de esvaziamento gástrico, o trânsito intestinal e os níveis de pH. Além disso, o processo de envelhecimento também ocasiona a diminuição da proporção de água corporal e o aumento do tecido adi- poso. Sendo assim, a distribuição de fármacos hidrossolúveis se torna mais difícil, o que proporciona aumento da concentração sérica do fár- maco e possíveis efeitos de toxicidade. De maneira contrária, a distribuição de fármacos lipossolúveis se torna mais fácil, porém, isto pode prolongar o tempo de meia-vida de eliminação do fármaco e seu acúmulo nos tecidos. Por consequência, há o aumento do risco do surgimento de interações medicamentosas e efeitos adversos (KANE, 2015). As principais modificações hepáticas encontradas em idosos re- ferem-se à redução da perfusão sanguínea acompanhada da diminuição da massa do fígado, e consequente redução de hepatócitos. Sendo assim, há diminuição do metabolismo dos fármacos, fato que eleva o tempo de meia-vida de eliminação e, portanto, pode aumentar o risco de toxicidade. Em relação à fisiologia excretora, os rins vão perdendo grada- tivamente a sua capacidade funcional, ou seja, a filtração glomerular se torna prejudicada e a eliminação dos fármacos fica comprometida. De maneira semelhante ao metabolismo hepático, o acúmulo plasmático do fármaco que ocorre quando a função renal está em declínio aumenta as chances de toxicidade. A função renal é uma das principais características fisioló- gicas que deve ser considerada em um esquema terapêutico. Possui grande relevância clínica, pois, entre indivíduos idosos, a redução da massa muscular provoca diminuição da creatinina endógena e, portanto, níveis habituais de creatinina sérica podem mascarar pos- síveis disfunções renais. Sendo assim, é de extrema importância o uso de ferramentas que estimem valores da função renal ou mais especificamente, a filtração glomerular. O exemplo mais utilizado em âmbito clínico assistencial é o clearance de creatinina. A partir dos valores obtidos, é possível elaborar estratégias medicamento- sas que possibilitem o ajuste de dose dos fármacos, a fim de pro- porcionar uma farmacoterapia segura e eficaz ao indivíduo. 22 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S A redução da atividade fisiológica encontrada nas populações idosas torna o organismo mais vulnerável à ação dos medicamentos. Isto pode ser explicado através das alterações na quantidade de recep- tores, na afinidade das ligações fármaco-receptor e nas cascatas de sinalização intracelular dos sistemas (FUCHS; WANNMACHER, 2017). De maneira semelhante às alterações farmacocinéticas, as modificações farmacodinâmicas observadas ao longo do processo de envelhecimento também são fatores importantes a serem considerados no surgimento de efeitos adversos e, consequentemente, no compro- metimento da efetividade dos tratamentos terapêuticos. CUIDADOS ESPECIAIS NO MANEJO CLÍNICO DOS PACIENTES Como visto até agora, devido à fisiologia diferenciada de crian- ças e idosos, estas populações necessitam de cuidados especiais, o que torna o processo de atenção farmacêutica um grande desafio. Na prática assistencial, os cuidados em relação às farmacote- rapias costumam ser bem delineados,no entanto, é comum o surgimen- to do iatrogenia, que é conceituada como: Um evento ou doença não-intencional causada por uma intervenção, justi- ficada ou não, por parte da equipe multiprofissional de saúde, que resulte em danos à saúde do paciente. A iatrogenia também pode ser decorrente da omissão direta de uma intervenção bem estabelecida esperada ou de um procedimento de monitoramento (SZLEJF et al., 2008, p. 338). Tanto crianças quanto idosos buscam o sistema de saúde devi- do a queixas relacionadas aos efeitos indesejados dos fármacos ou in- terações medicamentosas. Normalmente, esses eventos são confundidos com sintomas de outras comorbidades, o que leva a novas prescrições de medicamentos e novos diagnósticos, quando, na verdade, o ideal seria a investigação aprofundada das farmacoterapias já utilizadas pelo paciente. Diante desse conceito, em âmbito clínico, é importante que o pro- fissional farmacêutico tenha o conceito de iatrogenia em mente, pois, como parte integrante da equipe multiprofissional, ele possui responsabilidades essenciais relacionadas ao cuidado medicamentoso dos pacientes. Atualmente, existem diversos protocolos e manuais já elabora- dos com o intuito de auxiliar o farmacêutico nos cuidados básicos aos pacientes. Todos os estabelecimentos de saúde – especialmente aque- les que oferecem serviços assistenciais – possuem protocolos padrões de cuidados à terapia medicamentosa. No entanto, é responsabilidade farmacêutica analisar os protocolos, intervir quando houver necessidade, 23 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S atualizá-los e, principalmente, adequá-los de maneira individualizada. A elaboração de protocolos padrões voltados para o cuidado dos pacientes e das terapias medicamentosas é responsabilidade do profis- sional farmacêutico. É importante que o farmacêutico tenha amplo conhe- cimento a respeito da fisiologia e da farmacologia, para que os documen- tos elaborados estejam de acordo com as bases científicas necessárias que garantam a segurança do paciente e a efetividade do tratamento. O método clínico normalmente utilizado para a elaboração dos protocolos de cuidados abrange basicamente quatro etapas, como mostrado na tabela 2 abaixo: Tabela 2 – Método clínico de elaboração de cuidados ao paciente em serviços assistenciais Fonte: Autora, 2020. O método clínico aborda de forma geral os cuidados para com as populações, no entanto, o profissional farmacêutico é o especialista responsável pelos medicamentos. Logo, é de extrema importância que o método clínico de cuidados seja extrapolado para a elaboração de protocolos de farmacoterapia que garantam a individualidade, seguran- ça e efetividade do tratamento medicamentoso. Os pilares que direcionam o desenvolvimento de uma terapia medicamentosa consistem na real necessidade do medicamento pelo paciente, na adesão ao tratamento e no acompanhamento terapêutico. Em especial, populações pediátricas e geriátricas requerem maiores cuidados durante a terapia medicamentosa devido aos fatores farmaco- lógicos já discutidos neste capítulo. A figura 1, apresentada abaixo, demonstra um fluxo de fatores 24 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S importantes que são necessários para a elaboração de protocolos efi- cazes de farmacoterapia. Figura 1 – Fluxo de fatores a serem considerados para elaboração de proto- colos de farmacoterapia. Fonte: Autor, 2020. O farmacêutico possui liberdade de atuação quando o assunto envolve o uso de medicamentos. É dever do profissional conhecer as necessidades do paciente, bem como questionar as escolhas realiza- das por prescritores e intervir nas decisões, se houver necessidade. Para isso, o farmacêutico precisa possuir uma relação de confiança mútua com toda a equipe multidisciplinar e ser capaz de dialogar de maneira educada, profissional, científica e compreensiva. As necessidades de cada paciente podem ser definidas atra- vés de seus próprios históricos, de resultados de exames físicos e labo- ratoriais e de anamnese detalhada. Ao longo do curso serão abordadas com maior ênfase a realização de entrevistas farmacêuticas e a relação entre farmacêutico – paciente, farmacêutico – cuidador. Outro ponto de bastante relevância é que crianças e idosos constituem a população com maiores dificuldades de adesão ao tra- tamento medicamentoso, pois as administrações costumam depender da compreensão e do esforço de pais e/ou cuidadores. Além disso, di- versos fatores também interferem no descumprimento do tratamento 25 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S e evolvem a renda familiar, o grau de escolaridade, falta de rede de suporte social, custos dos medicamentos, cultura e crenças acerca do tratamento proposto e das doenças. De acordo com a OMS (2003), a efetividade de adesão à tera- pia medicamentosa enfrenta cinco dimensões, conforme mostradas na figura 2 abaixo. O profissional farmacêutico atua de maneira direta ou indireta em todos esses fatores para facilitar a taxa de adesão ao trata- mento medicamentoso. Figura 2: Cinco dimensões da adesão ao tratamento medicamentoso. Fonte: OMS, 2003. Quando possível, é desejável que o farmacêutico ofereça a in- tercambialidade de medicamentos ao paciente para que haja garantia de acesso. Medicamentos genéricos possuem melhor custo-benefício, e na grande maioria das vezes é atribuição do farmacêutico intervir e ofertar ao paciente um medicamento que possua o mesmo efeito tera- pêutico, porém, seja mais barato. Além disso, também consiste em uma das atribuições do far- macêutico, através dos métodos de atenção farmacêutica que serão explicados ao longo deste módulo, analisar os fatores relacionados ao paciente, à doença e aos medicamentos para auxiliar a melhor adesão do paciente à farmacoterapia. No entanto, a principal responsabilidade do farmacêutico está concentrada na comunicação, pois é através dela que o paciente e/ou cuidadores serão orientados a respeito de toda a terapia. É um desafio, 26 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S tendo em vista que a orientação deve ser feita de maneira clara, objetiva e acessível. Logo, a comunicação torna-se um grande desafio para o far- macêutico, pois os seus interlocutores possuem graus de instruções variados. Assim, ora ele precisará de estratégias comunicativas médico- -científica, ora ele precisará de comunicação popular e acessível. Os pilares de efetividade e segurança descritos na figura 1, bem como as maneiras de racionalizar o uso de medicamentos, serão abordados com maior ênfase nos próximos capítulos. No en- tanto, é importante que o profissional farmacêutico já seja capaz de relacionar os desafios do acompanhamento terapêutico com as características biológicas discutidas neste capítulo. Em suma, as populações pediátricas e idosas constituem um grande desafio ao sistema de saúde como um todo. Muitos fatores es- tão envolvidos na garantia à saúde desses pacientes, que envolve des- de bases conceituais de fisiologia e farmacologia até fatores socioeco- nômicos e culturais. Por isso, a atuação farmacêutica se faz cada vez mais necessária, tendo em vista que o farmacêutico é o profissional que estabelece um dos mais fortes elos entre o paciente e a sociedade. 27 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSO QUESTÃO 1 Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: EBSERH Prova: Técni- co em Farmácia O xarope de isoniazida 100 mg/5 mL é utilizado paraquimiopro- filaxia de tuberculose em crianças. Considerando a posologia de 10 mg/kg/dia, uma criança pesando 8 kg deve tomar diariamente quantos mililitros do referido xarope? a) 1,0 mL. b) 2,0 mL. c) 2,5 mL. d) 4,0 mL. e) 4,5 mL. QUESTÃO 2 Ano: 2018 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: SES-PE Prova: Analis- ta em Saúde - Farmacêutico Uma criança com insuficiência cardíaca congestiva recebeu uma prescrição de digoxina em solução oral. A mãe da criança foi até uma farmácia magistral solicitar a manipulação do medicamento. Sobre a manipulação e a dispensação da digoxina, é correto afirmar que: a) não é necessária a entrega da bula simplificada no momento da dis- pensação. b) deve haver dupla pesagem da digoxina, sendo uma delas realizada pelo farmacêutico responsável pela manipulação. c) o armazenamento da digoxina deve ser realizado em local distinto, sob a guarda do auxiliar de farmácia. d) a digoxina é uma substância sujeita a controle especial. e) a digoxina é um medicamento seguro com elevado índice terapêutico. QUESTÃO 3 Ano: 2016 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: EBSERH Prova: Técni- co em Farmácia (CH-UFPA) Foi prescrita a uma criança de 1 ano amoxicilina 400 mg / 5 mL. A dose prescrita foi de 200 mg de 12 em 12 horas durante 10 dias. Qual volume da suspensão oral será necessário para que a criança complete o tratamento? a) 5 cm3. b) 50 cm3. c) 0,5 cm3. d) 5 mm3. 28 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S e) 50 mm3. QUESTÃO 4 Ano: 2017 Banca: IESES Órgão: Prefeitura de São José do Cerrito - SC Prova: Bioquímico Farmacêutico “Suas reações adversas são comuns em idosos, que são mais vulne- ráveis à depleção de volume e à hipotensão ortostática e mais propen- sos a apresentar hipopotassemia e hiponatremia. Como é frequente a redução do clearance renal em idosos, os de alça são os preferidos. Os poupadores de potássio podem provocar hiperpotassemia, espe- cialmente se associados a inibidores da enzima conversora da angio- tensina (IECA) e/ou em idosos com função renal comprometida.”. O texto retirado de artigo da Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 56 (2): 164-174, abr.-jun. 2012, refere-se aos: a) Anti-inflamatórios não esteroides. b) Ansiolíticos. c) Antibióticos. d) Diuréticos. QUESTÃO 5 Ano: 2019 Banca: INSTITUTO PRÓ-MUNICÍPIO Órgão: Prefeitura de Massapê - CE Prova: Farmacêutico A osteoartrite e artrite reumatoide são doenças comuns em idosos e um dos tratamentos utilizados são os AINES (Anti-inflamatórios não Esteroidais). Sobre o uso dessa classe de medicamentos em idosos, deve-se monitorar cuidadosamente: a) Os níveis sanguíneos de gás carbônico e oxigênio; b) A função renal; c) A glicemia em jejum; d) Os níveis de hemoglobina. QUESTÃO DISSERTATIVA Com base nos cuidados específicos da terapia medicamentosa, quais fa- tores você consideraria na elaboração de um protocolo efetivo e seguro? TREINO INÉDITO Diante do que foi abordado neste capítulo sobre os aspectos bio- lógicos das populações pediátricas e geriátricas, assinale a alter- nativa correta: a) Crianças e idosos possuem as mesmas características fisiológicas que os adultos, logo, a abordagem terapêutica deverá ser a mesma. b) As mudanças fisiológicas encontradas em indivíduos pediátricos e 29 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S geriátricos são um dos principais fatores que norteiam as estratégias dos tratamentos medicamentosos. c) A fisiologia de crianças e idosos exerce pouca influência nos pilares farmacocinéticos de absorção, distribuição, metabolização e excreção. d) As alterações farmacocinéticas encontradas em idosos e crianças não justificam a necessidade de ajuste das doses dos medicamentos. e) O clearance de creatinina, muito utilizado para avaliar função renal, não possui relevância clínica para o desenvolvimento de esquemas te- rapêuticos eficazes e seguros. NA MÍDIA COVID-19: GERIATRA FALA SOBRE OS CUIDADOS COM OS IDOSOS Diante da pandemia do novo coronavírus, causada pelo vírus Sars- -Cov-2, o cuidado com as populações de risco, especialmente idosos e portadores de doenças crônicas, deve ser acentuado. O enfoque da notícia está justamente na fala do médico geriatra, Dr. Rafael Canineu, explicando que o processo de envelhecimento é inerente do ser humano e não configura doença. No entanto, o envelhecimento está acom- panhado de alterações fisiológicas que podem tornar o indivíduo idoso mais susceptível a diversos problemas de saúde, que incluem as complicações provenientes da infecção pelo coronavírus, tendo em vista que, quase me- tade da população idosa possui pelo menos alguma doença crônica. Fonte: Revista Brasil Data da publicação: 19/03/2020 NA PRÁTICA EPISÓDIO DA SÉRIE ESTADUNIDENSE HOUSE M.D. (EPISÓDIO 8, TEMPORADA 5). Neste episódio, o médico responsável Dr. Foreman analisa o caso de uma criança de quatro anos que se encontra internada com queixas de hematemese e está acompanhada da mãe e do irmão mais velho. Em uma das cenas, o médico precisa introduzir uma sonda oral em forma de cápsula na criança para realizar um exame de imagem do trato gas- trointestinal, porém, a criança se recusa a degluti-la. De maneira pouco humanizada, o médico insiste para que a criança tome a cápsula e avisa que terá que forçar a deglutição caso o paciente permaneça com a recusa. Sabe-se que neste caso, o exame deve ser feito e não há outra via de administração que possa ser utilizada. Sendo assim, na prática clínica, o ideal seria o profissional farmacêutico dialogar de maneira humani- zada, compreensiva e acessível ao paciente pediátrico para que seja estabelecida uma relação de confiança entre farmacêutico e paciente. Outro ponto a ser destacado é o próprio diagnóstico do paciente. No epi- 30 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S sódio, a criança apresentou um quadro de intoxicação por ferro. É im- portante que o profissional farmacêutico consiga compreender que as alterações fisiológicas inerentes às crianças, principalmente aquelas que alteram a metabolização e/ou eliminação dos fármacos, podem causar danos graves relacionados à toxicidade. Uma simples suplementação de ferro, muito comum durante o período de desenvolvimento infantil, que foi administrada em doses maiores do que o organismo da criança pode metabolizar/excretar, foi o suficiente para gerar acúmulo de ferro no orga- nismo e provocar o quadro de intoxicação demonstrado no vídeo. Título: Episódio “Emancipação”, da série House M.D Data de estreia: 18 de novembro de 2008 SAIBA MAIS: Título: Artigo científico KEARNS, L.G., et al. Developmental pharmacology: drug disposition, action, and therapy in infants and children. New England Journal of Me- dicine, London, v. 349, p. 1157-1167, 2003 31 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos principais sistemas de saúde do mundo que oferece de maneira gratuita o acesso à saúde, em suas mais variadas formas, à toda população. Diante de diversos serviços ofertados pelo SUS, destaca-se a atenção primária, secundá- ria e terciária à saúde. De forma decrescente, a atenção terciária à saúde é caracteri- zada pelos cuidados de alta complexidade que designam um conjunto de terapias e procedimentos com elevado grau de especialização, como por exemplo tratamentos oncológicos, cirurgias de transplantes e serviços de diálise. Já a atenção secundária à saúde engloba serviços especializados a nível ambulatorial e hospitalar de média complexidade, que ofertam ser- ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA PEDIATRIA E GERIATRIA 31 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TIC A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S 32 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S viços de apoio diagnósticos e atendimentos de urgência e emergência. Diferente das estruturas secundária e terciária, a atenção pri- mária à saúde representa o primeiro nível de contato do indivíduo com o sistema de saúde, no qual os cuidados são levados da maneira mais próxima possível ao lugar onde a população vive e/ou trabalha. Cons- titui, portanto, o primeiro recurso de assistência à saúde. A atenção pri- mária lida com problemas mais comuns da comunidade através das Unidades Básicas de Saúde (UBS), dos Agentes Comunitários de Saú- de (ACS) e da Equipe de Saúde da Família (ESF). Na atenção primária, os pacientes têm acesso a planos de cuidados que permanecem ao longo do tempo. Por isso, além de promover serviços de tratamentos e reabilitação à saúde, a aten- ção básica oferece, principalmente, serviços de caráter preventivo. Em teoria, foram estabelecidos quatro atributos essenciais da atenção primária à saúde e são eles: acesso – caracterizado pelo pri- meiro contato e pela utilização dos serviços pelo indivíduo para todo problema de saúde novo ou já existente; longitudinalidade – represen- tada por atenção continuada e passível de ser utilizada por longos perí- odos; integralidade – definida através de processos que garantam aos pacientes todos os serviços de saúde necessários, desde os cuidados preventivos até o tratamento de doenças; e coordenação – caracteri- zada pela capacidade de organizar todos os cuidados que o paciente recebe nos diferentes níveis de acesso à saúde (STARFIELD, 2002). Além disso, também foram definidos três atributos derivados da atenção primária à saúde, que constituem: a atenção voltada para famí- lia, que possui em sua base a orientação familiar e o conhecimento dos fatores familiares relacionados à origem e ao cuidado dos problemas de saúde; orientação comunitária – definida pelo conhecimento do profissio- nal da saúde das necessidades da população, através de dados epide- miológicos e contato direto com a comunidade. E competência cultural, representada pela adaptação do profissional da saúde à população que possui características culturais especiais, como por exemplo a comunida- de indígena (STARFIELD, 2002). A figura 3, apresentada abaixo, resume todos os atributos da atenção primária à saúde mencionados. 33 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Figura 3 – Atributos essenciais e derivados da atenção primária à saúde. Fonte: Starfield, 2002. A complexa relação existente entre saúde, doenças e cuidados exige que a atenção básica à saúde envolva o trabalho de equipe multi- disciplinar com abordagem ampla e integrativa. Nesse sentido, o papel do farmacêutico se faz necessário, pois ele é o profissional responsável pela implementação de estratégias que visem o cuidado ao paciente através do uso racional de medicamentos, bem como do impacto fi- nanceiro que os medicamentos representam para o sistema de saúde. Portanto, o trabalho do profissional farmacêutico é componente funda- mental na atenção básica de saúde. Nesse contexto, o trabalho do farmacêutico é desenvolvido através da atenção farmacêutica que, de acordo com a OMS (1993), pode ser definida como: Um conceito de prática profissional na qual o paciente é o principal bene- ficiário das ações do farmacêutico. A atenção farmacêutica é o compêndio das atitudes, dos comportamentos, dos compromissos, das inquietudes, dos valores éticos, das funções, dos conhecimentos, das responsabilidades e das habilidades dos farmacêuticos na prestação da farmacoterapia com o objetivo de obter resultados terapêuticos definidos na saúde e na qualidade de vida do paciente (OMS, 1993, online). A primeira premissa da atenção farmacêutica é prevenir os problemas relacionados aos medicamentos (PRMs). Para isso, o far- macêutico precisa garantir as reais necessidades, a segurança e a efe- tividade da farmacoterapia do indivíduo. Além disso, a base da atenção farmacêutica é o acordo entre paciente e farmacêutico, no entanto, para populações pediátricas e ge- 34 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S riátricas, esse acordo também deve ser estendido aos pais, filhos e/ou cuidadores, respectivamente. O profissional precisa se comprometer com o paciente e seus responsáveis por meio de um vínculo que sustente a farmacoterapia a longo prazo. Devem ser definidas as funções em comum, as responsa- bilidades de cada parte e a importância da participação ativa. De ma- neira concisa, a relação entre farmacêutico, paciente e cuidadores deve ser semelhante a um pacto que trabalhe em prol da resolução de todos os problemas relacionados com medicamentos, sejam eles reais ou po- tenciais (CIPOLLE et al., 2000). ATENÇÃO FARMACÊUTICA E O USO RACIONAL DE MEDICAMEN- TOS De acordo com a American Pharmacists Association (1995), al- guns princípios norteiam a atenção farmacêutica, tais como: a manutenção de uma relação extremamente profissional entre farmacêutico e paciente, familiares e/ou cuidadores, a organização e o registro das informações mé- dicas de cada paciente, a avaliação das informações coletadas e a ela- boração de uma farmacoterapia em comum acordo com o paciente e/ou responsáveis, a garantia de que o paciente e/ou responsáveis terão aces- so e conhecimento necessários para aderir ao tratamento farmacológico a longo prazo e a revisão, monitoramento e modificação do plano de cuidado farmacoterapêutico, quando houver necessidade, para que haja sempre comum acordo entre paciente e/ou responsáveis e equipe de saúde. É através da atenção farmacêutica que o profissional age ob- jetivando o uso racional de medicamentos e consequentemente, o su- cesso da farmacoterapia, tendo em vista que, o uso indiscriminado de medicamentos pode provocar sérios danos à saúde do indivíduo. Principalmente entre as populações pediátricas e geriátricas, são muitos os indivíduos usuários de medicamentos que estão sujeitos às reações adversas, causadas por dificuldades na adequação ao tra- tamento, dependência física de cuidadores, polifarmácia e alterações farmacocinéticas inerentes às faixas etárias. Esses fatores podem per- feitamente contribuir para o surgimento dos problemas relacionados ao medicamento (PRMs), e por consequência, comprometer a eficiência da farmacoterapia (GOMES, 2011). Antigamente, as atividades clínicas em farmácias eram restritas ao âmbito hospitalar, no entanto, com o surgimento da prática de atenção farmacêutica, as ações clínicas se expandiram para as farmácias comuni- tárias, justamente para atingir a maior quantidade possível de indivíduos. 35 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S A lógica efetiva é que, quanto mais acessível o trabalho do far- macêutico se tornar à população, mais racional será o uso de medica- mentos. Neste contexto, tanto as instituições farmacêuticas, quanto as universidades estão buscando cada vez mais disseminar esse modelo de assistência no país. Ao longo desta unidade serão abordados os métodos do segui- mento terapêutico e as possíveis estratégias de atenção farmacêutica mais utilizadas na prática clínica. No entanto, independentemente do método utilizado e de suas particularidades, o processo de atenção far- macêutica é semelhante para todos eles e possui características gerais na busca pelo maior alcance possível do uso correto de medicamentos. A figura 4, apresentada abaixo, descreve as ações envolvidas em cada uma das etapas do processode atenção farmacêutica. O es- quema disposto foi propositalmente elaborado em círculo para reforçar a ideia de que a atenção farmacêutica deve ser um processo realizado a longo prazo e de maneira constante. Figura 4 – Processo geral de atenção farmacêutica e suas respectivas ações descritas por etapas. Fonte: Correr; Otuki, 2013. Os problemas relacionados aos medicamentos (PRMs) são ba- sicamente problemas de saúde oriundos da farmacoterpia, que compro- metem a eficácia do tratamento e facilitam o surgimento de resultados clínicos não desejados. Os PRMs mais comuns são provenientes de: prescrição inadequada, interações medicamentosas, superdosagem, dose subterapêutica, uso incorreto, efeitos adversos e automedicação. O Terceiro Consenso de Granada define uma lista de fatores e situações que podem causar possíveis PRMs (COMITÊ DE CONSEN- SO, 2007): 36 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S • Administração errada do medicamento • Características fisiológicas do paciente • Processo de conservação inadequada do medicamento • Contraindicação • Posologia inadequada • Duplicidade de administrações • Erros de prescrições • Falta de adesão • Interações medicamentosas e alimentares • Outros problemas de saúde que comprometem o tratamento • Riscos de efeitos adversos • Problema de saúde maltratado Dentro do contexto dos PRMs existem aqueles que são conside- rados reais, ou seja, aqueles que podem de fato serem manifestados, e os potenciais, que são aqueles baseados na possibilidade de sua ocorrência. É através das práticas de atenção farmacêutica que o profissional farma- cêutico deve ser capaz de detectar os PRMs, intervir e solucioná-los. Além disso, inserido nas práticas de atenção farmacêutica, tam- bém existe o conceito de RNMs (Resultados Negativos Associado ao Medi- camento). São alterações não desejadas no quadro de saúde do paciente, atribuídas ao uso ou desuso de um medicamento, que impede a efetivida- de dos objetivos terapêuticos. Para medi-los, utilizam-se variáveis clínicas como sinais, sintomas, parâmetros fisiológicos e bioquímicos. De uma forma geral, os PRMs são situações que causam ou podem causar RNMs. Ou seja, pode-se considerar que a existência de PRMs corresponde a fatores de risco para o surgimento de RNMs. O uso off label de medicamentos corresponde ao uso para outros fins, diferentes daqueles preconizados pelas agências sani- tárias, está associado com o maior risco de surgimento de PRMs, principalmente em crianças e idosos. Frequentemente, a prescri- ção e o uso desses medicamentos são baseados em extrapolações de doses, ignorando-se as alterações fisiológicas das populações pediátricas e geriátricas. Por isso, é essencial que o farmacêutico esteja atento ao uso off label de medicamentos na farmacoteparia dos pacientes para evitar possíveis reações adversas. A intervenção farmacêutica é uma prática que denomina as 37 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S ações e as tomadas de decisões que partem do profissional farmacêutico para corrigir ou adequar o esquema terapêutico, na busca por melhores resultados. Por isso é muito importante que o método de atenção farma- cêutica englobe a sistematização de intervenções farmacêuticas, pois a comunicação e a troca de informações com os demais profissionais da saúde contribuem positivamente para o uso racional de medicamentos. O processo de intervenção farmacêutica pode ser feito junto ao paciente ou junto à equipe multiprofissional. Sempre deve conter um do- cumento escrito que pode ser associado à comunicação oral, explicando ao paciente e/ou aos cuidadores sobre a doença, a terapia, as chances de cura e as formas de administração dos medicamentos. A humaniza- ção do profissional farmacêutico é a grande chave nesse momento, pois fortalece a relação do farmacêutico com o paciente e seus responsáveis. É muito comum que a intervenção junto à equipe multiprofissio- nal seja feita por meio de telefone. Para isso, o farmacêutico precisa ter embasamento teórico e linguagem médico-científica, além da comuni- cação amigável e objetiva. Também há necessidade de um documento por escrito que deverá ser anexado e guardado junto ao prontuário do paciente, contendo: apresentação do paciente, análise farmacêutica, motivo da intervenção e despedida. A intervenção farmacêutica não possui como objetivo al- terar diagnósticos ou prescrições, funções estas atribuídas ao médico; mas, sim, garantir uma farmacoterapia racional, segura e economicamente acessível aos pacientes. Considerações Importantes na Atenção Farmacêutica em Crianças e Idosos A população geriátrica é a que comumente possui maior número de patologias e, portanto, a tendência é que esses pacientes utilizem di- versos medicamentos em conjunto, fato conhecido por polifarmácia. Nes- te grupo etário, as falhas de adesão durante a farmacoterapia são mais comuns e derivam, em grande parte, da confusão causada por múltiplos medicamentos, distúrbios cognitivos e comprometimento visual e manual. Além disso, como já discutido anteriormente, a população ge- riátrica é mais susceptível aos efeitos potencialmente tóxicos dos medi- camentos devido às alterações fisiológicas existentes. Nesse contexto, algumas categorias de medicamentos se tornaram impróprias para uso 38 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S geriátrico, seja por falta de eficácia terapêutica ou por aumento do risco de toxicidade e efeitos adversos. De acordo com os critérios de Beers-Fick, foi definida uma lista de fármacos potencialmente inapropriados para idosos com sessenta e cinco anos ou mais. Sendo assim, é importante que o farmacêutico esteja atento para analisar prescrições médicas aos idosos, consideran- do-as adequadas quando as características apresentadas no quadro 1 (abaixo) estiverem em conformidade. Quadro 1 – Aspectos adequados em prescrições para pacientes idosos. Fonte: Autor, 2020. Através da Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) é possível ca- racterizar as capacidades físicas, psicológicas e funcionais do paciente idoso. É um método de análise feito por uma equipe multidisciplinar, o que inclui o farmacêutico, que utiliza ferramentas de avaliação padroni- zadas e confiáveis, permitindo à equipe de saúde obter dimensões do quanto aquele indivíduo é independente para exercer atividades cotidia- nas (CONROY; PATHAK, 2017). As avaliações são direcionadas ao estado cognitivo, físico, nutri- cional e social do paciente idoso. O aparecimento de resultados sugestivos de comprometimento cognitivo e/ou físico sinaliza ao farmacêutico que o paciente necessitará de suporte para aderir a farmacoterapia. O farmacêu- tico pode sugerir a realização desta análise a qualquer momento que julgar necessária, seja no início ou ao longo do tratamento medicamentoso. A farmacoterapia das populações geriátricas frequentemen- te exige intervenções de maior custo, que envolvem tecnologias mais complexas para que se obtenha o cuidado adequado. Um dos maiores desafios da atenção farmacêutica ao idoso, atualmente, consiste na fal- ta de serviços domiciliares e ambulatoriais adequados. Na maioria das vezes, o paciente geriátrico é atendido pela pri- meira vez em âmbito hospitalar, já em estágios avançados de patologias. Isso acarreta em aumento de custos ao sistema de saúde, além de diminuir 39 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S as chances de obter um prognóstico favorável. Por isso as práticas de aten- ção farmacêutica inseridas nos processos de atenção básica de saúde são tão importantes, tanto para o indivíduo, quanto paraa comunidade. Assim como a população geriátrica, crianças também possuem diferenças fisiológicas inerentes À idade e, na hora do planejamento farmacoterapêutico do paciente pediátrico, costuma-se utilizar a “regra dos cinco c”, descrita por Bisson (2007): fármaco correto, dose correta, horário correto, via de administração correta, paciente correto. Para auxiliar o farmacêutico quando é solicitado o ajuste de dose do medicamento para crianças, utiliza-se a fórmula de Clark, que leva em consideração o peso do paciente, ou a regra de Young, que considera a idade do paciente. Também é de responsabilidade do profissional farmacêutico a orientação dos familiares e/ou cuidadores tanto de crianças, quanto de idosos, a respeito da farmacoterapia. O farmacêutico deve auxiliar o cuidador principal em relação ao nome do medicamento, finalidade para a qual se administra o fármaco, quantidade a ser utilizada, frequência e duração da administração, efeitos previstos e sinais que podem indicar algum efeito secundário do fármaco. É importante ressaltar que o farmacêutico precisa prestar mui- ta atenção no grau de entendimento dos cuidadores, fazendo demons- trações, instruções por escrito, auxiliar no ajuste de posologia de acordo com a rotina familiar e garantir que os cuidadores saibam como proce- der em caso de sinais alarmantes de efeitos adversos e/ou toxicidade (BISSON, 2007). O relacionamento entre o paciente e seu respectivo cuidador é um fator determinante para eficácia da terapia, pois quanto pior for a comunicação entre eles, menor será a adesão ao tratamento e, conse- quentemente, a qualidade de vida do paciente. Os benefícios da implementação de serviços farmacêuticos em pediatria vão além da contribuição ao uso correto de medicamentos e redução dos custos. O farmacêutico também pode colaborar para o conhecimento do uso de medicamentos em crianças através da partici- pação em pesquisas e como autores de relatos de casos, descrevendo, por exemplo, as interações medicamentosas e alimentares observadas durante a farmacoterapia. 40 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Crianças mais velhas também precisam ser orientadas e motivadas para obter melhor adesão ao tratamento. É importan- te que elas participem ativamente das tomadas de decisões sobre seus próprios tratamentos, de maneira apropriada para a idade, para a natureza e para a gravidade do seu problema de saúde. Para as populações geriátricas e pediátricas, a anamnese, que é a coleta de dados diretamente com o paciente, muitas vezes, possui o intermédio dos cuidadores. Especificamente em pediatria, alguns fatores precisam ser abordados para melhor resultado da anamnese, como por exemplo as condições da gestação, do nascimento, da amamentação e da introdu- ção alimentar. O sexo do paciente pediátrico, por exemplo, induz a algumas pre- disposições genéticas, como a estenose congênita do piloro, que aparece mais frequentemente em crianças do sexo masculino (BISSON, 2007). Além disso, também deve-se questionar sobre a vida escolar da criança, os momentos de lazer, de sono, as doenças anteriores e o acom- panhamento do calendário de vacinação. O local onde a criança reside também pode ser um ponto importante da anamnese, já que auxilia, por exemplo, no diagnóstico de doenças endêmicas (BISSON, 2007). A atenção farmacêutica centrada na pediatria envolve, basica- mente, as atividades de saúde pública, como o acompanhamento da criança quanto a vacinação, situações de desidratação, diarreias, vômi- tos e atenção a mãe lactante que faz uso de medicações. SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO O seguimento farmacoterapêutico permite que o profissional farmacêutico aplique seus conhecimentos sobre o uso racional de me- dicamentos e problemas de saúde em geral. É uma prática exclusiva do farmacêutico baseada em pesquisa, prevenção e resolução de PRMs, com o intuito de fazer com que o paciente obtenha o máximo de suces- so em sua farmacoterapia. Além disso, o seguimento farmacoterapêutico constitui um grande desafio para o farmacêutico assistencial, pois é considerado uma das ferramentas mais importantes na redução de danos com me- 41 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S dicações, o que significa maior eficácia do tratamento e, consequente- mente, melhor qualidade de vida do paciente. Com o passar dos anos foram desenvolvidos alguns métodos de seguimento farmacoterapêutico, porém, não existe um consenso sobre qual é o melhor método. Fica a critério do profissional escolher aquele que mais se enquadra nas necessidades rotineiras de trabalho. É necessário que o farmacêutico tenha ampla habilidade de comunicação para aplica- ção de qualquer um dos métodos existentes, pois, dessa forma, a interação com o paciente e/ou cuidadores se torna mais intensa e colaborativa. Entre os métodos mais conhecidos e utilizados por farmacêu- ticos estão o SOAP (Subjective, objective, assessment, plan), Método Dáder, Método PW (Pharmacoterapy Workup) e Método TOM (Thera- peutic Outcomes Monitoring). A seguir, serão abordados detalhadamen- te os aspectos do método SOAP, porém, os demais serão discutidos com maior ênfase no próximo capítulo. MÉTODO SOAP O método SOAP consiste em um modelo de documento muito utilizado para registrar a situação de saúde dos pacientes de maneira or- ganizada. Esse método é direcionado ao problema de saúde do paciente, no qual a letra “S” representa informações subjetivas do indivíduo, a letra “O” representa informações objetivas, a letra “A” é definida como avaliação do problema de saúde e, por fim, a letra “P” representa o plano de atenção que será desenvolvido pelo farmacêutico (ROVERS et al., 2003). A figura 5 (abaixo) demonstra um modelo de documento utilizado no método SOAP. Figura 5 – Modelo de documento utilizado para o método SOAP. Fonte: Autora, 2020. 42 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S O SOAP é considerado um método conciso de seguimento farmacoterapêutico, pois apenas as informações mais pertinentes a respeito do quadro clínico de saúde do paciente são providenciadas. A principal vantagem do SOAP consiste no fácil entendimento por outros profissionais da saúde; portanto, se torna um bom método utilizado para facilitar a interação da equipe multidisciplinar. O método SOAP pode ser adaptado de maneira que jus- tifique sua melhor eficácia. Por exemplo, pode-se inserir no do- cumento o tópico de intervenções e monitoramento do plano de cuidados. Quando isso ocorre, o método passa a ser conhecido como método SOAP estendido. Neste seguimento farmacoterapêutico, cada letra representa uma etapa do processo de atenção farmacêutica, são elas: Informações subjetivas (S) – fase em que se obtém informa- ções baseadas nas experiências que o paciente descreve em relação a ele próprio e ao seu histórico clínico, o que inclui as medicações que o paciente faz uso e as patologias que ele teve ou ainda tem, de modo semelhante à anamnese. Essas informações são importantes, pois au- xiliam na análise da severidade da condição do paciente, na progressão da doença e na escala de dor. Devem ser incluídos: a principal queixa, a situação atual da doença, histórico médico, social e familiar. Informações objetivas (O): durante essa fase são coletadas as informações dos pacientes obtidas através do ponto de vista do far- macêutico, de registros médicos e prontuários, tais como descrição da situação atual do paciente, exames físicos e laboratoriais, sinais vitais, frequência cardíaca, temperatura, medicamentos utilizados atualmente, alergias e possíveis efeitos adversos. Avaliação (A) – fase em que são avaliados os PRMs e os motivos de elesestarem ocorrendo. Nessa fase, pode-se incluir critérios de inter- venção farmacêutica (SOAP estendido) e análise da farmacoterapia, para averiguar se ela está sendo utilizada de maneira correta. É necessário que pelo menos uma meta de melhoria seja especificada para cada PRM. Além disso, essa fase é caracterizada por apresentar as possíveis hipóteses de diagnósticos, porém, se não houver evidências suficientes para isso, pode- -se registrar novamente os sinais e sintomas mais pertinentes apresenta- dos pelo paciente para facilitar a linha de raciocínio do farmacêutico. 43 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S Plano (P) – fase em que se realizam as ações de cuidado, as recomendações aos pacientes e/ou cuidadores e também intervenções a fim de solucionar os PRMs encontrados. Incluem-se avaliações diagnós- ticas e alteração na farmacoterapia através de ajuste de doses, posologia e mudanças não medicamentosas, como prática de atividades físicas, mudança de hábitos alimentares, regulação do sono e atividades de lazer. Alguns vieses de preenchimento podem permitir o aparecimen- to de erros, tais como: anotações feitas em locais errados, informações vagas ou incorretas, exclusão de dados importantes, adição de fatores irrelevantes ou avaliação inadequada dos problemas. Portanto, é de suma importância que o documento seja preenchido com cautela para evitar o surgimento desses erros, e, por consequência, o comprometi- mento da eficácia do seguimento terapêutico. Na figura 6 (abaixo) está demonstrado como um documento SOAP deve ser corretamente preenchido. Figura 6 - Documento do método SOAP preenchido. Fonte: Autora, 2020. Adaptado de Souza, 2017. A prática de atenção farmacêutica já não é mais exclusiva ao contexto hospitalar. Ela também pode e deve ser realizada em farmá- cias comunitárias, comerciais, ambulatórios e principalmente, para as populações pediátricas e geriátricas, em domicílio. É importante des- tacar que a atenção farmacêutica pode ser realizada através de várias metodologias, que diferem apenas em relação à forma de demonstra- 44 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S ção de resultados e de classificação de PRMs. Todos os seguimentos terapêuticos são efetivos para a prática de atenção farmacêutica e todos os métodos possuem suas respecti- vas vantagens e desvantagens. O método SOAP é considerado o mais simples devido ao seu formulário não possuir itens específicos melhor direcionados. Assim, a documentação SOAP permite um registro em forma fluida de texto, que o farmacêutico pode redigir da maneira que lhe for coerente, sem necessidade de padronizações. 45 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSO QUESTÃO 1 Ano: 2018 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefeitu- ra de Lagoa Santa - MG Prova: Farmacêutico Sobre fármacos antimicrobianos empregados na Atenção Primária à Saúde, assinale a alternativa incorreta. a) A substituição na estrutura da benzilpenicilina de um grupo fenoxi- metil por um benzil confere maior estabilidade em meio ácido e melhor absorção oral, mas menor atividade antimicrobiana. b) A amoxicilina é empregada para tratamento de infecções urinárias e em profilaxia de procedimentos dentários em pacientes portadores de febre reumática. c) A clofazimina é ativa contra o M. leprae que causa a hanseníase. d) O levamisol é fármaco de segunda escolha para tratamento de leishmaniose. QUESTÃO 2 Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefeitu- ra de Ervália - MG Prova: Farmacêutico No que se refere aos fármacos antimicrobianos empregados na atenção primária à saúde, assinale a alternativa correta. a) A amoxicilina é prescrita para tratamento de infecções urinárias e em profilaxia de procedimentos dentários em pacientes portadores de febre reumática. b) A eritromicina é um fármaco betalactâmico prescrito para tratamento da sífilis e da erisipela. c) A oxaminiquina é fármaco de primeira escolha para tratamento da giardíase. d) A rifampicina é inativa contra o M. leprae que causa a hanseníase. QUESTÃO 3 Ano: 2019 Banca: FUNDATEC Órgão: Prefeitura de Coronel Bicaco - RS Prova: Farmacêutico São indicadores de prescrição para uso de medicamentos em ser- viços de atenção primária à saúde recomendados pela OMS: I. Número médio de medicamentos prescritos por consulta. II. Percentual de medicamentos prescritos pelo nome genérico. III. Percentual de consultas com injetável prescrito. Quais estão corretos? a) Apenas II. b) Apenas I e II. 46 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. QUESTÃO 4 Ano: 2018 Banca: FUNCERN Órgão: Consórcio do Trairí - RN Pro- va: Farmacêutico A promoção do uso racional de medicamentos é um componente importante da política nacional de medicamentos. Considerando questões que interferem no uso racional de medicamentos, assi- nale a afirmativa correta: a) Embora a Lei Federal nº 5.991/1973 não tenha previsto a atenção farma- cêutica, a política nacional de assistência farmacêutica vigente a engloba no contexto da assistência farmacêutica, visando a uma farmacoterapia racional, bem como à obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida do usuário do medicamento. b) A Lei Federal nº 5.991/1973, ao conceituar dispensação como ato farmacêutico, confere valor jurídico ao dispositivo do código de ética da profissão farmacêutica, que proíbe ao farmacêutico delegar, a outros profissionais, atos ou atribuições exclusivos da profissão farmacêutica, no que se refere ao ato de dispensar medicamentos. c) A farmacoepidemiologia, contemplada na política nacional de medi- camentos vigente, que a estabelece como uma das prioridades e com o incentivo a estudos sobre a utilização de produtos, de forma a contribuir para o uso racional de medicamentos, também está contemplada na Lei Federal nº 5.991/1973, uma vez que aparece como atividade especial a ser considerada na articulação das políticas e programas do Sistema Único de Saúde (SUS). d) Na medida em que a Lei nº 6.360/1976 estabelece que as ações de saú- de se destinam a garantir condições de bem-estar físico, mental e social às pessoas e à coletividade, a política nacional de assistência farmacêutica vigente estabelece que a interação direta do farmacêutico com o usuário do medicamento, na atenção farmacêutica, deve envolver as concepções desses usuários, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais. QUESTÃO 5 Ano: 2016 Banca: UECE-CEV Órgão: Prefeitura de Amontada – CE Prova: Farmacêutico A Política Nacional de Medicamentos preconiza o uso racional de medicamentos que compreende da prescrição até doses indicadas em intervalos definidos de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade. Para a implementação do uso racional de medicamen- 47 A TE N Ç Ã O F A R M A C Ê U TI C A A P LI C A D A À P E D IA TR IA E G E R IA TR IA - G R U P O P R O M IN A S tos, são necessárias medidas que incluam: a) o estímulo para a livre realização de propagandas sobre o uso de me- dicamentos, pois, dessa forma, o paciente adquire conhecimento sobre a terapia medicamentosa que poderá ser implementada. b) a extinção de instâncias nacionais para coordenar as políticas de me- dicamentos e monitorar seu impacto, centralizando tais ações na Agên- cia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. c) a criação de Comitês de Farmácia e Terapêutica em hospitais para monitorar e implementar intervenções que qualifiquem o uso dos medi- camentos. d) o estabelecimento de diretrizes