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Aprenda a forma mais segura de se iniciar a introdução alimentar em crianças #APLV CREATION SPACE ELABORADO POR JUL IANA MAIA NUTRICIONISTA CLÍNICA AUTORA Copyright 2020 http://www.instagram.com/creation.space_ http://www.instagram.com/julianamaianutriaplv http://www.instagram.com/julianamaianutriaplv JULIANA MAIA N U T R I C I O N I S T A C L Í N I C A Quem sou eu? Minha história Meu nome é Juliana Maia. Sou nutricionista clínica, formada há 14 anos (desde 2006). Tenho uma especialização em nutrição clínica e sou especialista em alergia alimentar - em APLV (alergia à proteína do leite de vaca). Sou apaixonada por compartilhar meus conhecimentos sobre nutrição e minha missão é ajudar o máximo de mamães que tenham filhos alérgicos a encontrar a cura! Há quatro anos (em 2016), quando meu filho, João Artur, nasceu, eu recebi o diagnóstico de APLV dele e isso mudou a minha vida por completo. Meu filho tinha apenas 20 dias de vida. O João Artur era IgE Nâo Mediado para a proteína do leite, reagia ao leite materno e a traços domésticos e tinha, sobretudo, reações gastrointestinais fortíssimas. Com um ano e dois meses de vida, ele adquiriu a tolerância à proteína do leite de vaca! Contudo, o caminho até aqui não foi fácil. Eu vi que o dia a dia exigia muitos outros conhecimentos práticos que eu ainda não tinha. Cheguei à conclusão de que eu precisava adquirir mais conhecimento para contribuir efetivamente com o tratamento do meu filho E, assim, eu mergulhei de cabeça nessa missão: corri atrás de mais conhecimentos (utilizando da minha base em Nutrição); estudei muito sobre o assunto; li inúmeros artigos; troquei experiências com mães nas minhas redes sociais; procurei profissionais que me ajudassem efetivamente na dieta de restrição etc... Até que montei o meu próprio método - responsável por estabilizar meu filho e curá-lo. . Trajetória Hoje eu sou muito grata à alergia do meu filho, porque, com ela, eu identifiquei o propósito e a missão da minha vida: fazer a diferença para outras pessoas, através da minha profissão. Eu mudei totalmente o foco da minha carreira para o atendimento de bebês alérgicos e crianças alérgicas. Realizo um atendimento totalmente virtual em todas as regiões do Brasil e no exterior também. Descobri que o que eu faço é uma troca contínua de aprendizado e é justamente isso que eu proponho que façamos diariamente na nossa comunidade. Hoje Sim, eu era nutricionista. Sim, eu tive aulas teóricas sobre alergia alimentar na faculdade. Não, eu não estava pronta para lidar com a alergia alimentar do meu filho! Recebi, da gastropediatra, o clássico conselho: "retire leite e derivados da dieta". Nós, que somos mães de APLV, sabemos muito bem que não é assim que funciona na prática - e quem dera se fosse. Conteúdo O que é introdução alimentar? Ao que se atentar na introdução alimentar do seu filho Orientações para uma boa introdução alimentar Pontos de atenção em relação a alguns tipos de alimentos Perguntas e respostas POR QUÊ? Eu escolhi esse tema para a aula de hoje, porque ele é extremamente pedido por vocês, mamães, e porque eu sei que ele traz muitas dúvidas. TEMA DA AULA DE HOJE LEMBRE-SE Nunca dispense a consulta médica, apenas com base no que você aprender sozinha. Consulte sempre um profissional, que avaliará seu caso de forma individual! Aprenda a forma mais segura de se iniciar a Introdução Alimentar em crianças APLV. O QUE É "FORMA SEGURA"? O que eu chamo de forma segura é a forma que busca evitar ao máximo o risco de uma reação alérgica. Na minha prática, é isso que eu considero ser uma forma segura. OBJETIVO DA PRÁTICA SEGURA A minha filosofia de trabalho se dá da forma mencionada acima, porque caso uma reação ocorra, além de ter a convicção de qual alimento causou a reação alérgica, ela acontecerá da forma menos intensa possível. Assim, a criança sofrerá menos dor e poderá voltar à estabilidade o mais rápido possível. Introdução alimentar ANTES DEPOISX O QUE É INTRODUÇÃO ALIMENTAR? Introdução Alimentar é como comumente chamamos a fase em que um bebê começa a incorporar, em sua alimentação, outros alimentos além do leite materno. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde, esse período tem início nos seis meses de vida do bebê. Antes de mais nada, precisamos destacar que a introdução alimentar é uma fase muito nova na vida do bebê. Vamos ao quadro comparativo: O bebê está acostumado ou ao aleitamento materno ou ao uso de fórmula (mamadeira); O alimento do bebê é líquido, ou seja, não há necessidade de mastigar; A forma de receber o alimento é muito ligada à mãe/quem alimenta o bebê: colo, cheiro, posição (deitado ou inclinado); O bebê já se acostumou ao cheiro e ao gosto do leite materno/da fórmula (sabemos que o leite materno tem oscilações com base nas necessidades da criança - quantidades de gordura, proteína, anticorpos etc). Alimentos muito diferentes: texturas, cheiros, formas, gostos, cores etc; A posição que o bebê receberá o alimento é totalmente diferente (uma cadeira, na maioria das vezes); Acessórios serão introduzidos - colheres, pratos infantis (muito diferente do bico da mamadeira ou do seio da mãe); O alimento não é mais totalmente líquido (haverá os primeiros estímulos da deglutição com a movimentação do maxilar); Um mundo novo Eu sei que nós, mães, criamos expectativas. POR QUÊ? Nós queremos que nossos filhos, já de cara, comam um prato inteiro de comida! Sinto em dizer, mas na grande maioria das vezes não é isso que acontece. É claro que existem as exceções, que aceitam bem esse novo mundo e se alimentam bem já na primeira semana. Contudo, é bem provável que isso não aconteça. Não crie expectativas demais e nem se sinta mal por isso! É totalmente normal! Nesse primeiro momento, a intenção é fazer com que a criança conheça o alimento! Entendemos, então, que é importante que a criança se lambuze, pegue na comida, cheire ela, brinque com ela, coloque na boca... Coloque uma roupa que a criança pode sujar! Coloque a criança em um local da casa que possa ser sujado! Outra coisa muito importante a se fazer é comer junto do seu filho (a), porque assim você serve de EXEMPLO! Mostre para a criança que o alimento deve ir para a boca e sinalize os movimentos de mastigação, porque crianças têm comportamentos altamente ligados à imitação (à repetição). O QUE FAZER? Quando você come junto da criança, ela entenderá, aos poucos, que aquilo é um alimento. O QUE OS ESTUDOS DIZEM Uma criança só conseguirá fazer o movimento correto da língua a partir do oitavo mês! O aprendizado de levar a ponta da língua no céu da boca e empurrar a comida com a língua (para o esôfago) tem um tempo para acontecer. A lateralização do alimento e o domínio da língua, para que a criança sinta as texturas e o gosto dos alimentos, são atos voluntários e demoram um pouco para acontecer. Inclusive, é por isso que muitas crianças colocam a língua para fora (aparentemente, cuspindo o alimento) no início - era esse o movimento ao qual ela estava acostumada quando fazia a sucção do leite (ou do seio ou da mamadeira). Tudo isso é normal! Completamente normal! Isso é um processo! São alimentos totalmente novos, ou seja, é uma experiência completamente inédita para o bebê. MAS, JULIANA... "mas ele tá cuspindo. Não deve estar gostando..." "ele não está aceitando! Está fazendo caretas!" "ele tá reagindo? Se está cuspindo, deve ser..." CALMA! DÚVIDA COMUM Uma dúvida muito comum surge nesse momento para muitas mamães. Como, nesse estágio, é quando os primeiros dentes começam a aparecer e é quando o processo de salivação aumenta muito também. Quando os bebês sujam o entorno da boca, é NORMAL (todo mundo faz isso) que limpemos essa região, usando da colher com a qual estamos alimentando o bebê. Esse contato (fricção) da colher com o alimento, somado à saliva do bebê, pode resultar em pequenas bolinhasno entorno da boca (como se fosse uma dermatite de contato). "É alergia? Meu Deus, é reação!" CALMA! Não necessariamente (na maioria das vezes não é). Avalie o quadro! As bolinhas estão localizadas no entorno da boca apenas? Elas espalharam para outras regiões do corpo? Se a resposta for que as bolinhas estão concentradas no mesmo local - entorno da boca - a maior chance é que seja apenas uma dermatite de contato comum. Se as bolinhas se espalharam, procure um médico. Seu filho PODE ser IgE Mediado para a proteína daquele alimento. Lembrete: nunca faça o TPO sem conversar com o médico responsável pelo acompanhamento do seu filho e sem ter um plano de emergência (sobretudo, se seu filho for IgE Mediado). Tenha paciência, a criança está aprendendo! Ela mais vai experimentar do que comer nesse momento. Qual é o tipo de alergia? Essa é a principal questão da introdução alimentar de alérgicos. É a partir dessa resposta que eu posso orientar a introdução de uma criança. IGE MEDIADO? Ele produz o anticorpo Imunoglobulina E? Ele tem reações quase que imediatas após o contato com a proteína do leite de vaca (ou até em duas horas)? Ele tem urticátias? Placas avermelhadas na pele? Angiodemas? Edemas de lábios? Olhos? Garganta? Ele não produz o anticorpo Imunoglobulina E (ou é misto, ou seja, produz, mas também produz outras células de defesa)? Seu filho tem reações mais tardias após a exposição à proteína alérgena? Seu filho reage 6, 12, 24, 36, 48 horas após o contato com a proteína alérgena? Ele reage bem depois de 2 horas, podendo chegar a dias após o contato (5, 6, 7 dias)? OU IGE NÃO MEDIADO/MISTO? SE ELE FOI IgE MEDIADO... Nesse caso, como a via que o sistema imunológico ativa é muito rápida, testaremos um alimento por dia! Dessa maneira, se seu filho/filha, IgE Mediado, tiver uma reação com o alimento a ser testado, você terá a plena convicção de qual alimento causou a alergia. QUAL É O TIPO DE ALERGIA DO SEU FILHO? UM ALIMENTO NOVO A CADA DIA! Não dê mais nada para o seu filho nesse dia, que não o alimento a ser testado! É assim que eu oriento as mães do meu programa online. Se você for mesmo testar um medicamento novo (obviamente, sempre confirmando no SAC se aquele medicamente contém a proteína do leite ou se compartilha maquinário), por exemplo, a criança pode apresentar alergia até mesmo ao corante ou até a outros componentes da fórmula. Então, introduza uma coisa de cada vez! Sem muitas novidades no mesmo dia para uma criança alérgica. Se há um medicamento, a prioridade é ele. Introduza-o e, depois, quando você tiver a certeza que a criança não reagiu, introduza um alimento. SE ELE FOR IgE NÃO MEDIADO OU MISTO... Nesses casos, como as vias que o sistema imunológico pode ativar são mais lentas, precisamos ter mais paciência no momento da introdução alimentar. Ter mais paciência significa testar por mais dias o mesmo alimento, para que, dessa forma, possamos dizer com certeza que a criança não reage àquele alimento. Importante: teste o alimento em um horário que você estiver disponível para acompanhar e observar a criança. UM ALIMENTO NOVO POR MAIS DO QUE UM (1) DIA! É imprescindível que nesses casos tenhamos mais paciência e que cumpramos com os dias necessários! Se você desrespeitar esse tempo de reação que seu filho geralmente tem, introduzir diversos novos alimentos e seu filho reagir, você terá MAIS UMA INCERTEZA NO LUGAR DE UMA CERTEZA! "Juliana, mas vai demorar uma eternidade! Meu filho não vai conseguir comer um prato completo..." VAI SIM! Caso isso ocorra, você, além de não saber a qual alimento ele reagiu, terá de reintroduzir um a um, respeitando o tempo de reação, para confirmar qual foi, especificamente, o alimento alérgeno. Então, não atropele as coisas, faça tudo no seu devido tempo! Importante: para usar como tempo médio de reação, você pode utilizar como parâmetro o tempo que o seu filho demorar para reagir à proteína do leite de vaca (que geralmente é a primeira proteína que descobrimos a alergia). Descubra, então, em quanto tempo, em média, o sistema imunológico do seu filho costuma reagir. Depois que você souber essa informação, tome como base esse intervalo. Contudo, há um consenso de 3 a 4 dias já estabelecido. Esse seria o tempo seguro para a introdução de cada alimento! EXEMPLO: INHAME Faremos a introdução alimentar do Inhame: Eu gosto muito de começar com o inhame (claro que bem cozido e em forma de papa - o processo de aquecimento altera a estrutura molecular da proteína, diminuindo o potencial alergênico que ela tem). Ainda, o inhame é suave, tem uma palatabilidade boa, é fácil de cozinhar, tem uma textura boa para a digestão de bebês e não é uma fruta (vamos falar mais disso ainda). Se a criança reagir a algum alimento e esse tiver sido bem cozinhado, a reação com certeza será menos intensa e provocará menos dor à criança (que é o que nós procuramos: as melhores condições de bem estar dentro das mais adversas circunstâncias). Eu oriento começarmos com o alimento apenas UMA vez ao dia (almoço ou jantar) e, só depois, quando tivermos a certeza que o alimento não é alergênico, você poderá introduzi-lo nas duas refeições. 1- PARA IgE MEDIADOS; O inhame será oferecido - cozido, por um dia. Nenhum outro alimento deverá ser introduzido nesse dia. Se a criança não apresentar reação alguma, o inhamo "passou" no teste e passará a compor a dieta da criança. Importante: por conta dessa alteração da estrutura da proteína, uma criança PODE reagir a um alimento cru e não reagir ao mesmo alimento cozido. São raros os casos, mas eles existem (no caso de cenoura crua e cenoura cozida, por exemplo, há relatos). 2- PARA IgE NÃO MEDIADOS E MISTOS; O inhame será oferecido - cozido, por três a quatro dias. Lembrando que as crianças "mistas" (isto é, com reações mistas) possuem a mesma forma de introdução alimentar das crianças IgE Mediadas, porque também podem ter reações mais tardias. Nesses casos, seguimos a mesma lógica: se a criança não reagir nesse intervalo, o alimento é "aprovado". Pontos importantes: Aqui, falarei da minha metodologia, da conclusão que cheguei a partir dos meus estudos em Nutrição, da minha experiência com alimentação e alergias alimentares e com processos de alimentos. Além, é claro, da minha experiência no tratamento do meu filho, POR QUÊ? "Juliana, com qual alimento eu começo a introdução alimentar?" Eu, Juliana, não oriento começar uma introdução alimentar com frutas! Está errada essa prática? Há algum consenso alimentar que diz isso? NÃO! Explicarei melhor o porquê dessa orientação: Existem dois principais motivos pelos quais eu oriento as minhas pacientes a não começar com frutas. Antes de discorrer sobre eles, é importante que eu relembre vocês que todo o meu processo visa a maneira mais segura da introdução alimentar de uma criança alérgica. 1- POTENCIAL ALERGÊNICO; É cientificamente comprovado que as frutas têm um potencial alergênico maior do que tubérculos e legumes, ou seja, frutas têm maior chance de desencadear uma reação alérgica do que esses outros tipos de alimentos. Crianças alérgicas tendem a reagir mais a algumas frutas do que a outros alimentos, como batata, inhame, mandioca, batata baroa, cenoura amarela, beterraba, abóbora etc. Esse é o primeiro motivo pelo qual eu defendo que é mais seguro não começar a introdução alimentar com frutas. Com qual alimento começar 2- REPRESENTATIVIDADE NA COMPOSIÇÃO ALIMENTAR; Se você parar para pensar, um tubérculo ou um legume representa muito mais na composição alimentar diária de uma criança do que uma fruta, tanto em nutrientes quanto em de valor calórico (energético). Enquanto uma fruta, que entra em um lanche, representaria cerca de 10 a 15% do valor calórico/ nutrientes ingeridos por um bebê em um dia, um tubérculo ou um legume representaria 25 a 30%. Além disso, há a possibilidade de diversificação. À medida que os alimentos forem sendo aprovados, é possível diversificarbastante os pratos, principalmente em termos nutricionais. Esse é o segundo motivo pelo qual eu recomendo que o começo da introdução seja feito com legumes e tubérculos. Dessa forma, eu alternaria esses dois tipos de alimentos, respeitando o tempo de reação de cada criança. EVITAR Eu, Juliana, evitaria o tomate no início! Mais uma vez, isso não é um consenso alimentar! Eu tomaria esse cuidado, porque o mecanismo do tomate é diferente! Tomate é um fruto que libera histamina. A histamina, por sua vez, é uma substância que fica dentro de algumas células de defesa do nosso corpo e que é liberada nas reações alérgicas. Além disso, a própria proteína do tomate pode causar a alergia, obviamente. Por essas razões, eu tomaria essa precaução e introduziria o tomate (e demais frutas que seguem o mesmo padrão) mais para o final da introdução alimentar. Banana, morango e kiwi também são liberadores de histamina! Eu sei que elas são práticas, mas esse não é o momento para você pensar assim. O Brasil é um país riquíssimo em todos os tipos de alimentos. Explore legumes, verduras, tubérculos etc. Não tem motivo para aumentarmos o risco logo no início, ao introduzir frutas. Deixe o que tem mais perigo para o final, quando você já tiver uma grande variedade ao seu dispor para alimentar o seu bebê. Brasil: Um país muito rico Como um bebê, obviamente, é muito novo, precisamos ter o mesmo pensamento para o corpo dele. O trato intestinal de um ser vivo dessa idade ainda é muito imaturo, também. Precisamos, nesse momento, de mais certezas do que incertezas. Joguemos as frutas para o oitavo, nono ou para o décimo mês. Não há necessidade de começarmos a introdução alimentar com um alimento potencialmente alergênico. Obviamente que essa escolha de alimentos precisa respeitar o histórico de cada criança, isto é, respeitando a individualidade. Dizer isso significa observar as interações que ela teve com os alimentos, as suas (possíveis) reações, as reatividades cruzadas dos alimentos (proteínas, de alimentos diferentes, que se parecem muito) etc. Tudo isso deve ser pensado. Ademais, é preciso reforçar que, para entendermos o porquê dessas minhas orientações, é necessário conhecer o processo da introdução alimentar, o alimento que estamos introduzindo e o porquê da introdução de cada alimento na dieta do bebê. Adiante, elucidaremos alguns desses pontos. POR QUÊ? "Juliana, mas como eu introduzo a fruta?" COZIDA! MAIS UMA POLÊMICA Se você já ouviu que cozinhar a fruta vai comprometer a ingestão de fibras da alimentação, proponho que você pense que essa fruta será oferecida dessa forma - cozida - por pouquíssimo tempo. Toda vez que uma proteína passa por um processo térmico, ela sofre uma alteração na sua estrutura (na configuração terciária). Essa alteração, por sua vez, pode suavizar ou mesmo ser responsável por uma não reação por parte do sistema imunológico. RELEMBRANDO Isso já significa uma segurança a mais que podemos fornecer aos nossos filhos, porque a chance de uma reação alérgica é reduzida. Essa mesma lógica não vale apenas para frutas (que têm um alto potencial alergênico), mas também para outros alimentos. A proteína albumina sérica bovina, por exemplo, que está presente tanto no leite da vaca quanto na carne da vaca, é altamente termolábil. Isso significa que, por mais que ela seja alérgena, o alto cozimento da carne, por exemplo, altera tanto a configuração da proteína que ela perde significativamente seu potencial alergênico. Por isso, inclusive, apenas cerca de 10% das crianças APLV reagem à carne bovina também. Obviamente. Ninguém cozinhará uma melancia ou um melão, por exemplo. Essas frutas, então, que o consumo é in natura, nós deixamos mais para o final da lista das frutas. Escolha, primeiro, frutas que fiquem boas cozidas, como pêra, maça, pessego, manga etc. Não é toda fruta que dá para cozinhar; VOLTANDO ÀS FRUTAS Não se preocupe com o aporte de fibras da fruta cozida, por duas razões: 1- você apenas oferecerá a fruta cozida nos primeiros três/quatro dias (se a criança não reagir, você poderá oferecer a fruta normalmente depois desse teste); 2- o porcentual de fibra que uma fruta oferecerá para uma criança dessa idade é muito pequeno comparado às outras fontes de fibra da criança (leite materno, fórmula e outros alimentos). DICA No meu site (clique aqui), há um ebook com um protocolo para a introdução alimentar de bebês com APLV (alergia à proteína do leite de vaca). Eu criei um protocolo GERAL, que servirá de guia, para que vocês tenham uma noção melhor do assunto. É claro que a introdução alimentar precisa ser feita individualmente para cada criança. Por isso, recomendo que vocês usem esse protocolo como um "norte" e não como um manual de instruções. SEMPRE CONSULTE UM MÉDICO! https://julianamaianutriaplv.com.br/ebook-introducao-alimentar DÚVIDAS Entenda um pouco mais sobre o assunto, a partir da experiência de outras mamães como você! É por isso que eu bato na tecla da segurança e digo para não oferecermos logo de cara a banana, tendo em vista seu potencial mais alergênico. Deixemos para oferecer a banana um pouco depois, quando o sistema gastrointestinal do bebê estiver mais amadurecido. "O primeiro alimento ao qual meu filho reagiu foi a banana, bem no início da introdução alimentar." A soja não é recomendada, principalmente para crianças IgE Não Mediadas com sintomas gastrointestinais (nem mesmo a fórmula de soja). As proteínas do leite e da soja são muito similares e, por isso, cerca de 60% das crianças que reagem à proteína do leite reagem à da soja. "É recomendável dar o leite de soja para o bebê por muito tempo?" O leite de soja (o extrato), por sua vez, eu não recomendo para crianças com menos de dois anos de idade. Antes disso, o ideal é leite materno e fórmula infantil, para que não haja nenhum risco nutricional. Depois disso, eu só recomendaria o consumo de extrato de soja se o médico responsável liberar o consumo. Bom, a primeira coisa a ser investigada deve ser o que teve de novo na alimentação do bebê. Foi só isso que teve de novo? Uma criança, de dois anos, como sabemos, já anda pela casa inteira. Será que ele não teve algum contato acidental com alguma outra proteína? A minha orientação é que você suspenda a melancia e, futuramente, quando ele estiver estabilizado, reapresentá-la. "Meu filho tem dois anos e já havia consumido melancia algumas vezes sem reação. Contudo, há três dias atrás ele consumiu melancia e está há dois dias com diarreia e muco. Pode ser reação?" Se a pergunta for à respeito dos fitoestrógenos e da suspeita de feminilização (crescimento de mamas, por exemplo), nós ainda não temos estudos sólidos que comprovam essa ligação. Até porque os fitoestrógenos são hormônios vegetais, ou seja, bem diferentes dos humanos. Bem vinda, colega! Quanto mais nutricionistas tivermos nessa área, melhor para todos nós. Comigo também foi assim: a alergia alimentar do meu filho mudou o meu mundo por completo. "Tenho uma filha APLV e com restrição à glutén. Estou amando o tema e penso em trocar a advocacia pela Nutrição." Pode ser uma reação alérgica. Algumas vezes, por exemplo, uma alergia alimentar pode funcionar como uma goteira em um copo d'água, ou seja, só se manifestar depois de um tempo. Contudo, pode ser outras coisas também, como uma infecção alimentar. Provavelmente sua filha não reage mais a traços domésticos, se ela faz uso de uma fórmula extensamente hidrolisada - que contém pequenos pedaços da proteína do leite de vaca. "Na introdução alimentar da minha bebê terei que eliminar traços domésticos? Ela faz uso de uma fórmula extensamente hidrolisada e é APLV Não Mediada." Nesse caso, como temos uma outra questão médica envolvida, precisaríamos de uma avaliação bem mais criteriosa para responder a essa pergunta. "Minha filha é APLV e tem hidrocefalia. Ela não assenta, não tem o controle do tronco e foi prematura extrema. No momento, ela está coma barriga distendida. É uma reação alérgica?" A distensão abdominal pode ser um indício de reação, mas pode também ser um período de adaptação ou alguma infecção intestinal, por exemplo. Quais outros sintomas ela apresenta? Qual a história clínica? Leve sua filha ao pediatra que a acompanha. Não! Eu moro em Belo Horizonte/MG. Porém, eu não atendo mais em clínica médica nem consultório. Com a minha prática, eu vi que atender dessa forma não estava sendo o suficiente. Atendimentos mensais passaram a não fazer sentido para as minhas pacientes, porque o acompanhamento de uma criança APLV é diário e precisa de orientação em um intervalo muito menor do que um mês. As dúvidas das mães são diárias. Por conta disso, hoje o meu atendimento é 100% online. Atendo famílias de todas as regiões do Brasil e também no exterior. "Você atende fisicamente em São Paulo?" Sim, procede! O exame de sangue detecta a presença da célula de defesa Imunoglobulina E (anticorpo E). Se ele não acusou a presença dessa célula (que indica que a criança tende a ter reações mais imediatas), sua filha pode ser IgE Não Mediada (aquela que não produz essa célula como via de defesa, mas sim outras células)! "A pediatra desconfia que a minha filha tem APLV e pediu exames de sangue. Os exames não acusaram nada, mas mesmo assim a médica disse que ela pode ser. Procede isso?" Esse tempo de três dias é uma margem de segurança para que não haja NENHUMA dúvida a respeito do alimento que causou a alergia. Se você oferece o mesmo alimento por dois dias e no terceiro dia você introduz outro alimento e ela reage no mesmo dia, você ficará na dúvida sobre qual foi o alérgeno. "Minha filha reage, em média, dentro de 24 horas. Tenho que testar o mesmo alimento por três dias?" "Meu bebê é APLV e tem alergia à proteína do ovo. Quem tem alergia ao ovo pode ter também alergia à carne de frango? Afinal, o frango era o ovo." Sim, o pensamento é exatamente esse. Existe uma reatividade cruzada (similaridade de estrutura da proteína) muito grande entre o ovo e a carne de frango. Por isso, existe sim essa chance (principalmente se a reação for à gema). A casca do feijão é muito rica em fibras e o corpo humano não digere essa parte do alimento. Então, o que pode ter acontecido é seu filho ter comido com pressa e não ter mastigado direito o feijão. A mesma coisa pode acontecer com milho, por exemplo. "Quando o feijão aparece íntegro nas fezes, há um sinal de mau absorção?" Não se esqueçam: o processo da introdução alimentar vai de seis meses até um ano de idade! O grande responsável por suprir todas as necessidades calóricas e nutricionais da criança é o leite materno ou a fórmula. Os alimentos, mesmo no período de introdução alimentar, são complementares. Dizer isso significa dizer que é o período de testes, de experimentações. Coma perto do seu filho e oriente-o a mastigar! Estimule a mastigação. À medida que seu filho cresce, aumente as porções mastigáveis da comida (amasse menos a comida com o garfo, por exemplo), sempre em uma escala gradual, respeitando a fase da criança. Vamos lá, então. Compartilharei com vocês o meu caso pessoal com o João Artur. "Meu bebê tem reações alérgicas alimentares e a principal delas é a dermatite. Fui orientada a introduzir, na primeira semana, frutas diversas e, na segunda semana, sopinhas." Eu fazia consultas com uma médica gastropediatra em BH, inclusive bem renomada na área. Ela disse: "pode começar com fruta! Uma de manhã e outra fruta a tarde. No dia seguinte, pode testar outra fruta." Dito isso, eu a questionei: "mas doutora, tenho ouvido falar que crianças APLV podem também reagir a outros alimentos e, inclusive, que outras frutas podem causar alergia...". Depois que eu disse isso, ela se alterou e respondeu gritando: "você vai continuar lendo coisas na internet ou vai me escutar? Não vai dar reação com frutas, pode fazer como eu falei!" Respirei fundo, acreditei na palavra dela e assim o fiz. O resultado, como vocês podem imaginar, foi que o João Artur reagiu. Não reagiu na primeira vez que eu introduzi frutas, apenas. Ele reagiu NAS TRÊS VEZES SEGUIDAS que eu tentei introduzir frutas na dieta dele. As reações dele não foram brandas, foram fortíssimas! Ele sangrou muito pelas fezes - episódio que não gosto nem de lembrar. Tendo tudo isso em vista, para que atropelar? Para que começar pelo que pode dar reação? O seu filho pode não reagir a frutas, obviamente. Nesse caso, as coisas fluirão otimamente! Contudo, seu filho pode reagir de maneira intensa, como o meu reagiu! Então, vamos com paciência, responsabilidade e prudência. Quanto à sopa, esse alimento não é recomendado para crianças por diversas razões: além de ser líquida - e não na consistência de purê, que é o adequado -, sopa não estimula a mastigação (que é importantíssima nesse idade), além de conter diversos nutrientes ao mesmo tempo, o que inviabilizaria uma identificação de um alimento específico, caso a criança reaja. Material escrito por Creation Space Todos os direitos reservados a Juliana Maia | CNPJ: 33.572.240/0001-10 Belo Horizonte - MG 2020 https://www.julianamaianutriaplv.com.br/ Clique nos ícones abaixo para ser redirecionado para nossas redes.Clique nos ícones abaixo para ser redirecionado para nossas redes. creationspaceteam@gmail.com http://www.instagram.com/julianamaianutriaplv https://www.facebook.com/julianamaianutriaplv/ https://www.instagram.com/julianamaianutriaplv/ https://www.youtube.com/julianamaianutriaplv https://julianamaianutriaplv.com.br/telegram https://www.instagram.com/creation.space_/ https://www.julianamaianutriaplv.com.br/ https://www.instagram.com/creation.space_/ https://t.me/creationspace
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