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CIÊNCIA 
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Os protozoários parasitas causam diversas doenças em seres humanos: disenteria, lesões 
na pele e em órgãos internos, malária etc. As infecções por protozoários parasitas são gene-
ricamente denominadas protozooses. Conhecer a dinâmica de transmissão das principais 
protozooses, além de útil na prevenção pessoal dessas doenças, é também um exercício 
de cidadania, uma vez que pessoas bem informadas podem ajudar a diminuir a incidência 
dessas e de outras parasitoses.
Amebíase ou disenteria amebiana
A amebíase ou disenteria amebiana é causada pelo rizópode parasita Enta-
moeba histolytica (entameba). Adquire-se essa parasitose ao ingerir cistos de en-
tameba presentes na água ou em alimentos contaminados com fezes de pessoas 
doentes. O cisto é uma bolsa de parede rígida repleta de amebas jovens, capazes 
de infectar um novo hospedeiro. No intestino, a parede do cisto se rompe, libertando 
as amebas, que invadem glândulas da parede intestinal, onde passam a se alimentar 
de sangue e de células do hospedeiro. Esses locais podem inflamar-se e romper-se, 
liberando sangue, muco e milhares de amebas, muitas já na forma de cistos. Ao serem 
eliminados com as fezes, os cistos podem contaminar água e alimentos (como verduras, 
por exemplo) e ser transmitidos a outras pessoas.
Apenas uma em cada dez pessoas infectada por E. histolytica apresenta sintomas da 
doença. Estes são geralmente brandos, como diarreias e dor de estômago; em casos mais 
graves, ocorrem diarreias com sangue e a pessoa pode tornar-se anêmica. Atualmente há 
medicamentos eficazes contra amebíase, que devem ser ministrados após o diagnóstico 
da parasitose por meio de exame microscópico das fezes do doente. (Fig. 4.29)
Para prevenir a disseminação da amebíase são necessárias atitudes por parte do poder 
público e das próprias pessoas. Entre as formas de prevenção destaca-se a construção de 
instalações sanitárias adequadas, tais como privadas, esgotos e fossas sépticas, que impe-
çam a contaminação da água e de alimentos por fezes com cistos de ameba. A água, caso 
não seja tratada, deve ser fervida antes de ser usada para beber ou para lavar alimentos 
consumidos crus. Esses e outros cuidados básicos, associados a uma maior higiene pessoal, 
previnem não só a amebíase como inúmeras outras doenças infecciosas.
Leishmaniose
Leishmaniose é a denominação genérica da infecção causada por protozoários fla-
gelados denominados leishmânias. No Brasil, estima-se que cerca de 40 mil pessoas por 
ano adquiram um dos tipos de leishmaniose, visceral ou tegumentar.
A leishmaniose visceral (ou calazar) é causada pela Leishmania chagasi, que ataca o baço 
e o fígado. Febre contínua, perda de apetite, inchaço do fígado e do baço, lesões na pele e 
anemia são alguns dos sintomas da doença que, em alguns casos, pode levar à morte. Os cães 
também são atacados por esse protozoário. A parasitose é transmitida pela picada do mos-
quito Lutzomyia longipalpis, conhecido popularmente como mosquito-palha ou maruim.
A leishmaniose tegumentar (ou úlcera de bauru) é uma doença parasitária de pele e 
mucosas causada pela Leishmania brasiliensis. Na pele, a doença manifesta-se pela forma-
ção de feridas ulcerosas, com bordas elevadas e fundo granuloso. Nas mucosas (cavidade 
nasal, faringe ou laringe), a leishmaniose destrói tecidos e, em casos graves, pode perfurar 
o septo nasal e produzir lesões deformantes. A transmissão da leishmaniose tegumentar 
ocorre pela picada de mosquitos do gênero Lutzomyia (mosquito-palha).
As principais medidas de prevenção da leishmaniose são evitar a proliferação do 
mosquito transmissor e impedir sua picada. O combate ao mosquito pode ser feito pelo 
aterro de lagoas e poças d’água que servem de criadouro para as larvas e também pela 
aplicação de inseticidas sobre as áreas atingidas pela doença. Esta última providência 
tem a consequência indesejável de matar indiscriminadamente outras espécies de 
inseto, muitas delas de importância econômica ou ecológica. Para impedir a picada do 
mosquito, pode-se proteger as portas e as janelas das casas com telas, e cobrir as camas 
com cortinados de filó. (Fig. 4.30)
Protozoários que causam doenças
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Figura 4.29 Representação esquemática do ciclo de Entamoeba histolytica, protozoário parasita do intestino 
humano e causador da disenteria amebiana (amebíase). O cisto dessa ameba é o que os biólogos denominam “forma 
de resistência”, pois é capaz de sobreviver por longos períodos fora de organismos hospedeiros. As amebas não 
estão representadas na mesma escala que o intestino (estão em escala muito maior, cores-fantasia; lembre-se de 
que elas são microscópicas). Nos quadros, estão citadas as principais maneiras de prevenção da amebíase.
LaVaR aS mÃoS com 
FREQUÊNcia
Liberação da ameba
no intestino Hemácias
ingeridas pela 
ameba
Formas vegetativas
multiplicam-se e lesam 
vasos sanguíneos
intestinais
ingestão de
cistos de
ameba
Parede
do cisto
Eliminação de cistos 
com as fezescontaminação de alimentos
e água potável
FERVER a áGUa
a SER BEBida
NÃo dEFEcaR
ao aR LiVRE
EVitaR coNtamiNaÇÃo 
da áGUa doS PoÇoS
Núcleos
cisto
INTESTINO
Figura 4.30 A. Mosquito-palha Lutzomyia longipalpis picando uma pessoa; esse inseto tem menos 
de 2 milímetros e é o principal transmissor da leishmaniose tegumentar. B. Micrografia colorizada 
artificialmente do protozoário flagelado Leishmania tropica, outra espécie do gênero que ataca órgãos 
internos, ao microscópio eletrônico de varredura, colorizada artificialmente (aumento . 7.0003).
C. Ferida causada pela leishmaniose tegumentar.
A B C
membrana ondulante
Núcleo
Flagelo
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Doença de Chagas
A doença de Chagas, também chamada tripanos-
somíase americana, é causada pelo flagelado Trypano-
soma cruzi, o tripanossomo. Foi o médico sanitarista 
brasileiro Carlos Chagas (1878-1934) quem descobriu 
o parasita causador e descreveu seu ciclo de vida e o 
modo de transmissão. Estima-se que 50 mil pessoas 
morram anualmente no mundo em consequência 
da doença. No Brasil, o controle governamental da 
transmissão da doença de Chagas vem obtendo amplo 
sucesso e a maioria dos estados brasileiros já pode 
ser declarada livre da doença; apesar disso, continua 
sendo uma das parasitoses mais letais, com cerca de 
5 mil óbitos anuais e milhões de portadores crônicos, 
para os quais ainda não existe tratamento.
O tripanossomo é transmitido por insetos popu-
larmente chamados de “barbeiros” ou “chupanças”, 
sendo a espécie transmissora mais comum o Triatoma 
infestans. A doença geralmente é adquirida pelo contato 
das mucosas (dos olhos, do nariz e da boca) ou de feridas 
na pele com fezes do inseto portador do parasita. Uma 
forma aguda da doença pode ocorrer pela ingestão de 
alimentos contaminados com fezes de barbeiros infes-
tados pelo parasita. Mulheres portadoras da doença po-
dem transmitir o parasita aos filhos durante a gravidez 
ou na amamentação. Transplantes de órgãos e transfu-
sões de sangue de doadores infectados são outras vias 
de transmissão da doença de Chagas. (Fig. 4.31)
O barbeiro adquire tripanossomos ao sugar san-
gue de pessoas com doença de Chagas ou de animais 
contaminados pelo parasita, entre eles cães, gatos, 
roedorese diversos animais silvestres, que servem de 
reservatórios naturais do protozoário. Os barbeiros 
têm hábitos noturnos, escondendo-se durante o dia 
em frestas, de onde saem, à noite, para se alimentar 
de sangue. Depois de picar uma pessoa, geralmente no 
rosto (daí o nome “barbeiro”), o inseto defeca; se esti-
ver contaminado, os tripanossomos contidos em suas 
fezes podem penetrar através do ferimento da picada, 
quando a pessoa coça o local, atingindo a circulação 
sanguínea, via de acesso aos órgãos do corpo.
Nos primeiros estágios da doença, os principais 
sintomas são cansaço, febre, aumento do fígado ou do 
baço e inchaço dos linfonodos. Depois de 2 a 4 meses 
esses sintomas desaparecem. Somente 10 a 20 anos 
após a infecção é que começam a aparecer os sintomas 
mais graves da doença; os protozoários instalam-se 
preferencialmente no músculo cardíaco e causam 
lesões que prejudicam o funcionamento do coração, 
o que leva à insuficiência cardíaca crônica.
Até a década de 1960, não havia medicamentos 
eficientes contra o tripanossomo. A partir de então 
têm sido desenvolvidas drogas terapêuticas capazes 
de matar e destruir o Trypanosoma cruzi, principal-
mente no período inicial da doença. Entretanto, as 
lesões do coração e de outros órgãos, como o esôfago 
e o intestino, são irreversíveis e até o momento não 
há tratamento eficaz para os estágios avançados da 
doença de Chagas.
A principal maneira de combater a parasitose é 
a adoção de medidas preventivas, que impeçam a 
entrada dos protozoários no organismo humano.
A primeira providência, evidentemente, é evitar a pi-
cada do barbeiro, o agente transmissor (ou vetor) da 
doença. Como esses insetos se escondem nas frestas 
das casas de barro ou de pau a pique, a construção de 
casas de alvenaria, sem esconderijos para o barbeiro, 
ajuda a combater a doença de Chagas. Outra medida 
preventiva importante é a instalação de cortinados de 
filó sobre as camas e de telas de proteção em portas e 
janelas. (Fig. 4.32)
Malária
Entre os protozoários apicomplexos, o gênero 
Plasmodium (plasmódio) é um dos mais conhecidos 
por causar malária, doença que já afligia os antigos 
egípcios há cerca de 5 mil anos e que ainda hoje produz 
cerca de 250 milhões de novos casos por ano em todo 
o mundo. Calcula-se que 900 mil morram anualmente 
A B C
Figura 4.31 A. O barbeiro, ou chupança (Triatoma viticipes), inseto transmissor da doença de Chagas (comprimento . 3 cm). 
B. Representação esquemática do protozoário Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas. (Imagem sem 
escala, cores-fantasia.) C. Micrografia de um corte de coração humano ao microscópio óptico, mostrando um “ninho” do 
protozoário Trypanosoma cruzi (área ovoide no centro da foto). Os protozoários são os pontos escuros; nessa fase de seu 
ciclo de vida, não apresentam flagelos (aumento . 1.0003).

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