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73 C om en tá ri os e r es po st as d as a ti vi da de s R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . > Possibilidade: “Lutulenta e lenta”; “sudários rotos na mansão poeirenta...” 5 Espera-se que o aluno relacione a eclosão da Revolução Federalista e as guerras revolucionárias na antiga Rússia ao descontentamento com os privilégios das elites e a publicação de A interpretação dos sonhos e o início da psicanálise à preocupação com o subcons- ciente. A insatisfação com a situação social levou ao questionamento do progresso que havia maravilhado os realistas, e os estudos de Freud abriram as portas do inconsciente. Todos esses acontecimentos suge- rem a incapacidade de a razão e a objetividade cien- tífica darem conta de explicar todas as dimensões do mundo e do indivíduo. Era natural, portanto, que os artistas buscassem novas formas de apreender o sentido das coisas, de lidar com as emoções e os sentimentos. É essa busca que está na origem da estética simbolista. Simbolismo português: entre a forma e a saudade 471 O objetivo desta atividade é levar os alunos a analisarem o resgate dos grandes feitos portugueses e a perspectiva saudosista presente nos versos de “A portuguesa”. Neles, o eu lírico pede que os “heróis do mar” e o “nobre povo” façam renascer o esplendor de Portugal. Mas reconhece que os mais nobres e valentes portugueses (os “egrégios avós”) precisam ser evocados “das brumas da memória”. Professor: informar aos alunos que a letra sofreu algu- mas modificações, presentes na versão atual do hino português. No último verso, por exemplo, “bretões” foi substituído por “canhões”. Optou-se por manter a letra original, porque os ingleses eram o inimigo real identifi- cado no momento de composição do hino. Texto para análise 476 1 Vênus aparece nua, de pé sobre uma concha na super- fície da água. Tem um corpo bem delineado e longos cabelos que parece desembaraçar com os dedos. 2 Sim. O artista parece representar o momento do nas- cimento da deusa Vênus, que está de pé sobre uma concha de madrepérola, em meio às ondas do mar. > Além da evidente beleza física atribuída à mulher que representa Vênus no quadro, podemos também observar que ela está cercada de outros deuses e se- mideuses. Entre eles, destacam-se os meninos alados, representações de Cupido (ou amor), o filho de Vênus e Marte, que encarna o amor e paixão. Os vários cupidos que voam em torno de Vênus têm, em suas mãos, as flechas com que despertam o amor nas pessoas. 3 A mulher apresentada no soneto está morta. Seu cor- po começa a ser desfeito pelas ondas do mar, já em evidente estado de putrefação. 4 Expressões: “cabelos verdes”, “pútrido o ventre, azul e aglutinoso”, “o seu esboço [...] de pé flutua [...] ficam- -lhe os pés atrás, como voando”. > Os adjetivos são essenciais para que o leitor do soneto entenda tratar-se de uma mulher morta: seus cabelos estão verdes, seu ventre já se decom- põe (pútrido, azul, aglutinoso). São eles que criam o quadro impressionante de um corpo que é desfeito pela ação das ondas. 5 Quando associa a mulher morta à deusa do Amor e da Beleza, Camilo Pessanha cria um quadro chocante, em que a imagem de mulher construída nos versos é justamente a oposta do que se espera de uma deusa. Não só porque está morta, mas principalmente pelo estado de decomposição em que se encontra. > A Vênus de Camilo é o oposto da de Bouguereau: todos os sinais de beleza e vitalidade presentes no quadro são desfeitos no poema. É importante observar, porém, que Camilo faz referência a as- pectos visuais comumente presentes em imagens do nascimento de Vênus para permitir que os leitores entendam que, ainda que apresentada após a morte, trata-se da mesma deusa: os cabelos em desalinho, o corpo que se encontra na super- fície da água, a posição (“de pé flutua [...] ficam- -lhe os pés atrás, como voando”). Além disso, o eu lírico faz alusão a uma “marinha turva”. O soneto, portanto, equivale a uma pintura (uma marinha), em que Camilo mostra a destruição de Vênus. 6 Assim como a beleza da Vênus faz com que os homens per- cam a razão, efeito semelhante é desencadeado pelo seu corpo em decomposição. Mais uma vez, o que vemos no soneto é uma característica atribuída à deusa ser provoca- da por um fator negativo: a putrefação de seu corpo exala um odor tão forte que faz com que as pessoas percam a ra- zão. Embora o resultado seja semelhante ao desencadeado pela Vênus original, o processo para alcançá-lo é violento, destrutivo, como todas as imagens criadas no soneto. 7 Em lugar de simplesmente caracterizar a degradação física em um cadáver qualquer, como fizeram outros poetas (Baudelaire tem versos célebres a esse respeito), Camilo escolhe justamente uma mulher claramente criada para representar a deusa da beleza (a cena do nascimento marinho, os cabelos longos, a posição do corpo). Desse modo, mais do que abordar a destruição física como um processo inexorável, a representação exagerada feita no soneto obriga o leitor a refletir sobre a inutilidade de se guiar pelos aspectos aparentes (a beleza é o mais evidente deles), porque a decadência da matéria é uma certeza inescapável. Se a deusa da beleza terminou como um corpo putrefato sendo desfeito pelas ondas, o que podem esperar meros seres humanos que se fiam na própria aparência? Texto para análise 480 1 Na primeira parte, o eu lírico dirige-se às “carnes” que amou “sangrentamente”, descrevendo-as como sensuais e letais. Na segunda, o eu lírico faz um apelo a essas “carnes” para que elas passem por ele. > A primeira parte evoca o amor. Na segunda, o eu lírico revela seu desejo pela sublimação dos dese- jos carnais, associados, no soneto, à dor e à morte. Na poesia de Cruz e Sousa, o erotismo, embora apareça com bastante força, é visto sempre como o elemento que procura levar o eu lírico para a lu- xúria, impedindo sua transcendência. Por isso, no caso do soneto, os desejos carnais são associados à morte e à dor. Sup_P2_(038-074)-c.indd 73 11/12/10 11:32 AM R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 74 C om en tá ri os e r es po st as d as a ti vi da de s 2 As palavras que podem ser associadas à sensualidade são “carnes que amei”, “volúpias”, “carnes virgens e té- pidas”, “carnes acerbas e maravilhosas”. As expressões que remetem à morte são “sangrentamente”, “letais”, “dilaceradas”, “mortais horrores”, “luto”, “ais”, “dores”. a) Espera-se que o aluno perceba que o eu lírico se sente enciumado e, por isso, as carnes antes tão belas pare- cem-lhe agora despedaçadas, dilaceradas pelos zelos. b) Espera-se que o aluno perceba que os pesadelos não são sonhos, mas que o ciúme faz o eu lírico sonhar acordado, provavelmente imaginar a traição. O empre- go do verbo “apunhalar”, aqui, é muito significativo, porque lembra a traição, o “apunhalar pelas costas”. c) Porque, embora cause prazer, causa também sofrimen- to. As carnes são acerbas e maravilhosas; o eu lírico as deseja, mas quer que passem, pois o atormentam. 3 Esse traço aparece evocado na expressão “Carnes virgens e tépidas do Oriente”; há aí uma referência explícita ao universo “exótico” associado ao Oriente; e também na sugestão aromática de “essências de heliotropos e de rosas/ de essência morna, tropical, dolente...”. Além disso, a escolha dos termos, nessa expressão, é também indicadora do gosto pelo diferente: heliotropos (em lugar de girassóis) e o adjetivo “tropical”. > A musicalidade, produzida pelas aliterações (por exemplo, em “Ó volúpias letais e dolorosas”), o uso de maiúsculas alegorizantes (“Sonho” e “Estrelas”), a evocação de uma atmosfera de sonho e mistério são outras características simbolistas presentesno texto. 4 Espera-se que o aluno perceba que o título do poema é uma referência tanto ao fato de o eu lírico imaginar as de- sejadas carnes dilaceradas, por estar com ciúmes, quanto ao próprio sofrimento causado pelo ciúme que o tortura. 5 A catedral aparece no raiar da manhã, logo que “surge a aurora”; quando o dia já vai alto (“O astro glorioso segue a eterna estrada”); ao entardecer, quando a lua nasce; à noite, quando chega a escuridão. > Na manhã, a catedral aparece “toda branca de sol”. No fim da tarde, ela surge “toda branca de luar”. Depois, a catedral confunde-se com a escuridão da noite e “Afunda-se no caos do céu medonho/ Como um astro que já morreu”. 6 Os sinos representariam, com seu som, uma mensagem fúnebre ao eu lírico: “cantam” o som de seu sofrimento (“Pobre Alphonsus”). a) Os vocábulos são “canta”, “clama”, “chora” e “geme”. b) Eles sugerem que o sofrimento e a angústia do eu lírico crescem no transcorrer do poema. 7 A utilização de uma sonoridade mais fechada no refrão, com as vogais “o” e “u”, reforça a atmosfera angustiante e lúgubre do poema, que simboliza o sofrimento do eu lírico. 8 Os adjetivos são “risonho”, “tristonho” e “medonho”. > Assim como o dia passa de alegre a medonho, o eu lírico se torna mais angustiado à medida que o poema se desenvolve. Essa gradação é mais um recurso para acentuar a desesperança do eu lírico. Jogo de ideias 481 A atividade proposta tem por objetivo, além de apro- fundar a discussão apresentada no capítulo sobre os ele- mentos que caracterizam o Simbolismo, levar os alunos a perceberem que na composição de algumas canções da MPB da atualidade é possível identificar um trabalho com a linguagem semelhante ao que fizeram os poetas simbolistas. Também acreditamos ser possível, por meio dessa atividade, estimular nos alunos a capacidade de análise comparativa entre as canções que selecionaram e os elementos que caracterizam a produção literária do Simbolismo, em especial, o uso de recursos da linguagem para alcançar efeitos sugestivos nos leitores. Acreditamos que, assim, os alunos serão capazes de perceber que, em algumas das letras das canções dos com- positores citados, o investimento em aliterações, imagens sinestésicas e reiterações enfáticas é frequente e pode ser associado, guardadas as devidas proporções, ao trabalho com a linguagem que caracteriza os poemas simbolistas. Além disso, achamos que, por meio dessa atividade, os alunos serão capazes de aprofundar seus conhecimentos no que diz respeito ao projeto literário do Simbolismo e compreender por que a preocupação com a sonoridade e com o estímulo das sensações é uma característica tão fundamental dessa estética. Para que isso ocorra, será necessário que eles, no momento de selecionar a letra da canção que apresentarão para a sala, identifiquem, nela, os elementos que permitem estabelecer uma rela- ção entre o uso que os compositores citados fazem dos recursos da linguagem e o uso desses mesmos recursos nos poemas simbolistas. Antes de iniciar a atividade, seria interessante retomar, com os alunos, os elementos destacados na análise dos poemas “Antífona” e “Um sonho”, ambos estudados neste capítulo, que revelam o trabalho dos poetas simbolistas com a linguagem. Além disso, seria interessante, também, antecipar a discussão da seção A tradição do Simbolismo, que tem como foco justamente o fato de a reiteração en- fática, além de ser um elemento característico da poesia simbolista, ter influenciado outras estéticas. Se os alunos tiverem alguma dificuldade no momento de fazer a seleção de uma canção de uns dos compositores citados de acordo com a orientação dada, sugerimos as seguintes possibilidades: Luz dos olhos e Só pra So, de Nan- do Reis; Flores no asfalto, Lenha, Meu amor, minha flor, minha menina, de Zeca Baleiro; O curupira pirou e Excesso exceto, de Lenine; Nome e Estranheleza, de Arnaldo Antunes. Em todas as canções sugeridas, é possível identificar, nas letras, o trabalho com os recursos da linguagem, mas há outras possibilidades de seleção. Sup_P2_(038-074)-c.indd 74 11/12/10 11:32 AM 75 C om en tá ri os e r es po st as d as a ti vi da de s SUMÁRIO GERALRESPOSTASSUMÁRIO GERALCOMENTÁRIOS E RESPOSTAS DAS ATIVIDADES Unidade 7 O Modernismo 491 PARTE III Uma viagem no tempo: primeiras leituras 492 A seção “Uma viagem no tempo: primeiras leituras” foi pensada para propiciar um primeiro contato dos alunos com textos representativos da estética a ser estudada no capítulo. Nossa intenção foi criar uma oportunidade para que os alunos possam trocar impressões de leitura, sem que estejam preocupados em analisar característi- cas literárias ou observar de modo mais detalhado usos específicos da linguagem. Sugerimos que os alunos sejam orientados, em um primeiro momento, a ler silenciosamente o texto re- produzido na seção. Concluído esse contato individual com o texto, o professor pode organizar as carteiras de modo a formar uma “roda de leitura”. Na sequência, o professor pode escolher alguns alunos para fazer, em voz alta, a leitura do texto da seção. Também é possível que haja voluntários para essa leitura. Se isso acontecer, é ainda melhor. A leitura em voz alta é sempre interpretativa, porque exige que o leitor tome decisões sobre a entonação a ser adotada em função do sentido que atribui ao texto, à me- dida que o lê. Essa é uma experiência que pode favorecer não só o leitor, mas também seus ouvintes, permitindo que eles reconheçam (ou descubram) sentidos a partir da leitura do colega. Escolhemos, para o primeiro contato dos alunos com textos pré-modernistas, um trecho do mais conhecido romance de Lima Barreto, Triste fim de Policarpo Quaresma. Na obra, Lima Barreto traz para o centro da narrativa uma personagem — o major Quaresma — marcado pelo patriotismo extremado. Por meio do major, o leitor é con- vidado a observar o contraste entre os que professam o amor pela pátria e aqueles que de fato o praticam. Outro aspecto importante e revelador do momento por que passava a literatura brasileira é a caracterização da vida nos subúrbios, dos costumes e valores desses brasileiros que, até então, não costumavam se ver retratados na cena literária. Para estimular a conversa sobre o texto lido, alguns tópicos podem ser sugeridos aos alunos: > Sentiram dificuldade para ler o texto? Por quê? > Do que trata o texto lido? > O que aparece representado nas imagens repro- duzidas na seção? > Perceberam alguma relação entre as imagens e o texto? > No início do trecho, o narrador, por meio das ações de Policarpo Quaresma, revela algumas caracte- rísticas da vida nos subúrbios brasileiros. Que características são essas? > Esses comportamentos ainda são típicos da vida nos subúrbios? Conhecem algum outro com- portamento muito característico da vida nessas comunidades e que não apareceu no trecho de Lima Barreto? > Quando o major Quaresma aparece com um violão embaixo do braço, seus vizinhos ficam escandali- zados. Por quê? > Qual é a razão apresentada por Policarpo para defender suas aulas de violão? > Eles já observaram uma mudança do sistema de valores da sociedade que, em determinado mo- mento, considera algo muito negativo (como uma pessoa “de bem” aprender a tocar violão), e, com o passar do tempo, julga absolutamente normal o que era antes publicamente condenado? Se sim, que exemplos eles podem dar? > Policarpo Quaresma se orgulha de ser um patriota. Hoje, o patriotismo é uma característica comum aos brasileiros? Por quê? > Conhecem alguém que se orgulhe de ser patriota? Como essa característica é vista pelas demais pes- soas? É algo admirado ou considerado ridículo? > Para Quaresma, o ambiente militar é o paraíso, porque ali o major julga encontrar o “hálito da pátria”. Será que um patriota, hoje, encontraria esse “hálito da pátria” nos mesmos ambientes? Em que espaços as características mais fortesda identidade brasileira se manifestam? > O texto e as imagens os fazem lembrar de outros textos, músicas ou filmes contemporâneos? Se sim, qual é a semelhança percebida? As perguntas sugeridas servem somente como um roteiro básico para estimular a participação dos alunos e podem, evidentemente, ser substituídas por outras que o professor julgar mais interessantes. Os próprios alunos podem fazer questões que tenham sido motivadas pela leitura dos textos. O importante é que essa experiência faça com que se sintam mais à vontade para discutir textos literários, sem que se preocupem em encontrar uma interpretação “correta” para eles. O trabalho realizado ao longo deste capítulo favore- ce o desenvolvimento da competência de área 5 e das habilidades H15, H16 e H17. Para identificá-las, consultar a matriz do Enem 2009, que se encontra no Portal Moderna Plus. Capítulo 23 Pré-Modernismo 494 Leitura da imagem 495 1 As pessoas sentadas são, na maioria, mulheres e crianças, provavelmente mães acompanhadas de seus filhos. Ao fundo, podem ser identificados alguns homens cujas roupas (uma espécie de uniforme) sugerem tratar-se de soldados. Podemos imaginar que as mulheres e crianças sentadas são prisioneiras, já que elas estão cercadas por soldados que permanecem em pé. R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Sup_P3_(075-112)_c.indd 75 11/11/10 11:21 AM