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QUESTÃO 01 Disponível em: https://www.azcentral.com. Acesso em: 29 jul. 2020. Polissemia é um fenômeno linguístico caracterizado pela existência de um termo que apresenta mais de um significado. Com base no cartum acima, o uso da palavra kind, na fala da personagem, enfatiza A urgência de se resgatar a gentileza, tão necessária nas relações humanas. B intolerância demonstrada pelas pessoas em relação aos seus semelhantes. C dificuldade que os seres humanos apresentam de respeitar a opinião alheia. D incapacidade generalizada de demonstrar empatia nas situações cotidianas. E linguagem ofensiva que é empregada por adultos na presença das crianças. 1 http://www.azcentral.com/ QUESTÃO 02 Quadruple-stranded dna seen in healthy human cells for the first time The world’s most famous molecule – the DNA double helix – sometimes doubles up again. Researchers have now found this quadruple-stranded form in healthy human cells for the first time. Four-stranded DNA has been seen before in some cancer cells and in lab-based chemistry experiments, but this is the first time the molecule has been visualised in healthy, living human cells, as a stable structure created by normal cellular processes. “We’ve undoubtedly demonstrated that the quadruple-strand DNA forms in living cells,” says Marco Di Antonio at Imperial College London. “This forces us to rethink the biology of DNA.” The DNA molecule is made up of four nucleobases – adenine, cytosine, guanine and thymine – and can configure itself in a number of ways. It creates a four-stranded structure when four guanine bases form a square – guanine is the only base able to bond with itself. HOOPER, R. Disponível em: https://www.newscientist.com/. Acesso em: 29 jul. 2020. Pesquisadores da Cambridge University descobriram que a hélice dupla do DNA (onde toda a informação genética dos seres vivos está guardada) pode dobrar sobre si mesma, formando uma cadeia quádrupla. Com base na leitura do texto, o DNA quádruplo A abre uma gigantesca possibilidade de cura para várias doenças de fundo genético. B não deve promover grandes transformações no estudo atual da biologia molecular. C é uma estrutura bastante instável que não pode ser gerada por processos naturais. D tinha sido observado antes em células com câncer e em experimentos laboratoriais. E apresenta bases nucleares totalmente distintas daquelas encontradas no DNA duplo. 2 http://www.newscientist.com/ QUESTÃO 03 The history behind Japan’s love of face masks In Japan, it’s sometimes said that the eyes speak as much as the mouth. Perhaps the proverbial phrase captures the essence of the nation’s affinity for face masks, a relationship that can be traced back centuries and a custom to which is attributed Japan’s lower number of deaths from COVID-19 compared with Western nations — in particular the United States, where wearing a mask has recently become a politically charged issue. Masks are now omnipresent in Japan as a result of the pandemic, thanks in part to an inherent mask-wearing culture. Besides being sporadically worn during hay fever and influenza seasons, masks have expanded beyond their traditional role over the years and have even been adopted by the fashion and beauty industries. There are masks that cut ultraviolet rays and prevent glasses from fogging, and masks that make the face look slimmer. There’s even a term for women who look good in masks — masuku bijin (masked beauty) — and contests are held to decide who among them looks the most attractive donning one. The key, apparently, is the enhancement of the eyes. MARTIN, A. Disponível em: https://www.japantimes.co.jp. Acesso em: 29 jul. 2020. A pandemia do novo coronavírus trouxe para o brasileiro novos hábitos. Entre eles, usar máscara de proteção. De acordo com o texto, a cultura das máscaras no Japão A impede que as indústrias da moda e da beleza se apropriem dessa tradição secular. B ganhou espaço, muito recentemente, por causa de uma epidemia de “febre do feno”. C inibe uma característica milenar dos japoneses que é a expressão através do sorriso. D transformou-se em uma questão de natureza puramente política e ideológica no país. E pode ter sido um fator que contribuiu para um número menor de mortes por Covid-19. 3 http://www.japantimes.co.jp/ QUESTÃO 04 Disponível em: https://www.forbes.com. Acesso em: 29 jul. 2020. A pandemia de coronavírus está impactando globalmente as estratégias publicitárias de grandes marcas. Com base na imagem acima, a função do texto é A incentivar as pessoas a não desistirem dos seus sonhos em virtude das adversidades. B divulgar uma nova linha de produtos voltada para aqueles que treinam em suas casas. C reforçar a importância do distanciamento social como uma estratégia para salvar vidas. D anunciar uma liquidação para a compra de produtos da Nike por um valor promocional. E destacar uma ação social da empresa que auxilia atletas que perderam patrocinadores. QUESTÃO 05 Epitaph on a tyrant Perfection, of a kind, was what he was after, And the poetry he invented was easy to understand; He knew human folly like the back of his hand, And was greatly interested in armies and fleets; When he laughed, respectable senators burst with laughter, And when he cried the little children died in the streets. AUDEN, W.H. Disponível em: https://allpoetry.com. Acesso em: 29 jul. 2020. Wystan Hugh Auden (1907 – 1973), que escrevia como W. H. Auden, foi um poeta anglo- -americano, tido como um dos grandes autores do século XX. Com base no poema acima, o eu lírico A descreve os tiranos como seres completamente destituídos de senso de humor. B enaltece o papel da arte como um instrumento essencial no combate aos tiranos. C revela como os tiranos fazem uso das crianças para disfarçar sua enorme vilania. D demonstra o grande interesse que os tiranos possuem por exércitos e esquadras. E retrata o total desinteresse dos tiranos em relação ao estudo da natureza humana. 4 http://www.forbes.com/ QUESTÃO 06 Rescatan a una gaviota atrapada en una mascarilla Esta gaviota quedó enredada en una mascarilla desechable en el Reino Unido. Los veterinarios que la atendieron afirmaron que sus patas pudieron haber estado mucho tiempo atrapadas en las tiras elásticas del tapabocas. Por CNN Español. Publicado a las 10:09 ET (14:09 GMT) 23 July, 2020. O texto apresenta a notícia de um fato ocorrido recentemente no Reino Unido. Tal fato pode ser resumido no que segue: A Uma gaivota foi capturada por pescadores por meio de uma rede elástica. B Uma pessoa mascarada capturou uma gaivota indesejável no Reino Unido. C Uma gaivota ficou presa em uma máscara descartável no Reino Unido. D Alguns veterinários conseguiram segurar uma gaivota pelas patas. E Uma gaivota foi atendida por veterinários que prenderam suas patas com tiras. QUESTÃO 07 Según Benjamín Franklin, invertir en conocimientos produce siempre los mejores intereses, por lo que espero que obtengas, a través de este libro, las más grandes ganancias para tu futuro profesional. SANTANA, A. Matemáticas Simplificadas, p. 12. O pensamento de Benjamim Franklin apresentado no texto acima transcrito corresponde, em português, à ideia de que A com um livro, podemos obter nossas ganâncias profissionais. B os melhores interesses se produzem ao inverter conhecimentos. 5 C por meio de um bom livro, alguém pode controlar suas ganâncias. D o investimento em conhecimento produz os melhores juros. E inverter conhecimentos é ter interesse e ganância profissional. QUESTÃO 08 La filosofía es una disciplina que estudia e intenta responder algunascuestiones fundamentales para los seres humanos: cuál es el sentido de la existencia, la búsqueda de la verdad, la moral, la ética, la belleza, el lenguaje, la mente, entre muchas otras. A muy grandes rasgos, en occidente, hemos dividido a la filosofía en algunas etapas (por ejemplo, la filosofía griega, la filosofía medieval y la filosofía moderna) y dentro de cada una hemos ubicado a distintos pensadores que nos han ayudado a comprender y producir cambios sociales y culturales. Disponível em: https://psicologiaymente.com/cultura/filosofos-mas-famosos-importantes. O texto acima transcrito apresenta, nos dois parágrafos, duas ideias importantes, relativas à Filosofia, que são o(a) A sentido da existência humana e a busca da verdade entre outras coisas. B busca de respostas a questões básicas e a divisão do estudo filosófico em etapas. C estudo das questões morais e éticas, e a preocupação com o tema da beleza. D divisão da Filosofia em etapas e a localização de pensadores distintos. E compreensão e a consequente produção das mudanças sociais e culturais. QUESTÃO 09 ¡Son tantos los prejuicios y las afirmaciones ligeras sobre todo lo de China! Cuando no se la concibe con tonos mágicos y casi sobrenaturales, la civilización china es denigrada por ignorancia o mala fe. BEJA, F. B. China: su historia y cultura hasta 1800, p. 19. No seu estudo sobre a história e a cultura chinesa, Flora Botton Beja começa afirmando que A sobre a China, há muitos preconceitos e concepções fantasiosas por ignorância ou má fé. B as afirmações rápidas e fantasiosas sobre a China causam muitos prejuízos àquele país. C são muitos os prejuízos e afirmações ligeiras e mágicas sobre toda a civilização chinesa. D a civilização chinesa é denegrida pelos mágicos exploradores de coisas sobrenaturais. E os prejuízos causados pela China se devem à ignorância e à má fé da civilização chinesa. 中国历史 Zhōngguó lìshǐ (História da China, em mandarim) 6 QUESTÃO 10 La cabeza y el cuello son un área especialmente difícil de dominar para los estudiantes, residentes y profesores, debido no sólo al gran número de estructuras que se concentran en esta región relativamente pequeña del cuerpo, sino también a la complejidad de su organización anatómica en las tres dimensiones. El viejo dicho de que “hay más anatomía por encima del hioides que por debajo” plantea un reto sin igual a cualquiera que trate de representar la anatomía de esa región de forma simple, visualmente atractiva y clínicamente relevante. NETTER. Atlas de Anatomía Humana, p. 7. Na introdução do célebre Atlas de Anatomia Humana, de Frank H. Netter (edição em espanhol), o autor afirma que A os estudantes apresentam dificuldade em dominar a área da cabeça de um coelho. B um velho já dizia que havia mais ossos por baixo da língua do que por cima dela. C por possuir uma região pequena, a cabeça não concentra um número elevado de estruturas. D o osso hioide apresenta um formato reto sem igual em sua anatomia de forma simples. E é um desafio inigualável representar de forma simples a região da cabeça e do pescoço. QUESTÃO 11 Disponível em: http://migre.me/jzYsH. “A censura, seja qual for, parece-me uma monstruosidade, algo pior que o homicídio; o atentado contra o pensamento é um crime de lesa-alma.” Flaubert (1821-1880) 7 http://migre.me/jzYsH A imagem, aliada à citação de Flaubert, promove um conceito extremamente crítico acerca da censura que muitos países promovem como forma de cercear a liberdade de seus habitantes quanto A o acesso à informação no universo digital. B à exposição de suas vidas privadas nas redes sociais. C à divulgação de literatura engajada. D à prevenção de usos indevidos da internet. E à unificação de redes comunicativas analógicas. QUESTÃO 12 Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Motivo Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada. MEIRELES, C. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001. Na literatura de Cecília Meireles, há muitas discussões sobre a efemeridade da vida e sua relação com a morte. Dentre os vários recursos utilizados pela autora para consolidar seu diálogo com as temáticas citadas, destacamos o uso da figura de linguagem denominada eufemismo, popularmente conhecida como figura da suavização. No poema acima, podemos identificar que houve suavização da ideia da morte na seguinte passagem: A “Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada.” B “Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.” C “Atravesso noites e dias no vento.” D “Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.” E “E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.” 8 QUESTÃO 13 Rima Rondo pela noite Imaginando mil coisas Meditando sozinho Até a madrugada Isto tudo é tão contrário Medo e coragem Amor e ódio Revolta e compreensão Mas nada rima nesse mundo Apenas eu e você restávamos Resto do que o mundo já foi Intensamente, imensamente, eternamente Até mesmo nós sucumbimos Reavaliamos nossa condição Indiferentes, deixamos de rimar Menos um casal no mundo Agora ando sozinho Meditando noite adentro Imaginando e esquecendo mil e uma coisas Rondando até a madrugada Raimundo Correia Reconhecidamente parnasiano, Raimundo Correia, nos versos lidos, rompe com preceitos dessa escola porque ele A contrapõe a rima presente no poema e a falta de harmonia entre as pessoas. B utiliza a palavra rima com um único sentido. C opta pelo refinamento formal, retomando preceitos clássicos. D confirma a ideia fundamental da Arte pela Arte. E apresenta a vida de forma pessimista, utilizando a subjetividade da palavra rima. QUESTÃO 14 Um prêmio chamado Sharp, ou Shell, Deus me livre! Não quero. Acho esses nomes feios. Não recebo prêmios de empresas ligadas a grupos multinacionais. Não sou traidor do meu povo nem estou à venda. SUASSUNA, A., criador do Movimento Armorial. Veja, 3 jul. 1996. Pelo que se pode inferir, o autor de O auto da compadecida não recebia prêmios de empresas multinacionais porque A achou os nomes das empresas muito feios. B estaria prestando um desserviço à cultura linguística do seu país. C detestava qualquer empresa que não fosse brasileira. D achava que esses prêmios não tinham valor. E rejeitava a ideia de ficar devendo favores às empresas. 9 QUESTÃO 15 Sobre o processo de formação da palavra “macarronívoro”, podemos inferir que é um(a) A arcaísmo, pois usa elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. B neologismo formado pela composição de dois radicais semelhante ao que ocorre na palavra “herbívoro”. C gíria infantil, visto que a criança formou uma palavra que não obedece a uma lógica interna da língua portuguesa. D neologismo formado por derivação parassintética cujo sufixo apresenta sentido de “devorar, comer”. E gíria, por expressar um termo característico da fala de determinada faixa etária. QUESTÃO 16 Procura da poesia Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Carlos Drummond de Andrade Observando os versos de Drummond,em Procura da poesia, podemos observar que A o autor preocupa-se com a forma em detrimento do conteúdo. B não há relação entre o título e o corpo do poema. C o aspecto referencial se sobressai em relação ao poético. D há indícios de metatextualidade na estrutura poética. E há um forte apelo em dialogar com um destinatário desiludido. 10 QUESTÃO 17 TEXTO I 1. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. 4. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Coríntios 13. TEXTO II Monte Castelo O amor é o fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor, eu nada seria É um não querer mais que bem querer É solitário andar por entre a gente É um não contentar-se de contente É cuidar que se ganha em se perder É um estar-se preso por vontade É servir a quem vence, o vencedor É um ter com quem nos mata a lealdade Tão contrário a si é o mesmo amor Estou acordado e todos dormem Todos dormem, todos dormem Agora vejo em parte Mas então veremos face a face É só o amor! É só o amor Que conhece o que é verdade Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor, eu nada seria Renato Russo Ocorre entre os dois textos uma intertextualidade temática por meio da paráfrase. No entanto, é possível perceber ainda um recurso denominado A paródia. B pastiche. C estilização. D bricolagem. E epígrafe. QUESTÃO 18 Charles Darwin, o único e aristocrático passageiro do HMS Beagle (His Majesty’s Ship Beagle), teve uma feliz e venturosa estada nas ilhas Galápagos ao largo do Equador, no oceano Pacífico, naquele longínquo ano de 1835. Foram quatro semanas de muito sol, passeios de barco pelas praias e enseadas, incursões pelas ilhas, onde a insaciável curiosidade do naturalista amador se deliciou observando e colecionando fantástico espécimes animais e vegetais. Uma tarde, caminhando pela ilha, Charles surpreendeu-se com a declaração do governador Nicholas Lawson de que seria capaz de dizer exatamente de qual ilha provinha cada uma das inumeráveis tartarugas que encontravam pelo caminho. “Está sugerindo que cada ilha produz seu tipo especial de tartaruga?”, perguntou Darwin. O governador não tinha dúvidas, pois há mais de ano aprendera a identificá-las observando as carapaças, com os gomos mais altos ou mais baixos, a espessura, o colorido, o comprimento do pescoço e das pernas. Abismado, Darwin perguntou se o governador sabia por que isso acontecia. Os olhos do próprio Darwin já haviam visto algo parecido, ali mesmo nas ilhas Galápagos. Ele observara que os tentilhões, pequenos pássaros que lá existem aos milhares, tinham bicos diferentes, maiores ou menores, conforme fosse a ilha de origem. [...] Disponível em: https://super.abril.com.br/comportamento/darwin-a-evolucao-de-um-homem/. 11 Na reportagem, entre os recursos usados para organizar a sequência dos eventos apresentados e descritos, destaca-se a A alternância de tempos do pretérito para ordenar os acontecimentos. B inclusão de enunciado com comentário e avaliação do pesquisador. C construção de frases curtas a fim de conferir dinamicidade ao texto. D presença de advérbios de lugar para indicar a progressão dos fatos. E referência a pessoas marcantes na trajetória da pesquisa do cientista. QUESTÃO 19 A partir da representatividade do quadrinho acima, percebe-se que há a presença marcante da função da linguagem A apelativa. B metalinguística. C expressiva. D referencial. E fática. QUESTÃO 20 TEXTO I Amor No outro dia me despedi dos camaradas. O vento balançava os campos e pela primeira vez senti a beleza ambiente. Olhei sem saudades para a casa-grande. O amor pela minha classe, pelos trabalhadores e operários, amor humano e grande, mataria o amor mesquinho pela filha do patrão. Eu pensava assim e com razão. Na curva da estrada voltei-me. Honório acenava adeus com a mão enorme. Na varanda da casa-grande o vento agitava os cabelos de Mária. Eu partia para a luta de coração limpo e feliz. AMADO, J. Cacau. São Paulo: Ática, 2000. TEXTO II Amor Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação. Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no 12 apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. E cresciam árvores. Crescia sua rápida conversa com o cobrador de luz, crescia a água enchendo o tanque, cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das empregadas do edifício. Ana dava a tudo, tranquilamente, sua mão pequena e forte, sua corrente de vida. LISPECTOR, C. Laços de Família. São Paulo: Rocco, 2012. A partir da leitura comparativa dos textos I e II, pode-se inferir que, entre eles, ocorre A intertextualidade por paráfrase – ambos trabalham o mesmo tema. B intertextualidade por paródia – o texto I ironiza o sentido do texto II. C intertextualidade por citação – um texto alude ao outro indiretamente. D intertextualidade por epígrafe – uma frase antecipa o conteúdo de ambos. E intertextualidade por pastiche – o autor do texto I imita o autor do texto II. QUESTÃO 21 Para os concretistas, a arte é autônoma e a sua forma remete às da realidade, logo, as poesias, por exemplo, estão cada vez mais próximas das formas arquitetônicas ou esculturais. As artes visuais não figurativas começam a ser mais evidentes, a fim de mostrar que, no mundo, há uma realidade palpável, a qual pode ser observada de diferentes ângulos. A percepção que melhor se enquadra no poema acima é o(a) A referente ao conceito imagético de poesia, explorando diferentes planos de expressão, quebrando as limitações do academicismo. B modismo imposto pela poesia puramente metatextual, em que a linguagem é o único recurso válido. C subjetividade extremada, anulando quaisquer outros valores estéticos a serem discutidos. D valoração de um aspecto formal clássico, desconstruindo o conceito de modernidade e vanguarda. E indução de um pensamento unificado e limitado quanto aos diferentes eixos expressivos do concretismo. 13 QUESTÃO 22 Conhecido como poeta do mau gosto, no texto lido, Augusto dos Anjos A utiliza recursos simbolistas, como as maiúsculas alegorizantes e elementos simbólicos que confirmam uma visão negativa da vida. B oscila entre o Arcadismo e o Pré-Modernismo, pois revela preocupação social sutil mesclada com o pessimismo nítido. C encontra na morte a saída para as dores sofridas, retomando elementos do Realismo, como a noite e a natureza. D escolhe os astros e as estrelas como símbolos de renovação e de otimismo, amenizando, assim, o sofrimento e despertando para uma existência otimista. E preocupa-se exclusivamente com o refinamento formal e com a erudição, já que trata de um assunto tão complexo: a morte. QUESTÃO 23 14 Sobre as estruturas linguísticas presentes na peça acima, pode-se depreender que A a estrutura “o coronavírus” complementa ossentidos do nome “Fortaleza”. B “Tudo”, ainda que seja um pronome, tem natureza substantiva, uma vez que agrega (sem ser preciso) uma série de substantivos que poderiam estar presentes na peça, mas que não estão por se tratar apenas do título de site. C “que” é um pronome relativo, mas não estabelece relação anafórica no texto em que ocorre. D “você” é um pronome pessoal reto, razão pela qual desempenha função sintática de sujeito. E a supressão do artigo “o” em “Tudo o que você precisa (...)” não prejudicaria a correção gramatical. QUESTÃO 24 Em uma relação comparativa entre os dois textos, destaca-se como diferença A a temática da seca. B o discurso social. C a linguagem utilizada. D os indivíduos retratados. E o espaço destacado. 1- Cândido Portinari (1903-1962), com a série Os retirantes, foi o artista plástico que melhor retratou o Nordeste da década de 1930. 2- Vidas Secas (1963), filme de Nelson Pereira dos Santos, inspirado no romance homônimo de Graciliano Ramos. 15 QUESTÃO 25 — Feiosa, baixa, entroncada, carrancuda ao menor enfado, disse ele, não admito que homem algum se apaixone pela filha do Capitão-Mor, salvo se não é aquela que eu tenho visto no Poço da Moita, onde cheguei a passar mais de uma semana com as febres. Vão ver que ela usou de feitiçaria... Ora se não é isso! Vão ver. Margarida era muitíssimo do seu sexo, mas das que são pouco femininas, pouco mulheres, pouco damas, e muito fêmeas. Mas aquilo tinha artes do Capiroto. Transfigurava-se ao vibrar de não sei que diacho de molas. (...) Esposando ao Major Joaquim Damião de Barros, uns dezesseis anos mais avançado que ela na idade, passou a chamar-se Margarida Reginaldo de Oliveira Barros. Se, recebendo o nome do marido, ela fez tudo o mais que ordena a Santa Madre Igreja, a Deus pertence. PAIVA, O. Dona Guidinha do Poço (fragmento). Considerado um clássico da literatura brasileira, Dona Guidinha do Poço apresenta uma linguagem acessível que aproveita muito das tradições orais e do folclorismo nordestino. No fragmento acima, essas características aparecem materializadas quando o(a) A personagem feminina é descrita de forma transcendental, sendo exaltada por agir conforme ordena a Igreja. B apresentação da personagem feminina passa a ocorrer por meio de uma linguagem simples e de elementos místicos, como a influência do diabo. C uso de palavras como diacho ressalta uma influência naturalista ainda incipiente. D descrição da personagem feminina apresenta resquícios de Romantismo tardio pelo uso de superlativos. E modo pejorativo como a mulher é descrita indica uma contradição entre os modos populares e o que a Igreja impõe. QUESTÃO 26 Posologia do Ibuprofeno Suspensão Oral e Gotas Uso oral. Agite antes de usar. Não precisa diluir. Suspensão 30 mg/mL A posologia recomendada para crianças a partir de 6 meses deve seguir o quadro 1, conforme o peso da criança, em intervalos de 6 a 8 horas, ou seja, de 3 a 4 vezes ao dia, não excedendo o máximo de 7 mL por dose. Pacientes pediátricos com mais de 30 kg não devem exceder a dose máxima de 7 mL. Bula é o nome que se dá ao conjunto de informações sobre um medicamento que obrigatoriamente os laboratórios farmacêuticos devem acrescentar à embalagem de seus produtos vendidos no varejo. As informações podem ser direcionadas aos usuários dos medicamentos, aos profissionais de saúde ou a ambos. Ao analisar os aspectos do gênero acima, nota-se que, na parte conhecida como “posologia”, há um predominante caráter 16 A missivo. B argumentativo. C narrativo. D injuntivo. E coercitivo. QUESTÃO 27 Cântico das árvores Quem planta uma árvore enriquece A terra, mãe piedosa e boa: E a terra aos homens agradece, A mãe os filhos abençoa. A árvore, alçando o colo, cheio De seiva forte e de esplendor Deixa cair do verde seio, A flor e o fruto, a sombra e o amor. Crescei, crescei na grande festa Da luz, de aroma e da bondade, Árvores, glória da floresta! Árvores vida da cidade! Crescei, crescei sobre os caminhos, Árvores belas, maternais, Dando morada aos passarinhos, Dando alimento aos animais! Outros verão os vossos pomos: Se hoje sois fracas e crianças, Nós, esperanças também somos Plantamos outras esperanças! Para o futuro trabalhamos: Pois, no porvir, novos irmãos, Hão de cantar sob estes ramos, E bendizer as nossas mãos! Olavo Bilac Considerado o príncipe dos poetas brasileiros devido à sua popularidade nos salões e saraus, Olavo Bilac, no poema lido, confirma sua presença na escola parnasiana porque A demonstra forte sentimentalismo ao utilizar a árvore como metáfora do amor. B utiliza de descritivismo para evidenciar a função das árvores. C apresenta uma relação pessoal e emotiva com as árvores. D retoma a exaltação romântica da natureza. E mostra a funcionalidade das árvores nas grandes cidades. QUESTÃO 28 Um anjo dorme aqui; na aurora apenas, disse adeus ao brilhar das açucenas em ter da vida alevantado o véu. – Rosa tocada do cruel granizo Cedo foi-se e no infantil sorriso passou do berço para brincar no céu! ABREU, C. In Primaveras. 17 A partir da leitura integral do texto, pode-se dizer que tem como tema central o(a) A inocência de uma criança. B nascimento de uma criança. C sofrimento pela dor de uma criança. D desalento pela viagem de uma criança. E morte prematura de uma criança. QUESTÃO 29 Se essa rua, se essa rua fosse minha Eu mandava, eu mandava ladrilhar Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes Para o meu, para o meu amor passar Nessa rua, nessa rua tem um bosque Que se chama, que se chama solidão Dentro dele, dentro dele mora um anjo Que roubou, que roubou meu coração Mario Lago / Roberto Martins Na canção Se essa rua fosse minha, a utilização dos vocábulos “Se” e “fosse” indicam um(a) A fato histórico vinculado à memória nacional. B certeza que consolida a afirmativa feita. C hipotética condição sobre algo que poderia ser feito. D realidade a ser confirmada num futuro próximo e datado. E ação habitual e repetitiva, em relação à declaração do próprio artista. QUESTÃO 30 TEXTO I Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Anedota futebolística TEXTO II – Minha terra tem Corinthians Onde canta o sabiá! – Tá sendo besta. O certo é Minha terra tem Palmeiras... – Besta é você. Ora mais, meu bom. Cada um canta o time que quiser. 18 O texto II, em relação ao texto I, é um tipo de A imitação. B paráfrase. C paródia. D cópia. E plágio. QUESTÃO 31 Disponível em: http://migre.me/jzYzw. Na imagem acima, a pintura nos fornece um olhar crítico baseado A no pensamento de que a fadiga humana é decorrente da exploração de estratos sociais mais favorecidos. B em uma relação complexa entre exploradores e explorados, mostrando que as relações de poder determinam as posições sociais. C na apresentação de ideais de liberdade, nos quais o grupo que descansa não mantém qualquer vínculo com o dos explorados. D em uma organização igualitária, em que privilégios são distribuídos fraternalmente entre as classes sociais. E na ideia de justiça e igualdade, mostrando que o trabalho transforma a vida das classes menos favorecidas. QUESTÃO 32 É impossível idear-se cavaleiro mais chucro e deselegante; sem posição, pernas coladas ao bojo da montaria, tronco pendido para a frente e oscilando à feição da andadura dos pequenos cavalos do sertão, desferrados e maltratados, resistentes e rápidos como poucos. Nesta atitude indolente, acompanhando morosamente, a passo, pelas chapadas, o passo tardo das boiadas, o vaqueiro preguiçosoquase transforma o “campeão” que cavalga na rede amolecedora em que atravessa dois terços da existência. Mas se uma rês “alevantada” envereda, esquiva, adiante, pela caatinga garranchenta, ou se uma ponta de gado, ao longe, se trasmalha, ei-lo em momentos transformado, cravando os acicates de rosetas largas nas ilhargas da montaria e partindo como um dardo, atufando-se velozmente nos dédalos inextricáveis das juremas. CUNHA, E. Os sertões, Cap. III, O sertanejo (fragmento). 19 http://migre.me/jzYzw Publicado em 1902, cinco anos depois da destruição de Canudos pelas tropas da recém- -proclamada República, Os sertões é considerado um marco literário que descreve um momento importante da história do Brasil. No trecho acima, o narrador A ridiculariza o sertanejo, descrevendo-o de forma jocosa. B exalta o sertanejo tal como era exaltado o personagem do romance regionalista. C faz uma crítica social ao governo da República que negligencia o sertanejo. D indica o paradoxo das ações do sertanejo, já que, por um lado, revela um grupo frágil e, por outro, corajoso e decidido. E confirma o ideal pré-modernista, por meio de uma linguagem metafórica e subjetiva. QUESTÃO 33 Quando o sol vai dentro d'água Seus ardores sepultar, Quando os pássaros nos bosques Principiam a trinar; Eu a vi, que se banhava... Era bela, ó Deuses, bela, Como a fonte cristalina, Como luz de meiga estrela. Ó Virgem, Virgem dos Cristãos formosa, Porque eu te visse assim, como te via, Calcara agros espinhos sem queixar-me, Que antes me dera por feliz de ver-te. O canto do índio O tacape fatal em terra estranha Sobre mim sem temor veria erguido; Dessem-me a mim somente ver teu rosto Nas águas, como a lua, retratado. Eis que os seus loiros cabelos Pelas águas se espalhavam, Pelas águas, que de vê-los Tão loiros se enamoravam. Ela erguia o colo ebúrneo, Por que melhor os colhesse; Níveo colo, quem te visse, Que de amores não morresse! (...) DIAS, G. Primeiros Cantos. Os versos lidos retratam as palavras de um chefe indígena encantado por uma moça branca – a “Virgem dos Cristãos formosa” – vista ao se banhar em um lago. Nos versos lidos, a estética romântica é A confirmada devido à forma como a virgem é retratada, confundida com os elementos da natureza. B fragilizada, já que a mulher descrita é uma europeia loira, branca e cristã. C menosprezada, por aproximar-se das cantigas líricas trovadorescas. D intensificada pela presença dominante do branco europeu. E ridicularizada, devido ao uso de recursos como ironia. 20 QUESTÃO 34 Podemos notar que o humor da tirinha acima reside na Disponível em: cheiadecharme.blog.br. A insensatez com que se trata o tema, criando uma perspectiva ilógica de compreensão. B na quebra de expectativa gerada pela justificativa apresentada para não pisar na balança. C no medo que a personagem demonstra das novas tecnologias. D na ausência de criticidade no vazio diálogo entre as amigas. E na visão supérflua que evita tecer críticas aos males contemporâneos. QUESTÃO 35 Dar-te-ei Não te darei flores Não te darei Elas murcham Elas morrem [...] Dar-te-ei, finalmente, os beijos meus Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus Esses embalam Esses secam Mas esses ficam [...] Não te darei festas Não te darei Elas terminam Elas choram Elas se vão Não te darei casacos Não te darei Nem essas coisas que te resguardam E que se vão [...] Marcelo Jeneci 21 Sobre a colocação dos pronomes oblíquos átonos no texto, podemos depreender que o(a) A emprego dos pronomes oblíquos sugere a intenção do compositor de valorizar a variante regional da língua, mesmo contrariando a orientação prescrita pela gramática normativa. B opção pelo uso de pronomes oblíquos é um indício das tentativas do autor de demonstrar seu domínio da norma culta e gerar duplo sentido em seus enunciados. C mesóclise, mesmo em desuso no atual estágio da língua, foi empregada, pois há um verbo conjugado no futuro no início da oração. D próclise, por ser a colocação preferida pelos falantes brasileiros, pode ser sempre usada independentemente do contexto. E ênclise não foi empregada no texto, visto que essa colocação, apesar de promover elegância e estilo, torna o texto mais rebuscado. QUESTÃO 36 “Na legislação interna dos países, a espionagem costuma ser juridicamente entendida como a obtenção sub-reptícia e indevida de informação sigilosa do Estado. Esse tipo de conduta é criminalizado pela legislação de cada país. O mesmo se pode dizer do vazamento, que guarda estreita relação com a espionagem e que consiste na divulgação indevida de informações por quem tem o dever legal do sigilo. A espionagem é um dos poucos crimes na legislação brasileira que podem, em tempo de guerra, levar à pena de morte, seja o condenado nacional ou estrangeiro, civil ou militar, além de, em tempo de paz, sujeitar o militar que a pratique à indignidade para o oficialato”. (...) CONDEIXA, F. M. S. P. Espionagem e direito. In: Revista Brasileira de Inteligência, nº 10, 2015, p. 25-6 (fragmento adaptado). A respeito das palavras destacadas no texto acima, é possível inferir que A introduzem sentenças de valor retórico, por isso podem ser consideradas passagens aristotélicas. B introduzem sentenças explicativa e restritiva, respectivamente, em função do tipo de pronome que cada “que” representa. C ambas introduzem circunstância de modo, pois explicam como cada referente funciona no texto. D têm função anafórica e indicam relação de posse entre as orações. E ambas são formais e introduzem orações de valor retórico e aristotélico, respectivamente. QUESTÃO 37 Fez a corte, não deixava a moça, trazia-lhe mimos, encheu as tias (Cogominho era viúvo) de presentes; mas a moça parecia não atinar com os desejos daquele bacharelinho baço, pequenino, feio e tão roceiramente vestido. Ele não desanimou; e, por fim, a moça descobriu que aquele homenzinho estava mesmo apaixonado por ela. Em começo, o seu desprezo foi grande; achava até ser injúria que aquele tipo a olhasse; mas, vieram os aborrecimentos da vida da província, a sua falta de festas, o tédio daquela reclusão em palácio, aquela necessidade de namoro que há em toda a moça, e ela deu-lhe mais atenção. Casaram-se, e Numa Pompílio de Castro foi logo eleito deputado pelo Estado de Sernambi (...) Ela lhe havia descoberto a simulação do talento e o seu desgosto foi imenso porque contava com um verdadeiro sábio, para que o marido lhe desse realce na sociedade e no mundo. Ser mulher de deputado não lhe bastava; queria ser mulher de um deputado notável, que falasse, fizesse lindos discursos, fosse apontado nas ruas. BARRETO, L. Numa e a Ninfa (fragmento). 22 Representante do Pré-Modernismo, Lima Barreto é um exímio observador da realidade. No trecho lido, tal análise se dá devido ao(à) A uso de uma linguagem clara, objetiva, prolixa e simples, própria para um texto com teor de denúncia. B desconstrução da idealização do casamento e ao destaque de sentimentos pouco nobres. C construção de um estereótipo de beleza que é necessária para contrair o matrimônio. D força avassaladora do sentimento amoroso, o qual vence todas as diferenças para que os amantes fiquem juntos. E perspectiva feminina idealizada de amor, levando a mulher a apaixonar-se pelo marido tardiamente. QUESTÃO 38 Disponível em: pensarenlouquece.com. A partir da tirinha acima, nota-se que a visão construída por Calvin a respeito da Morte A guarda uma profunda relação com aspectos místicos diretamente conectados com um sagrado desvinculado de diálogo com a ciência. B aparece apoiada em princípios da Teoria do Desenvolvimento Humano, que enxergam a morte como a etapafinal do ciclo da vida. C apresenta um forte apelo teológico desvinculado de pretensões reflexivas sobre o estar no mundo existencialista. D expõe sua completa incapacidade de compreender a convergência de raciocínios complementares. E evidencia o traço da opinião arraigada, aprimorada por valores dogmáticos e intransponíveis da personagem. QUESTÃO 39 Era de manhã. D. Camila estava ao espelho, a janela aberta, a chácara verde e sonora de cigarras e passarinhos. Ela sentia em si a harmonia que a ligava às coisas externas. Só a beleza intelectual é independente e superior. A beleza física é irmã da paisagem. D. Camila saboreava essa fraternidade íntima, secreta, um sentimento de identidade, uma recordação da vida anterior no mesmo útero divino. Nenhuma lembrança desagradável, nenhuma ocorrência vinha turvar essa expansão misteriosa. Ao contrário, tudo parecia embebê-la de eternidade, e os quarenta e dois anos em que ia não lhe pesavam mais do que outras tantas folhas de rosa. Olhava para fora, olhava para o espelho. De repente, como se lhe surdisse uma cobra, recuou aterrada. Tinha visto, sobre a fonte esquerda, um cabelinho branco. Ainda cuidou que fosse do marido; mas reconheceu depressa que não, que era dela mesma, um telegrama da velhice, que aí vinha a marchas forçadas. O primeiro sentimento foi de prostração. D. Camila sentiu faltar-lhe tudo, tudo, viu-se encanecida e acabada no fim de uma semana. ASSIS, M. Uma senhora (fragmento). 23 Representante do Realismo brasileiro, Machado de Assis, no trecho lido, A apresenta indícios claros da estética anterior, uma vez que compara a beleza de dona Camila à paisagem e faz referência ao divino. B aponta indícios naturalistas, já que a descrição do aspecto físico supera a perturbação interior da personagem. C confirma o viés da escola realista, porque destaca a sondagem psicológica como cerne da problemática sugerida: o drama devido ao envelhecimento. D rompe com a estética realista, ao dramatizar um assunto como o processo de envelhecimento. E destaca a vaidade excessiva como uma patologia de natureza científica, alertando para os riscos da velhice. QUESTÃO 40 Que delícia! Aquisição à vista. A Bauducco, maior fabricante de panetones do país, está negociando a compra de sua maior concorrente, a Visconti, subsidiária brasileira da italiana Visagis. O negócio vem sendo mantido sob sigilo pelas duas empresas em razão da proximidade do Natal. Seus controladores temem que o anúncio dessa união – resultando numa espécie de AmBev dos panetones – melindre os varejistas. VASSALLO, C. Exame. O texto lido tem como base o gênero A crônica – apresenta um fato do cotidiano. B conto – apresenta uma situação insólita. C reportagem – apresenta detalhadamente um tema. D notícia – apresenta resumidamente um fato. E propaganda – apresenta persuasivamente um produto. QUESTÃO 41 Soneto torresmista Não basta a ditadura que já dura e vem a ditadura antigordura! Saímos do regime militar, caímos no regime do regime. Censuram-nos até no paladar! Trabalho, horário, imposto, compromisso. Orgasmo não se tem como se quer. Só sobra o bom do garfo e da colher, e os nazis nariz metem até nisso. Maldita seja a mídia, sempre a dar Espaço à medicina que reprime! Gestapo da "saúde" e "bem-estar"! Resista! Coma! Abaixo a ditadura! A luta tem um símbolo: FRITURA! MATTOSO, G., 1951. 24 Sobre as ideias e as estruturas do poema acima, é possível inferir que A a ironia do poema mostra-se dissociada da realidade, o que revela, inclusive, uma alienação sanitária do eu lírico. B a concordância nominal seria estabilizada se, em vez de “e os nazis nariz metem até nisso”, o autor tivesse optado por “e os nazis narizes metem até nisso”. C a última estrofe combina vocábulos e expressões de teor subversivo com um aparato repressivo. Essa ideia pode ser ilustrada com, por exemplo, o uso dos verbos no modo imperativo e da palavra “Gestapo”. D a substituição dos verbos “Resista!” e “Coma!” por “Resiste!” e “Come!” prejudicaria a coerência interna do poema, pois o propósito da interlocução seria alterado. E a ironia do poema é questionável, haja vista que os fatos históricos citados confirmam a tese proposta pelo autor desde o título. Isso leva a crer que o tema “ditadura” não passa de um pano de fundo para o eu lírico expor sua opinião. QUESTÃO 42 Disponível em: mundogospelblog.wordpress.com. O texto acima é uma receita que orienta o leitor acerca de como melhorar seus hábitos e comportamentos. A passagem textual em que as orientações são explicitadas reforçam, no texto acima, o caráter A descritivo. B narrativo. C expositivo. D injuntivo. E missivo. 25 QUESTÃO 43 Capítulo IV Um dever amaríssimo! José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias; não as havendo, servia a prolongar as frases. Levantou-se para ir buscar o gamão, que estava no interior da casa. Cosi-me muito à parede, e vi-o passar com as suas calças brancas engomadas, presilhas, rodaque e gravata de mola. Foi dos últimos que usaram presilhas no Rio de Janeiro, e talvez neste mundo. Trazia as calças curtas para que lhe ficassem bem esticadas. A gravata de cetim preto, com um arco de aço por dentro, imobilizava-lhe o pescoço; era então moda. O rodaque de chita, veste caseira e leve, parecia nele uma casaca de cerimônia. Era magro, chupado, com um princípio de calva; teria os seus cinquenta e cinco anos. Levantou-se com o passo vagaroso do costume, não aquele vagar arrastado dos preguiçosos, mas um vagar calculado e deduzido, um silogismo completo, a premissa antes da consequência, a consequência antes da conclusão. Um dever amaríssimo! ASSIS, M. Dom Casmurro. Sobre o fragmento acima, pode-se depreender que A as estruturas destacadas, quanto ao estilismo do autor, mostram como é possível burlar as convenções da norma culta e, ao mesmo tempo, ser elegante na locução. B entre as estruturas destacadas, apenas uma fere aquilo que a norma chama de colocação estilística. C em “...que lhe ficassem...” e “...imobilizava-lhe...”, os dois pronomes destacados apresentam valor semântico de posse. D “amaríssimo” significa, no contexto, “relativo ao amor, amoroso”. E as estruturas destacadas não ferem o padrão culto da linguagem e mostram uma variedade bastante formal da língua portuguesa. QUESTÃO 44 Para as Estrelas de cristais gelados As ânsias e os desejos vão subindo, Galgando azuis e siderais noivados De nuvens brancas a amplidão vestindo... Num cortejo de cânticos alados Os arcanjos, as cítaras ferindo, Passam, das vestes nos troféus prateados, As asas de ouro finamente abrindo... Siderações Dos etéreos turíbulos de neve Claro incenso aromal, límpido e leve, Ondas nevoentas de Visões levanta... E as ânsias e os desejos infinitos Vão com os arcanjos formulando ritos Da Eternidade que nos Astros canta... Cruz e Sousa 26 Como poeta simbolista, Cruz e Sousa é antinaturalista e anticientificista, além disso cultua o vago em substituição à descrição. No poema lido, além das características citadas, destaca-se o(a) A presença de elementos palpáveis e concretos, utilizados como uma maneira racional para atingir os objetivos. B estado de aniquilamento repentino causado pela ação escapista do suicídio, retomando, assim, a escola romântica. C uso da maiúscula alegorizante por meio das palavras “Estrelas” e “Visões”, as quais representam, respectivamente, um meio para atingir as essências e o etéreo. D recurso da aliteração e da assonância para atingir a musicalidade, dando cadência melódica ao texto. E ordem direta, revelando um texto que trata do tema da morte de forma objetiva e racional, afim de minimizar o sofrimento. QUESTÃO 45 Ia satisfeito com a visita, com a alegria de Capitu, com os louvores de Gurgel, a tal ponto que não acudi logo a uma voz que me chamava: [...] — Sr. Bentinho, disse-me ele chorando; sabe que meu filho Manduca morreu? — Morreu? — Morreu há meia hora, enterra-se amanhã. Mandei recado a sua mãe agora mesmo, e ela fez-me a caridade de mandar algumas flores para botar no caixão. Meu pobre filho! Tinha de morrer, e foi bom que morresse, coitado, mas apesar de tudo sempre dói. Que vida que ele teve! O emprego da forma verbal grifada acima indica, considerando-se o contexto, A futuro, com um fato em desenvolvimento inicial. B presente, com uma certeza de um processo futuro. C futuro, com uma certeza de um processo contínuo. D presente, com um fato consumado há pouco tempo. E presente, com uma incerteza de um processo posterior. QUESTÃO 46 TEXTO I A ilusão do migrante Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no espaço, na ilusão de ter saído. Ai de mim, nunca saí. Carlos Drummond de Andrade 27 TEXTO II Xilogravura – No país da incerteza. A partir da leitura dos textos I e II, é possível sintetizar seus conteúdos semânticos em duas palavras. São elas, respectivamente, A acolhimento e saudade. B esperança e oportunidade. C inadequação e esperança. D esforço e recompensa. E alienação e desalento. QUESTÃO 47 Virgília? Mas então era a mesma senhora que alguns anos depois?... A mesma; era justamente a senhora que, em 1869 devia assistir aos meus últimos dias, e que antes, muito antes, teve larga parte nas minhas mais íntimas sensações. Naquele tempo, contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que ia lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Era isto Virgília, e era clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos; muita preguiça e alguma devoção, — devoção, ou talvez medo; creio que medo. Aí tem o leitor, em poucas linhas, o retrato físico e moral da pessoa que devia influir mais tarde na minha vida; era aquilo com dezesseis anos. ASSIS, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas, Capítulo XVII. Machado de Assis é considerado um dos principais nomes do Realismo brasileiro e sua obra reflete um olhar crítico sobre os costumes e gostos da sociedade carioca burguesa do século XIX. No trecho acima, ao afirmar que não sobredoura a realidade, o narrador machadiano se refere ao A Arcadismo, já que faz uma descrição dos instintos de Virgília, cujas atitudes eram animalescas. B Naturalismo, uma vez que Virgília acompanha o narrador até o momento de sua morte, tornando-a algo idílico. C Realismo, porque as características físicas e psicológicas de Virgília são bastante exaltadas. D Romantismo, pois afirma que, de acordo com essa estética, a mulher deve ser exaltada com devoção. E Simbolista, pois há um desvio do estilo realista, percebido pelo uso de palavras pejorativas ao se referir à mulher. 28 QUESTÃO 48 Disponível em: http://goo.gl/uUAuu5. A partir da imagem acima, nota-se que ela manifesta uma figura de linguagem caracterizada pela oposição ideológica de elementos não coexistentes, no caso, A antítese. B metonímia. C catacrese. D paradoxo. E hipérbato. QUESTÃO 49 Horas mortas Breve momento, após comprido dia De incômodos, de penas, de cansaço, Inda o corpo a sentir quebrado e lasso, Posso a ti me entregar, doce Poesia. Desta janela aberta, à luz tardia Do luar em cheio a clarear o espaço, Vejo-te vir, ouço-te o leve passo Na transparência azul da noite fria. Chegas. O ósculo teu me vivifica. Mas é tão tarde! Rápido flutuas, Tornando logo à etérea imensidade; E na mesa em que escrevo, apenas fica Sobre o papel – rastro das asas tuas, Um verso, um pensamento, uma saudade. Alberto de Oliveira 29 http://goo.gl/uUAuu5 Representante da escola parnasiana, aquele que é considerado o mais ortodoxo da tríade parnasiana brasileira, confirma esse título devido ao(à) A uso de palavras cotidianas, já que mostra como se sente após um dia de trabalho. B presença de palavras simples, como mesa, janela e noite. C apelo metafísico, ao citar o luar clareando o espaço. D sacralização da poesia, reservando a ela o poder de renovar suas forças. E subjetividade remanescente da escola romântica, ao falar da saudade. QUESTÃO 50 Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. Considerando os aspectos formais deste poema de Carlos Drummond de Andrade e a semântica possível para a conjunção QUE, pode-se inferir que o sentido A proposto é de subordinação de um indivíduo a outro. B observado é de explicação de uma ação individual. C proposto é de generalização do ato de amar dos indivíduos. D encontrado no texto é de particularização de um só indivíduo. E reiterado é de alusão ao jeito de amar de um dos indivíduos. 30 6
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