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HISTORIA - MODERNA PLUS - Volume unico-379-381


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O reinado de Carlos I
Carlos I, filho de Jaime I, assumiu o trono em 
 e deu continuidade po tica a so utista do 
pai. Diante da relutância do Parlamento em aprovar 
suas requisições de fundos, ele o dissolveu em 1629 
e passou a governar com o auxílio apenas de seu 
conselho privado. 
Após a dissolução do Parlamento, uma onda de 
repressão espalhou-se pelo país, com a censura de 
publicações consideradas subversivas, julgamentos 
arbitrários e torturas, o que contribuiu para acirrar 
os ânimos contra a monarquia.
Apenas a nobreza e a alta burguesia, beneficiadas 
pela venda de cargos e pela concessão de monopó-
ios permaneceram iéis monar uia As c asses 
sociais alinhadas ao calvinismo (a gentry, a burguesia 
comercial, além de trabalhadores e camponeses) de-
cidiram recorrer deso edi ncia ci i recusando se 
a pagar os impostos, uma vez que estes não haviam 
sido aprovados pelo Parlamento, mas impingidos 
arbitrariamente pelo rei.
Carlos I convocou novamente o Parlamento em 
1640, pois a Coroa precisava reunir fundos para 
desarticular uma revolta, na Escócia, promovida 
por calvinistas descontentes com as reformas re-
ligiosas realizadas pelo rei. Em vez de obedecer ao 
pedido de Carlos I, o Parlamento impôs uma série 
de restrições, entre as quais a perda do direito de 
dissolver o Parlamento. Essa revolução teve como 
protagonistas os puritanos (como eram chamados 
os calvinistas na Inglaterra), por isso recebeu o nome 
de Revolução Puritana.
 A Revolução Puritana
Em 1642, iniciou-se uma sangrenta guerra civil, 
que durou até 1649. A Inglaterra ficou dividida entre 
as regiões que permaneceram fiéis ao rei e aquelas 
que apoiaram o Parlamento. Sob a liderança de Oliver 
Cromwell, a oposição parlamentar calvinista formou 
um exército revolucionário, conhecido como Exército 
de Novo Tipo. A guerra e o comando do exército eram 
privilégio tradicional dos nobres desde a Idade Média. 
No novo exército, entretanto, a promoção acontecia 
por mérito e não por nascimento. Assim, ele incluía em 
suas fileiras não só elementos oriundos da nobreza, 
mas também burgueses, comerciantes e pequenos 
proprietários de terra.
Com apoio maciço da população, o exército pren-
deu o rei e expulsou do Parlamento todos os elemen-
tos a or eis po tica dos tuart ar os tentou u-
gir, porém logo em seguida foi recapturado. Em 1649, 
oi u gado e decapitado so a acusação de traição 
pátria em virtude de sua política de aproximação com 
a Igreja Católica e com a Espanha [doc. 2].
DOC. 2 Execução do rei Carlos I da Inglaterra 
em Whitehall, Londres, em gravura de 1649. 
Os radicais da revolução
A Revolução Puritana também contou com a par-
ticipação das classes populares, que tinham seus 
próprios interesses e expectativas. No decorrer do 
processo revolucionário, surgiram grupos políticos e 
religiosos radicais que desejavam uma reviravolta to-
tal das relações sociais. Os principais eram conhecidos 
como levellers (niveladores) e diggers (escavadores) e 
representavam os anseios das classes mais pobres 
(camponeses, artesãos, pequenos comerciantes) por 
uma sociedade mais justa [doc. 3].
Esses grupos defendiam a divisão das grandes 
propriedades rurais, o fim dos cercamentos das terras 
comuns, a abolição da prisão por dívidas, o voto univer-
sal e a supressão do dízimo pago ao clero. Essas ideias 
assustavam a alta burguesia e os grandes proprietários 
rurais, que tinham outro projeto para a revolução: o fim 
dos obstáculos ao desenvolvimento de suas atividades 
econômicas, como monopólios, taxas, impostos e ou-
tras formas de intervenção do Estado na economia.
 A posição dos niveladores
Nas Revoluções Inglesas, a corrente leveller mais 
radical foi a dos verdadeiros niveladores (The true le-
vellers), que defendiam o fim da propriedade privada.
“A defesa da propriedade e do interesse individual 
divide o povo de um país e do mundo todo em partidos, 
e por isso é a causa de todas as guerras, carnificinas [...] 
Mas, quando a terra tornar a ser um tesouro comum, 
assim como ela deve ser, [...] então haverá de cessar 
essa inimizade entre todos os países, e ninguém mais se 
atreverá a tentar dominar os outros, nem ousará matar o 
seu próximo, nem desejará possuir mais terras que o seu 
semelhante.”
Gerrard Winstanley. A lei da liberdade [1652]. In: 
HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 146.
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A Rep blica uritana
Com a execução do rei e a expulsão de todos os 
realistas do Parlamento, a Inglaterra deixava de ser 
uma monarquia e tornava-se uma república (em in-
glês, Commonwealth). A Igreja Anglicana foi suprimida. 
Além disso, a Câmara dos Lordes, que representava 
a alta nobreza e o alto clero, foi dissolvida, restando 
apenas a Câmara dos Comuns.
Levantes contra o governo de Cromwell na Escó-
cia e na Irlanda, assim como movimentos populares 
radicais, foram esmagados pelo Exército do Novo 
Tipo. Em 1653, Cromwell dissolveu o que restou do 
Parlamento e assumiu o título vitalício de Lorde Pro-
tetor, tornando-se, na prática, ditador da República 
Inglesa [doc. 4].
Atos de Navegação
A política econômica de Cromwell destacou-se 
pela criação dos Atos de Navegação, aprovados 
pelo Parlamento em 1651. A medida estabelecia que 
todas as mercadorias que entrassem na Inglaterra 
só podiam ser transportadas em navios ingleses ou 
dos países produtores. A tentativa de estabelecer 
o monopólio inglês sobre o comércio e a navegação 
provocou uma guerra com os holandeses. Vencedora 
no conflito, a Inglaterra conquistou o domínio dos 
mares.
 A restauração e a 
Revolução Gloriosa
Após a morte de Cromwell, em 1658, o Parlamento 
desmobilizou o exército revolucionário e restaurou a 
monarquia e a dinastia Stuart. O rei Carlos II, porém, 
tinha seu poder limitado pela legislação aprovada 
durante a revolução. Mesmo assim, um dos primei-
ros atos do novo rei foi desenterrar os corpos de 
Cromwell e dos outros responsáveis pela execução 
do rei Carlos I. Eles foram enforcados e decapitados 
publicamente, ato que simbolizava que nenhum crime 
de regicídio ficaria impune.
Diante da tendência dos novos monarcas, em 
particular o rei Jaime II (irmão de Carlos II), de 
reforçar novamente o poder monárquico em dire-
ção ao absolutismo, o Parlamento, com o apoio 
de comerciantes, grandes proprietários rurais e 
financistas, depôs Jaime II, em 1688. Apesar de ter 
ficado conhecida como Revolução Gloriosa, não se 
tratou de outra revolução, mas da consolidação do 
Estado burguês surgido na Revolução Puritana. As-
sumiram o trono Guilherme de Orange e sua mulher 
Maria Stuart, filha de Jaime II. Guilherme de Orange 
foi obrigado a jurar a Declaração dos Direitos, que 
limitava os direitos do rei e o proibia de governar 
sem o Parlamento. 
DOC. 4 Eleição de Cromwell como Lorde Protetor, governante 
da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda, em 20 de abril de 1653, 
gravura colorida de Theodor Hosemann, 1855. Coll. Archiv F. 
Kunst & Geschichte, Berlim.
O processo revolucionário na Inglaterra marcou 
a primeira grande crise do absolutismo na Europa. O 
Estado burguês dele resultante criou as condições 
institucionais necessárias para que o capitalismo 
industrial se desenvolvesse na Inglaterra no decorrer 
do século XVIII.
• Regicídio. Assassinato de um monarca, de seu cônjuge 
ou de um de seus herdeiros. 
 Vocabulário histórico
Capitalismo
A palavra capitalismo designa um sistema econômico 
e social que se desenvolveuna Europa Ocidental entre os 
séculos XVI e XIX e que, progressivamente, difundiu-se 
pelo globo até se tornar o sistema hegemônico de produ-
ção de mercadorias. 
Segundo os pensadores alemães Karl Marx e Friedrich 
Engels, o capitalismo é um modo de produção de mer-
cadorias baseado na propriedade privada dos meios de 
produção (como máquinas, equipamentos e instalações 
necess rios produção ontes de energia terras e na 
exploração da mão de obra assalariada. 
Max Weber, outro grande teórico do capitalismo, abordou 
as origens do capitalismo em seu livro A ética protestante 
e o espírito do capitalismo, publicado em 1904. Diferente-
mente de Marx e Engels, Weber não define o capitalismo 
apenas como um modo de produção, mas como uma 
mentalidade, uma forma de comportamento e um estilo 
de vida originário de crenças religiosas calvinistas. 
 1. Sintetize a ideia principal apresentada pelo autor do 
texto [doc. 3].
 2. Compare a visão do nivelador Winstanley [doc. 3] 
com a do iluminista Rousseau [doc. 4], no capítulo 
18. O que as duas visões têm em comum?
QUESTÕES
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ANALISAR UM DOCUMENTO HISTÓRICO A construção da imagem de Cromwell
Ao contrário da maioria das revoluções modernas, 
inspiradas em ideologias políticas laicas, os revolu-
cionários ingleses recorriam a ideias religiosas para 
justificar seus atos. Cromwell acreditava ter sido 
escolhido por Deus para conduzir a nação inglesa a 
um papel único entre as outras nações. Logo após 
ter se declarado Lorde Protetor, ele afirmou:
“Interroguemos as nações sobre este assunto e elas 
prestarão testemunho. Com efeito, as benesses do Senhor 
recaem sobre nós como se Ele dissesse: Inglaterra, és mi-
nha primogênita, minha alegria entre as nações, e sob este 
céu que nos cobre o Senhor jamais deu esse tratamento a 
nenhum dos povos que nos rodeiam.”
Oliver Cromwell. Declaração do Lorde Protetor [1654]. 
In: HILL, Christopher. O eleito de Deus. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p. 131.
 
Para compreender o documento
Oliver Cromwell, de certa forma, é fruto da refor-
ma político-religiosa que promoveu a independência 
Cromwell entre duas 
colunas, gravura de 
William Faithorne, 1658.
 1. Por que Cromwell é representado nes-
sa ima gem segurando uma Bíblia?
 2. Observe o tamanho de Cromwell 
em relação aos outros elementos da 
imagem. Qual é o significado dessa 
desproporção?
 3. Identifique a contradição entre os 
princípios defendidos pela Revolu-
ção Puritana e a ideia que essa ima-
gem apresenta.
QUESTÕES
da Inglaterra em relação ao papado, no século XVI, 
e revelou, segundo alguns teólogos protestantes, o 
papel especial da nação inglesa na luta entre o Cristo 
e o Anticristo. A ideia da providência divina guiando 
os acontecimentos da história inglesa manifestava- 
-se, em Cromwell, em sua crença como o instrumen-
to de Deus que cumpriria os planos traçados para o 
povo inglês.
1. Esta gravura apresenta o ditador entre duas colunas. 
Na coluna da direita, três figuras alegóricas, ofere-
cendo louros ao ditador, representam a Inglaterra, a 
Escócia e a Irlanda. 
2. Na coluna da esquerda, as inscrições em latim 
mostram os princípios políticos da República In-
glesa, como “Magna Carta” e “O bem do povo é a lei 
suprema”. 
3. Na mão direita, Cromwell segura uma espada, que 
penetra três coroas, simbolizando a reunião dos rei-
nos da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda. 
4. O personagem segura na mão esquerda uma Bíblia, 
que simboliza a fé religiosa que guiou a revolução.
5. Acima e abaixo, são representadas diversas cenas 
que remetem a passagens bíblicas.
6. Acima da cabeça de Cromwell há uma pomba da paz 
e uma inscrição em grego antigo, que significa “Gló-
ria a Deus”.
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