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Antígenos e Anticorpos na Imunologia


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IMUNOLOGIA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Stephanie Von Stein Cubas Warnavin 
 
 
2 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Antígenos e Anticorpos 
Nesta aula, vamos iniciar os estudos sobre antígenos e anticorpos, e 
como ocorre a relação antígeno-anticorpo na resposta imune. Desse modo, 
iremos conhecer os tipos de antígenos, anticorpos e imunoglobulinas. Por fim, 
abordaremos os anticorpos monoclonais. Por essa razão, a aula está dividida 
nos seguintes temas: 
1. Antígeno: considerações gerais; 
2. Anticorpo – estrutura e funções; 
3. Imunoglobulinas; 
4. Resposta imune; 
5. Anticorpos monoclonais. 
TEMA 1 – ANTÍGENO: CONSIDERAÇÕES GERAIS 
Entre as diversas funções do sistema imunológico, uma das que se 
destacam é estabelecer uma diferenciação muito precisa entre os componentes 
próprios e não próprios dos organismos vertebrados, bem como reagir frente às 
substâncias estranhas e não destruir o patrimônio orgânico do corpo – a 
diferenciação entre as substâncias que nos são próprias e aquelas estranhas ao 
organismo é exercida pelos linfócitos imunocompetentes B e T e suas células 
correspondentes. 
A imunidade contra as doenças infecciosas causadas por microrganismos 
desenvolve-se em resposta a antígenos (Ag). Os antígenos são definidos como 
moléculas que são reconhecidas pelo sistema imunológico e induzem uma 
resposta imunológica. O antígeno estimula a produção de anticorpos e/ou 
resposta imunológica celular, a qual reagirá especificamente com o antígeno. A 
reação entre o antígeno e o anticorpo é similar àquela que ocorre entre a chave 
e a fechadura. É específica, e os anticorpos produzidos contra um antígeno não 
reagem (ou reagem fracamente), com outros antígenos. No Quadro 1 é possível 
observar as diversas denominações de antígenos e seus respectivos conceitos. 
 
 
3 
 
 
3 
Quadro 1 – Denominações dos antígenos 
Antígenos/Imunógenos/ 
Antígenos completos 
Substâncias capazes de promover resposta imunológica 
Haptenos/ 
Antígenos incompletos 
Não conseguem promover a resposta imunológica, apenas inte-
ragem com substâncias pré-formadas durante a reposta imuno-
lógica. 
Carreadores Unem-se a haptenos, tornando-os antígenos completos. 
Adjunvantes 
Substâncias que, quando se unem a imunógenos, aumentam o 
poder antigênico. 
Alérgenos 
Antígenos que promovem resposta imunológica exacerbada, 
como em hipersensibilidades (alergias). 
O antígeno pode ser uma substância solúvel produzida por um 
microrganismo, como uma toxina, por exemplo, ou uma substância presente em 
um vírus, uma bactéria ou outra célula de superfície, ou na parede celular. A 
maioria dos antígenos são proteínas, porém algumas são polissacarídeos de 
cápsulas bacterianas, ou glicolipídios. 
A parte do antígeno à qual o anticorpo se liga é chamada de determinante 
antigênico, epítope ou epítopo (Figuras 1 e 2). Na maioria dos casos, os 
antígenos contêm muitos determinantes que podem ser diferentes entre si ou ter 
estruturas moleculares repetidas. Um determinado microrganismo contém 
muitos antígenos diferentes. Protozoário, fungos e bactérias contêm centenas 
de milhares de antígenos. Alguns vírus contêm poucos antígenos (o vírus 
polyoma contém 3 antígenos); outros, chegam a mais de 100 antígenos 
(hipersvirus e poxvírus). A resposta imunológica se desenvolve para muitos 
desses antígenos durante a infecção. A resistência à infecção, entretanto, 
depende principalmente da resposta imunológica a um menor número de 
antígenos de superfície do microrganismo. Os antígenos de superfície relevantes 
encontram-se isolados e caracterizados para algumas viroses. Pouco se 
conhece sobre os antígenos que induzem resistência a bactérias, fungos e 
protozoários. 
Figura 1 – Representação esquemática do epítopo (ou epítope) ou determinante 
antigênico – parte do antígeno que promove a resposta imunológica, geralmente 
constituído por grupos de aminoácidos 
4 
 
 
4 
 
Figura 2 – Representação básica da interação anticorpo e antígeno; imunidade 
humoral e complexo antígeno-anticorpo; nota-se a presença de duas bactérias 
com epítopos e anticorpos diferentes 
 
Crédito: Designua/Shutterstock. 
Os antígenos são substâncias que podem ser reconhecidas pelas células 
T, células B ou ambas, por meio de receptores representados por anticorpo ou 
TCR (receptor de célula T) particular. Além disso, há dois grupos de antígenos: 
T-dependentes e T-independentes. Os antígenos que requerem a intervenção 
de linfócitos T para desencadear a produção de anticorpos pelo linfócito B são 
denominados “antígenos T-dependentes”. A maioria dos antígenos do tipo 
proteína está enquadrada nessa categoria. Os antígenos T-independentes são 
5 
 
 
5 
capazes de estimular os linfócitos B para produzirem anticorpos sem o auxílio 
dos linfócitos T. Os antígenos T-independentes são normalmente grandes 
compostos com múltiplas subunidades repetidas, como aqueles da cápsula 
polissacarídica das bactérias Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae 
tipo b, ou estreptococos do grupo B. 
Os antígenos T-independentes são imunógenos fracos nas pessoas com 
menos de dois anos de idade. A imunogenicidade dos antígenos T-
independentes é aumentada quando eles são transformados em antígenos T-
dependentes pela sua junção a uma proteína carreadora. Este fenômeno é 
utilizado na preparação de vacinas conjugadas, como a vacina contra H. 
influenza tipo b, na qual o polissacarídeo relevante (T-independente) é unido ao 
toxóide diftérico, toxóide tetânico, ou outra proteína carreadora (T-dependente). 
Quando ocorre uma falha no reconhecimento de um componente próprio, 
o nosso organismo passa a reagir contra ele, originando as doenças autoimunes, 
como a tireoidite de Hashimoto, a anemia perniciosa, a esclerose múltipla, a 
infertilidade, o Lúpus eritematoso sistêmico, a atrite reumatoide, a síndrome de 
Sjögren, entre outras doenças que serão abordadas posteriormente. 
O Quadro 2 mostra a classificação dos antígenos quanto à sua origem, 
espécie e natureza. 
Quadro 2 – Classificação dos antígenos 
Origem 
Exógenos – origem do meio externo 
Endógenos – origem do próprio organismo 
Espécie 
Xenoantígeno – própria espécie 
Aloantígeno – próprios de alguns membros da espécie 
Autoantígeno – próprio indivíduo 
Natureza 
Complexos químicos 
Proteínas 
Polissacarídeos 
Lipídeos 
TEMA 2 – ANTICORPO – ESTRUTURA E FUNÇÕES 
Anteriormente, estudamos que os linfócitos B, junto com os linfócitos T, 
constituem a resposta imune adaptativa (Figura 3). Os linfócitos B são as células 
responsáveis pela produção de anticorpos. Os anticorpos e o sistema 
complemento (que será abordado futuramente) formam a imunidade humoral, 
que se trata de substâncias solúveis. 
6 
 
 
6 
Figura 3 – Células do sistema imune adaptativo (resposta imune) 
 
Crédito: Designua/Shutterstock. 
Os linfócitos são produzidos na medula óssea. São oriundos de células-
tronco da linhagem hematopoiética. Os linfócitos T concluem a sua maturação 
no timo, enquanto os linfócitos B completam o processo na própria medula 
óssea. Após completarem sua maturação, são conduzidos para os órgãos 
linfoides secundários, permanecendo lá até que sejam ativados por um Ag. Os 
linfócitos B que já se encontram amadurecidos são chamados de “plasmócitos”, 
e são eles que formam os anticorpos. Importa saber que os linfócitos B (ou 
células B), são chamados de “células B naïve” quando ainda não ativados. 
Os anticorpos são biomoléculas que desempenham duas funções 
principais na defesa do organismo: reconhecimento de antígenos (Ag) e iniciar 
as reações que levam à destruição do Ag. 
Para desenvolver o reconhecimento de Ag, os anticorpos necessitam se 
conectar a moléculas que ficam na superfície do Ag invasor. Essas moléculas 
são chamadas de “epítopos” (estudas anteriormente). Os anticorpos são 
capazes de reconhecer e agir contra uma grande variedade de epítopos,o que 
possibilita reagir até mesmo com antígenos artificiais e mudanças moleculares 
ocorridas em agentes patógenos, resultado de recombinações e mutações de 
seu material genético. Isso se deve pelo fato de as células B guardarem 
propriedades específicas para essas ações, como diversidade, memória e 
7 
 
 
7 
especificidade. A especificidade e diversidade se devem pelos receptores de 
células B (BCRs), que são os receptores de Ag. 
Agora que conhecemos as principais funções dos anticorpos, 
precisaremos entender como eles são formados, além de suas principais 
estruturas utilizadas em suas funções no sistema imunológico. Cada linfócito B 
possui um receptor específico para um Ag (Figura 4). Ao ser ativado, o linfócito 
passa por diversos ciclos de divisões celulares (mitose), produzindo células-
filhas, clamadas de “clones”, que contêm receptores de Ag com a mesma 
especificidade do BCR da célula mãe. 
Figura 4 – Cada anticorpo liga-se a um antígeno específico; interação 
semelhante a uma fechadura e chave 
 
Crédito: Aldona Griskeviciene/Shutterstock. 
A estrutura do anticorpo é semelhante à letra grega gama ϒ (ou à letra 
“Y”), por isso, são também denominados “ϒ-globulinas”. A parte do anticorpo 
responsável pelo reconhecimento do Ag está situada em cada uma das 
extremidades dos “braços” do Y. Há também o hinge, semelhante a dobradiças 
próximas à junção dos braços e da haste. As dobradiças são flexíveis, permitindo 
que os braços se movam para reconhecer o Ag. A haste, por sua vez, possibilita 
a interação do anticorpo com o sistema imunológico (Figura 5). Para entender 
mais claramente como essa interação ocorre, é preciso saber que, em grande 
parte das vezes que as “invasões” de Ag acontecem, os anticorpos são eficientes 
8 
 
 
8 
para a inativação e/ou neutralização dos agentes patógenos, porém, em outros 
casos, isso não ocorre de maneira tão eficaz. Quando os anticorpos não 
conseguem combater o antígeno a ponto de neutralizá-lo, o anticorpo ativa um 
tipo de programa de destruição do invasor. Para isso acontecer, as moléculas 
efetoras ligam-se ao conjunto composto pelo antígeno e anticorpo por meio 
dessa haste, acionando mecanismos complexos que levam à eliminação do 
invasor, como a fagocitose realizada pelos neutrófilos e macrófagos. Os 
sistemas efetores têm ação bastante agressiva, podendo ser acionados pelos 
agrupamentos de anticorpos que se formam em torno das substâncias ou células 
invasoras, e não por anticorpos livres. 
Figura 5 – Estruturas do anticorpo 
 
Crédito: Akor86/Shutterstock. 
De modo geral, a haste do anticorpo é responsável direta pelas suas 
funções efetoras. Importante ressaltar que as hastes dos anticorpos são 
conservadas entre si. Entretanto, há diferenças que possibilitam agrupar 
anticorpos em classes, denominadas “isotipos”. Esses isotipos são chamados de 
9 
 
 
9 
IgG, IgM, IgE, IgA e IgD (Figura 6), que serão estudados de forma mais 
detalhada no próximo tema. 
Figura 6 – Isotipos de anticorpos 
 
Crédito: Yuliam/Shutterstock. 
TEMA 3 – IMUNOGLOBULINAS 
Os anticorpos compreendem uma família de proteínas globulares, chama-
das de “imunoglobulinas” (Ig). As imunoglobulinas são grupos de glicoproteínas 
(GPs) que representam o sistema imune humoral e estão espalhadas pelo sis-
tema circulatório. Sistema imune humoral é o conjunto de produtos do sistema 
imune que abrange os líquidos corporais, tais como saliva, linfa, plasma e outros. 
Como já mencionado, há cinco classes distintas de imunoglobulinas identifica-
das. Essas distinções são baseadas nas diferenças estruturais na composição 
de suas cadeias pesadas. 
Cada molécula de Ig é composta por duas cadeias pesadas e duas 
cadeias leves ligadas por pontes. Há duas regiões na imunoglobulina, a região 
aminoterminal (N-Terminal) e região carboxiterminal (C- Terminal). Na Figura 7 
é possível observar as várias estruturas das Imunoglobulinas. 
10 
 
 
10 
Figura 7 – Estruturas que compõe a Ig. Em laranja destaca-se a parte variável 
da Ig, que garante a especificidade da molécula. Nela, encontram-se variantes 
conforme o tipo de antígeno a ser combatido. A parte em azul é a parte 
constante, que não se modifica. Pode-se dividir a Ig ao meio, em FAB (porção 
onde se encaixa o antígeno) e FC (porção que encaixa às células do sistema 
imune) 
 
Parte Constante leve Constant Light - CL 
Constante Constante pesada Constant Heavy - CH 
Parte Variável leve Variable Light – VL 
Variável Variável pesada Variable Heavy - VH 
 
As constantes leves podem ser de dois tipos: κappa (κ) e lambda (λ). Já 
as constantes pesadas podem ser de cinto tipos distintos: α, γ, δ, ε e μ, dando 
origem às classes conhecidas de imunoglobulinas (IgA, IgG, IgD, IgE e IgM). 
11 
 
 
11 
 A porção FAB, constituída pela união das regiões variáveis das cadeias 
leve e pesada, é a porção que se encaixa ao antígeno e a porção onde se 
encaixa a células. Podemos analisar as propriedades dos isotipos de Ig no 
Quadro 3. 
Quadro 3 – Classificação das imunoglobulinas e suas propriedades 
Classe Estrutura Propriedades 
IgA Dimérica 
Monomérica 
Encontrada em mucosas do trato gastrointestinal, 
respiratório e urogenital. Previne colonização por 
patógenos. 
Presente também na saliva, lágrimas e leite. 
IgG Monomérica Principal Ig da imunidade adquirida. 
Tem capacidade de atravessar a barreira placentária. 
IgD Monomérica Ig de membrana. Faz parte do receptor de membrana de 
linfócitos B virgens (BCR). 
IgE Monomérica Envolvida em processos alérgicos e parasitários. Sua 
interação com basófilos e mastócitos causa liberação de 
histamina. 
IgM Monomérica 
Pentamérica 
Faz parte do receptor de membrana de linfócitos B virgens 
(BCR). Forma encontrada no soro, secretada 
precocemente na resposta imune adquirida. 
Fonte: Mesquita Júnior et al., 2010. 
As imunoglobulinas mais abundantes são IgG, IgM e IgA. O tipo IgE é 
protagonista nos episódios de reações alérgicas, tema que será abordado 
futuramente. O IgD ainda não está completamente esclarecido, sendo 
necessário ser mais bem estudado e pesquisado. Sabe-se que não é um 
anticorpo circulante e que não está presente nos vasos sanguíneos. 
Dessa forma, nesse momento iremos concentrar nossa atenção nos três 
tipos mais expressivos do sistema imunológico. 
A IgG é um monômero que possui quatro cadeias. A IgM, por sua vez, é 
um pentâmero composto de cinco unidades básicas mais uma cadeia adicional, 
na qual o seu peso molecular é de aproximadamente seis vezes mais que o peso 
da IgG. A IgA existe sob duas formas: uma no sangue, e outra nas secreções. A 
IgA do sangue é um monômero, com uma única unidade básica. A IgA secretória 
12 
 
 
12 
é dimérica, composta de duas unidades, mais a cadeia J e um componente 
secretório (Figura 8). 
Figura 8 – IgG, IgA e IgM: os três tipos de imunoglobulinas mais abundantes 
 
Crédito: Joshya/Shutterstock. 
O tamanho da molécula de imunoglobulina é um dos fatores 
determinantes em sua distribuição tissular. A IgG é a principal imunoglobulina no 
sangue, representando cerca de 80% da imunoglobulina total circulante. A IgG 
está também se encontra presente nos espaços tissulares. Passa facilmente 
pela placenta e é responsável pela neutralização de vírus e toxinas de bactérias, 
facilitando a fagocitose e a lise das células bacterianas. 
A IgM, que é a maior imunoglobulina, está confinada principalmente na 
corrente sanguínea e, justamente por seu tamanho, é menos capaz de passar 
através das paredes dos capilares. Diferentemente da IgG, não atravessa a 
barreira placentária. Com seu local de combinação com o antígeno de valência 
13 
 
 
13 
10, essa imunoglobulina apresenta alta afinidade, ou seja, tem grande habilidade 
de unir-se firmemente com antígeno. É particularmente eficaz nas lises de 
microrganismos mediadas por complemento. 
A IgA é a segunda imunoglobulina maisabundante na circulação 
sanguínea. Está presente predominantemente nas secreções dos tratos 
gastrointestinal e respiratório, bem como no colostro e leite humanos. A IgA 
promove imunidade mucosa local contra vírus e limita o crescimento bacteriano 
nas superfícies mucosas. Funciona no trato gastrointestinal e mostra uma 
resistência maior a enzimas proteolíticas que outras classes de anticorpos. 
TEMA 4 – RESPOSTA IMUNE 
Sobre as respostas imunes, ressaltamos que as respostas primárias e 
secundárias dos anticorpos frente aos antígenos são distintas de forma tanto 
qualitativa quanto quantitativamente. Dessa forma, vamos abordar esses dois 
tipos de respostas e fazer uma comparação entre elas. 
4.1 Resposta primária 
A primeira exposição a um antígeno, seja ela de maneira natural ou por 
vacinação, leva à ativação de Linfócitos B virgens, que se diferenciam em 
plasmócitos produtores de anticorpos e também em células de memória, o que 
resulta na produção de anticorpos específicos contra o antígeno ao qual foi 
exposto. 
Após o início da resposta, há uma fase em que se observa aumento 
exponencial dos níveis de anticorpos, seguida por outra fase chamada de 
“platô”, na qual os níveis não se alteram. Assim, segue-se para a última fase da 
resposta imune primária, a fase de declínio, em que, como o próprio nome 
sugere, ocorre uma diminuição progressiva dos anticorpos específicos 
circulantes. 
4.2 Resposta secundária 
Ao entrar em contato com um antígeno pela segunda vez, já há uma 
população de linfócitos B com capacidade de reconhecimento deste antígeno, 
devido à expansão clonal e células de memória que foram geradas durante a 
resposta primária. 
14 
 
 
14 
As principais diferenças da resposta imune secundária quando 
comparada à reposta imune primária são: 
• Menor dose de antígeno necessária para induzir a resposta; 
• Duração da fase de latência é mais curta e a fase exponencial é mais 
longa; 
• Produção de anticorpos mais rápida; 
• Níveis de anticorpos mais elevados; 
• Fase de platô é mais duradora e alcançada mais rapidamente; 
• Fase de declínio é mais lenta e persistente. 
A magnitude da resposta secundária depende também do intervalo de 
tempo desde o contato inicial com o antígeno. Quando o intervalo for muito curto 
ou muito longo, a resposta será menor. Quando o intervalo é muito curto, os 
anticorpos ainda presentes formam complexos Ag/Ac (antígeno/anticorpo) que 
são rapidamente eliminados; quando é muito longo, é possível que as células de 
memória tenham diminuído gradualmente com o passar do tempo, embora a 
capacidade para deflagrar uma resposta secundária possa persistir por meses 
ou anos. O período ótimo para a indução de resposta secundária é logo após a 
queda do nível de anticorpos da resposta primária abaixo dos limites de 
detecção. 
Há a produção dos isótipos IgM e IgG, nos dois tipos de resposta (primária 
e secundária). Entretanto, na resposta primária, a IgM é a principal 
imunoglobulina, e a produção de IgG é menor e mais tardia. Já na resposta 
secundária, a imunoglobulina predominante é a IgG (Figura 9). 
Figura 9 – Produção das principais imunoglobulinas nas respostas primária e 
secundária 
15 
 
 
15 
 
Crédito: Art of Science/Shutterstock. 
Nas duas respostas, a concentração de IgM sérica diminui rapidamente, 
de modo que, após 7 a 15 dias, nota-se queda acentuada, enquanto a produção 
de IgG ainda se mantém persistente. É importante enfatizar que os testes 
imunoenzimáticos muito sensíveis podem registrar, em alguns casos, níveis 
baixos ou residuais de IgM por meses, possibilitando encontrar resultados não 
tão realistas quanto ao quadro de presença momentânea do antígeno. 
Funções importantes dos anticorpos na resposta imune: 
• Opsonização: cobrir microrganismos e outras partículas para que sejam 
mais facilmente reconhecidos pelos fagócitos/macrófagos. 
• Neutralização: preencher receptores de superfície num vírus ou local de 
ativação de enzima microbiana para impedir seu funcionamento próprio. 
• Aglutinação: se agregam e juntam várias células em um aglomerado (ex.: 
tipos sanguíneos diferentes). 
• Fixação do sistema complemento: ativação de via clássica que resulta em 
ruptura de células e vírus, entre outros fatores. 
• Precipitação: agregação de antígenos em partículas. 
 
 
 
16 
 
 
16 
TEMA 5 – ANTICORPOS MONOCLONAIS 
Os anticorpos monoclonais são imunoglobulinas derivadas de um mesmo 
clone de linfócito B, cuja clonagem e propagação são efetuadas em linhas de 
células contínuas. Essa categoria é produzida com o intuito de reagir com 
antígenos específicos de certos tipos de células, tendo maior capacidade de 
preservar as células saudáveis quando comparados às terapias citotóxicas 
padrão. Por este motivo, os anticorpos têm sido indicados como a tecnologia 
inovadora para o tratamento de alguns tipos de tumores e cânceres, sendo 
promissor quanto à possibilidade de alvejar e matar seletivamente células 
tumorais. 
Em outras palavras, são tipos de anticorpos preparados em laboratórios 
para serem usados em principalmente em: 
• Diagnóstico, identificação de patógenos e tratamento (trastuzamabe, 
bevacizumabe, palivizumabe, rituximabe – Figura 10); 
• Descritos como imunomuladores – modulam a resposta imune para uma 
ação específica; 
• Uso para diagnóstico de doenças: sorologia. 
Figura 10 – Vetor de nomenclatura de tipos de anticorpos monoclonais 
terapêuticos isolado 
 
Crédito: Visuta/Shutterstock. 
17 
 
 
17 
A terapêutica utilizando os anticorpos como recurso iniciou-se após a 
descoberta de que o uso de soro animal imunizado com toxinas patógenas ou 
vírus, era uma terapia com eficácia para tratar doenças causadas pelos mesmos 
agentes em humanos. 
Desde sua descoberta, o uso dos anticorpos é condicionado por alguns 
fatores importantes: 
• A dificuldade em definir as múltiplas reações antígeno-anticorpo ocorridas 
quando se administra um anticorpo em um antígeno complexo; 
• Oferta limitada; 
• Incapacidade de purificação dos anticorpos que constituem o soro 
administrado; 
• Falta de padrões entre os laboratórios. 
Dessa forma, os anticorpos monoclonais possibilitaram uma resolução 
para tais questões, tendo em vista que o conceito usado na preparação de soros 
à base de anticorpos monoclonais é bastante simples: em vez de coletar soro 
que contém a mistura de todos os anticorpos sintetizados pelos linfócitos B, 
utiliza-se coleta individual de cada linfócito B e seu respectivo produto. Uma vez 
que cada linfócito B produz anticorpos que se ligam a um antígeno particular, é 
necessário obter um clone da célula B de interesse e as suas sucessivas 
linhagens de células-filhas permitem efetuar a produção de grandes quantidades 
de anticorpos específicos para um antígeno, designados por anticorpos 
monoclonais. 
A produção dos anticorpos monoclonais inicia-se da seguinte maneira 
(Figura 11): 
1. Imunização de um animal, do qual são retirados os linfócitos; 
2. Isolamento de linfócitos B a partir do baço; 
3. Células “imortais” de mieloma múltiplo; 
4. Fusão dos linfócitos B com células “imortais” de mieloma múltiplo; 
5. Fusão entre células específicas imunizadas e células imortais formando 
células híbridas; 
6. Crescimento clonal dos hibridomas; 
7. Purificação dos anticorpos monoclonais; 
8. Isolamento dos anticorpos monoclonais; 
9. Hibridomas clonados são mantidos em culturas permanentes. 
18 
 
 
18 
Figura 11 – Produção dos anticorpos monoclonais 
 
Crédito: Jefferson Schnaider 
NA PRÁTICA 
Com a chegada da pandemia do novo Coronavírus (Sars-Cov-2), muito 
se ouviu falar sobre os diferentes testes para detectar o contato com esse vírus. 
Vamos abordar agora as diferenças dos principais tipos de testes realizados 
nesta pandemia. 
 
19 
 
 
19 
Testes moleculares 
RT-PCR 
É considerado o padrão ouro no diagnóstico da Covid-19. O RT-PCR 
constataa presença do material genético viral do Sars-Cov-2 na amostra do 
paciente. Por esse motivo, recomenda-se que seja feito na primeira semana de 
sintomas e que, de preferência, não ultrapasse o 12º dia. Esse período, para o 
exame, justifica-se pelo fato de que é nesse período que a carga viral está mais 
elevada, possibilitando detectar o RNA do SARS-CoV-2 na amostra analisada. 
O material de escolha para análise é a secreção respiratória, colhida no 
nariz e na garganta por meio do swab (Figura 12). O grau de confiabilidade é 
acima de 90%, e dificilmente apresenta um resultado falso positivo. Os laudos 
costumam sair em até 2 dias. 
Figura 12 – Teste Covid-19: swab 
 
Crédito: Cryptographer/Shutterstock. 
POCT-PCR 
O point of care test para PCR é um exame também realizado pela coleta 
de secreção do nariz e da garganta utilizando um swab. Ele é capaz de detectar 
o material genético do vírus e tem a vantagem de os resultados saírem em 
minutos. 
 
20 
 
 
20 
Testes imunológicos 
Sorologia 
Esse tipo de teste não detecta a presença do vírus, mas sim a presença 
de anticorpos, resultado da resposta do organismo frente à infecção, 
identificando quem já teve contato com o Sars-Cov-2. Após alguns dias do 
aparecimento da doença, a quantidade de vírus vai diminuindo e começam a 
surgir os anticorpos – por essa razão, nesse exame a amostra de sangue deve 
ser coletada após sete ou dez dias do início dos sintomas (Figura 13). 
Figura 13 – Teste Covid-19: sorológico 
 
Crédito: diy13/Shutterstock. 
Os testes sorológicos para Covid-19 detectam a presença dos anticorpos 
dos isotipos IgA e IgM (que aparecem mais precocemente – 10 dias após a 
infecção) e também o IgG (chamados de memória tardia – aparecem quando a 
exposição ao agente infeccioso ocorreu há mais tempo, ou seja, depois de 15 
dias). 
Interessante ressaltar que, na Covid-19 notou-se a presença de 
sincronismo, ou seja, o aparecimento de diferentes tipos de anticorpos em um 
mesmo momento. Esta característica tem gerado um grande desafio na 
interpretação destes exames. 
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O teste sorológico é realizado por meio de diferentes tecnologias. O 
imunoensaio enzimático (ELISA) revela a presença IgA e IgG. Já o sorológico 
por quimioluminescência (CLIA) é baseado na emissão de luz produzida por 
reações químicas e discrimina IgM (fase aguda da doença) e IgG (os anticorpos 
de memória). A sorologia eletroquimioluminescência (ECLIA) identifica os 
anticorpos totais. 
Testes rápidos 
Esse teste é chamado tecnicamente de imunocromatografia de fluxo 
lateral, pois o resultado corresponde a uma alteração de cor quando o sangue 
colhido entra em contato com o reagente. A amostra é obtida por meio de uma 
pequena incisão na ponta do dedo e colocada num kit, com indicação visual 
do resultado (Figura 14). Esse tipo de teste para a Covid-19 apresenta vários 
vieses, e assim, os resultados não conclusivos. 
Figura 14 – Teste rápido para Covid-19 
 
Crédito: danielmarin/Shutterstock. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, estudamos como ocorre a relação antígeno-anticorpo, bem 
como os tipos de imunoglobulinas e como se dá a resposta imune. 
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O termo antígeno, também chamado de imunógeno, significa toda espécie 
molecular de origem biológica isolada ou constituída por uma célula, vírus, 
liquido biológicos ou sintética que, quando introduzida em um receptor ou 
hospedeiro (vertebrado), é capaz de produzir uma reação imune. Se o organismo 
for imunocompetente, ele pode manifestar uma resposta imune ou uma 
tolerância. Os antígenos são macromoléculas não obrigatoriamente 
imunogênicas. As macromoléculas antigênicas (imunogênicas) são basicamente 
proteínas e polissacarídeos. 
As moléculas chamadas de imunoglobulinas são encontradas no plasma 
sanguíneo e em outros fluidos corporais, como o leite materno e a linfa. Essas 
moléculas atuam de forma específica com diferentes determinantes antigênicos. 
Quando se entra em contato com um antígeno pela primeira vez, leva 
aproximadamente de 10 a 12 dias após a exposição para iniciar a produção de 
IgM, que é o primeiro anticorpo na linha de frente ao combate ao antígeno. Ao 
chegar ao pico da produção de IgM, inicia-se a produção de IgG e, quando a 
infecção é resolvida, fica-se com um número menor deste anticorpo, mas ele 
ainda está presente caso ocorra um novo ataque desse antígeno para que essa 
resposta seja mais rápida. O quadro que vemos em uma segunda exposição do 
antígeno é mais rápido que a primeira, no qual a produção de IgM e IgG já irá se 
iniciar nos primeiros três dias, chamada de resposta anamnéstica, na qual os 
impactos no sistema imunológico são bem menores e, clinicamente, o indivíduo 
não apresentará sintomas, ou apenas terá sintomas leves. 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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São Paulo: Atheneu, 2010. 
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2015. 
LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2010. 
MARTINS, M. de A. et al. Clínica médica: volume 7. São Paulo. Manole, 2009. 
REECE, J. B. et al. Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. 
SCUTTI, J. Fundamentos da imunologia. São Paulo: Rideel, 2016. 
SEHNEM, N. T. (Org.). Microbiologia e imunologia. São Paulo: Pearson, 2015. 
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Alegre: Artmed, 2017.

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