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UNIVERSIDADE FEEVALE LÚCIA HELENA GONÇALVES DA ROSA O CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE IGREJINHA-RS SOBRE A PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO PARA MULHERES NO PERÍODO GESTACIONAL Novo Hamburgo, 2018 LÚCIA HELENA GONÇALVES DA ROSA O CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE IGREJINHA-RS SOBRE A PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO PARA MULHERES NO PERÍODO GESTACIONAL Projeto apresentado como requisito à obtenção do grau de Bacharel em Educação Física pela Universidade Feevale Orientador (a): Prof. Me. Rafael Machado de Souza Novo Hamburgo, 2018 LÚCIA HELENA GONÇALVES DA ROSA O CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE IGREJINHA-RS SOBRE A PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO PARA MULHERES NO PERÍODO GESTACIONAL Projeto final apresentado como requisito à obtenção do grau de Bacharel em Educação Física pela Universidade Feevale. Novo Hamburgo, 2018 BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Orientador (a): Prof. Me. Rafael Machado de Souza ________________________________________ Prof. Prof.ª Ma. Aline S. Pinto _________________________________________ RESUMO Uma gestação conduzida por uma mulher ativa traz benefícios para a gestante e o feto, no entanto, o sedentarismo ou a prática de exercício inadequado podem causar complicações durante a gestação. Neste sentido, é importante a presença de um profissional de Educação Física durante a prescrição e prática de exercícios físicos no período gestacional. Para isso o proposito deste trabalho foi identificar quais os conhecimentos dos profissionais de Educação Física sobre a prescrição de exercícios físicos para mulheres em período gestacional, atuantes em academias registradas no CREF (Conselho Regional de Educação Física) no Município de Igrejinha- RS. O planejamento e organização dos meios de contato com os profissionais de Educação Física participantes se deu através de consultas ao site do CREF-RS (Conselho Regional de Educação Física- RS), foi possível acesso aos endereços comerciais dos profissionais de Educação Física e das academias localizadas no Município de Igrejinha-RS. Participaram deste estudo 18 profissionais, dos quais 15 (83,34%) apresentavam formação Em Licenciatura Plena em Educação Física, com idade média de 38,7±5,5 anos, tempo de atuação de 13,6±4,4 anos. A maioria era do sexo masculino 11(61%), e 7(38,83%) eram do sexo feminino, 3(16,66%) eram provisionados registrados no CREF na categoria musculação e 15(83,34%) com formação acadêmica em Licenciatura Plena, todos devidamente registrados no CREF- RS (Conselho Regional de Educação Física- RS). Considerando os dados coletados no presente estudo sobre o conhecimento dos profissionais de Educação Física sobre aspectos fisiológicos ocorridos durante o período gestacional, constatou-se que foram 15(quinze) um número satisfatório de profissionais que obtinham maiores conhecimentos sobre o tema. Analisando também os dados coletados no presente estudo sobre o conhecimento dos profissionais de Educação Física sobre a prescrição de exercícios físicos para mulheres em período gestacional, constatou-se que foram 12 (doze) um número satisfatório de profissionais que obtinham maiores conhecimentos sobre o assunto. Palavras chave: Gestação. Profissionais. Exercícios Físicos. ABSTRACT Pregnancy conducted by an active woman brings benefits to the expectant mother and fetus, however, sedentary or inappropriate exercise can cause complications during pregnancy. In this sense, the presence of a physical education professional during the prescription and practice of physical exercises in the gestational period seems important. Therefore, the purpose of this study was to identify the knowledge of Physical Education professionals about the prescription of physical exercises for women during the gestational period, who work in Gyms accredited by CREF (Regional Council of Physical Education) in the Municipality of Igrejinha-RS. The planning and organization of the means of contact with the participating Physical Education professionals took place through consultations to the CREF-RS website (Physical Education Regional Council - RS), made on 09/30/2017, it was possible to access the addresses physical education professionals and academies located in the Municipality of Igrejinha-RS. A total of 18 professionals participated in this study, of which 15 (83.34%) had undergraduate studies in Physical Education, with a mean age of 38.7 ± 5.5 years, with a duration of 13.6 ± 4.4 years. The majority were male 11 (61%), and 7 (38.83%) were female, 3 (16.66%) were provisioned recorded in CREF in the bodybuilding category and 15 (83.34%) with training academic degree in Full Degree, all duly registered in CREF-RS (Regional Council of Physical Education - RS). Considering the data collected in the present study about the knowledge of Physical Education professionals about the physiological aspects that occurred during the gestational period, it was verified that 15 (fifteen) were a satisfactory number of professionals who got more knowledge about the subject. Analyzing also the data collected in the present study about the knowledge of physical education professionals about the prescription of physical exercises for women in the gestational period, it was found that 12 (twelve) were a satisfactory number of professionals who had better knowledge about the subject. SUMÁRIO 1 PROJETO DE PESQUISA ....................................................................................... 7 1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................... 9 1.3 OBJETIVO ........................................................................................................... 10 2.0 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 10 2.1 A importância da anamnese e o histórico patológico da gestante ...... 10 2.1.1 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS OBSERVADAS DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL ........................................................................................................ 11 2.1.2 RECOMENDAÇÕES DE EXERCÍCIO FÍSICO POR TRIMESTRE GESTACIONAL, PRIMEIRO TRIMESTRE, SEGUNDO TRIMESTRE E TERCEIRO TRIMESTRE. ............................................................................................................. 16 2.1.3 RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES PARA A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS.18 2.1.4 Exercícios para membros superiores, membros inferiores, alongamentos de membros superiores e abdominais. ............................... 21 2.1.5 Orientações para prescrição do treinamento físico para gestantes. ......... 25 2.2 PRINCIPAIS MODALIDADES DE ATIVIDADES FÍSICAS INDICADAS PARA GESTANTES ............................................................................................................ 27 2.2.1 A musculação, a caminhada, exercícios posturais e alongamentos.27 2.2.2 A natação, a hidroginástica, e o pilates. .............................................. 31 2.2.3 Mulheres atletas de auto rendimento em período gestacional .................. 34 2.2.4 Autoestima e a imagem corporal das gestantes, e os benefícios da atividade física neste período. ............................................................................... 36 2.3 AS PRINCIPAIS CONTRAINDICAÇÕES PATOLÓGICAS, ABSOLUTAS E RELATIVAS TANTO PARA A MÃE QUANTO PARA O FETO, OS EXERCÍCIOS QUE DEVEM SER EVITADOS DURANTE A GESTAÇÃO E OS PRINCIPAIS SINAIS PARA A INTERRUPÇÃO DAS ATIVIDADES. ............................................ 37 2.3.1 Sinais para interrupção das atividades.........................................................403.0 METODOLOGIA .................................................................................................41 3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA.................................................................42 3.3 ASPECTOS ÉTICOS...........................................................................................44 3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS......................................................44 4.0 RESULTADOS ................................................................................................. 45 5.0 DISCUSSÃO......................................................................................................52 6.0 CONCLUSÃO .................................................................................................. 61 REFERÊNCIAS.......................................................................................................64 APÊNDICE A – O CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM IGREJUNHA-RS SOBRE A PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO PARA MULHERES NO PERÍODO GESTACIONAL ................................................................................ 70 ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ..... 78 7 1 PROJETO DE PESQUISA INTRODUÇÃO A importância dos conhecimentos adquiridos pelos profissionais de Educação Física do município de Igrejinha-RS, relacionado à prescrição de exercícios para mulheres em período gestacional. Desde a década de 1990, começou a haver mudança de paradigma em relação às recomendações de atividade física durante a gestação, que passou a ser estimulada e até mesmo indicada pelos guias e protocolos do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG, 2002). São vários os benefícios da prática de exercício durante a gravidez, que podem ser vistos também após o parto, tanto na mãe como no bebê, incluem melhora na condição física e alívio do estresse, bem como prevenção de algumas desordens, tais como o diabetes mellitus; (BATISTA, 2003). A prática de exercício físico de forma regular é reconhecida, tanto na comunidade científica quanto na mídia, como parte de um estilo de vida saudável. Em relação ás mulheres grávidas, não é diferente. Em relação a esse público específico nas três últimas décadas houve uma mudança de paradigma em relação às recomendações de tempos anteriores, sobre repouso e interrupção das atividades laborais, passando-se ao estímulo da prática de exercícios nesse período (NASCIMENTO et al., 2014). O estudo de Batista et al., (2003) descreve que os benefícios da prática de atividades físicas durante a gestação são diversos e que atingem diferentes áreas do organismo materno. O exercício reduz e previne as lombalgias, devido à orientação da postura correta da gestante frente à hiperlordose, que comumente surge durante a gestação em função da expansão do útero na cavidade abdominal, causando o consequente desvio do centro gravitacional. Nesses casos, o exercício físico contribuirá para adaptação de nova postura física, revertendo-se em maior habilidade para a gestante durante a prática da atividade física e do trabalho diário. 8 Os autores Nascimento et al., (2014), relatam uma associação benéfica entre o exercício e seus desfechos e nenhum exercício aplicado durante os estudos demonstraram risco para a mãe ou para o feto, ratificando as recomendações da prática de exercícios para as gestantes saudáveis. Não há diferenças nos resultados quanto ao tipo de exercício realizado pela gestante, e o recomendado é que a intensidade seja leve ou moderada para mulheres anteriormente sedentárias e moderada a alta para mulheres já fisicamente ativas. As vantagens da atividade física durante a gestação se estendem, ainda, aos aspectos emocionais, contribuindo para que a gestante se torne mais autoconfiante e satisfeita com a aparência, para que eleve a autoestima e também apresente maior satisfação na prática dos exercícios (MOMBAQUE, 2014). A prática do exercício físico regular pela gestante, por pelo menos 30 minutos ao dia, pode promover inúmeros benefícios, incluindo – dentre eles – a prevenção de diabetes gestacional (DG), (ARTAL, GARDIN, 2003). Não há evidências de desfechos adversos para o feto e/ou recém-nascido (RN) com a prática de exercícios graduada entre intensidade leve e moderada; (NASCIMENTO ET AL., 2014). No estudo de Leite (2017) consta que a prática de atividade física em gestantes promove a manutenção da aptidão física e da saúde, a diminuição de sintomas gravídicos, o melhor controle ponderal, a diminuição da tensão no parto, e uma recuperação no pós-parto imediata e mais rápida. O exercício físico durante a gravidez traz inúmeros benefícios para a mãe e para o feto, desde que sejam tomados os devidos cuidados quanto ao tipo, duração e intensidade, respeitando-se as contraindicações e patologias associadas, com acompanhamento profissional e indicação médica realizados de maneira individualizada. Na ausência de complicações clínicas ou obstétricas, todas as gestantes devem ser estimuladas a implantar ou manter um estilo de vida ativo durante esse período. O exercício físico de intensidade leve a moderada é considerado prática segura tanto para a mãe quanto para o feto (COETZZE, 2009). As mulheres sedentárias apresentam um importante declínio do condicionamento físico durante a gravidez; além disso, a falta de atividade física 9 regular é um dos fatores associados a uma suscetibilidade maior a doenças durante e após a gestação. Como forma de compensar a sua condição sedentária, as mulheres são encorajadas a fazer algum tipo de atividade física; (BACIUK et al., 2006). A gravidez é considerada, finalmente, uma modificação no estado de saúde da mulher, e não um estado de doença. Por isso, cada vez mais mulheres estão buscando programa de atividade física ao longo de sua gravidez (SILVA ,2007). Nenhum tipo de atividade competitiva é recomendado durante a gestação e mulheres que são atletas devem cessar os treinos no período gestacional, (BATISTA et al., 2003). A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME, 2000), não é recomendada a prática de exercícios físicos regulares quando a mulher possui doenças miocárdicas ou hipertensão arterial. É desaconselhável a prática de atividade física por gestantes anêmicas de acordo com o nível dessa doença, podendo acarretar diminuição no peso do feto ao nascer. Assim, a gestante deve controlar essa variável antes de iniciar a prática de exercícios físicos (BATISTA et al., 2003). Situações não recomendadas para a prática durante o período gestacional são: qualquer atividade competitiva, artes marciais ou levantamento de peso; exercícios com movimentos repentinos ou de saltos, que podem levar a lesão articular; flexão ou extensão profunda deve ser evitada pois os tecidos conjuntivos já apresentam frouxidão; exercícios exaustivos e/ou que necessitam de equilíbrio principalmente no terceiro trimestre (ARTAL, GARDIN, 2003). 1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA O descrito anteriormente mostra que uma gestação conduzida por uma mulher ativa traz benefícios para a gestante e o feto, no entanto, o sedentarismo ou a prática de exercício inadequado podem causar complicações durante a gestação. Neste sentido, parece ser importante a presença de um profissional de educação física durante a prescrição e prática de exercícios físicos no período gestacional. 10 A partir disso, pergunta-se: Qual o conhecimento adquirido pelos profissionais de educação física sobre a prescrição do exercício para mulheres em período gestacional? 1.3 OBJETIVO Foi identificar quais os conhecimentos dos profissionais de Educação Física sobre a prescrição de exercícios físicos para mulheres em período gestacional, atuantes em academias registradas no CREF (Conselho Regional de Educação Física) no Município deIgrejinha- RS. 2.0 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A IMPORTÂNCIA DA ANAMNESE E O HISTÓRICO PATOLÓGICO DA GESTANTE Inicialmente, deve-se realizar uma anamnese patológica bem detalhada com todas as mulheres em período gestacional que queiram praticar ou que já pratiquem atividades físicas, pois neste período, algumas patologias podem sofrer alterações comparadas ao período não gestacional das mulheres. Na avaliação, deve-se incluir também uma anamnese físico-desportiva e, sempre que possível, uma determinação do estado de condicionamento físico cardiorrespiratório (Finkelstein, 2006). Os riscos gerais da saúde, obstétricos e médicos deveriam ser revistos antes de uma mulher grávida se envolver em um programa de exercício. Na ausência de contraindicações, uma mulher grávida deveria ser encorajada a se envolver na atividade física de intensidade moderada e regular, para continuar a produzir os mesmos benefícios associados à saúde também durante a gravidez em relação antes da gravidez. Portanto, existe contraindicação para se exercitar por causa das condições médicas pré-existente ou em desenvolvimento, e a gravidez não é diferente (Lima, 2005). Além disso, certas complicações obstétricas podem ser desenvolvidas nas mulheres grávidas quando não se leva em consideração os níveis anteriores 11 de aptidão, o que pode ser evitado e permitir a elas continuarem a se exercitar seguramente durante a gravidez (Nascimento, 2014). 2.1.1 Adaptações fisiológicas observadas durante o período gestacional As principais adaptações são: cardiovasculares, respiratórias e musculoesqueléticas, termorreguladoras e nutricionais. A gravidez induz alterações profundas na hemodinâmica maternal. Tais mudanças incluem um aumento no volume sanguíneo, alteração da frequência cardíaca e do volume sistólico, assim como o débito cardíaco e uma diminuição na resistência vascular sistêmica. No meio da gravidez, o débito cardíaco é de 30-50% maior do que antes da gravidez. O volume sistólico maternal aumenta para 10% no final do primeiro trimestre e é seguido por um aumento de 20% na frequência cardíaca durante o segundo e terceiro trimestres. A média da pressão arterial diminui 5-10 mmHg na metade do segundo trimestre e então, gradualmente, vai aumentando de volta aos níveis antes da gravidez (Freire, 2009). No período da gestação, devem ser evitados exercícios intensos, respeitando os 140 batimentos por minuto para a frequência cardíaca materna e os 38ºC para a temperatura do ambiente, conforme SBC et al. (2003). Essas mudanças hemodinâmicas parecem estabelecer uma reserva circulatória necessária para fornecer nutrientes e oxigênio para ambos (mãe e feto), em repouso e durante o exercício moderado, o que não ocorre em uma atividade física intensa. Larsson e Lindqvist (2005) estabeleceram que entre 50 e 70% da capacidade cardíaca máxima durante o exercício físico são uma faixa segura, tanto a nível fetal quanto no que diz respeito ao aumento da temperatura corporal materna em atividade física no solo. Gestantes com diagnóstico ou suspeita de pré-eclâmpsia devem evitar a prática de exercício físico, visto que isso aumenta ainda mais a pressão arterial e reduz o fluxo uteroplacentário que já está deficiente. Em gestantes de baixo risco, alguns estudos observacionais sugerem que a prática regular do exercício antes e no início da gestação está associada à diminuição do risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia. Mulheres ativas antes da gestação têm 44% menos chance de desenvolver pré-eclâmpsia (Nascimento, 2014). 12 As mudanças cardiovasculares associadas com a postura corporal são uma importante consideração para as mulheres grávidas, sejam no momento de repouso ou durante o exercício. Após o primeiro trimestre de gestação, a posição supina resulta numa obstrução relativa do retorno veno e, portanto, diminuiu o débito cardíaco. Por essa razão, as posições supinadas devem ser evitadas o máximo possível durante o repouso e o exercício (Freire, 2009). A posição em pé imóvel está associada a uma diminuição significante no débito cardíaco e, dessa maneira, essa posição deveria ser evitada. Existem evidências que conflitam sobre a resposta da frequência cardíaca maternal para o estado de equilíbrio do exercício submáximo durante a gravidez (Acog, 2003). Devido aos benefícios que o exercício físico proporciona ao sistema cardiovascular, nota-se que ocorre uma melhora na distribuição sanguínea, assim proporcionando a melhora na irrigação da placenta e no controle na pressão arterial. Nota-se que o exercício físico proporciona ao sistema respiratório uma melhora no que se refere à melhor captação, utilização e transporte do oxigênio, fazendo assim com que os músculos consigam captá-lo, o que melhora o processo de oxigenação do feto (Castro, 2013). A intensidade do exercício deve ser medida preferencialmente pela FC ou pela sensação subjetiva de esforço (Escala de Borg). Assim, recomenda-se que o exercício seja realizado de acordo com o seguinte critério: 60 a 80% da FC máxima, calculada pela fórmula FCmáx=220-idade (SBC et.al, 2003). A Sociedade Canadense de Ginecologistas e Obstetras (SCGO) assume as seguintes faixas de treinamentos para gestantes: idade<20 anos: 140 a 155 batimentos cardíacos por minuto (bpm); 20–29 anos: 135 a 150 bpm; 30–39 anos: 130 a 145 bpm; >40 anos: 125 a 140 (SBC et.al, 2003). Para Wolfe et.al (2003), outro critério é a escala de percepção subjetiva de esforço de Borg, que varia de 6 (sem esforço) a 20 (esforço máximo). A intensidade deve ser, preferencialmente, entre 12 e 14, correspondendo a uma atividade de intensidade leve a um pouco cansativa. O sistema cardiovascular está muito afetado pelo aumento das exigências metabólicas do exercício e, portanto, um maior fator é a dissipação do excesso de calor gerado pelo exercício. Durante a gravidez, a taxa metabólica basal, e, portanto, a produção de calor, é aumentada acima dos níveis não – grávidos. O aumento na temperatura corporal durante o exercício está diretamente 13 relacionado à intensidade do exercício. Durante a intensidade moderada, no exercício aeróbio em condições termo – neutras, a temperatura central das mulheres não – grávidas aumenta numa média de 1.5ºC durante os primeiros 30 minutos de exercício e então alcança o platô se o exercício for contínuo por um adicional de 30 minutos (Landi, 2007). O estado de equilíbrio da produção de calor versus a dissipação de calor é executado pelo aumento da condução do calor do centro para a periferia através do sistema cardiovascular, assim como através da evaporação pelo esfriamento pelo do suor. Se a produção de calor excede a capacidade de dissipação do calor - por exemplo, durante o exercício em condições de calor, umidade ou durante o exercício com intensidade alta -, a temperatura central continuará a aumentar. Durante o exercício prolongado, a perda de líquido com o suor pode comprometer a dissipação do calor. A administração da hidratação normal e, portanto, o volume sanguíneo, é importante para o equilíbrio do calor (Doramotal, 2007). Durante a gravidez, ocorrem uma série de alterações na fisiologia pulmonar em resultado do ambiente hormonal. A progesterona estimula o centro respiratório, levando a um aumento do volume corrente (que atinge 40% no termo) e do volume-minuto. Isso resulta numa alcalose respiratória moderada, com diminuição dos valores basais de PaCO2 para cerca de 30 mmHg, compensados pelo aumento da excreção renal de bicarbonato e queda dos valores séricos para cerca de 20 mEq/L. O consumo de oxigênio também aumenta 20-30% devido às maiores necessidades metabólicas. Finalmente, com o aumento do tamanho do útero, a capacidade residual funcional e o volume residual diminuem. Estas alterações podem resultar no rápido desenvolvimento de hipoxemia em consequênciada hipoventilação (Lendermann, 2001). A gravidez está associada a mudanças respiratórias profundas: a ventilação-minuto aumenta para quase 50%, principalmente como um resultado do aumento do volume corrente. Isso resulta num aumento na tensão do oxigênio arterial de 106-108 mmHg no primeiro trimestre, diminuindo para uma média de 101-106 mmHg pelo terceiro trimestre (Paiva,2006). Por causa do aumento da exigência do oxigênio em repouso e o aumento do trabalho de respirar causado pela pressão do útero aumentado sobre o diafragma, existe a disponibilidade de oxigênio diminuído para a performance do 14 exercício aeróbio durante a gravidez. Dessa maneira, ambas as cargas de trabalho subjetivas de performance máxima do exercício são diminuídas. Portanto, em algumas mulheres bem condicionadas, parecem não estar associadas a mudanças na potência aeróbia máxima ou no equilíbrio ácido – base durante o exercício na gravidez, comparado com os controles não-grávidos (Finkelstein, 2006). Mudanças mecânicas, como o aumento do volume uterino, e metabólicas (alcalose respiratória) alteram a função respiratória. Devido a isso, até 60% das grávidas sem doença pulmonar têm dispneia (dificuldade respiratória) que, geralmente, não produz restrição às atividades da gestante. Mudanças anatômicas e fisiológicas durante a gravidez têm o potencial para afetar o sistema musculoesquelético em repouso e durante o exercício. O aumento de peso na gravidez pode aumentar significantemente as forças nas articulações, tais como os quadris e os joelhos, tanto quanto durante o exercício com sobrecarga, como durante o correr. Tais forças, em grande parte, podem causar desconforto nas articulações normais e aumentar os danos para artrite ou articulações instáveis (Acog, 2003). O principal benefício do fortalecimento muscular é a manutenção do condicionamento muscular ou o aumento de força muscular global, permitindo melhor adaptação do organismo materno às alterações posturais provenientes da evolução gestacional e contribuindo para a prevenção de traumas e quedas, bem como para a prevenção e o tratamento de desconfortos musculoesqueléticos (Freire, 2009). O fortalecimento deve priorizar a musculatura paravertebral lombar, a cintura escapular e, preferencialmente, envolver grandes grupos musculares. Deve-se preferir, como critério de escolha, utilizar o próprio peso corporal e faixas elásticas no lugar de aparelhos de musculação ou pesos livres. Deve-se, também, evitar cargas elevadas, exercícios isométricos intensos repetidos e posturas que coloquem a gestante em risco, principalmente aquelas que possam afetar seu equilíbrio. Os exercícios de resistência muscular devem ser adaptados com muito cuidado a cada período gestacional (Zavorsky, 2011). As gestantes devem evitar se exercitar em condições extremamente quentes e úmidas. Tanto o exercício quanto a gravidez são acompanhados de um aumento no metabolismo, resultando em maior produção de calor. Quando 15 exercício e gravidez são combinados, as alterações fisiológicas podem causar um aumento da temperatura corporal da mãe, podendo diminuir a dissipação do calor fetal (Zavorsky, 2011). É importante que o profissional, ao acompanhar a gestante nos exercícios, esteja atento para perceber uma condição de estresse. A sensação de esforço e bem-estar da gestante deve ser constantemente acessada durante os treinos, pois isto impedirá que a mesma atinja seu limite máximo em aspectos como desidratação, estresse em função de calor ou esforço demasiado (Gouveia, 2007). É importante saber que o resfriamento corporal possui maior eficiência quando a umidade relativa do ar é mais baixa, então se pode utilizar, além da temperatura, os dados de umidade relativa do ar para escolher o melhor horário para o treino. O treinamento em gestantes deve ocorrer preferencialmente nos momentos mais frescos do dia, e elas devem estar utilizando roupas leves e ingerindo bastante água para diminuir o risco de desidratação (Lima; Oliveira, 2005). Já os exercícios intensos, prolongados e executados em ambientes quentes e úmidos são demasiado perigosos e requerem hidratação adequada, da mesma forma que os realizados em grandes altitudes (Navarro, 2011). Durante a gestação, o estado anabólico permanece dinâmico em função das demandas nutricionais, promovendo ajustes contínuos em relação a diversos nutrientes e micronutrientes. O ganho de peso que no início do período gestacional é reduzido, se comparado à fase final, necessitando ser permanentemente controlado para evitar a ocorrência de deficiência ou excesso. O ganho de peso em excesso pode expor a gestante ao desenvolvimento de diversas patologias, tais como hipertensão arterial, diabetes, obesidade pós- parto, macrossomia fetal, além de complicações no parto e puerpério (Romero, 2013). A deficiência do ganho de peso pode trazer prejuízo para o crescimento e desenvolvimento fetal. No entanto, o ganho de peso insuficiente extrapola este único aspecto, sendo prejudicial para a tríade gestante, trabalho de parto e feto, especialmente frente à prática de atividade física regular. 16 A preocupação da gestante, quanto ao ganho de peso, divide-se entre o peso necessário e suficiente que deverá obter sem prejuízo para a gestação, e o peso que terá após o parto. (Larsson, 2005). Após a décima terceira semana de gravidez, aproximadamente (300Kcal) extra, por dia, são exigidos para atingir as necessidades metabólicas da gravidez. Essa exigência de energia é aumentada quando o gasto de energia diário é aumentado através do exercício. Nos exercícios com sobrecarga, tal como caminhar, a exigência de gordura aumenta progressivamente com o aumento do peso durante o desenvolvimento da gravidez (Gouveia, 2007). Todavia, vale lembrar que a dieta de controle para perda ou manutenção de peso não é indicada nessa fase, mesmo para gestantes obesas, praticantes ou não de atividade física (Larsson, 2005). 2.1.2 Recomendações de exercício físico por trimestre gestacional, primeiro trimestre, segundo trimestre e terceiro trimestre. A gestante somente deve iniciar ou retomar a sua própria rotina de exercícios habituais após a primeira consulta de pré-natal, estabelecida a ausência de risco gestacional e após liberação médica. A atividade física de intensidade leve a moderada é recomendada a todas as grávidas, mesmo as sedentárias que desejam iniciá-la durante a gestação, sendo nesse caso a recomendação atual iniciá-la após a 12ª semana de gestação. As gestantes fisicamente ativas antes de engravidar podem manter suas atividades, inclusive no primeiro trimestre gestacional, porém modificando (ou adaptando) sua intensidade e frequência (Acog, 2002). Contudo, o primeiro trimestre pode ser uma fase delicada para a prática de exercício, pois as alterações hormonais determinam com relativa frequência mal-estar, como náuseas e vômitos, além de sonolência e indisposição, o que pode dificultar a aderência e a disposição para os exercícios (Martins, 2014). Os exercícios aeróbicos são recomendados para as mulheres que os praticavam antes da gestação, porém com menor intensidade, frequência e duração, de acordo com o discutido anteriormente. Os alongamentos podem ser realizados, sem contraindicações. Já os exercícios para o fortalecimento 17 muscular são recomendados, desde que de forma supervisionada. (Azevedo, 2011). Recomenda-se preferir sempre exercícios envolvendo grandes grupos musculares, com pouca carga e maior número de repetições, bem como evitar manobra de valsava durante o treino de resistência muscular. Todas as gestantes devem ser orientadas a realizar diariamente o treinamento dos músculos do assoalho pélvico (MAP) com contrações sustentadas e rápidas desde o primeiro trimestre. Também não há contraindicação para as mobilizações articularese relaxamento (Botelho, 2012). Em geral, o segundo trimestre é o melhor período para a prática de exercícios, pois a mulher se encontra mais disposta, livre em geral dos inconvenientes do início da gravidez. Mulheres que não praticavam exercício antes da gestação podem iniciar sua prática a partir do segundo trimestre. A partir da 20ª semana, com o crescimento acelerado do volume uterino, deve-se ter cuidado com a realização de exercícios em posição supina por tempo prolongado, a fim de evitar a síndrome da hipotensão supina (Baciuk, 2006). Os exercícios aeróbicos continuam recomendados para todas as gestantes, mesmo as que eram sedentárias antes da gestação, desde que sigam as instruções de tipos, intensidade e frequência do exercício escolhido. Quanto ao alongamento, embora recomendado para esse período, deve-se levar em conta alguns cuidados a partir da décima semana de gestação, quando ocorre o pico do hormônio relaxina circulante, levando à maior flexibilidade dos tecidos articulares e ligamentares; logo, alongamentos extensos e extremos podem aumentar o risco de lesões dessas estruturas (Barakat; Ruiz, 2009). Exercícios para o fortalecimento muscular, exercícios perineais e mobilizações articulares e relaxamento seguem as mesmas recomendações do primeiro trimestre. (Nascimento, 2014). A gestante naturalmente tende a diminuir a intensidade dos exercícios em função do aumento de peso corporal e de outros desconfortos e limitações. No entanto, a prática de exercícios leves deve continuar a ser estimulada. Nesse período, atividades aeróbicas na água, como natação e hidroginástica, e caminhadas são indicadas para manter a capacidade aeróbica e o condicionamento físico, assim como os exercícios de respiração, mobilizações e relaxamento envolvidos na preparação para o parto (Kasawara et.al, 2012). 18 Algumas adaptações ao exercício podem ser necessárias nesse período, por exemplo, pedalar em bicicleta ergométrica horizontal pode ser mais confortável para a gestante do que em bicicleta ergométrica vertical tradicional. O TMAP (treino de músculos de assoalho pélvico) deve continuar durante o terceiro trimestre, não havendo contraindicação para a sua prática. Para as mulheres que realizaram treino do MAP durante a gestação, o terceiro trimestre é o momento ideal para conscientização sobre o relaxamento dos MAP e o aumento da sua flexibilidade (Barakat; Ruiz, 2009). No entanto, enquanto a efetividade do fortalecimento dos MAP durante a gestação está bem estabelecida na literatura para a prevenção de sintomas urinários. A utilização de técnicas como massagem perineal ainda necessita de mais estudos para esclarecer seu efeito protetor sobre o assoalho pélvico durante e após o parto, (Kasawara et.al, 2012). Não existe claramente descrita na literatura consultada uma idade gestacional limite para a interrupção da prática de exercícios, sendo muito variável entre as grávidas. Nesse período, as mulheres devem ficar atentas e ser muito bem orientadas sobre sinais e sintomas que indiquem a proximidade e o início do trabalho de parto e perceptíveis aos sinais de alerta para interromper a prática. 2.1.3 Recomendações importantes para a prática de exercícios. Questões que devem ser levadas em consideração durante o período gestacional para a prática de exercícios: tempo de prática, a intensidade, escolha da atividade, vestimentas e locais de práticas, aparelhos e acessórios a serem utilizados. Gestantes sedentárias, ao iniciarem um programa de exercícios físicos aeróbicos, devem respeitar suas individualidades, começando com sessões de curta duração (15 minutos), três vezes na semana, e irem gradualmente aumentando para sessões de 30 minutos, quatro vezes na semana (Lima; Oliveira, 2005). As grávidas deveriam acumular pelo menos 30 minutos ao dia, o que significa que aquelas que quiserem, puderem ou estiverem acostumadas a fazer 19 mais tempo estarão incluídas na mensagem, embora não se recomende atividades contínuas que durem mais de 60 minutos (Navarro, 2011). De acordo com ACSM 2006, para mulheres sedentárias é recomendada uma frequência de 3 vezes por semana, com uma duração de 30 minutos e atividades de baixo impacto. Já para as que se exercitam regularmente, é recomendada uma frequência de 3 a 5 vezes por semana, com uma duração de 30 a 60 minutos e atividade de baixo impacto, sendo realizadas prioritariamente atividades seguras. Para atletas de elite, é recomendada uma frequência de 4 a 6 vezes por semana, com uma duração de 60 a 90 minutos, com atividades competitivas que possam ser toleradas durante a gestação. A intensidade sugerida é a moderada (que permite conversar enquanto realizada; de 4 a 7 METS), mas com o progredir da gestação ou nos casos de dúvida, deve-se fazer atividades leves (abaixo de 4 METS) (Freire, 2009). Está recomendando atividade física e não esporte. Assim, atividades do dia a dia, como ir andando ao banco, escola, mercado, ao trabalho, subir escadas ou dançar contam (Acog, 2003). As características das atividades mencionadas não exigem roupas ou sapatos especiais, locais incrementados ou monitores ao seu redor; o que barateia seu custo, mas principalmente facilita o acesso, reforçando o caráter de inclusão da mensagem, (Acog, 2003). Independentemente da sua classificação, os exercícios leves ou moderados são os mais adequados, realizados pelo menos três vezes por semana, praticados de forma regular, nos horários de menor temperatura do dia, com vestimenta confortável e ingerindo grande quantidade de líquidos. Levamos em consideração também a falta de tempo ou pouco apreço por atividades físicas, pois autores dizem que se a mulher tiver condições física e tempo para realizar as atividades de forma continuada, isso será ótimo. Mas, se não for o caso e principalmente nas grávidas sedentárias ou nas fases mais tardias da gestação, deve-se lembrar deste novo conceito: pode-se "acumular" saúde em sessões de pelo menos 10 minutos de duração, conforme Acog (2003). Já Silva (2007) apresenta algumas recomendações para a prescrição de exercícios físicos durante a gestação. Dentre elas: limite de 140bpm de frequência cardíaca; duração aproximada de 40 minutos por sessão de treino; 20 evitar exercícios extenuantes e resistidos para que a gestante não sofra de intolerância ao calor; máximo de 38 graus centígrados para a temperatura corporal materna; realizar exercícios que ofereçam inclinação pélvica, favorecendo o controle, estabilidade e força da musculatura pélvica e propriocepção da postura; progressão gradual de variações e séries de exercício; alterações de posições durante a realização do exercício, evitando a posição supina e exercícios para os pés e tornozelos, minimizando edemas e dores musculares e melhorando a estabilidade da circulação sanguínea. A escolha do exercício envolve grandes decisões como a ação muscular e a escolha do tipo do aparelhamento a ser usado no exercício. O equilíbrio entre músculo agonista e antagonista diminui o índice de lesões articulares e dos tecidos muscular e conjuntivo. Percebe-se que esse equilíbrio é importante, uma vez que nas mulheres gestantes ocorre frouxidão das articulações aumentando a probabilidade de lesões osteomusculares, além disso, devemos diminuir a amplitude do movimento nos exercícios para diminuir a possibilidade de lesões (Castro, 2013). Os equipamentos de forma guiada (aparelhos com polias e placa de peso) ou livre (alteres, anilhas e barras) também têm influência na prescrição adequada dos exercícios (Uchida et al., 2008). Percebe-se que nos aparelhos de forma guiada o praticante realiza o movimento de maneira padronizada de acordo com equipamento. Esse tipo de aparelho possibilita diminuir o risco de lesão, uma melhor postura e equilíbrio ao realizar o exercício. Sendo assim, é um tipode equipamento que pode ser utilizado na prescrição dos exercícios de musculação para gestantes. (Castro, 2013). Levando em consideração as restrições dos exercícios físicos para mulheres gestantes, os principais aparelhos e exercícios disponíveis nas academias de musculação que podem ser utilizados no programa de treino das futuras mamães, com base nos aspectos cinesiológicos para Uchida et. al, 2008, que serão discutidos a seguir: 21 2.1.4 Exercícios para membros superiores, membros inferiores, alongamentos de membros superiores e abdominais. O exercício conhecido como Peck deck: posição, com as costas bem apoiadas manter um ângulo de 90° nas articulações dos ombros, cotovelos quadril, joelhos e tornozelo. Realiza o movimento de adução do ombro até se aproxima do antebraço. Retornar à posição inicial (Uchida et al., 2008). A ação muscular está centrada no peitoral maior (parte esterno costal); deltoide (parte clavicular); peitoral maior (parte abdominal); peitoral maior (parte esterno costal) e coracobraquial (Uchida et al., 2008). Remada na polia alta: iniciar com os cotovelos entendidos e apontados lateralmente. Pegada neutra no triângulo, sentar no banco, inclinar o banco levemente para trás, tracionar na direção do osso do externo até tocar os punhos na região peitoral (Uchida et al., 2008). Os principais músculos envolvidos nesse aparelho são: braquiorradial, braquial, bíceps braquial, peitoral maior (parte esterno costal), peitoral maior (parte abdominal), redondo maior e latíssimo do dorso (Uchida et al., 2008). Este tipo de exercício é excelente para gestantes, pois segundo Uchida et al., (2008) diminui muito a probabilidade de lesões. Como é um exercício que trabalha vários músculos, é interessante diminuir a carga e a intensidade, o que, sendo assim, diminui o consumo de oxigênio. Tríceps na polia alta: posiciona-se em pé com as pernas flexionadas e abertura aproximadamente dos ombros. Utilizar a pegada fechada, manter os braços em contato com o tronco e movimentar os antebraços, realizar extensão dos cotovelos (Uchida et al., 2008). Ação dos músculos: tríceps braquial (cabeça longa), tríceps braquial (cabeça lateral) e flexor ulnar do carpo. Apesar de ser um aparelho guiado, a gestante deve adotar uma posição bem estável (Uchida et al., 2008). Flexão alternada dos cotovelos com halteres: posição, em pé, com as pernas semiflexionadas em uma abertura aproximadamente a dos ombros. Pegada supinada no alteres, realizar o movimento de flexão dos cotovelos e retornar à posição inicial. Extensão do joelho (cadeira extensora): as costas apoiadas no encosto e com o eixo do equipamento muito próximo do eixo das articulações dos joelhos, 22 realizar a extensão dos joelhos. Retornar até um ângulo de 90° na articulação dos joelhos (Uchida et al., 2008). Neste aparelho vamos priorizar o músculo reto femoral, vasto lateral, vasto medial, tíbia anterior e extensor longo dos dedos (Uchida et al., 2008). A mulher gestante, ao realizar a extensão do joelho, não precisa utilizar toda amplitude possível do movimento. Temos que ressaltar que o movimento de extensão de modo intenso prejudica o tecido conjuntivo da gestante, pois o mesmo já possui certa elasticidade (Artal, ,2003). Cadeira abdutora: posição 90° em relação ao quadril, de acordo com posição do encosto, os rotadores externos (quadrado femoral, obturador externo e interno, gêmeos superiores e inferiores e o piriforme) ficam mecanicamente favorecidos para atuar na abdução do quadril (Lima; Pinto, 2006). Ação muscular: Glúteo médio, reto femoral, trato iliotibial, glúteo máximo e tensor da fáscia lata (Lima; Pinto, 2006). Segundo Lima e Pinto (2006), neste exercício, como o lado direito e esquerdo das coxas se movem ao mesmo momento, não ocorre uma inclinação lateral da pelve e flexão lateral da coluna. Além disso, a carga não pode ser muito grande e também não aumentar a amplitude do movimento, pois as mulheres gestantes têm articulações mais frouxas, podendo ocorrer um estresse articular excessivo, predispondo as gestantes às lesões. Cadeira adutora: segundo Campos (2000), a posição é 90° em relação ao quadril, a coluna deve ficar totalmente apoiada no encosto e, durante o exercício, as mãos devem estar sempre nas manobras, pois isso evita qualquer tipo de deslocamento. Os músculos que são envolvidos nesses exercícios são: pectíneo, adutor magno, glacial e adutor longo (Lima; Pinto, 2006). Segundo Wilmore (2001), quando esses músculos estão bem fortalecidos, ajudam a melhorar o desempenho na hora do parto normal. O exercício de adutor tem várias variações, porém, a melhor forma e mais segura da gestante fazer é na cadeira adutora, pois a postura fica adequada e o movimento juntamente com a carga é controlado, além disso, a intensidade da ativação dos músculos envolvidos no movimento pode sofrer algumas alterações (Lima; Pinto, 2006). Um ponto principal a ser frisado é com relação ao ajuste do aparelho. Segundo Lima (2006), as posições do encosto podem provocar um 23 tensionamento dos músculos eretores da espinha. Contudo, é contraindicada para quem possui hiperlordose lombar (Lima; Pinto, 2006). “Panturrilha” Posição: em pé, com apoio de uma base fixa, a gestante com dois pés no chão. Em seguida, realiza-se o movimento de flexor-extensão plantar dos pés (Barros, 2009). A musculatura priorizada é o gastrocnêmico. Além desses 09 exercícios, temos o crossover e a estação. Esses aparelhos proporcionam ao praticante realizar vários tipos de exercício como: rosca tríceps que tem ação no tríceps braquial, rosca bíceps que trabalha músculos como; bíceps braquial (cabeça longa, cabeça curta), braquial e braquiorradial. Percebe-se que o professor de educação física, levando em consideração as contraindicações, pode prescrever outros exercícios nesses aparelhos (Artal,2003). Para Rodrigues (2001), os aparelhos guiados de musculação se enquadram dentro de uma perspectiva segura de realizar o exercício correto e com ótimo equilíbrio. Contudo, devemos levar em consideração essa informação ao prescrever exercício de musculação para gestante. Todavia, isso não quer dizer que os exercícios livres (alteres, anilhas e barras) não podem ser prescritos. Portanto, exercícios livres podem ser inseridos no programa de musculação, uma vez que se leve em consideração os fatores de risco gestacionais citados pelo Acog (2003). Além do mais, os exercícios de alongamentos devem ser incluídos no programa de musculação na gestação. Diante disso, Barros (2009) e Achour (2006) descrevem alguns alongamentos para membros superiores e inferiores os quais podem ser realizadas por gestante. O primeiro alongamento listado é de peitoral e bíceps: posição - a gestante em pé, entrelaça os dedos por traz do corpo com as palmas da mão voltadas uma para a outra, os cotovelos estirados, elevar os braços na direção dos ombros (Barros, 2009 p.50). Outro exercício de alongamento ressaltado por Barros (2009) é de tríceps: posição - um dos braços flexionado a trás da cabeça com a mão apontada para baixo, e com a outra mão puxar levemente o cotovelo para o outro lado. Achour (2006) apresenta também alongamento para região cervical: posição, em pé, com as pernas numa abertura aproximadamente à dos ombros, colocar as mãos atrás da cabeça e pressionar levemente para baixo. 24 Os alongamentos realizados por gestantes devem ser estáticos, pois gera uma tensão de baixa intensidade não permitindo desconforto. Podem ser realizados após os exercícios, pois aliviar tensões musculares constitui uma ótima opção para o corpo voltar à calma no final dos exercícios (Domingues, 2007).Outro assunto que chama bastante atenção das gestantes e dos professores de Educação Física, está relacionado com os exercícios abdominais durante a gestação. Alguns autorescomo Barros (2006), Matsudo (2000) e Acog (2003), entre outros, falam que os exercícios para a região abdominal são recomendados na gestação. Entretanto, os exercícios têm que ser criteriosamente estudados para não trazerem nenhum prejuízo, nem à mãe e nem ao feto. Percebe-se que a maioria dos exercícios de abdominais são na posição supinada ou pronada, essas duas posições não são recomendadas para a gestante, mas existem alguns exercícios que trazem segurança na hora de realizar o trabalho com os músculos abdominais sem trazer nem um dano. Assim, pode ser realizado o abdominal sentado na máquina. Posição: a gestante sentada na máquina, com as mãos fazendo a pegada nas manoplas logo acima dos ombros. Realizar o movimento de flexão do tronco, retornando depois à posição inicial. É fundamental ressaltar que o exercício deve ser realizado com pouca amplitude e sem carga. Outro exercício é o abdominal na posição de quatro apoios. Posição: a gestante fica com o apoio das mãos, com os braços estendidos, e dos joelhos numa superfície plana e estável, formando a angulação de 90º no quadril e na região axilar. Saindo da posição inicial, realizar o movimento de extensão do quadril, sem ampliar de forma excessiva o movimento, devendo-se respeitar o alinhamento da coluna cervical à linha da perna em 180º, e retornando à posição inicial (Silva, 2017). Diante disso, estará sendo evitada a hiperlordose durante o exercício e também não se proporcionará desconforto e nenhum perigo para a gestante. A variável relacionada à ordem dos exercícios no treinamento de musculação, segundo Uchida et al. (2008), deve ser bem estudada para que os objetivos sejam alcançados de forma mais eficiente. A ordem dos exercícios ajuda a evitar lesões osteomusculares. 25 2.1.5 ORIENTAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO DO TREINAMENTO FÍSICO PARA GESTANTES. Percebe-se que uma das melhores opções de montagem da ordem dos exercícios para gestantes é o método conhecido como alternância de exercícios para membros superiores e para os inferiores em sessões em que todo corpo é treinado, pois podem ser aplicadas em qualquer fase do treino em que o praticante se encontra (iniciante, intermediário, avançado) (Uchida et al., 2008). Neste tipo de programa, o professor de educação física pode adaptar um número adequado de exercícios de acordo com a individualidade biológica das gestantes. Ainda segundo Uchida et al (2008), os iniciantes não têm necessidade de mais de um exercício por grupo muscular, os intermediários podem realizar dois exercícios, e os avançados até três exercícios para grandes grupos musculares e dois para pequenos. É importante também ficar atento a quais grupos musculares devem ser treinados e também em relação à sessão, que jamais pode ser muito estressante. Para montar um programa de treinamento seguro e eficaz, é necessário observar algumas orientações: Prescrever exercícios leves e de forma regular, numa frequência de três e cinco vezes por semana, de acordo com o histórico de atividades físicas da praticante (Martins, 2014); Realizar um aquecimento orgânico geral de pelo menos 10 minutos, para evitar mudanças bruscas no estado do organismo, como elevação do batimento cardíaco de forma repentina e alterações da pressão arterial (Martins, 2014); Evitar movimentos de balanço e que contraiam de forma exagerada o abdome, (Martins, 2014); Evitar todo e qualquer tipo de impacto sobre as articulações (Martins, 2014); Não realizar exercícios elevando o quadril e as pernas acima do nível do peito, evitando dessa forma a movimentação brusca do sangue para a cabeça (Martins, 2014); 26 Controlar constantemente a frequência cardíaca, mantendo a mesma entre 50 % a 70% da máxima, para segurança da gestante e do bebê, evitando assim a falta de oxigênio para o feto (Martins, 2014); Movimentos de deitar e levantar do chão devem ser feitos de forma suave, evitando assim a hipotensão (queda brusca da pressão arterial) (Martins, 2014); Mulheres sedentárias deverão iniciar um programa com menor intensidade do que mulheres acostumadas a realizar exercícios físicos (Martins, 2014); A qualquer sintoma anormal (dores e desconfortos), deve-se parar imediatamente a atividade e comunicar o obstetra (Martins, 2014); Evitar exercícios na posição supinada, ou seja, de barriga para baixo; Abolir todo e qualquer tipo de exercício que provoque apneia (prender a respiração) (Martins, 2014); Adequar o consumo de calorias para a gestação e para suportar o ritmo de treinamento sem afetar o bebê, que está em formação. Para isso, é aconselhado um auxílio de nutricionista a fim garantir o consumo dos nutrientes essenciais; Evitar que a temperatura corporal da gestante ultrapasse os 38ºC (Martins, 2014); Antes de iniciar um programa de atividade física, consultar o obstetra para que o mesmo informe particularidades sobre a gestação e exercícios contraindicados para o caso específico da gestante (Martins, 2014); Mulheres com complicações na gravidez não devem praticar exercícios (Martins, 2014); A intensidade sugerida é a moderada (que permite conversar enquanto a realize; de 4 a 7 METS), mas com o progredir da gestação ou nos casos de dúvida, deve-se fazer atividades leves (abaixo de 4 METS) (Freire,2009). Os exercícios físicos com maiores índices de recomendações são: atividades aquáticas (hidroginástica), alongamentos, reforço muscular geral e exercícios aeróbios de baixa intensidade e sem impacto (pedalar 27 na bicicleta horizontal, andar na esteira ou em superfícies macias) (Freire, 2009). 2.2 PRINCIPAIS MODALIDADES DE ATIVIDADES FÍSICAS INDICADAS PARA GESTANTES O conhecimento das modificações físicas e fisiológicas que ocorrem no corpo da mulher durante esse período é de vital importância para que se possa escolher o exercício e saber quais cuidados devem ser tomados, para que não ocorram lesões ortopédicas e musculares, desconfortos para a gestante e para não prejudicar o desenvolvimento fetal (Wilmore, 2011). As principais atividades indicadas para gestantes seriam: 2.2.1 A musculação, a caminhada, exercícios posturais e alongamentos. O treinamento de musculação consiste em vencer uma determinada resistência, que podem ser máquinas, pesos livres, elásticos e o próprio peso corporal realizando-se contrações musculares de forma repetida (Azevedo, 2011). É recomendado que programas de composição corporal, cardiorrespiratório, força muscular e flexibilidade façam parte de programas para gestantes. Como uma recomendação mais recente, o treinamento de musculação vem sendo recomendado como parte do programa, sendo composto de preferência por exercícios de grandes grupos musculares de baixo impacto, com 2 séries de 8 até 10 repetições com frequência entre 2 e 3 vezes por semana. A preocupação com exercícios para a região pélvica e respiratórios é importante devido às alterações posturais causadas pela gestação (Leitão,2017). A musculação produz diferentes respostas ao organismo da mulher tais como, as cardiovasculares, respiratórias, metabólicas e fatores psicológicos. Apresenta também alterações na composição corporal, aumentando a massa magra e diminui a massa gorda, perda de peso, aumento da força e manutenção de ossos fortes e sadios. O exercício deve ser quantificado e controlado, pois várias adaptações fisiológicas durante a gravidez ocorrem devido à pratica de 28 exercício físico. Por essa razão, as cargas devem ser monitoradas e ajustadas, o treino deve ser específico para cada gestante e, com o avanço da gravidez, a intensidade dos exercícios tende a diminuir proporcionalmente (Matsudo, 2000). A musculação traz benefícios, como melhoria da aptidão aeróbia e muscular, facilidade de recuperação pós-parto, diminuição de lombalgias e menor ganho de peso corporal na gestante(Guedes, 2007). Quanto aos exercícios físicos de força muscular, quando realizados em intensidade adequada para o período gestacional, promovem melhora na força, resistência e flexibilidade muscular, sem aumento no risco de lesões, complicações relativas à gestação ou ao peso do feto ao nascer (Lima; Oliveira, 2005). Durante a gravidez, os exercícios isométricos devem representar uma forma de lazer e descartar o caráter de competição e de preparação física, pois deve ser realizado com baixa intensidade, ou seja, com pouca sobrecarga. Ainda a musculação durante a gestação deve ser praticada duas vezes por semana, estimulando-se de 10 a 15 grupamentos musculares. Os exercícios devem ter séries de 3 a 5 repetições, e a intensidade das cargas deve ser moderada, ou seja, de 30 a 40% da carga máxima suportada em condições de não gestação, com recuperação energética total entre os exercícios (Costa, 2011). Exercícios de musculação permitem que o organismo materno se adapte às alterações de postura causadas pela gestação e contribuem para a prevenção de traumas e quedas, assim como na prevenção e tratamento de desconfortos musculoesqueléticos. O fortalecimento deve priorizar os músculos paravertebrais, a cintura escapular e, de preferência, envolver músculos maiores (Navarro, 2011). Como critério de seleção, em gestantes iniciantes, deve-se optar por utilizar o próprio peso corporal e faixas elásticas no lugar de aparelhos de musculação ou pesos livres. Cargas elevadas devem ser evitadas, assim como exercícios isométricos intensos, repetidos e posturas que coloquem a gestante em risco, principalmente aquelas que possam afetar seu equilíbrio. Deve-se adaptar os exercícios de resistência muscular com muita cautela, correlacionando-os a cada período gestacional (Zavorsky, 2011). A musculação é importante para o trabalho reforço do assoalho pélvico, pois é a única musculatura transversal do corpo humano que suporta carga, 29 sendo responsável por diversas funções: suporte dos órgãos abdominais e pélvicos, manutenção da continência urinária e fecal, auxílio no aumento da pressão intra-abdominal, na respiração e na estabilização do tronco. Além disso, esses músculos permitem o intercurso sexual e o parto; suas contrações involuntárias são as características principais do orgasmo e, quando fracos, podem causar hipoestesia vaginal e anorgasmia (Novaes, 2008). Porém, para que os exercícios para o assoalho pélvico sejam desenvolvidos com eficácia, D'ancona (2001) demonstrou a necessidade de as mulheres trabalharem a contração e o relaxamento da musculatura envolvida, já que esses músculos não são normalmente treinados. Existe evidência científica de que o treinamento dos músculos do assoalho pélvico durante a gestação diminui o risco de incontinência urinária no pós-parto. A grávida deve realizar o treinamento dos músculos do assoalho pélvico com contrações sustentadas, ou seja, deve contrair e manter durante cinco a dez segundos, com contrações rápidas em diferentes posturas. Sugere-se que a realização seja diária com duas séries de oito contrações sustentadas por cinco segundos e duas séries realizando dez contrações rápidas (Boyle et al., 2012). A recomendação para prática de exercícios para as gestantes é de que se mantenha a mesma atividade que se praticava antes da gestação, não existindo uma atividade específica, podendo a musculação trazer benefícios, sem aumentar o risco de lesão (Coetzze, 2009). A musculação pode auxiliar na gestação aumentando a força muscular, fortalecendo as articulações, reduzindo a gordura intra-abdominal e aumentando a massa magra, aumentando o bem-estar e melhorando o estado psicológico da gestante (Azevedo, 2012). A caminhada é um dos exercícios mais indicados para a gestante, porém, devem-se seguir algumas recomendações. O horário da caminhada deve ser de temperatura agradável e em terrenos planos. A praticante deve estar alimentada e se hidratar durante todo o percurso (La Roque, 2003). No primeiro trimestre, devido às vertigens que podem ocorrer nessa fase, é recomendável estar sempre acompanhada, e ao final da gravidez também, por sentir maior cansaço e estar próxima do trabalho de parto. A caminhada proporciona melhora da circulação, da postura e da musculatura, ajudando a 30 gestante a se adaptar às modificações do seu corpo nesse período (La Roque, 2003). As algias posturais gestacionais são queixas comuns na gravidez, podendo provocar insônia, estados de depressivos e estão relacionadas com prejuízos domésticos e profissionais (Baciuk, 2006). Lima e Oliveira (2005) afirmam que o exercício físico aeróbico auxilia de forma significativa no controle do peso e na manutenção do condicionamento, além de reduzir riscos de DG, condição que afeta 5% das gestantes. A ativação dos grandes grupos musculares propicia uma melhor utilização da glicose e aumenta simultaneamente a sensibilidade à insulina. Especificamente, o exercício físico aeróbico durante a gestação tem resultado na redução do número de mulheres que apresentam DG que precisam de insulina. Apesar dos conceitos sobre a possibilidade de efeitos deletérios do exercício físico em gestantes, o do tipo aeróbico adequado é seguro durante a gestação, (Coetzze, 2009). Em um estudo com técnicas de exercícios de alongamento e retificação lombar, Coetzze (2009) observou grande alívio da dor e desconfortos decorrentes de alterações físicas comuns na gravidez. Surita, (2014) cita que exercícios que contribuem para o alongamento da região lombar são particularmente benéficos, uma vez que eles tendem a se encurtar com o enfraquecimento e estiramento da musculatura abdominal, à medida que o feto cresce. Essa ênfase pode ajudar a prevenir o exacerbamento da condição lordótica. A mesma autora ainda menciona que exercícios que promovem o fortalecimento e alongamento da musculatura dorsal também devem ser enfatizados, uma vez que o peso dos seios tende a puxar ombros para frente, encurtando o peitoral e superestendendo romboides e trapézios, acentuando a cifose. O alongamento muscular é parte fundamental do programa de exercício, permitindo melhorar a flexibilidade e o relaxamento muscular, e ajudando na adaptação postural e na prevenção de dores de origem musculoesqueléticas. Deve ser complementar ao exercício aeróbico e ao treinamento de resistência (Wolfe, 2003). Técnicas de alongamento muscular, como o Yoga e o Strecthing Global Ativo, comprovadamente diminuem as queixas de dor pélvica posterior e de dor 31 lombar durante a gestação. Diante do aumento nos níveis de relaxina e da progesterona durante a gestação, devem-se evitar alongamentos extremos para prevenir lesões ligamentares e articulares (Martins 2014). As alterações posturais decorrentes da gestação, associadas com alterações hormonais e relaxamento dos ligamentos costumam trazer algias na região lombar e dorsal, e de membros inferiores, cujas queixas tornam-se mais comuns e estão relacionadas com prejuízos domésticos e profissionais, estados depressivos e insônia. Somado a isso, músculos da região perineal passam a suportar mais peso e muitos deles são solicitados em movimentos dos quais não participavam (Gomes; Costa, 2013). Botelho e Miranda (2012) acrescentam ainda que os exercícios de alongamento devem ser de baixa intensidade e não devem provocar movimentos bruscos e desconfortáveis. É importante que os exercícios sejam realizados em posição de decúbito dorsal ou sentados, para não ocorrerem riscos de queda e podem ser de forma dinâmica ou estática. Essa atividade pode ser praticada todos os dias da semana e deve-se utilizar a amplitude máxima do movimento, além de não utilizar sobrecarga, principalmente nas costas. 2.2.2 A natação, a hidroginástica, e o pilates. São indicadas especialmente pela característica de flutuabilidade.Coelho (2009), considera que a flutuação aumenta a amplitude dos movimentos, diminui o estresse articular e reduz a sensação de corpo pesado, queixa de muitas gestantes. O trabalho aquático produz menor incidência de varizes, controle da frequência cardíaca, melhora da postura, aumento da resistência muscular e melhoria da autoimagem. A água aquecida reduz a sensibilidade das terminações nervosas, proporcionando diminuição da dor, espasmos e edemas, reeducação da marcha, maior relaxamento, fortalecimento muscular, equilíbrio e consciência corporal. Segundo Dertkgil et al. (2005), os exercícios aquáticos vêm se destacando como ideais para o período gestacional. Nas atividades feitas na água, os joelhos recebem menor sobrecarga, reduz-se o edema pela ação da pressão hidrostática, o que facilita e estimula a passagem de líquido do meio intersticial para o intravascular; ocorre ainda maior gasto energético, aumento da 32 capacidade cardiovascular e o relaxamento corporal, reduzindo assim, desconfortos músculo esqueléticos comuns nesse período. A natação é um tipo de exercício aquático recomendado para esse período devido à sua propriedade da flutuabilidade. Esta prática, pode trazer melhorias para a circulação sanguínea e fortalecimento muscular. É uma atividade de baixo risco por oferecer pouca chance de lesão, por isso é um esporte indicado para ser praticado durante a gestação. O volume e a intensidade dos exercícios devem ser prescritos de acordo com recomendações médicas, baseadas na individualidade de cada gestante (Costa, 2013). Para Surita (2014), a hidroginástica é outra modalidade aquática que beneficia tanto a gestante quanto o feto. A hidroginástica atua reduzindo a formação de edemas, resultado muito comum em gestantes, diminuindo o estresse articular, os desconfortos musculares e melhorando a termo regulação e assim possibilita ao feto uma estabilidade maior quanto à elevação de temperatura. É uma modalidade que inclui exercícios aeróbios e de alongamentos trabalhando com todos os grupos musculares, envolvendo exercícios de respiração auxiliam na diminuição da sensação de ansiedade. A hidroginástica pode ser realizada de duas a três vezes por semana, com duração variada; auxilia no relaxamento e pode ser positiva no âmbito mental por ser realizada em grupo, e assim ajuda na socialização da mulher com outras gestantes e dessa forma reduz os riscos de depressão gestacional (Coelho, 2009). Sobre exercícios na água para gestantes, Dertkgil et al. (2005) estudou as respostas uterina e fetal durante a imersão simples e durante exercícios em que a mulher se encontrava em imersão, comparando com períodos descanso. Ele não observou diferenças quanto à temperatura corporal fetal, frequência cardíaca do feto e frequência cardíaca da gestante, sugerindo que a expansão no volume plasmático total, causada pela imersão, compensaria a redistribuição de volume que é gerada pelos exercícios e que temperatura corporal seria compensada pela água, tornando-a estável. Outra observação é o fato da imersão e exercícios sob imersão diminuírem as contrações uterinas, uma vez que a expansão de volume plasmático faria possivelmente diminuir os níveis de ocitocina circulantes, por diluição. Ainda, os exercícios aquáticos geram maior conforto à mulher, em 33 especial nos últimos três meses, quando o aumento do volume do abdômen causa maior desconforto para a realização de exercícios em solo. A pressão hidrostática e os aspectos da circulação durante a imersão são apontados como vantagens de atividades realizadas no meio líquido para as gestantes (Coelho, 2009). A diminuição do peso hidrostático influencia também a redução da carga mecânica imposta às articulações dos membros inferiores, devido ao fato de que a carga mecânica depende da força vertical (peso hidrostático) e da aceleração com que o corpo entra em contato com o solo. Assim, pode-se sugerir que o ambiente aquático é benéfico para essa população e pode ser indicado para a prática de exercícios físicos, possibilitando à gestante continuar se exercitando até os últimos dias de gestação (Finkelstein et al., 2004). A implicação da água fria sobre o corpo serve também como termorreguladora, proporcionando ao feto a possibilidade de maior estabilidade frente à elevação de temperatura e a subsequente diminuição do fornecimento de sangue. A água deve ficar entre. 28ºC e 30ºC, tida como a temperatura ideal durante a prática de atividades aquáticas para gestantes, e esse tipo de atividade é mais relaxante que outros exercícios, (Botelho; Miranda, 2012). Recomenda-se que a hidroginástica seja praticada de duas a três vezes por semana, com duração de 40 minutos a uma hora; com intensidade leve a moderada, proporcionando relaxamento. Somado a isso, por ser realizada em grupo, a atividade pode ser divertida e socializar a mulher com outras gestantes, diminuindo os riscos de depressão gestacional, (Coelho, 2009). O método Pilates tem uma proposta reabilitadora, aliando a prática física ao relaxamento mental. A meta de alcance do movimento eficiente no retorno dos movimentos funcionais e melhora da performance é o fundamento do Pilates evoluído, que na gestação acredita-se promover a saúde da mulher e do bebê, (BITTAR 2003). Uma técnica bastante utilizada, que trabalha o alongamento aliado à força muscular, é o método Pilates. Este método ajuda a alongar e relaxar os músculos, preparando a musculatura perineal para o parto e pós-parto, estimulando a circulação e desenvolvendo a consciência corporal, além de melhorar a respiração e aumentar a sensação de bem-estar e autoestima. A praticante reorganiza o seu centro de força, através de uma prática variada com 34 poucas repetições e fluidez de movimentos, melhorando a postura e minimizando as compensações típicas desse período (Machado, 2006). O pilates previne e/ou ameniza as dores na coluna vertebral; alonga e relaxa os músculos; fortalece a musculatura perineal preparando para o parto e pós-parto; estimula a circulação; desenvolve a consciência corporal; melhora a respiração; aumenta a sensação de bem-estar, além de, otimizar a auto estima. Percebe-se que o método acaba apontando a consciência corporal e o domínio sinestésico durante o movimento como definições do seu trabalho. Tudo isso é adquirido pela educação apropriada de ideias de tensão e relaxamento, que corrigiriam os maus hábitos assegurando, assim, melhor saúde. É através desses princípios de consciência corporal, domínio sinestésico e proprioceptivo durante o movimento e repouso que o método é utilizado atualmente nas diversas áreas da reabilitação (Azevedo, 2011). Segundo Kroetz e Santos (2015), este método ajuda a alongar e relaxar os músculos, preparando a musculatura perineal para o parto e o pós-parto, estimula a circulação, desenvolve técnicas de respiração e correção postural, por meio da reorganização do centro de força aumenta a força, o equilíbrio, a coordenação, além da sensação de bem-estar e autoestima. O método Pilates é um programa de exercícios que pode trazer conforto à gravidez e ao parto, com foco na estabilidade da musculatura postural e do assoalho pélvico e no fortalecimento e alongamento suave dos músculos. Mulheres que nunca praticaram o Pilates não devem iniciá-lo na gestação; aquelas que já praticavam previamente devem iniciá-lo novamente após o terceiro mês de gravidez (Leite, 2017). 2.2.3 Mulheres atletas de auto rendimento em período gestacional Os problemas da gravidez das atletas competitivas seriam de duas categorias gerais: os efeitos da gravidez sobre a capacidade competitiva e os efeitos do treinamento intenso e a competição na gravidez, particularmente o feto. Tais atletas poderiam certamente exigir supervisão obstétrica mais próxima do que o cuidado pré-natal (Artal, 2003). 35Para atletas de elite em período gestacional, a intensidade indicada de treinamento é de 70%a 80% da FC máx, ou controlado pela classificação intenso pela TPE (Taxa de percepção de esforço) (ACOG, 2003). Conforme o progresso da gravidez, várias mudanças ocorrem para prevenir a atleta de atingir os mesmos níveis de performance antes da gravidez. O ganho de peso por ela mesma e na presença da frouxidão das articulações e dos ligamentos e a mudança no centro de gravidade causariam limitações inevitáveis na maioria das atividades esportivas (Botelho, 2012). A capacidade de parar e iniciar ou mudar a direção progressivamente diminuiria. Qualquer tentativa de substituir movimentos compensatórios por movimentos bem coordenados, resulta num movimento ineficiente, diminuição na capacidade competitiva, e aumento no risco de lesão. A performance nos esportes em que a endurance é importante pode ser adversamente afetada pela anemia fisiológica, geralmente associada com o aumento do volume sanguíneos da gravidez (Acog, 2003). Apesar do fato de que a gravidez afeta adversamente a performance na atleta competitiva, a maioria das atletas competitivas de elite preferem continuar a treinar durante a gravidez. A intensidade relativamente alta, longa duração, e agendas de treinos frequentes da maioria das atletas competitivas podem colocá-las em maior risco de complicações termo regulatórias durante a gravidez. A atenção particular deveria ser dada para manter a hidratação adequada durante e entre essas sessões de exercício. O balanço do líquido durante uma sessão de exercício pode ser monitorado pela pesagem antes e após a sessão. Por causa do tipo de treinamento feito pelas atletas de elite, é provável que o ganho de peso seria menor para ambos, mãe e feto, do que para as mulheres sedentárias. Esse peso de nascimento menor foi atribuído para a massa gorda neonatal diminuída (Artal, 2003). Lima e Oliveira (2005), ao analisarem os fatores que podem gerar estresse fetal e restrição de crescimento intrauterino, destacam que existem evidências de que a participação em exercícios de intensidade moderada, ao longo da gravidez, pode aumentar o peso do bebê ao nascer, enquanto que exercícios mais intensos e com grande frequência, mantidos por longos períodos da gravidez, podem resultar em crianças com baixo peso. 36 A preocupação com a intensidade reside no fato de que a prática de exercícios com intensidade muito alta acarreta riscos potenciais para o feto, o que pode criar um estado de hipóxia para o mesmo. Também são preocupantes situações em que há risco de trauma abdominal e de hipertermia da gestante. Atividades físicas extenuantes devem ser cuidadosamente monitorizadas em relação ao desenvolvimento de complicações e se exercitar apenas sob supervisão médica (Acog, 2003). 2.2.4 Autoestima e a imagem corporal das gestantes, e os benefícios da atividade física neste período. A formação da autoimagem está diretamente relacionada com a interação entre o meio em que o indivíduo vive e pode ser compreendida como uma representação mental do corpo, sendo o resultado de uma organização cognitiva e afetiva. Para a gestante, as alterações do corpo devido ao crescimento do feto, podem gerar muita angústia. O pânico de se achar “gorda” geralmente traz para a mulher problemas de distúrbios de imagem corporal, podendo até contribuir para o aparecimento de transtornos alimentares. Esse é um fator preocupante, pois a ingestão calórica da gestante deve ser adequada para atender às necessidades exigidas pela gravidez, e às do exercício físico realizado (Segato, 2009). O descontentamento com o corpo reflete diretamente na preocupação com o peso, que é uma das mudanças corporais mais significativas. O conflito entre a autoimagem e o corpo idealizado pode ser acentuado durante a gravidez, devido às inúmeras transformações corporais ocorridas em um curto espaço de tempo, exigindo uma adaptação por parte da gestante, o que interfere na sua imagem corporal (Azevedo, 2011). A baixa autoestima, o aumento do tamanho do corpo e a sensação de estar acima do peso é insatisfatória em qualquer época da vida da mulher e não só durante a gestação. Os autores relatam também que gestantes com baixa autoestima possuem maiores chances de desenvolver problemas como depressão pós-parto, por exemplo (Segato, 2009). 37 Neste sentido, a atividade física pode ajudar na formação de uma imagem corporal positiva, além de proporcionar melhora na autoestima da gestante. Segundo Botelho (2011), a atividade física oferece vantagens durante a gestação também nos aspectos emocionais, colaborando para que a gestante se torne mais autoconfiante e satisfeita com a aparência, eleve a autoestima e apresente maior satisfação na prática dos exercícios. 2.3 AS PRINCIPAIS CONTRAINDICAÇÕES PATOLÓGICAS, ABSOLUTAS E RELATIVAS TANTO PARA A MÃE QUANTO PARA O FETO, OS EXERCÍCIOS QUE DEVEM SER EVITADOS DURANTE A GESTAÇÃO E OS PRINCIPAIS SINAIS PARA A INTERRUPÇÃO DAS ATIVIDADES. As contraindicações absolutas seriam: doenças miocárdicas, insuficiência cardíaca congestiva, enfermidade cardíaca reumática, tromboflebite, embolismo pulmonar recente, risco de parto prematuro, colo uterino incompetente, gestação múltipla, retardo de crescimento intrauterino, macrossomia, enfermidade hipertensiva grave, suspeita de estresse fetal (Freire, 2009). Já classificadas como contraindicações relativas seriam: hipertensão arterial essencial, falta de controle pré-natal, anemia e outras alterações sanguíneas, enfermidade tiroideia, diabetes mellitus, obesidade excessiva ou baixo peso extremo (Freire, 2009). Importantes cuidados durante o exercício incluem hidratação adequada, pois desidratação durante o exercício pode causar parto prematuro, por liberação de hormônios antidiureico, que estimula a fosfolipase, AZ. Temperaturas apropriadas, em atividades ao ar livre ou em ambientes fechados, também devem ser observadas (Carbon, 2004). Existe a atenção e a necessidade de proporcionar períodos de aquecimento e “volta à calma”. As gestantes devem evitar se exercitar em condições extremamente quentes e úmidas. Tanto o exercício quanto a gravidez são acompanhados de um aumento no metabolismo, resultando em maior produção de calor. Quando exercício e gravidez são combinados, as alterações fisiológicas podem causar um aumento da temperatura corporal da mãe, podendo diminuir a dissipação do calor fetal (Freire, 2009). 38 O exercício físico durante a gravidez traz inúmeros benefícios para a mãe e para o feto, desde que sejam tomados os devidos cuidados quanto ao tipo, duração e intensidade, respeitando as contraindicações e patologias associadas com acompanhamento profissional e indicação médica de maneira individualizada. Na ausência de complicações clínicas ou obstétricas, todas as gestantes devem ser estimuladas a implantar ou manter um estilo de vida ativo durante esse período. O exercício físico de intensidade leve a moderada é considerado prática segura, tanto para a mãe quanto para o feto (Coetzze, 2009). A prática de exercício físico deve ser encorajada pelos profissionais de saúde e realizada conforme a motivação da gestante. Não existindo nenhuma padronização quanto ao tipo de exercício, a grávida pode optar pelo que mais lhe agrada, desde que tenha acompanhamento do profissional de educação física especializado e que as contraindicações sejam respeitadas (Gouveia, 2007). O exercício ideal é aquele em que a gestante se sinta bem e confortável. Por isso, a escolha da modalidade deve partir da gestante, desde que respeite as condições provenientes da gravidez e qualquer mudança ou sintoma que acusem qualquer tipo de doença. O profissional de educação física deve estar bem informado e conhecer todas as alterações e sintomas desse período, para que a