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CONTEXTUALIZADA DE TÓPICOS INTEGRADORES I

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CONTEXTUALIZADA DE TÓPICOS INTEGRADORES I (FARMÁCIA)
Ricardo Marques Paiva
Farmácia
28295036
Lesão Renal Aguda: definição e causa mediada por anti-inflamatórios
 Levando em consideração o estudo de caso proposto pela contextualizada de Tópicos Integradores I, tudo indica que o paciente MSJ tenha desenvolvido uma lesão renal aguda devido ao fato de usar altas doses de anti-inflamatórios para dores articulares crônica. A partir dessa declaração poderemos trabalhar nessa contextualizada a definição de lesão renal aguda, as consequências do uso de anti-inflamatório não esteroidais (AINES) sem prescrição médica e o papel do profissional farmacêutico na orientação dos pacientes.
 Segundo Luft et al (2016), o termo lesão renal aguda (LRA) é aplicado para se referir a redução inesperada da função renal, e pode permanecer por períodos variáveis e com origens diversas, ocasionando a inoperância dos rins em exercer suas funções básicas no organismo: manutenção da homeostase e excreção de substâncias. A característica principal da LRA é a redução súbita da taxa de filtração glomerular (TFG), a mesma evidência apresentada pelo paciente MSJ do estudo de caso da contextualizada. Essa redução da TFG pode vir acompanhada de retenção de substâncias nitrogenadas e distúrbios hidroeletrolíticos. 
 Segundo Soares e Brune (2017), a TFG consiste no exame mais importante para se avaliar a função renal por meio da medida de substâncias que são filtradas pelos rins em um determinado período de tempo, e a TFG atua como um indicador de néfrons funcionais. Essa taxa é alcançada com a fórmula CKD-EPI, que leva em consideração a creatinina sérica, a idade, gênero, cor e superfície corpórea; lembrando que devemos levar em consideração a microalbuminúria e a Cistatina C. Os principais fatores que ocasionam a LRA são a diabetes Mellitus, hipertensão arterial, idade avançada, insuficiência cardíaca congestiva e principalmente o uso crônico e super dosagens de anti-inflamatórios não esteroidais (BUCUVIC; PONCE; BALBI, 2011). Mais uma vez encontramos uma referência ao paciente MSJ do estudo de caso da contextualizada; o texto da contextualizada afirma que ele estava em uso de altas doses de anti-inflamatórios devido as dores crônicas nas articulações.
 Vimos que os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são capazes de ocasionar a lesão renal aguda. Os AINES são medicamentos muitos usados pela população, uma vez que são prescritos pelos médicos como analgésico, antipiréticos e anti-inflamatórios, e estão associados a nefrotoxicidade. Entendermos o mecanismo de ação dos AINES é de suma importância para compreendermos o porquê da lesão renal aguda está associada ao uso desses medicamentos. Os AINES agem inibindo as enzimas ciclooxigenases (COX 1 e COX 2), essas enzimas possuem um papel importante na produção de prostaglandinas a partir da conversão do ácido araquidônico. Já as prostaglandinas atuam como vasodilatadoras, mantendo a resistência pré-glomerular através da manutenção da taxa de filtração glomerular e da preservação do fluxo sanguíneo renal (LUCAS et al, 2018). O grupo de medicamentos que fazem parte dos AINES são: cetoprofeno, paracetamol, ibuprofeno, aspirina (AAS), naproxeno, flunixina, meglumina, meloxican, nimesulide, etodolac e outros. Para que nosso entendimento fique claro, entendemos que o uso crônico ou exagerado dos AINES podem inibir as enzimas ciclooxigenases que transformam o ácido araquidônico em prostaglandinas, e essas atuam diretamente na manutenção da taxa de filtração glomerular e da homeostase renal (MELGAÇO et al, 2010). 
 A partir do momento em que entendo o que é lesão renal aguda (LRA) e que os anti-inflamatórios não esteroidais em uso crônico ou exagerado são uma das causas dessa lesão, compreendo a importância do profissional farmacêutico na orientação dos pacientes. Na disciplina Deontologia e Legislação aprendi que a lei n° 13.021, de agosto de 2014, estabelece que as farmácias precisam obrigatoriamente de um profissional farmacêutico durante todo o período de funcionamento do estabelecimento. E a lei deixa claro que qualquer medicamento só pode ser comercializado em farmácias e drogarias, onde tenha a presença integral do farmacêutico. E a resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF), n° 596 ̸ 2014 estabelece que o farmacêutico possui autonomia sobre as atribuições que são privativas a profissão. E a dispensação de medicamentos é uma atribuição privativa do profissional farmacêutico, seja em estabelecimentos privados ou públicos. E no momento em que a dispensação está ocorrendo, o farmacêutico tem a possibilidade de realizar a atenção farmacêutica que está assegurada na RDC 338 de 06 de maio de 2004. 
 A RDC 338 estabelece que a atenção farmacêutica é parte integrante da Assistência Farmacêutica e proporciona o relacionamento direto do paciente com o profissional farmacêutico com o objetivo de estabelecer uma farmacoterapia racional com melhoria na qualidade de vida do paciente (BRASIL, 2004). E a RDC 585, de 29 de agosto de 2013, regulamenta a atribuição clínica do profissional farmacêutico, onde o mesmo pode prover uma consulta farmacêutica, realizar intervenções farmacêuticas e realizar um planejamento da farmacoterapia do paciente com o intuito de melhorar a qualidade de vida do paciente. Ou seja, o profissional farmacêutico tem condições asseguradas pelas legislações e conhecimentos acadêmicos capazes de assegurar uma farmacoterapia com anti-inflamatórios não esteroidais minimizando o perigo de uma lesão renal aguda. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Conselho Federal de Farmácia - CFF. RDC Nº 585, de 29 de agosto de 2013. Regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá outras providências. Publicada no D.O.U. de 25 de setembro de 2013. Brasília, DF, 2013.
BRASIL, Lei n. 13,021, de 08 de agosto de 2014. Diário Oficial da União, Brasília, DF, Poder Executivo, 08 ago. 2014. Disponível em: <http://www.crfsp.org.br/images/stories /Lei%2013021_14%20completa.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 6 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica e estabelece seus princípios gerais e eixos estratégicos. Diário oficial da União, Poder Executivo, Brasília/DF, 20 maio 2004. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br /bvs/saudelegis /cns /2004 /res 0338_06_05_2004.html>. Acesso em: 24 nov. 2022.
BRUETTO, Rosana Gobi. O papel da taxa de filtração glomerular à admissão hospitalar na incidência e na mortalidade da lesão renal aguda associada ao infarto agudo do miocárdio. 2012. 88p. Mestrado (Dissertação Medicina). Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Faculdade de Medicina, São José do Rio Preto,2012.
BUCUVIC, Edwa Maria; PONCE, Daniela; BALBI, André Luis. Fatores de risco para mortalidade na lesão renal aguda. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 57, p. 158-163, 2011. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ramb/a/rSKhVbRT8ZDdfPKB zPBpGFv/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 21 nov. 2022.
LUCAS, Guillherme Nobre Cavalcanti et al. Aspectos fisiopatológicos da nefropatia por anti-inflamatórios não esteroidais. Brazilian Journal of Nephrology, v. 41, p. 124-130, 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/jbn/a/MbxwF9ZHqk4rfcK3VN7N6Nz/? format= pdf&lang=pt>. Acesso em: 21 nov. 2022.
LUFT, Jaqueline et al. Lesão renal aguda em unidade de tratamento intensivo: características clínicas e desfechos. Cogitare Enfermagem, v. 21, n. 2, 2016. Disponível em: <https://www.redalyc.org/journal/4836/483653650010/483653650010.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2022. 
MELGAÇO, Sarah Suyanne Carvalho et al. Nefrotoxicidade dos anti-inflamatórios não esteroidais. Medicina (Ribeirão Preto), v. 43, n. 4, p. 382-390, 2010. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/188/189>. Acesso em 22 nov. 2022.
 
PONCE, Daniela et al. Injúria renal aguda em unidade de terapia intensiva: estudo prospectivo sobre a incidência, fatores de risco e mortalidade. Revista Brasileirade Terapia Intensiva, v. 23, p. 321-326, 2011. Disponível em: <scielo.br/j/rbti/a/Ygc7gkgQnfZswDrNJV3cHRh /abstract/?lang=pt>. Acesso em: 22 nov. 2022.
SOARES, Liziane de Oliveira; BRUNE, Maria Fernanda Spegiorin Salla. Avaliação da função renal em adultos por meio da taxa de filtração glomerular e microalbuminúrica. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde/Brazilian Journal of Health Research, v. 19, n. 3, p. 62-68, 2017. Disponível em: <file:///C:/Users/ Ricardo/Downloads/canhoque,+8.+14166+(62-68)%20(1).pdf>. Acesso em: 22 nov. 2022.

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