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Fundamentos Filosóficos da Análise do Comportamento

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Fundamentos 
Filosóficos da 
Análise do 
Comportamento
Prof. Me. Ana Carolina Macalli
Prof. Me. Ana Carolina Macalli
Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – 
Campus Araraquara (2017-2020).
Mestre em Educação Especial pelo Programa de Pós-Graduação em 
Educação Especial (PPGEES) pela Universidade Federal de São Carlos – 
UFSCAR (2015-2017).
Licenciatura Plena em Educação Especial pela Universidade Federal de São 
Carlos – UFSCar (2010-2013)
É importante conhecer o contexto 
histórico, cultural e intelectual da 
época para melhor compreensão 
sobre os fundamentos filosóficos 
que compõe a Análise do 
Comportamento.
No decorrer do século XIX se consolidaram 
algumas das ciências que estavam sendo 
produzidas, com trabalhos diferentes em 
relação ao que se fazia antes. Nesse século a 
psicologia era dominada por uma perspectiva 
introspeccionista. 
A Psicologia tem suas raízes na Filosofia. A 
natureza humana era estudada mediante a 
especulação, a intuição e a generalização.
A perspectiva introspeccionista tinha como método a 
introspecção, o "olhar para dentro", acreditava-se 
que interiormente, “dentro da mente” havia uma 
série de coisas acontecendo com os sujeitos.
O método consistia em treiná-los para que 
pudessem observar e descrever minuciosamente 
suas sensações em função das características da 
estimulação a que eram submetidos. Nesse 
processo, digamos assim, essa fala correspondia ao 
que estava “lá dentro” e era utilizada para registro e 
como base para propor intervenções.
Já no começo do século XX três linhas estavam 
fortemente em ação: a psicologia animal, o 
funcionalismo e o objetivismo.
• Psicologia animal: representa a união dos estudos de Darwin, 
proposta em um cenário muito adverso, de choque com forças, 
sobretudo, de natureza religiosa. Nessa psicologia começa a se 
pensar na continuidade entre animais e seres humanos. Os 
estudam pautavam-se na tentativa de encontrar alguns 
elementos que pudessem ser indicativos de que, por exemplo, 
os seres humanos faziam parte do reino natural. Portanto, a 
partir dessa nova perspectiva, houve um grande avanço da 
ciência e impacto direto sobre o Watson, que trabalhou muito 
com animais, sendo um dos pioneiros.
• Objetivismo: na proposta de Comte, o conhecimento produzido 
não deveria ser elaborado a partir da subjetividade humana. A 
pesquisa deve ser objetiva, ser criada de forma objetiva. E o 
termo “ser objetivo” refere-se ao afastamento das convicções 
pessoais dos sujeitos (religiosas, políticas, filosóficas, etc.), 
sendo o único meio de conhecer o objeto de estudo como ele 
realmente é. Ou seja, nessa perspectiva o conhecimento deveria 
ser 100% neutro. 
Em relação ao século XIX foi possível avançar muito, pois essa 
nova vertente era totalmente contrária ao Introspeccionismo, 
psicologia que não possuía nenhum controle e neutralidade no 
conhecimento produzido, ao anuir que tudo aquilo que o sujeito 
falava correspondia ao seu comportamento. Esses novos 
paradigmas do objetivismo também impactaram as ideias de 
Watson, que buscou a partir desse momento fazer uma 
psicologia objetiva, atendendo a critérios da realidade e que 
trabalhasse mais com dados.
Na ciência contemporânea há o consentimento sobre a 
impossibilidade de se produzir conhecimentos que sejam 
totalmente neutros, ou seja, não há como alcançar a 
neutralidade ou objetividade total porque isso não existe, pois 
todo conhecimento é elaborado por pessoas, elabora-se teorias, 
cria-se, portanto, um produto humano. Isso é importante para a 
análise do comportamento.
• Funcionalismo: interesse na pesquisa das funções 
mentais, foco no processo de adaptação do homem 
ao meio ambiente no qual estava inserido. Ou seja, 
interesse pelo sujeito na operação de pensar, na 
operação de sentir, na operação do fazer. A 
operação e o processo eram o alvo/ objeto de 
estudo, que foi muito contrária as correntes 
psicológicas da época, como introspeccionismo e a 
psicanálise, que buscavam entender os elementos 
da psique. Essa nova dimensão da psicologia vai 
ser um ponto central na análise do comportamento e 
no desenvolvimento da ciência de Watson 
(Behaviorismo Metodológico), que são 
essencialmente funcionalista, uma vez que seu 
objeto de estudo é identificar a função dos 
comportamentos.
• Apresentamos as influências que culminaram com a 
construção da teoria do behaviorismo ou comportamentalismo 
(behavior = comportamento) que surgiu como uma reação à 
psicologia introspectiva (mentalista) que estava em alta no 
início do século XX. Seu fundador foi o norte-americano John 
B. Watson (1878 - 1958) que em 1913 escreveu o artigo O 
comportamentismo, que ficou conhecido como Manifesto 
behaviorista.
• E a partir desse artigo há o surgimento de um novo tipo de 
pensamento aí sobre a psicologia, e sobre como as pessoas 
devem ser analisadas. Watson trabalhou com a ideia de 
comportamento de estímulo-resposta, de que todos os 
comportamentos tinham estímulos que o silenciava. E para 
isso fez muitos experimentos, principalmente com animais, 
como os ratos, e alguns experimentos com seres humanos.
John B. Watson
• Watson compreendia que comportamento era somente as ações que poderiam ser medidas e observadas. Por exemplo, andar é 
comportamento, pois é possível ver e medir, já pensamento não, uma vez que é algo interno, que está “dentro” do sujeito e não é 
passível de mensuração. Portanto, em na concepção tudo o que não é possível medir e observar não seria alvo de trabalho dos 
behavioristas e dessa ciência.
• Esse é ponto central, nessa ciência a seleção do que é considerado comportamento ou não possui motivo metodológico, nesse 
caso especificamente, aquilo que é possível medir e observar. Por isso, é denominado de Behaviorismo Metodológico, ou seja, 
tudo o foi delineado como objeto comportamental não faz relação com uma natureza conceitual específica, andar e pensar não são 
considerados de natureza diferente, e sim porque essa metodologia pode medir ou não.
• Apesar do marco da psicologia para a análise comportamental ter ocorrido por meio das ideias de Watson, na contemporaneidade 
essa concepção de comportamento mudou. Watson considerava comportamento apenas como estímulo-resposta, interessando-se 
apenas no que acontece fora do indivíduo, sem considerar a ideia de hereditariedade, dos aspectos culturais, etc., como se o ser 
humano fosse uma folha em branco. Skinner em seus estudos altera essa concepção ao avançar na compreensão do que hoje 
considera-se comportamento com a ideia de contingência de três termos, que foi a grande diferença, o comportamento operante.
• Skinner foi um renovador do behaviorismo e dá início à ciência 
denominada Behaviorismo Radical. Produziu muitas pesquisas, desde 
a década de 30 até 1990 realizando trabalhos com informação e 
experimental e resultados a partir de dados quantitativos. 
• O nome Behaviorismo Radical faz menção a oposição, diferenciação, 
ao behaviorismo anterior, o Metodológico, em que Watson descartava 
os comportamentos que não podiam ser observados por uma categoria 
de metodologia de trabalho diferentemente do Behaviorismo Radical, 
que considera a ideia de que tudo que o homem faz é comportamento, 
portanto comportamento é a raiz de tudo e se é a raiz, logo vem a 
palavra radical.
• Para Skinner, no Behaviorismo Radical, embora metodologicamente 
alguns comportamentos sejam difíceis de serem observados como por 
exemplo pensar, estes são considerados comportamentos. O pensar 
em si não conseguimos enxergar, mas é possível observar ações 
motoras, comportamentos, que indicam o ato de pensar. Como 
expressões faciais, o colocar a mão na cabeça, etc.Burrhus Frederic Skinner
• O Behaviorismo Radical considera tudo o que o homem faz comportamento, pois Skinner considera o homem 
como uma única coisa, sem divisão entre corpo e mente como as demaispsicologias da época. Portanto, a mente 
não é uma ferramenta de análise do sujeito.
• Nessa perspectiva do Behaviorismo não deve existir padronização dos sujeitos. Ou seja, os sujeitos nunca devem 
ser comparados a outros sujeitos, mas sim com eles mesmos. Com base nos pressupostos da ideia central de 
sujeito único para a Análise do Comportamento as pessoas aprendem de maneira diferente, ninguém aprende igual 
ao outro, e por isso não pode ser considerada um método de ensino, mas sim uma ciência que propõe descobrir 
como aquela pessoa aprende e que forma ela aprende e, assim, criar novas formas de ensino. 
• A Análise do Comportamento é funcionalista, pois vê o comportamento a partir de sua função, avaliando as 
relações funcionais. É a função do comportamento que importa e justamente por esse fator que ela é tão poderosa 
ao mudar o comportamento, ao compreender uma maneira complexa, global e individual do comportamento.
• Também é interacionista, sendo o comportamento fruto da interação do organismo com o seu ambiente. O 
ambiente é tudo que o circunda e quando a resposta é reforçada, o organismo se modifica. Isso é Interacionismo, 
pensar o sujeito como parte do ambiente, sendo modificado constantemente por esse ambiente. 
• Para o Behaviorismo Radical há três níveis de seleção do comportamento: filogenético, ontogênese e cultural. 
• O nível filogenético refere-se a determinações de comportamentos que são decorrentes da genética dos sujeitos. Por 
exemplo: um peixe só consegue viver na água; é possível ensinar o ser humano a nadar, mas mesmo que queira 
aprender a viver em baixo d’água, por uma questão filogenética não será possível, pois geneticamente nossos pulmões 
precisam fazer constante troca de gases para nos manter vivos. É necessário que o oxigênio entre no corpo e elimine o 
gás carbônico (resíduo do metabolismo). Caso os órgãos estejam cheios de água, essa troca gasosa não se torna 
possível, diferentemente de espécies que têm habilidade de retirar o oxigênio da água, como os animais aquáticos. Os 
humanos não possuem essa aptidão.
• No segundo nível temos a ontogênese ou ontogenética que se refere a nossa história particular de vida. Tudo o que o ser 
humano vive tem impacto direto na maneira que é, sente e faz as coisas. Esse é o nível de maior atuação da Análise do 
Comportamento, ao buscar a função do comportamento, analisa-se, inevitavelmente, a história de reforçamento desses 
comportamentos. A intervenção comportamental vai rearranjar e reorganizar o ambiente para mudar esses reforços e 
modificar os comportamentos.
• No último nível temos as questões de ordem cultural. A cultura na qual o sujeito está inserido, o modo de vida cultural 
dessa população e todas essas variações culturais interferem diretamente no comportamento, na maneira como as 
pessoas se comportam. 
• Portanto, o ser humano e a maneira na qual ele se comporta 
possui múltiplas determinações, de ordem genética, história 
pessoal e aspectos culturais. 
• E por isso o Behaviorismo Radical é darwinista, a seleção 
dos comportamentos presentes no repertório de uma pessoa 
ocorre por meio das consequências. 
• Se estas consequências são vantajosas para os 
permanecem no repertório e se perpetuam naquela respectiva 
cultura. A medida que os comportamentos se tornam mais 
adaptativos, o ser humano evolui. Isso é o modelo darwinista e 
uma analogia que Skinner trabalhou muito.
• Para finalizar a Análise do Comportamento desenvolve-se a partir de três aspectos: Behaviorismo Radical, sendo sua 
filosofia, que dá base a essa psicologia já exemplificado nessa aula. Análise Experimental do Comportamento, capacidade 
de avaliar processos básicos e a Análise do Comportamento Aplicada, essa dimensão que visa produzir tecnologia para 
ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas.
• No decorrer do avanço da ciência na Análise Experimental foram utilizados nas pesquisas animais como ratos brancos 
albinos e pombos. A adoção desses animais deve-se ao baixo custo para aplicar uma série de pesquisas, pela facilidade 
de manejá-los, pelas questões éticas com alguns tipos de manipulações que são antiéticas de fazer em seres humanos e 
pelo maior controle de variáveis.
• O estudo experimental é quando o pesquisador tem controle das variáveis e consegue simulá-las. Na pesquisa 
experimental existem duas variáveis fundamentais, a variável independente e a variável dependente.
• Variável independente é aquilo que o pesquisador modifica para comprovar se possui efeito sobre o sujeito, portanto é a 
variável manipulável. E a variável dependente é aquilo que o pesquisador apenas observa.
• Desta forma, nessa perspectiva de pesquisa busca-se prever e controlar o comportamento individual de um sujeito. A 
variável dependente refere-se ao efeito para o qual se procura a causa. A variável independente são as causas do 
comportamento, as condições externas das quais o comportamento é função. Existe relações diretas sobre as duas, 
sendo relações de causa e efeito no comportamento.
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