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FORMULAÇÃO DO PROBLEMA E HIPÓTESES 1 O tema é o assunto que desejamos provar ou desenvolver. Pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo pesquisador, da sua curiosidade científica, de desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria teoria. Independentemente de sua origem, o tema é, nessa fase, necessariamente amplo, precisando bem o assunto geral sobre o qual desejamos realizar a pesquisa. TÍTULO E TEMA 2 Do tema é feita a delimitação, que deve ser dotada de um sujeito e um objeto. Já o título, acompanhado ou não por subtítulo, difere do tema. Enquanto o tema sofre um processo de delimitação e especificação, para torná-lo viável à realização da pesquisa, o título sintetiza o seu conteúdo. 3 Áreas da Economia Temas Economia Regional e urbana Planejamento e desenvolvimento regional Disparidades regionais Distribuição espacial do emprego e da população Insumo-produto Políticas regionais Economia do Agronegócio Cadeias produtivas Estrutura agrária Produção agropecuária Produtividade agropecuária Economia Internacional Acordos comerciais Relações internacionais Fluxos de capital Importação e exportação Economia Monetária Investigação das instituições financeiras Taxa de juros Índices financeiros Mercado de capitais Setor bancário Desenvolvimento Econômico Estudos sobre a desigualdade Crescimento e desenvolvimento Desenvolvimento sustentável Microeconomia Competitividade setorial Teoria do consumidor Defesa da concorrência Estudo das estruturas de mercado Macroeconomia Políticas fiscais Metas de inflação Consumo, taxa de juros e inflação Investimento e poupança Métodos quantitativos Modelos econométricos Estatística econômica Economia Brasileira Ciclos econômicos e transformações no Brasil Formação e desenvolvimento econômico do Brasil Políticas econômicas ao longo do tempo Economia do trabalho Condições ocupacionais e salariais Mercado de trabalho e gênero Cenário do mercado de trabalho 4 EXEMPLOS DE TÍTULOS O processo de financeirização e a evolução do mercado de trabalho do setor financeiro no Brasil; Ensaios sobre a teoria da tributação ótima; O CANAL DE TOMADA DE RISCO DA POLÍTICA MONETÁRIA: NOVAS EVIDÊNCIAS DO BRASIL; Diferencial salarial inter -regional no Brasil - decompondo os determinantes do diferencial salarial entre os municípios de Betim e São Bernardo do campo; Impacto de choques externos e de prêmio de risco na inflação de serviços 5 Distribuição ocupacional, níveis de escolaridade e experiência: relações com a variação da desigualdade de renda do trabalho no Brasil metropolitano (2003-2013); DINAMIZAÇÃO DOS MERCADOS DE TRABALHO MUNICIPAIS E A DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS NO BRASIL ; DETERMINANTES DA TAXA DE CÂMBIO REAL BRASILEIRA NO PERÍODO 1999-2015 - MODELO COMPORTAMENTAL COM CRÍTICA PÓS-KEYNESIANA E ESTRUTURALISTA; SISTEMA TRIBUTÁRIO E DESIQUALDADE – Uma análise do imposto distributivo do imposto de renda no Brasil; Análise multicausal das perdas na colheita de soja na região Oeste do Paraná; 6 O desenvolvimento econômico regional na região Sul do Brasil ; Urbanização e a existência de vazios urbanos: uma análise do caso do município de Toledo; Transmissão de preços no mercado internacional e brasileiro de açúcar; A determinação do salário na indústria tradicional na região Sul; Diferenças de salário entre cidades médias e regiões metropolitanas do Sul do Brasil ; 7 É o único item do projeto que apresenta respostas à questão “por quê?”. De suma importância, geralmente é o elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa. A justificativa consiste em uma exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa. Deve enfatizar: JUSTIFICATIVA (POR QUE?) 8 A. o estágio em que se encontra a teoria que diz respeito ao tema; B. as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer: confirmação geral, confirmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa, especificação para casos particulares, clarificação da teoria, resolução de pontos obscuros; C. a importância do tema do ponto de vista geral; D. a importância do tema para casos particulares em questão; E. possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema proposto; F. descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares. 9 na acepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento. formulação do problema é mais específica que o tema: indica exatamente qual a dificuldade que se pretende resolver. Assim, podem ser consideradas como problemas científicos as indagações: Qual a composição da atmosfera de Vénus? Qual a causa da enxaqueca? Qual a origem do homem americano? Qual a probabilidade de êxito das operações para transplante de fígado? FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 10 As questões seguintes, por sua vez, podem ser consideradas como problemas do âmbito das ciências sociais: Será que a propaganda de cigarro pela TV induz ao hábito de fumar? Em que medida a delinquência juvenil está relacionada à carência afetiva? Qual a relação entre subdesenvolvimento e dependência econômica? Que fatores determinam a deterioração de uma área urbana? Quais as possíveis consequências culturais da abertura de uma estrada em território indígena? Qual a atitude dos alunos universitários em relação aos trabalhos em grupo? Como a população vê a inserção da Igreja nos movimentos sociais? 11 pode-se dizer que um problema é testável cientificamente quando envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas. As proposições que se seguem podem ser t idas como testáveis: Em que medida a escolaridade influencia a preferência pol ít ico - partidária? A desnutrição contribui para o rebaixamento intelectual? Técnicas de dinâmica de grupo facil itam a interação entre os alunos? Todos estes problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação ou de manipulação. E per feitamente possível, por exemplo, verificar a preferência pol ít ico - par t idária de determinado grupo, bem como o seu nível de escolaridade, para depois determinar em que medida essas variáveis estão relacionadas entre si . 12 “Formular o problema consiste em dizer, de maneira expl ícita, clara, compreensível e operacional , qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver, l imitando o seu campo e apresentando suas característ icas. Desta forma, o objetivo da formulação do problema da pesquisa é tomá-lo individualizado, específico, inconfundível“ Exemplos: - tema - "O per fi l da mãe que deixa o fi lho recém -nascido para adoção"; problema - "Quais condições exercem mais influência na decisão das mães em dar o fi lho recém-nascido para adoção?" (Bardavid, 1980:62); tema - "A necessidade de informação ocupacional na escolha da profissão"; problema - "A Orientação profissional dada, no curso de 2º Grau, influi na segurança (cer teza) em relação à escolha do curso universitário?" (Santos, 1980:101); tema - "A famíl ia carente e sua influência na origem da marginalização social"; problema - "O grau de organização interna da famíl ia carente influi na conduta (marginalização) do menor?" (Lel l is, 1980:TI -187). 13 O problema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma clara, compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por meio de processos científicos. o problema se constitui em uma pergunta científica quando explicita a relação de dois ou mais fenômenos (fatos, variáveis) entre si; 14 Implicações na escolha do problema No processo de investigação social, a primeira tarefa é escolher o problema a ser pesquisado.Esta escolha, por sua vez, conduz a indagações. Por que pesquisar? Qual a importância do fenômeno a ser pesquisado? Que pessoas ou grupos se beneficiarão com os seus resultados? E claro que a preocupação em buscar respostas para indagações não está imune às influências e contradições sociais. O pesquisador, desde a escolha do problema tem a ver com grupos, instituições, comunidades ou ideologias com que o pesquisador se relaciona. Assim, na escolha do problema de pesquisa podem ser verificadas muitas implicações, tais como relevância, oportunidade e comprometimento. ESCOLHA DO PROBLEMA DE PESQUISA 15 Relevância do problema A pesquisa social visa fornecer respostas tanto a problemas determinados por um interesse intelectual, quanto por interesse prático. Interessa, pois, na formulação do problema determinar qual a sua relevância em termos científicos e práticos; Um problema será relevante em termos científicos à medida que conduzir à obtenção de novos conhecimentos. Para se assegurar disso, o pesquisador necessita fazer um levantamento bibliográfico da área; A relevância prática do problema está nos benefícios que podem decorrer de sua solução; Ao se falar da relevância prática do problema, cabe considerá -la também do ponto de vista social. Neste sentido, várias questões podem ser formuladas: Qual a relevância do estudo para determinada sociedade? Quem se beneficiará com a resolução do problema? Quais as consequências sociais do estudo? 16 Oportunidade de pesquisa Muitas vezes a escolha de um problema é determinada não por sua relevância, mas pela oportunidade que oferecem determinadas instituições. Há entidades que oferecem financiamento para pesquisas em determinada área. Outras, embora não proporcionando os meios financeiros, oferecem cer tas condições materiais para o desenvolvimento de pesquisas. Essas condições podem ser o acesso a determinada população, o uso de documentos, ou a uti l ização de instrumental para coleta e análise dos dados. Em ambas as situações, o direcionamento da pesquisa será determinado mais pelas circunstâncias das organizações do que por seu interesse científico. Isto não impede, porém, que pesquisas importantes possam ser desenvolvidas com estes condicionantes. O que se torna necessário é a suficiente habil idade do pesquisador no sentido de adequar as oportunidades oferecidas a objetivos adequados. 17 Comprometimento na escolha do problema A escolha do problema de pesquisa sempre implica algum tipo de comprometimento. Quando o pesquisador está integrado como técnico numa organização, tende a desenvolver as pesquisas que lhe são propostas pela direção ou por seus clientes. Mesmo que a escolha do problema seja de l ivre escolha do pesquisador, o comprometimento pode estar l igado aos programas ou à ideologia da organização. Ainda nos casos em que o pesquisador desenvolve o seu trabalho de forma autônoma, com objetivos fundamentalmente científicos, existe um mínimo de comprometimento, pois os padrões culturais, fi losofias de vida e ideologia criam certo engajamento na seleção do problema 18 Um pesquisador pode, por exemplo, pesquisar o fenômeno da toxicomania, formulando o seguinte problema: "Qual a relação entre o vício em entorpecentes e a estrutura da personalidade dos viciados?" Outro pesquisador poderia formular o problema sob outro prisma: "Em que medida o vício em entorpecentes é influenciado pelo nível de frustração dos anseios sociais do indivíduo? Fica claro que cada um dos pesquisadores se orienta numa direção diferente na busca de resposta para o problema. O primeiro pretende buscar a resposta no próprio indivíduo, e o segundo na sociedade. Refletem, portanto, dois modelos de concepção do homem. Fica claro, pois, que a ideologia do pesquisador pode influenciar significativamente na escolha do problema. 19 Modismo na escolha do problema É frequente ser a escolha de um problema determinada por modismo. Quando em países mais desenvolvidos são realizadas com sucesso investigações em determinada área, verifica -se a tendência para reproduzi -las em outros países. Esta situação pode ser claramente verificada no desenvolvimento da pesquisa social no Brasil . O sucesso dos estudos de comunidade nos Estados Unidos fez com que no Brasil fossem desenvolvidas inúmeras pesquisas similares. A realização de estudos sobre preconceito racial nos Estados Unidos também influenciou muitos cientistas sociais brasileiros na investigação desse fenômeno. Por outro lado, quando um assunto é amplamente debatido sobretudo pelos meios de comunicação, passa a ser objeto de interesse dos pesquisadores sociais. 20 A adequada formulação de um problema de pesquisa não é tarefa das mais fáceis. De modo geral, nas pesquisas sociais, começa -se com uma pergunta formulada de maneira provisória, ou seja, uma pergunta de partida, que poderá mudar de perspectiva ao longo do caminho; Sugere-se leitura e uma avaliação exploratória do tema que vão ajudar na formulação final do problema; PROCESSO DE FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 21 Não existem regras absolutamente r ígidas para a formulação de problemas. O que existe são recomendações baseadas na experiência de pesquisadores sociais que, quando aplicadas, faci l itam a formulação do problema. O problema deve ser formulado como pergunta - A forma interrogativa apresenta a vantagem de ser simples e direta. As perguntas são um convite para uma resposta e ajudam a centrar a atenção do pesquisador nos dados necessários para proporcionar tal resposta. Mas há pesquisadores que preferem elaborar seus enunciados na forma declarativa, como o enunciado de um objetivo, como, por exemplo: o objetivo desta pesquisa é verificar a relação entre o nível de ansiedade dos candidatos a emprego e seu desempenho em provas situacionais. O pesquisador que adota esta postura indica, de cer ta forma os procedimentos a serem adotados para a busca dos dados necessários. REGRAS PARA A FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 22 O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável - Pesquisadores iniciantes tendem a formular problemas tão amplos e genéricos que se torna inviável a realização da pesquisa. Há pesquisadores que preferem formular um problema amplo e, a seguir, mediante revisão da literatura e discussão com pessoas que tiveram experiência com o assunto, vão progressivamente tornando o problema mais específico. É preciso, portanto, rejeitar a ambição de formular um problema muito rapidamente. O problema deve ter clareza - explícito o significado com que estão sendo utilizados. Convém, portanto, utilizar termos próprios do vocabulário científico. 23 O problema deve ser preciso - Há termos que podem ser considerados conceitualmente claros, mas não são precisos, pois não informam acerca dos l imites de sua aplicabilidade. Por essa razão é que se torna vantajoso formular problemas com conceitos passíveis de mensuração. O problema deve apresentar referências empíricas – A observância a este critério nem sempre é fácil nas ciências sociais, pois estas l idam também com valores sociais. Há uma certa expectativa de que as pesquisas sociais possam fornecer respostas a juízos de valor. Por isso é comum apresentar aos cientistas sociais problemas do tipo: "A pena de morte deve se introduzida na legislação?“; Estes problemas envolvem considerações valorativas, não podendo, portanto, ser adequadamente submetidos a teste empírico. 24 O problema deve conduzir a uma pesquisa factível - Não basta formular um problema suficientemente del imitado. E preciso levar em consideração aspectos como o tempo para sua real ização, existência de instrumentos adequados para a coleta de dados, recursos materiais, humanos e financeiros suficientes para levar a cabo a pesquisa. Uma situaçãocrít ica em muitas pesquisas é a constituída pelas autorizações. O problema deve ser ético - Pesquisas que envolvem seres humanos devem caracterizar -se pela observância a princípios éticos definidos por normas aceitas internacionalmente e nacionalmente. Na maioria das universidades e instituições que real izam pesquisas com seres humanos existem comitês de ética, que têm como finalidade analisar previamente os projetos de pesquisa com vistas a identificar possíveis problemas de natureza ética em sua formulação e condução. 25 As hipóteses constituem “respostas” supostas e provisórias ao problema. A principal resposta é denominada hipótese básica, podendo ser complementada por outras, que recebem a denominação de secundárias. É uma proposição que se forma e que será aceita ou rejeitada somente depois de devidamente testada. O papel fundamental da hipótese na pesquisa é sugerir expl icações para os fatos. Essas sugestões podem ser a solução para o problema. Podem ser verdadeiras ou falsas, mas, sempre que bem elaboradas, conduzem à verificação empírica, que é o propósito da pesquisa científica. CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES 26 problemas e hipóteses, são enunciados de relações entre variáveis (fatos, fenômenos); A diferença reside em que o problema constitui sentença interrogativa e a hipótese, sentença afirmativa mais detalhada. Exemplos: problema - "Quais condições exercem mais influência na decisão das mães em dar o fi lho recém-nascido para adoção"?; Hipótese - "As condições que representam fatores formadores de atitudes exercem maior influência na decisão das mães em dar o fi lho recém-nascido para adoção do que as condições que representam fatores biológicos e socio- econômicos" (Bardavid, 1980:63); problema - "A constante migração de grupos familiares carentes influencia em sua organização interna?"; hipótese - "Se elevado índice de migração de grupos familiares carentes, então elevado grau de desorganização familiar" (Lehfeld, 1980: 130). 27 Características das hipóteses : - consistência lógica; - verificabilidade; - simplicidade; - relevância; - apoio teórico; - especificidade; - plausibilidade; - clareza; - profundidade; - fertilidade; - originalidade. 28 Enunciado das hipóteses: - é uma suposição que fazemos na tentativa de explicar o problema; - como resposta e explicação provisória, relaciona duas ou mais variáveis do problema levantado; - deve ser testável e responder ao problema; - serve de guia na pesquisa para verificar sua validade. Surge de: - observação; - resultados de outras pesquisas; - teorias; - intuição. 29 Para Bunge (1976:255), a ciência impõe três requisitos principais à formulação das hipóteses: 1) a hipótese deve ser formalmente correta e não se apresentar "vazia" semanticamente; 2)a hipótese deve estar fundamentada, até certo ponto, em conhecimento anterior; caso contrário, volta a imperar o pressuposto já indicado de que deve ser compatível, sendo completamente nova em matéria de conteúdo, com o corpo de conhecimento científico já existente; 3) a hipótese tem de ser empiricamente contrastável, por intermédio de procedimentos objetivos da ciência, ou seja, mediante sua comparação com os dados empíricos, por sua vez controlados tanto por técnicas quanto por teorias científicas. 30 Kerl inger (1973:28-35) aponta os seguintes fatores que demonstram a importância das hipóteses: a) são "instrumentos de trabalho" da teoria, pois novas hipóteses podem dela ser deduzidas; b) podem ser testadas e julgadas como provavelmente verdadeiras ou falsas; c) constituem instrumentos poderosos para o avanço da ciência, pois sua comprovação requer que se tomem independentes dos valores e opiniões dos indivíduos; d) dir igem a investigação, indicando ao investigador o que procurar ou pesquisar; E) pelo fato de serem comumente formulações relacionais gerais, permitem ao pesquisador deduzir manifestações empíricas específicas, com elas correlacionadas; f) desenvolvem o conhecimento científico, auxil iando o investigador a confirmar (ou não) sua teoria, pois g) incorporam a teoria (ou par te dela) em forma testável ou quase testável. 31 Fontes de elaboração de hipóteses: Conhecimento familiar : O conhecimento popular atribui à "idade" e ao desejo de "afirmação" a rebeldia do adolescente; na área da Psicologia podem-se elaborar hipóteses sobre o assunto, entre elas: "Em determinada fase do desenvolvimento mental do jovem, a necessidade da afirmação do ego leva à contestação da autoridade dos pais e dos valores da sociedade" ou "dada a 'necessidade' da afirmação do ego, então contestação da autoridade dos pais e dos valores da sociedade". Outro exemplo partiria do conhecimento familiar de que as crianças, "brincando de imitar" os adultos, aprendem a se comportar na sociedade; uma hipótese, também na área da Psicologia, seria de que "a imitação é um dos processos de aprendizagem da vida social". 32 Observação: Exemplos: Partindo da constatação da correlação entre o nível socioeconômico (classe social) do aluno e o seu rendimento escolar, vários pesquisadores levantaram hipóteses sobre o menor rendimento escolar dos alunos de classe social baixa, analisando a influência da al imentação, do ambiente cultural , da profissão dos pais, do nível de aspiração educacional dos pais e até dos "valores" que a escola transmite (par tindo da premissa de que ela acentua as "característ icas" da classe alta e média). Comparação com outros estudos: Exemplo: Sintetizando os pressupostos da obra de Durkheim, O suicídio, obteremos as seguintes conclusões: a) a coesão social proporciona apoio psicológico aos membros do grupo submetidos a ansiedades e tensões agudas; b) os índices de suicídio são função das ansiedades e tensões não al iviadas a que estão sujeitas as pessoas; c) os catól icos têm uma coesão social maior que os protestantes e, por tanto, d) é possível prever e antecipar, entre catól icos, um índice menor de suicídio do que entre os protestantes. Um pesquisador, no Brasi l , pode tentar verificar a val idade da correlação entre estas variáveis, num novo contexto social , examinando a coesão social das diferentes profissões rel igiosas e os índices de suicídio entre seus membros. 33 Dedução lógica de uma teoria : Ogburn, em sua obra Social change, apresenta a teoria da demora cultural, indicando que a transformação ou o crescimento, no movimento total de uma cultura, não se processa no mesmo ritmo em todos os setores. Se uma grande parte da herança social do homem é a cultura material, para util izá-la são necessários ajustamentos culturais, denominados cultura adaptativa; as transformações nessa última são geralmente precedidas por transformações na cultura material. Se desejarmos realizar uma pesquisa em área rural do Brasil , onde a televisão tem penetração, podemos partir da hipótese de que ela, transmitindo ideias, crenças, conhecimentos e valores da sociedade urbana (cultura não material), para uma região rural subdesenvolvida, com poucas alterações da cultura material (técnicas e artefatos), influenciou as transformações da cultura adaptativa, fazendo com que a cultura material ficasse defasada em relação a ela. 34 A cultura geral na qual a ciência se desenvolve : Exemplos: Goode e Hatt (1968:83-5) apontam uma série de estudos realizados na sociedade norte-americana sobre "ajustamento" (com o sentido de "felicidade individual"), partindo de hipóteses que o correlacionaram com ocupação, remuneração, educação, classe social, ascendência étnica, felicidade dos pais, assim como o analisaram nas relações de casamento, trabalho e outros grupos sociais. Indicam, ainda, que a "raça" é considerada fator importante na determinação do comportamento humano, principalmente nas sociedades norte-americanae da África do Sul. Assim, nessas sociedades, uma série de estudos científicos teve por base hipóteses relativas às diferenças raciais (a "menor" capacidade intelectual de certas "raças" foi cientificamente refutada por uma série de testes). 35 Analogias: Exemplo: Os estudos da ecologia das plantas e animais reflete no desenvolvimento da ecologia humana: especificamente o fenômeno da segregação, conhecido na ecologia da planta, originou a hipótese de que atividades específicas e tipos de população semelhantes podem ser encontrados ocupando o mesmo território. As análises do desenvolvimento das cidades receberam grande impulso com os autores da chamada Escola de Chicago, cujo enfoque se baseia na ecologia humana (por analogia com a ecologia vegetal e animal), sendo os principais representantes Park, Burgess, Hollingshead, McKenzie, Harris e Ullman. Foi Hollingshead que incorporou, em sua hipótese sobre os processos que operam na organização de uma cidade, o conceito de segregação (os processos seriam: concentração, centralização, segregação, invasão, sucessão, descentralização e rotinização ou fluidez). 36 Experiência pessoal, idiossincrática : Exemplos: Darwin, em sua obra A origem das espécies, levantou a hipótese de que os seres vivos não são imutáveis, oriundos de criações distintas, mas que se modificaram. Ora, além de suas observações pessoais, Darwin reuniu vários fatos que eram conhecidos em sua época, dando -lhes uma interpretação pessoal, da qual originou sua hipótese. Outro exemplo, citado por Goode e Hatt (1968:88-9), refere-se às ciências sociais, especificamente a Thorstein Veblen. Sociólogo norte-americano, descendente de noruegueses, sua visão da sociedade (capitalista) norte -americana foi influenciada pelas suas origens e pela comunidade norueguesa isolada em que foi criado. Conhecedor do positivismo francês e do materialismo histórico, desenvolveu um ponto de vista particular sobre o capitalismo, que expôs em sua obra principal, A teoria da classe ociosa. 37 Casos Discrepantes na Própria Teoria : Exemplo: nas pesquisas sobre comunicação estabeleceu-se a teoria, baseada nos fatos, de que há pessoas que podem ser classificadas como "líderes de opinião". A seguir, novas pesquisas, realimentando a teoria, verificaram que essas pessoas possuíam prestígio, isto é, status elevado na comunidade. Sendo que o status é uma decorrência de diversas variáveis, levantou-se a hipótese de que poderia existir um "tipo ideal" de "pessoa influente". Entretanto, as pesquisas demonstraram a inexistência de muitas características comuns entre elas. Dessa discrepância surgiu a hipótese proposta por Merton, da existência de duas categorias de pessoas, as influentes "cosmopolitas" e as "locais", apresentando grupos de características distintivas. 38 Slide 1: Formulação do problema e hipóteses Slide 2: TÍTULO E TEMA Slide 3 Slide 4 Slide 5: Exemplos de títulos Slide 6 Slide 7 Slide 8: Justificativa (por que?) Slide 9 Slide 10: Formulação do problema Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15: Escolha do problema de pesquisa Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21: Processo de formulação do problema Slide 22: Regras para a formulação do problema Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26: Construção de hipóteses Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38