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FORMULAÇÃO DO 
PROBLEMA E 
HIPÓTESES
1
 O tema é o assunto que desejamos provar ou desenvolver. 
 Pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo 
pesquisador, da sua curiosidade científica, de desafios 
encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria 
teoria.
 Independentemente de sua origem, o tema é, nessa fase, 
necessariamente amplo, precisando bem o assunto geral 
sobre o qual desejamos realizar a pesquisa.
TÍTULO E TEMA
2
 Do tema é feita a delimitação, que deve ser dotada de um 
sujeito e um objeto.
 Já o título, acompanhado ou não por subtítulo, difere do 
tema. 
 Enquanto o tema sofre um processo de delimitação e 
especificação, para torná-lo viável à realização da pesquisa, o 
título sintetiza o seu conteúdo.
3
Áreas da Economia Temas 
Economia Regional e urbana Planejamento e desenvolvimento regional 
Disparidades regionais 
Distribuição espacial do emprego e da 
população 
Insumo-produto 
Políticas regionais 
Economia do Agronegócio Cadeias produtivas 
Estrutura agrária 
Produção agropecuária 
Produtividade agropecuária 
Economia Internacional Acordos comerciais 
Relações internacionais 
Fluxos de capital 
Importação e exportação 
Economia Monetária Investigação das instituições financeiras 
Taxa de juros 
Índices financeiros 
Mercado de capitais 
Setor bancário 
Desenvolvimento Econômico Estudos sobre a desigualdade 
Crescimento e desenvolvimento 
Desenvolvimento sustentável 
Microeconomia Competitividade setorial 
Teoria do consumidor 
Defesa da concorrência 
Estudo das estruturas de mercado 
Macroeconomia Políticas fiscais 
Metas de inflação 
Consumo, taxa de juros e inflação 
Investimento e poupança 
Métodos quantitativos Modelos econométricos 
Estatística econômica 
Economia Brasileira Ciclos econômicos e transformações no Brasil 
Formação e desenvolvimento econômico do 
Brasil 
Políticas econômicas ao longo do tempo 
Economia do trabalho Condições ocupacionais e salariais 
Mercado de trabalho e gênero 
Cenário do mercado de trabalho 
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EXEMPLOS DE TÍTULOS
 O processo de financeirização e a evolução do mercado de 
trabalho do setor financeiro no Brasil;
 Ensaios sobre a teoria da tributação ótima;
 O CANAL DE TOMADA DE RISCO DA POLÍTICA MONETÁRIA: NOVAS 
EVIDÊNCIAS DO BRASIL;
 Diferencial salarial inter -regional no Brasil - decompondo os 
determinantes do diferencial salarial entre os municípios de 
Betim e São Bernardo do campo;
 Impacto de choques externos e de prêmio de risco na inflação de 
serviços
5
 Distribuição ocupacional, níveis de escolaridade e experiência: 
relações com a variação da desigualdade de renda do trabalho 
no Brasil metropolitano (2003-2013);
 DINAMIZAÇÃO DOS MERCADOS DE TRABALHO MUNICIPAIS E A 
DESIGUALDADE DE RENDIMENTOS NO BRASIL ;
 DETERMINANTES DA TAXA DE CÂMBIO REAL BRASILEIRA NO 
PERÍODO 1999-2015 - MODELO COMPORTAMENTAL COM CRÍTICA 
PÓS-KEYNESIANA E ESTRUTURALISTA;
 SISTEMA TRIBUTÁRIO E DESIQUALDADE – Uma análise do 
imposto distributivo do imposto de renda no Brasil;
 Análise multicausal das perdas na colheita de soja na região 
Oeste do Paraná;
6
 O desenvolvimento econômico regional na região Sul do Brasil ;
 Urbanização e a existência de vazios urbanos: uma análise do 
caso do município de Toledo;
 Transmissão de preços no mercado internacional e brasileiro de 
açúcar;
 A determinação do salário na indústria tradicional na região Sul;
 Diferenças de salário entre cidades médias e regiões 
metropolitanas do Sul do Brasil ;
7
 É o único item do projeto que apresenta respostas à questão 
“por quê?”.
 De suma importância, geralmente é o elemento que contribui 
mais diretamente na aceitação da pesquisa.
 A justificativa consiste em uma exposição sucinta, porém 
completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de 
ordem prática que tornam importante a realização da 
pesquisa.
 Deve enfatizar:
JUSTIFICATIVA (POR QUE?)
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A. o estágio em que se encontra a teoria que diz respeito ao 
tema;
B. as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer: 
confirmação geral, confirmação na sociedade particular em 
que se insere a pesquisa, especificação para casos 
particulares, clarificação da teoria, resolução de pontos 
obscuros;
C. a importância do tema do ponto de vista geral;
D. a importância do tema para casos particulares em questão;
E. possibilidade de sugerir modificações no âmbito da 
realidade abarcada pelo tema proposto;
F. descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares.
9
 na acepção científica, problema é qualquer questão não 
resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio 
do conhecimento.
 formulação do problema é mais específica que o tema: indica 
exatamente qual a dificuldade que se pretende resolver.
 Assim, podem ser consideradas como problemas científicos 
as indagações:
 Qual a composição da atmosfera de Vénus? Qual a causa da 
enxaqueca? Qual a origem do homem americano? Qual a 
probabilidade de êxito das operações para transplante de 
fígado?
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
10
 As questões seguintes, por sua vez, podem ser consideradas 
como problemas do âmbito das ciências sociais: Será que a 
propaganda de cigarro pela TV induz ao hábito de fumar? 
 Em que medida a delinquência juvenil está relacionada à 
carência afetiva? 
 Qual a relação entre subdesenvolvimento e dependência 
econômica? 
 Que fatores determinam a deterioração de uma área urbana? 
 Quais as possíveis consequências culturais da abertura de 
uma estrada em território indígena?
 Qual a atitude dos alunos universitários em relação aos 
trabalhos em grupo? 
 Como a população vê a inserção da Igreja nos movimentos 
sociais?
11
 pode-se dizer que um problema é testável cientificamente quando 
envolve variáveis que podem ser observadas ou manipuladas.
 As proposições que se seguem podem ser t idas como testáveis: 
 Em que medida a escolaridade influencia a preferência pol ít ico -
partidária? A desnutrição contribui para o rebaixamento intelectual? 
Técnicas de dinâmica de grupo facil itam a interação entre os alunos? 
 Todos estes problemas envolvem variáveis suscetíveis de observação 
ou de manipulação. 
 E per feitamente possível, por exemplo, verificar a preferência pol ít ico -
par t idária de determinado grupo, bem como o seu nível de 
escolaridade, para depois determinar em que medida essas variáveis 
estão relacionadas entre si .
12
 “Formular o problema consiste em dizer, de maneira expl ícita, clara, 
compreensível e operacional , qual a dificuldade com a qual nos 
defrontamos e que pretendemos resolver, l imitando o seu campo e 
apresentando suas característ icas. Desta forma, o objetivo da formulação 
do problema da pesquisa é tomá-lo individualizado, específico, 
inconfundível“
 Exemplos: - tema - "O per fi l da mãe que deixa o fi lho recém -nascido para 
adoção"; problema - "Quais condições exercem mais influência na decisão 
das mães em dar o fi lho recém-nascido para adoção?" (Bardavid, 
1980:62); 
 tema - "A necessidade de informação ocupacional na escolha da 
profissão"; problema - "A Orientação profissional dada, no curso de 2º 
Grau, influi na segurança (cer teza) em relação à escolha do curso 
universitário?" (Santos, 1980:101); 
 tema - "A famíl ia carente e sua influência na origem da marginalização 
social"; problema - "O grau de organização interna da famíl ia carente influi 
na conduta (marginalização) do menor?" (Lel l is, 1980:TI -187).
13
 O problema, assim, consiste em um enunciado explicitado de 
forma clara, compreensível e operacional, cujo melhor modo 
de solução ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por meio 
de processos científicos.
 o problema se constitui em uma pergunta científica quando 
explicita a relação de dois ou mais fenômenos (fatos, 
variáveis) entre si;
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Implicações na escolha do problema
 No processo de investigação social, a primeira tarefa é escolher 
o problema a ser pesquisado.Esta escolha, por sua vez, conduz 
a indagações. 
 Por que pesquisar? Qual a importância do fenômeno a ser 
pesquisado? Que pessoas ou grupos se beneficiarão com os seus 
resultados?
 E claro que a preocupação em buscar respostas para indagações 
não está imune às influências e contradições sociais. 
 O pesquisador, desde a escolha do problema tem a ver com 
grupos, instituições, comunidades ou ideologias com que o 
pesquisador se relaciona. 
 Assim, na escolha do problema de pesquisa podem ser 
verificadas muitas implicações, tais como relevância, 
oportunidade e comprometimento.
ESCOLHA DO PROBLEMA DE PESQUISA
15
Relevância do problema
 A pesquisa social visa fornecer respostas tanto a problemas 
determinados por um interesse intelectual, quanto por interesse 
prático. 
 Interessa, pois, na formulação do problema determinar qual a 
sua relevância em termos científicos e práticos;
 Um problema será relevante em termos científicos à medida que 
conduzir à obtenção de novos conhecimentos. Para se assegurar 
disso, o pesquisador necessita fazer um levantamento 
bibliográfico da área;
 A relevância prática do problema está nos benefícios que podem 
decorrer de sua solução;
 Ao se falar da relevância prática do problema, cabe considerá -la 
também do ponto de vista social. Neste sentido, várias questões 
podem ser formuladas: Qual a relevância do estudo para 
determinada sociedade? Quem se beneficiará com a resolução 
do problema? Quais as consequências sociais do estudo?
16
Oportunidade de pesquisa
 Muitas vezes a escolha de um problema é determinada não por sua 
relevância, mas pela oportunidade que oferecem determinadas 
instituições. 
 Há entidades que oferecem financiamento para pesquisas em 
determinada área. 
 Outras, embora não proporcionando os meios financeiros, oferecem 
cer tas condições materiais para o desenvolvimento de pesquisas. 
 Essas condições podem ser o acesso a determinada população, o uso 
de documentos, ou a uti l ização de instrumental para coleta e análise 
dos dados. 
 Em ambas as situações, o direcionamento da pesquisa será 
determinado mais pelas circunstâncias das organizações do que por 
seu interesse científico. 
 Isto não impede, porém, que pesquisas importantes possam ser 
desenvolvidas com estes condicionantes. 
 O que se torna necessário é a suficiente habil idade do pesquisador no 
sentido de adequar as oportunidades oferecidas a objetivos 
adequados.
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Comprometimento na escolha do problema
 A escolha do problema de pesquisa sempre implica algum tipo 
de comprometimento.
 Quando o pesquisador está integrado como técnico numa 
organização, tende a desenvolver as pesquisas que lhe são 
propostas pela direção ou por seus clientes. 
 Mesmo que a escolha do problema seja de l ivre escolha do 
pesquisador, o comprometimento pode estar l igado aos 
programas ou à ideologia da organização.
 Ainda nos casos em que o pesquisador desenvolve o seu trabalho 
de forma autônoma, com objetivos fundamentalmente 
científicos, existe um mínimo de comprometimento, pois os 
padrões culturais, fi losofias de vida e ideologia criam certo 
engajamento na seleção do problema
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 Um pesquisador pode, por exemplo, pesquisar o fenômeno da 
toxicomania, formulando o seguinte problema:
 "Qual a relação entre o vício em entorpecentes e a estrutura da 
personalidade dos viciados?"
 Outro pesquisador poderia formular o problema sob outro 
prisma:
 "Em que medida o vício em entorpecentes é influenciado pelo 
nível de frustração dos anseios sociais do indivíduo?
 Fica claro que cada um dos pesquisadores se orienta numa 
direção diferente na busca de resposta para o problema. 
 O primeiro pretende buscar a resposta no próprio indivíduo, e o 
segundo na sociedade. 
 Refletem, portanto, dois modelos de concepção do homem. Fica 
claro, pois, que a ideologia do pesquisador pode influenciar 
significativamente na escolha do problema.
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Modismo na escolha do problema
 É frequente ser a escolha de um problema determinada por 
modismo. 
 Quando em países mais desenvolvidos são realizadas com 
sucesso investigações em determinada área, verifica -se a 
tendência para reproduzi -las em outros países.
 Esta situação pode ser claramente verificada no 
desenvolvimento da pesquisa social no Brasil . 
 O sucesso dos estudos de comunidade nos Estados Unidos fez 
com que no Brasil fossem desenvolvidas inúmeras pesquisas 
similares. A realização de estudos sobre preconceito racial nos 
Estados Unidos também influenciou muitos cientistas sociais 
brasileiros na investigação desse fenômeno.
 Por outro lado, quando um assunto é amplamente debatido 
sobretudo pelos meios de comunicação, passa a ser objeto de 
interesse dos pesquisadores sociais.
20
 A adequada formulação de um problema de pesquisa não é 
tarefa das mais fáceis.
 De modo geral, nas pesquisas sociais, começa -se com uma 
pergunta formulada de maneira provisória, ou seja, uma 
pergunta de partida, que poderá mudar de perspectiva ao 
longo do caminho;
 Sugere-se leitura e uma avaliação exploratória do tema que 
vão ajudar na formulação final do problema;
PROCESSO DE FORMULAÇÃO DO 
PROBLEMA
21
 Não existem regras absolutamente r ígidas para a formulação de 
problemas.
 O que existe são recomendações baseadas na experiência de 
pesquisadores sociais que, quando aplicadas, faci l itam a formulação 
do problema.
 O problema deve ser formulado como pergunta - A forma interrogativa 
apresenta a vantagem de ser simples e direta. 
 As perguntas são um convite para uma resposta e ajudam a centrar a 
atenção do pesquisador nos dados necessários para proporcionar tal 
resposta. 
 Mas há pesquisadores que preferem elaborar seus enunciados na 
forma declarativa, como o enunciado de um objetivo, como, por 
exemplo: o objetivo desta pesquisa é verificar a relação entre o nível 
de ansiedade dos candidatos a emprego e seu desempenho em provas 
situacionais. 
 O pesquisador que adota esta postura indica, de cer ta forma os 
procedimentos a serem adotados para a busca dos dados necessários.
REGRAS PARA A FORMULAÇÃO DO 
PROBLEMA
22
 O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável -
Pesquisadores iniciantes tendem a formular problemas tão 
amplos e genéricos que se torna inviável a realização da 
pesquisa. 
 Há pesquisadores que preferem formular um problema amplo 
e, a seguir, mediante revisão da literatura e discussão com 
pessoas que tiveram experiência com o assunto, vão 
progressivamente tornando o problema mais específico. 
 É preciso, portanto, rejeitar a ambição de formular um 
problema muito rapidamente. 
 O problema deve ter clareza - explícito o significado com que 
estão sendo utilizados. Convém, portanto, utilizar termos 
próprios do vocabulário científico.
23
 O problema deve ser preciso - Há termos que podem ser 
considerados conceitualmente claros, mas não são precisos, pois 
não informam acerca dos l imites de sua aplicabilidade.
 Por essa razão é que se torna vantajoso formular problemas com 
conceitos passíveis de mensuração.
 O problema deve apresentar referências empíricas – A 
observância a este critério nem sempre é fácil nas ciências 
sociais, pois estas l idam também com valores sociais. 
 Há uma certa expectativa de que as pesquisas sociais possam 
fornecer respostas a juízos de valor. Por isso é comum 
apresentar aos cientistas sociais problemas do tipo: "A pena de 
morte deve se introduzida na legislação?“;
 Estes problemas envolvem considerações valorativas, não 
podendo, portanto, ser adequadamente submetidos a teste 
empírico.
24
 O problema deve conduzir a uma pesquisa factível - Não basta formular 
um problema suficientemente del imitado. 
 E preciso levar em consideração aspectos como o tempo para sua 
real ização, existência de instrumentos adequados para a coleta de 
dados, recursos materiais, humanos e financeiros suficientes para 
levar a cabo a pesquisa. 
 Uma situaçãocrít ica em muitas pesquisas é a constituída pelas 
autorizações. 
 O problema deve ser ético - Pesquisas que envolvem seres humanos 
devem caracterizar -se pela observância a princípios éticos definidos 
por normas aceitas internacionalmente e nacionalmente.
 Na maioria das universidades e instituições que real izam pesquisas 
com seres humanos existem comitês de ética, que têm como finalidade 
analisar previamente os projetos de pesquisa com vistas a identificar 
possíveis problemas de natureza ética em sua formulação e condução.
25
 As hipóteses constituem “respostas” supostas e provisórias ao 
problema. 
 A principal resposta é denominada hipótese básica, podendo ser 
complementada por outras, que recebem a denominação de 
secundárias.
 É uma proposição que se forma e que será aceita ou rejeitada somente 
depois de devidamente testada.
 O papel fundamental da hipótese na pesquisa é sugerir expl icações 
para os fatos. 
 Essas sugestões podem ser a solução para o problema. Podem ser 
verdadeiras ou falsas, mas, sempre que bem elaboradas, conduzem à 
verificação empírica, que é o propósito da pesquisa científica.
CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES
26
 problemas e hipóteses, são enunciados de relações entre 
variáveis (fatos, fenômenos); 
 A diferença reside em que o problema constitui sentença 
interrogativa e a hipótese, sentença afirmativa mais detalhada.
 Exemplos: problema - "Quais condições exercem mais influência 
na decisão das mães em dar o fi lho recém-nascido para 
adoção"?; Hipótese - "As condições que representam fatores 
formadores de atitudes exercem maior influência na decisão das 
mães em dar o fi lho recém-nascido para adoção do que as 
condições que representam fatores biológicos e socio-
econômicos" (Bardavid, 1980:63); problema - "A constante 
migração de grupos familiares carentes influencia em sua 
organização interna?"; hipótese - "Se elevado índice de migração 
de grupos familiares carentes, então elevado grau de 
desorganização familiar" (Lehfeld, 1980: 130).
27
 Características das hipóteses :
 - consistência lógica;
 - verificabilidade;
 - simplicidade;
 - relevância;
 - apoio teórico;
 - especificidade;
 - plausibilidade;
 - clareza;
 - profundidade;
 - fertilidade;
 - originalidade.
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 Enunciado das hipóteses:
 - é uma suposição que fazemos na tentativa de explicar o 
problema;
 - como resposta e explicação provisória, relaciona duas ou 
mais variáveis do problema levantado;
 - deve ser testável e responder ao problema;
 - serve de guia na pesquisa para verificar sua validade.
 Surge de:
 - observação;
 - resultados de outras pesquisas;
 - teorias;
 - intuição.
29
 Para Bunge (1976:255), a ciência impõe três requisitos 
principais à formulação das hipóteses: 
 1) a hipótese deve ser formalmente correta e não se apresentar 
"vazia" semanticamente;
 2)a hipótese deve estar fundamentada, até certo ponto, em 
conhecimento anterior; caso contrário, volta a imperar o 
pressuposto já indicado de que deve ser compatível, sendo 
completamente nova em matéria de conteúdo, com o corpo de 
conhecimento científico já existente; 
 3) a hipótese tem de ser empiricamente contrastável, por 
intermédio de procedimentos objetivos da ciência, ou seja, 
mediante sua comparação com os dados empíricos, por sua vez 
controlados tanto por técnicas quanto por teorias científicas.
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 Kerl inger (1973:28-35) aponta os seguintes fatores que demonstram a 
importância das hipóteses:
 a) são "instrumentos de trabalho" da teoria, pois novas hipóteses 
podem dela ser deduzidas;
 b) podem ser testadas e julgadas como provavelmente verdadeiras ou 
falsas;
 c) constituem instrumentos poderosos para o avanço da ciência, pois 
sua comprovação requer que se tomem independentes dos valores e 
opiniões dos indivíduos;
 d) dir igem a investigação, indicando ao investigador o que procurar ou 
pesquisar;
 E) pelo fato de serem comumente formulações relacionais gerais, 
permitem ao pesquisador deduzir manifestações empíricas específicas, 
com elas correlacionadas;
 f) desenvolvem o conhecimento científico, auxil iando o investigador a 
confirmar (ou não) sua teoria, pois
 g) incorporam a teoria (ou par te dela) em forma testável ou quase 
testável.
31
 Fontes de elaboração de hipóteses:
 Conhecimento familiar : O conhecimento popular atribui à 
"idade" e ao desejo de "afirmação" a rebeldia do adolescente; 
na área da Psicologia podem-se elaborar hipóteses sobre o 
assunto, entre elas: "Em determinada fase do 
desenvolvimento mental do jovem, a necessidade da 
afirmação do ego leva à contestação da autoridade dos pais e 
dos valores da sociedade" ou "dada a 'necessidade' da 
afirmação do ego, então contestação da autoridade dos pais e 
dos valores da sociedade". 
 Outro exemplo partiria do conhecimento familiar de que as 
crianças, "brincando de imitar" os adultos, aprendem a se 
comportar na sociedade; uma hipótese, também na área da 
Psicologia, seria de que "a imitação é um dos processos de 
aprendizagem da vida social".
32
 Observação: Exemplos: Partindo da constatação da correlação entre o nível 
socioeconômico (classe social) do aluno e o seu rendimento escolar, vários 
pesquisadores levantaram hipóteses sobre o menor rendimento escolar dos 
alunos de classe social baixa, analisando a influência da al imentação, do 
ambiente cultural , da profissão dos pais, do nível de aspiração educacional 
dos pais e até dos "valores" que a escola transmite (par tindo da premissa 
de que ela acentua as "característ icas" da classe alta e média).
 Comparação com outros estudos: Exemplo: Sintetizando os pressupostos 
da obra de Durkheim, O suicídio, obteremos as seguintes conclusões: a) a 
coesão social proporciona apoio psicológico aos membros do grupo 
submetidos a ansiedades e tensões agudas; b) os índices de suicídio são 
função das ansiedades e tensões não al iviadas a que estão sujeitas as 
pessoas; c) os catól icos têm uma coesão social maior que os protestantes 
e, por tanto, d) é possível prever e antecipar, entre catól icos, um índice 
menor de suicídio do que entre os protestantes.
 Um pesquisador, no Brasi l , pode tentar verificar a val idade da correlação 
entre estas variáveis, num novo contexto social , examinando a coesão 
social das diferentes profissões rel igiosas e os índices de suicídio entre 
seus membros.
33
 Dedução lógica de uma teoria : Ogburn, em sua obra Social 
change, apresenta a teoria da demora cultural, indicando que a 
transformação ou o crescimento, no movimento total de uma 
cultura, não se processa no mesmo ritmo em todos os setores. 
 Se uma grande parte da herança social do homem é a cultura 
material, para util izá-la são necessários ajustamentos culturais, 
denominados cultura adaptativa; as transformações nessa 
última são geralmente precedidas por transformações na cultura 
material. 
 Se desejarmos realizar uma pesquisa em área rural do Brasil , 
onde a televisão tem penetração, podemos partir da hipótese de 
que ela, transmitindo ideias, crenças, conhecimentos e valores 
da sociedade urbana (cultura não material), para uma região 
rural subdesenvolvida, com poucas alterações da cultura 
material (técnicas e artefatos), influenciou as transformações da 
cultura adaptativa, fazendo com que a cultura material ficasse 
defasada em relação a ela.
34
 A cultura geral na qual a ciência se desenvolve : Exemplos: Goode
e Hatt (1968:83-5) apontam uma série de estudos realizados na 
sociedade norte-americana sobre "ajustamento" (com o sentido 
de "felicidade individual"), partindo de hipóteses que o 
correlacionaram com ocupação, remuneração, educação, classe 
social, ascendência étnica, felicidade dos pais, assim como o 
analisaram nas relações de casamento, trabalho e outros grupos 
sociais. 
 Indicam, ainda, que a "raça" é considerada fator importante na 
determinação do comportamento humano, principalmente nas 
sociedades norte-americanae da África do Sul. 
 Assim, nessas sociedades, uma série de estudos científicos teve 
por base hipóteses relativas às diferenças raciais (a "menor" 
capacidade intelectual de certas "raças" foi cientificamente 
refutada por uma série de testes).
35
 Analogias: Exemplo: Os estudos da ecologia das plantas e 
animais reflete no desenvolvimento da ecologia humana: 
especificamente o fenômeno da segregação, conhecido na 
ecologia da planta, originou a hipótese de que atividades 
específicas e tipos de população semelhantes podem ser 
encontrados ocupando o mesmo território. 
 As análises do desenvolvimento das cidades receberam grande 
impulso com os autores da chamada Escola de Chicago, cujo 
enfoque se baseia na ecologia humana (por analogia com a 
ecologia vegetal e animal), sendo os principais representantes 
Park, Burgess, Hollingshead, McKenzie, Harris e Ullman. 
 Foi Hollingshead que incorporou, em sua hipótese sobre os 
processos que operam na organização de uma cidade, o conceito 
de segregação (os processos seriam: concentração, 
centralização, segregação, invasão, sucessão, descentralização e 
rotinização ou fluidez). 
36
 Experiência pessoal, idiossincrática : Exemplos: Darwin, em sua 
obra A origem das espécies, levantou a hipótese de que os seres 
vivos não são imutáveis, oriundos de criações distintas, mas que 
se modificaram.
 Ora, além de suas observações pessoais, Darwin reuniu vários 
fatos que eram conhecidos em sua época, dando -lhes uma 
interpretação pessoal, da qual originou sua hipótese. 
 Outro exemplo, citado por Goode e Hatt (1968:88-9), refere-se às 
ciências sociais, especificamente a Thorstein Veblen. Sociólogo 
norte-americano, descendente de noruegueses, sua visão da 
sociedade (capitalista) norte -americana foi influenciada pelas 
suas origens e pela comunidade norueguesa isolada em que foi 
criado. 
 Conhecedor do positivismo francês e do materialismo histórico, 
desenvolveu um ponto de vista particular sobre o capitalismo, 
que expôs em sua obra principal, A teoria da classe ociosa.
37
 Casos Discrepantes na Própria Teoria : Exemplo: nas pesquisas 
sobre comunicação estabeleceu-se a teoria, baseada nos fatos, 
de que há pessoas que podem ser classificadas como "líderes de 
opinião". 
 A seguir, novas pesquisas, realimentando a teoria, verificaram 
que essas pessoas possuíam prestígio, isto é, status elevado na 
comunidade. 
 Sendo que o status é uma decorrência de diversas variáveis, 
levantou-se a hipótese de que poderia existir um "tipo ideal" de 
"pessoa influente". 
 Entretanto, as pesquisas demonstraram a inexistência de muitas 
características comuns entre elas. Dessa discrepância surgiu a 
hipótese proposta por Merton, da existência de duas categorias 
de pessoas, as influentes "cosmopolitas" e as "locais", 
apresentando grupos de características distintivas.
38
	Slide 1: Formulação do problema e hipóteses
	Slide 2: TÍTULO E TEMA
	Slide 3
	Slide 4
	Slide 5: Exemplos de títulos
	Slide 6
	Slide 7
	Slide 8: Justificativa (por que?)
	Slide 9
	Slide 10: Formulação do problema
	Slide 11
	Slide 12
	Slide 13
	Slide 14
	Slide 15: Escolha do problema de pesquisa
	Slide 16
	Slide 17
	Slide 18
	Slide 19
	Slide 20
	Slide 21: Processo de formulação do problema
	Slide 22: Regras para a formulação do problema
	Slide 23
	Slide 24
	Slide 25
	Slide 26: Construção de hipóteses
	Slide 27
	Slide 28
	Slide 29
	Slide 30
	Slide 31
	Slide 32
	Slide 33
	Slide 34
	Slide 35
	Slide 36
	Slide 37
	Slide 38