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2023 GUIA PRÁTICO DE HEMOGA DE CÃES E GATOS SOMETRIA Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 http://www.vet360.online/ GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA DE CÃES E GATOS • 2023 www.vet360.online Encontre mais materiais no nosso site: Bruno Santiago Rodrigues Autor Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 http://www.vet360.online/ Você não está sozinho! E isso não é um bicho de sete cabeças 01 Começando pelo básico: conceitos e fisiologia aplicada 02 Diferenças entre amostras de sangue arterial e venoso 03 De onde devo coletar minhas amostras de sangue? 03 Parâmetros mais comuns da hemogasometria 04 Abordando a ventilação pulmonar 05 Entenda ventilação total, do espaço morto e alveolar 06 É eucapnia, hipercapnia ou hipocapnia? 07 O problema da hipoventilação 08 O problema da hipoperfusão 09 Meu paciente tem hipoxemia? Se sim, qual seria a causa? 09 Obtendo a pressão barométrica local 10 O que é FiO₂ e como calculá-la? 11 Relação entre oxigenação alveolar e sanguínea: Δ(ᴬ - a) 14 As bases da avaliação do equilíbrio ácido-base 16 Entendendo a relação do pH com a PₐCO₂ e com o HCO₃⁻ 17 Entendendo os distúrbios simples e a compensação 18 Esclarecendo a terminologia quanto ao nível do pH 19 Os primeiros passos (com exemplos!) 19 O quarto passo: avaliando a resposta compensatória 21 Fórmulas de compensação e exemplos práticos 22 Aprenda o que significa Anion gap (AG) 27 De onde vem esse negócio do AG??? 28 Acidoses orgânicas: que diabos é isso? 29 Calculando o AG de forma prática! 30 Acidose normoclorêmica e hiperclorêmica 31 Corrija o AG nos casos de hipoalbuminemia 31 GUIA DE CONTEÚDO Calculando o volume corrente e o volume minuto 12 Sobre o base excess: simples e rápido! 25 Meus sinceros parabéns! Você chegou lá! 32 GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Guia de conteúdo (clicável!) Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 GUIA DE CONTEÚDO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Conteúdo extra!!! 33 Tabelas de referência 34 Condições causadoras de distúrbios ácido-base 35 Causas comuns de erros na interpretação 39 Distúrbios ácido-base mistos com pH normal 40 Algoritmo para suspeita de distúrbio misto 41 Causas de distúrbios triplos 42 Dicas de terapêutica dos distúrbios metabólicos 43 Referências 46 Mande seu feedback pra gente! 47 Guia de coleta de material (sangue arterial) 45 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 Sobre o autor Médico Veterinário especialistaem pequenos animais com 8anos de experiência Residência em Clínica e Cirurgia de Cães e Gatos Pós graduado em Nefrologia eUrologia Entusiasta da medicina veterinária generalista, intensivismo, imagem e nefrologia Bruno S Rodrigues Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 01 Você já se deparou com o termo "hemogasometria" e sentiu uma pontinha de medo ou confusão? Não se preocupe, você não está sozinho! Muitas pessoas consideram essa área da medicina veterinária como um verdadeiro bicho de sete cabeças. No entanto, estou aqui para desmistificar esse assunto complexo e apresentar a solução definitiva: o e-book "Guia Prático de Hemogasometria de Cães e Gatos"! A hemogasometria é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico e monitoramento de distúrbios respiratórios e metabólicos em nossos pacientes. Apesar de parecer intimidante, ela não precisa ser um enigma indecifrável. Com este guia prático e objetivo, você será capaz de compreender as nuances da hemogasometria e utilizá-la como uma poderosa aliada na prática veterinária. A grande diferença do nosso e-book é que ele não irá te sobrecarregar com jargões técnicos desnecessários ou conceitos complexos. Nada de enrolação! Aqui, o foco é fornecer informações claras e diretas, de maneira que você possa aplicá-las imediatamente na sua rotina profissional. Este guia foi cuidadosamente elaborado para tornar a aprendizagem da hemogasometria acessível a todos, desde estudantes de medicina veterinária até veterinários experientes. Ao longo das páginas deste e-book, você encontrará explicações detalhadas sobre os parâmetros da hemogasometria, sua interpretação clínica e as principais patologias associadas. Além disso, traremos exemplos práticos e estudos de caso reais, que ajudarão a consolidar o conhecimento e aprimorar suas habilidades na análise dos resultados. Não importa se você é um recém-formado ou um profissional veterano, o "Guia Prático de Hemogasometria de Cães e Gatos" será seu companheiro indispensável na jornada de compreender e dominar essa técnica. Diga adeus à incerteza e ao sentimento de impotência diante dos resultados de um exame de sangue arterial ou venoso. Com este guia em mãos, você se tornará um verdadeiro especialista em hemogasometria. Chegou a hora de desafiar seus medos e mergulhar de cabeça no fascinante mundo da hemogasometria. O "Guia Prático de Hemogasometria de Cães e Gatos" está aqui para transformar o assustador em descomplicado, o complexo em simples e o desconhecido em familiar. De uma vez por todas! E isso não é um bicho de sete cabeças VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO! GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 11 GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA DE CÃES E GATOS • 2023 CAPÍTULO 1: Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 03 O GERENTE ENLOUQUECEU e garantiu que você vai aprender hemogasometria de uma vez por todas até o fim desse livro! Então escuta aqui: segura na minha mão e vamos juntos nesse passo a passo descomplicado e prático para você aprender essa joça de uma vez por todas! Nunca mais vai correr de interpretação de gaso! Então vem cá: CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 SANGUE VENOSO PᵥCO₂ SANGUE ARTERIAL pH PₐCO₂ PₐO₂ SₐO₂ Essa avaliação dos gases sanguíneos e a determinação do seu pH podem ser realizados tanto no sangue arterial como no venoso. O sangue arterial, no entanto, fornece mais informações e nos permite avaliar a fisiologia respiratória com mais assertividade, pois nos mostra os valores de PO₂ (PₐO₂), PCO₂ (PₐCO₂) e de SO₂ (SₐO₂) do sangue oxigenado. Avalia desempenho pulmonar e metabólico! Avalia apenas desempenho metabólico! pH PᵥO₂ HCO₃⁻ SᵥO₂ HCO₃⁻ As medições das pressões parciais de oxigênio (PₐO₂) e dióxido de carbono (PₐCO₂) em amostras de sangue arterial fornecem informações sobre a função pulmonar. A análise do sangue venoso é menos útil, porque as pressões de oxigênio no sangue venoso são muito afetadas pela circulação central e períférica, tornando-a inadequada para avaliação do desempenho pulmonar. Geralmente mais alta Geralmente mais baixo Coleta: veia cefálica ou jugular Coleta: artéria femoral Antes de mais nada, você precisa entender que os distúrbios relacionados aos níveis de oxigenação e ao equilíbrio ácido-base são bastante frequentes na clínica de cães e gatos, OK? E talvez você não tenha se dado conta disso ainda. E tudo bem. Maaas a partir de hoje você vai começar a ver seus pacientes de uma forma diferente. Diferente bom. Muito bom. Não vai me fazer confusão, ok? Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 04 Dentro da gasometria arterial podemos avaliar, mediante análise desses parâmetros, três sistemas fisiológicos, três processos fisiológicos e três equações matemáticas, obtendo informações e diagnósticos de grande relevância. SISTEMAS Gastrointestinal Renal Respiratório PROCESSOS Ventilação Equilíbrio ácido-base Oxigenação EQUAÇÕES Ventilação alveolar Troca gasosa Henderson–Hasselbalch CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 PARÂMETROS MAIS COMUNS DA HEMOGASOMETRIA pH PCO₂ PO₂ HCO₃⁻ SO₂ Potencial hidrogeniônico (concentração de H⁺) Pressão parcialde CO₂ (dióxido de carbono) Pressão parcial de oxigênio livre no sangue Ânion de sal bicarbonato Saturação de oxigênio (ligado à hemoglobina) Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 pH PₐCO₂ PₐO₂ HCO₃⁻ SₐO₂ Para avaliação das trocas gasosas, no âmbito da ventilação pulmonar, utilizamos isoladamente o parâmetro PₐCO₂. Os músculos respiratórios são diretamente responsáveis por esse processo e o volume de ar que entra e sai dos pulmões leva o nome de volume corrente. Guarda bem esse nome. 05 Uma vez que você esteja com os resultados em mãos do seu paciente, podemos avaliar sua ventilação, sua oxigenação e seu equilíbrio ácido- base. Mas sem pânico, pequeno(a) gafanhoto(a)! Confia e tenha calma lá que vou te guiar direitinho por essa avaliação. Primeiro você vai dar uma boa olhada nesse parâmetros aí embaixo. Ok? Equilíbrio ácido-base Ventilação Oxigenação Comecemos pela VENTILAÇÃO: A ventilação pulmonar nada mais é que o processo pelo qual o ar é movido para dentro e para fora dos pulmões. Esse processo é essencial para a respiração e para manter o equilíbrio do oxigênio (O₂) e dióxido de carbono (CO₂) no sangue. Parte do volume fica nas vias áreas e não participa das trocas gasosas. Este é o chamado volume de espaço morto. Já o ar que faz parte das trocas gasosas nos alvéolos recebe o nome de volume alveolar. Guarda esses também. CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Não sei se deu para perceber pelo meu desenho, mas vamos levar em conta um ou mais desses resultados para entender como tá cada processo. Depois a gente junta tudo e voilà, temos nosso diagnóstico (ou quase)! Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 É importante sabermos disso pois existe uma estreita relação entre a ventilação e o parâmetro PₐCO₂, que nada mais é que a relação entre a produção de gás carbônico e a ventilação alveolar, como mostra a equação a seguir: 06 ⚠Preste muita atenção: A ventilação total (ou ventilação minuto) é a quantidade total de ar que entrou ou saiu dos pulmões em um minuto e é calculada a partir da seguinte fórmula: VE = FR x VC Volume correnteVentilação total Frequência respiratória A ventilação do espaço morto é a quantidade de ar que, em um minuto, entrou nos pulmões e não participou das trocas gasosas e é calculada a partir da seguinte fórmula: VD = FR x VD Volume mortoVentilação do espaço morto Frequência respiratória A ventilação alveolar é a quantidade de ar que, em um minuto, entrou nos pulmões e participou diretamente das trocas gasosas e é calculada a partir da seguinte fórmula: VA = FR x VA Volume alveolarVentilação alveolar Frequência respiratória CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Produção de gás carbônico Ventilação alveolar Constante Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 Ventilação Alveolar PₐCO₂ Classificação Eucapnia Hipercapnia Hipocapnia 35 - 45 07 Gente mas pra que isso tudo? Não se perca. Respira. Dá uma olhada nesse gráfico maravilhoso abaixo para entender essa relação. À medida que há a redução da ventilação alveolar há o aumento da PₐCO₂, e vice- versa. Entende? As fórmulas te darão base para entender e calcular as variáveis quando for necessário. Pode confiar! Nosso corpo é uma máquina repleta de sistemas para detecção de problemas. De todo tipo e magnitude, e geralmente funciona bem. Então, para corrigir os distúrbios de ventilação, receptores fisiológicos nas vias centrais e periféricas são responsáveis por detectar alterações de pH e PₐCO₂ e promover alterações nos centros respiratórios, provocando aumento ou redução na ventilação, a fim de corrigir esses distúrbios. Entendeu? Podemos classificar, a partir da análise da PₐCO₂, a qualidade da ventilação do nosso paciente, seguindo a tabela abaixo: Normal Hipoventilação Hiperventilação >45 <35 Você aprendeu como avaliar a ventilação do seu paciente. Tranquilo, não é? Agora podemos seguir para a oxigenação! Bora?! CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 PₐCO₂ PₐO₂ SₐO₂ PₐCO₂ Trocas gasosas Transporte 08 Você precisa saber diferenciar uma coisa que vai ser super importante para o aprendizado dessa parte. Olha só: para avaliarmos a oxigenação do seu paciente, vamos abordar dois conceitos importantíssimos de serem diferenciados aqui: Então, para checar a capacidade de troca gasosa nos alvéolos pulmonares e o transporte do oxigênio até a periferia, nós lançamos mão de três parâmetros hemogasométricos: Os alvéolos precisam estar recebendo oxigênio adequadamente do meio externo (para realizar as trocas gasosas), mas também precisam estar adequadamente perfundidos pela circulação interna (para realizar o transporte). Para o caso de ainda não ter ficado claro, vou te mostrar dois exemplos: Primeira situação: Perceba que aqui a quantidade de oxigênio disponível que chega aos alvéolos é pequena. OK? Assim, por mais que os alvéolos estejam bem perfundidos (para realizar o transporte), a quantidade de O₂ é muito baixa para ser suficiente para aumentar sua concentração no sangue arterial (SₐO₂), por meio das t rocas gasosas. CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 Nessa última situação, a medida que o quadro se agrava, o fornecimento de mais oxigênio, ou seja, o aumento da FiO₂, não melhora significativamente a PₐO₂. Então, cuidado! PᴀO₂ = [FiO₂ × (Pʙ - 47)] - (1,2 × PₐCO ₂) 09 Segunda situação: Agora olha esse problema aqui: a quantidade de oxigênio disponível que chega aos alvéolos é normal. Então tudo bem, certo? Ainda não... No entanto, a qualidade da perfusão é baixa. Ou seja, chega pouco sangue para carrear o CO₂ e o O₂ (transporte). O resultado também é um sangue arterial com baixa quantidade de oxigênio, mas quem vai assumir a culpa aqui é outro: a HIPOPERFUSÃO. Então vamos avaliar nosso paciente. E, para ficar mais fácil de entender, precisaremos apenas responder a estas duas perguntas: 1ª: Meu paciente tem hipoxemia? 2ª: Se sim, qual seria a causa? Para respondê-las, faremos o cálculo da pressão alveolar de oxigênio: CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 O resultado é um sangue arterial com baixa quantidade de oxigênio como resultado de uma HIPOVENTILAÇÃO, ou seja, a PₐCO₂ vai subir! A hipoperfusão causa um efeito parecido nos casos de edema pulmonar, por exemplo. Certo? Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 Vá até a Wikipedia (pt.wikipedia.org) e procure pela sua cidade. 10 Pʙ 760 mm Hg Ela nada mais é que a pressão média do ar a um certo nível de altitude. Neste caso, 760 mm Hg é a pressão encontrada ao nível do mar . Este valor deve ser utilizado para pacientes avaliados nesses locais. Procure saber qual é a pressão da sua cidade para fazer o cálculo de forma precisa! Mas você não comprou esse maravilhoso livro para ir procurar as coisas no Google. VEM AQUI EU VOU TE ENSINAR AGORA. Na barra lateral à direita você encontrará uma seção chamada "Características geográficas". Lá você verá um parâmetro de altitude, como mostrado abaixo: CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Vamos criar uma situação hipotética e interpretar seus resultados. Ao final, poderemos dizer se nosso paciente precisa de receber mais oxigênio (FiO₂) ou se ele precisa de mais ventilação e perfusão. OK? Mas não se assuste com essa equação! Vamos colocá-la em prática passo a passo para que você possa entender tudinho: A primeira variável da equação é a Pressão barométrica (Pʙ). Vamos aprender como chegar nela primeiro. Clique aquiClique aqui Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com- 01975686969 http://pt.wikipedia.org/ 11 FiO₂ 21% 1 2 Em 1 você vai ajustar para "m" (metros) e em 2 você vai ajustar para "mm Hg" (milímetros de mercúrio). Agora é só modificar a altura com o valor que você encontrou da sua cidade e clicar em "Calculate". Pronto, acabou! Está aí sua Pʙ. Use com sabedoria. Esta é a famosa fração inspirada de oxigênio (FiO₂). É a fração de oxigênio inspirado ou, simplesmente, a porcentagem de oxigênio em uma mistura gasosa. Por exemplo, ar atmosférico ao nível do mar possui FiO₂ próxima de 21% (ou seja, essa é a FiO₂ de um paciente que não está recebendo suplementação de O₂, respirando ar puro). Mas, então, como calcular a FiO₂ do meu paciente que está recebendo oxigênio? Vamos por partes: Antes de mais nada, você vai precisar do volume minuto (ou ventilação total) do seu paciente (algumas páginas atrás você viu como calcular, então sem desculpas), que é dado pela seguinte fórmula: Volume corrente Frequência respiratória VE = FR x VC (movimentos/minuto) CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Com esse número em mãos, você precisa fazer uma rápida conversão. Então, vá até o site "aerotoolbox.com/atmcalc/". Lá você encontrará a calculadora mostrada a seguir: Clique aquiClique aqui Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 http://aerotoolbox.com/atmcalc/ ESPÉCIE E PORTE VOLUME CORRENTE Cães pequenos e gatos 15 mL/Kg Cães médios e grandes 10 mL/Kg 12 Com esses dados em mãos, vamos fazer um teste prático de cálculo de FiO₂ para um paciente que está recebendo suplementação de oxigênio. Exemplo: Cão de médio porte pesando 15 kg, recebendo via máscara 1,5 L/min de oxigênio puro (100%) e com frequência respiratória de 20 mpm. Calculando o volume corrente, temos: 15 (Kg) x 10 (mL/Kg) = 150 mL/movimento respiratório Passamos agora ao cálculo do volume minuto: VE = FR x VC VE = 20 x 150 VE = 3.000 mL/min ou 3 L/min Agora presta muita atenção e vem comigo ao seguinte raciocínio: Ele está recebendo 1,5 L/min de oxigênio à 100%. Ou seja, FiO₂ de 1,0. Além deste gás, ele também está recebendo ar atmosférico comum, com oxigênio à 21%. Ou seja, FiO₂ de 0,21. Isso porque, afinal de contas, ele está respirando 3 L/min da mistura destes dois gases Que nada mais é que o volume minuto que calculamos - ele não pode estar respirando menos que isso. OK? Agora é só jogar na fórmula e teremos nosso FiO₂ final! CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Para encontrar o volume corrente (VC) que precisamos para resolver a equação, vamos recorrer à seguinte tabela: Logo, temos a seguinte situação: 1,5 L de O ₂ 100% + 1,5 L de O ₂ à 21% a cada minuto para atender as necessidades de volume desse meu paciente. Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 13 PₐO₂ SₐO₂ pH PₐCO₂ 7,19 59 mm Hg 61 mm Hg HCO₃⁻ 11 mEq/L 88% FiO₂ = (Gásₒ x vol.) + (Gásₐ x vol.) Oxigenado Atmosférico VE Resolvendo, teremos: FiO₂ = [(1,0 x 1,5) + (0,21 x 1,5)]/3 FiO₂ = (1,5 + 0,315)/3 FiO₂ = 0,60 (ou seja, 60%) Logo, a FiO₂ do nosso paciente é 60% (0,6), que é o valor que colocaremos no pedido do exame. Tudo entendido até aqui? Tranquilo, não é? :) Então vamos seguir! Abaixo você tem os demais dados analisados do nosso paciente hipotético: FiO₂ 21% Pʙ 703 mm Hg Mas antes de você sair correndo todo desesperado atrás de uma máscara de oxigênio, espera aí que eu tenho mais história pra te contar: CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 1ª: Meu paciente tem hipoxemia? Voltaremos, então, às perguntas: Resposta: SIM! Mas por quê? Muito simples, pequeno(a) gafanhoto(a): a PₐO₂ de um paciente respirando ar atmosférico (FiO₂) à 21% deveria ser pelo menos de 80 mm Hg! Logo, existe HIPOXEMIA. Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 14 A questão aqui é que ainda precisamos saber qual é a relação entre a oxigenação alveolar e a oxigenação sanguínea! Assim saberemos se aumentar a concentração de oxigênio chegando aos alvéolos será suficiente para tratar esse meu paciente. E faremos isso justamente resolvendo aquela equação que mostramos lá atrás. Lembra dela? Como já sabemos de onde retirar todos esses valores, precisamos agora apenas substituí-los e resolver! Vamos lá! PᴀO₂ = [0,21 x (703 - 47)] - (1,2 x 59) PᴀO₂ = 137,76 - 70,8 PᴀO₂ ≅ 67 mm Hg Δ(ᴀ - ₐ)O₂ = 67 - 61 Δ(ᴀ - ₐ)O₂ = 6 mm Hg Percebemos aqui que a diferença entre a concentração de oxigênio alveolar e arterial é, na verdade, muito pequena (entre 5 e 15 mm Hg)! Agora dá uma bela olhada nessa PₐCO₂ de 59 mm Hg. Ela está bem alta! O que indica para nós que nosso paciente está em HIPOVENTILAÇÃO. Sendo assim, podemos dizer que: O oxigênio suplementar, nesse caso, não é a melhor terapia para vencer a hipoxemia nesse paciente! Isso indica algo muito importante: nesse caso, provavelmente não há problema na membrana alvéolo-capilar, porque as trocas por meio dela parecem estar ocorrendo de forma adequada! O que precisamos mesmo, então, é corrigir a VENTILAÇÃO! Então, muita atenção! Entendido? CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Isso responderia à nossa 2ª pergunta: Se sim, qual seria a causa? PᴀO₂ = [FiO₂ × (Pʙ - 47)] - (1,2 × PₐCO ₂) Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 PₐO₂ SₐO₂ FiO₂ Pʙ PᴀO₂ = [0,8 x (703 - 47)] - (1,2 x 40) PᴀO₂ = 524,8 - 48 PᴀO₂ ≅ 476 mm Hg Δ(ᴀ - ₐ)O₂ = 476 - 350 Δ(ᴀ - ₐ)O₂ = 126 mm Hg 15 Venha e acompanhe outro exemplo para sedimentar o conhecimento: pH PₐCO₂ 7,36 40 mm Hg 350 mm Hg HCO₃⁻ 25 mEq/L 97% 80% 703 mm Hg Repetindo a primeira pergunta: Então, como vamos descobrir se há um problema com a membrana alvéolo-capilar desse meu segundo paciente hipotético? Sim, por meio daquela mesmíssima equação! Vamos calcular novamente a diferença alvéolo-arterial do gás oxigênio. Bora? Substituindo, teremos: Encontramos aqui uma grande diferença (>25 mm Hg) nas concentrações alvéolo-arterial, concorda? CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 NÃO. Correto? Bom, pelo menos não agora. Mas, será que não está apenas sendo mantida às custas de uma PₐO₂ alta de 350 mm Hg? Meu paciente tem hipoxemia? PᴀO₂ = [FiO₂ × (Pʙ - 47)] - (1,2 × PₐCO ₂) Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 16 Podemos entender então que há um defeito na membrana alvéolo- capilar nesse caso, demonstrada pela diferença significativa que encontramos. Nesse caso podemos dizer o seguinte: O oxigênio suplementar é a terapia de escolha para vencer a hipoxemia nesse paciente! Resumindo: Agora que avaliamos tanto a ventilação quanto a oxigenação do nosso paciente, podemos prosseguir com a avaliação objetiva do equilíbrio ácido-base! E, para isso, utilizaremos os parâmetros que já comentamos lá atrás: pH PₐCO₂ PₐO₂ HCO₃⁻ SₐO₂ Equilíbrio ácido-base Uma coisa importante e que auxilia muito no raciocínio dos desequilíbrios ácido-base é entender o seguinte: CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Clinicamente, um Δ(ᴀ - ₐ)O₂ normal (5 a 15 mm Hg) exclui doença pulmonar e sugere que a hipoxemia arterial (PₐO₂ <80 mm Hg) se deve à hipoventilação (aumento da PₐCO₂) ou à diminuição do oxigênio inspirado. Tudo entendido? Já pacientes com um Δ(ᴀ - ₐ)O₂ acima de 25 mm Hg devem ser considerados como tendo algum grau de incompatibilidade V/Q devido à uma doença do parênquima pulmonar, embora uma doença cardiovascular também possa afetar esse valor. A incompatibilidade V/Q na ventilação significa que há um desequilíbrio entre o fluxo de ar (V) e a perfusão sanguínea (Q) nos pulmões. Isso pode levar a uma má oxigenação do sangue e comprometer a troca de gases nos alvéolos. Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com -01975686969 17 CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 PₐCO₂HCO₃⁻ Distúrbio metabólico Distúrbio respiratório E assim terminamos a primeira parte do nosso curso, meu caro aluno! Não foi tão difícil quanto você esperava, não é? Com esses conceitos que você aprendeu até agora, você poderá avançar para a análise dos distúrbios mais comuns e como interpretá- los. Te espero no próximo capítulo! O valor de pH é diretamente proporcional à quantidade de HCO₃⁻ e inversamente proporcional à quantidade de PₐCO₂. Entendido? Mantenha sempre isso em mente para facilitar o raciocínio. pH = 7,35 a 7,45 Limites de normalidade Diretamente proporcional Inversamente proporcional Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 22 GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIADE CÃES E GATOS • 2023 CAPÍTULO 2: Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 Já os termos que você provavelmente está mais familiarizado, alcalose e acidose, se referem aos processos que tendem a modificar o pH em alguma direção. Se ele estiver menor que 7,45, temos uma acidemia. Existe, então, pelo menos um processo de acidose, reduzindo o nível do pH. 19 Acidemia< 7,35 > 7,45 Alcalemia Nesse sentido, nosso paciente pode apresentar 1 ou mais processos de acidose e/ou alcalose. OK? Aí são esses processos que poderão modificar o pH e, então, o classificaremos entre normal, acidemia ou alcalemia. Agora que você já aprendeu toda a base para interpretação do exame gasométrico, discutida no capítulo anterior, podemos trabalhar os distúrbios por meio de exemplos de casos! Assim fica muito mais fácil assimilar o conteúdo e colocar em prática. Bora? 1º Passo: Verificar o pH Se estiver maior que 7,45, temos uma alcalemia. Existe, então, pelo menos um processo de alcalose, elevando o nível do pH. 2º Passo: Verificar a PₐCO₂ Se o valor de pH que você está observando puder ser explicado pelos valores de PₐCO₂, então é provável que se trate de um distúrbio respiratório. Já se estes valores de PₐCO₂ não puderem explicar a variação do pH, então provavelmente estamos diante de um distúrbio metabólico. Se liga nessa dica: sempre que formos avaliar um desses exames, vamos utilizar este passo a passo para não ficar perdido e não deixar nada para trás. OK? Olha como é simples: DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Para iniciar este capítulo, vamos voltar um conceito simples: os níveis anormais de pH são chamados dessa forma: Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 20 Valores inferiores aos intervalos de referência geralmente indicam acidose metabólica, enquanto valores superiores a estes intervalos indicam alcalose metabólica. Bom, vamos começar fazendo as perguntas que aprendemos para descobrir qual é o distúrbio: pH PₐCO₂ 7,23 66 mm Hg HCO₃⁻ 27 mEq/L Reduzido = Acidemia Alta. Justifica a queda do pH! Distúrbio respiratório Normal Então, este meu paciente apresenta um distúrbio respiratório. Certo? Neste caso, então, temos uma acidose respiratória! Tranquilo né? Neste caso, o nível de pH é justificado pelos valores encontrados na PₐCO₂? Sim, correto? Vamos fazer um teste do que você aprendeu até agora, então? pH PₐCO₂ 7,23 66 mm Hg HCO₃⁻ 27 mEq/L O que você acha que está acontecendo nesse exemplo? Tente fazer sozinho antes de seguir com a explicação. Você consegue! Vejamos outro exemplo: pH PₐCO₂ 7,49 44 mm Hg HCO₃⁻ 35 mEq/L Elevado = Alcalemia Normal. Não justifica o pH alto! Distúrbio metabólicoAlto. DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 3º Passo: Verificar o HCO₃⁻ Aqui podemos verificar como está a contribuição do componente metabólico do equilíbrio ácido-base para o pH. Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 21 4º Passo: Verificar a resposta compensatória Acabamos de determinar o distúrbio primário. Agora vamos acessar as respostas de cada sistema a este distúrbio. O corpo tenta compensar o desequilíbrio ácido-base para minimizar os efeitos da alteração do pH. E nós chamamos isso de resposta compensatória. Já este apresenta um distúrbio metabólico. OK? Neste caso, então, temos uma alcalose metabólica! Lembre-se: O pH geralmente se altera na mesma direção do distúrbio primário. Desordem metabólica primária Desordem respiratória primária Compensação metabólica Compensação respiratória Essa compensação, então, se dará da seguinte forma: DISTÚRBIO PRIMÁRIO COMPENSAÇÃO ESPERADA Acidose metabólica (↓HCO₃⁻) ↓PₐCO₂ Alcalose metabólica (↑HCO₃⁻) ↑PₐCO₂ Acidos e respiratória aguda (↑PₐCO₂) ↑HCO₃⁻ Acidose respiratória crônica (↑PₐCO₂) ↑HCO₃⁻ Alcalose respiratória aguda (↓PₐCO₂) ↓HCO₃⁻ Alcalose respiratória crônica (↓PₐCO₂) ↓HCO₃⁻ Leva um tempo para que essa compensação ocorra. Geralmente se segue a regra: distúrbios respiratórios agudos: 15 min; distúrbios respiratórios crônicos: 7 dias; acidose respiratória de longa duração: 30 dias; e distúrbios metabólicos: 24 horas. DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 22 Tudo certo? Vamos seguir! Como vamos saber se um distúrbio está sendo compensado ou não? Vamos avaliar se a resposta observada é compatível com a previsão que faremos. Então, se o paciente não compensa adequadamente como o previsto, um segundo ou terceiro distúrbio devem estar presentes. OK? Nós diremos qual será essa previsão por meio das seguintes regras: É a partir destes resultados que saberemos se um distúrbio primário foi ou não compensado adequadamente. Tranquilo, né?! Para ficar ainda mais fácil de entender, vou te mostrar na prática como funciona: 48 mm Hg Distúrbio metabólico Elevado. Justifica o pH alto! pH PₐCO₂ 7,51 HCO₃⁻ 34 mEq/L Elevado = alcalemia. Elevado. Não justifica o pH alto. Diagnóstico do primeiro distúrbio: alcalose metabólica. Concorda? Agora precisamos saber se esta alcalose metabólica está sendo adequadamente compensada. Vamos voltar ali atrás e copiar a regrinha que eu te dei. Vejamos: DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Acidose metabólica Distúrbio primário Alcalose metabólica Acidose respiratória aguda Acidose respiratória crônica Alcalose respiratória aguda Para cada 1 ↓ de HCO₃⁻ Alteração primária Para cada 1 ↑ de HCO₃⁻ Para cada 1 ↑ PCO₂ Para cada 1 ↑ PCO₂ Para cada 1 ↓ PCO₂ Para cada 1 ↓ PCO₂Alcalose respiratória crônica Compensação esperada PCO₂ ↓ em 0,7 (±3) PCO₂ ↑ em 0,7 (±3) HCO₃⁻ ↑ em 0,15 (±2) HCO₃⁻ ↑ em 0,35 (±2) HCO₃⁻ ↓ em 0,25 (±2) HCO₃⁻ ↓ em 0,55 (±2) Cães PCO₂ não altera PCO₂ ↑ em 0,7 (±3) Desconhecido Desconhecido HCO₃⁻ ↓ em 0,25 (±2) Similar aos cães Gatos Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 23 O HCO₃⁻ do paciente está elevado em 12 acima do valor médio (22) Logo, espera-se que a PₐCO₂ se eleve em 8,4 em relação ao valor médio (37) Então, a PₐCO₂ deve estar próximo (±3) de 45,4 Então, encontramos que o valor previsto para a PₐCO₂ para que se considere uma compensação adequada deve estar entre 42,4 a 48,4 mm Hg! As equações que eu te mostrei são aproximações baseadas em estudos com cães e gatos. Os resultados são estimativas matemáticas e podem não ser inteiramente precisas. Leve sempre em consideração o contexto clínico do seu paciente, o histórico e sua experiência. Ok? Continuando... Podemos observar que nesse caso os valores de PₐCO₂ medidos estão dentro dos valores esperados para compensação adequada. PₐCO₂ 48 mm Hg Vejamos o próximo exemplo: 34 mm Hg Distúrbio metabólico Reduzido. Justifica o pH baixo! pH PₐCO₂ 7,1 HCO₃⁻ 9 mEq/L Reduzido = acidemia. Normal. Não justifica o pH baixo. Diagnóstico do primeiro distúrbio: acidose metabólica. Está sendo adequadamente compensada?Vamos verificar. Realizando novamente os cálculos da fórmula fica assim: O HCO₃⁻ do paciente está diminuído em 13 abaixo do valor médio (22) Logo, espera-se que a PₐCO₂ se reduza em 9,1 em relação ao valor médio (37) Então, a PₐCO₂ deve estar próximo (±3) de 27,9 A PₐCO₂ encontrada nesse paciente para que se considere compensação adequada deve estar entre 24,9 e 30,9 mm Hg. DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Alcalose metabólica Para cada 1 ↑ de HCO₃⁻ PCO₂ ↑ em 0,7 (±3) Acidose metabólica Para cada 1 ↓ de HCO₃⁻ PCO₂ ↓ em 0,7 (±3) Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 PₐCO₂ 34 mm Hg Valor esperado de acordo com a fórmula Valor abaixo do esperado Valor acima do esperado Distúrbio respiratório 24 Podemos observar que nesse caso os valores de PₐCO₂ medidos NÃO estão dentro dos valores esperados para compensação adequada. PₐCO₂ Percebeu, então, que a compensação neste caso não é adequada? E aí vem outra dica importantíssima! Leia com muita atenção: Além de ter observado que a compensação não está dentro do esperado, podemos notar que os valores que encontramos para a PₐCO₂ são superiores a expectativa, de acordo com o resultado do nosso cálculo. Isso significa que há pelo menos mais um distúrbio em curso. Neste caso, uma acidose respiratória (↑PₐCO₂). Vou ilustrar para ter certeza que você vai ententer: Alcalose respiratória Acidose respiratória Entendido? Vamos logo para o próximo exemplo! 65 mm Hg Elevado. Não justifica o pH baixo! pH PₐCO₂ 7,33 HCO₃⁻ 34 mEq/L Reduzido = acidemia. Elevado. Justifica o pH baixo! Diagnóstico do primeiro distúrbio: acidose respiratória. Nos resta saber se está sendo adequadamente compensada. Consideremos este nosso paciente em um quadro agudo. Vamos verificar de acordo com a regra para estes casos: DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 25 A PₐCO₂ do paciente está aumentada em 28 acima do valor médio (37) Logo, espera-se que o HCO₃⁻ se eleve em 4,2 em relação ao valor médio (22) Então, o HCO₃⁻ deve estar próximo (±2) de 26,2 O HCO₃⁻ encontrado nesse paciente para que se considere compensação adequada deve estar entre 24,2 e 28,2 mEq/L. Observamos que os valores de HCO₃⁻ medidos não estão dentro dos valores esperados para compensação adequada. Certo? HCO₃⁻ 34 mEq/L Como este valor está acima da nossa nova referência (24,2 a 28,2), entendemos então que...? Se trata de um distúrbio de alcalose metabólica. Correto? Bem tranquilo, não é? É o mesmo raciocínio que aplicamos para a análise do PₐCO₂: HCO₃⁻ Valor esperado de acordo com a fórmula Valor abaixo do esperado Valor acima do esperado Acidose metabólica Alcalose metabólica Tudo bem entendido? E agora seguiremos para o último assunto deste capítulo: o Base Excess (BE). DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Talvez você não saiba, mas a concentração de HCO₃⁻ que grande parte dos aparelhos te mostra é o resultado de um cálculo realizado a partir do pH e da PₐCO₂, e não medido diretamente. E, por isso, não é independente da atividade respiratória (PₐCO₂). Certo? Então, numa tentativa de isolar o componente metabólico das influências respiratórias, foi desenvolvido o conceito de BE. Acidose respiratória aguda Para cada 1 ↑ PCO₂ HCO₃⁻ ↑ em 0,15 (±2) Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 26 Entendido? Você aprendeu até aqui como identificar os distúrbios ácido-base simples e os mistos. No próximo capítulo abordaremos a continuação da interpretação da gasometria por meio de técnicas mais avançadas. Tudo pronto?! Bora! DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 O BE leva em conta todos os sistemas tampão do corpo, incluindo o HCO₃⁻, para prever a quantidade de ácido ou álcali necessária para retornar o compartimento do fluido extracelular à neutralidade (ou seja, pH = 7,4), enquanto a PₐCO₂ é mantida constante em 40 mm Hg. Conseguiu pegar o raciocínio? O que ele faz é eliminar variáveis. Tá, mas então para que serve isso? Pois bem, muito simples: ele identifica distúrbios de base metabólica! "OK. Mas e como ele faz isso?", você deve estar se perguntando... Em geral, um valor mais negativo de BE (ou seja, um déficit de base) indica acidose metabólica, enquanto um valor mais positivo indica alcalose metabólica. OK? Os valores normais para BE, tanto para cães quanto para gatos, variam geralmente entre +4 e -4. Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 33 GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIADE CÃES E GATOS • 2023 CAPÍTULO 3: Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 Na⁺ K⁺ Cl⁻ HCO₃ ⁻ Na⁺ + K⁺ + CNM⁺ = Cl⁻ + HCO₃⁻ + ANM⁻ (Na⁺ + K⁺) - (Cl⁻ + HCO₃⁻) = AG 28 O Anion Gap (AG) é muito mais simples do que parece. A gente calcula o AG para encontrar desequilíbrio eletrolítico na acidose e tentar descobrir de onde está vindo o problema. Ele nada mais é que uma medida da diferença entre os íons positivos (cátions) e os íons negativos (ânions) presentes no sangue. De acordo com o princípio da eletroneutralidade, esses dois tipos de íons (+ e -) devem estar em equilíbrio no organismo. Ou seja, a soma das moléculas de carga positiva deve ser igual as de carga negativa. Então, o que faremos é simplesmente somar os cátions mais comuns e os ânions mais comuns para obtermos a diferença entre eles. São eles: Cátions Ânions E, no meio dessa "bagunça", também estão sendo considerados os ânions e cátions que não são mensurados na rotina. E, por isso, o AG pode ser considerado a diferença entre essas moléculas não mensuradas. Veja com fica: Cátions não mensurados Ânions não mensurados No contexto de uma acidose metabólica, basicamente, o AG nos permite identificar mudanças significativas nesse intervalo que geralmente são causadas por alterações nas concentrações de ânions não mensurados, especialmente os associados a ácidos orgânicos. ANION GAP GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 29 Os valores de normalidade para cães variam entre 12 e 24 mEq/L e entre 13 e 27 mEq/L para gatos. Sua estreita relação com a acidose faz com que ele seja geralmente utilizado como uma ajuda para diferenciar as causas da acidose metabólica. Um exemplo comum é a cetoacidose que ocorre em alguns pacientes diabéticos (cetoacidose diabética). Nesses casos, há um aumento nas concentrações de ânions não mensurados, o que resulta em um aumento no AG. O mesmo acontece em situações de acidose lática e insuficiência renal, em que as concentrações de ânions não mensurados também aumentam, levando ao aumento no AG. Entendido? O AG pode ser útil também na identificação de distúrbios ácido-base mistos. Exemplo: considere um distúrbio misto caracterizado por alcalose metabólica e acidose láctica, em um paciente com vômitos crônicos graves o suficiente para causar hipotensão e comprometimento da perfusão tecidual. O pH em um cenário como esse pode estar normal se a perda de HCl do estômago for exatamente contrabalanceada pelo acúmulo de ácido láctico do metabolismo anaeróbico. PORÉM, um aumento acentuado no AG aqui sugere a presença de uma acidose orgânica. Entendido? Então, vamos seguir... Ilustrando ficaria assim: AG ANION GAP GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Normal! Cães: 12 e 24 mEq/L Gatos: 13 e 27 mEq/L Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 30 Entendendo o que significa o AG, podemos analisar abaixo dois exemplos de situações que podemos encontrar na avaliação dele: AG AG Acidose metabólica com AG normal Acidose metabólica com AG aumentado No caso da acidose metabólica com AG normal há uma variação na concentraçãode Cl⁻ (↑) e HCO₃⁻ (↓), o que faz com que o AG se mantenha dentro dos valores normais. Já na acidose metabólica com AG aumentado não há distúrbio do Cl⁻ mas, sim, a adição de ácidos patológicos e redução do HCO₃⁻. Vamos observar como se desenrola esse cálculo na prática com um exemplo: Na⁺ 137 mmol/L K⁺ 4 mmol/L Cl⁻ 109 mmol/L HCO₃⁻ 15 mEq/L AG = (Na⁺ + K⁺) - (Cl⁻ + HCO₃⁻) AG = (137 + 4) - (109 + 15) AG = 141 - 124 AG = 17 ANION GAP GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 17 é um valor considerado normal tanto para cães quanto para gatos. Então, neste caso, temos um AG normal. OK? A redução do HCO₃⁻ associada ao aumento do AG é sugestiva de acidose normoclorêmica, pois, neste caso, há um: Já na acidose metabólica (↓HCO₃⁻) associada a um valor normal de AG é sugestiva de acidose hiperclorêmica, pois, neste caso, há um: acúmulo de ácidos orgânicos acúmulo de Cl⁻ Perceba que toda a nossa análise se baseia na avaliação do equilíbrio. Ah, mais duas dicas rápidas antes de terminar o assunto de AG: Tranquilo? Provavelmente, a única causa relevante para a redução do AG é a hipoalbuminemia. Neste caso, podemos utilizar a fórmula abaixo: AGᶜᵒʳʳᶦᵍᶦᵈᵒ = AG + 4,2 × (3,77 – [albumina do paciente]) A segunda dica é que não existem condições em que ocorra aumento dos cátions “não mensurados” (Ca²⁺, Mg²⁺, Fe²⁺) a ponto de a somatória de suas concentrações superar a soma dos ânions não mensuráveis. OK? 31 ANION GAP GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Agora analise comigo essas duas situações abaixo: Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 Parabéns por chegar ao final do Guia Prático de Hemogasometria de Cães e Gatos! Espero sinceramente que você tenha aproveitado cada página deste e-book e tenha absorvido o conteúdo valioso aqui apresentado. 32 CONCLUSÃO GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Ao longo desta jornada, procuramos desmistificar a hemogasometria, revelando que ela não é, de fato, um "bicho de sete cabeças". Com uma abordagem prática e acessível, buscamos fornecer a você, leitor, as ferramentas necessárias para compreender e interpretar os resultados desse importante exame laboratorial. Agora, com o conhecimento adquirido, você está equipado para enfrentar os desafios da prática clínica e atender seus pacientes caninos e felinos de maneira ainda mais eficiente. Com a capacidade de interpretar os dados da hemogasometria, você poderá identificar e monitorar distúrbios ácido-base, avaliar a oxigenação e ventilação pulmonar e auxiliar no tratamento de condições críticas. Lembre-se de que cada paciente é único e, por isso, cada resultado deve ser analisado em conjunto com a história clínica, os achados do exame físico e outros exames complementares. O conhecimento aqui adquirido será uma valiosa adição ao seu arsenal de habilidades veterinárias. Espero que este guia tenha sido uma fonte de aprendizado e inspiração para você. Que ele sirva como referência sempre que surgirem dúvidas em sua prática profissional. Continue buscando conhecimento, mantenha-se atualizado e esteja sempre aberto a novas descobertas. Desejo a você muito sucesso em sua jornada como profissional dedicado aos cuidados dos nossos queridos pacientes. Que o conhecimento adquirido aqui possa se traduzir em uma prática clínica ainda mais eficaz e compassiva, permitindo que você ofereça o melhor atendimento possível. Agradeço pela oportunidade de fazer parte do seu caminho de aprendizado. Boa sorte na sua jornada! Atenciosamente, Bruno Santiago Rodrigues Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 EE GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIADE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 34 Tabelas de referência Gasometria arterial e venosa de cães e gatos EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Sangue arterial Sangue venoso 7,38 7,31-7,46pH HCO₃⁻ 18 PₐO₂ 107 Parâmetro Média Margem Unidade 14-22 mEq/L 95-119 mm Hg PₐCO₂ 31 25-37 mm Hg pH 7,34 7,27-7,41 PᵥCO₂ 38 32-45 mm Hg HCO₃⁻ 20 18-24 mEq/L SₐO₂ 95 BE AG 90-100 % -4-+4 mEq/L 13-27 mEq/L ΔR 1-2 mEq/L A - a 5-15 mm Hg 7,40 7,35-7,45pH HCO₃⁻ 22 PₐO₂ 92 SₐO₂ 95 BE AG Parâmetro Média Margem Unidade 19-26 mEq/L 80-104 mm Hg 90-100 % -4-+4 mEq/L 12-24 mEq/L PₐCO₂ 37 31-43 mm Hg pH 7,39 7,35-7,45 PᵥCO₂ 37 33-42 mm Hg HCO₃⁻ 22 20-25 mEq/L PₐO₂ 52 47-57 mm Hg ΔR 1-2 mEq/L A - a 5-15 mm Hg Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 35 Condições causadoras de distúrbios ácido-base Vômito de conteúdo estomacal Terapia diurética Pós-hipercapnia Hiperaldosteronismo primário Hiperadrenocorticismo Administração oral de bicarbonato de sódio ou outros ânions orgânicos (por exemplo, lactato, citrato, gluconato, acetato) Administração oral de resina de troca catiônica com alcalina não absorvível (por exemplo, quelante de fósforo) Realimentação após jejum Alta dose de penicilina Deficiência grave de potássio ou magnésio Responsiva ao cloreto Resistente ao cloreto Administração de álcalis Diversos Alcalose metabólica Intoxicação por etilenoglicol Intoxicação por salicilato Outras intoxicações raras (por exemplo, paraldeído, metanol) Cetoacidose diabética Acidose urêmica Acidose láctica Diarréia Acidose tubular renal Inibidores da anidrase carbônica (por exemplo, acetazolamida) Cloreto de amônio Aminoácidos catiônicos (por exemplo, lisina, arginina, histidina) Acidose metabólica pós-hipocápnica Acidose dilucional (por exemplo, administração rápida de solução salina a 0,9%) Hipoadrenocorticismo Aumento do Anion Gap (normoclorêmica) Anion Gap normal (hiperclorêmico) Acidose metabólica EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 36 Condições causadoras de distúrbios ácido-base (cont.) EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Aspiração (por exemplo, corpo estranho, vômito) Massa (por exemplo, neoplasia, abscesso) Colapso da traqueia Doença pulmonar obstrutiva crônica Asma Obstrução do tubo endotraqueal Síndrome braquicefálica Paralisia laríngea/laringoespasmo Induzida por drogas (por exemplo, narcóticos, barbitúricos, anestesia inalatória) Doença neurológica (por exemplo, lesão do tronco cerebral ou cervical alta) Parada cardiopulmonar Insolação Hipertermia maligna Miastenia gravis Tétano Botulismo Polirradiculoneurite Paralisia do carrapato Anormalidades eletrolíticas (por exemplo, hipocalemia) Induzida por medicamentos (por exemplo, agentes bloqueadores neuromusculares, organofosforados) Hérnia diafragmática Doença do espaço pleural (por exemplo, pneumotórax, efusão pleural) Traumatismo do tórax Síndrome do angústia respiratória aguda (SARA) Doença pulmonar obstrutiva crônica Asma Edema pulmonar grave Obstrução das grandes vias aéreas Depressão do centro respiratório Aumento da produção de CO₂ com comprometimento da Ventilação Alveolar Doença neuromuscular Distúrbios extrapulmonares restritivos Doenças intrínsecas pulmonares e de pequenas vias aéreas Acidose respiratória Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 37 Condições causadoras de distúrbios ácido-base (cont.) EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Tromboembolismo pulmonar Pneumonia Fibrose pulmonar Doença metastática difusa Inalação de fumaça Ventilação mecânica ineficaz (por exemplo, Ventilação por minuto inadequada, remoção inadequada de CO₂) Obesidade grave (Síndrome de Pickwick) Desvio (shunt) da direita para a esquerda Diminuição da PiO₂ (por exemplo, altitude elevada) Insuficiência cardíaca congestiva Anemia grave Hipotensão grave Diminuição do débito cardíaco Doenças pulmonares com alteração da relação ventilação e perfusão Pneumonia Tromboembolismopulmonar Fibrose pulmonar Edema pulmonar Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) Pneumonia Tromboembolismo pulmonar Doença pulmonar intersticial Edema pulmonar Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) Doença hepática Hiperadrenocorticismo Sepse gram-negativa Drogas Salicilatos Corticoides Progesterona (prenhês) Xantinas (por exemplo, aminofilina) Hipoxemia (estimulação dos quimiorreceptores periféricos pela redução do fornecimento de oxigênio) Doença pulmonar Hiperventilação mediada centralmente Alcalose respiratória Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 38 Condições causadoras de distúrbios ácido-base (cont.) EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Recuperação de acidose metabólica Doença neurológica central Trauma Neoplasia Infecção Inflamação Acidente cerebrovascular Exercício físico Insolação Insuficiência cardíaca Hiperatividade dos metaboreceptores musculares Ventilação mecânica excessivamente zelosa Situações que causam dor, medo ou ansiedade Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 39 Causas comuns de erros na interpretação EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Uso de sangue venoso O metabolismo local pode afetar a PCO₂ Os valores normais para compensação foram estabelecidos usando sangue arterial Excesso de heparina (>10% do volume total) Diminui o HCO₃⁻ e a PCO₂ Armazenamento da amostra por mais de 20 minutos Aumenta a PCO₂ e diminui o pH Erros no cálculo do HCO₃⁻ Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 40 Distúrbios ácido-base mistos com pH normal EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 A observação de níveis normais de pH não significa dizer, necessariamente, que não há um ou mais distúrbios presentes no meu paciente. O que pode acontecer, na verdade, é uma compensação competente o suficiente para trazer o pH a níveis de normalidade (o que é raro, segundo alguns autores) ou, mais comumente, a coexistência de distúrbios antagônicos. Abaixo trago uma tabela que pode ajudar na interpretação dessas condições: Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 Avalie o pH 41 Algoritmo para suspeita de distúrbio misto EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Normal (7,35-7,45) Acidemia (< 7,35) Alcalemia (> 7,45) Estabeleça o distúrbio primário Qual dos parâmetros está afetando o pH? Calcule a compensação estimada Está compensando adequadamente Distúrbio simples Não está compensando adequadamente Distúrbio misto Se for apenas 1 deles Se forem os 2 Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 42 Causas de distúrbios triplos EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Insuficiência cardíaca de baixo débito com edema pulmonar e uso de diuréticos Dilatação vólvulo-gástrica Insuficiência cardíaca de baixo débito com edema pulmonar e uso de diuréticos Dilatação vólvulo-gástrica Gastroenterite por parvovírus (vômito, diarreia e sepse) Babesiose canina grave causada por Babesia canis rossi Acidose Metabólica, Alcalose Metabólica e Acidose Respiratória Acidose metabólica, Alcalose Metabólica e Alcalose Respiratória Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 NaHCO₃ (mL) = 0,3 x Peso (Kg) x BE 43 Dicas de terapêutica dos distúrbios metabólicos EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 O alvo principal das terapias dos distúrbios ácido-base deve ser sempre a doença de base. Então, antes de mais nada, procure conhecer a condição que está causando o distúrbio no seu paciente e trate-a. Vou te passar aqui algumas dicas que funcionam como um guia geral para você tratar os seus pacientes. Restaure a volemia e os déficits perfusionais antes de considerar a administração de bicarbonato de sódio (NaHCO₃). Trate pacientes com pH ≤7,1 mais agressivamente enquanto busca o diagnóstico definitivo da doença de base. Interrompa medicações que possam causar acidose metabólica. Prefira infusão intravenosa de solução de Ringer Lactato (ou Plasmalyte, Normosol e Hartmann). O NaHCO₃ pode ajudar pacientes com acidose hiperclorêmica, hiperfosfatêmica ou urêmica, mas pode não ajudar pacientes com acidose láctica ou cetoacidose diabética. Não existe um consenso sobre a terapia com NaHCO₃, mas a maioria dos protocolos terapêuticos recomendam utilizar apenas em pacientes com pH <7,15 ou HCO₃⁻ <12 mEq/L. E certifique-se de que seu paciente apresenta capacidade ventilatória adequada. Prefira medições diretas do HCO₃⁻ (por exemplo, por bioquímica seca) para calcular a terapia com NaHCO₃. Alguns protocolos utilizam o base excess (BE). Você pode utilizar uma das fórmulas abaixo para calcular a quantidade a ser administrada: Acidose metabólica 2 Bicarbonato à 8,4% Administre 25 a 50% da dose calculada por via IV em 15 a 30 minutos. Em seguida, se necessário, poderá administrar o restante junto à fluidoterapia, durante 4 a 6 horas. Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 44 Dicas de terapêutica dos distúrbios metabólicos (cont.) EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Uma alternativa são as seguintes fórmulas: Cães: HCO₃⁻ = 0,3 × Peso (Kg) × (21 – HCO₃⁻ do paciente) Gatos: HCO₃⁻ = 0,3 × Peso (Kg) × (19 – HCO₃⁻ do paciente) Seguindo o mesmo rito de administração da fórmula anterior. Além dessas duas possibilidades, temos a regra geral, que é segura para a maior parte dos pacientes: 1–2 mEq/kg de HCO₃⁻ Interrompa medicações que possam causar alcalose metabólica. Se for responsiva ao cloreto: sugere-se solução salina a 0,9% ou outro fluido de reposição isotônico balanceado suplementado com KCl. Se não for responsiva ao cloreto: só pode ser corrigida com a resolução da doença de base. Se a alcalose metabólica estiver associada à hipocalemia e déficit global de potássio, a correção com KCl é uma maneira potencialmente eficaz de reverter a alcalose. Alcalose metabólica Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 45 Guia de coleta de material (sangue arterial) EXTRAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Tanto para as gasometrias arteriais quanto para as venosas, você vai utilizar o mesmo tipo de seringa. Vou te mostrar uma foto de exemplo: É um tipo especial de seringa, que já vem heparinizada de fábrica. Além disso, ela vem com uma tampinha para evitar a entrada de ar, o que poderia comprometer o resultado. Como proceder com a coleta de sangue arterial: Localize a artéria (neste caso, a femoral) palpando o pulso do paciente. Remova os pelos da área sobre o local da punção e prepare assepticamente o campo. Um único dedo pode ser colocado diretamente sobre a artéria; a agulha é introduzida no vaso em um ângulo de aproximadamente 45 graus, diretamente abaixo do dedo. ou Coloque um dedo em cada lado da artéria (+/- 2 cm de distância); coloque a agulha entre os dedos e avance no vaso em um ângulo de 90 graus. Durante a punção arterial, o sangue deve pulsar para a seringa; pode ser necessário puxar suavemente o êmbolo da seringa. Depois que o volume da amostra tiver enchido o volume indicado na seringa, aplique pressão direta por um mínimo de 20 minutos. Monitore a região para garantir que não haja sangramento. Expulse todo o ar da seringa imediatamente após a coleta da amostra e coloque a tampa para impedir a exposição da amostra ao ar ambiente. Recomenda-se que as amostras sejam analisadas imediatamente, mas elas podem ser colocadas no gelo por até uma hora. Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 46 REFERÊNCIAS GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA \ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023 Referências bibliográficas DIBARTOLA, Stephen P. Fluid, Electrolyte, and Acid-base Disorders in Small Animal Practice. 4 ed. St. Louis, MO: Elsevier Saunders,2012. JERICÓ, Márcia M.; NETO, João Pedro de A.; KOGIKA, Márcia M. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ: Roca, 2015. TILLEY, Larry P.; SMITH, Francis W. K.; SLEEPER, Meg M.; BRAINARD, Benjamin M. Blackwell’s Five-minute Veterinary Consult: Canine and feline. 7 ed. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons, 2021. IRIZARRY, Ricardo; REIS, Adam. Arterial and Venous Blood Gases: Indications, Interpretations, and Clinical Applications. Compendium: Continuing Education For Veterinarians. EUA, 2009. COHN, Leah A.; CÔTÉ, Etienne. Côté's Clinical Veterinary Advisor: Dgos and Cats. 4 ed. St. Loius, MO: Elsevier, 2020. ETTINGER, Stephen J.; FELDMAN, Edward C.; CÔTÉ, Etienne. Textbook of Veterinary Internal Medicine: Diseases of The Dog and The Cat. 8 ed. St. Loius, MO: Saunders, 2017. Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA Mande seu feedback pra gente! @interna.vet DE CÃES E GATOS • 2023 www.vet360.online Encontre mais materiais no nosso site: Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969 https://www.instagram.com/interna.vet/ https://www.instagram.com/interna.vet/ https://www.instagram.com/interna.vet/ https://www.instagram.com/interna.vet/ http://www.vet360.online/
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