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HEMOGASOMETRIA CAES E GATOS

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2023
GUIA PRÁTICO DE
HEMOGA
 DE CÃES E GATOS
SOMETRIA
Licensed to Ana Dautermann - anaamelia77bia@gmail.com - 01975686969
http://www.vet360.online/
GUIA PRÁTICO DE
HEMOGASOMETRIA
DE CÃES E GATOS • 2023
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Bruno Santiago Rodrigues
Autor
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Você não está sozinho! E isso não é um bicho de sete cabeças 01
Começando pelo básico: conceitos e fisiologia aplicada 02
Diferenças entre amostras de sangue arterial e venoso 03
De onde devo coletar minhas amostras de sangue? 03
Parâmetros mais comuns da hemogasometria 04
Abordando a ventilação pulmonar 05
Entenda ventilação total, do espaço morto e alveolar 06
É eucapnia, hipercapnia ou hipocapnia? 07
O problema da hipoventilação 08
O problema da hipoperfusão 09
Meu paciente tem hipoxemia? Se sim, qual seria a causa? 09
Obtendo a pressão barométrica local 10
O que é FiO₂ e como calculá-la? 11
Relação entre oxigenação alveolar e sanguínea: Δ(ᴬ - a) 14
As bases da avaliação do equilíbrio ácido-base 16
Entendendo a relação do pH com a PₐCO₂ e com o HCO₃⁻ 17
Entendendo os distúrbios simples e a compensação 18
Esclarecendo a terminologia quanto ao nível do pH 19
Os primeiros passos (com exemplos!) 19
O quarto passo: avaliando a resposta compensatória 21
Fórmulas de compensação e exemplos práticos 22
Aprenda o que significa Anion gap (AG) 27
De onde vem esse negócio do AG??? 28
Acidoses orgânicas: que diabos é isso? 29
Calculando o AG de forma prática! 30
Acidose normoclorêmica e hiperclorêmica 31
Corrija o AG nos casos de hipoalbuminemia 31
GUIA DE CONTEÚDO
Calculando o volume corrente e o volume minuto 12
Sobre o base excess: simples e rápido! 25
Meus sinceros parabéns! Você chegou lá! 32
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Guia de conteúdo (clicável!)
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GUIA DE CONTEÚDO
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Conteúdo extra!!! 33
Tabelas de referência 34
Condições causadoras de distúrbios ácido-base 35
Causas comuns de erros na interpretação 39
Distúrbios ácido-base mistos com pH normal 40
Algoritmo para suspeita de distúrbio misto 41
Causas de distúrbios triplos 42
Dicas de terapêutica dos distúrbios metabólicos 43
Referências 46
Mande seu feedback pra gente! 47
Guia de coleta de material (sangue arterial) 45
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Sobre o autor
Médico Veterinário especialistaem pequenos animais com 8anos de experiência
Residência em
Clínica e Cirurgia
de Cães e Gatos
Pós graduado
em
Nefrologia eUrologia
Entusiasta da medicina
veterinária
generalista,
intensivismo, imagem
e nefrologia
Bruno S Rodrigues
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01
Você já se deparou com o termo "hemogasometria" e sentiu uma
pontinha de medo ou confusão? Não se preocupe, você não está
sozinho! Muitas pessoas consideram essa área da medicina veterinária
como um verdadeiro bicho de sete cabeças. No entanto, estou aqui
para desmistificar esse assunto complexo e apresentar a solução
definitiva: o e-book "Guia Prático de Hemogasometria de Cães e Gatos"!
A hemogasometria é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico e
monitoramento de distúrbios respiratórios e metabólicos em nossos
pacientes. Apesar de parecer intimidante, ela não precisa ser um
enigma indecifrável. Com este guia prático e objetivo, você será capaz
de compreender as nuances da hemogasometria e utilizá-la como uma
poderosa aliada na prática veterinária.
A grande diferença do nosso e-book é que ele não irá te sobrecarregar
com jargões técnicos desnecessários ou conceitos complexos. Nada de
enrolação! Aqui, o foco é fornecer informações claras e diretas, de
maneira que você possa aplicá-las imediatamente na sua rotina
profissional. Este guia foi cuidadosamente elaborado para tornar a
aprendizagem da hemogasometria acessível a todos, desde estudantes
de medicina veterinária até veterinários experientes.
Ao longo das páginas deste e-book, você encontrará explicações
detalhadas sobre os parâmetros da hemogasometria, sua interpretação
clínica e as principais patologias associadas. Além disso, traremos
exemplos práticos e estudos de caso reais, que ajudarão a consolidar o
conhecimento e aprimorar suas habilidades na análise dos resultados.
Não importa se você é um recém-formado ou um profissional veterano,
o "Guia Prático de Hemogasometria de Cães e Gatos" será seu
companheiro indispensável na jornada de compreender e dominar essa
técnica. Diga adeus à incerteza e ao sentimento de impotência diante
dos resultados de um exame de sangue arterial ou venoso. Com este
guia em mãos, você se tornará um verdadeiro especialista em
hemogasometria.
Chegou a hora de desafiar seus medos e mergulhar de cabeça no
fascinante mundo da hemogasometria. O "Guia Prático de
Hemogasometria de Cães e Gatos" está aqui para transformar o
assustador em descomplicado, o complexo em simples e o
desconhecido em familiar. De uma vez por todas!
E isso não é um bicho de sete cabeças
VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO!
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CAPÍTULO 1:
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03
O GERENTE ENLOUQUECEU e garantiu que você vai aprender
hemogasometria de uma vez por todas até o fim desse livro! Então
escuta aqui: segura na minha mão e vamos juntos nesse passo a passo
descomplicado e prático para você aprender essa joça de uma vez por
todas! Nunca mais vai correr de interpretação de gaso! Então vem cá:
CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA
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SANGUE VENOSO
PᵥCO₂
SANGUE ARTERIAL
pH
PₐCO₂
PₐO₂
SₐO₂
Essa avaliação dos gases sanguíneos e a determinação do seu pH
podem ser realizados tanto no sangue arterial como no venoso. O
sangue arterial, no entanto, fornece mais informações e nos permite
avaliar a fisiologia respiratória com mais assertividade, pois nos mostra
os valores de PO₂ (PₐO₂), PCO₂ (PₐCO₂) e de SO₂ (SₐO₂) do sangue
oxigenado.
Avalia desempenho
pulmonar e metabólico!
Avalia apenas
desempenho metabólico!
pH
PᵥO₂
HCO₃⁻
SᵥO₂
HCO₃⁻
As medições das pressões parciais de oxigênio (PₐO₂) e dióxido de
carbono (PₐCO₂) em amostras de sangue arterial fornecem informações
sobre a função pulmonar. A análise do sangue venoso é menos útil,
porque as pressões de oxigênio no sangue venoso são muito afetadas
pela circulação central e períférica, tornando-a inadequada para
avaliação do desempenho pulmonar.
Geralmente mais alta
Geralmente mais baixo
Coleta: veia cefálica ou jugular Coleta: artéria femoral
Antes de mais nada, você precisa entender que os distúrbios
relacionados aos níveis de oxigenação e ao equilíbrio ácido-base são
bastante frequentes na clínica de cães e gatos, OK? E talvez você não
tenha se dado conta disso ainda. E tudo bem. Maaas a partir de hoje
você vai começar a ver seus pacientes de uma forma diferente.
Diferente bom. Muito bom.
Não vai me fazer confusão, ok?
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04
Dentro da gasometria arterial podemos avaliar, mediante análise
desses parâmetros, três sistemas fisiológicos, três processos
fisiológicos e três equações matemáticas, obtendo informações e
diagnósticos de grande relevância.
SISTEMAS
Gastrointestinal
Renal
Respiratório
PROCESSOS
Ventilação
Equilíbrio ácido-base
Oxigenação
EQUAÇÕES
Ventilação alveolar
Troca gasosa
Henderson–Hasselbalch
CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA
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PARÂMETROS MAIS COMUNS DA HEMOGASOMETRIA
pH
PCO₂
PO₂
HCO₃⁻
SO₂
Potencial hidrogeniônico (concentração de H⁺)
Pressão parcialde CO₂ (dióxido de carbono)
Pressão parcial de oxigênio livre no sangue
Ânion de sal bicarbonato
Saturação de oxigênio (ligado à hemoglobina)
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pH PₐCO₂ PₐO₂ HCO₃⁻ SₐO₂
Para avaliação das trocas gasosas, no âmbito da
ventilação pulmonar, utilizamos isoladamente o
parâmetro PₐCO₂. Os músculos respiratórios são
diretamente responsáveis por esse processo e o
volume de ar que entra e sai dos pulmões leva o
nome de volume corrente. Guarda bem esse nome.
05
Uma vez que você esteja com os resultados em mãos do seu paciente,
podemos avaliar sua ventilação, sua oxigenação e seu equilíbrio ácido-
base.
Mas sem pânico, pequeno(a) gafanhoto(a)! Confia e tenha calma lá que
vou te guiar direitinho por essa avaliação. Primeiro você vai dar uma
boa olhada nesse parâmetros aí embaixo. Ok?
Equilíbrio ácido-base
Ventilação Oxigenação
Comecemos pela VENTILAÇÃO: A ventilação pulmonar
nada mais é que o processo pelo qual o ar é movido
para dentro e para fora dos pulmões. Esse processo é
essencial para a respiração e para manter o equilíbrio
do oxigênio (O₂) e dióxido de carbono (CO₂) no sangue.
Parte do volume fica nas vias áreas e não
participa das trocas gasosas. Este é o chamado
volume de espaço morto. Já o ar que faz parte
das trocas gasosas nos alvéolos recebe o nome
de volume alveolar. Guarda esses também.
CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA
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Não sei se deu para perceber pelo meu desenho, mas vamos levar em
conta um ou mais desses resultados para entender como tá cada
processo. Depois a gente junta tudo e voilà, temos nosso diagnóstico
(ou quase)!
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É importante sabermos disso pois existe uma estreita relação entre a
ventilação e o parâmetro PₐCO₂, que nada mais é que a relação entre a
produção de gás carbônico e a ventilação alveolar, como mostra a
equação a seguir:
06
⚠Preste muita atenção: A ventilação total (ou ventilação minuto) é a
quantidade total de ar que entrou ou saiu dos pulmões em um minuto e
é calculada a partir da seguinte fórmula:
VE = FR x VC
Volume correnteVentilação total
Frequência respiratória
A ventilação do espaço morto é a quantidade de ar que, em um minuto,
entrou nos pulmões e não participou das trocas gasosas e é calculada a
partir da seguinte fórmula:
VD = FR x VD
Volume mortoVentilação do espaço morto
Frequência respiratória
A ventilação alveolar é a quantidade de ar que, em um minuto, entrou
nos pulmões e participou diretamente das trocas gasosas e é calculada
a partir da seguinte fórmula:
VA = FR x VA
Volume alveolarVentilação alveolar
Frequência respiratória
CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA
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Produção de gás carbônico
Ventilação alveolar
Constante
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Ventilação Alveolar PₐCO₂ Classificação
Eucapnia
Hipercapnia
Hipocapnia
35 - 45
07
Gente mas pra que isso tudo? Não se perca. Respira. Dá uma olhada
nesse gráfico maravilhoso abaixo para entender essa relação. À medida
que há a redução da ventilação alveolar há o aumento da PₐCO₂, e vice-
versa. Entende? As fórmulas te darão base para entender e calcular as
variáveis quando for necessário. Pode confiar!
Nosso corpo é uma máquina repleta de sistemas para detecção de
problemas. De todo tipo e magnitude, e geralmente funciona bem.
Então, para corrigir os distúrbios de ventilação, receptores fisiológicos
nas vias centrais e periféricas são responsáveis por detectar alterações
de pH e PₐCO₂ e promover alterações nos centros respiratórios,
provocando aumento ou redução na ventilação, a fim de corrigir esses
distúrbios. Entendeu?
Podemos classificar, a partir da análise da PₐCO₂, a qualidade da
ventilação do nosso paciente, seguindo a tabela abaixo:
Normal
Hipoventilação
Hiperventilação
>45
<35
Você aprendeu como avaliar a ventilação do seu
paciente. Tranquilo, não é? Agora podemos seguir
para a oxigenação! Bora?!
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PₐCO₂ PₐO₂ SₐO₂
PₐCO₂
Trocas gasosas
Transporte
08
Você precisa saber diferenciar uma coisa que vai ser super importante
para o aprendizado dessa parte. Olha só: para avaliarmos a oxigenação
do seu paciente, vamos abordar dois conceitos importantíssimos de
serem diferenciados aqui:
Então, para checar a capacidade de troca gasosa nos alvéolos
pulmonares e o transporte do oxigênio até a periferia, nós lançamos
mão de três parâmetros hemogasométricos:
Os alvéolos precisam estar recebendo oxigênio adequadamente do
meio externo (para realizar as trocas gasosas), mas também precisam
estar adequadamente perfundidos pela circulação interna (para realizar
o transporte).
Para o caso de ainda não ter ficado claro, vou te mostrar dois
exemplos:
Primeira situação:
Perceba que aqui a quantidade
de oxigênio disponível que
chega aos alvéolos é pequena.
OK? Assim, por mais que os
alvéolos estejam bem
perfundidos (para realizar o
transporte), a quantidade de O₂
é muito baixa para ser
suficiente para aumentar sua
concentração no sangue
arterial (SₐO₂), por meio das
t rocas gasosas.
CONCEITOS E FISIOLOGIA APLICADA
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Nessa última situação, a medida que o quadro se agrava, o
fornecimento de mais oxigênio, ou seja, o aumento da FiO₂, não
melhora significativamente a PₐO₂. Então, cuidado!
PᴀO₂ = [FiO₂ × (Pʙ - 47)] - (1,2 × PₐCO ₂)
09
Segunda situação:
Agora olha esse problema aqui:
a quantidade de oxigênio
disponível que chega aos
alvéolos é normal. Então tudo
bem, certo? Ainda não... No
entanto, a qualidade da
perfusão é baixa. Ou seja,
chega pouco sangue para
carrear o CO₂ e o O₂
(transporte).
O resultado também é um sangue arterial com baixa quantidade de
oxigênio, mas quem vai assumir a culpa aqui é outro: a
HIPOPERFUSÃO.
Então vamos avaliar nosso paciente. E, para ficar mais fácil de
entender, precisaremos apenas responder a estas duas perguntas:
1ª: Meu paciente tem hipoxemia?
2ª: Se sim, qual seria a causa?
Para respondê-las, faremos o cálculo da pressão alveolar de oxigênio:
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O resultado é um sangue arterial com baixa quantidade de oxigênio
como resultado de uma HIPOVENTILAÇÃO, ou seja, a PₐCO₂ vai subir!
A hipoperfusão causa um efeito parecido nos casos de edema
pulmonar, por exemplo. Certo?
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Vá até a Wikipedia (pt.wikipedia.org) e procure
pela sua cidade.
10
Pʙ 760 mm Hg
Ela nada mais é que a pressão média do ar a um certo nível de altitude.
Neste caso, 760 mm Hg é a pressão encontrada ao nível do mar . Este
valor deve ser utilizado para pacientes avaliados nesses locais. Procure
saber qual é a pressão da sua cidade para fazer o cálculo de forma
precisa! Mas você não comprou esse maravilhoso livro para ir procurar
as coisas no Google. VEM AQUI EU VOU TE ENSINAR AGORA.
Na barra lateral à direita você encontrará uma seção chamada
"Características geográficas". Lá você verá um parâmetro de altitude,
como mostrado abaixo:
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Vamos criar uma situação hipotética e interpretar seus resultados. Ao
final, poderemos dizer se nosso paciente precisa de receber mais
oxigênio (FiO₂) ou se ele precisa de mais ventilação e perfusão. OK?
Mas não se assuste com essa equação! Vamos colocá-la em prática 
 passo a passo para que você possa entender tudinho:
A primeira variável da equação é a Pressão barométrica (Pʙ). Vamos
aprender como chegar nela primeiro.
Clique aquiClique aqui
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http://pt.wikipedia.org/
11
FiO₂ 21%
1
2
Em 1 você vai ajustar para "m" (metros) e em 2 você vai ajustar para
"mm Hg" (milímetros de mercúrio). Agora é só modificar a altura com o
valor que você encontrou da sua cidade e clicar em "Calculate". Pronto,
acabou! Está aí sua Pʙ. Use com sabedoria.
Esta é a famosa fração inspirada de oxigênio (FiO₂). É a fração de
oxigênio inspirado ou, simplesmente, a porcentagem de oxigênio em
uma mistura gasosa. Por exemplo, ar atmosférico ao nível do mar
possui FiO₂ próxima de 21% (ou seja, essa é a FiO₂ de um paciente que
não está recebendo suplementação de O₂, respirando ar puro).
Mas, então, como calcular a FiO₂ do meu paciente que está recebendo
oxigênio? Vamos por partes:
Antes de mais nada, você vai precisar do volume minuto (ou ventilação
total) do seu paciente (algumas páginas atrás você viu como calcular,
então sem desculpas), que é dado pela seguinte fórmula:
Volume corrente
Frequência respiratória
VE = FR x VC
(movimentos/minuto)
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Com esse número em mãos, você precisa fazer uma rápida conversão.
Então, vá até o site "aerotoolbox.com/atmcalc/". Lá você encontrará a
calculadora mostrada a seguir: Clique aquiClique aqui
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http://aerotoolbox.com/atmcalc/
ESPÉCIE E PORTE VOLUME CORRENTE
Cães pequenos e gatos 15 mL/Kg
Cães médios e grandes 10 mL/Kg
12
Com esses dados em mãos, vamos fazer um teste prático de cálculo de
FiO₂ para um paciente que está recebendo suplementação de oxigênio.
Exemplo:
Cão de médio porte pesando 15 kg, recebendo via máscara 1,5
L/min de oxigênio puro (100%) e com frequência respiratória
de 20 mpm.
Calculando o volume corrente, temos:
15 (Kg) x 10 (mL/Kg) = 150 mL/movimento respiratório
Passamos agora ao cálculo do volume minuto:
VE = FR x VC
VE = 20 x 150
VE = 3.000 mL/min ou 3 L/min
Agora presta muita atenção e vem comigo ao seguinte raciocínio:
Ele está recebendo 1,5 L/min de oxigênio à 100%.
Ou seja, FiO₂ de 1,0.
Além deste gás, ele também está recebendo ar atmosférico comum,
com oxigênio à 21%.
Ou seja, FiO₂ de 0,21.
Isso porque, afinal de contas, ele está respirando 3 L/min da
mistura destes dois gases
Que nada mais é que o volume minuto que calculamos - ele não
pode estar respirando menos que isso. OK?
Agora é só jogar na fórmula e teremos nosso FiO₂ final!
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Para encontrar o volume corrente (VC) que precisamos para resolver a
equação, vamos recorrer à seguinte tabela:
Logo, temos a seguinte situação:
1,5 L de O ₂ 100% + 1,5 L de O ₂ à 21% a cada minuto para
atender as necessidades de volume desse meu paciente.
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13
PₐO₂
SₐO₂
pH
PₐCO₂
7,19
59 mm Hg
61 mm Hg
HCO₃⁻ 11 mEq/L
88%
FiO₂ = (Gásₒ x vol.) + (Gásₐ x vol.)
Oxigenado
Atmosférico
VE
Resolvendo, teremos:
FiO₂ = [(1,0 x 1,5) + (0,21 x 1,5)]/3
FiO₂ = (1,5 + 0,315)/3
FiO₂ = 0,60 (ou seja, 60%)
Logo, a FiO₂ do nosso paciente é 60% (0,6), que é o valor que
colocaremos no pedido do exame. Tudo entendido até aqui?
Tranquilo, não é? :) Então vamos seguir!
Abaixo você tem os demais dados analisados do nosso paciente
hipotético:
FiO₂ 21%
Pʙ 703 mm Hg
Mas antes de você sair correndo todo desesperado atrás de uma
máscara de oxigênio, espera aí que eu tenho mais história pra te contar:
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1ª: Meu paciente tem hipoxemia?
Voltaremos, então, às perguntas:
Resposta: SIM! Mas por quê?
Muito simples, pequeno(a) gafanhoto(a): a PₐO₂ de um paciente
respirando ar atmosférico (FiO₂) à 21% deveria ser pelo menos de 80
mm Hg! Logo, existe HIPOXEMIA.
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14
A questão aqui é que ainda precisamos saber qual é a relação entre a
oxigenação alveolar e a oxigenação sanguínea! Assim saberemos se
aumentar a concentração de oxigênio chegando aos alvéolos será
suficiente para tratar esse meu paciente.
E faremos isso justamente resolvendo aquela equação que mostramos lá
atrás. Lembra dela?
Como já sabemos de onde retirar todos esses valores, precisamos
agora apenas substituí-los e resolver! Vamos lá!
PᴀO₂ = [0,21 x (703 - 47)] - (1,2 x 59)
PᴀO₂ = 137,76 - 70,8
PᴀO₂ ≅ 67 mm Hg
Δ(ᴀ - ₐ)O₂ = 67 - 61
Δ(ᴀ - ₐ)O₂ = 6 mm Hg
Percebemos aqui que a diferença entre a concentração de oxigênio
alveolar e arterial é, na verdade, muito pequena (entre 5 e 15 mm Hg)!
Agora dá uma bela olhada nessa PₐCO₂ de 59 mm Hg. Ela está bem
alta! O que indica para nós que nosso paciente está em
HIPOVENTILAÇÃO. Sendo assim, podemos dizer que:
O oxigênio suplementar, nesse caso, não é a melhor terapia para
vencer a hipoxemia nesse paciente!
Isso indica algo muito importante: nesse caso, provavelmente não há
problema na membrana alvéolo-capilar, porque as trocas por meio
dela parecem estar ocorrendo de forma adequada!
O que precisamos mesmo, então, é corrigir a VENTILAÇÃO! Então, muita
atenção! Entendido?
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Isso responderia à nossa 2ª pergunta: Se sim, qual seria a causa?
PᴀO₂ = [FiO₂ × (Pʙ - 47)] - (1,2 × PₐCO ₂)
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PₐO₂
SₐO₂
FiO₂
Pʙ
PᴀO₂ = [0,8 x (703 - 47)] - (1,2 x 40)
PᴀO₂ = 524,8 - 48
PᴀO₂ ≅ 476 mm Hg
Δ(ᴀ - ₐ)O₂ = 476 - 350
Δ(ᴀ - ₐ)O₂ = 126 mm Hg
15
Venha e acompanhe outro exemplo para sedimentar o conhecimento:
pH
PₐCO₂
7,36
40 mm Hg
350 mm Hg
HCO₃⁻ 25 mEq/L
97%
80%
703 mm Hg
Repetindo a primeira pergunta:
Então, como vamos descobrir se há um problema com a membrana
alvéolo-capilar desse meu segundo paciente hipotético?
Sim, por meio daquela mesmíssima equação! Vamos calcular novamente
a diferença alvéolo-arterial do gás oxigênio. Bora?
Substituindo, teremos:
Encontramos aqui uma grande diferença (>25 mm Hg) nas
concentrações alvéolo-arterial, concorda?
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NÃO. Correto? Bom, pelo menos não agora. Mas, será que não está
apenas sendo mantida às custas de uma PₐO₂ alta de 350 mm Hg?
Meu paciente tem hipoxemia?
PᴀO₂ = [FiO₂ × (Pʙ - 47)] - (1,2 × PₐCO ₂)
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16
Podemos entender então que há um defeito na membrana alvéolo-
capilar nesse caso, demonstrada pela diferença significativa que
encontramos.
Nesse caso podemos dizer o seguinte:
O oxigênio suplementar é a terapia de escolha para vencer a
hipoxemia nesse paciente!
Resumindo:
Agora que avaliamos tanto a ventilação quanto a oxigenação do nosso
paciente, podemos prosseguir com a avaliação objetiva do equilíbrio
ácido-base!
E, para isso, utilizaremos os parâmetros que já comentamos lá atrás:
pH PₐCO₂ PₐO₂ HCO₃⁻ SₐO₂
Equilíbrio ácido-base
Uma coisa importante e que auxilia muito no raciocínio dos
desequilíbrios ácido-base é entender o seguinte:
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Clinicamente, um Δ(ᴀ - ₐ)O₂ normal (5 a 15 mm Hg) exclui doença
pulmonar e sugere que a hipoxemia arterial (PₐO₂ <80 mm Hg) se deve
à hipoventilação (aumento da PₐCO₂) ou à diminuição do oxigênio
inspirado.
Tudo entendido?
Já pacientes com um Δ(ᴀ - ₐ)O₂ acima de 25 mm Hg devem ser
considerados como tendo algum grau de incompatibilidade V/Q devido
à uma doença do parênquima pulmonar, embora uma doença
cardiovascular também possa afetar esse valor.
A incompatibilidade V/Q na ventilação significa que há um desequilíbrio
entre o fluxo de ar (V) e a perfusão sanguínea (Q) nos pulmões. Isso
pode levar a uma má oxigenação do sangue e comprometer a troca de
gases nos alvéolos.
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PₐCO₂HCO₃⁻
Distúrbio metabólico Distúrbio respiratório
E assim terminamos a primeira parte do nosso curso, meu caro aluno!
Não foi tão difícil quanto você esperava, não é?
Com esses conceitos que você aprendeu até agora, você poderá
avançar para a análise dos distúrbios mais comuns e como interpretá-
los.
Te espero no próximo capítulo!
O valor de pH é diretamente proporcional à quantidade de HCO₃⁻ e
inversamente proporcional à quantidade de PₐCO₂. Entendido?
Mantenha sempre isso em mente para facilitar o raciocínio.
pH = 7,35 a 7,45
Limites de normalidade
Diretamente proporcional
Inversamente proporcional
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GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIADE CÃES E GATOS • 2023
CAPÍTULO 2:
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Já os termos que você provavelmente está mais familiarizado, alcalose
e acidose, se referem aos processos que tendem a modificar o pH em
alguma direção.
Se ele estiver menor que 7,45, temos uma acidemia. Existe, então, pelo
menos um processo de acidose, reduzindo o nível do pH.
19
Acidemia< 7,35
> 7,45 Alcalemia
Nesse sentido, nosso paciente pode apresentar 1 ou mais processos de
acidose e/ou alcalose. OK? Aí são esses processos que poderão
modificar o pH e, então, o classificaremos entre normal, acidemia ou
alcalemia.
Agora que você já aprendeu toda a base para interpretação do exame
gasométrico, discutida no capítulo anterior, podemos trabalhar os
distúrbios por meio de exemplos de casos! Assim fica muito mais fácil
assimilar o conteúdo e colocar em prática. Bora?
1º Passo:
Verificar o pH
Se estiver maior que 7,45, temos uma alcalemia. Existe, então, pelo
menos um processo de alcalose, elevando o nível do pH.
2º Passo:
Verificar a PₐCO₂
Se o valor de pH que você está observando puder ser explicado pelos
valores de PₐCO₂, então é provável que se trate de um distúrbio
respiratório.
Já se estes valores de PₐCO₂ não puderem explicar a variação do pH,
então provavelmente estamos diante de um distúrbio metabólico.
Se liga nessa dica: sempre que formos avaliar um desses exames,
vamos utilizar este passo a passo para não ficar perdido e não deixar
nada para trás. OK? Olha como é simples:
DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO
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Para iniciar este capítulo, vamos voltar um conceito simples: os níveis
anormais de pH são chamados dessa forma:
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Valores inferiores aos intervalos de referência geralmente indicam
acidose metabólica, enquanto valores superiores a estes intervalos
indicam alcalose metabólica.
Bom, vamos começar fazendo as perguntas que aprendemos para
descobrir qual é o distúrbio:
pH
PₐCO₂
7,23
66 mm Hg
HCO₃⁻ 27 mEq/L
Reduzido = Acidemia
Alta. Justifica a queda do pH!
Distúrbio respiratório
Normal
Então, este meu paciente apresenta um distúrbio respiratório. Certo?
Neste caso, então, temos uma acidose respiratória! Tranquilo né?
Neste caso, o nível de pH é justificado pelos valores encontrados na
PₐCO₂? Sim, correto?
Vamos fazer um teste do que você aprendeu até agora, então?
pH
PₐCO₂
7,23
66 mm Hg
HCO₃⁻ 27 mEq/L
O que você acha que está acontecendo nesse exemplo? Tente fazer
sozinho antes de seguir com a explicação. Você consegue!
Vejamos outro exemplo:
pH
PₐCO₂
7,49
44 mm Hg
HCO₃⁻ 35 mEq/L
Elevado = Alcalemia
Normal. Não justifica o pH alto!
Distúrbio metabólicoAlto.
DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO
GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA
\ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023
3º Passo:
Verificar o HCO₃⁻
Aqui podemos verificar como está a contribuição do componente
metabólico do equilíbrio ácido-base para o pH.
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4º Passo:
Verificar a resposta compensatória
Acabamos de determinar o distúrbio primário. Agora vamos acessar as
respostas de cada sistema a este distúrbio. O corpo tenta compensar o
desequilíbrio ácido-base para minimizar os efeitos da alteração do pH.
E nós chamamos isso de resposta compensatória.
Já este apresenta um distúrbio metabólico. OK? Neste caso, então,
temos uma alcalose metabólica!
Lembre-se:
O pH geralmente se altera na mesma direção do distúrbio
primário.
Desordem metabólica primária
Desordem respiratória primária
Compensação metabólica
Compensação respiratória
Essa compensação, então, se dará da seguinte forma:
DISTÚRBIO PRIMÁRIO COMPENSAÇÃO ESPERADA
Acidose metabólica (↓HCO₃⁻) ↓PₐCO₂
Alcalose metabólica (↑HCO₃⁻) ↑PₐCO₂
Acidos e respiratória aguda (↑PₐCO₂) ↑HCO₃⁻
Acidose respiratória crônica (↑PₐCO₂) ↑HCO₃⁻
Alcalose respiratória aguda (↓PₐCO₂) ↓HCO₃⁻
Alcalose respiratória crônica (↓PₐCO₂) ↓HCO₃⁻
Leva um tempo para que essa compensação ocorra. Geralmente se
segue a regra: distúrbios respiratórios agudos: 15 min; distúrbios
respiratórios crônicos: 7 dias; acidose respiratória de longa duração:
30 dias; e distúrbios metabólicos: 24 horas.
DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO
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Tudo certo? Vamos seguir!
Como vamos saber se um distúrbio está sendo compensado ou não?
Vamos avaliar se a resposta observada é compatível com a previsão
que faremos.
Então, se o paciente não compensa adequadamente como o previsto,
um segundo ou terceiro distúrbio devem estar presentes. OK?
Nós diremos qual será essa previsão por meio das seguintes regras:
É a partir destes resultados que saberemos se um distúrbio primário foi
ou não compensado adequadamente. Tranquilo, né?!
Para ficar ainda mais fácil de entender, vou te mostrar na prática como
funciona:
48 mm Hg
Distúrbio metabólico
Elevado. Justifica o pH alto!
pH
PₐCO₂
7,51
HCO₃⁻ 34 mEq/L
Elevado = alcalemia.
Elevado. Não justifica o pH alto.
Diagnóstico do primeiro distúrbio: alcalose metabólica. Concorda?
Agora precisamos saber se esta alcalose metabólica está sendo
adequadamente compensada. Vamos voltar ali atrás e copiar a regrinha
que eu te dei. Vejamos:
DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO
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Acidose metabólica
Distúrbio primário
Alcalose metabólica
Acidose respiratória aguda
Acidose respiratória crônica
Alcalose respiratória aguda
Para cada 1 ↓ de HCO₃⁻
Alteração primária
Para cada 1 ↑ de HCO₃⁻
Para cada 1 ↑ PCO₂
Para cada 1 ↑ PCO₂
Para cada 1 ↓ PCO₂
Para cada 1 ↓ PCO₂Alcalose respiratória crônica
Compensação esperada
PCO₂ ↓ em 0,7 (±3)
PCO₂ ↑ em 0,7 (±3)
HCO₃⁻ ↑ em 0,15 (±2)
HCO₃⁻ ↑ em 0,35 (±2)
HCO₃⁻ ↓ em 0,25 (±2)
HCO₃⁻ ↓ em 0,55 (±2)
Cães
PCO₂ não altera
PCO₂ ↑ em 0,7 (±3)
Desconhecido
Desconhecido
HCO₃⁻ ↓ em 0,25 (±2)
Similar aos cães
Gatos
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O HCO₃⁻ do paciente está elevado em 12 acima do valor médio (22)
Logo, espera-se que a PₐCO₂ se eleve em 8,4 em relação ao valor médio (37)
Então, a PₐCO₂ deve estar próximo (±3) de 45,4
Então, encontramos que o valor previsto para a PₐCO₂ para que se
considere uma compensação adequada deve estar entre 42,4 a 48,4
mm Hg!
As equações que eu te mostrei são aproximações baseadas em estudos
com cães e gatos. Os resultados são estimativas matemáticas e podem
não ser inteiramente precisas. Leve sempre em consideração o contexto
clínico do seu paciente, o histórico e sua experiência. Ok?
Continuando...
Podemos observar que nesse caso os valores de PₐCO₂ medidos estão
dentro dos valores esperados para compensação adequada.
PₐCO₂ 48 mm Hg
Vejamos o próximo exemplo:
34 mm Hg
Distúrbio metabólico
Reduzido. Justifica o pH baixo!
pH
PₐCO₂
7,1
HCO₃⁻ 9 mEq/L
Reduzido = acidemia.
Normal. Não justifica o pH baixo.
Diagnóstico do primeiro distúrbio: acidose metabólica.
Está sendo adequadamente compensada?Vamos verificar.
Realizando novamente os cálculos da fórmula fica assim:
O HCO₃⁻ do paciente está diminuído em 13 abaixo do valor médio (22)
Logo, espera-se que a PₐCO₂ se reduza em 9,1 em relação ao valor médio (37)
Então, a PₐCO₂ deve estar próximo (±3) de 27,9
A PₐCO₂ encontrada nesse paciente para que se considere
compensação adequada deve estar entre 24,9 e 30,9 mm Hg.
DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO
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Alcalose metabólica Para cada 1 ↑ de HCO₃⁻ PCO₂ ↑ em 0,7 (±3)
Acidose metabólica Para cada 1 ↓ de HCO₃⁻ PCO₂ ↓ em 0,7 (±3)
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PₐCO₂
34 mm Hg
Valor esperado de acordo com a fórmula
Valor abaixo do esperado Valor acima do esperado
Distúrbio respiratório
24
Podemos observar que nesse caso os valores de PₐCO₂ medidos NÃO
estão dentro dos valores esperados para compensação adequada.
PₐCO₂
Percebeu, então, que a compensação neste caso não é adequada?
 E aí vem outra dica importantíssima! Leia com muita atenção:
Além de ter observado que a compensação não está dentro do
esperado, podemos notar que os valores que encontramos para a
PₐCO₂ são superiores a expectativa, de acordo com o resultado do
nosso cálculo. Isso significa que há pelo menos mais um distúrbio em
curso. Neste caso, uma acidose respiratória (↑PₐCO₂).
Vou ilustrar para ter certeza que você vai ententer:
Alcalose respiratória Acidose respiratória
Entendido? Vamos logo para o próximo exemplo!
65 mm Hg
Elevado. Não justifica o pH baixo!
pH
PₐCO₂
7,33
HCO₃⁻ 34 mEq/L
Reduzido = acidemia.
Elevado. Justifica o pH baixo!
Diagnóstico do primeiro distúrbio: acidose respiratória.
Nos resta saber se está sendo adequadamente compensada.
Consideremos este nosso paciente em um quadro agudo. Vamos
verificar de acordo com a regra para estes casos:
DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO
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A PₐCO₂ do paciente está aumentada em 28 acima do valor médio (37)
Logo, espera-se que o HCO₃⁻ se eleve em 4,2 em relação ao valor médio (22)
Então, o HCO₃⁻ deve estar próximo (±2) de 26,2
O HCO₃⁻ encontrado nesse paciente para que se considere
compensação adequada deve estar entre 24,2 e 28,2 mEq/L.
Observamos que os valores de HCO₃⁻ medidos não estão dentro dos
valores esperados para compensação adequada. Certo?
HCO₃⁻ 34 mEq/L
Como este valor está acima da nossa nova referência (24,2 a 28,2),
entendemos então que...? Se trata de um distúrbio de alcalose
metabólica. Correto? Bem tranquilo, não é?
É o mesmo raciocínio que aplicamos para a análise do PₐCO₂:
HCO₃⁻
Valor esperado de acordo com a fórmula
Valor abaixo do esperado Valor acima do esperado
Acidose metabólica Alcalose metabólica
Tudo bem entendido?
E agora seguiremos para o último assunto deste capítulo: o Base
Excess (BE).
DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO
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Talvez você não saiba, mas a concentração de HCO₃⁻ que grande parte
dos aparelhos te mostra é o resultado de um cálculo realizado a partir
do pH e da PₐCO₂, e não medido diretamente.
E, por isso, não é independente da atividade respiratória (PₐCO₂).
Certo? Então, numa tentativa de isolar o componente metabólico das
influências respiratórias, foi desenvolvido o conceito de BE.
Acidose respiratória aguda Para cada 1 ↑ PCO₂ HCO₃⁻ ↑ em 0,15 (±2)
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Entendido?
Você aprendeu até aqui como identificar os distúrbios ácido-base
simples e os mistos. No próximo capítulo abordaremos a continuação da
interpretação da gasometria por meio de técnicas mais avançadas.
Tudo pronto?! Bora!
DISTÚRBIOS SIMPLES E COMPENSAÇÃO
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O BE leva em conta todos os sistemas tampão do corpo, incluindo o
HCO₃⁻, para prever a quantidade de ácido ou álcali necessária para
retornar o compartimento do fluido extracelular à neutralidade (ou
seja, pH = 7,4), enquanto a PₐCO₂ é mantida constante em 40 mm Hg.
Conseguiu pegar o raciocínio? O que ele faz é eliminar variáveis.
Tá, mas então para que serve isso?
Pois bem, muito simples: ele identifica distúrbios de base metabólica!
"OK. Mas e como ele faz isso?", você deve estar se perguntando...
Em geral, um valor mais negativo de BE (ou seja, um déficit de base)
indica acidose metabólica, enquanto um valor mais positivo indica
alcalose metabólica. OK?
Os valores normais para BE, tanto para cães quanto para gatos, variam
geralmente entre +4 e -4.
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CAPÍTULO 3:
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Na⁺ K⁺ Cl⁻ HCO₃
⁻
Na⁺ + K⁺ + CNM⁺ = Cl⁻ + HCO₃⁻ + ANM⁻
(Na⁺ + K⁺) - (Cl⁻ + HCO₃⁻) = AG
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O Anion Gap (AG) é muito mais simples do que parece. A gente calcula
o AG para encontrar desequilíbrio eletrolítico na acidose e tentar
descobrir de onde está vindo o problema.
Ele nada mais é que uma medida da diferença entre os íons positivos
(cátions) e os íons negativos (ânions) presentes no sangue.
De acordo com o princípio da eletroneutralidade, esses dois tipos de
íons (+ e -) devem estar em equilíbrio no organismo. Ou seja, a soma
das moléculas de carga positiva deve ser igual as de carga negativa.
Então, o que faremos é simplesmente somar os cátions mais comuns e
os ânions mais comuns para obtermos a diferença entre eles. São eles:
Cátions Ânions
E, no meio dessa "bagunça", também estão sendo considerados os
ânions e cátions que não são mensurados na rotina. E, por isso, o AG
pode ser considerado a diferença entre essas moléculas não
mensuradas. Veja com fica:
Cátions não mensurados Ânions não mensurados
No contexto de uma acidose metabólica, basicamente, o AG nos
permite identificar mudanças significativas nesse intervalo que
geralmente são causadas por alterações nas concentrações de ânions
não mensurados, especialmente os associados a ácidos orgânicos.
ANION GAP
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Os valores de normalidade para cães variam entre 12 e 24 mEq/L e
entre 13 e 27 mEq/L para gatos.
Sua estreita relação com a acidose faz com que ele seja geralmente
utilizado como uma ajuda para diferenciar as causas da acidose
metabólica.
Um exemplo comum é a cetoacidose que ocorre em alguns pacientes
diabéticos (cetoacidose diabética). Nesses casos, há um aumento nas
concentrações de ânions não mensurados, o que resulta em um
aumento no AG. O mesmo acontece em situações de acidose lática e
insuficiência renal, em que as concentrações de ânions não
mensurados também aumentam, levando ao aumento no AG.
Entendido?
O AG pode ser útil também na identificação de distúrbios ácido-base
mistos. Exemplo: considere um distúrbio misto caracterizado por
alcalose metabólica e acidose láctica, em um paciente com vômitos
crônicos graves o suficiente para causar hipotensão e
comprometimento da perfusão tecidual.
O pH em um cenário como esse pode estar normal se a perda de HCl do
estômago for exatamente contrabalanceada pelo acúmulo de ácido
láctico do metabolismo anaeróbico. PORÉM, um aumento acentuado no
AG aqui sugere a presença de uma acidose orgânica.
Entendido? Então, vamos seguir...
Ilustrando ficaria assim:
AG
ANION GAP
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Normal!
Cães: 12 e 24 mEq/L
Gatos: 13 e 27 mEq/L
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Entendendo o que significa o AG, podemos analisar abaixo dois
exemplos de situações que podemos encontrar na avaliação dele:
AG
AG
Acidose metabólica
com AG normal
Acidose metabólica
com AG aumentado
No caso da acidose metabólica com AG normal há uma variação na
concentraçãode Cl⁻ (↑) e HCO₃⁻ (↓), o que faz com que o AG se
mantenha dentro dos valores normais.
Já na acidose metabólica com AG aumentado não há distúrbio do Cl⁻
mas, sim, a adição de ácidos patológicos e redução do HCO₃⁻.
Vamos observar como se desenrola esse cálculo na prática com um
exemplo:
Na⁺ 137 mmol/L
K⁺ 4 mmol/L
Cl⁻ 109 mmol/L
HCO₃⁻ 15 mEq/L
AG = (Na⁺ + K⁺) - (Cl⁻ + HCO₃⁻)
AG = (137 + 4) - (109 + 15)
AG = 141 - 124
AG = 17
ANION GAP
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17 é um valor considerado normal tanto para cães quanto para gatos.
Então, neste caso, temos um AG normal. OK?
A redução do HCO₃⁻ associada ao aumento do AG é sugestiva de
acidose normoclorêmica, pois, neste caso, há um:
Já na acidose metabólica (↓HCO₃⁻) associada a um valor normal de
AG é sugestiva de acidose hiperclorêmica, pois, neste caso, há um:
acúmulo de ácidos orgânicos
acúmulo de Cl⁻
Perceba que toda a nossa análise se baseia na avaliação do equilíbrio.
Ah, mais duas dicas rápidas antes de terminar o assunto de AG:
Tranquilo?
Provavelmente, a única causa relevante para a redução do AG é a
hipoalbuminemia. Neste caso, podemos utilizar a fórmula abaixo:
AGᶜᵒʳʳᶦᵍᶦᵈᵒ = AG + 4,2 × (3,77 – [albumina do paciente])
A segunda dica é que não existem condições em que ocorra aumento
dos cátions “não mensurados” (Ca²⁺, Mg²⁺, Fe²⁺) a ponto de a
somatória de suas concentrações superar a soma dos ânions não
mensuráveis. OK?
31
ANION GAP
GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA
\ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023
Agora analise comigo essas duas situações abaixo:
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Parabéns por chegar ao final do Guia Prático de Hemogasometria de
Cães e Gatos! Espero sinceramente que você tenha aproveitado cada
página deste e-book e tenha absorvido o conteúdo valioso aqui
apresentado.
32
CONCLUSÃO
GUIA PRÁTICO DE HEMOGASOMETRIA
\ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023
Ao longo desta jornada, procuramos desmistificar a hemogasometria,
revelando que ela não é, de fato, um "bicho de sete cabeças". Com uma
abordagem prática e acessível, buscamos fornecer a você, leitor, as
ferramentas necessárias para compreender e interpretar os resultados
desse importante exame laboratorial.
Agora, com o conhecimento adquirido, você está equipado para
enfrentar os desafios da prática clínica e atender seus pacientes
caninos e felinos de maneira ainda mais eficiente. Com a capacidade de
interpretar os dados da hemogasometria, você poderá identificar e
monitorar distúrbios ácido-base, avaliar a oxigenação e ventilação
pulmonar e auxiliar no tratamento de condições críticas.
Lembre-se de que cada paciente é único e, por isso, cada resultado
deve ser analisado em conjunto com a história clínica, os achados do
exame físico e outros exames complementares. O conhecimento aqui
adquirido será uma valiosa adição ao seu arsenal de habilidades
veterinárias.
Espero que este guia tenha sido uma fonte de aprendizado e inspiração
para você. Que ele sirva como referência sempre que surgirem dúvidas
em sua prática profissional. Continue buscando conhecimento,
mantenha-se atualizado e esteja sempre aberto a novas descobertas.
Desejo a você muito sucesso em sua jornada como profissional
dedicado aos cuidados dos nossos queridos pacientes. Que o
conhecimento adquirido aqui possa se traduzir em uma prática clínica
ainda mais eficaz e compassiva, permitindo que você ofereça o melhor
atendimento possível.
Agradeço pela oportunidade de fazer parte do seu caminho de
aprendizado. Boa sorte na sua jornada!
Atenciosamente,
Bruno Santiago Rodrigues
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EE
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34
 Tabelas de referência
Gasometria arterial e venosa de cães e gatos
EXTRAS
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\ \ \ DE CÃES E GATOS • 2023
Sangue arterial Sangue venoso
7,38 7,31-7,46pH
HCO₃⁻ 18
PₐO₂ 107
Parâmetro Média Margem Unidade
14-22 mEq/L
95-119 mm Hg
PₐCO₂ 31 25-37 mm Hg
pH 7,34 7,27-7,41
PᵥCO₂ 38 32-45 mm Hg
HCO₃⁻ 20 18-24 mEq/L
SₐO₂ 95
BE
AG
90-100 %
-4-+4 mEq/L
13-27 mEq/L
ΔR 1-2 mEq/L
A - a 5-15 mm Hg
7,40 7,35-7,45pH
HCO₃⁻ 22
PₐO₂ 92
SₐO₂ 95
BE
AG
Parâmetro Média Margem Unidade
19-26 mEq/L
80-104 mm Hg
90-100 %
-4-+4 mEq/L
12-24 mEq/L
PₐCO₂ 37 31-43 mm Hg
pH 7,39 7,35-7,45
PᵥCO₂ 37 33-42 mm Hg
HCO₃⁻ 22 20-25 mEq/L
PₐO₂ 52 47-57 mm Hg
ΔR 1-2 mEq/L
A - a 5-15 mm Hg
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35
Condições causadoras de distúrbios ácido-base
Vômito de conteúdo estomacal
Terapia diurética
Pós-hipercapnia
Hiperaldosteronismo primário
Hiperadrenocorticismo
Administração oral de bicarbonato de sódio ou outros ânions
orgânicos (por exemplo, lactato, citrato, gluconato, acetato)
Administração oral de resina de troca catiônica com alcalina não
absorvível (por exemplo, quelante de fósforo)
Realimentação após jejum
Alta dose de penicilina
Deficiência grave de potássio ou magnésio
Responsiva ao cloreto
Resistente ao cloreto
Administração de álcalis
Diversos
Alcalose metabólica
Intoxicação por etilenoglicol
Intoxicação por salicilato
Outras intoxicações raras (por exemplo, paraldeído, metanol)
Cetoacidose diabética
Acidose urêmica
Acidose láctica
Diarréia
Acidose tubular renal
Inibidores da anidrase carbônica (por exemplo, acetazolamida)
Cloreto de amônio
Aminoácidos catiônicos (por exemplo, lisina, arginina, histidina)
Acidose metabólica pós-hipocápnica
Acidose dilucional (por exemplo, administração rápida de solução
salina a 0,9%)
Hipoadrenocorticismo
Aumento do Anion Gap (normoclorêmica)
Anion Gap normal (hiperclorêmico)
Acidose metabólica
EXTRAS
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36
 Condições causadoras de distúrbios ácido-base (cont.)
EXTRAS
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Aspiração (por exemplo, corpo estranho, vômito)
Massa (por exemplo, neoplasia, abscesso)
Colapso da traqueia
Doença pulmonar obstrutiva crônica
Asma
Obstrução do tubo endotraqueal
Síndrome braquicefálica
Paralisia laríngea/laringoespasmo
Induzida por drogas (por exemplo, narcóticos, barbitúricos, anestesia
inalatória)
Doença neurológica (por exemplo, lesão do tronco cerebral ou cervical
alta)
Parada cardiopulmonar
Insolação
Hipertermia maligna
Miastenia gravis
Tétano
Botulismo
Polirradiculoneurite
Paralisia do carrapato
Anormalidades eletrolíticas (por exemplo, hipocalemia)
Induzida por medicamentos (por exemplo, agentes bloqueadores
neuromusculares, organofosforados)
Hérnia diafragmática
Doença do espaço pleural (por exemplo, pneumotórax, efusão pleural)
Traumatismo do tórax
Síndrome do angústia respiratória aguda (SARA)
Doença pulmonar obstrutiva crônica
Asma
Edema pulmonar grave
Obstrução das grandes vias aéreas
Depressão do centro respiratório
Aumento da produção de CO₂ com comprometimento da Ventilação
Alveolar
Doença neuromuscular
Distúrbios extrapulmonares restritivos
Doenças intrínsecas pulmonares e de pequenas vias aéreas
Acidose respiratória
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37
 Condições causadoras de distúrbios ácido-base (cont.)
EXTRAS
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Tromboembolismo pulmonar
Pneumonia
Fibrose pulmonar
Doença metastática difusa
Inalação de fumaça
Ventilação mecânica ineficaz (por exemplo, Ventilação por minuto
inadequada, remoção inadequada de CO₂)
Obesidade grave (Síndrome de Pickwick)
Desvio (shunt) da direita para a esquerda
Diminuição da PiO₂ (por exemplo, altitude elevada)
Insuficiência cardíaca congestiva
Anemia grave
Hipotensão grave
Diminuição do débito cardíaco
Doenças pulmonares com alteração da relação ventilação e perfusão
Pneumonia
Tromboembolismopulmonar
Fibrose pulmonar
Edema pulmonar
Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA)
Pneumonia
Tromboembolismo pulmonar
Doença pulmonar intersticial
Edema pulmonar
Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA)
Doença hepática
Hiperadrenocorticismo
Sepse gram-negativa
Drogas
Salicilatos
Corticoides
Progesterona (prenhês)
Xantinas (por exemplo, aminofilina)
Hipoxemia (estimulação dos quimiorreceptores periféricos pela redução
do fornecimento de oxigênio)
Doença pulmonar
Hiperventilação mediada centralmente
Alcalose respiratória
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38
 Condições causadoras de distúrbios ácido-base (cont.)
EXTRAS
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Recuperação de acidose metabólica
Doença neurológica central
Trauma
Neoplasia
Infecção
Inflamação
Acidente cerebrovascular
Exercício físico
Insolação
Insuficiência cardíaca
Hiperatividade dos metaboreceptores musculares
Ventilação mecânica excessivamente zelosa
Situações que causam dor, medo ou ansiedade
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39
 Causas comuns de erros na interpretação
EXTRAS
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Uso de sangue venoso
O metabolismo local pode afetar a PCO₂
Os valores normais para compensação foram estabelecidos usando
sangue arterial
Excesso de heparina (>10% do volume total)
Diminui o HCO₃⁻ e a PCO₂
Armazenamento da amostra por mais de 20 minutos
Aumenta a PCO₂ e diminui o pH
Erros no cálculo do HCO₃⁻
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40
 Distúrbios ácido-base mistos com pH normal
EXTRAS
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A observação de níveis normais de pH não significa dizer,
necessariamente, que não há um ou mais distúrbios presentes no meu
paciente. O que pode acontecer, na verdade, é uma compensação
competente o suficiente para trazer o pH a níveis de normalidade (o
que é raro, segundo alguns autores) ou, mais comumente, a
coexistência de distúrbios antagônicos.
Abaixo trago uma tabela que pode ajudar na interpretação dessas
condições:
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Avalie o pH
41
 Algoritmo para suspeita de distúrbio misto
EXTRAS
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Normal
(7,35-7,45)
Acidemia
(< 7,35)
Alcalemia
(> 7,45)
Estabeleça o distúrbio primário
Qual dos parâmetros está afetando o pH?
Calcule a compensação estimada
Está compensando
adequadamente
Distúrbio simples
Não está compensando
adequadamente
Distúrbio misto
Se for apenas 1 deles Se forem os 2
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 Causas de distúrbios triplos
EXTRAS
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Insuficiência cardíaca de baixo débito com edema pulmonar e uso de
diuréticos
Dilatação vólvulo-gástrica
Insuficiência cardíaca de baixo débito com edema pulmonar e uso de
diuréticos
Dilatação vólvulo-gástrica
Gastroenterite por parvovírus (vômito, diarreia e sepse)
Babesiose canina grave causada por Babesia canis rossi
Acidose Metabólica, Alcalose Metabólica e Acidose Respiratória
Acidose metabólica, Alcalose Metabólica e Alcalose Respiratória
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NaHCO₃ (mL) = 0,3 x Peso (Kg) x BE
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 Dicas de terapêutica dos distúrbios metabólicos
EXTRAS
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O alvo principal das terapias dos distúrbios ácido-base deve ser sempre a
doença de base. Então, antes de mais nada, procure conhecer a condição
que está causando o distúrbio no seu paciente e trate-a.
Vou te passar aqui algumas dicas que funcionam como um guia geral para
você tratar os seus pacientes.
Restaure a volemia e os déficits perfusionais antes de considerar a
administração de bicarbonato de sódio (NaHCO₃).
Trate pacientes com pH ≤7,1 mais agressivamente enquanto busca o
diagnóstico definitivo da doença de base.
Interrompa medicações que possam causar acidose metabólica.
Prefira infusão intravenosa de solução de Ringer Lactato (ou
Plasmalyte, Normosol e Hartmann).
O NaHCO₃ pode ajudar pacientes com acidose hiperclorêmica,
hiperfosfatêmica ou urêmica, mas pode não ajudar pacientes com
acidose láctica ou cetoacidose diabética.
Não existe um consenso sobre a terapia com NaHCO₃, mas a maioria
dos protocolos terapêuticos recomendam utilizar apenas em pacientes
com pH <7,15 ou HCO₃⁻ <12 mEq/L. E certifique-se de que seu
paciente apresenta capacidade ventilatória adequada.
Prefira medições diretas do HCO₃⁻ (por exemplo, por bioquímica seca)
para calcular a terapia com NaHCO₃. Alguns protocolos utilizam o base
excess (BE).
Você pode utilizar uma das fórmulas abaixo para calcular a quantidade
a ser administrada:
Acidose metabólica
2
Bicarbonato à 8,4%
Administre 25 a 50% da dose calculada por via IV em 15 a 30 minutos.
Em seguida, se necessário, poderá administrar o restante junto à
fluidoterapia, durante 4 a 6 horas.
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 Dicas de terapêutica dos distúrbios metabólicos (cont.)
EXTRAS
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Uma alternativa são as seguintes fórmulas:
Cães: HCO₃⁻ = 0,3 × Peso (Kg) × (21 – HCO₃⁻ do paciente)
Gatos: HCO₃⁻ = 0,3 × Peso (Kg) × (19 – HCO₃⁻ do paciente)
Seguindo o mesmo rito de administração da fórmula anterior.
Além dessas duas possibilidades, temos a regra geral, que é segura para a
maior parte dos pacientes:
1–2 mEq/kg de HCO₃⁻
Interrompa medicações que possam causar alcalose metabólica.
Se for responsiva ao cloreto: sugere-se solução salina a 0,9% ou
outro fluido de reposição isotônico balanceado suplementado com KCl.
Se não for responsiva ao cloreto: só pode ser corrigida com a
resolução da doença de base.
Se a alcalose metabólica estiver associada à hipocalemia e déficit
global de potássio, a correção com KCl é uma maneira potencialmente
eficaz de reverter a alcalose.
Alcalose metabólica
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Guia de coleta de material (sangue arterial)
EXTRAS
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Tanto para as gasometrias arteriais quanto para as venosas, você vai
utilizar o mesmo tipo de seringa. Vou te mostrar uma foto de exemplo:
É um tipo especial de seringa, que já vem heparinizada de
fábrica. Além disso, ela vem com uma tampinha para evitar
a entrada de ar, o que poderia comprometer o resultado.
Como proceder com a coleta de sangue arterial:
Localize a artéria (neste caso, a femoral)
palpando o pulso do paciente.
Remova os pelos da área sobre o local da
punção e prepare assepticamente o campo.
Um único dedo pode ser colocado
diretamente sobre a artéria; a agulha é
introduzida no vaso em um ângulo de
aproximadamente 45 graus, diretamente
abaixo do dedo.
ou
Coloque um dedo em cada lado da artéria
(+/- 2 cm de distância); coloque a agulha
entre os dedos e avance no vaso em um
ângulo de 90 graus.
Durante a punção arterial, o sangue deve pulsar para a seringa; pode
ser necessário puxar suavemente o êmbolo da seringa.
Depois que o volume da amostra tiver enchido o volume indicado na
seringa, aplique pressão direta por um mínimo de 20 minutos.
Monitore a região para garantir que não haja sangramento.
Expulse todo o ar da seringa imediatamente após a coleta da amostra
e coloque a tampa para impedir a exposição da amostra ao ar
ambiente.
Recomenda-se que as amostras sejam analisadas imediatamente, mas elas
podem ser colocadas no gelo por até uma hora.
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REFERÊNCIAS
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Referências bibliográficas
DIBARTOLA, Stephen P. Fluid, Electrolyte, and Acid-base Disorders in
Small Animal Practice. 4 ed. St. Louis, MO: Elsevier Saunders,2012.
JERICÓ, Márcia M.; NETO, João Pedro de A.; KOGIKA, Márcia M. Tratado
de Medicina Interna de Cães e Gatos. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ: Roca,
2015.
TILLEY, Larry P.; SMITH, Francis W. K.; SLEEPER, Meg M.; BRAINARD,
Benjamin M. Blackwell’s Five-minute Veterinary Consult: Canine and
feline. 7 ed. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons, 2021.
IRIZARRY, Ricardo; REIS, Adam. Arterial and Venous Blood Gases:
Indications, Interpretations, and Clinical Applications. Compendium:
Continuing Education For Veterinarians. EUA, 2009.
COHN, Leah A.; CÔTÉ, Etienne. Côté's Clinical Veterinary Advisor: Dgos
and Cats. 4 ed. St. Loius, MO: Elsevier, 2020.
ETTINGER, Stephen J.; FELDMAN, Edward C.; CÔTÉ, Etienne. Textbook
of Veterinary Internal Medicine: Diseases of The Dog and The Cat. 8 ed.
St. Loius, MO: Saunders, 2017.
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