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Multiculturalismo na Educação

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MULTICULTURALISMO
Mauricio Araujo Camargo
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Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
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08/01/14
RESUMO
Multiculturalismo é a junção de sujeitos e suas diversidades cujas crenças, costumes e modo de pensar acabam por encontrar-se em um mesmo espaço, seja no meio escolar ou em outros ambientes igualitários. O presente artigo aborda a pluralidade das diversas culturas no meio educacional, mas que também se encontra nos demais ambientes sociais. Pluralidade esta, que muitas vezes é vista com discriminação e desprezo por quem não as conhece, resultado de paradigmas antigos presentes em nosso contexto histórico, mas que podem ser transformadas com uma mudança no sistema educacional, visto que o número de pessoas advindas de diversas culturas que buscam as instituições de ensino nas metrópoles, tem crescido com a globalização. Como forma de orientação, este trabalho tem a intenção de ampliar a visão do educador e de quem possa interessar sobre o multiculturalismo, com o intuito de mostrar a origem e a história destas pessoas, para que se tenha uma nova visão de que hoje estes seres podem e devem ser incluídos dentro da sociedade atual.
1 INTRODUÇÃO
O ato educativo pressupõe a aceitação de determinados princípios morais. Esses princípios se presentificam na ação pedagógica, a ponto de a educação ser impensável sem eles. Partindo desse ponto de vista, a educação é um cenário que reúne um conjunto de valores: sociais, educacionais, culturais e pedagógicos. Para o professor, isso consiste em um desafio diário repleto de obstáculos que estes apresentam, a serem superados todos os dias. Voltando um pouco no tempo, no início do império do Brasil, tínhamos a educação um pouco diferente, como cita o Ministério da Educação, no livro Parâmetros Curriculares Nacionais: “os professores ensinariam a ler, a escrever, as quatro operações de aritmética (...), a gramática da língua nacional, os princípios de moral cristã e de doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionadas à compreensão dos meninos”. Este é apenas um exemplo do primeiro modelo educacional conhecido no Brasil, pois à medida que evoluímos, esses diversos formatos educacionais foram se modificando lentamente (formatos estes que eram os adequados para a época e estando de acordo aos costumes e conteúdos que eram direcionados ao período). Porém com o avanço da aprendizagem e da pedagogia, até os dias de hoje, podemos ver que ela era carregada de paradigmas, entre eles, a falta de informação com relação aos diversos costumes dos povos. Muitos desses costumes como podemos ver nos dias de hoje se mantêm, e na medida em que os modelos educacionais foram se aprimorando, as escolas acabaram por atrair também pessoas de outras culturas em busca de conhecimento. Isso acarreta uma série de mudanças, tanto no ambiente como nas pessoas que tem de conviver com estes indivíduos. É preciso, portanto, que a integração de pessoas advindas de diversas culturas e costumes aconteça. Para isso, é necessário que os professores se esforcem para promover uma integração ao ensino; Nesse sentido, Therrien e Nóbrega-Therrien, destacam que:
[...] O ensino articulado à pesquisa deve objetivar a formação para a reflexão na ação, de modo que o novo profissional seja preparado para os desafios que a prática exige e buscar respostas para as indagações advindas dessa prática. Os resultados do processo formativo podem alcançar maior fecundidade de acordo com a intensidade e fundamentações teóricas propiciadas pela pesquisa que alicerça a reflexão sobre a prática. (THERRIEN, 2006, p.283). 
Pressupõe-se então que a função do professor é de mediar de maneira equilibrada, para que levem os alunos não só a entenderem estes processos de junção de culturas, mas que norteie estes seres a se colocarem no lugar do outro, através de atividades relacionadas a inclusão e a mudança de preconceitos que muitas vezes decorre apenas da falta de informação. Sobre isto, Valente (1999:63) argumenta: “Aceitar as diferenças e enriquecer- se com elas continua a ser um problema que hoje ninguém sabe resolver porque supõe o reconhecimento da alteridade”. Isto se presentifica nas salas de aulas e esta relacionado com a dificuldade de aceitação do outro, pois não fomos educados a entender os diversos costumes e culturas nos dias de hoje, gerando então a exclusão destes seres. Buscar compreender como acontece a relação entre ensino e pesquisa na formação destes é também contribuir para a formação de um professor rico em conhecimento. O papel do professor é criar ações incentivadoras da reflexão, da capacidade de interpretar, argumentar e criar sobre a realidade expressa. Entende-se então, que a falta de conhecimento direcionado é a principal causa muitas vezes de situações desconfortáveis e desnecessárias, quando na verdade o principal intuito da instituição de ensino seria de que esses alunos fossem tratados de maneira igual aos outros. Uma saída para isso é orientar e reeducar os alunos e professores, porém com conhecimento de causa, para que possam coordenar a quem não foi educado a entendê-los, com o intuito de que estas pessoas possam ser incluídas e não sejam vistos como diferentes da maioria.
2 MULTICULTURALISMO
	2.1 O que é Multiculturalismo?
	Nas últimas décadas, o fluxo de pessoas entre os países do globo tem aumentado expressivamente, o que resulta em trocas de experiências e de vivências culturais únicas e significativas. Trata-se então da miscigenação de crenças e culturas de diferentes países, regiões, etc; O multiculturalismo se faz presente nos dias de hoje. Essa mistura de culturas sobrevém muitas vezes devido a processos imigratórios ocorridos nas décadas passadas. Afrodescendentes, populações latino-americanas (“hispanos”) e migrantes em geral se fazem presentes como atores políticos com a marcação de diferenças de gêneros, culturais e étnicas. A vinda de estrangeiros de países menos favorecidos forçados a saírem de seu país de origem em busca de melhores condições traz a tona a discussão a respeito da inclusão destes, para o nosso período contemporâneo. Esse crescimento chegou a um ponto em que vem implicando em constantes reivindicações e conquistas das chamadas minorias as quais se consideram descriminadas (negros, índios, mulheres, homossexuais, etc...). A política de defesa do multiculturalismo visa resistir à homogeneidade cultural, o que acarretaria na adaptação de uma única cultura. Hoje estas culturas minoritárias são discriminadas, sendo vistas como movimentos particulares. O período em que vivemos, é marcado por diversas transformações em todo o mundo, portanto a mudança é necessária, e deve começar pela base que é a educação. O papel dos educadores é integrar esses seres que lutam por direitos iguais, para que a diversidade de culturas que ocorre seja aceita dentro do ambiente educacional através da aceitação e da mudança de paradigmas, sendo necessário para isso, que o meio adapte-se em partes para efetuar essa integração. 
Pensar na educação e na diversidade cultural significa contribuir para tornarmos visíveis as diferenças socioculturais presentes em grupamentos humanos distintos e, ao mesmo tempo, fornecermos subsídios teóricos que possibilitem não apenas a compreensão da estrutura social, da diversidade cultural e do necessário respeito à alteridade, mas, sobretudo, o entendimento dos elementos que sustentam as práticas e as intervenções críticas e criativas, desenvolvidas nos contextos sociais (escolares e extraescolares) em que atuaremos como educadores. (MICHALISZYN, 2011, p.12)
	2.2 O papel do professor/educador na mediação das diferenças culturais na sala de aula
Não podemos falar de educação, sem falar de ética. Uma acompanha a outra, e as duas não fogem do mesmo contexto. A educação é saber qual o caminho tomar, ela consiste no processo de busca do conhecimento e de orientar-se de maneira correta. A ética, a qual se define pela busca de uma compreensão racional dos princípios que norteiam o agir do ser humano, é o que guia esta procura pelosaber. Podemos citar Paulo Freire, que diz que para orientarmos um indivíduo, devemos ir até onde este ser está, entender o processo o qual ele vivencia, o meio que norteia este ser, para a partir daí então municiá-lo de informação, ou até mesmo como cita em suas palavras: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Portanto, educar é mais do que repassar conhecimento, mas sim, criar mecanismos adequados às diferenças de cada indivíduo, sabendo sempre que a educação é o início, o meio, mas não possui um fim, pois à medida que avançamos no tempo, o ser humano é que se modifica de maneira a adaptar-se a este meio. Logo, entendemos que o ambiente a nossa volta também se transforma, e para isso, devemos olhar para esse meio e entender que cada indivíduo que ali esta, tem uma forma de interagir com ele, pois antes de tudo, o ser humano é um sistema que pode ser condicionado, e como tal, traz consigo uma série de conceitos, paradigmas e ideias, das mais diversas, oriundas do ambiente em que foram educados. Quando estas entram em conflito no ambiente escolar, seja numa sala de aula, ou qualquer outro local, cabe ao professor deixar seus próprios padrões e modos de pensar, para que seja possível entender a maneira que cada um interatua, para que aí então o conhecimento seja repassado. No dia de hoje, é muito difícil criar um conceito de educação, mas sabemos que um dos princípios que norteia-a, é a ética. Ética nada mais é do que respeitar primeiramente a si, e então ao próximo, sendo este, o básico para que cada indivíduo conviva de maneira adequada na sociedade. Pois, neste convívio de respeito e aprendizado mútuos, “... os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, o que significa que havendo respeito e interesse de ambas as partes, o aprendizado se torna inerente dentro do multiculturalismo que se faz presente na sala de aula, pois em um local onde estes princípios prevalecem, cada um pode compartilhar um pouco de sua cultura, de seu aprendizado, trazendo isto um enriquecimento enorme para todos.
O conhecimento do “outro” possibilita, especialmente, aumentar o conhecimento do estudante sobre si mesmo, à medida que conhece outras formas de viver, as diferentes histórias vividas pelas diversas culturas, de tempos e espaços diferentes. Conhecer o “outro” e o “nós” significa comparar
situações e estabelecer relações e, nesse processo comparativo e relacional, o conhecimento do aluno sobre si mesmo, sobre seu grupo, sobre sua região e seu país aumenta consideravelmente. (BRASIL. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL, 1997, p. 27)
 	Fundamentando-se então dessa forma o papel essencial da sala de aula e do ambiente educacional escolar como um todo, que é nortear o indivíduo no caminho correto com conhecimento para interagir com os diversos processos que venham estes a encarar durante a sua vida.
3 CONCLUSÃO
A cultura nos acompanha desde o início dos tempos, e teve nos primórdios da civilização o principal intuito de contribuir para a sobrevivência da espécie humana. Neste trabalho, foi possível elaborar um mapa de como funciona o ambiente escolar em que este multiculturalismo se faz presente, assim como em vários outros locais que também ele aparece no nosso cotidiano. Podemos olhar para isso, e através desse conhecimento, usar como uma forma de sabermos que todos nós devemos de alguma maneira, buscar interagir de maneira correta com o meio em que vivemos e com suas diversidades, pois em cada ser independente de sua educação, traz consigo uma estrutura cultural e uma maneira de agir próprios, portanto, o respeito em sala de aula como em todo lugar caminha junto com a ética e a educação, pois acima de tudo o conhecimento é a única ferramenta que temos para lidarmos com esse obstáculo que esta no dia a dia de muitos, e este conhecimento ninguém nos tira, constituindo-se então este trabalho, uma fonte de conhecimento para que ele possa ser repassado de maneira adequada a todos que assim se interessarem.
4 REFÊRENCIAS 
HERMANN, Nadja. Pluralidade e Ética em Educação: O que você precisa saber sobre. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
VALENTE, A.L. Educação e diversidade cultural: um desafio da atualidade. São Paulo: Moderna, 1999.
BRASIL. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Brasília: MEC/SEF, Vol. 10, 1997.
BARROS, Léo. Multiculturalismo e a Sociologia. Disponível em: <>.http://pt.slideshare.net/leotrigo/multiculturalismo-e-a-sociologia#.  Rio de Janeiro. Acessado em: 08 de Janeiro de 2014. 
MICHALISZYN, Mario Sergio. Educação e diversidade. Curitiba: Ibpex, 2011.
FREITAS, Fátima e Silva de. A diversidade cultural como prática na educação. Curitiba: Ibpex, 2011.
THERRIEN, J.; NÓBREGA-THERRIEN, S. M. Ensino e Pesquisa nos cursos de graduação em educação e saúde: apontamentos sobre a prática e análise dessa relação. Revista da FACED. UFBA, 2006.

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