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Fichamento de Pesquisa Social e Ação Pedagógica II

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FICHAMENTO
	Acadêmico: Eduardo Brunes
	Data: 10/03/2024
	Título da obra: Considerações a respeito do método
	Nº: 02
	Referência: MEKSENAS, Paulo. Considerações a respeito do método. In: MEKSENAS, Paulo. Pesquisa social e ação pedagógica: conceitos, métodos e práticas. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2011. p. 73-83.
	Onde encontrar: Livro físico na biblioteca da Unidade Urbana do IFC – Campus Rio do Sul.
	Tipo de fichamento: Fichamento de conteúdo
	Este trabalho tem como objetivo apresentar o método de realização de pesquisas científicas, especialmente sobre a ótica positivista, que buscava o conhecimento exclusivamente através da Razão.
Inicialmente, o autor expõe a etimologia da palavra método, que é formada a partir da justaposição das palavras gregas metá e odós, que significam, respectivamente, buscar e caminho. Ao método, então, é possível atribuir o sentido da maneira como se faz algo, sobretudo o método que abrange a realização de pesquisa científica, através de um conjunto de regras a ser seguido. (p. 73).
A pesquisa científica desenvolveu-se consideravelmente durante a modernidade, época em que “um turbilhão” de modernização inunda a vida humana em vários processos sociais, como é pontuado por Berman (1992: 16). Foi durante a modernidade que a ciência e pesquisa separaram-se da filosofia, já que até então as várias esferas da reflexão ̶ sobre a natureza, a política e a arte ̶ eram vistas em uma só totalidade. A ramificação do conhecimento em várias “pequenas totalidades” trouxera uma nova concepção para o método, que passou à multiplicidade assim como a ciência. (p. 74).
O texto cita o método cartesiano, criado pela concepção de Descartes (1596-1650) e que implica na dúvida de “todo o conhecimento já produzido em relação ao fenômeno que o pesquisador investigava”. Esta concepção tornou Descartes o pioneiro do racionalismo, uma vez que busca “pesquisar dada realidade, fato ou fenômeno a partir da Razão”. (p. 74-75).
A partir de então, o autor passa a abordar o método positivista, que foi criado principalmente por Auguste Comte (1789-1857), Herbert Spencer (1820-1903) e Emile Durkheim (1858-1917). Este método expunha o abandono da subjetividade no trabalho científico, observando os fatos sob uma ótica racional e afastando-se da metafísica, da religião e da mitologia. Levou o nome de positivista por buscar o “progresso”. (p. 76).
Comte acreditava que a Antiguidade buscava explicar os fenômenos através da religiosidade e da mitologia, e que esta fase do conhecimento ficou conhecida como “estado teológico”. A filosofia, então, passou a exercer o papel central do conhecimento humano durante a Idade Média, substituindo principalmente a mitologia pela Razão, “buscando categorias e argumentos destituídos de explicações mágicas a respeito dos fenômenos naturais e sociais”. O conhecimento, nesta fase, ficou conhecido pelo “estado metafísico”. (p. 77).
O autor também cita a afirmação de conte de que o conhecimento “é positivo quando fundado na observação”, mas que distingue esta observação empírica característica do senso comum, para especificá-la em uma observação com método (também conhecida como observação positiva). (p. 78).
Portanto, a observação positiva é executada por meio de algumas regras, citadas pelo autor, que começam pela seleção do que será observado; parte para a ramificação dos fatos observados e o estudo das partes separadas; continua para o estabelecimento de similaridades entre as partes individuais, que levam à percepção das repetições que ocorrem em cada parte isolada; e finalmente estabelecem a previsão de comportamentos futuros do fenômeno estudado. (p. 78).
Dos positivistas, surgiu o lema Ordem e Progresso, baseado na máxima do saber para prever (com as pesquisas científicas, é possível antecipar os fenômenos físicos e sociais) e prever para poder (dominação dos fenômenos e determinação das leis que os regem). Para exemplificar o método científico, o texto cita uma pesquisa da agressividade humana conduzida pelos pesquisadores Doob, Miller e Sears que, ao separar a agressão em física e simbólica, puderam afirmar que a “agressão é qualquer sequência de comportamentos cujo objetivo é causar dano à pessoa a quem é dirigida”. A partir desta teoria, outros pesquisadores aprofundaram-se no assunto e puderam concluir que o cromossomo Y presente nos homens está relacionado à maior agressividade (a partir das afirmações de Biaggio, 1980). Este seria um exemplo prático sobre o método positivista de pesquisa científica. (p. 79-80).
O autor continua a explicar que, para trazer a condição de neutralidade ao positivismo e legitimá-lo como saber científico necessário para o desenvolvimento tecnológico, seria preciso aproximar as ciências humanas das ciências naturais. Os positivistas acreditavam que a ciência poderia tratar da vida social, política e econômica utilizando a Razão, trazendo progresso e o bem comum dentro da ordem. (p. 81).
Comte afirmava que o método positivista trazia a matemática para os demais campos da ciência, que utilizariam a linguagem matemática para compreender seus próprios objetos de estudo. Esta “matematização” permitia que a neutralidade fosse atingida, além da determinação das leis e do acesso ao conhecimento. (p. 82).
Porém, o texto afirma que esta teoria de Comte de trazer a matemática às demais ciências é um erro, porque reduz-se as intenções e os conflitos sociais a meros números, ignorando a dinâmica real e característica da vida humana, que não podem ser consideradas “objetos de laboratório”. (p. 83).
Assim, o autor finaliza a discussão sobre o método positivista ao destacar a valorização entre as relações quantitativas e numéricas na pesquisa científica, o que permite que os dados sejam tratados estatisticamente. A experiência, portanto, é valorizada pelos positivistas, que acreditam que “somente o que pode ser testado e experimentado pode ser comprovado”, o que implica a comprovação para a formulação de uma teoria científica. (p. 83).
Em conclusão, a discussão sobre o método positivista pôde ser observada desde a sua origem, inclusive com um exemplo prático, ressaltando-se o otimismo característico desta concepção, mas também pontuando sobre o viés político que indubitavelmente confere-se à ciência, eximindo-a da neutralidade evocada pelo positivismo.
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