Buscar

Estruturação Textual e Gramaticalidade

Prévia do material em texto

DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
Aula 01 
 Olá! 
Na aula de hoje vamos estudar a teoria pertinente à estruturação 
textual e à gramaticalidade do texto. Para cada assunto, vamos expor 
fragmentos de textos comentados a fim de aclarar nossa explicação. Na 
aula 02 esses exemplos serão integrais, ou seja, analisaremos textos 
inteiros para que você possa vislumbrar o funcionamento de todas as 
partes operantes do texto. 
Então! Boa aula! 
OS VARIADOS TIPOS DE TEMAS EM CONCURSOS E A FORMA DE 
ORGANIZÁ-LOS. 
 Atualmente nos concursos há dois tipos de prática textual: as 
produções sobre conhecimentos gerais ou atualidade e as produções 
sobre conhecimentos específicos previstos no conteúdo das provas 
objetivas. 
 Algumas pessoas costumam entender que o nome REDAÇÃO é 
referência a textos cujos temas são tipicamente voltados para 
atualidades e que o nome DISCURSIVA se refere aos textos que solicitam 
desenvolvimento de uma questão sobre conhecimento específico. Muito 
bem! Seria muito bom se houvesse realmente essa clareza, mas o fato é 
que não há. Há muita confusão em torno desses nomes e algumas 
bancas, por exemplo, usam um dos nomes para diferentes propostas 
temáticas. 
 Recorrendo aos grandes autores de construção textual, por 
exemplo, não há diferença entre os nomes. Assim, REDAÇÃO e 
DISCURSIVA são praticamente termos que designam a mesma ideia: 
escrever um texto. O tipo de texto, então, deverá ser especificado pelo 
edital. 
 E, por falar em edital, quanta confusão há no edital da Femperj. Se 
olharmos a tabela de distribuição de provas, temos a impressão de nosso 
texto terá tema que versará sobre conhecimento específico. No entanto, 
mais adiante, no item 7.3.2.1 a. está claro que o tema versará sobre 
atualidades. 
 É lógico que mais cedo ou mais tarde, isso será transformado em 
errata para corrigir a dupla informação do edital. No entanto, aqui, nós 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
vamos aprender a desenvolver tanto textos com conhecimentos atuais 
quanto textos voltados para conhecimentos específicos. Inclusive, vou 
alterar a aula demonstrativa nesse sentido, porque vou ofertar temas de 
conhecimentos específicos em uma das aulas. Assim, não obstante 
qualquer mudança, estaremos fora do risco de um evento surpresa no 
dia do concurso. Se a Femperj corrigir o edital para temas sobre 
atualidades, voltaremos à programação original do curso. De todos os 
modos, esclareço que não haverá prejuízo algum à aquisição de vocês. 
 Mas, voltemos aos diferentes pedidos temáticos nos concursos. 
Agora vamos compreender como cada tipo de pedido pode ser feito. 
COMO SÃO ELABORADOS OS TEMAS SOBRE ATUALIDADES 
(CONHECIMENTOS GERAIS) 
 Há duas formas comuns para um concurso cobrar atualidades. Uma 
forma, a mais tradicional, é compor um tema em frase ou expressão 
única. Este tema pode ser precedido de um texto informativo. 
Mas cuidado! Muita gente não prioriza o tema e fica, por isso, presa 
ao texto informativo. Veja o exemplo seguinte: 
TEMA 01 
 No Brasil, trabalho infantil é qualquer trabalho exercido por criança 
e adolescente com menos de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, e 
é proibido por lei. Os programas de aprendizagem, cujo objetivo é 
facilitar a formação técnico-profissional de adolescentes a partir dos 14 
anos, devem atender a uma série de condições específicas, de modo a 
garantir que esse trabalho não prejudique o cotidiano e a vida escolar do 
jovem. (Fundação Promenino) 
Considerando o texto acima como meramente motivador, disserte, de 
modo fundamentado e claro, sobre o seguinte tema: 
Formas degradantes de exploração da força de trabalho no século 
XXI 
 Observando bem a proposta acima, notamos que o texto 
informativo aborda o conceito de trabalho infantil e explica como esse 
trabalho pode ser feito de modo legalizado. 
 Mas o tema não é bem este! O tema pede “formas degradantes 
de...trabalho”. Veja que o tema está no plural “formas”, ou seja, se 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
fizermos uma redação cuja abordagem seja o trabalho infantil, por certo, 
não teremos uma boa redação, pois nos centramos sobre uma única 
forma de trabalho. Compreendeu? 
 O texto, nesse caso, foi proposto para iludir o redator. Desatento, o 
redator vincula o trabalho degradante ao trabalho infantil. Nesse caso, 
ele abordará parcialmente o tema, já que explorou apenas uma forma de 
trabalho degradante. 
 O que seria o correto? Abordar, pelo menos, duas formas de 
trabalho degradante. Assim, se temos duas formas, já estamos 
cumprindo o plural. Concorda comigo? 
 Por exemplo: poderíamos abordar o trabalho infantil sim. Quanto a 
isso, não haveria problemas; mas poderíamos também abordar o 
trabalho análogo ao escravo ou, simplesmente, o trabalho escravo. Já 
teríamos aí o cumprimento do tema. 
 Então, regra nº1: não confunda texto informativo com tema! O 
tema é a frase ou expressão que segue este texto. 
 Agora, vamos ao segundo tipo clássico de exposição temática: 
TEMA 02 - Cespe 
Aos 57 anos de idade, a nordestina Iraci Moreira se orgulha em dizer que 
"criou seus três filhos no lixo". Catadora desde que chegou ao Rio, aos 
17 anos de idade, ela ensinou a profissão a dois deles, e hoje a família se 
dedica à cooperativa Beija-Flor em um lixão em favela do subúrbio 
carioca, com 26 participantes. Até meados de 2008, as perspectivas 
eram boas: os preços dos metais subiam, a indústria produzia a todo 
vapor e era possível tirar quase um salário mínimo por mês com a 
reciclagem. Em janeiro, a desaceleração global bateu forte no setor: os 
rendimentos de Iraci foram de apenas R$ 80 — uma redução de 80%. 
Nos últimos dias, ela incorporou com desenvoltura os temas da crise 
financeira e do desaquecimento industrial ao seu discurso. O Globo, 8/2/2009, 
p. 27 (com adaptações). 
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, 
redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema. 
CRISE ECONÔMICA E EFEITO SOCIAL 
Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente os seguintes aspectos: 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
• o caráter global da atual crise econômico-financeira; 
• coleta seletiva do lixo e reciclagem: a crise também atinge 
setores voltados para o desenvolvimento sustentável; 
• as repercussões sociais da crise: o impacto social 
representado pelo desemprego e pela redução da renda de 
trabalhadores. 
Este tipo de estruturação temática parece ser mais complexo, mas 
não o é! Vejamos o que temos: 
� há um texto informativo antes, que na verdade é texto fictício. 
� Depois há o tema central: crise econômica e efeito social. 
� Por fim, temos os “tópicos” ou “aspectos”. Estes são subtemas 
que deverão obrigatoriamente ser explorados no texto do 
candidato. 
Ora, o desenvolvimento desse texto é muito simples: não cabe ao 
aluno redigir sobre a história da “Iraci Moreira”. Veja que no enunciado 
da questão há a explanação “texto meramente motivador”. Sendo assim, 
não há por que redigir sobre o texto! 
Assim, o que deve ser feito é o seguinte: você deve compor uma 
introdução sobre o tema geral e depois dedicar cada parágrafo para o 
desenvolvimento de cada um dos “tópicos” textuais. Por enquanto, esta é 
a regra principal. 
Regra nº 02: compor cada um dos tópicos num parágrafo em 
separado. 
 Então, mais uma vez, deparamo-nos com temas cujos textos 
informativos são armadilhas! 
 Mas, mais raramente, existem temas que podem, sim, se centrar 
sobre o texto informativo. Não é muito comum esta prática. Mas, para 
não deixarmos nada passar em branco, vale analisar um caso desses: 
TEMA 03 - FCC 
Considere asituação abaixo descrita: 
Alguns funcionários de uma empresa combinam almoçar juntos. Sentam-
se à mesa do restaurante, fazem seus pedidos e cada um tira seu celular 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
do bolso ou da bolsa. Conversando ao celular, fazem sua rápida refeição, 
pagam estendendo o cartão ao garçom e lado a lado, ainda ao celular, 
retornam à empresa. 
Essa situação pode ser vista, ou não, como emblemática da vida 
contemporânea. 
Redija um texto dissertativo acerca dessa questão. 
Veja que a frase em negrito que comanda a questão está 
vinculada, por meio do pronome demonstrativo “essa”, à situação 
descrita no texto acima. Nesse caso, o texto vai além do papel 
meramente informativo. Ele é um dos componentes do tema, sobre o 
qual o redator irá se debruçar para compor um texto dissertativo. Aliás, 
mais adiante, vamos compreender exatamente o que é um texto 
dissertativo, o que será importante até para se compreender exatamente 
como desenvolver uma redação a partir desse tipo temático. 
A conclusão que se extrai desse trecho da aula é a seguinte: só 
vamos aproveitar o texto informativo se o enunciado da questão nos 
pedir claramente para aproveitá-lo. Por outro lado, a informação “texto 
meramente motivador” já deixa bastante claro que não podemos nos 
remeter à situação textual. Nesse caso, nosso tema será exposto, por 
exemplo, em forma de frase ou expressão que seguirá o referido texto. 
QUAIS AS POSSIBILIDADES DE ESTRTURAÇÃO DE TEXTOS PARA 
TEMAS SOBRE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 
 Como disse lá no início, nosso edital não aclara com precisão o tipo 
de tema sobre o qual teremos de redigir. Então, não vamos dar sorte ao 
azar: melhor estudar também a possibilidade de haver temas para o 
desenvolvimento de assunto específico. 
 Há duas formas clássicas de o tema, nesse caso, se apresentar: 
uma forma bem objetiva, composta de comandos frasais; outra forma 
originária de um estudo de caso. 
 
 
Vamos a elas: 
TEMA 04 – Cesgranrio 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
Segundo os estudos de Mintzberg, mecanismos de coordenação e fatores 
situacionais permitem definir cinco configurações organizacionais 
básicas, dentre elas as configurações denominadas Burocracia 
Mecanizada e Burocracia Profissional. 
Compare estes dois tipos de configurações, explicando o mecanismo 
principal de coordenação em cada uma delas. 
 Naturalmente, tal tema nos causa estranheza porque é pertinente à 
área de administração. Mas o intuito de apresentá-lo é demonstrar como 
um tema sobre conhecimento específico pode ser montado. 
 Este é o tipo temático objetivo, ou seja, a partir de uma breve 
exposição do assunto, pede-se diretamente o que deverá ser dissertado. 
 Além desse tipo de tema, os conhecimentos específicos podem ser 
solicitados também em tema central, seguido de “tópicos” ou “aspectos”, 
procedimento similar ao que ocorre na composição de temas sobre 
atualidades. Confira o tema 05: 
TEMA 05 - Cespe 
...produza um texto dissertativo, a partir do tema seguinte: 
A omissão de receitas e o passivo fictício. 
Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: 
• caracterização do passivo fictício e da presunção de omissão 
de receita; 
• a relação entre a existência de passivo fictício e o saldo da 
conta caixa; 
• importância da identificação da natureza das receitas 
omitidas e os respectivos efeitos em face de diferentes tipos 
de tributos incidentes sobre as mesmas. 
Para desenvolver este tipo temático, o aluno fará da mesma maneira 
que expliquei para a composição de tema atual: ele irá dedicar cada 
parágrafo do desenvolvimento para compor seus conhecimentos (aqui 
nosso tema aborda contabilidade) sobre os “tópicos” temáticos. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
Por fim, temos uma terceira via, ou seja, outro tipo temático 
importante: o estudo de caso. Esse tipo é corrente nas provas que 
exigem algum conhecimento do Direito. A banca propõe, então, um caso 
fictício (história inventada) que traz uma problemática a ser resolvida 
pelo redator, por meio dos conhecimentos que este detém no campo do 
Direito solicitado. 
Vejamos um exemplo: 
TEMA 06 - FGV 
Fábio, em junho de 2006, dirigindo embriagado e sem habilitação, 
causou, com culpa exclusiva sua, um acidente de trânsito no qual 
danificou o carro de Marly e lesionou gravemente o passageiro Heron, 
sobrinho de Marly, com 12 anos de idade. Logo em seguida, no mesmo 
mês, pretendendo resguardar seu patrimônio de uma possível ação 
judicial a ser intentada por Marly e/ou Heron para compensação dos 
danos sofridos, Fábio transmitiu todos os seus bens, gratuitamente, a 
Antônio, um amigo de longa data que, mesmo sabendo da intenção 
maliciosa de Fábio, concordou em auxiliá-lo. 
Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada: 
a) O negócio jurídico está eivado por qual vício? Fundamente. (Valor: 
0,65) 
b) Qual a ação de que podem se valer Marly e Heron para pleitear a 
anulação do negócio jurídico realizado por Fábio? Fundamente. (Valor: 
0,3) 
c) Em junho de 2011 já teria escoado o prazo, tanto para Marly 
quanto para Heron, para ingressarem em juízo? (Valor: 0,3) 
 Nesse caso, em que temos um estudo de caso, há várias formas 
de o redator montar seu texto. Mas uma é especial, porque garante uma 
organização da exposição textual: 
� no primeiro parágrafo, em vez de ser abordado o pedido de “a)”, 
faz-se um resumo do caso fictício. No caso em tela, é bom que a 
história fictícia venha para o texto, pois é sobre ela que serão 
dissertadas as respostas. 
� Em três ou mais parágrafos posteriores, será fornecida a resposta 
para cada um dos itens questionados. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
� Se ainda houver espaço, fecha-se o texto com uma conclusão que 
resuma as ideias principais da redação. 
Logicamente, pessoal, além do que mostrei neste título sobre temas 
de provas em concursos, poderá haver outras formas de expor o tema. 
Mas é fato que estas são as principais, e, por essa razão, temos de 
compreendê-las bem para não haver surpresas. 
COMO INTRODUZIR O ASSUNTO 
 Afora do estudo de caso, que pede um resumo logo na entrada do 
texto, há formas diversificadas de o aluno compor uma introdução. Aqui 
no curso, como o ideal é ser objetivo, vou mostrar uma que seria a mais 
eficaz: a introdução feita com o máximo de objetividade possível. 
 Para tal, cada introdução que eu mostrar aqui será precedida de 
um tema. Vamos a elas! 
Tema 07 
As manias “feias” do brasileiro são vistas por muitos sob óticas diversas. 
Há quem diga que a malandragem, apoiada no intento de sempre levar 
vantagem, é característica de um povo que nasceu colonizado, explorado 
e formado por culturas também problemáticas. Também há quem veja 
este aspecto da brasilidade como um efeito comum a qualquer homem, 
que em muito pouco ou em nada se deve a aspectos de colonização ou 
de formação étnica. 
 Tendo o texto acima como motivador, disserte, de modo fundamentado, 
dando sua opinião sobre o seguinte tema: 
A malandragem não é tipicamente brasileira 
Introdução 01 
 É fato que a malandragem não é tipicamente brasileira. Ela faz 
parte da condição humana, não sendo, por isso, exclusiva de um povo. 
Ações que desobedecem à moralidade e à ética para que um leve alguma 
vantagem sobre os demais sempre existiram na história da humanidade. 
Isso explica as guerras, os variados tipos de crime e a corrupção. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
Introdução 02Cada povo tem sua característica. Italianos são vistos como 
emotivos, os alemães, como frios e racionais. Já para os brasileiros 
sobrou a malandragem. Esta característica traz aspectos bons e ruins. 
Ora está para situações em que o brasileiro fere o direito alheio, ora está 
para ocasiões que a esperteza é sinal de sobrevivência num país de 
contradições socioeconômicas. 
***** 
 Percebam que cada uma dessas introduções traz um ponto de vista 
sobre o fato de “a malandragem ser tipicamente brasileira”: o primeiro 
discorda do tema, e o segundo concorda com ele. No entanto, ambos 
têm um ponto em comum: são objetivos. O que comprova isso é o fato 
de eles apresentarem ainda para as primeiras linhas do texto o termo 
central do tema - “malandragem”. 
 Comparando os dois tipos de introdução, notamos que a primeira é 
mais objetiva que a segunda. Naturalmente, por isso a primeira é um 
tipo de introdução mais eficiente. Aqui chegamos ao ponto central do 
assunto: objetividade. 
 Sempre que for introduzir um assunto, comece pelas palavras do 
próprio tema. Posicione-se com relação a ele, se houver um pedido de 
temático para esse fim, exponha, mesmo que indiretamente, um claro 
ponto de vista, conforme fez nosso redator da introdução 01: É fato que 
a malandragem não é tipicamente brasileira. 
 Depois estenda o assunto. É interessante que você antecipe para o 
leitor alguns pontos que serão debatidos no desenvolvimento do texto. 
Isso faz com que o texto apresente palavras que não serão em vão. Ou 
seja, você não estará cometendo o famoso “encher linguiça”. 
 Além desses fatores, é bom cuidar do seguinte: 
� Hoje, as bancas não aceitam introduções gerais: é preciso ir direto 
ao ponto temático. Portanto, nada de fazer um histórico sobre o 
tema a ser tratado pelo texto. 
� Introduções curtas ou longas também não são bem-vindas: 
procure montar parágrafos dosados, que ocupem entre 4 a 7 
linhas, por exemplo. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
� Começar o texto com perguntas: evite isso. Apesar de ser uma 
prática comum nos vestibulares; nos concursos, não há espaço 
para perguntas. Estas retardam a exposição de ideias e atrapalham 
a objetividade. 
Assim, quando for introduzir um texto, vá diretamente ao tema, 
recuperando palavras-chaves do tema. Evite trabalhar com sinônimos 
ainda na abertura do texto. Vejamos parte a parte da “introdução 01”: 
É fato que a malandragem não é tipicamente brasileira. 
Posicionamento claro e objetividade quanto à abordagem temática. 
Ela faz parte da condição humana, não sendo, por isso, exclusiva de 
um povo. 
Período seguinte: explicação para o posicionamento inicial. 
 Ações que desobedecem à moralidade e à ética para que um leve 
alguma vantagem sobre os demais sempre existiram na história da 
humanidade. 
Extensão da explicação sobre o posicionamento. 
Isso explica as guerras, os variados tipos de crime e a corrupção. 
Conclusão sobre as explicações dadas anteriormente. 
COMO DEFENDER UMA IDEIA 
 Depois da introdução, virão elementos típicos da defesa textual. 
Para compô-los, teremos que estar atentos à forma como nos proposto o 
tema. 
 Se temos um tema com tópicos, estes são os objetos de 
desenvolvimento da redação. 
 Se temos um tema sem tópicos, seremos nós mesmos os 
responsáveis pela criação dos tópicos da defesa. 
 Comecemos pelo tema seguido de tópicos: 
1º - ao desenvolver a redação, é bom manter os tópicos na ordem 
apresentada no tema e dissertar sobre eles, seguindo esta ordem. 
 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
TEMA 08 - Cespe 
INTERIORIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA 
Ao elaborar seu texto, atenda, necessariamente, as seguintes 
determinações: 
• identifique as principais causas da interiorização da violência 
• descreva a relação entre a interiorização da violência, o 
narcotráfico e o crime organizado 
• descreva as ações que o Estado deve adotar no combate à 
violência. 
 
Desenvolvimento da redação: aqui eu não expus uma introdução, 
porque estamos nos referindo ao miolo do texto, a parte em que o texto 
se desenrola. Se o tema possui tópicos, o ideal é destinar cada tópico a 
um parágrafo do desenvolvimento. 
 Segundo parágrafo do texto – abordagem do primeiro tópico: 
Vale citar duas causas principais que explicam a interiorização da 
violência: a migração de marginais dos centros maiores para as cidades 
menores e a falta de um bom efetivo policial. A instalação de unidades 
de polícia pacificadora na capital fluminense, por exemplo, fez com 
bandidos migrassem para cidades consideradas “seguras” para os 
bandidos. Assim, cidades como Niterói sofrem hoje com um alto número 
de homicídios violentos decorrentes do tráfico e sem o combate eficaz de 
uma polícia mais bem aparelhada para isso. 
Separei o primeiro parágrafo do desenvolvimento em três partes 
operantes: 
- a introdução do tópico + a resposta a ele; 
- a comprovação da resposta; 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
- a conclusão das ideias. 
Veja que o redator não esconde o aspecto, ele o apresenta sempre 
nas linhas iniciais dos parágrafos. Isso traz ao texto clareza, objetividade 
e resposta precisa ao proposto. 
Terceiro parágrafo do texto: 
É notório haver uma relação entre a interiorização da violência, o 
narcotráfico e o crime organizado. Para a Polícia do Rio, a migração de 
bandidos para interior deve-se ao fato de o crime organizado lutar contra 
as forças do Estado para manter seus negócios. Fato que faz aparecer 
casos de violência até então incomuns nos centros menores, envolvendo, 
por exemplo, jovens em idade escolar no mundo do crime. 
Novamente há palavra-chave em destaque, comprovação de 
informações e fechamento de ideias. 
Vale notar que os parágrafos do desenvolvimento seguirão essa 
mesma ordem de composição, o que torna o texto bem coordenado, bem 
organizado. 
Então, resumamos o desenvolvimento. Cada parágrafo deve conter o 
seguinte: 
� retomada do tópico; 
� comprovação de ideias; 
� conclusão – resumo geral do parágrafo. 
Como abordei, essa não é a única forma de você organizar um 
parágrafo. O que é interessante notar é que esta é uma forma mais clara 
e objetiva de proceder. Creio que será mais fácil adotar essa posição, 
principalmente, para quem tem dificuldade em organizar o texto. Com o 
tempo, você ficará mais ágil, se tomar para si um modelo de 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
desenvolvimento do parágrafo. Por outro lado, se ficar experimentando 
formas diversas de escrever, no curto prazo a experiência pode não ser 
boa, pois o tempo curto das provas requer habilidade textual e agilidade 
com as palavras. 
Bom, e como vamos desenvolver a argumentação para temas que 
não têm aspectos? 
Resposta simples: o ideal é que esquematizemos o 
desenvolvimento, antes mesmo de rascunhar o texto. Como será feito 
isso? 
Devemos anotar em frases simples as ideias que empregaremos 
para defender nossa tese introdutória. Por exemplo: suponhamos que 
nos cobrem aquele tema sobre formas degradantes de trabalho. Assim, 
num cantinho da prova (não na folha definitiva), podemos anotar 
algumas sugestões de desenvolvimento: 
� o trabalho infantil como forma de exploração da força de 
trabalho. 
� O trabalho análogo à condição de escravo que ainda existe no 
Brasil. 
� A exploração da mão de obra feminina a que é atribuída um 
salário menor que o do homem, no desempenho da mesma 
função. 
De posse dessas ideias, vamos acrescentar ao nosso esquema 
mecanismos de comprovação. 
O que são esses mecanismos de comprovação? 
Nos concursos, não podemosdissertar livremente sobre um 
assunto, a partir de nossas ideias, exclusivamente, pessoais. É 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
importante que elas possam estar aliadas a uma fonte de comprovação. 
Esta pode ser executada a partir dos seguintes tipos argumentativos: 
� Exemplos são estratégias excelentes de defesa. Mas 
exemplificar significa citar um fato singular, ocorrido. O 
exemplo pode ser extraído da mídia escrita ou televisiva. Ele 
não pode ser uma suposição. Ele deve ter sido ou deve ser 
um acontecimento real. 
Ex.: 
O trabalho análogo à condição de escravo ainda existe 
no Brasil. Em São Paulo, em 2011 a fiscalização encontrou 
pessoas, trabalhando em condições subumanas. Tais 
trabalhadores costuravam por horas extenuantes peças de 
roupas para lojas de renome, como as do grupo Zara. 
 Percebam que no grifo foi introduzido um exemplo, citado 
amplamente pela mídia. 
 Com a exemplificação, o texto adquire um caráter mais formal, 
mais científico. 
� Autoridade: este é um tipo argumentativo bastante 
empregado em redações para concursos. Por autoridade, 
compreendem-se as leis ou aspectos de uma determinada 
legislação, referências ao ponto de vista de especialistas ou 
de professores especialistas sobre o que é tratado no texto. 
 
 
Ex.: 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
Há também no Brasil a exploração da mão de obra feminina 
a que é atribuída um salário menor que o do homem, no 
desempenho da mesma função. Para a professora Déborah 
Paiva, especialista em Direito do Trabalhado, essa realidade 
está sendo transformada, pois cada vez mais o Estado tem 
criado mecanismos que garantem a igualdade entre homens 
e mulheres. 
Poderíamos ter também o seguinte: 
Há também no Brasil a exploração da mão de obra feminina 
a que é atribuída um salário menor que o do homem, no 
desempenho da mesma função. Essa realidade está sendo 
transformada, pois a Constituição Federal, ao igualar homens 
e mulheres, tem servido de instrumento para que o Estado 
crie mecanismos que possibilitem o cumprimento dessa 
igualdade. 
 
 Veja que montei um exemplo originário de uma autoridade pessoal 
e um exemplo originário de uma autoridade legal. 
 Muita gente se queixa de que não consegue comprovar ideias 
durante a prova. O mecanismo é muito simples. Veja quantas 
autoridades sobre, por exemplo, “educação” há no país! Poderíamos nos 
referir ao Ministro da Educação, ao Secretário da Educação do nosso 
estado; a um pedagogo importante, ao prefeito, ao governador e mesmo 
à Presidente da República, visto que todas essas autoridades têm alguma 
opinião manifestada sobre “educação”. 
 E aí você talvez se pergunte: mas como vou lembrar algo que 
tenha sido dito por qualquer dessas autoridades sobre “educação”. Veja 
bem o seguinte: você não vai copiar e colar algo que tais autoridades 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
tenham dito. Você irá compor com suas ideias algo que tenha pertinência 
com a filosofia ou com o ponto de vista sobre a educação dessas 
autoridades. Por exemplo: ficaria estranho dizer que a Presidente da 
República considere pertinente o fato de o homem ganhar mais que a 
mulher na sociedade atual. Mas se você diz que a Presidente da 
República considera necessário que mulheres e homens tenham seus 
vencimentos equiparados na sociedade atual, você compõe algo coerente 
com a posição pública da Presidente Dilma. 
� Prova concreta: este tipo de argumento requer pesquisa. 
Ele se baseia na apresentação de números, resultados de 
pesquisa, de preferência oficiais. Trata-se de uma forma 
argumentativa altamente eficaz, pois a informação é mais 
precisa, mais concreta. A única liberdade que o redator tem, 
ao optar por essa forma argumentativa, é arredondar os 
números, por meio de um “cerca de”, “perto de”, por 
exemplo. 
Ex.: 
O trabalho infantil é uma das formas de exploração da força de 
trabalho. Apesar de proibido por lei, estima-se que no Brasil cerca de 5 
milhões de crianças e adolescentes estejam sendo exploradas como força 
de trabalho. 
Conforme expliquei, é bom que você use no seu texto algum 
mecanismo de comprovação. E acrescento que você deve comprovar o 
máximo de ideias do desenvolvimento que puder. Assim, você poderá 
optar por exemplos, autoridades e provas. Não importa de quais formas 
se valerá para compor sua defesa. O importante é que sua redação 
estará firmemente desenvolvida e muito bem argumentada. 
Mas, Júnia? E assuntos específicos? Seguem essa mesma linha? 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
Seguem sim! O que você fará será empregar esses mecanismos de 
comprovação a cada resposta que der sobre determinado assunto. 
Por certo, diante de um tema que aborde, por exemplo, Direito 
Constitucional, será comum o candidato recorrer às leis ou à própria 
Constituição Federal. Assim, para esse tipo temático o argumento de 
autoridade é o mais indicado. 
Ex.: 
No caso em tela, não há que se discutir a competência da Polícia Civil 
para realizar a ação. Mas, havendo necessidade de repressão uniforme desses 
crimes, já que eles transpassam vários entes federados, é válido esclarecer que 
poderá o Departamento de Polícia Federal (DPF) investigar tais delitos. Essa 
competência do DPF está claramente presente no art. 144 da Constituição 
Federal. Segundo a referida norma, além de o DPF apurar crimes contra a 
União, caberá ao Departamento também apurar práticas criminosas 
interestaduais que exijam repressão uniforme. 
 
COMO CONCLUIR O TEXTO 
 Num texto especialmente feito em concursos para a ocupação de 
vagas públicas, a confecção da conclusão deve levar em conta dois 
aspectos importantes: a confirmação do ponto de vista inicial (se este foi 
pedido pelo tema) e o resumo das ideias principais do texto. É 
exatamente isso que deve haver numa conclusão. É óbvio que você 
possa pensar que o texto ficaria um tanto repetitivo. Mas há como 
contornar a cansativa repetição: para tal, basta apenas mudar as 
palavras, trocá-las por sinônimos. 
 O que não pode haver numa conclusão? 
• Perguntas em aberto. Jamais! 
• Subjetividade, ou seja, frases de efeito, ou frases que pendem para 
o emocional. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
Exemplo: Portanto, para se alcançar a tão sonhada paz, será 
preciso... 
O termo “a tão sonhada” é impróprio para a conclusão, porque 
remete ao emocional, ao poético. 
O certo é usar a formalidade e a simplificada que cabe a este tipo 
textual: Portanto, para se alcançar a paz, será preciso... 
***** 
 Na aula 02, você irá notar como tudo o que explicamos aqui 
funciona em textos inteiros. Será uma aula que conterá praticamente o 
mapa do desenvolvimento textual. Por isso, deve ser estudada com 
carinho! 
 Bom, agora nós vamos abordar os aspectos gramaticais mais 
importantes para a composição textual. 
 É bom você compreenda que alguns aspectos mencionados aqui 
são pertinentes ao texto, ou seja, no contexto as palavras ganham outra 
dimensão e importância. Por isso, determinadas regras que são vistas 
em cursos de português para a prova objetiva, aqui podem ser propostas 
também no plano estilístico, ou seja, no plano das escolhas acerca do 
que seria melhor para o tipo de texto que vamos desenvolver. 
GRAMATICALIDADE TEXTUAL 
 A gramática interna do texto pode ser dividida, didaticamente, em 
três aspectos: 
- aspectos formais – divisão silábica, formato das letras, uso de 
maiúsculas e de minúsculas, e sinais gráficos.- aspectos gramaticais – acentuação, crase, regência, 
concordância, pontuação, conjunção e emprego e colocação de 
pronomes. 
- aspectos textuais – tecnicismos linguísticos, coloquialismos, 
linguagem figurada, repetições de palavras, falta de paralelismo, uso de 
anafóricos, divisão frasal e adequação vocabular. 
Vamos ao assunto, de modo bem pontual, para que não percamos 
tempo. 
 
Os Aspectos Formais 
 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
1º - Letra: raramente as bancas fazem exigências sobre o tipo de 
letra a ser empregado nas provas. No nosso concurso, por exemplo, 
poderemos empregar letra cursiva (aquela letra escolar) ou mesmo letra 
de fôrma. Inclusive há quem misture a grafia das duas formas. Sem 
problemas. O mais importante é que a letra seja legível. Assim, com bom 
senso, somos capazes de julgar se nossa letra é cabível à leitura do 
examinador. Letra muito pequena, letra extramente grande, letra mal 
elaborada merecem cuidado num concurso público. 
2º - acentos e demais sinais gráficos: estes devem estar bem 
visíveis para o examinador. Assim, não deixe dúvidas sobre a grafia de 
acentos e de pontuações. Qualquer dúvida é motivo de redução de 
pontos. 
Quanto à grafia alterada pela Reforma Ortográfica, nosso edital é 
claro nesse sentido. O aluno poderá redigir, por exemplo, tranquilo ou 
tranqüilo. Até mesmo poderá misturar as duas formas num único texto. 
Essa permissão deve-se ao decretado período de tolerância em que 
podemos empregar as duas regras. Esse período vigora até o final de 
2012. 
3º- rasura: se você errou e percebeu a tempo o erro, apenas dê um 
risco sobre a palavra incorreta e escreva a forma correta a seguir. É 
comum na abertura da prova de redação haver alguma instrução quanto 
a isso. Se não houver, basta dar um risco sobre o termo incorreto. 
Normalmente observamos dúvidas quanto ao seguinte: se eu tiver 
errado e não houver espaço mais para corrigir o erro, o que pode ser 
feito? Vale a pena “subir o morrinho e escrever sobre o erro? 
A aceitação desse tipo de correção dependerá do examinador. 
Ultimamente até tenho visto muita tolerância quanto a isso. 
Ex.: 
 
 
4º - divisão silábica: se for dividir sílabas, use hífen. A gente não 
usa “underline” (traço abaixo da sílaba) no português. 
É muito importante evitar a cacofonia: aquela divisão silábica que 
gera uma leitura desagradável ou que induz o leitor a compreender um 
significado prévio, diferente do que se quer escrever ao final. 
Exemplo: 
Cu- 
 
riosidade. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
a. Também não deixe sobrar apenas uma vogal na divisão. 
a- 
manhece. 
 
 letra maiúscula: não usamos letra maiúscula após dois pontos ou 
após ponto e vírgula, ressalvados os casos em que o nome for próprio. 
• Cargos e órgãos especificados são grafados com maiúsculas: 
Ministério do Meio Ambiente, Tribunal de Contas da União, Prefeito 
Eduardo Paes etc. 
• Siglas são grafadas com todas as letras maiúsculas e sem 
pontinhos entre elas: PMDB, EUA, ONU etc. 
• Acrônimos (siglas que viraram palavras) são grafados apenas com 
inicial maiúscula: Petrobrás, Ibama, Cemig etc. 
Já que falamos em siglas, evite usá-las sem, num primeiro uso, 
acompanhá-las do nome extensivo: Ministério do Trabalho e Emprego 
(MTE). 
Depois desse acompanhamento, usa-se normalmente a sigla, ao 
longo do texto. 
 
 
Os Aspectos Gramaticais 
 
 Aqui estão aquelas falhas que realmente encontramos nas 
provas de redação. Elas ocorrem em maior número porque são 
pertinentes à parte móvel das frases, ou melhor, à parte em que as 
palavras se relacionam umas com as outras. Assim, qualquer descuido 
ou extensão da frase poderá dar vazão à ocorrência de erros típicos de 
concordância, regência, pontuação etc. 
Concordância Verbal 
Caso 01 – sujeito distante do verbo 
Trata-se do caso mais comum que resulta em erros de 
concordância. Ele ocorre quando o candidato estende demais a frase. 
Com a frase longa, o sujeito tende a se afastar do verbo, e assim se 
aumenta a chance de cometermos uma falha quanto à concordância 
verbal. 
Exemplos: 
a) A igualdade entre homens e mulheres, na sociedade 
contemporânea, advêm do cumprimento da lei. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
b) O conjunto de provas e de testemunhos 
incriminaram o réu. 
Com a frase longa e com a inserção da conjunção aditiva E, o 
redator tem a impressão de estar diante de plural. Distraído, ele 
não vê o núcleo do sujeito (“igualdade” e “conjunto”) e tende, por 
isso, a exibir verbos em concordância incorreta. 
Correção: 
a) A igualdade entre homens e mulheres, na sociedade 
contemporânea, advém do cumprimento da lei. 
b) O conjunto de provas e de testemunhos incrimina o réu. 
 
Caso 2 – verbos TER e VIR 
 O plural desses verbos sempre confunde os redatores. Sua forma 
de expressão correta é 
a. Governos têm investido na educação de jovens e adultos. 
b. Os casos de impunidade vêm de um sistema de leis falho. 
Se você é daqueles que confundem o plural de VIR com o plural de 
VER, fica a seguinte dica: para VER precisamos de “dois olhos”, portanto, 
o plural de VER é veem ou, na forma antiga, vêem. 
 
Caso 3 – verbos impessoais 
 Perceba que verbo impessoal é aquele que, por motivos de 
significado, não aceita sujeito ou o indefine. Sendo assim, os verbos 
impessoais, em geral, não se flexionam no plural, já que normalmente 
não dispõem de sujeito para ordená-los a isso. Assim, o verbo HAVER, 
quando indica tempo decorrido ou possui sentido de “existir”, deve ser 
empregado no singular. Isso acontecerá também se ele for o verbo 
principal de uma locução (o último verbo); inclusive, ele manterá toda a 
locução no singular. 
Exemplos de uso incorreto de verbos impessoais: 
a) Houveram muitos casos de dengue em Minas. 
b) Parecem haver, no país, 15 milhões de pessoas vivendo na miséria. 
c) Não se tratam, por isso, de novos casos de denúncias. 
Correção: verbos impessoais são empregados no singular! 
a) Houve muitos casos de dengue... 
b) Parece haver, no país, 15 milhões de pessoas... 
c) Não se trata, por isso, de novos casos... 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
Os termos que seguem estes verbos não são sujeitos deles; são 
meros complementos verbais (objetos) com os quais estes verbos 
naturalmente não concordam. 
 
• Se forem usar o verbo HAVER para indicar tempo decorrido, 
dispensem o uso do advérbio “atrás”. Isso evita 
redundâncias, tais como “ Há alguns meses atrás, a polícia 
invadiu...” 
• Resumindo...ficam no singular as formas: , tratar-se, havia, 
houve, pode haver, deve haver, deve fazer, pode fazer, faz 
(todas indicando tempo decorrido). 
 
 
Caso 4 – verbos seguidos de partícula SE 
 
 Como é comum o trabalho em redação com verbos impessoais, é 
corrente o uso de VERBO + SE. 
 O problema é que as pessoas raramente sabem quando empregar 
essa forma verbal no plural ou no singular. 
 Assim, deixo uma sugestão muito simples. Sempre que forem usar 
VERBO + SE, tentem reescrever a frase, de trás para frente. Se, ao 
reescrevê-la, aparecer o plural, deixe o verbo original também no plural. 
Do contrário, se não for possível reescrevê-la, nosso verbo ficará no 
singular. 
Ex.: 
Constroem-se prédios de luxo na capital 
 
= 
Prédios de luxo são construídos (apareceu o plural!) 
Portanto, a frase original estava correta (constroem-se) 
 
Ex.: 
 Vive-se bem nas urbes pequenas. 
 
 Nesse caso, a gente não consegue reescrever a frase. O verbo, 
então, ficará no singular. 
 
Concordância nominal 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia AndradeProfa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
 Alguns casos de concordância nominal, situação em que, 
geralmente, o adjetivo concorda com o substantivo da frase, geram 
dúvidas. Vamos a eles: 
 
• é bom, é necessário, é proibido, etc. 
 Tais expressões estabelecerão concordância, se o substantivo vier 
precedido de artigo. Do contrário, permanecerão invariáveis. 
 Exemplos: 
a. É necessário lei que puna tais infrações. 
b. É necessária a lei que puna tais infrações. 
 
Caso 2 – alerta 
 Alerta é advérbio; por isso, deverá ser empregado sempre no 
singular. 
Exemplo: os candidatos devem estar alerta para a mudança da 
data da prova. 
 
Caso 3 – milhar 
Milhar e milhão são expressões masculinas. Assim dizemos “alguns 
milhares de mulheres protestaram”. 
 
Regência verbal 
 Vez ou outra ocorre de o candidato ter dúvidas quanto ao emprego 
da preposição para alguns verbos. 
 Nas redações para concursos, os verbos que geram tal dúvida são 
praticamente estes: assistir, visar, lembrar, implicar, acarretar. 
 Assistir 
• Quando tal verbo traz o sentido de ver, presenciar, ele deverá ser 
empregado com preposição “a”. Ex.: assiste-se hoje a protestos 
em defesa do meio ambiente. 
Visar 
• Com o sentido de desejar, almejar, o verbo visar solicita 
preposição: governos visam à redução das taxas de desemprego. 
• mas se for seguido de outro verbo, o verbo “visar” poderá 
dispensar a preposição: governos visam reduzir as taxas de 
desemprego. 
Lembrar/esquecer 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
• sem o pronome, tais verbos não recebem preposição. Exemplo: 
lembramos a data do seu aniversário. 
• Com o pronome, tais verbos exigirão preposição. Exemplo: 
lembramo-nos da data do seu aniversário. 
 
 
Implicar/acarretar 
• o verbo acarretar nunca deverá ser seguido de preposição. E 
o verbo implicar, quando indica o mesmo sentido de 
acarretar, também não poderá vir preposicionado. Exemplo: 
as leis acarretam segurança social./as leis implicam 
segurança social. 
 
Emprego da Crase 
 
Aqui vamos fazer uma pequena revisão sobre o uso da crase, o que é 
comum tanto para provas objetivas quanto para provas discursivas: 
casos de ocorrência da crase 
Como a crase é, na maioria dos casos, fruto de uma relação de 
regência. O primeiro que devemos fazer é observar se há algum nome, 
exigindo a preposição A. Em seguida, devemos observar a possibilidade 
de existir outro A, ao qual a preposição A irá se fundir, para formar o que 
chamamos “crase”. 
Exemplos: 
a. No combate à prática de crimes... (o combate A + A (artigo def. 
feminino) 
b. ...destinado àquele mesmo padrão. (destinado A + A do pronome 
AQUELE) 
Casos em que não deve haver crase 
 Vale lembrar que não se usa crase nos seguintes casos: 
a. Antes de verbo: a partir de hoje,... 
b. Antes de masculino: a prazo, a despeito de, ... 
c. Entre palavras repetidas: dia a dia, cara a cara, ponta a ponta,... 
d. Antes de artigo indefinido: refere-se a uma lei... 
e. Antes de pronomes indefinidos: cada, toda, nenhuma, alguma, 
certas, qualquer etc. 
f. Antes de pronomes em geral: esta, essa, ela, V. Exa., etc. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
 
Casos em que a crase possui emprego facultativo 
Antes de possessivos femininos no singular: refere-se a sua ideia = 
refere-se à sua ideia. 
• Se a palavra feminina estiver no plural, haverá crase 
somente se antes dela vier o artigo definido também no 
plural. Exemplo: refere-se a leis federais/refere-se às leis 
federais. 
• Reiterando: cuidado com UMA, TODA, CADA, ESTA, ESSA. 
Tais formas não recebem crase! 
 
Emprego de pronomes 
 
a. O pronome ONDE é uma verdadeira armadilha para quem não 
domina seu uso. Ele é empregado apenas para referência a lugar 
físico. Assim, para não vacilar, prefira EM QUE, ou NO QUAL, ou NA 
QUAL. Isso evitará erro comum quanto à referência do pronome 
ONDE. 
b. MESMO: não use “o mesmo”, “a mesma”. Apesar do uso comum, é 
erro usar este pronome apenas para substituir substantivos. Sua 
função é outra: acompanhar o substantivo. Portanto, está incorreto 
construção do tipo: “nada foi feito com relação ao mesmo”. 
 
Colocação de pronomes oblíquos átonos 
 
a. Quando antes do verbo houver outro pronome, advérbio ou 
conjunção subordinativa, antecipe o oblíquo para que ele possa 
estar em posição de próclise. Exemplos: 
• Estes se dividem em dois grupos. 
• Não se deixou abater pelas denúncias. 
• Certamente se comprometeria... 
• Embora se opusesse ao grupo,... 
b. Não use pronome oblíquo átono após qualquer futuro ou no início 
de frases. Exemplos: 
• Conquistaria-se o poder...(errado) 
• Assim, se manifestando....(errado) 
 
Correto: conquistar-se-ia o poder... / Assim, manifestando-se... 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
 
 
Pontuação 
 Vírgulas, dois pontos e outras pontuações ocorrem no português 
para indicar que algo está quebrando a simplicidade frasal. Essa quebra 
pode ser proporcionada pela inversão da ordem direta da frase ou 
mesmo para a inserção de alguma expressão que ficará intercalada no 
contexto frasal. 
 Uma frase curta e simples possivelmente não precisará de vírgulas, 
dado que nada extraordinário possa acontecer a ela. 
Exemplo: 
A prova do TCE RJ poderá ser longa. 
Veja que nossa frase se orienta pela inserção do sujeito (A prova do 
TCE RJ) + a composição do restante da frase (poderá ser longa). 
Essa ordem, composta por SUJEITO + VERBO, dispensa o uso da 
vírgula, pois tudo segue na ordem direta. 
 
1º - sempre que a oração começar com preposição ou conjunção ou 
for intercalada por termos que contenham estas classes, vamos 
empregar vírgulas: 
Exemplos: 
• Em Pernambuco, a segurança é alvo de constantes discussões. 
• Diante dos problemas enfrentados pelos cariocas, a 
prefeitura efetuará mudanças no trânsito. 
• Eles podem, por exemplo, questionar a eficácia... 
• A presidente, apesar das críticas, reconhece.. 
 
Percebam que os termos em negrito podem ser extraídos 
facilmente das frases, sem que estas apresentem incoerências. Isso 
significa que as vírgulas que isolam tais termos foram bem empregadas, 
já que elas não atrapalham o sentido da frase. 
Também temos que lembrar que GERÚNDIO, PARTICÍPIO e 
INFINITIVO formam orações reduzidas. Tal fator faz com tais verbos, 
nessa condição, possam ser reservados com vírgula. 
Exemplos: 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
• Sendo assim, é preciso investir em segurança... 
• A polícia, para treinar seus agentes, precisa de apoio 
tecnológico,... 
• São atos e fatos, observados em lei. 
• POR EXEMPLO sempre vem entre vírgulas! 
• Antes de GERÚNDIO e antes de POIS, empregamos 
vírgula! 
 
Quando usaremos ponto e vírgula? 
Podemos usar ponto e vírgula para enumerarmos elementos ou 
orações ou podemos fazer desse sinal um organizador do discurso. 
Suponhamos que numa enumeração tenhamos que explicar algum dos 
elementos enumerados. Nesse caso, devemos diferenciar as pontuações 
para que se estabeleça a clareza discursiva para o leitor. Assim, 
empregaremos o ponto e vírgula para enumerar e a vírgula para explicar. 
Teremos, então, uma composição com sinais gráficos diferentes para 
funções diferentes. 
Exemplo: 
A extinção do crédito ocorre pelo pagamento do montante apurado pela 
autoridade fiscal; pela prescrição, quando o que se finda é prazo de 
cobrança fiscal; pela compensação, quando o contribuinte possuir 
créditos suficientes para com o fisco e o solicitar; pela transação, que é 
um acordo entre o contribuinte e o órgão fiscal. 
 
Veja que,quando se vai ampliar a informação de algum dos 
elementos enumerados, a vírgula entra em ação, deixando o ponto e 
vírgula exercer outro ofício, o de enumerar, no caso. 
 
• Se for empregar dois-pontos para enumerar, use antes 
um pronome de valor catafórico – o seguinte, este, esta. 
Ex.: As funções do TCU são as seguintes: auxiliar o Senado,... 
• Se for empregar estrangeirismos, latinismos ou 
neologismos (palavra inventada), use aspas. Exemplo: 
“Mensalão”, “light”, “quo vadis”. 
 
 
Quando empregaremos dois pontos? 
 
 Você já deve saber que o sinal de dois pontos serve para anunciar 
uma explicação ou uma enumeração. 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
 Mas isso que parece ser simples merece cuidado. Antes de 
enumerar, não se esqueça de empregar um pronome que anuncie a 
enumeração (ex.: este, o seguinte). 
 Exemplo: 
 São funções da Polícia as seguintes: prevenir o crime, coibir as 
ações criminosas etc. 
 
 
Os Aspectos Textuais 
 
Agora vamos abordar um conjunto de erros gramaticais que podem 
até alterar o sentido do que o candidato previa para o texto. Para este 
último aspecto, vale manter o gás e centrar-se nos estudos: 
 
As conjunções 
 
Causais: na medida em que e porquanto são conjunções com o valor 
de PORQUE. O problema é que muita gente se equivoca com a grafia 
delas. Assim, recomendamos que você use os bons e velhos “porque, 
pois, já que”. 
a. Concessivas: posto que é concessiva. Jamais use posto que para 
dar sentido de porque!!! 
b. Finais: para e a fim de (que) são as duas, praticamente, únicas 
conjunções finais. O cuidado está no uso da final “a fim de que”, 
cuja grafia correta é essa, em que o “a” fica separado do “fim”. 
c. Adversativas (mas, porém, no entanto, entretanto, contudo, 
todavia): não há problemas sérios com o uso de adversativas. No 
entanto, é bom usar vírgula depois delas! 
d. Usem conjunções conclusivas para finalizar a redação! Essas 
conjunções deixam bem claro para o examinador que seu texto 
entrou na reta final. 
São conclusivas as seguintes conjunções: portanto, por 
conseguinte, logo, por isso etc. Usem vírgula depois delas, ok. 
• ”Diante do exposto” é típico de texto narrativo. Essa 
expressão deve ser evitada nas dissertações! 
 
Pronomes anafóricos 
 
DISCURSIVA PARA O TCE RJ - Técnico 
Profa. Júnia Andrade 
Profa. Júnia Andrade www.pontodosconcursos.com.br 
 Assunto de extrema importância! Sempre que forem se remeter à 
frase (ideia anterior), usem as formas pronominais esse, essa, isso, 
fazendo-se a devida concordância. 
Exemplo: houve investimentos na educação. Dessa maneira, as 
médias nacionais subiram. 
Por outro lado, se forem fazer referência a nome isolado, usem este, 
esta. 
Exemplo: houve investimentos na educação. Esta merecia atenção do 
governo. 
 
Vocabulário 
 
Num concurso, a clareza exige que empreguemos vocabulário 
simples, sem rodeiros, sem arcaísmos, para que ele transmita a 
informação de modo claro e coerente. 
Assim, vamos realizar verdadeiros cortes em prol de evitarmos riscos. 
Os cortes são didáticos. Na verdade, nós até poderíamos abrir mão de 
alguns casos, mas preferimos não arriscar e recomendamos que retirem 
da redação de vocês os seguintes termos: 
- onde, o mesmo, tratar-se, carta magna, dentre, posto que, 
diante do exposto, acima, abaixo, mister, hodiernamente. 
Não empreguem nada dessa lista! 
 
Repetições de palavras 
 
 Evite repetir palavras num espaço de poucas linhas. É certo que 
deveremos manter a precisão da abordagem temática, mas não é bom 
empregar uma expressão na linha 02 da redação e repeti-la na linha 04. 
O espaço é curto e fica clara a repetição. Por outro lado, há termos 
técnicos cuja nomenclatura é praticamente a mesma, e não nos permite 
trocas. Este é o caso, por exemplo, da Constituição Federal. O máximo 
que poderemos empregar como sinonímia é a sigla CF/88. 
****** 
 
Bom, com isso, vimos os aspectos principais da microestrutura. 
Nosso trabalho agora será mostrar tudo isso por meio de exemplos. 
Assim, valerá ler cuidadosamente toda a aula 02. 
Abraço a todos e até mais! 
Júnia Andrade

Continue navegando