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Trabalho em grupo Trabalho em grupo: alunos trabalhando juntos em grupos pequenos de modo que todos possam participar de uma atividade com tarefas claramente atribuídas. Além disso, é esperado que os alunos desempenhem suas tarefas sem supervisão direta e imediata do professor. Trabalho em grupo não é a mesma coisa que agrupamento por habilidade, no qual o professor divide a sala por critério acadêmico para que possa ensinar para grupos mais homogêneos. (COHEN; LOTAN, 2017) A filosofia vigente na década de 1970, incentivou-se a estruturação e utilização da aprendizagem cooperativa – trabalho de estudantes em pequenos grupos heterogêneos que trocam informações e compartilham materiais, com papéis previamente definidos - como um recurso que fomenta rendimento acadêmico, interdependência positiva, responsabilidade individual e de grupo, interação estimuladora, competências sociais, além de aumento de autoestima. (CONCEIÇÃO; MORAES, 2018) Quando a professora propõe aos alunos uma atividade em grupo e permite que eles se esforcem sozinhos e cometam erros, ela delega autoridade. Essa é a primeira característica-chave do trabalho em grupo. Delegar autoridade em uma atividade é fazer com que os alunos sejam responsáveis por partes específicas de seu trabalho; os alunos estarão livres para cumprir suas tarefas da maneira que decidirem ser a melhor, mas ainda são responsabilizados pela entrega do produto final à professora. Delegar autoridade não significa que o processo de aprendizagem está sem controle; a professora mantém controle por meio de avaliação do produto final do grupo e do processo pelo qual os alunos passaram para chegar àquele produto. (COHEN; LOTAN, 2017) Uma segunda característica-chave do trabalho em grupo é a de que, em algum nível, os participantes precisam uns dos outros para completar a atividade; eles não conseguem fazer todas as partes sozinhos. Os alunos assumem o papel de professores quando sugerem o que os outros devem fazer, quando ouvem o que os outros estão dizendo e quando decidem como finalizar o trabalho, dado o tempo e os recursos limitados estabelecidos pelo instrutor. (COHEN; LOTAN, 2017) Alunos que trabalham em grupo falam entre si sobre sua atividade. Eles fazem perguntas, explicam, fazem sugestões, criticam, ouvem, concordam, discordam e tomam decisões coletivas. A interação também pode ser não verbal, como apontar, mostrar como fazer, acenar com a cabeça, fazer careta ou sorrir. Esse processo de interação de grupo pode ser muito interessante para os alunos. Alguns, que em geral fariam de tudo menos aquilo que lhes foi pedido, quando são envolvidos no trabalho em grupo, passam a se engajar ativamente em seu trabalho e se mantêm nele por meio da ação do grupo. Existem inúmeras razões para isso. Interações cara a cara demandam respostas ou, pelo menos, um comportamento mais atento. Além disso, os alunos se importam com a avaliação de seus colegas; frequentemente, não se recusam a participar e não querem decepcionar o grupo. (COHEN; LOTAN, 2017) Apesar do trabalho em grupo ter potencial para apoiar o aprendizado, este mesmo tipo de trabalho, se feito de maneira não estruturada, pode acarretar uma série de problemas. Não necessariamente os estudantes e os próprios adultos sabem como trabalhar em conjunto de forma exitosa, por isso, é necessário aprender como se trabalhar assim. Esses problemas podem ser superados com o planejamento adequado de atividades e por meio da preparação dos próprios alunos. (COHEN; LOTAN, 2017) O trabalho em grupo é uma técnica eficaz para atingir certos tipos de objetivos de aprendizagem intelectual e social. É excelente para o aprendizado conceitual, para a resolução criativa de problemas e para o desenvolvimento de proficiência em linguagem acadêmica. Socialmente, melhora as relações intergrupais, aumentando a confiança e a cordialidade. Ensina habilidades para atuar em equipe que podem ser transferidas para muitas situações, sejam escolares ou da vida adulta. O trabalho em grupo é também uma estratégia para enfrentar problemas comuns na condução da sala de aula, como manter os alunos envolvidos com sua atividade. Mais importante ainda, o trabalho em grupo torna mais acessíveis as tarefas de aprendizagem para um número maior de alunos em salas de aula com grande diversidade de competências acadêmicas e proficiência linguística. O trabalho de grupo produtivo aumenta e aprofunda a oportunidade de aprender conteúdos e desenvolver a linguagem e, portanto, tem o potencial para formar salas de aula equitativas. (COHEN; LOTAN, 2017) Trabalho em equipe Umas das mudanças mais significativas de nossa época é a passagem da ação individual para o trabalho em grupo. Trabalho em grupo x Trabalho em equipe @jumorbeck No mundo de hoje podemos identificar vários tipos de grupos trabalhando nas mais diferentes situações. Alguns conseguem tornar-se equipes e outros permanecem apenas como grupos. (PIANCASTELLI, FARIA, SILVEIRA, 2000) A ideia de equipe advém da necessidade histórica do homem de somar esforços para alcançar objetivos que, isoladamente, não seriam alcançados ou seriam de forma mais trabalhosa ou inadequada. (PIANCASTELLI, FARIA, SILVEIRA, 2000) De fato, existe apenas uma única pergunta-chave a fazer a si próprio, quando estiver tentando decidir se seu grupo constitui ou não uma equipe: Será que todos os membros de meu grupo compartilham, pelo menos, de um objetivo que só pode ser atingido pelo esforço conjunto de todos? O objetivo ou objetivos comuns são a diferença entre um grupo e uma equipe. (HARDINGHAM, 2000) Exemplo de equipe: o time de futebol, os componentes desta equipe têm objetivos comuns – marcar gols, vencer jogos -, habilidades diferentes (o goleiro, o beque, o atacante), uma coordenação (o técnico) e um plano de trabalho (o esquema tático); (PIANCASTELLI, FARIA, SILVEIRA, 200) Quando os grupos são estruturados como uma equipe, eles são capazes de executar tarefas que os grupos padrão não realizam; eles são mais criativos e eficientes na resolução de problemas, produzem mais e melhor, desenvolvem mais autonomia e são mais motivado. A palavra "equipe" está etimologicamente relacionada ao ato de executar tarefas, de compartilhar tarefas entre indivíduos – e eles são capazes, como um grupo, de ter sucesso em alcançar um objetivo desejado. Portanto, “equipe” é definida como um grupo de pessoas ligadas por um objetivo comum (NAVARRO, GUIMARÃES, GARANHANI, 2013) Alguns elementos para a transformação de um grupo de trabalhadores em equipe de trabalho: (PIANCASTELLI, FARIA, SILVEIRA, 200) O grupo conseguir vislumbrar vantagens do trabalho em equipe – complementaridade, interdependência e sinergismo das ações – em relação ao trabalho isolado, individual; A disposição de compartilhar objetivos, decisões, responsabilidades e também resultados; A necessidade de definir com clareza os objetivos e resultados – individuais e do grupo – a serem alcançados; A importância de construir, em conjunto, um plano de trabalho e definir a responsabilização de cada membro do grupo, para alcançar os objetivos; A necessidade da avaliação constante dos processos e dos resultados A percepção de que o fracasso de um pode significar o fracasso de todos e que o sucesso é fundamental para o sucesso da equipe; A necessidade de aprimorar as relações interpessoais e de valorizar a comunicação entre os membros da equipe; A disposição das pessoas em ouvir e considerar as experiencias e saberes de cada membro do grupo; Finalmente, é fundamental que os objetivos e resultados definidos se constituam em desafios constantes para o grupo, algo que instigue cada integrante; O desafio de se fazer um grupo e uma equipe perpassa pelo aprendizado coletivo da necessidade de uma comunicação aberta, de uma prática democrática que permita o exercício pleno das capacidades individuaise uma atuação mais criativa e saudável. (PIANCASTELLI, FARIA, SILVEIRA, 200) Tutoria A palavra ‘tutoria’ vem do latim tutari e significa pôr em segurança, proteger, defender, guardar, ser protetor – o que justifica seu uso no sentido de assumir, tutelar alguém, cuidar, zelar por uma pessoa ou um grupo (Brutten, 2008). Essas características passaram a conceituar a ação do tutor, ou seja, do indivíduo que é encarregado de cuidar, de tutelar alguém. (FRISON, 2012) A tutoria é considerada, por Roncelii e Gagno (2008), uma modalidade de trabalho que se configura na relação entre colegas, na medida em que um estudante torna-se responsável por outro, objetivando determinados aspectos da aprendizagem. Neste sentido, tutor é aquele que ‘cuida’ dos aspectos cognoscitivos e ‘ajuda’ os alunos a conquistarem autonomia na construção de novos conhecimentos. Segundo eles, a tutoria é uma ação responsável por ‘conduzir’ os educandos à compreensão dos conteúdos trabalhados nas disciplinas cujas aulas frequentam. Portanto, esta estratégia de ensino pode ser @jumorbeck exercida nas formas presencial e à distância. (FRISON, 2012) O professor como orientador ou mentor ganha relevância. O seu papel é ajudar os alunos a irem além de onde conseguiriam ir sozinhos, motivando, questionando, orientando. Estudos revelam que quando o professor fala menos, orienta mais e o aluno participa de forma ativa, a aprendizagem é mais significativa (BACICH, MORAN, 2018). Tutor e Aluno As tarefas consideradas pelo tutor em PBL incluem: (FRISON, 2012) Definir o Clima: criar um ambiente propício para a aprendizagem auto-dirigida; Tratar os alunos como aprendizes adultos; Promover a cooperação e não a competição no trabalho de grupo; Esclarecer as necessidades de aprendizagem e ajudar os alunos a estabelecer objetivos de aprendizagem e estabelecer metas; Projetar um plano de aprendizagem: ajudar os alunos com planos e estratégias de aprendizagem; Envolver-se em atividades de aprendizagem para garantir que os alunos estão no caminho correto: estimular a elaboração de informações e ideias, orientar o processo de aprendizagem, estimular a integração do conhecimento, estimular o aluno de interação e responsabilidade individual, e facilitar a localização de informações. Os tutores devem atuar como facilitadores nas sessões PBL para ajudar os alunos a se tornarem solucionadores de problemas, para que eles possam assumir a responsabilidade de usar as habilidades desenvolvidas por conta própria. Assim como os tutores, os alunos também devem ter responsabilidades bem definidas para atuação dentro do processo de PBL. Abaixo estão listados os principais pontos de atenção para adequada atuação dos alunos: (FRISON, 2012) Trate todos os membros do grupo com respeito; Seja pontual em assistir a todas as sessões; Expresse abertamente seus pensamentos e ideias; Esclareça e questione suas compreensões; Ofereça feedback aos membros do grupo e aos tutores; Complete as tarefas totalmente e no tempo; Seja sensível às necessidades de aprendizagem de outros membros do grupo; Interaja com os demais membros do grupo; Assuma a responsabilidade pelo seu processo de aprendizagem Feedback Feedback é uma palavra inglesa que se refere ao processo de controlar um sistema reinserindo nele os resultados de seu desempenho ou acontecimento. Na década de 1940, o conceito de feedback era utilizado por engenheiros de foguetes com o intuito de realizar ajustes para alcançar objetivos e, desde então, vem sendo aplicado em diversos campos. Quando o feedback é utilizado para alterar o desempenho e a meta final de determinada situação ou atividade, ele faz parte e contribui para o processo de aprendizagem. (PEIXOTO, 2019) O feedback é entendido de diferentes formas. Algumas pessoas entendem que o retorno dado durante o feedback é uma combinação de comentários positivos com críticas construtivas, enquanto outras afirmam que o foco do retorno pode estar na observação dos erros (PEIXOTO, 2019 apud HUNUKUMBURE; DAS; SMITH, 2017; ARCHER, 2010). No contexto de uma aprendizagem ativa, “dar feedback” é enviar mensagens de retorno, com sentido bidirecional, dos docentes para os estudantes e vice-versa, com a finalidade de obter melhorias no processo, normalmente designado na literatura por feedback interativo. (SÁ, ALVES, COSTA, 2014) O feedback pode ser formal e informal. O informal é normalmente dado de forma oral, em conversa com o estudante ou grupo de estudantes. O feedback formal é dado nas avaliações previstas na planificação das disciplinas, onde o desempenho dos estudantes pode ser “medido”. (SÁ, ALVES, COSTA, 2014) Alguns estudos mostram que o feedback gera consciência da aprendizagem, pois ele mostra o resultado do que foi realizado comparando ao que era pretendido naquela atividade. Ele pode incentivar a mudança, estimular a prática reflexiva, orientar o indivíduo a adotar @jumorbeck comportamentos e reforçar repetição do acerto (PEIXOTO, 2019) Pode-se dizer que um feedback se torna eficaz quando se apresenta assertivo, respeitoso, descritivo, oportuno e específico. O feedback assertivo, é aquele que descreve os impactos e consequências do comportamento avaliado utilizando uma comunicação clara, objetiva e direta. Respeitoso, é quando acontece de forma compartilhada, ou seja, o professor e o estudante apresentam pontos concordantes que devem ser trabalhados, respeitando e entendendo suas opiniões. Ele é descritivo, quando as palavras são isentas de julgamentos e descrevem um determinado comportamento ou ação. Oportuno, quando é realizado no momento e local adequados e de forma reservada. E específico, quando os comportamentos avaliados são indicados de forma que o estudante entenda e reflita sobre o que foi bem desempenhado e o que necessita ser melhorado (PEIXOTO, 2019 apud ARCHER, 2010; ZEFERINO; DOMINGUES; AMARAL, 2007; HENDERSON; FERGUSON-SMITH JOHNSON, 2005). Na educação médica, a importância do feedback se estende além da pedagogia, ou seja, vai além dos contextos da academia, visando à formação política, social, ética e intervencionista do futuro médico. O objetivo do treinamento clínico é a expertise no cuidado dos pacientes e, se não houver feedback, dificilmente os erros serão corrigidos, o bom desempenho não será reforçado e as competências clínicas podem acabar segundo o empirismo (PEIXOTO, 2019 apud ENDE, 1983). Portanto, o feedback é um instrumento de motivação e aprendizagem na avaliação, que funciona como recurso para um momento de troca e comunicação entre os docentes e discentes, e no acompanhamento de crescimento pessoal. (PEIXOTO, 2019) O feedback apresenta-se como uma poderosa ferramenta de aprendizagem e, dependendo de como é realizado, pode ter impactos positivos e/ou negativos na performance do aprendiz e na eficácia da promoção dessa aprendizagem. (PEIXOTO, 2019) Alguns estudos (PEIXOTO, 2019 apud LEITE; NASCIMENTO;MATTEU, 2018; OLIVEIRA; BATISTA, 2012) referem que, dependendo da maneira como o feedback é fornecido, podem haver momentos de conflitos, pois o avaliado pode se sentir insultado ou injustiçado com o feedback recebido, ou podem surgir o sentimento de descrédito, por dificuldade do provedor do feedback em manter uma postura sincera e honesta. Assim o feedback fornecido de forma construtiva e positiva previne o conflito, estimula a reflexão crítica do aluno que segue buscando o aperfeiçoamento da sua prática. Docentes e discentes deveriam estar preparados para dar e receber feedback, pois ele promove o aprendizado, e consequentemente, pode aumentar a probabilidade para um efetivo desenvolvimento profissional e mudança da prática. A relevância do tema e sua importância na participação ativa da formação médica justificam o presente estudo. Artigo : Avaliação do feedbackcomo ferramenta de ensino e aprendizagem em um curso de medicina. Os questionários construídos pelas autoras com base na literatura revisada sobre o tema, foram desenvolvidos em plataforma digital e disponibilizados on-line. Eles foram compostos por assertivas objetivas e incluíram variáveis como perfil demográfico para caracterização do público alvo, perguntas direcionadas para verificar a frequência, qualidade do conteúdo e impacto do processo de feedback, além dos critérios (atenção, cuidado, objetividade, solicitação, oportunidade, especificidade, direção, afetividade, confirmação, compreensão) mais utilizados no provimento dos feedbacks. Com o intuito de dar um melhor sentido aos critérios utilizados no feedback, segue abaixo uma breve descrição, que foi utilizada nos questionários, indicando os significados de cada um desses critérios: Atenção - aquele que faz crítica deve ser um bom ouvinte e deve estar atento às respostas verbais e não verbais de quem as recebe. Cuidado - a crítica deve ser feita com máximo de cuidado para ajudar e dar suporte. Objetividade - a crítica deve ter bases claras, critérios coerentes, descrevendo a situação como foi compreendida. Solicitação - o participante que se mostra interessado em ouvir críticas estará provavelmente mais aberto a identificar as áreas que requerem atenção. Oportunidade - o retorno será oferecido na oportunidade que encontre a pessoa mais @jumorbeck receptiva e que seu desempenho ainda esteja na mente. Especificidade - a crítica precisa apontar como um desempenho pode ser potencializado ou mudado. Direção - o retorno deve ser dirigido aos comportamentos que podem ser mudados. Afetividade - aquele que faz a crítica deve expressar seus sentimentos para que o outro possa perceber o impacto de seu desempenho. Confirmação - deve-se buscar uma confirmação da percepção sobre um determinado desempenho do participante. Compreensão - deve-se assegurar que o participante compreendeu o retorno que foi feito. Participaram dessa pesquisa 200 estudantes, ativos academicamente, de todos os períodos do curso de graduação de medicina, vigentes no segundo semestre de 2018 (2, 4, 6, 8, 10 e 12º períodos); e 82 professores ativos academicamente nesse curso. Entre os estudantes, os cinco critérios que tiveram maior frequência, sendo considerados muito importantes, foram: objetividade (76,5%), cuidado (76,0%), atenção (70%), especificidade (69,5%) e compreensão (67,5%). Percebe-se também que a afetividade foi o único critério que recebeu nenhuma e pouca importância no provimento do feedback. Porém, o feedback envolve uma dimensão afetiva de particular importância, e quando a informação dada pelo professor se centra no próprio estudante, e não no seu desempenho, pode aumentar o medo do fracasso pelo estudante. Mas, se houver negligência da afetividade, pelo professor, os estudantes podem minimizar seus esforços, evitando os riscos das tarefas desafiadoras. Além disso, alguns autores afirmam que, o bom professor deve demonstrar competência pedagógica, científica, e nas relações de afeto entre aluno-professor. A forma como o estudante recebe o feedback influencia no sucesso do seu objetivo. Receber o feedback de maneira adequada requer maturidade, honestidade e compromisso com o objetivo de melhorar suas habilidades clínicas. Artigo: Aprendizagem Cooperativa e a Formação do Médico Inserido em Metodologias Ativas: um olhar de estudantes e docentes O presente estudo teve como objetivo geral explorar a percepção de estudantes e docentes sobre aprendizagem cooperativa em um currículo médico baseado em métodos ativos;. Na modalidade quantitativa, caracterizou-se o perfil de estudantes e docentes da Faculdade de Medicina de Marília (Famema) quanto a suas percepções no que tange à aprendizagem cooperativa instigada na esfera de metodologias ativas de ensino e aprendizagem (ABP e Problematização) em pequenos grupos na graduação. Ao serem indagados se havia contribuição significativa dos outros estudantes em sua aprendizagem nos grupos tutoriais e ciclos pedagógicos, a maioria nas quatro séries concordou com esta afirmação. Ao se deparar com a proposição que os colocava diante do papel do tutor em sua aprendizagem dentro das tutorias, a maioria dos estudantes da primeira série (75%) afirmou que considera preponderante o papel do tutor no processo tutorial. Na segunda série, 90% consideraram essencial. A terceira série teve a menor porcentagem de concordância (54%), enquanto 71% da quarta série concordaram. Assim, percebe-se que há valorização do papel do tutor/facilitador. De acordo com alguns autores, o tutor poderia ser definido como aquele profissional que ensina o estudante a aprender, sendo essencial num pequeno grupo pela sua experiência ao aconselhar, guiar e facilitar a construção o do conhecimento O feedback imediato por todos os elementos do grupo contribui com o desenvolvimento da aprendizagem de todos. Quanto à proposição segundo a qual no pequeno grupo percebiam mais cooperação do que competição, na primeira série, 37% concordaram; na segunda série, 54% concordaram; na terceira série,61% concordaram; e na quarta série, 67% concordaram. Parece que no primeiro ano ainda trazem fortemente em suas atitudes a competição, talvez porque tenham acabado de sair do vestibular, e, portanto, a experiência com os métodos facilita a cooperação entre eles. Segundo meta-análise de Albanese1 realizada para avaliar os efeitos da aprendizagem cooperativa em comparação com a aprendizagem competitiva, ações cooperativas trouxeram maiores benefícios na resolução de problemas (72,5%) @jumorbeck A cooperação pode promover habilidades importantes na formação do médico com melhor desenvoltura para questões psicossociais. Johnsonet al.7 propõem cinco componentes básicos para serem incorporados ao processo de ensino e aprendizagem para que haja aprendizagem cooperativa, tendo o professor como facilitador nesse processo. São eles: interdependência positiva, responsabilidade individual e grupal, interação face a face, habilidades interpessoais e grupais para manter um ambiente adequado ao aprendizado, e avaliação grupal. Vega Vacaet al destacam em seu trabalho que a aprendizagem cooperativa traz vários benefícios num contexto de trabalho em pequenos grupos: aumenta o rendimento, motivação e autoestima dos estudantes frente à aprendizagem individualista, desenvolve atitudes mais positivas em relação à aprendizagem e aos docentes, favorece a aceitação dos companheiros e desenvolve interdependência positiva. Estas percepções de aprendizagem mútua entre professores e estudantes também são encontradas no estudo de Freitas et al.16, ao afirmarem que a relação existente entre eles permite a troca de saberes, sendo condição indispensável ao processo ensino- aprendizagem, o que dinamiza o processo educativo e lhe dá sentido. Em suma, com base no entendimento de docentes e estudantes, concluiu-se que a aprendizagem cooperativa é eficaz em pequenos grupos e que traz benefícios sociais, cognitivos e psicomotores, sendo favorecida no âmbito de metodologias ativas e com a educação permanente, a qual, se implementada de maneira incisiva, pode gerar ferramentas úteis ao processo de ensino e aprendizagem. Referências COHEN, ELIZABETH G.; LOTAN, RACHEL A. Planejando o Trabalho em grupo: Estratégias para Salas de Aula Heterogêneas. 3º edição. Editora Penso, 2017. HARDINGHAM ALISON. Trabalho em equipe. São Paulo, Novel, 2000. PIANCASTELLI, Carlos Haroldo; FARIA, Horácio Pereira de; SILVEIRA, Marília Rezende da . O trabalho em equipe. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Organização do cuidado a partir de problemas: uma alternativa metodológica para a atuação da Equipe de Saúde da Família. Brasília: OPAS, p.45-50, 2000. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/O%20TRABALHO%20EM%20EQUIPE/ NAVARRO, ADRIANA SANTANA DE SOUZA; GUIMARÃES, RAPHAELLA LIMA DE SOUZA; GARANHANI MARA LÚCIA. Trabalho em equipe: o significado atribuído por profissionais da estratégia da família. Revista Mineira de Enfermagem, vol. 1, nº 17, páginas: 69-75, janeiro-março 2013. Disponível em: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/579 BACICH, LILIAN; MORAN JOSÉ. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem téorico- prática. Porto Alegre: Penso, 2018 e-PUB. Disponível em: https://curitiba.ifpr.edu.br/wp- content/uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-uma- Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf FRISON, LOURDES MARIA BRAGAGNOLO. Tutoria entre estudantes: uma proposta de trabalho que prioriza a aprendizagem. Revista Portuguesa de Educação, vol. 25, núm. 2, 2012, pp. 217-240 Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/rpe/article/view/3008 CONCEIÇÃO, CAIO V.; MORAES, MAGALI Aparecida Alves. Aprendizagem Cooperativa e a Formação do Médico Inserido em Metodologias Ativas: um olhar de Estudantes e Docentes. Revista Brasileira de Educação Médica, vol. 2, nº 42, páginas: 115-122, 2018. PEIXOTO, MARISA COSTA. Avaliação do feedback como ferramenta de ensino e aprendizagem em um curso de medicina. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, 2019. SÁ, SUSANA OLIVEIRAA; ALVES, MARIA PALMIRA; COSTA, ANTÔNIO PEDRO. O contributo do feedback na avaliação das aprendizagens no ensino superior. Atas Investigação Qualitativa em Educação, vol. 1, páginas 229- 233,2014 @jumorbeck
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