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Aula_08_-_História_Geral__História_Moderna_II

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1 
232 
 
AULA 08: História Moderna II 
 
 
 
 
 
Profe Ale Lopes 
Revoluções inglesas do Séc. XVII; Iluminismo; 
Independência dos EUA 
AULA 08 
FUVEST 
Exasiu 
Exasiu 
EXTENSIVO 
estretegiavestibulares.com.br 
 
Profe Alê Lopes 
Estratégia Vestibulares – Aula 08 – HM II - Revoluções do Séc. XVII e XVIII 
 
 
2 
232 
 
 AULA 08: História Moderna II 
Sumário 
 
1. Introdução ................................................................................................................. 3 
2. Inglaterra: rumo à América e às Revoluções do século XVII ........................ 7 
2.1 – Revolução Puritana ..................................................................................................... 13 
2.1.1 – O breve período republicano na Inglaterra ...................................................................... 14 
2.2 – Revolução Gloriosa .................................................................................................... 15 
2.3 – Ingleses na América do Norte .................................................................................... 19 
3. Iluminismo ............................................................................................................... 24 
3.1 – Liberalismo Político .................................................................................................... 27 
3.2 – Liberalismo Econômico .............................................................................................. 38 
4. Independência dos EUA ...................................................................................... 42 
5. Lista de Questões .................................................................................................. 52 
6. Gabarito ................................................................................................................. 100 
7. Questões comentadas ....................................................................................... 102 
8. Considerações Finais .......................................................................................... 231 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profe Alê Lopes 
Estratégia Vestibulares – Aula 08 – HM II - Revoluções do Séc. XVII e XVIII 
 
 
3 
232 
 
 AULA 08: História Moderna II 
Queridas e Queridos Alunos, 
Estou feliz por você continuar comigo em mais uma aula. Por isso, seja bem-vindo e bem-
vinda a mais uma aula para a qual você deve dedicar grande atenção. É sempre um grande prazer 
compartilhar com você nosso trabalho e ser parte de sua caminhada até a sua aprovação. É bom 
saber que você está dominando cada dia mais nossa disciplina! 
Nesta aula voltamos ao bloco da História Geral (HG), com a segunda e última aula de 
História Moderna. Falaremos sobre o fim do século XVII e boa parte do século XVIII – um momento 
cheio de transformações nos campos do pensamento, da política, da economia. Essas mudanças 
no campo das ideias, e do mundo prático também, ficaram registradas na histórica como o 
movimento do Iluminismo. A partir dessas transformações ocorreram as revoluções francesa e 
industrial, além de uma série de processos de independência política na América. Veremos esses 
assuntos nessa aula e nas seguintes. 
Perceba que a aula de hoje é a base explicativa para todos os processos que estudaremos 
daqui em diante, dessa forma, além de ela ter uma cobrança regular nas provas, ela é pré-requisito 
para uma árvore de assuntos com muita recorrência. Por isso, esteja muito atento e atenta, Coruja, 
ou melhor, Corujert, pois a esta altura você já é um mix de Coruja com Expert!! Preciso que 
você reflita e articule conhecimentos enquanto estuda. Preciso de você safo, ligado e muito ativo!!! 
Você precisa estar preparado para TUDO! Não esquece: “o segrego do sucesso é a 
constância no objetivo”. Vamos seguir juntos! Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! 
Eu vou te responder bem rapidinho. Ah, não tem pergunta boba, Ok? Vamos começar? Já sabe: 
pega seu café e sua ampulheta. Bora!! 
 
1. INTRODUÇÃO 
Se há uma palavra para sintetizar o mundo dos séculos XVII e XVIII essa é 
TRANSFORMAÇÃO. Ao longo desse período, uma série de acontecimentos e experiências 
econômicas e políticas contestaram as bases do mundo de então ou do “VELHO MUNDO”, qual 
seja: o Antigo Regime, que existiu entre os séculos XVI ao XVIII! 
Como veremos, os acontecimentos vividos na Inglaterra tiveram grandes desdobramentos 
no campo das ideias, da política e da economia no século seguinte. Você poderia argumentar 
comigo que todo acontecimento da história gera algum tipo de mudança. Contudo, não estou 
falando de fatores consequentes, simplesmente. Quero lhe dizer que, ao longo desse tempo, 
convergiram ideias e processos que forjaram AS BASES para a criação de um “NOVO MUNDO”, 
qual seja: O CAPITALISMO! 
XVII XVIII
 
Profe Alê Lopes 
Estratégia Vestibulares – Aula 08 – HM II - Revoluções do Séc. XVII e XVIII 
 
 
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 AULA 08: História Moderna II 
Esse novo mundo, cujo nome veio bem depois das próprias ideias e experiências que lhe 
deram forma, desenvolveu-se e consolidou-se ao longo de todo o século XIX, mas teve suas 
sementes germinadas no final do século XVII e no século XVIII. E não tenha dúvida: essas sementes 
foram de rupturas, muito mais que continuidades. Ou seja, esse novo mundo será estruturalmente 
diferente daquele que o precedeu. Vejamos alguns pontos. 
 
Articula comigo: 
Em geral, a estrutura de uma sociedade é composta por elementos que a sustentam, sem 
os quais ela desmoronaria. Assim, nas Ciências Humanas, especialmente historiadores e cientistas 
sociais, afirma-se que são 4 os elementos estruturantes de uma sociedade. 
Se liga na estrutura do Antigo Regime: 
 
Profe Alê Lopes 
Estratégia Vestibulares – Aula 08 – HM II - Revoluções do Séc. XVII e XVIII 
 
 
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 AULA 08: História Moderna II 
 
 
Assim, podemos dizer que o mundo do Antigo Regime era estruturado por (1) uma 
economia mercantilista, (2) por uma política absolutista, (3) por uma sociedade organizada em 
estamentos ou ordens, (4) dominada pela nobreza e sem liberdade religiosa. A ideologia ajuda a 
reforçar os demais elementos. 
Nas últimas aulas, falamos sobre como esse mundo do Antigo Regime substituiu o 
feudalismo e sob quais condições ele se desenvolveu e conquistou o mundo. Vimos a formação 
das monarquias absolutistas, a estruturação e o desenvolvimento do mercantilismo – inclusive sua 
dimensão colonial – e as lutas religiosas entre católicos e protestantes. 
Contudo, o próprio desenvolvimento do mercantilismo, e desse poder absoluto dos reis, 
acabou por gerar entraves à continuidade de uma economia que, com o passar do tempo, 
demandou outros instrumentos diferentes daqueles usados até então para expandir o comércio 
mundial. Veja a seguir o desenrolar desse processo: 
 Economia 
O protecionismo e a opressão colonial - com a intensificação de pactos coloniais não 
promoviam mais os ganhos que se esperava. Tornou-se urgente reinventar a economia, 
racionalizar o planejamento para atender às demandas crescentes. A experiência inglesa que 
vocês estudarão nesta aula é um ótimo exemplo sobre esse assunto. 
Como havia um contexto de estímulo às invenções para potencializar a produção, a 
realidade demandava investigações e pesquisas para novas técnicas e tecnologias. É nesse cenário 
que diversas experiências científicas foram realizadas. Quero destacar, na área da física, o exemplo 
da termodinâmica. 
 
 
Economia MERCANTILISMO
Política
ABSOLUTISMO
Classe 
politicamente 
dominante:
Organização 
social
ESTAMENTALIdeologia
A ideologia é um conjunto de 
ideias que, combinadas, justificam os 
outros elementos da estrutura da 
sociedade. No caso do ANTIGO REGIME: 
- Teoria do direito Divino do Rei 
- Homens se diferenciam no 
nascimento 
- Protecionismo e intervenção do 
Estado na economia 
- Intolerância religiosa – “um rei, 
uma fé, uma lei”.NOBREZA 
 
 
Profe Alê Lopes 
Estratégia Vestibulares – Aula 08 – HM II - Revoluções do Séc. XVII e XVIII 
 
 
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 AULA 08: História Moderna II 
 Política 
Do ponto de vista da política, no Antigo regime, o sangue e o desejo de Deus como as 
únicas formas de legitimar o poder absoluto de um governante – a teoria do direito divino do rei 
e a hereditariedade – também não respondiam mais à estrutura social e aos interesses políticos 
dos diversos grupos que se formavam entre os séculos XV e XVIII. A burguesia, por exemplo, 
enriqueceu-se muito, era muito ativa intelectualmente, mas não tinha representação política, ou 
seja, naquela velha lógica da legitimação divina e dos privilégios, ela nunca chegaria a compor o 
governo de um país. 
Por isso, o bolo do poder precisava ser fatiado, pois a cereja já não era suficiente para saciar 
a fome de acumulação de uma rica e empreendedora burguesia. As lutas entre o parlamento e o 
rei na Inglaterra foram expressões dessas tensões entre distintos grupos. Veremos isso nesta aula! 
Além disso, no cruzamento entre política e economia havia uma disfunção enorme entre 
riqueza/trabalho/representação política. De um lado, estava a nobreza que mandava em tudo e 
era cheia de privilégios e benefícios, sendo o principal deles a isenção fiscal. Por outro lado, 
estavam a burguesia e os trabalhadores e, mesmo os burgueses sendo os responsáveis por 
financiar o Estado e os privilégios dos nobres, não tinham poder político correspondente ao seu 
trabalho, investimento e riqueza. Ou seja, política e economia andavam divorciados e promoviam 
imensas desigualdades. As revoluções serão os choques de todas as contradições acumuladas em 
séculos! 
 Religião 
Quanto à religião e às ideias, as intolerâncias cometidas em nome de Deus, bem como a 
associação entre poder e religião, já haviam promovido muita violência – muito mais do que os 
cristãos poderiam suportar com sua fé. Era preciso dar espaço para que as pessoas vivessem suas 
crenças sem serem mortas por isso. Contudo, era importante também que a política e a ciência 
deixassem de responder aos ditames do papa ou do pastor. No contexto da busca por liberdades, 
a religiosa será importantíssima. 
Cuidado agora: Essa urgência de mudanças será ostensivamente combatida 
por amplos setores da Nobreza e da Igreja, afinal, o mundo estruturado tal como 
estava no Antigo Regime era o que legitimava e garantia que a nobreza e a Igreja 
Católica continuassem dominando as demais classes sociais, a economia, o 
pensamento, as crenças e tudo o mais que o rei imaginasse poder dominar. 
Essa classe social, associada à Igreja Católica, lutou até suas últimas forças contra as mudanças 
que se avizinhavam no século XVIII e mesmo depois, durante todo o longo século XIX. Por isso, 
tornou-se conservadora! 
Diante dessa Introdução, nesta aula, estudaremos as sementes para um novo mundo - as 
ideias e as primeiras manifestações dos efeitos delas. Na primeira parte abordo as experiências 
ocorridas na Inglaterra do século XVII e os reflexos na América do Norte. Na Segunda parte 
adentraremos o universo do século XVIII, muito mais tenso que o período anterior, e veremos o 
surgimento do Movimento Iluminista. 
 
Profe Alê Lopes 
Estratégia Vestibulares – Aula 08 – HM II - Revoluções do Séc. XVII e XVIII 
 
 
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 AULA 08: História Moderna II 
2. INGLATERRA: RUMO À AMÉRICA E ÀS REVOLUÇÕES DO SÉCULO 
XVII 
Neste capítulo, vamos estudar os desdobramentos do que já vimos sobre a consolidação 
da monarquia inglesa. Expliquei que os Tudor se consolidaram no poder com Henrique VIII, cujo 
reinado se estendeu de 1509 a 1547 (século XVI). 
Lembro de que um feito importante de Henrique VIII foi o Ato de Supremacia, o qual criou 
a Igreja Anglicana na Inglaterra e tornou o rei chefe religioso. Lembre-se de que a nobreza inglesa 
combatia a influência católica do papado (Roma) nas questões internas da Grã-Bretanha. 
 
Neste momento de nossos estudos, vamos aos detalhes da história inglesa, pois, conforme o 
historiador Christopher Hill1, os acontecimentos do século XVII são determinantes para, 
posteriormente, consolidar a Inglaterra como potência econômica no início do século XVIII e, em 
seguida, torná-la o berço da Revolução Industrial. 
Isso porque, durante os processos entre o final do século XVI e todo século XVII a Inglaterra 
acumulou uma riqueza imperiosa. Parte disso, explica-se pela colonização e, também, pelas 
revoluções inglesas. Também podemos associar o crescimento inglês aos acordos feitos com 
Portugal que asseguraram a riqueza do ouro brasileiro aos cofres ingleses. 
 
Bem, agora FOCO porque vou te encher de dados articulados e datas. Vai fazendo seus 
posts its . 
Após a morte de Henrique VIII, a configuração político-religiosa do território da Ilha da Grã-
Bretanha era a seguinte: 
• Inglaterra: predomínio do anglicanismo, reis anglicanos 
• Escócia: predomínio do calvinismo, embora com momentos de reis católicos (Rainha 
Mary Stuart, 1542) 
 
 
1 HILL, Christopher. O Século das Revoluções: 1603-1714. São Paulo: Ed. Unesp. 2012. 
 
Profe Alê Lopes 
Estratégia Vestibulares – Aula 08 – HM II - Revoluções do Séc. XVII e XVIII 
 
 
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 AULA 08: História Moderna II 
Na Inglaterra, quem governou a 
monarquia entre 1558 e 1603 foi a Rainha 
Elizabeth I (filha de Henrique VIII), a qual 
atingiu feitos importantes: 
 
 
 
 
 
 
1. Fortalecimento da política mercantilista 
2. Construção da uma forte frota para a marinha inglesa 
3. Exploração da América 
4. Invasão de colônias espanholas 
5. Carta de Corso (estímulo à pirataria em alto mar sob os navios de outras monarquias) 
Em vista dessas ações, a Rainha Elizabeth I foi responsável por consolidar o absolutismo na 
Inglaterra. 
Com efeito, as ações mercantilistas da Rainha Elizabeth I refletiam a aproximação da Coroa 
com a burguesia nascente. Esta camada da sociedade – assim como em outros países da Europa 
– era fundamental para financiar as monarquias absolutistas. Veja que isso foi importante, inclusive, 
para garantir o controle do monarca sobre os demais nobres que, vira e mexe, queriam o trono e 
essas “coisas” que vemos em filme (brigas pelo trono). 
Com o intuito de estreitar mais ainda os laços com os burgueses, Elizabeth I, em 1563, 
aprovou a Lei dos 39 Artigos. Essa lei, de caráter religioso, permitiu a liberdade para o 
puritanismo, que, na prática, era a versão inglesa do calvinismo. Os puritanos rejeitavam a Igreja 
Romana (católica) e a Anglicana, pois concebiam que o anglicanismo ainda possuía todos os vícios 
criticados pelo calvinismo. Vale lembrar que, em geral, os burgueses se identificavam mais com as 
religiões protestantes - na Inglaterra e na Escócia eram conhecidos como puritanos-, pois a prática 
do comércio de mercadorias era mais condizente com a doutrina protestante. 
Em certo sentido, essa articulação feita por Elizabeth evitou que a burguesia inglesa fosse 
perseguida por sua fé e, consequentemente, expulsa ou tivesse que abandonar a Ilha da Grã-
Bretanha. Anota isso aí, porque é muito importante! 
Em 1584, por sua vez, a monarquia inglesa inicia a exploração comercial das terras nas 
Américas. Ao mesmo tempo em que a Coroa não reconhece o Tratado de Tordesilhas (de 
inspiração católica, assinado pelo papa), ela ampliou o comércio marítimo e fundou a Colônia de 
Escó cia 
Inglaterra 
 
Profe Alê Lopes 
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 AULA 08: História Moderna II 
Virginia, na parte sul da América do Norte. Com isso, instalou-se as plantations de algodão. Foi 
um movimento em duplo sentido: 
1- reposicionar a Inglaterra na disputa internacional; 
2- ampliar a matéria-prima “algodão” para abastecer o mercado de tecidos ingleses. 
O algodão era um produto importante para as manufaturas de tecidos na Inglaterra. Por 
sinal, vimos em aula anterior que o Tratado de Methuen, entre Portugale Inglaterra, firmou a 
exclusividade do tecido inglês no comercio interno de Portugal. Com o aumento da procura, foi 
preciso buscar mais matéria prima. Sacaram a articulação da Rainha? Talvez por isso que, no jogo 
de xadrez, ela é peça chave, move-se para todos os lados. 
Além disso, a agressividade da política externa da Coroa inglesa fez com que a Incrível 
Armada de Felipe II, do Reino da Espanha, travasse uma batalha contra os ingleses no canal da 
Mancha. Ocorreu que os espanhóis foram derrotados!!!! 
Repare, então, que, com as somas de vitórias, o poder absolutista inglês se fortaleceu. Isso 
provocou consequências para a política interna do país, em particular, para relação entre a 
Monarquia e o Parlamento. É o que veremos logo mais... 
Com a Rainha Elizabeth I, então, a monarquia se fortaleceu e começou a se sobrepor ao 
parlamento inglês, mas sempre com muita habilidade política para garantir que o Parlamento 
endossasse suas decisões. 
Lembre-se de que, desde 1215 (assinatura da Magna Carta) a organização do poder na Inglaterra 
estava baseada na Monarquia Parlamentar, os nobres sempre tiveram muito poder e 
contrabalanceavam as tentativas de arbitrariedades dos reis. Mas durante o Governo dos Tudor, 
os monarcas conseguiram dominar e controlar o parlamento! 
 
Em 1603, Elizabeth I morre e não deixa herdeiros. É desse momento até 1714, que o 
historiador inglês Chirstopher Hill, no seu livro O Século das Revoluções: 1603 a 1714, argumenta 
o quão decisivo foram os processos desenvolvidos nesse período. Hill equipara esse período da 
história inglesa à importância da Revolução Francesa. Então, se liga! 
Antes de avançarmos, uma dica de filme: 
 
No mesmo período da Rainha Elizabeth I, na Escócia quem governou 
foi a católica Rainha Mary Stuart, entre 1542 e 1567. Como você não 
pode ficar bitolad@ só nos estudos tire um tempinho para assistir ao 
filme “Duas Rainhas”, lançado em 2018, e dirigido por Josie Rourke. 
O filme é mais focado na história da Rainha Mary Stuart, mas mostra 
claramente a relação, ora tensa, ora harmônica, entre ela e a Rainha 
Elizabeth I. Sem contar que Jaime I, filho de Mary Stuart será o 
indicado de Elizabeth I para assumir a sucessão do trono da Inglaterra. 
 
 
Profe Alê Lopes 
Estratégia Vestibulares – Aula 08 – HM II - Revoluções do Séc. XVII e XVIII 
 
 
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 AULA 08: História Moderna II 
Como adiantei com a dica do filme, após a Rainha Elizabeth I, Jaime I, à época rei da 
Escócia, assumiu o trono e, com isso, unificou a monarquia na Grã-Bretanha (Escócia + Inglaterra 
+ Gales). A partir dessa sucessão, os Tudor deixam de governar a Inglaterra e os Stuart ascendem 
enquanto dinastia mais importante em solo britânico. 
A dinastia Stuart, primeiro com Jaime I (1603-1625), depois com Carlos I (1625-1648), 
depois com Carlos II (1660) e, depois com Jaime II, aprofundou o controle sobre o Parlamento 
britânico. Mas não foi algo fruto de diálogos, concessões e acordos. Ao contrário, tentaram impor 
sua opinião e suas ideias utilizando sempre o argumento do direito divino da legitimidade 
sanguínea. 
Na verdade, desde a rainha Mary, os Stuart acreditavam fortemente nesse argumento e, de 
certa forma, secundarizavam a necessária articulação política para amenizar conflitos entre o 
parlamento e a monarquia. Para eles, sangue e religião estavam acima de tudo. Como 
consequência dessa postura, apareceram os conflitos entre poderes – na verdade um conflito 
entre setores da nobreza e da burguesia contra os reis - e, dessa forma, as revoluções inglesas. 
E como foram esses conflitos, Profe? 
Com Jaime I, de linhagem católica, adotou-se como modelo de monarquia o absolutismo 
francês, ou seja, o poder mais centralizado. Jaime I, na contramão da tradição inglesa de o 
Parlamento controlar o rei, impôs à política inglesa a tese do “direito divino dos reis”. A 
interpretação que Jaime I deu a essa tese foi da impossibilidade de o poder do monarca ser 
questionado uma vez que teria sido Deus quem o colocou no trono. Portanto, o Parlamento seria 
algo menor que ele – representante de Deus na Terra. 
Além disso, diferentemente da política articulada de Elizabeth I – com a nobreza e ao 
mesmo tempo com a burguesia – Jaime I passou a priorizar a nobreza de origem feudal, pois ela 
seria a mais apropriada para um tipo de corte aristocrática, tal como na França. Com efeito, 
cresceram os privilégios e isenções de impostos para os nobres. 
Ai ai ai , Profe, isso parece que não vai “dar bom” com os burgueses !!! 
Você tem razão, Bixo, até a nobreza mais aburguesada passou a entrar em atrito com o rei. 
Esse grupo social havia se especializado, por razões comerciais, em criação de ovelhas para a 
extração de lã, matéria-prima das manufaturas têxteis. Dependiam, portanto, das trocas 
comerciais via transporte marítimo e das transações da burguesia comercial. 
 
 
 
 
Profe Alê Lopes 
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 AULA 08: História Moderna II 
 Nesse contexto, no início do século XVII, essa nobreza aburguesada encontrou um 
aliado: a burguesia mercantil e aquela burguesia que via na produção têxtil um ótimo 
setor para investir pesado. 
Boa parte desses burgueses eram puritanos e, politicamente, estavam organizados 
na Câmara dos Comuns (uma das Câmara do Parlamento, a outra era a Câmara dos 
Lordes). 
Dessa forma, além do conflito político e econômico, um outro de caráter religioso também 
indicava uma convulsão à frente. Se liga!!! 
Em vista das iniciativas arbitrárias de Jaime I, o Parlamento inglês, sobretudo a Câmara dos 
Comuns, começou a adotar medias contrárias ao rei e aos interesses da Câmara do Lordes. Jaime 
I, então, como represália, passou a perseguir os puritanos, o que significava, também, perseguir a 
burguesia. Já sacou como a dinastia dos Stuarts estava fazendo inimigos? 
Assim, em 1620, parte dos puritanos fugiu para a América e fundou um novo tipo de 
colônia, mais autônoma em relação à Metrópole Inglaterra. Era a continuação da formação das 13 
colônias – ou, o que você conhece por Estados Unidos da América! 
Na época da chegada dos ingleses puritanos à América, já havia a colônia de Virginia. Como 
nesta colônia imperava uma lógica semelhante a um “pacto colonial”, isto é, a influência direta da 
Coroa inglesa nas terras conquistadas, os puritanos se instalaram em uma região onde pudessem 
ser mais “livres” do rei. Dessa forma, os puritanos fundaram no nordeste dos Estados Unidos 
(ainda não eram os Estados Unidos, hein?) a colônia de Plymounth. 
 
Com a morte de Jaime I, o filho dele, Carlos I, tornou-se rei em 1625. 
Agora, repare: Carlos I aprofundou a relação conflitiva com o Parlamento. Ele, de fato, quis 
copiar o modelo francês de monarquia (Corte de Luís XIII, na França) e suprimiu o poder 
parlamentar. Isso porque, na França, o Parlamento foi fechado pela monarquia. 
Com essa inspiração, Carlos I passou a desferir uma série de medidas à revelia do 
Parlamento, tais como: 
 
 
Profe Alê Lopes 
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✓ criação de impostos sobre a burguesia mercantil; 
✓ gastos com guerras inúteis; 
✓ prisões sem processos e julgamentos, inclusive contra nobres; 
✓ penas de morte contra seus inimigos políticos. 
Essa postura foi de encontro ao que, em 1215, fora estabelecido na Magna Carta, isto é, 
nenhum imposto seria criado sem o aval do parlamento e nenhuma pessoa (pelo menos da 
nobreza) seria presa, sem a aprovação do Parlamento. Hum, hum!!! Aí, querido e querida, só podia 
dar........ impeachment, você pensou impeachment!!! Mas não, ainda não existia esse tipo de 
mecanismo de controle de um poder sobre o outro. Até porque, reis não sofrem impeachment. A 
história demonstra que reis perderam, literalmente, a cabeça (pelo menos nos séculos XVII e XVIII). 
É o que veremos!! Acompanha aí... 
Umdos impostos criados por Carlos I foi um que sobrecarregou financeiramente o comércio 
marítimo, logo, atingiu em cheio a burguesia. 
Diante dessa tensão, em 1628, a Câmara dos Comuns elaborou uma Petição de Direitos 
exigindo que o rei cumprisse seu papel e respeitasse a Magna Carta de 1215. Pronto, foi a brecha 
que Carlos I precisava para fechar o Parlamento. Ele convocou o exército inglês e, então, realizou 
seu sonho de consumo: atuar como um “Luís” (os reis na França eram luíses, lembra-se?). Na 
verdade, não foi sonho, foi um golpe político mesmo. 
Entre 1628 e 1640 o Parlamento inglês ficou fechado. Na Inglaterra, até hoje, nas escolas 
se estuda esse período com a denominação de “O Grande Recesso”, uma alusão ao recesso 
parlamentar. 
Em suma, grave o seguinte, 
 
 
Golpe de Carlos I
Fechamento do 
Parlamento inglês 
entre 1628 e 1640
Crescente 
tensão com a 
burguesia 
(Câmara dos 
Comuns)
Inspiração no 
modelo francês 
de monarquia Aplicação da 
"teoria do 
poder divino 
dos reis"
 
Profe Alê Lopes 
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Nesse contexto, nem todos os nobres aburguesados, burgueses e protestantes em geral, 
aceitaram as arbitrariedades de Carlos I. Em 1640, a nobreza calvinista da Escócia se levanta contra 
a Coroa absolutista e reivindica a autonomia. Carlos I se viu diante de uma guerra civil em seus 
domínios e, para disputar a guerra, necessitou de recursos financeiros. Porém, o rei não tinha mais 
legitimidade e condições para arrecadar receitas (impostos) da população. 
Nossa que cena!! E o que ele fez, profe? 
Carlo I, então, após 12 anos de “Grande Recesso”, convocou o Parlamento na tentativa de 
obter recursos para a guerra e o apoio da burguesia. Em contrapartida, veio o troco: o Parlamento 
recusou tudo o que Carlos I solicitou. Com isso, o exército inglês sofreu uma derrota na Escócia, 
não conseguiu conter a revolta e complicou a vida de Carlos I. 
Mais uma vez, Carlos I se volta contra o Parlamento e, acusando os representantes ali 
reunidos de traição, determina um novo fechamento da Câmara dos Comuns e da Câmara dos 
Lordes. Porém, na Câmara dos Comuns, os burgueses, a nobreza aburguesada e todo mundo que 
já estava cansado da monarquia absolutista de Carlos I se rebelaram. 
Inicia-se uma guerra civil entre 1642 e 1648, conflito que ficou conhecido, não por acaso, 
como Revolução Puritana, liderada por Oliver Cromwell. 
 
2.1 – REVOLUÇÃO PURITANA 
Durante a Revolução Puritana, o embate físico assim ficou caracterizado: 
 
Os Cabeças Redondas - em certo sentido, também um exército do Parlamento-, liderados 
por Oliver Cromwell, venceram essa guerra. Cromwell era um membro de destaque na Câmara 
dos Comuns. Nesta frente parlamentarista, também havia o grupo dos Diggers e o dos Levellers. 
 
Cavaleiros 
(partidários da 
nobreza feudal e 
apoiadores do Rei)
Cabeças Redondas 
(exéricito da 
burguesia puritana e 
dos nobres 
aburguesados)
Diggers: defendiam o 
fim da propriedade 
privada.
Levellers: exigiam o fim 
dos privilégios feudais e 
direitos iguais
 
Profe Alê Lopes 
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 AULA 08: História Moderna II 
O fim da guerra civil, em 1648, terminou com a decapitação de Carlos I, a instauração de 
uma república e o fim da monarquia na Inglaterra. Fim da monarquia??? 
Sim, mas durante um pequeno espaço de tempo, pois, logo adiante, a força da tradição, 
nos termos do professor Arno J. Mayer2, impôs a restauração da monarquia. A república durou de 
1649 a 1658. 
Agora, repare no seguinte: a decapitação de Carlos I é simbólica, pois é o primeiro 
rei executado na onda que começará a se abrir na Europa entre os séculos XVII e 
XVIII. Uma execução feita por um Parlamento (viu só? Impeachment passava longe 
dos debates). Foi um recado no sentido de que o poder teria que ser 
descentralizado e a tese segundo a qual o “poder dos reis seria divino” era 
infundada. Na verdade, ficou comprovado que o poder dos reis emanava do povo. 
Por sinal, esses acontecimentos influenciaram as teorias iluministas, como a do pensador John 
Locke. Locke sustentou a tese do “direito à revolta” contra os governantes. Boa parte dos estudos 
políticos de Locke foi baseado na observação das revoluções inglesas. 
2.1.1 – O breve período republicano na Inglaterra 
O período republicano na Inglaterra teve à frente a liderança de Oliver Cromwell. Um dos 
feitos de Cromwell pró negócios da burguesia foram os Atos de Navegação, em 1651. 
Com essa medida, o transporte comercial no mar do norte (atlântico norte) passou a ser 
monopólio da Inglaterra, de modo que as mercadorias só podiam ser transportadas por navios 
ingleses. Consequentemente, houve o fortalecimento da marinha britânica. 
Interessante que a política 
favorável aos negócios marítimos dos 
ingleses acabou atingindo a Holanda. 
Desse choque, surgiu um novo 
confronto externo da Inglaterra: entre 
1652 a 1654, guerra contra a Holanda. 
Os ingleses saíram vitoriosos. 
No meio desse conflito, em 
1653, o Parlamento foi fechado 
novamente. Quem o fez foi Cromwell, o 
qual alegou medida de segurança por 
estarem em guerra contra Holanda. A 
guerra terminou, mas o Parlamento não 
foi reaberto. Parece ironia, mas o líder da revolução puritana, que lutou contra um rei que fechou 
o parlamento por duas vezes, agora ele mesmo fechava o parlamento. Ai ai esse gosto pelo 
poder....... 
 
2 MAYER, Arno J. A força da tradição- a persistência do antigo regime. São Paulo: Ed. Companhia das 
Letras, 1987. 
• Atos de 
Navegação
1651
•Fortalecimento 
da marinha 
mercante da 
Inglaterra
Monopólio do 
transporte 
marítimo-comercial
 
Profe Alê Lopes 
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 AULA 08: História Moderna II 
Cromwell faleceu em 1658, fato que levou a uma disputa pelo poder na Grã-Bretanha entre 
restauracionistas da monarquia e partidários da Revolução Puritana. Como saída para se evitar um 
novo banho de sangue, o Parlamento reconduz a monarquia ao poder. Em 1660, Carlos II, filho 
de Carlos I (o rei decapitado), membro da dinastia dos Stuart, assume o trono. 
Será que os Stuarts segurariam a onda agora, profe? Ou vão tentar ficar brincando de fechar 
parlamento de novo? 
2.2 – REVOLUÇÃO GLORIOSA 
Ao assumir o trono, o rei Stuart Carlos II passou a adotar posturas de centralização do poder 
e de restituição dos poderes absolutos. Parece que estava no sangue dessa família ficar brigando 
com o Parlamento!! Inclusive com um governo baseado no absolutismo católico, contrário, 
portanto, a doutrinas religiosas divergentes. Afinal, na França prevalecia a máxima da intolerância 
religiosa: “Um Rei, Um Povo, Uma Fé”. Seguindo a tradição Stuart, Carlos II achava que podia 
copiar os franceses. 
Nesse contexto, surgiram vários grupos políticos no parlamento inglês. Algo como 
organizações do tipo partidárias (mas que não se chamavam partidos) ou grupos de interesses. A 
divisão do Parlamento britânico ficou constituída da seguinte forma, observe o esquema: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os Whigs 
formado por membros da 
burguesia liberal e por 
puritanos. Contrários ao 
absolutismo católico 
 
Os Tories 
 formando pela nobreza 
conservadora (aristocrática) e 
por uma nobreza anglicana 
(olha, eles têm perucas brancas) 
 
 
 
 
Profe Alê Lopes 
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Após Carlos II (morto em 1685), seu sucessor, Jaime II, tentou restaurar de vez o 
absolutismo na Inglaterra: prendeu opositores e oprimiu os anglicanos. Governou por pouco 
tempo, de 1685 a 1689. Ele acabou enfrentando oposição tanto dos Whigs, quanto dos Tories. 
Observe a Imagem acima: a fim de conter Jaime II, entre 1688 e 1689, Whigse Tories se 
unem contra o rei e protagonizam a Revolução Gloriosa. Todavia, não foi uma revolução com 
guerras e conflitos armados. Foi mais uma reorganização do poder político e a confirmação do 
poder do Parlamento britânico. 
Jaime II foi deposto e, em seu lugar, o Parlamento colocou um rei protestante, Guilherme 
de Orange. Este era casado com uma das filhas de Jaime II, a Maria Stuart. Em 1869, Guilherme 
de Orange foi obrigado a assinar a Declaração de Direitos, mais conhecida como Bill of Rights. 
O novo rei, ao assinar o termo, assumiu o compromisso de que ele, nem qualquer membro 
de sua família (os sucessores), repetiria os erros da monarquia absolutista. Esses eventos, por sua 
vez, inauguram a construção da monarquia constitucional inglesa. 
Esses eram os termos da Declaração de direitos: 
 Liberdade religiosa; 
 Novas impostos, somente com aprovação do Parlamento; 
 Liberdade de imprensa; 
 Exército controlado pelo Parlamento; 
 Poder judiciário autônomo; 
 Voto censitário no Parlamento; 
 O rei passou a ter poder de veto sobre a Câmara dos Comuns. 
 
Então, veja: 
✓ os ingleses acabavam de “arrumar a casa”, isto é, resolveram seus conflitos internos 
e prepararam o arranjo político-institucional para o crescimento econômico (1714 em 
diante); 
✓ os ingleses já haviam derrotado as duas armadas marítimas mais fortes até então, a 
da Espanha e a da Holanda; os ingleses já estavam com um pé na América; 
✓ os ingleses estavam arrecadando riquezas de muitas fontes (comércio de tecidos, 
exclusividade de transporte marítimo, exploração das colônias, transferência do ouro 
de Portugal (do Brasil, na verdade), após os acordos comerciais de exclusividade), 
ampliação do mercado interno de manufaturas em solo inglês já na iminência para o 
ganho de escala de produção via “maquinofaturas”. 
 
De maneira bem sintética, tudo isso expressou um grande processo revolucionário. 
Agora, para a Inglaterra, o século XVII ainda ficou marcado pelo estabelecimento das 
colônias na América do Norte. Além da colônia da Virginia – produtora de algodão e território 
oficial dos negócios da Coroa, via companhias de comércio- e da colônia puritana, conforme 
 
Profe Alê Lopes 
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mencionado acima, também houve outras colônias. Vamos ver, então, o processo dos ingleses 
rumo à América. 
Antes, vamos praticar um pouquinho... 
 
(UFPR 2014) 
Na figura abaixo vemos à esquerda uma ilustração de Guy Fawkes, inglês católico morto em 
1605 após tentar explodir o Parlamento inglês na “Conspiração da Pólvora”, e um 
manifestante inglês usando a máscara de Guy Fawkes em 2011 (inspirada na graphic novel 
“V de Vingança”, transformada em filme em 2006) e portando um cartaz no qual se lê: “O 
povo não deve temer seu governo”. 
 
 
Sobre os contextos do século XVII e do século XXI em que a figura de Guy Fawkes aparece, 
identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas: 
( ) Guy Fawkes pertenceu a uma legião de opositores católicos à dinastia dos Stuart, que 
tentou estabelecer um regime absolutista na Inglaterra ao longo do século XVII. 
( ) Atualmente, o uso da máscara de Guy Fawkes mantém o ativismo católico do personagem 
original, ao defender a opção preferencial pelos pobres e uma teologia de libertação através 
do ciberativismo. 
 
Profe Alê Lopes 
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( ) Enquanto Guy Fawkes foi demonizado como traidor à Coroa inglesa desde o século XVII, 
atualmente as máscaras de Guy Fawkes representam a contestação ao autoritarismo e à 
injustiça, como no movimento Ocupe Wall Street e em diversos protestos pelo mundo. 
( ) Após a Conspiração da Pólvora, outras revoltas ocorreram no século XVII na Inglaterra, 
culminando na Revolução Puritana (1640) e na Revolução Gloriosa (1688), seja por questões 
religiosas, seja pelos cercamentos, seja disputa de poder entre a monarquia e o parlamento. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. 
a) V – F – F – V. 
b) F – F – V – F. 
c) F – V – F – V. 
d) V – V – V – F. 
e) V – F – V – V. 
Comentários 
O primeiro item é verdadeiro, pois Guy Fawkes era membro de um grupo de católicos 
radicais opositores ao Rei Jaime I. Veja que, neste caso, foi um brica entre católicos. Essa 
oposição aos Stuart, como vimos, cresceu por vários motivos: eram vistos como estrangeiros, 
pois, além de serem da Escócia, tiveram boa parte da educação conforme o modelo francês; 
aumentaram impostos; eram intolerantes com outras religiões; contrariaram a Magna Carta; 
perseguiam burgueses. O objetivo de Guy Fawkes era assassinar o rei com o uso de 
explosivos. O plano fracassou. Levado até Jaime I, que lhe perguntou o porquê da realização 
de um atentado que mataria tantas pessoas, ele respondeu: “Tempos desesperadores 
exigem medidas desesperadas”. Foi enforcado e esquartejado sob a acusação de traidor. 
Na atualidade, de fato, muitas pessoas usaram a máscara com a imagem em referência a Guy 
para simbolizar a luta contra injustiças. Mas, não há uma ligação com a teologia da libertação. 
Esta, uma vertente de católicos que pregam justiça social e democracia. 
A partir da resolução dos dois primeiros itens, chegamos ao terceiro, que é verdadeiro. 
Já o item IV exige um conhecimento histórico das revoluções inglesas e, como vimos, bate 
com o processo histórico. Item verdadeiro. V de...verdade. 
Gabarito: E 
(FUVEST 2014) 
As chamadas “revoluções inglesas”, transcorridas entre 1640 e 1688, tiveram como 
resultados imediatos 
a) a proclamação dos Direitos do Homem e do Cidadão e o fim dos monopólios comerciais. 
b) o surgimento da monarquia absoluta e as guerras contra a França napoleônica. 
c) o reconhecimento do catolicismo como religião oficial e o fortalecimento da ingerência 
papal nas questões locais. 
 
Profe Alê Lopes 
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d) o fim do anglicanismo e o início das demarcações das terras comuns. 
e) o fortalecimento do Parlamento e o aumento, no governo, da influência dos grupos ligados 
às atividades comerciais. 
Comentário 
Questão no alvo. Ou você sabe ou roda. As Revoluções Inglesas ocorridas a partir de 1640 
estabeleceram a Monarquia Parlamentarista na Inglaterra, fortalecendo o poder do 
Parlamento em detrimento do poder Real. Tais revoluções foram burguesas e, logo, 
influenciadas pela burguesia mercantil e pela nobreza aburguesada. 
Itens errados: 
a- Fala da Declaração de Direitos do Homem, documento fruto da Revolução Francesa. 
b- A assertiva aponta sentido oposto ao verificado na história. 
c- O catolicismo deixou de ser a religião oficial na Inglaterra desde a reforma Anglicana com 
Henrique VIII, no século XVI. 
d- Também o sentido oposto. Houve liberdade religiosa e aprofundamento dos 
cercamentos, ou seja, concentração fundiária. 
Gabarito: E 
2.3 – INGLESES NA AMÉRICA DO NORTE 
Para começar essa seção, quero chamar a atenção para que tenha cuidado com o tempo 
cronológico. Preste muita atenção que vamos dar uma “voltadinha” no começo do século XVII. 
Então, se liga nas datas para não ficar perdido e perdida. 
Quando pensamos no sistema mercantilista de exploração colonial, iniciado por Portugal e 
Espanha no século XVI, podemos dizer que, de certa forma, os ingleses saíram atrasados na corrida 
pelas riquezas das Américas. Os portugueses, espanhóis, franceses e holandeses já haviam tomado 
suas iniciativas. 
Ademais, a primeira tentativa efetiva de colonização inglesa, entre 1584 e 1587, fracassou. 
Os índios reagiram à tentativa de conquista e inviabilizaram a permanência dos colonizadores. 
Dessa forma, apenas em 1607, com a fundação da colônia de Virgínia a partir dopatrocínio 
de uma companhia de comércio, e autorizado pela Coroa Britânica, começou a ser viabilizada a 
presença inglesa na América do Norte. O modelo de produção na Virginia foi o conhecido Sistema 
de Plantation: monocultura produzida em grandes propriedades, com mão de obra escrava e 
voltada para a exportação. Nesse caso, grande parte do lucro era transferido para a Coroa. Ou 
seja, um típico sistema mercantilista de exploração colonial. Veja alguns produtos que foram 
produzidos: 
❖ Tabaco, muito consumido na Europa; 
❖ Corante índigo (anil) para abastecer a nascente manufatura têxtil; 
❖ Algodão, também para abastecer a produção de tecidos; 
 
Profe Alê Lopes 
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❖ Arroz. 
Vimos que Elizabeth I e, posteriormente, Cromwell fortaleceram a construção naval e o 
comércio marítimo. Esses governantes sabiam que bons frutos financeiros podiam ser colhidos 
com o fortalecimento do comércio. Nesse sentido, a criação das companhias de comércio na 
Inglaterra, além de demonstrar o apoio do governo a essa atividade, evidenciou a força que a 
burguesia comercial tinha. 
Lembre-se: politicamente, essa burguesia influenciava as disputas de poder na Grã-Bretanha, via 
representantes na Câmara dos Comuns, mas ela não se tornou classe dominante nos séculos XVI, 
XVII e até meados do XVIII. 
Além desse elemento mais específico ligado ao mercantilismo, outros fatores contribuíram 
para a colonização inglesa na América do Norte, ao longo do século XVI. Vou sistematizar alguns 
que, de certa forma, já abordamos na seção anterior, e outros são reforçados: 
 Desenvolvimento da burguesia vinculada aos negócios mercantis; 
 Perseguição aos puritanos, de modo que parte deles migrou para a América 
em 1620; outro grupo de protestante perseguido foi o dos quakers; 
 Os cercamentos das terras inglesas provocaram a expulsão de hordas de 
camponeses do campo para os centros urbanos. Com isso, parte da 
população desempregada migrou para a América; outra parte constituiria o 
proletariado das fábricas inglesas, décadas para frente. 
 Necessidade de monopolizar o mercado no atlântico norte e, para isso, foi 
preciso confrontar demais potências, como a Holanda; 
 
Assim, no século XVII, outras regiões foram conquistadas para investimentos na produção 
agrícola, como as colônias da Geórgia, Carolina do Norte e do Sul, Maryland e Delaware. Como 
nessas colônias o investimento era fruto da parceria entre investidores, burguesia comercial e 
Coroa Inglesa, os territórios eram controlados diretamente pela monarquia. Nessa porção do 
território a principal companhia de comércio atuante foi a Companhia de Londres. 
Já os refugiados religiosos, que se concentraram ao Nordeste do território, como na cidade 
de Plymouth, fundada pelos puritanos, possuíam mais autonomia. Assim como Plymouth, 
localizada na colônia de Massachusetts, outras também possuíam mais autonomia política. Essas 
regiões eram pobres e com baixo investimento agrícola, muito embora, os colonos atuassem no 
comércio marítimo. Aqui, predominou o trabalho da Companhia de Plymouth. 
Reforço que a condição de “autonomia” em relação à metrópole foi favorecida pelas crises 
políticas vividas na Inglaterra ao longo do século XVII. 
 
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De toda forma, tanto no Sul, quanto no Norte, a atividade prioritária era a exploração 
agrícola. Nesse sentido, o comércio triangular (América, Europa e África) foi praticado nas duas 
regiões, uma com mais controle da Metrópole, outra, com menos. Em específico, a região norte, 
conhecida como Nova Inglaterra, comercializava rum a partir do melaço obtido nas Antilhas. Com 
isso, trocavam por escravos na África e, em seguida, vendiam-nos às colônias do Sul3. Era uma 
forma de burlar as próprias Leis de Navegação da Inglaterra. 
 
 
 (UFMG 2007) 
Considerando-se as informações desse mapa e outros conhecimentos sobre o 
assunto, é correto afirmar que: 
A) as Antilhas britânicas, com uma economia 
basicamente extrativista, ocupavam um papel 
secundário tanto para os interesses metropolitanos 
quanto nos intercâmbios comerciais das colônias 
inglesas da América do Norte. 
B) as colônias inglesas do Norte e do Centro 
desenvolveram um intenso comércio 
intercontinental com as Antilhas, a África e a 
Europa, em detrimento das colônias inglesas do 
Sul, que estavam isoladas. 
C) o comércio intercolonial e intercontinental se 
desenvolveu nas colônias inglesas da América do 
Norte, apesar das tentativas, ineficazes, de 
 
3 DAVIDSON, Basil. À descoberta do passado de África. Lisboa: Sá da Costa, 1981. 
 
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aplicação das Leis de Navegação por parte da metrópole. 
D) os comerciantes metropolitanos compravam diversos produtos manufaturados da 
América Inglesa, onde a atividade fabril era intensa, em razão da abundância de matérias-
primas e de mão de obra barata. 
E) devido à colonização tardia da América pelos ingleses eles não obtiveram sucesso na 
exploração de produtos agrícolas. 
Comentário 
A questão trata do comércio triangular, também conhecido como comércio intercolonial 
porque era realizado pelas colônias. Em específico, a região norte, conhecida como Nova 
Inglaterra, comercializava rum a partir do melaço obtido nas Antilhas. Com isso, trocavam 
por escravos na África e, em seguida, vendiam-nos às colônias do Sul4. Era uma forma de 
burlar as próprias Leis de Navegação da Inglaterra. 
Gabarito: C 
Vamos esquematizar algumas diferenças entre as colônias do Norte e do Sul que se 
desenvolveram ao longo do tempo devido às funções que cada uma teve desde o início de sua 
instalação: 
 
 
4 DAVIDSON, Basil. À descoberta do passado de África. Lisboa: Sá da Costa, 1981. 
Atividade ao Norte
• Predomínio de colonos perseguidos em razão da religião. Mão de obra dos próprios colonos 
e também de trabalho escravo (negros africanos); Companhias privadas que atuavam 
independentes da Coroa.
Atividade ao Sul
• Predomínio do sistema de plantation (mão de obra escrava de negros africanos); 
Companhias vinculadas à Metropole. 
 
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Vejamos agora a divisão geográfica do que ficou conhecida como as Treze Colônias inglesas. 
Com a chegada de mais contingente 
populacional, um novo mercado interno passou a 
se formar. Ao Norte, o trabalho livre passou a ser 
predominante e, com isso, as relações de 
consumo aumentaram. A atividade manufatureira 
emergiu e o comércio se diversificou. 
A fiscalização efetiva dos ingleses sobre 
suas colonias somente passará a ocorrer no 
século XVIII quando, então, Inglaterra já terá 
superado suas crises e se tornará uma potencial 
mundial. A pressão da Metrópole será um fato 
que contribuirá para a guerra de independência 
da 13 Colônias inglesas na América do Norte e a 
fundação dos Estados Unidos da América. Mas, antes de chegarmos à independência dos 
americanos, vejamos mais transformações na Europa. 
 (FUVEST 1999) 
Pode-se dizer que o ponto de partida do conflito, entre as colônias inglesas da 
América do Norte e a Inglaterra, que levou à criação dos Estados Unidos em 1776, 
girou em torno da reivindicação de um princípio e de uma prática que tinham uma 
longa tradição no Parlamento britânico. Trata-se do princípio e da prática 
conhecidos como: 
a) um homem, um voto (one man, one vote); 
b) nenhuma tributação sem representação (no taxation without representation); 
c) Declaração dos Direitos (Bill of Rights); 
d) liberdade de religião e de culto (freedom of religion and worship). 
e) equilíbrioentre os poderes (checks and balances); 
 
Comentário 
Queridos, veja, desde 1215, com a imposição da assinatura da Carta Magna pelo rei João 
sem Terra, iniciou-se um processo de jogo de poder entre a monarquia e o parlamento. 
Desse momento em diante, a nobreza atuou no sentido de controlar o rei no que se refere a 
sua capacidade de intervir na economia quando se tratava de criar impostos. Assim, a 
tradição política inglesa consolidou essa máxima: “nenhuma taxação sem representação”. 
Isso foi utilizado pelos colonos ingleses na América e, acreditem, também foi usada no século 
XIX pelo movimento de trabalhadores chamado Cartismo que exigia a representação de 
trabalhadores no parlamento inglês. Decore isso, reflita sobre o significado político dessa 
tradição. 
 
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Gabarito: B 
3. ILUMINISMO 
Como vimos, no final do século XVII e início do século XVIII, o Antigo Regime acumulou 
muitas contradições do ponto de vista político, econômico e social. Quero ressaltar um ponto: as 
tensões envolvendo a burguesia, a nobreza e os monarcas, tal como acabamos de estudar no caso 
da Inglaterra. 
Nesse contexto, a burguesia (nas suas diversas frações/divisões – baixa, média ou alta 
burguesia) foi acumulando críticas sociais, teóricas, filosóficas, econômicas e políticas, canalizando-
as para uma postura de contestação aberta ao Antigo Regime e ao Estado Absolutista. Assim, ia 
construindo um instrumental teórico profundamente crítico que inspirou vários movimentos 
revolucionários no final do século XVIII. 
Esses instrumentais teóricos expandiram-se e constituíram um Movimento Intelectual que 
se iniciou na Inglaterra, no final século XVII – especialmente no contexto das revoluções puritana 
e gloriosa – e se expandiu para o resto da Europa e América ao longo do século XIX. Era o 
Movimento Iluminista! Veja alguns pontos importantes sobre o Iluminismo: 
 
 
Antes de vermos os principais autores que contribuíram para o desenvolvimento do 
Iluminismo, ou Esclarecimento, podemos conjugar alguns elementos centrais para pensar o 
Iluminismo como um Projeto de Civilização. 
 
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Realmente era isso que alguns iluministas propunham: a transformação dos homens e da 
sociedade por meio da ação racional do indivíduo. Immanuel Kant – nascido na Prússia em 1724, 
morreu em 1808) advogava a tese de que o homem poderia atingir a maioridade intelectual por 
meio da razão. Isso lhe permitiria viver e conduzir sua própria vida sem a intervenção de outra 
pessoa ou instituição. 
Dizia ele: “Ousa Saber! Tenha coragem de usar sua própria mente!” Para tanto a única coisa 
necessária era a liberdade! Veja o que ele diz: 
Para este esclarecimento, porém, nada mais se exige senão liberdade. E a mais 
inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso 
público de sua razão em todas as questões. Ouço, agora, porém, exclamar de todos os 
lados: não raciocinai! O oficial diz: não raciocinai, mas exercitai-vos! O financista: não 
raciocinai, mas pagai! O sacerdote proclama: não raciocinai, mas crede! (Um único 
senhor no mundo diz: raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre que quiserdes, mas 
obedecei!). Eis aqui - por toda a parte - a limitação da liberdade. Que limitação, porém, 
impede o esclarecimento? Qual não o impede, e até mesmo favorece? Respondo: o 
uso público da razão deve ser sempre livre e apenas ele pode realizar [A485] o 
Esclarecimento entre os homens.5 (grifos nossos) 
É verdade que, desde o Renascimento, a razão e a valorização do indivíduo estiveram no 
centro do desenvolvimento do pensamento filosófico. Leia o que a professora Cristina Costa 
leciona sobre o assunto: 
A ilustração, movimento filosófico que sucedeu o Renascimento, baseava-se na firme 
convicção da razão como fonte de conhecimento, na crítica a toda adesão obscurantista 
e a toda crença sem fundamentos racionais, assim como a incessante busca pela 
realização humana.”6 
 
Contudo, com o Iluminismo, formulou-se uma proposta para que o mundo se transformasse, algo 
como uma revolução civilizatória. Por isso, usa-se a figura simbólica da iluminação ou da luz. Assim, 
os iluministas pretendiam iluminar o mundo. Nesse sentido, muitos historiadores convencionaram 
apelidar o século XVIII de “Século das Luzes”. 
 
5 KANT, Emmanuel. Resposta à Questão: O que é Esclarecimento? Cognitio, São Paulo, v. 13, n. 1, 
p. 145-154, jan./jun. 2012, pp. 146-147. 
6 COSTA, Maria Cristina Castilho, Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São, Pauli: Editora 
Moderna, 2005, p. 44. 
 
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 “Mas planejar e projetar o futuro exigia a concepção de um tempo e de um 
espaço determinados, confirmando o nascente conceito de estado-nacional – 
um território soberano sobre o qual a burguesia reinava, imprimindo uma 
política que privilegiava o desenvolvimento econômico e as necessidades do 
mercado. A nação deveria se orientar por uma política que favorecesse a 
prosperidade e a acumulação de riqueza e que tivesse no indivíduo sua mola-
mestra. Um indivíduo liberto das marras do passado – da religião da fé, da culpa 
e do pecado, das oficinas de ofício, dos soberanos e sacerdotes -, mas pelo de 
desejos e expectativas de realização pessoal e de liberdade para agir, movimentar-se, gerir 
negócios e lucrar. 
Novos valores guiando a vida social para sua modernização, mais pesquisas e exploração de novos 
campos do saber, avanços técnicos, melhorias nas condições de vida, tudo isso somado produziu 
um clima muito otimista em relação ao futuro do homem, o que levou a esse surto de ideias, 
conhecido pelo nome e “ilustração”. Um movimento que propunha uma atitude curiosa e livre 
que se estendia tanto à elaboração teórica como à sistemática observação empírica. Que 
acreditava ser o conhecimento a fonte do saber, de realização e de satisfação para a humanidade. 
Que acreditava na evolução incessante do ser humano em direção a etapas cada vez mais 
avançadas de sua existência como espécie.”7 
 
Portanto, como 
parte do Projeto Iluminista, 
há um tripé que sustentou a 
elaboração teórica mais 
específica em cada área do 
conhecimento, vejamos: 
Essa é a base para uma das teorias 
mais importantes do século XIX até os 
nossos dias atuais: o LIBERALISMO! E, meus 
caros, o liberalismo é uma teoria bastante 
complexa que não se resume ao aspecto 
econômico. Ela teve, e tem, impacto no 
pensamento econômico, político, na área do direito, na concepção de república, democracia e 
cidadania. 
Como veremos ao longo dessa aula e das próximas, as teorias da ilustração tiveram a força 
de orientar a ação política e econômica dos atores sociais do século XVIII e XIX e, assim, 
 
7 COSTA, Maria Cristina Castilho, Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Editora 
Moderna, 2005, pp. 46-47. 
Indivíduo
RazãoLiberdade
 
Profe Alê Lopes 
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 AULA 08: História Moderna II 
estabelecer as bases do que viria a ser o Estado Capitalista na sua forma constitucional e 
democrática. 
Assim sendo, podemos estudar o iluminismo a partir dessa síntese fundamental que foi o 
liberalismo. Tendo em vista o tripé acima (razão, liberdade e indivíduo) podemos verificar as 
elaborações fundamentais nos campos da política e da economia. Nesse percurso veremos quais 
autores contribuíram para a formação do pensamento político e econômico liberal. 
3.1 – LIBERALISMO POLÍTICO 
O liberalismo político, como o próprio nome diz, é uma teoria política. Ela teve grande 
impacto no desenvolvimentoda revolução Francesa, como veremos ainda nessa aula. 
Tendo por base a ideia de que a sociedade é regida por leis naturais, um tanto quanto 
semelhantes àquelas que regem a natureza e a relação entre as espécies, os filósofos rejeitavam 
toda forma de controle político, quer seja de um rei, de um líder, de um grupo, de um chefe 
religioso. Qualquer intervenção impossibilitaria o homem de agir por si mesmo expressando a sua 
capacidade racional. Lembra de que a liberdade é condição para racionalidade? 
Veja o que diz John Locke (1632-1704) – um filósofo inglês, que 
viveu a experiência das revoluções inglesas do final do século XVII: 
“A liberdade natural do homem consiste em estar livre de 
qualquer ser superior na Terra (...), tendo somente a lei da 
natureza como regra (...)8 
 
Nesse sentido, podemos afirmar que havia uma clara oposição à ideia de legitimidade do 
poder divino do soberano, bem como à ideia de submissão do povo em relação ao monarca. No 
conflito entre Parlamento e Rei – que você já estudou nessa aula – vimos que um dos motivos que 
contribuíram para a derrota do rei foi sua “mania” de criar tributos sobre as propriedades sem 
que fosse autorizado pelo parlamento e, inclusive, fechar o parlamento. Está vendo, a intervenção 
do rei não se limitava apenas na vida das pessoas, mas também na sua propriedade. 
Contudo, a propriedade é compreendida como elemento decorrente da liberdade e da 
racionalidade. Embora ninguém nasça sendo dono de uma fazenda (salvo se for herança), nasce-
se livre, ou seja, dono de si mesmo. E é esta liberdade que pode levá-lo a ter posses para além 
do próprio corpo. Mais uma vez, leia um trecho de Locke: 
Se o homem no estado de natureza é tão livre, iguais e independentes, ninguém pode 
ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem sem seu 
consentimento(...) (grifos nossos) 
 
8 LOCKE, John. O segundo tratado sobre o governo. Petrópolis: Editora Vozes. 1999. 
 
Profe Alê Lopes 
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Caro, Bixo, observe o grifo do trecho acima. Perceba que o iluminista não nega a necessidade de 
um poder político acima dos indivíduos. O que não pode ocorrer é que este poder se estabeleça 
sem o consentimento do indivíduo ou da comunidade. 
 
Assim, a formulação a que Locke chega é a de que a legitimidade do poder vem justamente 
daquele que outrora foi oprimido: o povo!! São as pessoas que devem consentir que um entre 
eles governe ou que um colegiado legítimo faça leis. Então, tatua na mente: o poder emana dos 
indivíduos que o concede a um governante. 
Concluindo a ideia: o sistema de legitimidade passa do rei para os indivíduos! 
Isso não lhe parece óbvio? 
Afinal, quem colocou o governo 
brasileiro no poder? O povo!!! Foi o 
povo que concedeu por meio do voto 
seu consentimento para que uma 
pessoa pudesse governar. Imagina uma 
pessoa chegando ao poder dizendo 
que está lá e temos que obedecê-la 
simplesmente porque Deus quis. Quem 
aceitaria isso hoje em dia. Na sociedade 
ocidental, majoritariamente, o sistema 
eleitoral e a regra da maioria (maioria dos votos) são a chave para atribuir legitimidade a um 
governo! 
Mas, Profe, se o homem é tão livre e tão racional, o que o faria consentir um pedaço do seu poder 
a outras pessoas, seus representantes? Não deveria o homem exercer seu poder diretamente sem 
nenhuma intervenção? 
Bem, querido e querida, essa foi uma discussão grande entre os iluministas: por exemplo, 
a democracia deve ser direta ou representativa? 
Locke dizia que embora o homem seja livre por natureza, a fruição da liberdade é incerta e 
está permanentemente suscetível de obstacularização por terceiros, por isso, para evitar 
inconveniências que surgem na convivência entre muitos homens, ele se reúne em sociedade. 
Portanto, para garantir a proteção e a conservação de si mesmos, de sua 
liberdade, de sua vida e de sua propriedade ele se associa a outros 
indivíduos, por meio de um contrato, no qual estabelecem racionalmente 
limites para as suas ações. Veja como Locke define sociedade civil: 
 “Sociedade é uma associação para a conservação da vida, da liberdade e 
dos bens que chamo de propriedade.” 
INDIVÍDUO
REI
G
A
N
H
A
 L
E
G
IT
IM
ID
A
D
E
P
E
R
D
E
 L
E
G
IT
IM
ID
A
D
E
 
Profe Alê Lopes 
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Nesse estado, os homens gozariam dos chamados direitos naturais: vida, liberdade, igualdade e 
propriedade privada e para conservá-los estabelecem um contrato. Dessa forma a sociedade tem 
uma base contratualista!! 
 
Assim, a formação da sociedade tem uma base: um contrato social! É este contrato a 
“cartilha” que rege a vida das pessoas, das instituições e das famílias. O governante deve, ao 
governar, agir dentro das regras desse contrato e sempre observar e garantir os interesses comuns 
da sociedade. Por isso que, para Locke, os homens não devem governar diretamente, é preciso a 
figura do representante de todos os homens. Essa concepção é importante porque justifique a 
representatividade tanto via Parlamento, quanto via soberano (rei). 
Mas, Profe, e caso o governante extrapole o contrato, ou atue apenas para garantir o seu próprio 
interesse? 
Aí, nesse caso, meu caro futuro universitário e universitária, o povo detentor do poder 
originário pode derrubar o governante. Trata-se do que o Locke chamou de “direito à rebelião”. 
Direito esse que, como vimos no capítulo sobre Revoluções Inglesas, foi utilizado pelo Parlamento 
Inglês mais de uma vez. Cuidado aqui: quando o pensador inglês falava em rebelião ele não estava 
falando de pixar o banco, quebrar o orelhão, jogar uma bomba no parlamento ou fazer uma guerra 
civil. Rebelião, para Locke, é o ato de não aceitar o despotismo de um governante, nem de um 
parlamento. 
Nesse caso, as formas de atuação deveriam respeitar SEMPRE os direitos naturais de todos 
os homens: a liberdade, a igualdade, a vida e a propriedade. Por isso, as revoltas podem ser 
múltiplas, melhor ainda se forem sem derramamento de sangue, como ficou evidenciado no 
processo da Revolução Gloriosa que colocou um freio no despotismo dos reis ingleses. 
Leia o que o próprio Locke diz: 
(...) os homens jamais estarão ao abrigo da tirania se não tiverem os meios de escapar 
antes que ela os tenha dominado completamente. Por isso, não somente tem o direito 
de sair dela, mas de impedi-la. (p. 218) 
 
Agora veja, a vida e a liberdade são entendidas como naturais e pertencentes a todos os seres 
humanos, por isso, configuram-se como direitos naturais, os quais não podem ser separados ou 
retirados das pessoas, também são chamados de direitos inalienáveis (inseparáveis). 
 
Profe Alê Lopes 
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Conforme a filosofia iluminista se 
desenvolveu, ela acabou por influenciar as 
subáreas das Ciências Humanas. Uma delas foi a 
das ciências jurídicas e a partir dessa noção de 
direitos naturais estabeleceu-se a ideia de direitos 
civis e políticos. Segundo essa concepção teórica, 
as pessoas tinham, e têm, direito ao exercício dos 
seus direitos civis e políticos. 
Assim, os iluministas desenvolveram 
uma compreensão diferente sobre a relação 
entre governantes e governados. Segundo a 
teoria, os indivíduos passam de uma 
condição de submissos ao poder do 
governante para outra de detentores 
originários do poder. Ou seja, de súditos as 
pessoas passam a ser compreendidas como 
cidadãs. Note que isso é radicalmente 
diferente da “teoria do direito divino dos 
reis”. 
Essas formulações de Locke receberam a concordância de vários filósofos da época, por 
isso, podemos generalizá-las e dizer que são características dos aspectos do liberalismo político. 
Contudo, algumas delas, sobretudoas sobre a função da sociedade e a natureza da propriedade 
privada foram contestadas pelo filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). 
Como um dos mais ferrenhos críticos de sua época, Rousseau quis entender a desigualdade 
real entre os homens. Para compreendê-la foi estudar as organizações sociais na história e chegou 
à conclusão de que a propriedade não era um direito natural, assim como o eram a liberdade e a 
igualdade. Ao contrário, a propriedade seria a provocadora de toda a desigualdade e injustiça na 
Terra. Basta pensar na expulsão dos camponeses quando começaram os cercamentos na 
Inglaterra e a extinção das propriedades comunais. 
Além disso, o filósofo suíço (ele não era francês) – que circulou por toda a Europa e pelos 
principais centros de difusão do pensamento crítico - não acreditava que a sociedade era algo 
positivo, embora necessária. Ele dizia: o homem nasce livre, mas a sociedade o corrompe. 
Alguns estudiosos do iluminismo disseram que ele foi o mais crítico entre os pensadores da 
época e seu pensamento deu base para as ideias contestatórias ao próprio liberalismo e ao 
capitalismo que se desenvolveram ao longo do século XIX. 
 
•Obediência e 
Obrigação.
•Ex. Obedecer ao rei 
e pagar impostos
Súditos
•Deveres
•Direitos civis e 
políticos
Cidadãos
 
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Mas o próprio Rousseau admitia que, naquela etapa de desenvolvimento da sociedade, 
talvez não fosse mais possível viver como antes, no estado de natureza igualitário. Logo, o contrato 
social era uma necessidade. Além disso, ele considerava que o povo deveria exercer a democracia 
direta, governar sem representes. 
Podemos, então, sistematizar: 
 De um lado, havia iluministas defensores da representatividade, como Locke. Veja o 
que ele dizia sobre Poder Legislativo: 
 
Se o legislativo ou qualquer parte dele compõe-se de representantes escolhidos pelo 
povo para esse período, os quais voltam depois para o estado ordinário de súditos e só 
podendo tomar parte no legislativo mediante nova escolha, este poder de escolher 
também será exercido pelo povo.9 
 Do outro, pensadores – como Rousseau- defensores do exercício direto da política 
pelos cidadãos (democracia participativa). 
Assim, querida e querido aluno, independentemente do debate teórico entre esses dois 
iluministas, podemos dizer que o contrato social era justamente o que limitaria o poder e a 
 
9 LOCKE, J. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultual, 1973, p. 101. 
 
 
“O primeiro que, AO 
CERCAR UM TERRENO, teve a 
audácia de dizer ISTO É MEU e 
encontrou gente bastante 
simples para acreditar nele foi o 
verdadeiro fundador da 
sociedade civil.” 
“Quantos crimes, guerras e 
assassinatos […] teria poupado ao gênero 
humano aquele que, arrancando as estacas 
e cobrindo o fosso, tivesse gritado a seus 
semelhantes: 
‘Não escutem esse impostor! 
Estarão perdidos se esquecerem que os 
frutos são de todos e a terra é de ninguém”. 
 
Profe Alê Lopes 
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liberdade dos homens, mas lhe garantiria, ao mesmo tempo, alguma segurança e estabilidade 
para planejar a busca pela sua felicidade. O ponto comum entre Locke e Rousseau é o pacto social 
por meio de um contrato. 
Mas, Profe, o que seria esse contrato, como as pessoas fariam isso? 
Bem, o contrato social é a teoria das regras básicas de convivência. Ele é um pressuposto 
aceito pela consciência social geral da sociedade civil e deve ser aceita por quem quiser fazer 
parte dela. Para além da elucubração teórica, o contrato é a CONSTITUIÇÃO de um Estado. 
Aquela Carta Magna que determina quais direitos e deveres dos cidadãos. 
Isso foi um grande passo no sentido de 
enfraquecer o poder absolutista de alguns monarcas que 
eram ou pretendiam ser absolutos e estar acima, 
inclusive, da sua corte, conselho ou parlamento – como 
vimos no caso inglês. Houve grandes conflitos para que 
essas teorias tomassem forma concreta. 
A história nos ensina que surgiram a Monarquia 
Constitucional e a República (parlamentarista ou 
presidencialista). Ao longo da história, veremos que a 
Monarquia Constitucional apareceu como um “meio 
termo” entre o velho poder da nobreza e o novo poder 
da burguesia. Conforme o liberalismo avançou no mundo, 
em algumas situações, a república foi escolhida como 
forma mais acabada de poder soberano do povo. A 
experiência inglesa ilustra a opção pela Monarquia 
Constitucional e o desenvolvimento do liberalismo na 
França e nos EUA representa a opção republicana. 
 
 Agora, veja, estava claro para os iluministas que o poder absolutista não deveria estar 
concentrado nas mãos de uma única pessoa, seja qual fosse a justificativa. Assim, o poder deveria 
estar dividido em esferas. A partir do que estudamos até agora, sabemos que há o rei e o 
parlamento e que ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX surgiram a Monarquia Constitucional e a 
República. 
Portanto, podemos falar que o parlamento é a esfera do poder legislativo e a esfera do 
poder executivo fica a cargo da Monarquia ou do chefe da República (Primeiro Ministro ou, 
futuramente, o Presidente). Sacou? 
Mas qual era a função de cada uma delas, Profe Alê? 
1- Parlamento: função legislativa, ou seja, fazer leis que regulam a sociedade. 
2- Monarquia Constitucional ou República: executar as leis elaboradas pelo parlamento. 
Hoje em dia, em alguns países a depender do que determina a constituição, o poder 
 
Profe Alê Lopes 
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executivo pode propor algumas leis. Só para vocês ficarem informados, no Brasil, o 
governo federal propõe as leis orçamentárias, ou seja, quanto vai gastar com o que, 
entre outras possibilidades de iniciar o processo legislativo. Aí os projetos de lei vão 
para o Congresso e os deputados e senadores podem modificá-los, aprová-los ou 
rejeitá-los. 
 
Mas, queridos e queridas, está faltando um poder, qual mesmo? O judiciário!!!!! 
Agora quero que vocês relembrem a experiência das revoluções inglesas. Lembra de que 
entre as determinações do Bill of Rights o rei ficava impedido de mandar matar alguém sem o 
consentimento do Parlamento? 
Pois bem, geralmente, o poder de julgar era do rei. Na idade Média era do Tribunal da 
Santa Inquisição, e até mesmo do senhor feudal. Logo, em muitos momentos ao longo da idade 
média e da moderna, quem exercia a justiça e o papel de juiz eram pessoas que detinham outros 
poderes. 
O desenvolvimento do sistema judiciário é fruto do próprio desenvolvimento do 
liberalismo. Os iluministas retomam o direito clássico romano (veremos isso durante o Governo de 
Napoleão Bonaparte). Consolida-se a ideia de que o acusador não pode ser o julgador, de que 
aquele que faz a lei e a executa não poderá julgá-la. Com isso, nascerá o contemporâneo sistema 
de justiça que passará a exercer o poder judiciário. 
Cuidado, cada país organiza seu sistema de um jeito, mas, em geral, prevalece essa 
perspectiva da separação do poder em 3 esferas sendo cada uma delas harmônicas e 
independentes entre si. Para o vestibular você não precisa ir a fundo nessa discussão, pegue o 
sentido geral do movimento da história. 
 
(Unicamp 2012) 
O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor 
dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, 
é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. 
(...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma 
sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um 
só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo 
e seu chefe. Trata-se, caso sequeira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela 
não existe bem público, nem corpo político.” 
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.) 
 No trecho apresentado, o autor 
a) argumenta que um corpo político existe quando os homens se encontram associados em 
estado de igualdade política. 
b) reconhece os direitos sagrados como base para os direitos políticos e sociais. 
 
Profe Alê Lopes 
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c) defende a necessidade de os homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos 
políticos. 
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se 
submeterem a um único senhor. 
Comentários 
Rousseau foi um dos mais destacados iluministas, tendo publicado diversas obras, sendo que 
Do Contrato Social é a mais analisada e difundida. Discute a organização do poder como 
expressão da vontade da sociedade, criticando o modelo absolutista de sua época e 
defendendo a organização social para a formação do governo, que deve representar o povo. 
A expressão “direito sagrado” que aparece no texto não deve ser tomada como base 
religiosa do autor, mas como a ideia de um direito básico. Uma das marcas de Rousseau, na 
verdade, do pensamento iluminista é a combinação entre liberdade e igualdade no exercício 
da política. Nesse sentido, a letra é nosso gabarito. 
Repare que a alterativa B desvirtua o próprio argumento do autor, pois ele afirma que a 
ordem social é um direito sagrado que serve de base para os demais. 
Sobre a questão da escravidão, para Rousseau ela é nula e ilegítima, simplesmente por ser 
um absurdo. Rousseau entende que as palavras escravidão e direito são contraditórias entre 
si. Contudo, no trecho do enunciado da questão, a reflexão do pensador não abordar a 
temática da escravidão na América. 
Gabarito: A 
Um bom caso para entendermos essa separação entre os poderes é o caso de Sérgio Moro, no 
Brasil, em 2019. Sérgio Moro foi um juiz que julgou muitos casos de escândalo de corrupção e, 
por isso, ficou muito conhecido no Brasil. Em um certo momento, ele foi convidado pelo 
Presidente da República a ocupar um Ministério no poder executivo. Logo, Sergio Moro precisou 
deixar o poder judiciário para assumir o exercício de cargo no poder executivo. Percebem a teoria 
da separação de poderes por trás da prática? Quem executa a lei, não a julga. O mesmo ocorre 
quando um deputado é convidado a assumir um cargo no poder executivo. Ele deve, antes da 
posse, se afastar do cargo no poder legislativo para exercer sua função no poder executivo. Não 
se trata simplesmente de ética do serviço público, mas da teoria da separação dos poderes 
colocada em prática. 
 
O pensador que sistematizou essas ideias foi o Barão de 
Montesquieu (1689-1755). Sim, era um nobre pensador! A obra-prima 
de Montesquieu é o livro O espírito das Leis, que tem quase 800 
páginas. Muitos dizem que ele é, de certa forma, não apenas um 
filósofo preocupado com as ideias e os tipos ideais, mas com a política 
de fato. Algo que hoje em dia chamaríamos de “real politycs”. 
 
Profe Alê Lopes 
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Assim, sua preocupação se estendeu para além da fundação da sociedade civil, ou da 
origem do homem – como debateram Hobbes, Locke e Rousseau. Montesquieu preocupava -se 
com o modo como a sociedade e a atividade política são organizadas todos os dias e, portanto, 
como as leis repõem novos contextos. Por isso mesmo ele deu mais concretude à teoria da 
separação entre os poderes. 
Além disso, também contribuiu para os ensinamentos sobre o que são os regimes políticos. 
Ele estudou e escreveu sobre 3 tipos de governos aos quais poder-se-ia atribuir um princípio 
específico para cada: 
➢ Despóticos: TEMOR = só sobrevive pela paixão dos governados que impõe medo 
aos que não são apaixonados; 
➢ Monárquicos: HONRA = motor que move a monarquia; 
➢ Republicanos: VIRTUDE = amor à pátria e à igualdade. 
 
Queridos, um alerta: você não tem que concordar ou discordar dos autores 
iluministas. Apenas deve entendê-los no seu tempo histórico, e tentar perceber 
quais elementos dessas teorias formuladas no século XVIII ainda podem ser 
verificados no nosso cotidiano em pleno século XXI. Montesquieu, por exemplo, 
falou de República, mas veja, ele morreu em 1755, não viveu nem a experiência da 
Independência dos Estados Unidos da América e nem da Revolução Francesa. É 
obvio que as mudanças do tempo podem, e devem fazer a ciência revisar os argumentos dos 
autores. Mas tenhamos sempre a noção de que não se joga fora o que foi escrito. Aprendemos, 
refletimos, atualizamos e criamos outras teorias. Isso é Ciência!!!!!! 
Bem, sua parte como vestibulando para no “aprendemos e refletimos”, hehehe, depois que você 
for um universitário pode escrever o que quiser. Agora, bora treinar esse conteúdo todo!!!! 
 
Harmônicos e 
Independêntes 
entre si
Poder 
executivo
Poder 
Legilativo
Poder 
judiciário
 
Profe Alê Lopes 
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Falta-nos falar de um tema importante quando tratamos de iluminismo: a tolerância 
religiosa e laicidade do Estado. 
Evidentemente, depois de tratarmos sobre liberdade e igualdade, podemos pensar que a 
liberdade religiosa é uma consequência da livre razão dos homens. É exatamente assim que os 
iluministas encaram a noção da crença: como algo do foro íntimo. 
Portanto, política e religião não se misturam. Até porque, quando misturados, 
principalmente após inúmeras experiências em que reis viraram chefes religiosos, o poder 
absoluto se potencializa. Nesse sentido, o iluminismo foi decisivo para a compreensão não apenas 
do direito individual ao exercício das crenças, como da laicidade do Estado. Na verdade, para que 
haja a liberdade individual de crença é necessário que o Estado seja religiosamente neutro, ou 
seja, laico. 
Vejamos a arquitetura do argumento: 
Ponto 1: se as pessoas são dotadas de razão para fazer suas escolhas individuais, 
significa que cada um pode acreditar em quais doutrinas lhe sejam mais adequadas. 
Nesse sentido, haveria a existência de centenas, milhares delas. Certo, entendido?! 
Ponto 2: ao Estado cabe a segurança e garantia dos interesses comuns à sociedade. 
Logo, como o Estado vai impor uma religião única? Isso quebraria o ponto 1, da liberdade 
individual. Então é preciso uma técnica política. Qual seria a técnica política para garantir a 
segurança de todos no momento de exercer seu livre direito de crer? A resposta para essa 
pergunta é a fórmula da laicidade do Estado. Sacaram, Corujerts? 
O autor que mais contribuiu para o tema da tolerância 
religiosa foi Voltaire (1694-1778), filósofo e dramaturgo. Ele entendia 
que a razão era um guia infalível para chegar a Deus e, assim, 
defendia a crença em um ser supremo e universal que fez a todos 
igualmente. Portanto, como forma de governo ele defendia um 
governo esclarecido – iluminista. Para ele não importava se era 
monarquista, republicano, burguês ou nobre, desde que fosse 
esclarecido. 
Esse argumento de Voltaire se explica porque ele era um 
grande crítico dos costumes, vaidades, inveja e mesquinhes da sociedade da época. Em nome de 
Deus e do poder, tudo isso? Era o que se perguntava o dramaturgo cujas críticas lhe renderam 
duas prisões na Bastilha – prisão política francesa. Além disso, para este pensador a tolerância é 
racional. 
Dessa elaboração nasce a noção de Governo de Despotismo Esclarecido, do qual o 
Governo de Marquês de Pombal à frente da administração de Portugal é um exemplo. Além dele, 
podemos citar: José II, rei da Áustria, Catarina II, czarina da Rússia, Frederico II, kaiser da Prússia 
e Carlos III, rei

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