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Objetivos Módulo 1 Módulo 2 Diversidade e Design Prof. Hely Costa Júnior Descrição Um diálogo entre o design e a diversidade em seus mais diversos aspectos: a diversidade cultural, a diversidade étnico-racial, a diversidade de gênero e a inclusão social por meio do design. Propósito Compreender como o design pode dialogar e relacionar-se com a diversidade é essencial para todos os profissionais da área. Quando consideramos e incluímos a diversidade em nossos projetos, praticamos a empatia, mudamos nossas mentalidades, revemos nossas prioridades, entendemos as motivações e as dores dos outros e, sobretudo, podemos criar artefatos, produtos e serviços centrados no ser humano. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ecc/02396/index.html?brand=estacio Diversidade cultural Compreender os conceitos básicos relacionados à cultura e à diversidade cultural. Acessar módulo Diversidade de gênero Reconhecer a importância dos estudos de gênero e sua aplicação no campo do design. Acessar módulo Módulo 3 Diversidade étnico-racial Identificar que o racismo é um problema de todos e devemos lutar para combatê-lo. Acessar módulo Módulo 4 Ações afirmativas e diversidade no campo do design Analisar como a diversidade pode potencializar os mais diversos projetos de design. Acessar módulo A diversidade é um assunto cada vez mais recorrente nos dias de hoje, mas você sabe o que significa e como incluir a diversidade no seu trabalho de design? Trata- se de uma discussão extremamente importante e com muita relevância social! Como futuro designer, você será um dos agentes responsáveis por ações que influenciam na promoção da diversidade e no combate à exclusão social. Ao consultarmos um dicionário, veremos que diversidade diz respeito à multiplicidade, aquilo que é diverso, que apresenta pluralidade e foge da homogeneidade. No contexto social, a diversidade diz respeito à convivência pacífica de indivíduos diferentes, seja em relação à etnia, ao gênero, à orientação sexual, à cultura etc. Trabalhar com diversidade, entretanto, nem sempre é fácil, pois há várias estruturas sociais que impedem ou atrapalham o acesso de determinadas pessoas ou grupos terem a certos espaços e oportunidades. A opressão, a marginalização e o preconceito são alguns desses fatores. Os sistemas culturais moldam indivíduos e comportamentos, determinam os papeis socias, como deve ser a aparência dos indivíduos, qual a sua posição na sociedade, a orientação sexual e vários outros atributos que, muitas vezes, fogem ao controle gerando o sentimento de inadequação e inadaptabilidade. Nestes módulos, discutiremos sobre etnocentrismo, diversidade cultural, raça e etnia, racismo, gênero, ações afirmativas e inclusão por meio do design. Esses são temas fundamentais para refletirmos e incluirmos em nossos projetos. Vamos lá, transformar o mundo? Introdução 1 Diversidade cultural Ao final deste módulo, você será capaz de compreender os conceitos básicos relacionados à cultura e à diversidade cultural. Etnocentrismo Fotografia da antropóloga Ruth Benedict. Para a antropóloga americana Ruth Benedict (2013), a cultura é como uma espécie de lente que usamos e através da qual vemos o mundo ao nosso redor. Assim, pessoas de culturas diferentes enxergam o mundo através de lentes diferentes, porque trazem consigo a herança cultural desenvolvida ao longo do tempo, por várias gerações, e isso interfere diretamente em nossas apreciações morais, nossos valores, nossos comportamentos sociais, posturas etc. Portanto, vemos o mundo através da nossa cultura e pessoas de culturas diferentes das nossas veem o mundo através de uma cultura também diferente da nossa, o que resulta em visões diferentes e muitas vezes desencontradas. Podemos demonstrar através de um exemplo da cultura brasileira Quando nós, brasileiros, encontramos com um amigo ou conhecido, costumamos cumprimentá-lo com beijos e abraços! Em alguns lugares como São Paulo, Paraná e Roraima, as pessoas cumprimentam com apenas um beijinho. Já em As diferenças, nesse caso, são pequenas, mas e se nos compararmos a outras culturas? No Japão, a forma mais tradicional de cumprimento é a reverência oriental, na qual as pessoas se curvam levemente para frente, sem se tocar e sem contato visual, demonstrando respeito, perdão e gratidão. Em determinadas culturas do sul do Oceano Pacífico, o comprimento de alguns povos consiste em pegar a mão da outra pessoa e acariciar o próprio rosto. Na Nova Zelândia, é costume entre o povo da tribo maori tocar as testas, esfregar os narizes levemente, como se respirasse o mesmo ar. Um costume muito parecido com o dos esquimós do Canadá. Para facilitar sua visualização, veja alguns exemplos de cumprimento ao redor do mundo: A reverência, típico cumprimento oriental. Hongi, cumprimento neozelandês. Wai, cumprimento habitual na Tailândia. outros estados, como Bahia, Amazonas e Ceará, é mais comum a troca de dois beijinhos, enquanto em Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são trocados três beijinhos. Nascemos e crescemos em sociedade, dentro de uma determinada cultura que traz consigo uma espécie de herança cultural concebida ao longo de inúmeras gerações, que pode nos condicionar a reagir depreciativamente quando nos deparamos com pessoas que agem fora dos padrões com os quais estamos acostumados ou que são aceitos pela maioria dessa mesma sociedade. Quando menosprezamos uma cultura, tendo como ponto de vista e considerando a nossa cultura como correta ou melhor, estamos sendo etnocêntricos! A seguir, acompanhe algumas definições de etnocentrismo associadas a exemplos históricos: Exemplo de etnocentrismo, Ku Klux Klan, grupo defensor da supremacia branca e do cristianismo (1921- 1922). 1 de 3 Vale ressaltar que o comportamento etnocêntrico pode ser encontrado tanto em relação a sociedades e países diferentes como dentro de uma mesma sociedade, por exemplo, quando pessoas que habitam uma área nobre de uma cidade discriminam e desvalorizam pessoas que vivem em áreas economicamente menos favorecidas. Na prática, não existem culturas ou sociedades que são superiores ou inferiores, melhores ou piores. O que existe é a diferença! Tomemos como exemplo a comparação entre uma tribo indígena da Amazônia e a população de uma grande cidade. O etnocentrismo, portanto, pode ser definido como uma visão ou mesmo comportamento de uma pessoa que considera a sua cultura como melhor e mais importante que outras culturas ou sociedades diferentes da sua. A origem do termo está na junção da palavra grega ethnos, que significa tribo ou pessoas que vivem em comunidade, com a palavra centrismo, que indica o centro. Ou seja, pessoas ou sociedades com comportamentos etnocêntricos são aquelas que enxergam a sua cultura como o centro do universo e, por isso, se consideram mais corretas e mais importantes que todas as demais. Certamente, a tribo indígena tem um desenvolvimento tecnológico muito menor, no entanto, está muito mais adaptada ao ambiente em que vivem e não possui muitos dos problemas que a cidade enfrenta, como violência urbana, trânsito intenso e enchentes etc. Por falar em tribos indígenas, esse é um exemplo de etnocentrismo que encontramos ainda hoje no Brasil: pessoas que vivem nas grandes cidades e enxergam os indígenas como uma população socialmente atrasada. Comentários do tipo “indígenas não podem usar celular” ou “indígenas são selvagens” são exemplos de uma visão etnocêntrica, que hierarquiza a cultura indígena e a classifica como mais atrasada e privada de acesso às tecnologias. Para combater o etnocentrismo, precisamos ir além da constatação das diferenças, devemos aprender a respeitá-las. É preciso tomar conhecimento do outro e aceitar sua lógica de pensamento, seus hábitos, suas crenças. O etnocentrismo está entre as principais causas de intolerância e da xenofobia, além de caminhar no sentido contrárioao processo de integração global no qual vivemos hoje. O que você achou do conteúdo? Relatar problema Relativismo, multiculturalismo e interculturalismo Reflexão No Brasil, existem mais de 300 povos indígenas que falam cerca de 300 línguas diferentes e dos quais herdamos vários hábitos e costumes. Se seguíssemos essa lógica segregacionista que impede o acesso à tecnologia aos povos nativos, também não poderíamos tomar banho todos os dias, comer mamão papaia, maracujá etc. Relativismo é, ao mesmo tempo, um conceito e um método da Antropologia. Ao contrário do etnocentrismo, é a postura de encarar outras culturas e práticas culturais sem hierarquias ou classificações como melhores ou piores, certas ou erradas. Deve- se buscar entender culturas diferentes da nossa, assim como seus valores a partir dos padrões vigentes ao grupo que pertencem, por meio de suas próprias crenças. Para o relativismo, não há uma verdade única e absoluta quando se trata de cultura e, por isso, a diferença dever ser vista como uma riqueza, sem julgamentos preconcebidos. Ao analisar uma determinada cultura sem contrapô-la a outros grupos ou sociedades, o relativismo contestou a ideia da existência dessa superioridade da cultura ocidental, sobretudo a europeia, e também afastou a ideia de que a cultura era um conjunto de valores homogêneos e inalteráveis, muito aceita naquela época. Esse método ainda Curiosidade É interessante notar que o relativismo cultural surgiu como uma reação à teoria positivista, criada no início do século XIX, que julgava que a história da humanidade seguia uma trajetória em direção ao desenvolvimento, ao progresso científico e ao conhecimento, atributos que aperfeiçoariam o homem. Essa trajetória tinha como modelo a Europa daquela época. Nessa perspectiva, qualquer povo ou grupo social que porventura não estivesse no mesmo estágio de desenvolvimento em que eles se encontravam, eram classificados como inferiores ou menos evoluídos. evidenciou a importância da diversidade cultural e sua vinculação a outros elementos e aspectos da sociedade dentro de seu próprio contexto. Assim, ao fazer um estudo sobre uma determinada cultura, por exemplo, de uma tribo africana do Quênia, os antropólogos não visavam legitimar, condenar ou mesmo comparar o modo de vida, as crenças ou os hábitos daquelas pessoas com o modo de vida dos europeus. Pelo contrário, a preocupação seria analisar as práticas sociais e culturais dessa tribo exclusivamente dentro do contexto no qual tais práticas se encontravam. Ao mesmo tempo: Deu-se início a um processo de questionamento sobre a ideia de superioridade e sobre a centralidade da Europa e da sua cultura em relação a outros continentes e nações. Indagou-se também quanto às consequências dessa visão de mundo e suas sequelas, tais como o colonialismo, a escravidão com base racial, a ideia de uma suposta supremacia racial e propostas de eugenia e limpeza étnica. Hoje, a diversidade cultural é uma realidade que faz parte de todos os países, e todas as nações são multinacionais ou multiétnicas. Com tanta diversidade, como assegurar uma convivência pacífica e harmônica nessas sociedades? A tolerância parece ser a melhor maneira para promover o bom relacionamento entre grupos diferentes e proteger as minorias, apesar de suas limitações nas tentativas de gerar empatia e solidariedade em algumas sociedades culturalmente diversas. Dentro desse contexto, surgem dois conceitos importantes: Enquanto o multiculturalismo gira em torno da tolerância, a interculturalidade se apoia sobre o diálogo. Assim, podemos considerar que a tolerância é a base para uma sociedade pacífica, que só pode ser construída a partir do diálogo sem distinções, classificações ou hierarquias. Multiculturalismo Interculturalidade Diferenças culturais No que se baseiam as diferenças culturais e qual a importância do respeito à diversidade? É o que o especialista Hely Costa Jr. se propõe a nos responder no vídeo a seguir. O que você achou do conteúdo? Relatar problema Estereótipos “Brasileiros têm samba no pé, amam futebol, são muito sensuais e sempre dão um jeitinho pra qualquer situação”. Provavelmente você já escutou algo parecido com essa frase, não é mesmo? Podemos dizer que ela reúne quatro supostas características preconcebidas ou generalizações do que é ser brasileiro. Mas será que essa sentença define exatamente os mais de 210 milhões de brasileiros? Pode ser que você se identifique com essas quatro características, mas nem todos nós nos encaixamos nessa definição do que é ser brasileiro. Essas generalizações são o que chamamos de estereótipos, que: Podemos, ainda, pensar nos estereótipos como categorias que determinam padrões de aproximação e julgamento, nas quais os indivíduos são encaixados, e essa categorização orienta um reconhecimento a partir de referências que são anteriormente criadas. Podem ser definidos como dispositivos mentais que resultam das interações e relações sociais estabelecidas entre as pessoas e que facilitam o acesso a novas informações ou situações. Funcionam como uma espécie de crença generalizada que mistura a percepção e a afetividade (LIMA, 1996). São simp permitem correspo expectati o compor integrante ou seja, s socialme sujeitos. Exemplo Os estereótipos se manifestam das mais variadas formas e contextos sociais, além de trazerem consigo características consensuais e homogeneizadoras que são compartilhadas por um determinado grupo social (PEREIRA, 2002). Portanto, os estereótipos são produtos das representações sociais que esses grupos mantêm entre si e podem influenciar suas relações, como quando valida formas de dominação e poder social de um grupo sobre o outro. Muitas vezes, eles são a base de muitos preconceitos que existem em uma sociedade, com profundas ligações históricas e culturais. Entre os principais tipos de estereótipos estão: Associado a etnias e culturas, surge quando grupos ou pessoas são julgados ou rotulados pela sua etnia, seus costumes e suas tradições. Normalmente são baseados em opiniões generalizadas sobre uma determinada região, costume e hábitos de um grupo social. Ao afirmar que brasileiros gostam de samba e futebol, estamos categorizando o que é ser brasileiro a partir de padrões preestabelecidos cultural e socialmente. O problema dessa categorização é que ela é superficial e está fundamentada em simplificações, por isso, reduz a complexidade do que é ser brasileiro e as nuances e variações de comportamento individuais. Étnico e cultural Social e econômico Gênero Religioso Be Note que todos esses tipos de estereótipos têm forte influência da cultura, das crenças e dos contratos sociais que são estabelecidos por uma sociedade ou grupo social. Apesar dessa categorização que fizemos para evidenciar como eles podem atuar, note que, ao mesmo tempo que cada um deles pode surgir de forma individualizada, também podem se misturar e potencializar o preconceito e a intolerância. Importante também ressaltar que estereótipos podem ser revistos, suavizados ou mesmo destruídos. Vivemos tempos de grandes transformações e podemos perceber mudanças significativas nas relações sociais e a ressignificação de muitos desses estereótipos. Assim como os estereótipos de beleza vão sendo alterados, ao longo do tempo, as relações Exemplo Classificar os moradores de uma comunidade periférica, em sua maioria negros, como bandidos ou vagabundos, é um exemplo claro para percebemos a sobreposição dos estereótipos étnico, social e econômico. de gênero, a tolerância religiosa e o respeito étnico-racial também se transformam e muitos estereótipos deixam de existir. O que você achou do conteúdo? Relatar problema Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. Questão 1 A visão de alguém que considera o seu grupo étnico ou cultura o centro de tudo, e, portanto, maisimportante do que as outras culturas e sociedades é chamada de Questão 2 Sobre o conceito de estereótipos, analise as afirmativas abaixo: A relativista. B multicultural. C etnocêntrica. D coexistência. E xenofóbica. Responder I - Um estereótipo se refere a certo conjunto de características que são vinculadas a todos os membros de um determinado grupo social. II - Os estereótipos funcionam também como modelos que pressupõem e impõem padrões sociais esperados para um indivíduo vinculado à determinada coletividade. III - Muitas vezes, os estereótipos são construídos de maneira preconceituosa e a partir de uma fundamentação teórica. IV - Os estereótipos são impressões, preconceitos e “rótulos” criados de maneira generalizada e simplificada pelo senso comum. É correto o que se afirma em A I e II, apenas. B I e III, apenas. C I, II e IV, apenas. D II, III e IV, apenas. E I, II, III e IV. Responder O que você achou do conteúdo? Relatar problema 2 Diversidade de gênero Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância dos estudos de gênero e sua aplicação no campo do design. O que é gênero? Os debates sobre gênero e sexo têm sido recorrentes e, provavelmente, você já presenciou ou participou de alguma conversa sobre o tema. Mas você sabe qual a diferença entre esses dois termos? Já parou para se perguntar sobre a necessidade de discutirmos tais temas? Neste módulo, aprofundaremos essa discussão e mostraremos a importância do respeito à diversidade de gênero. Vamos lá? Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que sexo e gênero são conceitos diferentes! O sexo é biológico e o gênero é social. E, diferentemente do que muitas pessoas pensam, o sexo biológico não define o gênero de uma pessoa. Entenda as diferenças entre os conceitos: Sexo biológico O sexo biológico está relacionado aos aspectos anatômicos e fisiológicos dos seres humanos, como a genitália, os hormônios e os cromossomos que carregamos. Gênero O gênero vai além das questões biológicas e diz respeito à autopercepção de um indivíduo e de como ele se expressa socialmente. O nosso sexo biológico, definido e registado em nossa certidão de nascimento, é determinado por fatores que surgem logo após a fertilização. Vamos relembrar as aulas de Biologia? Imagem para exemplificar a determinação do sexo biológico em humanos. A partir da imagem, perceba que: XY XX XY XX Cromossomo X Cromossomo Y Crom oss om o X Crom oss om o X Quando se trata de gênero, a complexidade é maior! O gênero é uma construção social que traz consigo as definições, os papéis e todas as expectativas que a sociedade tem sobre o comportamento de um indivíduo a partir do sexo que lhe foi Cada espermatozoide tem um cromossomo, que pode ser o X ou o Y, enquanto os óvulos têm um cromossomo X. Ao fertilizar o óvulo, os cromossomos se unem, gerando embriões que podem ter cromossomos XY ou XX. Pessoas normalm sexuais e femininos a determ pertencem Curiosidade Há também outras combinações de cromossomos, hormônios e órgãos que podem determinar que uma pessoa seja considerada intersexual. Quando isso ocorre, normalmente os pais decidem como criar o bebê, como menino ou como menina. Em vários países, já é possível registrar um recém-nascido sem a identificação de masculino ou feminino na certidão de nascimento, como na Alemanha, Holanda, Austrália, Nova Zelândia, Índia, Paquistão, Nepal e Bangladesh. definido em sua certidão de nascimento. Determinações de como homens e mulheres devem se vestir, se portar ou se comunicar fazem parte dessa construção que define o que é adequado e o que se espera de cada pessoa. Frases como “homens não podem chorar”, “mulheres devem ser mães” e “meninos devem vestir azul e meninas devem vestir rosa” são exemplos de modelos socialmente preestabelecidos sobre o que se espera de homens e mulheres em uma sociedade. Imagem ilustrativa a respeito da definição de papéis sociais e comportamentais estabelecidos socialmente aos gêneros feminino e masculino. Para as Ciências Sociais e Humanas, o gênero diferencia e afasta a dimensão biológica da dimensão social do que é ser homem e o que é ser mulher. Para além da anatomia dos nossos corpos, nós, seres humanos, somos produtos da realidade social em que estamos inseridos. Desde a infância, somos ensinados a nos comportar de uma determinada maneira ou ter uma aparência de acordo com o nosso sexo biológico. Somos apresentados a modelos predeterminados de como ser homem e de como ser mulher, e todas as suas diferentes maneiras de agir. No entanto, grande parte dessas distinções entre homens e mulheres são construídas socialmente, somos ensinados a ter uma performance de acordo com nosso sexo biológico. Para a maioria da população, isso não representa um problema. No entanto, muitas pessoas não se identificam com o sexo biológico com o qual nasceram. Esse reconhecimento do nosso sexo biológico em relação ao gênero com o qual nos identificamos é chamado de identidade de gênero. Há três tipos de identidade de gênero: cisgêneros, transgêneros e não-binários. Você já conhece esses termos? Identidades de gênero Cisgênero Transgênero Agênero Não-binário Gênero fluid São as pessoas que se identificam com o sexo biológico que foi designado quando nasceram. É importante ressaltar que a identidade de gênero não deve ser confundida com a orientação sexual! Os dois conceitos se cruzam e podem causar alguma confusão entre as pessoas, mas dizem respeito a aspectos diferentes e um não resulta do outro. Enquanto a identidade de gênero diz respeito à maneira como um indivíduo se sente e se expressa socialmente, a orientação sexual é o desejo sexual que esse mesmo indivíduo sente por outro. Quando falamos de orientação sexual, as mais comuns são: Podemos exemplificar da seguinte maneira Um homem transgênero, que ao nascer foi identificado como do sexo feminino, mas, na vida adulta, fez a transição para o sexo masculino, com cirurgia para retirada dos seios e administração de hormônios, pode sentir atração por homens e mulheres. Heterossexual Aqueles que sentem atração pelo sexo oposto. Homossexual Aqueles que sentem atração pelo mesmo sexo. Bissexual Aqueles que sentem atração por ambos os sexos. Assexual Aqueles que não sentem atração por nenhum sexo e, embora não sintam desejo sexual, podem manter um relacionamento amoroso. Pansexual Aqueles que sentem atração por pessoas, independentemente de sexo. O que você achou do conteúdo? Relatar problema Gênero como construção social A maneira como nos comportamos e nos expressamos em sociedade é reflexo de um intenso processo de aprendizagem sociocultural que nos condiciona, desde que nascemos, a agir de acordo com padrões de gênero que são estabelecidos ao longo do tempo. Crescemos cercados de expectativas sociais sobre como devemos andar, como e sobre o que devemos falar, o que devemos vestir, com o que devemos brincar, o que devemos estudar, quais profissões devemos seguir etc. Relembrando Conforme já foi explicitado, o conceito de gênero foi criado exatamente para afastar as relações entre os sexos de determinismos biológicos, ou seja, a ideia de que as relações entre homens e mulheres seriam produtos da natureza Aliás, é preciso ressaltar que esse conceito surgiu com o movimento feminista e suas teorias em diálogo com outras áreas de conhecimento, como a História, a Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política, entre outras. Fotografia da escritora e filósofa Simone de Beauvoir. A escritora e filósofa Simone de Beauvoir tem um papel importante nesse contexto: em 1949, ela lançou seu livro chamado O Segundo Sexo, que foi fundamental para dar início às análises e reflexões sobre as desigualdades sociais existentes entre homens e mulheres, assim como questionar as relações de poder que os envolvem e que geralmente inferiorizam a mulher. É da Simone a famosa frase“Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Com esse discurso, a filósofa procurava afastar todo e qualquer determinismo biológico em relação ao papel que as mulheres ocupavam na sociedade, demonstrando que ser mulher não é apenas ter genitália e órgãos reprodutores femininos, mas um conjunto de fatores que são determinados pela sociedade e que (SCOTT, 1991). O gênero destaca os aspectos relacionais e, consequentemente, as definições de papéis na nossa sociedade. estabelecem uma espécie de performance a ser assumida pelas mulheres. Erroneamente, muitas pessoas ainda acreditam que os comportamentos de homens e mulheres são baseados em instintos naturais e provenientes de seus corpos, e também creem na existência de personalidades ou padrões de comportamento predefinidos para cada sexo, como a ideia de que homens são mais agressivos e mulheres delicadas e sentimentais. De maneira geral, desde que nascemos, nossa educação nos condiciona a viver em sociedade e define papéis claros e distintos para meninos e meninas. Essas distinções começam ainda antes do nascimento, por exemplo, na definição das cores para o enxoval e o quarto do bebê. Incluem-se aqui os famosos chás de revelação, nos quais o sexo do bebê é apresentado utilizando rosa para meninas e azul para meninos. Enquanto crescemos, nossos brinquedos, brincadeiras e atividades de lazer também são definidas a partir do sexo biológico: Saiba mais De acordo com a Antropologia, a dimensão biológica da espécie humana é modificada pela cultura, que humaniza nossa espécie. Isso quer dizer que a biologia tem um papel relativamente pequeno na maneira como nos comportamos e agimos em sociedade. 1 de 2 A partir dessas relações, vamos nos adequando a um padrão preestabelecido que inclui atitudes e gestos classificados como masculinos ou femininos. Ainda, somos condicionados a fazer escolhas com base nessas separações, o que influencia nosso modo de pensar e agir de acordo com o que é esperado de cada gênero. Essas brincadeiras, que a princípio podem parecer inocentes, podem ser traiçoeiras quando se trata da relação entre gêneros. Entenda: Incentivar meninos a brincar apenas de lutas, espadas ou Do mesmo modo, oferecer às meninas miniaturas de Meninas brincam de boneca e casinha. jogos que incentivem a força, a agressividade ou violência, colabora com a visão de que esse é o único caminho possível para sua socialização. utensílios domésticos e bonecas induz ao pensamento de que o ambiente doméstico é o único espaço possível que elas podem ocupar em sociedade. Essas noções aprendidas na infância se consolidam na adolescência e influenciam a sociabilidade e a convivência. Desde a nossa sexualidade até a escolha da nossa profissão, os modelos de gênero interferem nos mais diversos aspectos da nossa vida. Para muitos, esses padrões são assimilados e acolhidos sem grandes problemas. No entanto, para outros que não se adequam a essas categorizações e modelos, eles são como amarras que causam sofrimento e angústia. E qualquer discordância nesses padrões pode gerar críticas e discriminação. O que você achou do conteúdo? Relatar problema A teoria queer e a desconstrução do gênero Em grande parte influenciada pelo movimento feminista, surgiu também nos Estados Unidos, no final da década de 1980, a teoria queer, uma corrente de pensamento desenvolvida por diversos pesquisadores e ativistas que se opunham aos estudos clássicos sobre identidades fixas das minorias sexuais e de gênero. Essa teoria trouxe novas possibilidades de entendimento para as questões de gênero e suas identificações e propôs debates inéditos sobre a sexualidade e novas formas de identidades. Para além da concepção binária de masculino e feminino, a teoria queer mostrou que os tradicionais papéis de homens e mulheres podem ser desconstruídos e redefinidos a partir das mais diversas performances de gênero e sexualidade. O termo queer pode ser traduzido como estranho, ridículo, excêntrico, e era utilizado de forma pejorativa, negativa e discriminatória para se referir àqueles que rompiam as normas de gênero e sexualidade, normalmente os homens e as mulheres homossexuais. Adotado e ressignificado pelos teóricos do movimento que começaram a utilizá-lo para descrever seu trabalho e sua perspectiva teórica, o termo passou a designar um tipo de diferença transgressiva e perturbadora que não quer ser assimilada ou tolerada (LOURO, 2001). A seguir, compreenda detalhadamente no que se baseia a teoria queer: 1 de 3 A partir de sua proposta desconstrutiva, a teoria queer questiona os processos pelos quais a heterossexualidade se tornou a norma em nossa sociedade e passou a ser concebida como natural, ao mesmo tempo em que tecem críticas à oposição binária heterossexual/homossexual. Para esses teóricos, é preciso implementar mudanças que dissolvam essa lógica binária de pensamento, assim como seus efeitos de hierarquia, classificação, dominação e exclusão entre gêneros. Nesse sentido, um pensamento desconstrutivo possibilita o entendimento da heterossexualidade e da homossexualidade como comportamentos correlativos, livres de hierarquias ou classificações, ambos naturais e integrantes de um mesmo sistema. A teoria queer trouxe novas perspectivas não só sobre a produção de saberes sobre gênero e sexualidade, mas também abriu a possibilidade de novos olhares e demandas sociais para outros campos de conhecimento, como o design. A professora e pesquisadora Denise Portinari (PORTINARI, 2017) sugere uma articulação interessante entre a teoria queer e o design, propondo a reflexão sobre aspectos da prática do design a partir de uma perspectiva queer. Sua visão parte das questões e das lutas LGBTQI+ para problematizar a heteronormatividade, as identidades de gênero e as diferenças sociais de forma a potencializar novas possibilidade e maneiras de existência. A pesquisadora propõe assim, queerizar o design mediante a subversão da normatividade vigente e o fortalecimento das diferenças, que podem ser feitos por meio da apropriação criativa e da ressignificação, da teatralização, do desvelamento e da desmistificação. Reflexão Fomos condicionados a definir o que é ser homem ou mulher por meio das características secundárias dos nossos corpos, como pelos, seios, quadris, músculos etc. O design e a mídia costumam destacar diferentes características que são aceitas como inerentes e exclusivas de homens ou mulheres e colabora com a construção de um campo simbólico que define gênero e sexualidade. Como dito anteriormente, homens são retratados como viris e racionais, enquanto mulheres são retratadas como dóceis e delicadas. Diferenciações de gênero ao longo da história e sua relação com o design Para saber como, ao longo da história, os gêneros foram diferenciados por meio da indumentária, de objetos e de acessórios, e como essas relações se transformam, assista ao vídeo a seguir: O que você achou do conteúdo? Relatar problema Questão 1 Gênero e sexo são termos diferentes e devem ser utilizados em contextos diversos, objetivando estabelecer um pensamento no qual as distinções de comportamento entre homens e mulheres possam ser Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. Questão 2 Analise as afirmativas a seguir a respeito dos conceitos de gênero e sexo: I – O termo sexo se refere às categorias inatas do ponto de vista biológico, enquanto o gênero diz respeito aos papéis sociais relacionados à mulher e ao homem. A compreendidas independentemente das diferenças biológicas. B suprimidas, para o aparecimento de um padrão único de conduta. C isentas das ordens social, econômica e política estabelecidas. D impostas às características determinadas pela bagagem genética. E percebidas como uma inabilidade para o desempenho dos papéis sociais. Responder II – Toda sociedade é marcada por diferençasde gênero, mas não há grande variação dos papéis associados em função da cultura e do tempo em que se vive. III – O gênero inclui papéis e expectativas que a sociedade tem sobre comportamentos, pensamentos e características que acompanham o sexo atribuído a uma pessoa. É correto o que se afirma em A I, apenas. B III, apenas. C I e III, apenas. D II e III, apenas. E I, II e III. Responder O que você achou do conteúdo? Relatar problema 3 Diversidade étnico racial Ao final deste módulo, você será capaz de identificar que o racismo é um problema de todos e devemos lutar para combatê-lo. Raça e etnia O termo raça é frequentemente utilizado para se referir aos tons de pele das pessoas e, de alguma maneira, classificá-las como sendo de uma raça ou outra, como negros, brancos, indígenas, orientais etc. Mas você sabia que, para a Biologia, os seres humanos, independentemente de qualquer característica física, como o tom da pele ou tipo de cabelo, são todos da mesma espécie e que a separação por raças não faz sentido? Veja cada marco histórico importante para construir e desconstruir o conceito de raça: Curiosidade Estudos recentes mostraram que 99,9% do DNA humano é idêntico, ou seja, diferenças no tom da pele, no formato do nariz, na estatura ou quaisquer outras, são características físicas com pouquíssima relação com a nossa genética (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2018). Dos cerca de 25 mil genes que compõem o nosso genoma, uma parte muito pequena deles, quase insignificante, é responsável por diferenças de fenótipo, como cor da pele ou textura do cabelo. As diferenças entre um negro e um asiático, por exemplo, representam apenas 0,005% do genoma humano. Década de 1680 N Ciê i N t i it d d l Z l i l Nas Ciências Naturais, o conceito de raça começou a ser usado pela Zoologia e pela Botânica para classificar as espécies animais e vegetais. O termo foi utilizado pela primeira vez para categorizar a diversidade humana em 1684, separando grupos de pessoas por suas características físicas em raças. Séculos XVI e XVII Entre os séculos XVI e XVII, o conceito de raça passou a ser utilizado também nas relações de classes sociais na França: a nobreza local se identificava com os francos, de origem germânica e considerados de sangue puro e, por isso, distinto e melhores que os gauleses. Século XVIII No século XVIII, a cor da pele passou a ser o critério primordial para classificação entre as raças e dividiu a espécie humana em três grandes grupos: raça branca, negra e amarela. Século XIX Já no século XIX, além do tom da pele, foram acrescentadas outras características físicas na tentativa de aperfeiçoar a classificação, como a forma do nariz, dos lábios, do queixo, o formato do crânio, do ângulo facial, entre outras. Século XIX A categorização dos seres humanos em raças foi quase sempre utilizada para nos dividir em hierarquia, o que ainda hoje influencia nossa sociedade. Essa separação ganhou forças com uma espécie de racismo científico, muito comum do final do século XIX até meados do século XX, que considerava a raça branca superior em relação às demais raças e colocava a raça negra no nível mais baixo, fato que justificava a escravidão e o domínio do continente africano pelos europeus. Século XX Finalmente, no século XX, com os avanços nos estudos genéticos, descobriu-se que a genética de dois indivíduos que, supostamente, pertenceriam a uma mesma raça poderia ser mais distante entre si do que a genética de outro indivíduo de uma raça diferente. Em outras palavras, descobriu-se que um boliviano pode ser mais próximo geneticamente de um sueco e mais distante de um peruano. A conclusão a que os pesquisadores da área chegaram é que não existem raças humanas! Atualmente, sabemos que a classificação das raças humanas é uma ideia ultrapassada e equivocada. No entanto, ela influenciou a formação da nossa sociedade e possibilitou políticas e ações discriminatórias ao longo do tempo, como a escravidão e o apartheid na África do Sul, e tem inúmeros reflexos ainda hoje. O termo raças ainda é utilizado, mas agora como categorias de análise, por sua importância social e política, e não mais como um atributo biológico. Grupo de indígenas da aldeia Pataxó, do sul da Bahia. Já o termo etnia é um conceito mais amplo e multifacetado que diz respeito à identidade de um grupo social que compartilha um mesmo sistema cultural, uma mesma língua, uma mesma religião, uma cosmovisão ou um mesmo território. Não se trata de uma classificação biológica, mas uma separação socialmente localizada e comungada por um grupo. Saiba mais Para você ter uma ideia, de acordo com o Censo de 2010, no Brasil existem 305 diferentes etnias indígenas, com 174 línguas diferentes. Costumamos nos referir Poderíamos então, substituir o termo raça por etnia? A princípio, esta pode parecer uma boa solução, no entanto, se pensarmos na população negra, por exemplo, para além da cor da pele, não há uma unidade entre os diversos povos negros que possam defini-los como uma única etnia: os negros brasileiros têm língua, cultura e costumes muito diferentes dos negros de Moçambique ou da Jamaica. Se tomarmos como exemplo somente a população negra brasileira, já temos muitas dessas diferenças que impossibilitam a denominação de uma etnia. Claro, reflexão semelhante vale para a população indígena ou a população branca. Além disso, a simples troca do termo raça por etnia provavelmente não resolveria problemas de hierarquização da nossa sociedade. O primeiro passo para transformarmos a nossa realidade é compreender que raças humanas não existem e que a divisão equivocada da população pela cor da pele e outras características físicas causou e ainda causa muitas sequelas que precisam ser combatidas e reparadas, como o racismo. O que você achou do conteúdo? Relatar problema ao povo do continente africano simplesmente como africanos, no entanto, estima-se que atualmente existem na África mais de 100 etnias, cada uma com sua própria língua e cultura. O mesmo acontece com os europeus, que nos habituamos a tratar como um grupo homogêneo, mas são compostos, na verdade, por diversas etnias que vivem no continente europeu. Preconceito e discriminação De acordo com o dicionário, o preconceito é um conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos necessários sobre um determinado assunto. Ou ainda, um sentimento desfavorável que é concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão, baseada em fatores subjetivos e em generalizações superficiais. Somos preconceituosos quando emitimos uma opinião ou juízo de valor sem conhecimento, baseado unicamente em percepções subjetivas ou achismos. Invariavelmente, o preconceito é uma prática injusta, que inferioriza e classifica o outro negativamente. Sem dúvida, esse é um dos maiores e mais graves problemas da nossa sociedade e há vários exemplos na história da humanidade. Por exemplo: Na Grécia Antiga, todos aqueles que não eram de origem grega ou não compartilhavam da mesma cultura ou formas de organização da sociedade grega eram considerados bárbaros. Os romanos adotaram o termo e, de forma estereotipada e pejorativa, passaram a se referir a todos os estrangeiros como bárbaros, como os germânicos que habitavam o norte da Europa Perceba que, nas duas culturas, o termo era utilizado com desprezo para se referir a culturas diferentes que eram consideradas atrasadas. Já na Idade Média, com o domínio da Igreja Católica, aqueles que não professavam sua fé no cristianismo eram tratados como infiéis e perseguidos por heresia, blasfêmia ou bruxaria. Separação de Judeus na rampa de Auschwitz II- Birkenau, em 1944. Período conhecido como Holocausto. Além desses, vários outros exemplos podem ser citados, como inúmeras guerras, o colonialismo e o holocausto, que tiveram em suas bases o preconceito e a inferiorização de outros povos ou culturas. Todoseles com terríveis e nefastas consequências. Você já parou para pensar quais são as causas do preconceito? Podemos dizer que as raízes do preconceito são a ignorância, a educação domesticadora, a intolerância, o egoísmo e o medo, sendo o ignorante, aquele que não quer saber, a presa mais fácil para o preconceito. Exemplo Para exemplificar, podemos citar o povo brasileiro e sua relação com os nossos indígenas: mesmo sendo uma das minorias mais indefesas e uma das mais agredidas do Brasil, muitos de nós aceitam com facilidade ideias mentirosas e distorcidas que são veiculadas sobre eles, além de propagarem a imagem do Do preconceito surge a discriminação, que é uma ação em que um indivíduo trata o outro injustamente por pertencer a um grupo diferente, por exemplo. Discriminar é estabelecer diferença entre pessoas e coisas com prejudicialidade para a parte que é inferiorizada e tratada como pior por algum motivo arbitrário. É um termo que traz consigo uma forte carga negativa e também emocional. A discriminação é um tipo de violência que segrega, exclui, afasta e impede quem é discriminado de exercer seus direitos como ser humano. Aliás, o artigo 7 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todos somos iguais e temos direitos iguais e sem qualquer distinção. Temos igual direito contra qualquer discriminação! Existem vários tipos de discriminação, as mais comuns são: indígena como um ser selvagem, que comete atrocidades e que, por isso, precisa ser aculturado e tornar-se civilizado. Como você pode notar, ideias errôneas, advindas de preconceitos, que inferiorizam os povos indígenas. De maneira geral, podemos dizer que: O preconceito está mais voltado a aspectos psicológicos e mentais e faz com que a pessoa preconceituosa tenha pensamentos, ideias e opiniões infundadas em razão da sua ignorância. A discriminação tem origem no preconceito e se caracteriza por ser uma atitude concreta de tratamento diferenciado que inferioriza outros seres humanos. Discriminação de classe social Discriminação racial ou étnica Discriminação de gênero ou orientação sexual Apropriação cultural Agora, com a ajuda do especialista Hely Costa Jr, vamos entender o que é apropriação cultural, quando e como ela ocorre e como designers devem buscar maneiras de evitar que ela apareça em suas criações. O que você achou do conteúdo? Relatar problema Racismo Como vimos anteriormente, do ponto de vista biológico e genético, não existem raças humanas, somos todos de uma mesma espécie. Podemos inclusive pensar na separação dos homens em raças distintas e hierarquizadas como uma consequência da visão de mundo eurocêntrica, por meio da qual buscavam uma justificativa para atos perversos como a escravidão dos povos africanos e a própria colonização das américas. A classificação em raças humanas, mais ou menos evoluídas, fundamentou a ideia de submissão de um povo em relação a outro, influenciou políticas e ações discriminatórias ao longo da história e tem reflexos cruéis ainda hoje em nossa sociedade. Por isso, o termo “raças” segue sendo utilizado tão somente por seu valor político e social como categorias de análise, e não em seu sentido biológico. Nesse contexto, podemos dizer que o racismo é um sistema hierárquico artificial, no qual se acredita na superioridade e na pureza de uma raça em relação a outra. O racismo atua de diferentes maneiras em cada parte do mundo, de acordo com a história e o sistema social de cada lugar, o que evidencia o caráter político e social dos termos raça e racismo. Tomemos por exemplo o racismo no Brasil e nos Estados Unidos: Racismo no Brasil e nos EUA: um breve comparativo 1 de 2 Pintura representando escravos descansando na casa de um senhor, a caminho de outra fazenda para qual foram comprados, no Brasil, em 1830. Semelhanças Entre as semelhanças estão o passado escravagista de ambos, com grande volume de negros escravizados, e a adoção de políticas racistas pós-abolição. Após a abolição da escravatura, em 1888, não houve nenhuma política de inclusão de pessoas negras à sociedade. Ao contrário, a população negra foi abandonada à própria sorte, sem nenhuma reparação, indenização ou terra para poder plantar e viver. O que restou para a população negra foi a fuga para as cidades para sobreviver em cortiços, dependentes, vendendo sua mão de obra a salários baixos. Com o fim formal da escravidão, houve, inclusive, um processo de criminalização de pessoas negras, como a Lei dos Vadios e Capoeiras, de 1983, que determinava que negros encontrados na rua ou que praticassem capoeira podiam ser presos. Essa dinâmica social possibilitou a manutenção do racismo ao longo da Saiba mais A política pró-miscigenação levou o Brasil a acreditar no mito da democracia racial, fundamentado na falsa ideia de igualdade, isonomia e harmonia entre as diferentes etnias, devido à miscigenação e à integração, além de um suposto tratamento igualitário perante a lei. Então, desenvolveu-se a partir de um mito — que como sabemos, diz respeito a uma fantasia, algo que não existe na realidade — a ideia de que as desigualdades existentes entre negros e brancos está baseada em questões estritamente sociais e não raciais. No entanto, o fato de que todos são governados pela mesma lei não garante a democracia racial. São necessárias políticas de reparação histórica que desenvolvam uma verdadeira democracia racial. história, como um elemento que faz parte da estrutura, da organização econômica, política e cultural da sociedade. Uma manifestação muitas vezes tida como normal e que colabora com a desigualdade e a violência, o chamado racismo estrutural (ALMEIDA, 2018). Um processo no qual a organização estrutural da sociedade reproduz a submissão de negros e indígenas de forma institucionalizada e enraizada. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE: 56,10% da população brasileira é negra. A maioria numérica, porém, não se reflete na sociedade brasileira. Apesar de já serem maioria no ensino superior, os negros ainda são minoria em cargos de liderança e em cargos legislativos e de magistratura. Negros s quando s homicídio de 60% d Além disso, negros são sub-representados na mídia, seja em anúncios publicitários, em novelas ou no cinema. Esses números mostram como o racismo estrutural excluí negros e indígenas do projeto de sociedade no qual vivemos. Apesar de estarem presentes e serem a maior parte da população brasileira, pode-se dizer que eles são alvos de constante silenciamento, extermínio, adversidades e discriminação. Em uma sociedade como a nossa, o racismo influencia a forma como pensamos e agimos quando, por exemplo, associamos aos negros apenas capacidades e qualidade físicas como a dança, os esportes e o trabalho braçal. Mas como podemos mudar isso? Fotografia da filósofa, professora, escritora e ativista, Angela Davis. Em primeiro lugar, é preciso que pessoas brancas reflitam, identifiquem e reconheçam seus privilégios. Como salienta a ativista Angela Davis, “Numa sociedade racista não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”, ou seja, mais do que apoiar a causa, é preciso colaborar na promoção ações e políticas afirmativas e antirracistas para reparar as desigualdades (RIBEIRO, 2019). É preciso estudar, ter disposição para aprender e ter empatia para escutar pessoas negras contando sobre suas experiências e vivências em uma sociedade racista, nas quais elas sofrem diversos tipos de violência física e psicológica, e sobre todos os preconceitos e exclusões a que estão sujeitos. É necessário entender que a escravidão ainda impacta a toda a organização e a estrutura da nossa sociedade atual. É preciso que sejamos a mudança que queremos ver no mundo. Afinal, o antirracismo é uma luta de todas e todos nós! O que você achou do conteúdo? Relatar problema Vamos praticar algunsconceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. Questão 1 Analise as afirmativas abaixo sobre raça e etnia: I - A ideia de raças humanas foi criada e usada para dividir os seres humanos de acordo com uma hierarquia que não mais influencia o modo em que vivemos hoje. II - Para o racismo científico corrente no final do século XIX até a primeira metade do século XX, a raça branca teria uma superioridade moral, cultural, política e econômica em relação às demais raças. III - Atualmente, o conceito de raça não tem validade no campo das Ciências Naturais, mas estabeleceu-se como um conceito das Ciências Sociais para estudar, debater e criticar as desigualdades existentes entre as raças na sociedade. É correto o que se afirma em A I, apenas. B I e II, apenas. C II e III, apenas. D I e III, apenas. Questão 2 Analise as afirmativas sobre raça, etnia e racismo, marque V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas: ( ) Apesar do uso popular se referindo a seres humanos, é incorreto afirmar que existem diferentes raças humanas. ( ) Um grupo étnico é um grupo cujos membros se identificam com base em seus aspectos físicos e fenotípicos, como a cor da sua pele, por exemplo. ( ) O racismo é a crença em que uma raça, etnia ou certas características físicas sejam superiores a outras. ( ) O racismo pode se manifestar tanto em nível individual, como em nível institucional, por meio de políticas como a escravidão, o apartheid, o holocausto, o colonialismo e o imperialismo. Assinale a alternativa que corresponde à sequência correta: E I, II e III. Responder O que você achou do conteúdo? Relatar problema A V; F; V; V. B F; V; V; F. C V; V; F; V. D V; F; V; F. E V; V; V; V. Responder 4 Ações afirmativas e diversidade no campo do design Ao final deste módulo, você será capaz de analisar como a diversidade pode potencializar os mais diversos projetos de design. Ações afirmativas Políticas afirmativas são políticas públicas que visam reparar as desigualdades sociais e raciais existentes no Brasil, concedendo oportunidade iguais aos grupos vitimados pela exclusão socioeconômica, como negros, indígenas, pessoas com deficiência e pessoas de classes sociais menos favorecidas. É uma forma de compensação a toda discriminação e sofrimento que essa parcela da população sofreu no passado, ao mesmo tempo que também evita que tais processos se reproduzam no presente e se manifestem no futuro. Nesse contexto, ações afirmativas buscam combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero, de classe, com o objetivo de aumentar a participação de minorias na sociedade com acesso à educação, saúde, emprego, proteção social e reconhecimento cultural. São exemplos de ações afirmativas: Bolsas, auxílios, creche, reforma agrária Cotas em diversos níveis de ensino e em concursos públicos Estímulo à contratação de indivíduos de grupos sociais discriminados, entre outros Para nossas leis, que partem do princípio da isonomia, somos todos iguais, independentemente da cor da nossa pele ou da nossa classe social. No entanto, sabemos que em nosso cotidiano, na prática, as coisas são diferentes. No Brasil, desde a Constituição de 1988, pessoas com deficiência têm cotas garantidas no serviço público. Em 2007, também foi instituída pelo Governo Federal a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, que reconheceu e garantiu os direitos territoriais e socioeconômicos e a valorização cultural de indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais de matriz africana ou de terreiro, extrativistas, ribeirinhos, caboclos, pescadores artesanais e pomeranos, entre outros. Na década de 2000, foram criadas diversas ações afirmativas para a população negra. Essas ações se justificam pelo que costumamos chamar de dívida histórica que o Brasil tem com esse grupo, afinal, estima-se que mais de 5 milhões de pessoas foram trazidas contra sua vontade, para trabalharem forçadamente como escravos, durante mais de três séculos. Com a abolição da escravatura, os negros foram abandonados, sem políticas públicas para sua inserção na sociedade e sem direito a terras para plantar. Das senzalas, foram para as favelas e cortiços, sem instrução educativa e sem perspectiva, e foram relegados à pobreza e à precariedade, principalmente nas grandes cidades, o que os prejudicou de forma crucial e afetou também a sua descendência. Entre as diversas ações afirmativas em âmbito federal para os afrodescendentes, podemos citar a Lei 10.639/2003 e a Lei 11.645/2008, que tornaram obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira e indígena nos ensinos Fundamental, Médio e Superior; a Lei de Cotas no Ensino Superior (2012); o Estatuto da Igualdade Racial (2013), destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades; e a Lei 12.990/2014, que instituiu a reserva de 20% das vagas no serviço público federal para a população negra. A Lei de Cotas no Ensino Superior é provavelmente uma das mais conhecidas e estabeleceu que todas as instituições de Ensino Superior deveriam destinar metade das duas vagas nos processos seletivos para estudantes egressos de escolas públicas, até 2016, levando em consideração critérios raciais, sociais e econômicos. Dados relevantes sobre o acesso de jovens negros e pardos às universidades: Há também ações afirmativas para aumentar a participação das mulheres na política, como a obrigatoriedade de que 30% do fundo partidário seja destinado a candidaturas femininas. Podemos citar também a criação das delegacias das mulheres, como uma ação que reconhece que mulheres sofrem historicamente um tipo de violência que se origina na desigualdade de gênero. As ações afirmativas não resolvem problemas como o racismo, a desigualdade social ou a violência contra mulheres, no entanto, elas partem do reconhecimento da existência desses problemas e colaboram para a inclusão desses grupos sociais. Podemos dizer que elas são o primeiro passo na busca de uma reparação histórica para povos ou pessoas que há séculos vivem em situação de vulnerabilidade social e desvantagem em relação à população branca, como negros e indígenas. Quanto mais se ampliam as oportunidades para a equidade, mais próximos estaremos de viver em uma sociedade justa e democrática. 2002 De acordo com o IBGE, neste ano, apenas 2,2% dos jovens negros e 3,6% dos jovens pardos frequentavam faculdades e universidades. 2011 Nove anos depois, o número de negros e pardos saltou para 11% dos alunos matriculados. 2016 Após cinc subiu par O que você achou do conteúdo? Relatar problema Design inclusivo Tendo em mente todas as questões estudadas anteriormente, enquanto estudante de Design, você já pensou o que pode fazer a fim de colaborar para a solução ou a amenização desses problemas? Em seus projetos acadêmicos de Design, você se preocupa com a inclusão por intermédio do design? É comum, ao darmos início no processo de criação, pensarmos em público-alvo de forma idealizada: jovem, saudável, sem limitações físicas ou cognitivas. No entanto, esse público-alvo geralmente não existe na prática. Cada indivíduo é único, e, como grupo, a espécie humana é marcada pela diversidade, por capacidades distintas e diferentes níveis de conhecimento. Neste tópico, falaremos sobre design inclusivo, uma abordagem do design voltada para a criação de produtos e sistemas inclusivos, ou seja, que se preocupa com os mais diferentes tipos de usuários, com diferentes necessidades e habilidades. Conceber e produzir produtos, serviços ou ambientes adequados à diversidade humana, incluindo crianças, adultos mais velhos, pessoas com deficiência, pessoas doentes ou feridas, ou, simplesmente, pessoas colocadas em desvantagem pelas circunstâncias. O design inclusivo deve ser pensado e criado para todos. É preciso levar em consideração, ao criar, que a população joveme saudável é apenas parte do nosso público-alvo. Ao reconhecermos e nos preocuparmos com o fato de que nossos projetos serão utilizados por indivíduos com diferentes dificuldades funcionais, como pessoas que não ouvem, não veem e que são menos ágeis do que a média da população, estaremos, invariavelmente, criando algo que será melhor para todos. Abordagens semelhantes podem ser encontradas nos chamados Design for All e também no Universal Design, que se distinguem por pequenas diferenças nas formas de abordagem. No entanto, de maneira geral, não há diferenças em relação aos conceitos. Todos colaboram de forma efetiva com a inclusão social, seguem parâmetros de usabilidade e têm como foco o design centrado no usuário. Saiba mais O design inclusivo vai além da criação para pessoas com deficiência, pois leva em consideração também as limitações permanentes ou temporárias pelas quais podemos passar ao longo da vida, por exemplo, as limitações temporárias de uma mulher durante a gravidez, devido ao seu peso e ao tamanho da barriga, ou ainda as limitações permanentes, como de idosos que podem perder habilidades ou sofrer alterações na visão ou na capacidade de raciocínio. Conheça as principais preocupações dessa abordagem de design: 1 de 3 O que você achou do conteúdo? Relatar problema Criar produtos e sistemas que facilitem e tornem mais prática sua utilização por todos e não só por indivíduos com diferenças funcionais ou cognitivas. Por isso, projetos de design inclusivo têm grande importância na busca pela igualdade e inclusão social. Experiências de design Já conseguimos entender a relação entre a diversidade e o design: o design também pode ser uma ferramenta transformadora! Por meio do design, podemos criar soluções que atendem às mais diversas necessidades e desejos humanos e que colaborem para mudanças sociais, culturais, ecológicas e sustentáveis. No que diz respeito às questões culturais, criar produtos, serviços e comunicar-se com públicos tão diversificados envolve muito mais que criatividade: é necessário atenção especial às questões e práticas culturais. Em um mundo globalizado e conectado, é preciso que o designer tenha competência intercultural, ou seja, habilidade para se comunicar de forma competente com outras culturas mediante suas criações! O termo intercultural, aliás, foi criado por dois pesquisadores, Myron Lustig, professor da San Diego State University, e Jolene Koester, professora da California State University. Eles defendem que essa comunicação intercultural se torna cada vez mais importante quanto mais elementos, como fatores demográficos, tecnológicos, econômicos e culturais são combinados. Tais elementos induzem a criação de espaços nos quais as Fotografia da professora Jolene Koester. interações humanas são dominadas pela diversidade e, portanto, é imprescindível envolver e interagir com os mais diferentes sistemas culturais. Em outras palavras, uma comunicação eficiente é aquela apropriada a um determinado contexto no qual as pessoas são capazes de interagir e comunicar sem ruídos ou mal-entendidos. Quando projetamos um artefato de design, seja ele uma roupa, um cartaz, um móvel ou um ambiente, estamos criando para um determinado público-alvo e, consequentemente, nos comunicando com ele por meio de símbolos, signos, cores, texturas, formas etc. Competência e comunicação intercultural no campo do design diz respeito a designers receptivos a todos os tipos de comportamentos, ideias e valores, sejam eles semelhantes ou diferentes dos seus. Essa postura é fundamental para criar pensando na diversidade e no diálogo e para atender a um público globalizado e diversificado. E como podemos atuar para combater os estereótipos e todas as suas consequências? O profissional de design trabalha com conceitos e contextos sociais a fim de articular processos de significação em seus artefatos. Portanto, o designer tem o poder de persuadir atitudes, conhecimentos e comportamentos dos indivíduos (FRASCARA, 2000) e, dessa maneira, pode contribuir para a transformação social, com a formação de uma sociedade mais justa e menos preconceituosa. Para além das questões econômicas e tecnológicas às quais está envolvido, o design também induz a mudanças sociais. Sabemos que o design não é uma atividade socialmente neutra, pelo contrário, ele tem o poder de influenciar e propagar ideologias. Por se tratar de uma atividade que equilibra os interesses de grupos sociais distintos (dos produtores, dos usuários e dos designers), o design vai além da criação de artefatos ou sistemas, ele é uma ferramenta de interação social. Logo, designers podem contribuir para transformação de valores culturais a partir de suas criações, ressignificando esses valores. E você, consegue citar mais algum exemplo de como podemos contribuir para transformar o mundo? Vamos ver algumas referências de marcas conhecidas, que colocaram o design e a diversidade em prática: Quer alguns exemplos? Designers gráficos podem incluir mais pessoas negras, com cabelos crespos e encaracolados em suas criações, como em cartazes, anúncios e ilustrações. Designes de moda podem criar roupas ou acessórios que valorizem a autoestima do público plus size. Designers de interiores podem criar ambientes acessíveis e funcionais para portadores de deficiência. No que diz respeito às questões de gênero, diversas marcas como a C&A e a Zara já lançaram coleções sem gênero, também conhecidas genderless, consideradas por muitos uma tendência no design de moda. Há também muitos exemplos de marcas infantis que produzem roupas de gênero neutro! Nos catálogos e nas embalagens da marca de brinquedos sueca TOP-TOY, não há distinção entre brinquedos para meninos ou meninas: bonecas, kits de ferramentas, cozinhas ou carrinhos são brinquedos que podem ser utilizados por ambos os sexos, sem qualquer distinção. Imagem com diversos brinquedos sem distinção de gênero. Kit Heat Rescue Disaster Recovery, desenvolvido por Hikaru Imamura. O designer japonês Hikaru Imamura, criou o Heat Rescue Disaster Recovery, um kit de aquecimento e alimentação feito a partir da reciclagem de tambores de óleos para ser utilizado em emergências ou casos de desastres, como terremotos. Já a designer Maura Horton, comovida com as dificuldades enfrentadas por seu marido, diagnosticado com doença de Parkinson, criou um sistema de fecho magnético para substituir os botões de camisas sociais. Você conhece algum exemplo transformador de questões sociais no campo do design? Curiosidade Em 2019, a Mattel apresentou uma linha de bonecos com gênero neutro, com diferentes tons de pele, cabelos e roupas cambiáveis. Ainda nesse sentido, marcas como Prada, Helmut Lang, Cartier e Calvin Klein lançaram recentemente perfumes unissex, e a MAC produziu uma linha de maquiagem com foco no público masculino. Design e Diversidade Para enriquecer ainda mais esse estudo e contribuir com novos referenciais de design e diversidade, o especialista Hely Costa Jr apresentará, no vídeo a seguir, alguns estudos de caso. Veja: O que você achou do conteúdo? Relatar problema Questão 1 As cotas fazem parte do sistema de ações afirmativas, que tem como uma de suas características a diminuição das desigualdades raciais, sociais e econômicas, principalmente no que se refere ao acesso ao Ensino Superior e ao ingresso em vagas de emprego através de concursos públicos. Analise as asserções abaixo sobre ações afirmativas: Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. I - As ações afirmativas foram criadas com a intenção de corrigir as disparidades no acesso ao Ensino Superior e a empregos públicos. PORQUE II - Historicamente, o acesso dos grupos indígenas e negro foi afetado devido ao modelo econômico baseado na escravidão, primeiramente com a tentativa de escravização dos indígenas e, posteriormente, no século XVI, com ouso forçado da mão de obra africana. Assinale a alternativa correta: A As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa da I. B As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. C A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. D A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. E As asserções I e II são proposições falsas. Questão 2 Analise as afirmativas abaixo sobre o design inclusivo: I – O design inclusivo se apresenta como uma abordagem geral que permite aos designers garantir o atendimento de necessidades do público mais amplo possível, independentemente da idade ou habilidade. II - Atualmente, o debate sobre o design inclusivo está exclusivamente direcionado ao desenvolvimento de produtos para idosos ou pessoas com deficiência. III - O design inclusivo preza pelas diferentes formas de uso oriundas da relação entre produto e usuário. Na elaboração de um produto inclusivo, devem-se reconhecer os diferentes usuários, sabendo que suas necessidades e habilidades mudam ao longo do ciclo de vida. É correto o que se afirma em Responder A I, apenas. B II, apenas. C II e III, apenas. Considerações finais Depois de estudar todo este conteúdo, você já pensou como pode utilizar sua criatividade para mudar o mundo e atuar contra os mais diversos tipos de exclusão social? Como vimos, para além do aspecto mercadológico, o design pode atender às necessidades de consumidores em suas diferenças econômicas, sociais e culturais e, por intermédio dele, podemos lidar com questões humanas complexas. Enquanto designers, devemos nos preocupar com a nossa responsabilidade para com a sociedade e utilizar o design que criamos para influenciar favoravelmente e efetuarmos, de fato, mudanças sociais positivas para toda a sociedade, não somente para um grupo privilegiado. Mais do que criar produtos, sistemas ou serviços bonitos e funcionais, podemos fazer do nosso trabalho um agente de transformação. D I e III, apenas. E I, II e III Responder Podcast Neste podcast, nossa conversa se concentrará no conceito de design social e sua aplicação. 00:00 11:18 1x Explore + Pesquise o vídeo Os perigos de uma história única, fala da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, no programa TED Talk em 2009, e veja como ela aborda as questões dos preconceitos e dos estereótipos. Pesquise o vídeo O que é racismo estrutural? Desenhando, do portal Quebrando Tabu. No vídeo, é mostrado como, após a abolição da escravidão em 1888, um milhão e meio de pessoas negras foram colocadas na sociedade brasileira sem nenhum suporte. Pesquise o vídeo Papel de gênero, do canal Tempero Drag. Nesse vídeo, a drag queen Rita Von Hunty discute sobre diferenças entre homens e mulheres. https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ecc/02396/index.html?brand=estacio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ecc/02396/index.html?brand=estacio Pesquise o vídeo Racismo, coisa de branco, do canal Tempero Drag. Nesse vídeo, drag queen Rita Von Hunty discute o racismo, o racismo estrutural e o sistema de privilégios no qual nossa sociedade foi constituído. Referências ALMEIDA, S. L. de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018. ALVARADO, V. Políticas públicas e interculturalidad. In: FULLER, N. (ed.). Interculturalidad y política. 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