Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Objetivos
Módulo 1 Módulo 2
Diversidade e
Design
Prof. Hely Costa Júnior
Descrição Um diálogo entre o design e a diversidade em seus mais diversos aspectos: a
diversidade cultural, a diversidade étnico-racial, a diversidade de gênero e a
inclusão social por meio do design.
Propósito Compreender como o design pode dialogar e relacionar-se com a diversidade
é essencial para todos os profissionais da área. Quando consideramos e
incluímos a diversidade em nossos projetos, praticamos a empatia,
mudamos nossas mentalidades, revemos nossas prioridades, entendemos
as motivações e as dores dos outros e, sobretudo, podemos criar artefatos,
produtos e serviços centrados no ser humano.
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ecc/02396/index.html?brand=estacio
Diversidade cultural
Compreender os conceitos básicos relacionados à
cultura e à diversidade cultural.
Acessar módulo
Diversidade de gênero
Reconhecer a importância dos estudos de gênero e
sua aplicação no campo do design.
Acessar módulo
Módulo 3
Diversidade étnico-racial
Identificar que o racismo é um problema de todos e
devemos lutar para combatê-lo.
Acessar módulo
Módulo 4
Ações afirmativas e diversidade no
campo do design
Analisar como a diversidade pode potencializar os
mais diversos projetos de design.
Acessar módulo
A diversidade é um assunto cada vez mais recorrente nos dias de hoje, mas você
sabe o que significa e como incluir a diversidade no seu trabalho de design? Trata-
se de uma discussão extremamente importante e com muita relevância social!
Como futuro designer, você será um dos agentes responsáveis por ações que
influenciam na promoção da diversidade e no combate à exclusão social.
Ao consultarmos um dicionário, veremos que diversidade diz respeito à
multiplicidade, aquilo que é diverso, que apresenta pluralidade e foge da
homogeneidade. No contexto social, a diversidade diz respeito à convivência
pacífica de indivíduos diferentes, seja em relação à etnia, ao gênero, à orientação
sexual, à cultura etc.
Trabalhar com diversidade, entretanto, nem sempre é fácil, pois há várias estruturas
sociais que impedem ou atrapalham o acesso de determinadas pessoas ou grupos
terem a certos espaços e oportunidades. A opressão, a marginalização e o
preconceito são alguns desses fatores.
Os sistemas culturais moldam indivíduos e comportamentos, determinam os
papeis socias, como deve ser a aparência dos indivíduos, qual a sua posição na
sociedade, a orientação sexual e vários outros atributos que, muitas vezes, fogem
ao controle gerando o sentimento de inadequação e inadaptabilidade.
Nestes módulos, discutiremos sobre etnocentrismo, diversidade cultural, raça e
etnia, racismo, gênero, ações afirmativas e inclusão por meio do design. Esses são
temas fundamentais para refletirmos e incluirmos em nossos projetos. Vamos lá,
transformar o mundo?
Introdução
1
Diversidade cultural
Ao final deste módulo, você será capaz de compreender os conceitos básicos relacionados à cultura e à diversidade cultural.
Etnocentrismo
Fotografia da antropóloga Ruth Benedict.
Para a antropóloga americana Ruth
Benedict (2013), a cultura é como uma
espécie de lente que usamos e através
da qual vemos o mundo ao nosso redor.
Assim, pessoas de culturas diferentes
enxergam o mundo através de lentes
diferentes, porque trazem consigo a
herança cultural desenvolvida ao longo
do tempo, por várias gerações, e isso
interfere diretamente em nossas
apreciações morais, nossos valores,
nossos comportamentos sociais,
posturas etc.
Portanto, vemos o mundo através da
nossa cultura e pessoas de culturas
diferentes das nossas veem o mundo
através de uma cultura também
diferente da nossa, o que resulta em
visões diferentes e muitas vezes
desencontradas.
Podemos demonstrar através de um exemplo da cultura brasileira
Quando nós, brasileiros, encontramos com um amigo ou conhecido, costumamos
cumprimentá-lo com beijos e abraços! Em alguns lugares como São Paulo,
Paraná e Roraima, as pessoas cumprimentam com apenas um beijinho. Já em

As diferenças, nesse caso, são pequenas, mas e se nos
compararmos a outras culturas?
No Japão, a forma mais tradicional de cumprimento é a reverência oriental, na qual as
pessoas se curvam levemente para frente, sem se tocar e sem contato visual,
demonstrando respeito, perdão e gratidão. Em determinadas culturas do sul do
Oceano Pacífico, o comprimento de alguns povos consiste em pegar a mão da outra
pessoa e acariciar o próprio rosto. Na Nova Zelândia, é costume entre o povo da tribo
maori tocar as testas, esfregar os narizes levemente, como se respirasse o mesmo ar.
Um costume muito parecido com o dos esquimós do Canadá.
Para facilitar sua visualização, veja alguns exemplos de cumprimento ao redor do
mundo:
A reverência, típico
cumprimento oriental.
Hongi, cumprimento
neozelandês.
Wai, cumprimento habitual na
Tailândia.
outros estados, como Bahia, Amazonas e Ceará, é mais comum a troca de dois
beijinhos, enquanto em Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são
trocados três beijinhos.
Nascemos e crescemos em sociedade, dentro de uma determinada cultura que traz
consigo uma espécie de herança cultural concebida ao longo de inúmeras gerações,
que pode nos condicionar a reagir depreciativamente quando nos deparamos com
pessoas que agem fora dos padrões com os quais estamos acostumados ou que são
aceitos pela maioria dessa mesma sociedade.
Quando menosprezamos uma cultura, tendo como ponto de vista e
considerando a nossa cultura como correta ou melhor, estamos
sendo etnocêntricos!
A seguir, acompanhe algumas definições de etnocentrismo associadas a exemplos
históricos:
Exemplo de etnocentrismo, Ku Klux Klan, grupo defensor da supremacia branca e do cristianismo (1921-
1922).
 
 1 de 3 
Vale ressaltar que o comportamento etnocêntrico pode ser encontrado tanto em
relação a sociedades e países diferentes como dentro de uma mesma sociedade, por
exemplo, quando pessoas que habitam uma área nobre de uma cidade discriminam e
desvalorizam pessoas que vivem em áreas economicamente menos favorecidas.
Na prática, não existem culturas ou sociedades que são superiores ou inferiores,
melhores ou piores. O que existe é a diferença!
Tomemos como exemplo a comparação entre uma tribo indígena da
Amazônia e a população de uma grande cidade.
O etnocentrismo, portanto, pode ser definido como uma visão ou mesmo
comportamento de uma pessoa que considera a sua cultura como melhor e
mais importante que outras culturas ou sociedades diferentes da sua. A origem
do termo está na junção da palavra grega ethnos, que significa tribo ou pessoas
que vivem em comunidade, com a palavra centrismo, que indica o centro. Ou
seja, pessoas ou sociedades com comportamentos etnocêntricos são aquelas
que enxergam a sua cultura como o centro do universo e, por isso, se
consideram mais corretas e mais importantes que todas as demais.
Certamente, a tribo indígena tem um desenvolvimento tecnológico muito menor, no
entanto, está muito mais adaptada ao ambiente em que vivem e não possui muitos
dos problemas que a cidade enfrenta, como violência urbana, trânsito intenso e
enchentes etc.
Por falar em tribos indígenas, esse é um
exemplo de etnocentrismo que
encontramos ainda hoje no Brasil:
pessoas que vivem nas grandes cidades
e enxergam os indígenas como uma
população socialmente atrasada.
Comentários do tipo “indígenas não
podem usar celular” ou “indígenas são
selvagens” são exemplos de uma visão
etnocêntrica, que hierarquiza a cultura
indígena e a classifica como mais
atrasada e privada de acesso às
tecnologias.

Para combater o etnocentrismo, precisamos ir além da constatação das diferenças,
devemos aprender a respeitá-las. É preciso tomar conhecimento do outro e aceitar sua
lógica de pensamento, seus hábitos, suas crenças. O etnocentrismo está entre as
principais causas de intolerância e da xenofobia, além de caminhar no sentido
contrárioao processo de integração global no qual vivemos hoje.
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
Relativismo, multiculturalismo e
interculturalismo
Reflexão
No Brasil, existem mais de 300 povos indígenas que falam cerca de 300 línguas
diferentes e dos quais herdamos vários hábitos e costumes. Se seguíssemos
essa lógica segregacionista que impede o acesso à tecnologia aos povos nativos,
também não poderíamos tomar banho todos os dias, comer mamão papaia,
maracujá etc.

Relativismo é, ao mesmo tempo, um conceito e um método da Antropologia. Ao
contrário do etnocentrismo, é a postura de encarar outras culturas e práticas culturais
sem hierarquias ou classificações como melhores ou piores, certas ou erradas. Deve-
se buscar entender culturas diferentes da nossa, assim como seus valores a partir
dos padrões vigentes ao grupo que pertencem, por meio de suas próprias crenças.
Para o relativismo, não há uma verdade única e absoluta quando se
trata de cultura e, por isso, a diferença dever ser vista como uma
riqueza, sem julgamentos preconcebidos.
Ao analisar uma determinada cultura sem contrapô-la a outros grupos ou sociedades,
o relativismo contestou a ideia da existência dessa superioridade da cultura ocidental,
sobretudo a europeia, e também afastou a ideia de que a cultura era um conjunto de
valores homogêneos e inalteráveis, muito aceita naquela época. Esse método ainda
Curiosidade
É interessante notar que o relativismo cultural surgiu como uma reação à teoria
positivista, criada no início do século XIX, que julgava que a história da
humanidade seguia uma trajetória em direção ao desenvolvimento, ao progresso
científico e ao conhecimento, atributos que aperfeiçoariam o homem. Essa
trajetória tinha como modelo a Europa daquela época. Nessa perspectiva,
qualquer povo ou grupo social que porventura não estivesse no mesmo estágio
de desenvolvimento em que eles se encontravam, eram classificados como
inferiores ou menos evoluídos.

evidenciou a importância da diversidade cultural e sua vinculação a outros elementos
e aspectos da sociedade dentro de seu próprio contexto.
Assim, ao fazer um estudo sobre uma determinada cultura, por exemplo, de uma tribo
africana do Quênia, os antropólogos não visavam legitimar, condenar ou mesmo
comparar o modo de vida, as crenças ou os hábitos daquelas pessoas com o modo de
vida dos europeus. Pelo contrário, a preocupação seria analisar as práticas sociais e
culturais dessa tribo exclusivamente dentro do contexto no qual tais práticas se
encontravam.
Ao mesmo tempo:
Deu-se início a um processo
de questionamento sobre a
ideia de superioridade e sobre
a centralidade da Europa e da
sua cultura em relação a
outros continentes e nações.
Indagou-se também quanto às
consequências dessa visão de
mundo e suas sequelas, tais
como o colonialismo, a
escravidão com base racial, a
ideia de uma suposta
supremacia racial e propostas
de eugenia e limpeza étnica.
Hoje, a diversidade cultural é uma realidade que faz parte de todos os países, e todas
as nações são multinacionais ou multiétnicas.
Com tanta diversidade, como assegurar uma convivência pacífica e
harmônica nessas sociedades?

A tolerância parece ser a melhor maneira
para promover o bom relacionamento
entre grupos diferentes e proteger as
minorias, apesar de suas limitações nas
tentativas de gerar empatia e
solidariedade em algumas sociedades
culturalmente diversas.
Dentro desse contexto, surgem dois conceitos importantes:
Enquanto o multiculturalismo gira em torno da tolerância, a interculturalidade se apoia
sobre o diálogo. Assim, podemos considerar que a tolerância é a base para uma
sociedade pacífica, que só pode ser construída a partir do diálogo sem distinções,
classificações ou hierarquias.
Multiculturalismo 
Interculturalidade 
Diferenças culturais
No que se baseiam as diferenças culturais e qual a importância do respeito à
diversidade? É o que o especialista Hely Costa Jr. se propõe a nos responder no vídeo
a seguir.

O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
Estereótipos
“Brasileiros têm samba no pé, amam futebol, são muito sensuais e sempre dão um
jeitinho pra qualquer situação”. Provavelmente você já escutou algo parecido com
essa frase, não é mesmo? Podemos dizer que ela reúne quatro supostas
características preconcebidas ou generalizações do que é ser brasileiro.
Mas será que essa sentença define exatamente os mais de 210 milhões de
brasileiros? Pode ser que você se identifique com essas quatro características, mas
nem todos nós nos encaixamos nessa definição do que é ser brasileiro.
Essas generalizações são o que chamamos de estereótipos, que:
Podemos, ainda, pensar nos estereótipos como categorias que determinam padrões
de aproximação e julgamento, nas quais os indivíduos são encaixados, e essa
categorização orienta um reconhecimento a partir de referências que são
anteriormente criadas.
Podem ser definidos como
dispositivos mentais que
resultam das interações e
relações sociais estabelecidas
entre as pessoas e que facilitam
o acesso a novas informações
ou situações.
Funcionam como uma espécie
de crença generalizada que
mistura a percepção e a
afetividade (LIMA, 1996).
São simp
permitem
correspo
expectati
o compor
integrante
ou seja, s
socialme
sujeitos.
Exemplo

Os estereótipos se manifestam das mais variadas formas e contextos sociais, além de
trazerem consigo características consensuais e homogeneizadoras que são
compartilhadas por um determinado grupo social (PEREIRA, 2002). Portanto, os
estereótipos são produtos das representações sociais que esses grupos mantêm
entre si e podem influenciar suas relações, como quando valida formas de dominação
e poder social de um grupo sobre o outro. Muitas vezes, eles são a base de muitos
preconceitos que existem em uma sociedade, com profundas ligações históricas e
culturais.
Entre os principais tipos de estereótipos estão:
Associado a etnias e culturas, surge quando grupos ou pessoas são julgados ou
rotulados pela sua etnia, seus costumes e suas tradições. Normalmente são
baseados em opiniões generalizadas sobre uma determinada região, costume e
hábitos de um grupo social.
Ao afirmar que brasileiros gostam de samba e futebol, estamos categorizando o
que é ser brasileiro a partir de padrões preestabelecidos cultural e socialmente. O
problema dessa categorização é que ela é superficial e está fundamentada em
simplificações, por isso, reduz a complexidade do que é ser brasileiro e as
nuances e variações de comportamento individuais.
Étnico e cultural Social e econômico Gênero Religioso Be
Note que todos esses tipos de estereótipos têm forte influência da cultura, das
crenças e dos contratos sociais que são estabelecidos por uma sociedade ou grupo
social. Apesar dessa categorização que fizemos para evidenciar como eles podem
atuar, note que, ao mesmo tempo que cada um deles pode surgir de forma
individualizada, também podem se misturar e potencializar o preconceito e a
intolerância.
Importante também ressaltar que estereótipos podem ser revistos,
suavizados ou mesmo destruídos.
Vivemos tempos de grandes
transformações e podemos perceber
mudanças significativas nas relações
sociais e a ressignificação de muitos
desses estereótipos. Assim como os
estereótipos de beleza vão sendo
alterados, ao longo do tempo, as relações
Exemplo
Classificar os moradores de uma comunidade periférica, em sua maioria negros,
como bandidos ou vagabundos, é um exemplo claro para percebemos a
sobreposição dos estereótipos étnico, social e econômico.

de gênero, a tolerância religiosa e o
respeito étnico-racial também se
transformam e muitos estereótipos
deixam de existir.
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema

Vamos praticar alguns
conceitos?
Falta pouco para
atingir seus
objetivos.
Questão 1
A visão de alguém que considera o seu grupo étnico ou cultura o centro de tudo, e,
portanto, maisimportante do que as outras culturas e sociedades é chamada de
Questão 2
Sobre o conceito de estereótipos, analise as afirmativas abaixo:
A relativista.
B multicultural.
C etnocêntrica.
D coexistência.
E xenofóbica.
Responder
I - Um estereótipo se refere a certo conjunto de características que são vinculadas a
todos os membros de um determinado grupo social.
II - Os estereótipos funcionam também como modelos que pressupõem e impõem
padrões sociais esperados para um indivíduo vinculado à determinada coletividade.
III - Muitas vezes, os estereótipos são construídos de maneira preconceituosa e a
partir de uma fundamentação teórica.
IV - Os estereótipos são impressões, preconceitos e “rótulos” criados de maneira
generalizada e simplificada pelo senso comum.
É correto o que se afirma em
A I e II, apenas.
B I e III, apenas.
C I, II e IV, apenas.
D II, III e IV, apenas.
E I, II, III e IV.
Responder
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
2
Diversidade de gênero
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância dos estudos de gênero e sua aplicação no campo do design.
O que é gênero?
Os debates sobre gênero e sexo têm sido recorrentes e, provavelmente, você já
presenciou ou participou de alguma conversa sobre o tema. Mas você sabe qual a
diferença entre esses dois termos? Já parou para se perguntar sobre a necessidade de
discutirmos tais temas? Neste módulo, aprofundaremos essa discussão e
mostraremos a importância do respeito à diversidade de gênero. Vamos lá?
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que sexo e gênero são conceitos diferentes! O
sexo é biológico e o gênero é social. E, diferentemente do que muitas pessoas
pensam, o sexo biológico não define o gênero de uma pessoa.
Entenda as diferenças entre os conceitos:
Sexo biológico
O sexo biológico está
relacionado aos aspectos
anatômicos e fisiológicos dos
seres humanos, como a
genitália, os hormônios e os
cromossomos que
carregamos.
Gênero
O gênero vai além das
questões biológicas e diz
respeito à autopercepção de
um indivíduo e de como ele se
expressa socialmente.

O nosso sexo biológico, definido e registado em nossa certidão de nascimento, é
determinado por fatores que surgem logo após a fertilização. Vamos relembrar as
aulas de Biologia?
Imagem para exemplificar a determinação do sexo biológico em humanos.
A partir da imagem, perceba que:
XY XX
XY XX
Cromossomo X
Cromossomo Y
Crom
oss
om
o X
Crom
oss
om
o X
Quando se trata de gênero, a complexidade é maior! O gênero é uma construção
social que traz consigo as definições, os papéis e todas as expectativas que a
sociedade tem sobre o comportamento de um indivíduo a partir do sexo que lhe foi
Cada espermatozoide tem um
cromossomo, que pode ser o X
ou o Y, enquanto os óvulos têm
um cromossomo X.
Ao fertilizar o óvulo, os
cromossomos se unem, gerando
embriões que podem ter
cromossomos XY ou XX.
Pessoas 
normalm
sexuais e
femininos
a determ
pertencem
Curiosidade
Há também outras combinações de cromossomos, hormônios e órgãos que
podem determinar que uma pessoa seja considerada intersexual. Quando isso
ocorre, normalmente os pais decidem como criar o bebê, como menino ou como
menina. Em vários países, já é possível registrar um recém-nascido sem a
identificação de masculino ou feminino na certidão de nascimento, como na
Alemanha, Holanda, Austrália, Nova Zelândia, Índia, Paquistão, Nepal e
Bangladesh.

definido em sua certidão de nascimento. Determinações de como homens e mulheres
devem se vestir, se portar ou se comunicar fazem parte dessa construção que define o
que é adequado e o que se espera de cada pessoa. Frases como “homens não podem
chorar”, “mulheres devem ser mães” e “meninos devem vestir azul e meninas devem
vestir rosa” são exemplos de modelos socialmente preestabelecidos sobre o que se
espera de homens e mulheres em uma sociedade.
Imagem ilustrativa a respeito da definição de papéis sociais e comportamentais estabelecidos socialmente aos
gêneros feminino e masculino.
Para as Ciências Sociais e Humanas, o gênero diferencia e afasta a dimensão
biológica da dimensão social do que é ser homem e o que é ser mulher. Para além da
anatomia dos nossos corpos, nós, seres humanos, somos produtos da realidade
social em que estamos inseridos.
Desde a infância, somos ensinados a nos
comportar de uma determinada maneira
ou ter uma aparência de acordo com o
nosso sexo biológico. Somos
apresentados a modelos
predeterminados de como ser homem e
de como ser mulher, e todas as suas
diferentes maneiras de agir. No entanto,
grande parte dessas distinções entre
homens e mulheres são construídas
socialmente, somos ensinados a ter uma
performance de acordo com nosso sexo
biológico.
Para a maioria da população, isso não representa um problema. No entanto, muitas
pessoas não se identificam com o sexo biológico com o qual nasceram. Esse
reconhecimento do nosso sexo biológico em relação ao gênero com o qual nos
identificamos é chamado de identidade de gênero. Há três tipos de identidade de
gênero: cisgêneros, transgêneros e não-binários. Você já conhece esses termos?
Identidades de gênero
Cisgênero Transgênero Agênero Não-binário Gênero fluid
São as pessoas que se identificam com o sexo biológico que foi designado
quando nasceram.
É importante ressaltar que a identidade de gênero não deve ser
confundida com a orientação sexual!
Os dois conceitos se cruzam e podem causar alguma confusão entre as pessoas, mas
dizem respeito a aspectos diferentes e um não resulta do outro. Enquanto a identidade
de gênero diz respeito à maneira como um indivíduo se sente e se expressa
socialmente, a orientação sexual é o desejo sexual que esse mesmo indivíduo sente
por outro.
Quando falamos de orientação sexual, as mais comuns são:
Podemos exemplificar da seguinte maneira
Um homem transgênero, que ao nascer foi identificado como do sexo feminino,
mas, na vida adulta, fez a transição para o sexo masculino, com cirurgia para
retirada dos seios e administração de hormônios, pode sentir atração por homens
e mulheres.

 Heterossexual
Aqueles que sentem atração pelo sexo oposto.
 Homossexual
Aqueles que sentem atração pelo mesmo sexo.
 Bissexual
Aqueles que sentem atração por ambos os sexos.
 Assexual
Aqueles que não sentem atração por nenhum sexo e, embora não sintam desejo sexual,
podem manter um relacionamento amoroso.
 Pansexual
Aqueles que sentem atração por pessoas, independentemente de sexo.
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
Gênero como construção social
A maneira como nos comportamos e nos expressamos em sociedade é reflexo de um
intenso processo de aprendizagem sociocultural que nos condiciona, desde que
nascemos, a agir de acordo com padrões de gênero que são estabelecidos ao longo
do tempo.
Crescemos cercados de expectativas sociais sobre como devemos
andar, como e sobre o que devemos falar, o que devemos vestir, com
o que devemos brincar, o que devemos estudar, quais profissões
devemos seguir etc.
Relembrando
Conforme já foi explicitado, o conceito de gênero foi criado exatamente para
afastar as relações entre os sexos de determinismos biológicos, ou seja, a ideia
de que as relações entre homens e mulheres seriam produtos da natureza

Aliás, é preciso ressaltar que esse conceito surgiu com o movimento feminista e suas
teorias em diálogo com outras áreas de conhecimento, como a História, a Sociologia,
a Antropologia e a Ciência Política, entre outras.
Fotografia da escritora e filósofa Simone de Beauvoir.
A escritora e filósofa Simone de Beauvoir
tem um papel importante nesse contexto:
em 1949, ela lançou seu livro chamado O
Segundo Sexo, que foi fundamental para
dar início às análises e reflexões sobre as
desigualdades sociais existentes entre
homens e mulheres, assim como
questionar as relações de poder que os
envolvem e que geralmente inferiorizam
a mulher. É da Simone a famosa frase“Não se nasce mulher, torna-se mulher”.
Com esse discurso, a filósofa procurava
afastar todo e qualquer determinismo
biológico em relação ao papel que as
mulheres ocupavam na sociedade,
demonstrando que ser mulher não é
apenas ter genitália e órgãos
reprodutores femininos, mas um
conjunto de fatores que são
determinados pela sociedade e que
(SCOTT, 1991). O gênero destaca os aspectos relacionais e, consequentemente,
as definições de papéis na nossa sociedade.
estabelecem uma espécie de
performance a ser assumida pelas
mulheres.
Erroneamente, muitas pessoas ainda acreditam que os comportamentos de homens e
mulheres são baseados em instintos naturais e provenientes de seus corpos, e
também creem na existência de personalidades ou padrões de comportamento
predefinidos para cada sexo, como a ideia de que homens são mais agressivos e
mulheres delicadas e sentimentais.
De maneira geral, desde que nascemos, nossa educação nos condiciona a viver em
sociedade e define papéis claros e distintos para meninos e meninas. Essas
distinções começam ainda antes do nascimento, por exemplo, na definição das cores
para o enxoval e o quarto do bebê. Incluem-se aqui os famosos chás de revelação, nos
quais o sexo do bebê é apresentado utilizando rosa para meninas e azul para meninos.
Enquanto crescemos, nossos brinquedos, brincadeiras e atividades de lazer também
são definidas a partir do sexo biológico:
Saiba mais
De acordo com a Antropologia, a dimensão biológica da espécie humana é
modificada pela cultura, que humaniza nossa espécie. Isso quer dizer que a
biologia tem um papel relativamente pequeno na maneira como nos
comportamos e agimos em sociedade.

 1 de 2 
A partir dessas relações, vamos nos adequando a um padrão preestabelecido que
inclui atitudes e gestos classificados como masculinos ou femininos. Ainda, somos
condicionados a fazer escolhas com base nessas separações, o que influencia nosso
modo de pensar e agir de acordo com o que é esperado de cada gênero.
Essas brincadeiras, que a princípio podem parecer inocentes, podem ser traiçoeiras
quando se trata da relação entre gêneros. Entenda:
Incentivar meninos a brincar
apenas de lutas, espadas ou
Do mesmo modo, oferecer às
meninas miniaturas de
Meninas brincam de boneca e casinha.
 
jogos que incentivem a força, a
agressividade ou violência,
colabora com a visão de que
esse é o único caminho
possível para sua
socialização.
utensílios domésticos e
bonecas induz ao pensamento
de que o ambiente doméstico
é o único espaço possível que
elas podem ocupar em
sociedade.
Essas noções aprendidas na infância se consolidam na
adolescência e influenciam a sociabilidade e a convivência.
Desde a nossa sexualidade até a escolha da nossa profissão, os modelos de gênero
interferem nos mais diversos aspectos da nossa vida. Para muitos, esses padrões são
assimilados e acolhidos sem grandes problemas. No entanto, para outros que não se
adequam a essas categorizações e modelos, eles são como amarras que causam
sofrimento e angústia. E qualquer discordância nesses padrões pode gerar críticas e
discriminação.
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
A teoria queer e a desconstrução do
gênero

Em grande parte influenciada pelo movimento feminista, surgiu também nos Estados
Unidos, no final da década de 1980, a teoria queer, uma corrente de pensamento
desenvolvida por diversos pesquisadores e ativistas que se opunham aos estudos
clássicos sobre identidades fixas das minorias sexuais e de gênero.
Essa teoria trouxe novas possibilidades de entendimento para as questões de gênero
e suas identificações e propôs debates inéditos sobre a sexualidade e novas formas
de identidades. Para além da concepção binária de masculino e feminino, a teoria
queer mostrou que os tradicionais papéis de homens e mulheres podem ser
desconstruídos e redefinidos a partir das mais diversas performances de gênero e
sexualidade.
O termo queer pode ser traduzido como
estranho, ridículo, excêntrico, e era
utilizado de forma pejorativa, negativa e
discriminatória para se referir àqueles
que rompiam as normas de gênero e
sexualidade, normalmente os homens e
as mulheres homossexuais. Adotado e
ressignificado pelos teóricos do
movimento que começaram a utilizá-lo
para descrever seu trabalho e sua
perspectiva teórica, o termo passou a
designar um tipo de diferença
transgressiva e perturbadora que não
quer ser assimilada ou tolerada (LOURO,
2001).
A seguir, compreenda detalhadamente no que se baseia a teoria
queer:
 1 de 3 
A partir de sua proposta
desconstrutiva, a teoria queer
questiona os processos pelos quais a
heterossexualidade se tornou a
norma em nossa sociedade e passou
a ser concebida como natural, ao
mesmo tempo em que tecem críticas
à oposição binária
heterossexual/homossexual. Para
esses teóricos, é preciso implementar
mudanças que dissolvam essa lógica
binária de pensamento, assim como
seus efeitos de hierarquia,
classificação, dominação e exclusão
entre gêneros. Nesse sentido, um
pensamento desconstrutivo
possibilita o entendimento da
heterossexualidade e da
homossexualidade como
comportamentos correlativos, livres
de hierarquias ou classificações,
ambos naturais e integrantes de um
mesmo sistema.
 
A teoria queer trouxe novas perspectivas não só sobre a produção
de saberes sobre gênero e sexualidade, mas também abriu a
possibilidade de novos olhares e demandas sociais para outros
campos de conhecimento, como o design.
A professora e pesquisadora Denise Portinari (PORTINARI, 2017) sugere uma
articulação interessante entre a teoria queer e o design, propondo a reflexão sobre
aspectos da prática do design a partir de uma perspectiva queer. Sua visão parte das
questões e das lutas LGBTQI+ para problematizar a heteronormatividade, as
identidades de gênero e as diferenças sociais de forma a potencializar novas
possibilidade e maneiras de existência. A pesquisadora propõe assim, queerizar o
design mediante a subversão da normatividade vigente e o fortalecimento das
diferenças, que podem ser feitos por meio da apropriação criativa e da ressignificação,
da teatralização, do desvelamento e da desmistificação.
Reflexão
Fomos condicionados a definir o que é ser homem ou mulher por meio das
características secundárias dos nossos corpos, como pelos, seios, quadris,
músculos etc. O design e a mídia costumam destacar diferentes características
que são aceitas como inerentes e exclusivas de homens ou mulheres e colabora
com a construção de um campo simbólico que define gênero e sexualidade.
Como dito anteriormente, homens são retratados como viris e racionais,
enquanto mulheres são retratadas como dóceis e delicadas.

Diferenciações de gênero ao longo da
história e sua relação com o design
Para saber como, ao longo da história, os gêneros foram diferenciados por meio da
indumentária, de objetos e de acessórios, e como essas relações se transformam,
assista ao vídeo a seguir:

O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
Questão 1
Gênero e sexo são termos diferentes e devem ser utilizados em contextos diversos,
objetivando estabelecer um pensamento no qual as distinções de comportamento
entre homens e mulheres possam ser

Vamos praticar alguns
conceitos?
Falta pouco para
atingir seus
objetivos.
Questão 2
Analise as afirmativas a seguir a respeito dos conceitos de gênero e sexo:
I – O termo sexo se refere às categorias inatas do ponto de vista biológico,
enquanto o gênero diz respeito aos papéis sociais relacionados à mulher e ao
homem.
A compreendidas independentemente das diferenças biológicas.
B suprimidas, para o aparecimento de um padrão único de conduta.
C isentas das ordens social, econômica e política estabelecidas.
D impostas às características determinadas pela bagagem genética.
E
percebidas como uma inabilidade para o desempenho dos papéis
sociais.
Responder
II – Toda sociedade é marcada por diferençasde gênero, mas não há grande
variação dos papéis associados em função da cultura e do tempo em que se vive.
III – O gênero inclui papéis e expectativas que a sociedade tem sobre
comportamentos, pensamentos e características que acompanham o sexo
atribuído a uma pessoa.
É correto o que se afirma em
A I, apenas.
B III, apenas.
C I e III, apenas.
D II e III, apenas.
E I, II e III.
Responder
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
3
Diversidade étnico racial
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar que o racismo é um problema de todos e devemos lutar para combatê-lo.
Raça e etnia
O termo raça é frequentemente utilizado para se referir aos tons de pele das pessoas
e, de alguma maneira, classificá-las como sendo de uma raça ou outra, como negros,
brancos, indígenas, orientais etc. Mas você sabia que, para a Biologia, os seres
humanos, independentemente de qualquer característica física, como o tom da pele
ou tipo de cabelo, são todos da mesma espécie e que a separação por raças não faz
sentido?
Veja cada marco histórico importante para construir e desconstruir
o conceito de raça:
Curiosidade
Estudos recentes mostraram que 99,9% do DNA humano é idêntico, ou seja,
diferenças no tom da pele, no formato do nariz, na estatura ou quaisquer outras,
são características físicas com pouquíssima relação com a nossa genética
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2018). Dos cerca de 25 mil genes que compõem
o nosso genoma, uma parte muito pequena deles, quase insignificante, é
responsável por diferenças de fenótipo, como cor da pele ou textura do cabelo.
As diferenças entre um negro e um asiático, por exemplo, representam apenas
0,005% do genoma humano.

 Década de 1680
N Ciê i N t i it d d l Z l i l
Nas Ciências Naturais, o conceito de raça começou a ser usado pela Zoologia e pela
Botânica para classificar as espécies animais e vegetais. O termo foi utilizado pela
primeira vez para categorizar a diversidade humana em 1684, separando grupos de
pessoas por suas características físicas em raças.
 Séculos XVI e XVII
Entre os séculos XVI e XVII, o conceito de raça passou a ser utilizado também nas
relações de classes sociais na França: a nobreza local se identificava com os francos, de
origem germânica e considerados de sangue puro e, por isso, distinto e melhores que os
gauleses.
 Século XVIII
No século XVIII, a cor da pele passou a ser o critério primordial para classificação entre
as raças e dividiu a espécie humana em três grandes grupos: raça branca, negra e
amarela.
 Século XIX
Já no século XIX, além do tom da pele, foram acrescentadas outras características
físicas na tentativa de aperfeiçoar a classificação, como a forma do nariz, dos lábios, do
queixo, o formato do crânio, do ângulo facial, entre outras.
 Século XIX
A categorização dos seres humanos em raças foi quase sempre utilizada para nos
dividir em hierarquia, o que ainda hoje influencia nossa sociedade. Essa separação
ganhou forças com uma espécie de racismo científico, muito comum do final do século
XIX até meados do século XX, que considerava a raça branca superior em relação às
demais raças e colocava a raça negra no nível mais baixo, fato que justificava a
escravidão e o domínio do continente africano pelos europeus.
 Século XX
Finalmente, no século XX, com os avanços nos estudos genéticos, descobriu-se que a
genética de dois indivíduos que, supostamente, pertenceriam a uma mesma raça
poderia ser mais distante entre si do que a genética de outro indivíduo de uma raça
diferente. Em outras palavras, descobriu-se que um boliviano pode ser mais próximo
geneticamente de um sueco e mais distante de um peruano.
A conclusão a que os pesquisadores da área chegaram é que não
existem raças humanas!
Atualmente, sabemos que a classificação das raças humanas é uma ideia
ultrapassada e equivocada. No entanto, ela influenciou a formação da nossa
sociedade e possibilitou políticas e ações discriminatórias ao longo do tempo, como a
escravidão e o apartheid na África do Sul, e tem inúmeros reflexos ainda hoje. O termo
raças ainda é utilizado, mas agora como categorias de análise, por sua importância
social e política, e não mais como um atributo biológico.
Grupo de indígenas da aldeia Pataxó, do sul da Bahia.
Já o termo etnia é um conceito mais
amplo e multifacetado que diz respeito à
identidade de um grupo social que
compartilha um mesmo sistema cultural,
uma mesma língua, uma mesma religião,
uma cosmovisão ou um mesmo
território. Não se trata de uma
classificação biológica, mas uma
separação socialmente localizada e
comungada por um grupo.
Saiba mais
Para você ter uma ideia, de acordo com o Censo de 2010, no Brasil existem 305
diferentes etnias indígenas, com 174 línguas diferentes. Costumamos nos referir

Poderíamos então, substituir o termo raça por etnia?
A princípio, esta pode parecer uma boa solução, no entanto, se pensarmos na
população negra, por exemplo, para além da cor da pele, não há uma unidade entre os
diversos povos negros que possam defini-los como uma única etnia: os negros
brasileiros têm língua, cultura e costumes muito diferentes dos negros de
Moçambique ou da Jamaica. Se tomarmos como exemplo somente a população
negra brasileira, já temos muitas dessas diferenças que impossibilitam a
denominação de uma etnia. Claro, reflexão semelhante vale para a população indígena
ou a população branca.
Além disso, a simples troca do termo raça por etnia provavelmente
não resolveria problemas de hierarquização da nossa sociedade.
O primeiro passo para transformarmos a nossa realidade é compreender que raças
humanas não existem e que a divisão equivocada da população pela cor da pele e
outras características físicas causou e ainda causa muitas sequelas que precisam ser
combatidas e reparadas, como o racismo.
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
ao povo do continente africano simplesmente como africanos, no entanto,
estima-se que atualmente existem na África mais de 100 etnias, cada uma com
sua própria língua e cultura. O mesmo acontece com os europeus, que nos
habituamos a tratar como um grupo homogêneo, mas são compostos, na
verdade, por diversas etnias que vivem no continente europeu.
Preconceito e discriminação
De acordo com o dicionário, o preconceito é um conceito ou opinião formados antes
de ter os conhecimentos necessários sobre um determinado assunto. Ou ainda, um
sentimento desfavorável que é concebido antecipadamente ou independente de
experiência ou razão, baseada em fatores subjetivos e em generalizações superficiais.
Somos preconceituosos quando emitimos uma opinião ou juízo de valor sem
conhecimento, baseado unicamente em percepções subjetivas ou achismos.
Invariavelmente, o preconceito é uma prática injusta, que inferioriza e classifica o outro
negativamente.
Sem dúvida, esse é um dos maiores e mais graves problemas da nossa sociedade e
há vários exemplos na história da humanidade. Por exemplo:
Na Grécia Antiga, todos
aqueles que não eram de
origem grega ou não
compartilhavam da mesma
cultura ou formas de
organização da sociedade
grega eram considerados
bárbaros.
Os romanos adotaram o termo
e, de forma estereotipada e
pejorativa, passaram a se
referir a todos os estrangeiros
como bárbaros, como os
germânicos que habitavam o
norte da Europa

Perceba que, nas duas culturas, o termo era utilizado com desprezo para se referir a
culturas diferentes que eram consideradas atrasadas. Já na Idade Média, com o
domínio da Igreja Católica, aqueles que não professavam sua fé no cristianismo eram
tratados como infiéis e perseguidos por heresia, blasfêmia ou bruxaria.
Separação de Judeus na rampa de Auschwitz II-
Birkenau, em 1944. Período conhecido como
Holocausto.
Além desses, vários outros exemplos
podem ser citados, como inúmeras
guerras, o colonialismo e o holocausto,
que tiveram em suas bases o preconceito
e a inferiorização de outros povos ou
culturas. Todoseles com terríveis e
nefastas consequências.
Você já parou para pensar quais são as causas do preconceito? Podemos dizer que
as raízes do preconceito são a ignorância, a educação domesticadora, a intolerância, o
egoísmo e o medo, sendo o ignorante, aquele que não quer saber, a presa mais fácil
para o preconceito.
Exemplo
Para exemplificar, podemos citar o povo brasileiro e sua relação com os nossos
indígenas: mesmo sendo uma das minorias mais indefesas e uma das mais
agredidas do Brasil, muitos de nós aceitam com facilidade ideias mentirosas e
distorcidas que são veiculadas sobre eles, além de propagarem a imagem do

Do preconceito surge a discriminação,
que é uma ação em que um indivíduo
trata o outro injustamente por pertencer
a um grupo diferente, por exemplo.
Discriminar é estabelecer diferença entre
pessoas e coisas com prejudicialidade
para a parte que é inferiorizada e tratada
como pior por algum motivo arbitrário. É
um termo que traz consigo uma forte
carga negativa e também emocional.
A discriminação é um tipo de violência que segrega, exclui, afasta e impede quem é
discriminado de exercer seus direitos como ser humano. Aliás, o artigo 7 da
Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todos somos iguais e temos
direitos iguais e sem qualquer distinção. Temos igual direito contra qualquer
discriminação!
Existem vários tipos de discriminação, as mais comuns são:
indígena como um ser selvagem, que comete atrocidades e que, por isso, precisa
ser aculturado e tornar-se civilizado. Como você pode notar, ideias errôneas,
advindas de preconceitos, que inferiorizam os povos indígenas.
De maneira geral, podemos dizer que:
O preconceito está mais
voltado a aspectos
psicológicos e mentais e faz
com que a pessoa
preconceituosa tenha
pensamentos, ideias e
opiniões infundadas em razão
da sua ignorância.
A discriminação tem origem
no preconceito e se
caracteriza por ser uma atitude
concreta de tratamento
diferenciado que inferioriza
outros seres humanos.
Discriminação de classe social 
Discriminação racial ou étnica 
Discriminação de gênero ou orientação sexual 

Apropriação cultural
Agora, com a ajuda do especialista Hely Costa Jr, vamos entender o que é apropriação
cultural, quando e como ela ocorre e como designers devem buscar maneiras de evitar
que ela apareça em suas criações.

O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
Racismo
Como vimos anteriormente, do ponto de vista biológico e genético, não existem raças
humanas, somos todos de uma mesma espécie. Podemos inclusive pensar na
separação dos homens em raças distintas e hierarquizadas como uma consequência
da visão de mundo eurocêntrica, por meio da qual buscavam uma justificativa para
atos perversos como a escravidão dos povos africanos e a própria colonização das
américas.
A classificação em raças humanas, mais ou menos evoluídas, fundamentou a ideia de
submissão de um povo em relação a outro, influenciou políticas e ações
discriminatórias ao longo da história e tem reflexos cruéis ainda hoje em nossa
sociedade. Por isso, o termo “raças” segue sendo utilizado tão somente por seu valor
político e social como categorias de análise, e não em seu sentido biológico.
Nesse contexto, podemos dizer que o racismo é um sistema
hierárquico artificial, no qual se acredita na superioridade e na
pureza de uma raça em relação a outra.
O racismo atua de diferentes maneiras em cada parte do mundo, de acordo com a
história e o sistema social de cada lugar, o que evidencia o caráter político e social dos
termos raça e racismo. Tomemos por exemplo o racismo no Brasil e nos Estados
Unidos:
Racismo no Brasil e nos EUA: um breve comparativo
 1 de 2 
Pintura representando escravos descansando na casa de um senhor, a caminho de outra fazenda para
qual foram comprados, no Brasil, em 1830.
Semelhanças
Entre as semelhanças estão o passado escravagista de ambos, com grande
volume de negros escravizados, e a adoção de políticas racistas pós-abolição.
 
Após a abolição da escravatura, em 1888, não houve nenhuma política de inclusão de
pessoas negras à sociedade. Ao contrário, a população negra foi abandonada à
própria sorte, sem nenhuma reparação, indenização ou terra para poder plantar e viver.
O que restou para a população negra foi a fuga para as cidades para sobreviver em
cortiços, dependentes, vendendo sua mão de obra a salários baixos. Com o fim formal
da escravidão, houve, inclusive, um processo de criminalização de pessoas negras,
como a Lei dos Vadios e Capoeiras, de 1983, que determinava que negros
encontrados na rua ou que praticassem capoeira podiam ser presos.
Essa dinâmica social possibilitou a
manutenção do racismo ao longo da
Saiba mais
A política pró-miscigenação levou o Brasil a acreditar no mito da democracia
racial, fundamentado na falsa ideia de igualdade, isonomia e harmonia entre as
diferentes etnias, devido à miscigenação e à integração, além de um suposto
tratamento igualitário perante a lei. Então, desenvolveu-se a partir de um mito —
que como sabemos, diz respeito a uma fantasia, algo que não existe na realidade
— a ideia de que as desigualdades existentes entre negros e brancos está
baseada em questões estritamente sociais e não raciais. No entanto, o fato de
que todos são governados pela mesma lei não garante a democracia racial. São
necessárias políticas de reparação histórica que desenvolvam uma verdadeira
democracia racial.

história, como um elemento que faz parte
da estrutura, da organização econômica,
política e cultural da sociedade. Uma
manifestação muitas vezes tida como
normal e que colabora com a
desigualdade e a violência, o chamado
racismo estrutural (ALMEIDA, 2018).
Um processo no qual a organização estrutural da sociedade
reproduz a submissão de negros e indígenas de forma
institucionalizada e enraizada.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD) Contínua do IBGE:
56,10% da população brasileira é
negra. A maioria numérica,
porém, não se reflete na
sociedade brasileira.
Apesar de já serem maioria no
ensino superior, os negros ainda
são minoria em cargos de
liderança e em cargos
legislativos e de magistratura.
Negros s
quando s
homicídio
de 60% d
Além disso, negros são sub-representados na mídia, seja em anúncios publicitários,
em novelas ou no cinema.
Esses números mostram como o racismo estrutural excluí negros e indígenas do
projeto de sociedade no qual vivemos. Apesar de estarem presentes e serem a maior
parte da população brasileira, pode-se dizer que eles são alvos de constante
silenciamento, extermínio, adversidades e discriminação. Em uma sociedade como a
nossa, o racismo influencia a forma como pensamos e agimos quando, por exemplo,
associamos aos negros apenas capacidades e qualidade físicas como a dança, os
esportes e o trabalho braçal.
Mas como podemos mudar isso?
Fotografia da filósofa, professora, escritora e ativista,
Angela Davis.
Em primeiro lugar, é preciso que pessoas
brancas reflitam, identifiquem e
reconheçam seus privilégios. Como
salienta a ativista Angela Davis, “Numa
sociedade racista não basta não ser
racista. É necessário ser antirracista”, ou
seja, mais do que apoiar a causa, é
preciso colaborar na promoção ações e
políticas afirmativas e antirracistas para
reparar as desigualdades (RIBEIRO,
2019).
É preciso estudar, ter disposição para aprender e ter empatia para escutar pessoas
negras contando sobre suas experiências e vivências em uma sociedade racista, nas
quais elas sofrem diversos tipos de violência física e psicológica, e sobre todos os
preconceitos e exclusões a que estão sujeitos. É necessário entender que a
escravidão ainda impacta a toda a organização e a estrutura da nossa sociedade
atual.
É preciso que sejamos a mudança que queremos ver no mundo.
Afinal, o antirracismo é uma luta de todas e todos nós!
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema

Vamos praticar algunsconceitos?
Falta pouco para
atingir seus
objetivos.
Questão 1
Analise as afirmativas abaixo sobre raça e etnia:
I - A ideia de raças humanas foi criada e usada para dividir os seres humanos de
acordo com uma hierarquia que não mais influencia o modo em que vivemos hoje.
II - Para o racismo científico corrente no final do século XIX até a primeira metade
do século XX, a raça branca teria uma superioridade moral, cultural, política e
econômica em relação às demais raças.
III - Atualmente, o conceito de raça não tem validade no campo das Ciências
Naturais, mas estabeleceu-se como um conceito das Ciências Sociais para estudar,
debater e criticar as desigualdades existentes entre as raças na sociedade.
É correto o que se afirma em
A I, apenas.
B I e II, apenas.
C II e III, apenas.
D I e III, apenas.
Questão 2
Analise as afirmativas sobre raça, etnia e racismo, marque V para as alternativas
verdadeiras e F para as alternativas falsas:
( ) Apesar do uso popular se referindo a seres humanos, é incorreto afirmar que
existem diferentes raças humanas.
( ) Um grupo étnico é um grupo cujos membros se identificam com base em seus
aspectos físicos e fenotípicos, como a cor da sua pele, por exemplo.
( ) O racismo é a crença em que uma raça, etnia ou certas características físicas
sejam superiores a outras.
( ) O racismo pode se manifestar tanto em nível individual, como em nível
institucional, por meio de políticas como a escravidão, o apartheid, o holocausto, o
colonialismo e o imperialismo.
Assinale a alternativa que corresponde à sequência correta:
E I, II e III.
Responder
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
A V; F; V; V.
B F; V; V; F.
C V; V; F; V.
D V; F; V; F.
E V; V; V; V.
Responder
4
Ações afirmativas e diversidade no campo do design
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar como a diversidade pode potencializar os mais diversos projetos de design.
Ações afirmativas
Políticas afirmativas são políticas públicas que visam reparar as desigualdades
sociais e raciais existentes no Brasil, concedendo oportunidade iguais aos grupos
vitimados pela exclusão socioeconômica, como negros, indígenas, pessoas com
deficiência e pessoas de classes sociais menos favorecidas. É uma forma de
compensação a toda discriminação e sofrimento que essa parcela da população
sofreu no passado, ao mesmo tempo que também evita que tais processos se
reproduzam no presente e se manifestem no futuro.
Nesse contexto, ações afirmativas buscam combater discriminações étnicas, raciais,
religiosas, de gênero, de classe, com o objetivo de aumentar a participação de
minorias na sociedade com acesso à educação, saúde, emprego, proteção social e
reconhecimento cultural.
São exemplos de ações afirmativas:
Bolsas, auxílios, creche,
reforma agrária
Cotas em diversos níveis de
ensino e em concursos
públicos
Estímulo à contratação de
indivíduos de grupos sociais
discriminados, entre outros
Para nossas leis, que partem do princípio da isonomia, somos todos iguais,
independentemente da cor da nossa pele ou da nossa classe social. No entanto,
sabemos que em nosso cotidiano, na prática, as coisas são diferentes. No Brasil,
desde a Constituição de 1988, pessoas com deficiência têm cotas garantidas no
serviço público. Em 2007, também foi instituída pelo Governo Federal a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, que
reconheceu e garantiu os direitos territoriais e socioeconômicos e a valorização
cultural de indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais de matriz africana ou
de terreiro, extrativistas, ribeirinhos, caboclos, pescadores artesanais e pomeranos,
entre outros.
Na década de 2000, foram criadas
diversas ações afirmativas para a
população negra. Essas ações se
justificam pelo que costumamos chamar
de dívida histórica que o Brasil tem com
esse grupo, afinal, estima-se que mais de
5 milhões de pessoas foram trazidas
contra sua vontade, para trabalharem
forçadamente como escravos, durante
mais de três séculos. Com a abolição da
escravatura, os negros foram
abandonados, sem políticas públicas
para sua inserção na sociedade e sem
direito a terras para plantar. Das
senzalas, foram para as favelas e
cortiços, sem instrução educativa e sem
perspectiva, e foram relegados à pobreza
e à precariedade, principalmente nas
grandes cidades, o que os prejudicou de
forma crucial e afetou também a sua
descendência.
Entre as diversas ações afirmativas em âmbito federal para os afrodescendentes,
podemos citar a Lei 10.639/2003 e a Lei 11.645/2008, que tornaram obrigatório o
ensino sobre história e cultura afro-brasileira e indígena nos ensinos Fundamental,
Médio e Superior; a Lei de Cotas no Ensino Superior (2012); o Estatuto da Igualdade
Racial (2013), destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de
oportunidades; e a Lei 12.990/2014, que instituiu a reserva de 20% das vagas no
serviço público federal para a população negra.
A Lei de Cotas no Ensino Superior é
provavelmente uma das mais conhecidas
e estabeleceu que todas as instituições
de Ensino Superior deveriam destinar
metade das duas vagas nos processos
seletivos para estudantes egressos de
escolas públicas, até 2016, levando em
consideração critérios raciais, sociais e
econômicos.
Dados relevantes sobre o acesso de jovens negros e pardos às
universidades:
Há também ações afirmativas para aumentar a participação das mulheres na política,
como a obrigatoriedade de que 30% do fundo partidário seja destinado a candidaturas
femininas. Podemos citar também a criação das delegacias das mulheres, como uma
ação que reconhece que mulheres sofrem historicamente um tipo de violência que se
origina na desigualdade de gênero.
As ações afirmativas não resolvem problemas como o racismo, a desigualdade social
ou a violência contra mulheres, no entanto, elas partem do reconhecimento da
existência desses problemas e colaboram para a inclusão desses grupos sociais.
Podemos dizer que elas são o primeiro passo na busca de uma reparação histórica
para povos ou pessoas que há séculos vivem em situação de vulnerabilidade social e
desvantagem em relação à população branca, como negros e indígenas.
Quanto mais se ampliam as oportunidades para a equidade, mais
próximos estaremos de viver em uma sociedade justa e
democrática.
2002
De acordo com o IBGE, neste
ano, apenas 2,2% dos jovens
negros e 3,6% dos jovens pardos
frequentavam faculdades e
universidades.
2011
Nove anos depois, o número de
negros e pardos saltou para 11%
dos alunos matriculados.
2016
Após cinc
subiu par
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
Design inclusivo
Tendo em mente todas as questões estudadas anteriormente, enquanto estudante de
Design, você já pensou o que pode fazer a fim de colaborar para a solução ou a
amenização desses problemas? Em seus projetos acadêmicos de Design, você se
preocupa com a inclusão por intermédio do design?
É comum, ao darmos início no processo
de criação, pensarmos em público-alvo
de forma idealizada: jovem, saudável,
sem limitações físicas ou cognitivas. No
entanto, esse público-alvo geralmente
não existe na prática. Cada indivíduo é
único, e, como grupo, a espécie humana
é marcada pela diversidade, por
capacidades distintas e diferentes níveis
de conhecimento.
Neste tópico, falaremos sobre design inclusivo, uma abordagem do design voltada
para a criação de produtos e sistemas inclusivos, ou seja, que se preocupa com os
mais diferentes tipos de usuários, com diferentes necessidades e habilidades.
Conceber e produzir produtos, serviços ou ambientes adequados à diversidade
humana, incluindo crianças, adultos mais velhos, pessoas com deficiência, pessoas
doentes ou feridas, ou, simplesmente, pessoas colocadas em desvantagem pelas
circunstâncias.
O design inclusivo deve ser pensado e criado para todos. É preciso levar em
consideração, ao criar, que a população joveme saudável é apenas parte do nosso
público-alvo. Ao reconhecermos e nos preocuparmos com o fato de que nossos
projetos serão utilizados por indivíduos com diferentes dificuldades funcionais, como
pessoas que não ouvem, não veem e que são menos ágeis do que a média da
população, estaremos, invariavelmente, criando algo que será melhor para todos.
Abordagens semelhantes podem ser encontradas nos chamados Design for All e
também no Universal Design, que se distinguem por pequenas diferenças nas formas
de abordagem. No entanto, de maneira geral, não há diferenças em relação aos
conceitos. Todos colaboram de forma efetiva com a inclusão social, seguem
parâmetros de usabilidade e têm como foco o design centrado no usuário.
Saiba mais
O design inclusivo vai além da criação para pessoas com deficiência, pois leva
em consideração também as limitações permanentes ou temporárias pelas quais
podemos passar ao longo da vida, por exemplo, as limitações temporárias de
uma mulher durante a gravidez, devido ao seu peso e ao tamanho da barriga, ou
ainda as limitações permanentes, como de idosos que podem perder habilidades
ou sofrer alterações na visão ou na capacidade de raciocínio.

Conheça as principais preocupações dessa abordagem de design:
 1 de 3 
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
Criar produtos e sistemas que facilitem e tornem mais prática sua utilização por
todos e não só por indivíduos com diferenças funcionais ou cognitivas. Por
isso, projetos de design inclusivo têm grande importância na busca pela
igualdade e inclusão social.
 
Experiências de design
Já conseguimos entender a relação entre a diversidade e o design: o design também
pode ser uma ferramenta transformadora! Por meio do design, podemos criar
soluções que atendem às mais diversas necessidades e desejos humanos e que
colaborem para mudanças sociais, culturais, ecológicas e sustentáveis.
No que diz respeito às questões culturais, criar produtos, serviços e comunicar-se com
públicos tão diversificados envolve muito mais que criatividade: é necessário atenção
especial às questões e práticas culturais.
Em um mundo globalizado e conectado, é preciso que o designer
tenha competência intercultural, ou seja, habilidade para se
comunicar de forma competente com outras culturas mediante suas
criações!
O termo intercultural, aliás, foi criado por
dois pesquisadores, Myron Lustig,
professor da San Diego State University, e
Jolene Koester, professora da California
State University. Eles defendem que essa
comunicação intercultural se torna cada
vez mais importante quanto mais
elementos, como fatores demográficos,
tecnológicos, econômicos e culturais são
combinados. Tais elementos induzem a
criação de espaços nos quais as
Fotografia da professora Jolene Koester.
interações humanas são dominadas pela
diversidade e, portanto, é imprescindível
envolver e interagir com os mais
diferentes sistemas culturais. Em outras
palavras, uma comunicação eficiente é
aquela apropriada a um determinado
contexto no qual as pessoas são
capazes de interagir e comunicar sem
ruídos ou mal-entendidos.
Quando projetamos um artefato de design, seja ele uma roupa, um cartaz, um móvel
ou um ambiente, estamos criando para um determinado público-alvo e,
consequentemente, nos comunicando com ele por meio de símbolos, signos, cores,
texturas, formas etc. Competência e comunicação intercultural no campo do design
diz respeito a designers receptivos a todos os tipos de comportamentos, ideias e
valores, sejam eles semelhantes ou diferentes dos seus. Essa postura é fundamental
para criar pensando na diversidade e no diálogo e para atender a um público
globalizado e diversificado.
E como podemos atuar para combater os estereótipos e todas as suas
consequências?
O profissional de design trabalha com conceitos e contextos sociais a fim de articular
processos de significação em seus artefatos. Portanto, o designer tem o poder de
persuadir atitudes, conhecimentos e comportamentos dos indivíduos (FRASCARA,
2000) e, dessa maneira, pode contribuir para a transformação social, com a formação
de uma sociedade mais justa e menos preconceituosa. Para além das questões
econômicas e tecnológicas às quais está envolvido, o design também induz a
mudanças sociais.
Sabemos que o design não é uma atividade socialmente neutra, pelo contrário, ele tem
o poder de influenciar e propagar ideologias. Por se tratar de uma atividade que
equilibra os interesses de grupos sociais distintos (dos produtores, dos usuários e dos
designers), o design vai além da criação de artefatos ou sistemas, ele é uma
ferramenta de interação social. Logo, designers podem contribuir para transformação
de valores culturais a partir de suas criações, ressignificando esses valores.
E você, consegue citar mais algum exemplo de como podemos
contribuir para transformar o mundo?
Vamos ver algumas referências de marcas conhecidas, que colocaram o design e a
diversidade em prática:
Quer alguns exemplos?
Designers gráficos podem incluir mais pessoas negras, com cabelos crespos e
encaracolados em suas criações, como em cartazes, anúncios e ilustrações.
Designes de moda podem criar roupas ou acessórios que valorizem a autoestima
do público plus size. Designers de interiores podem criar ambientes acessíveis e
funcionais para portadores de deficiência.

No que diz respeito às questões de
gênero, diversas marcas como a C&A e a
Zara já lançaram coleções sem gênero,
também conhecidas genderless,
consideradas por muitos uma tendência
no design de moda.
Há também muitos exemplos de marcas infantis que produzem roupas de gênero
neutro! Nos catálogos e nas embalagens da marca de brinquedos sueca TOP-TOY, não
há distinção entre brinquedos para meninos ou meninas: bonecas, kits de ferramentas,
cozinhas ou carrinhos são brinquedos que podem ser utilizados por ambos os sexos,
sem qualquer distinção.
Imagem com diversos brinquedos sem distinção de gênero.
Kit Heat Rescue Disaster Recovery, desenvolvido por
Hikaru Imamura.
O designer japonês Hikaru Imamura,
criou o Heat Rescue Disaster Recovery,
um kit de aquecimento e alimentação
feito a partir da reciclagem de tambores
de óleos para ser utilizado em
emergências ou casos de desastres,
como terremotos.
Já a designer Maura Horton, comovida com as dificuldades enfrentadas por seu
marido, diagnosticado com doença de Parkinson, criou um sistema de fecho
magnético para substituir os botões de camisas sociais.
Você conhece algum exemplo transformador de questões sociais no campo do
design?
Curiosidade
Em 2019, a Mattel apresentou uma linha de bonecos com gênero neutro, com
diferentes tons de pele, cabelos e roupas cambiáveis. Ainda nesse sentido,
marcas como Prada, Helmut Lang, Cartier e Calvin Klein lançaram recentemente
perfumes unissex, e a MAC produziu uma linha de maquiagem com foco no
público masculino.

Design e Diversidade
Para enriquecer ainda mais esse estudo e contribuir com novos referenciais de design
e diversidade, o especialista Hely Costa Jr apresentará, no vídeo a seguir, alguns
estudos de caso. Veja:

O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema
Questão 1
As cotas fazem parte do sistema de ações afirmativas, que tem como uma de suas
características a diminuição das desigualdades raciais, sociais e econômicas,
principalmente no que se refere ao acesso ao Ensino Superior e ao ingresso em
vagas de emprego através de concursos públicos. Analise as asserções abaixo
sobre ações afirmativas:

Vamos praticar alguns
conceitos?
Falta pouco para
atingir seus
objetivos.
I - As ações afirmativas foram criadas com a intenção de corrigir as disparidades
no acesso ao Ensino Superior e a empregos públicos.
PORQUE
II - Historicamente, o acesso dos grupos indígenas e negro foi afetado devido ao
modelo econômico baseado na escravidão, primeiramente com a tentativa de
escravização dos indígenas e, posteriormente, no século XVI, com ouso forçado da
mão de obra africana.
Assinale a alternativa correta:
A
As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma
justificativa da I.
B
As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
C
A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição
falsa.
D
A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição
verdadeira.
E As asserções I e II são proposições falsas.
Questão 2
Analise as afirmativas abaixo sobre o design inclusivo:
I – O design inclusivo se apresenta como uma abordagem geral que permite aos
designers garantir o atendimento de necessidades do público mais amplo possível,
independentemente da idade ou habilidade.
II - Atualmente, o debate sobre o design inclusivo está exclusivamente direcionado
ao desenvolvimento de produtos para idosos ou pessoas com deficiência.
III - O design inclusivo preza pelas diferentes formas de uso oriundas da relação
entre produto e usuário. Na elaboração de um produto inclusivo, devem-se
reconhecer os diferentes usuários, sabendo que suas necessidades e habilidades
mudam ao longo do ciclo de vida.
É correto o que se afirma em
Responder
A I, apenas.
B II, apenas.
C II e III, apenas.
Considerações finais
Depois de estudar todo este conteúdo, você já pensou como pode utilizar sua
criatividade para mudar o mundo e atuar contra os mais diversos tipos de exclusão
social? Como vimos, para além do aspecto mercadológico, o design pode atender às
necessidades de consumidores em suas diferenças econômicas, sociais e culturais e,
por intermédio dele, podemos lidar com questões humanas complexas.
Enquanto designers, devemos nos preocupar com a nossa responsabilidade para com
a sociedade e utilizar o design que criamos para influenciar favoravelmente e
efetuarmos, de fato, mudanças sociais positivas para toda a sociedade, não somente
para um grupo privilegiado. Mais do que criar produtos, sistemas ou serviços bonitos e
funcionais, podemos fazer do nosso trabalho um agente de transformação.
D I e III, apenas.
E I, II e III
Responder
Podcast
Neste podcast, nossa conversa se concentrará no conceito de design social e
sua aplicação.
00:00 11:18
1x
Explore +
Pesquise o vídeo Os perigos de uma história única, fala da escritora nigeriana
Chimamanda Ngozi Adichie, no programa TED Talk em 2009, e veja como ela aborda
as questões dos preconceitos e dos estereótipos.
Pesquise o vídeo O que é racismo estrutural? Desenhando, do portal Quebrando Tabu.
No vídeo, é mostrado como, após a abolição da escravidão em 1888, um milhão e
meio de pessoas negras foram colocadas na sociedade brasileira sem nenhum
suporte.
Pesquise o vídeo Papel de gênero, do canal Tempero Drag. Nesse vídeo, a drag queen
Rita Von Hunty discute sobre diferenças entre homens e mulheres.


https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ecc/02396/index.html?brand=estacio
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ecc/02396/index.html?brand=estacio
Pesquise o vídeo Racismo, coisa de branco, do canal Tempero Drag. Nesse vídeo, drag
queen Rita Von Hunty discute o racismo, o racismo estrutural e o sistema de
privilégios no qual nossa sociedade foi constituído.
Referências
ALMEIDA, S. L. de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018.
ALVARADO, V. Políticas públicas e interculturalidad. In: FULLER, N. (ed.).
Interculturalidad y política. Lima: Red para el desarrollo de las ciências sociales en el
Perú, 2003.
BENEDICT, R. O crisântemo e a espada. São Paulo: Perspectiva, 2013.
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
CAMPOS, F. F. da C.; LEITE, I. T.; WAECHTER, H. da N. A representação do gênero no
design. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM
DESIGN, 9., 2010, São Paulo. Anais [...] São Paulo: AEND-Brasil/Anhembi Morumbi,
2010. Consultado na internet em: 1º maio 2021.
FRASCARA, J. Diseño grafico para la gente. Buenos Aires: Ediciones Infinito, 2000.
LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2005.
LIMA, M. M. Considerações em torno do conceito de estereótipo: uma dupla
abordagem. Lisboa: Aveiro, 1996.
LOPES, A. M. D. Interculturalidade e direitos fundamentais culturais. In: PIOVESAN, F.;
GARCIA, M. (orgs.). Direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. (Coleção Doutrinas essenciais: Direitos humanos, v. 3).
LOURO, G. L. Teoria queer: uma política pós-identitária para a educação. Revista
Estudos Feministas, Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 541-53, 2001.
NEWMAN, G. R. A theory of deviance removal. The British Journal of Sociology,
Londres, v. 26, n. 2, p. 203-17, 1975.
PEREIRA, M. E. Psicologia social dos estereótipos. São Paulo: EPU, 2002.
PORTINARI, D. Queerizar o design. Arcos Design, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 1-19, out.
2017. Ed. especial Seminário Design.Com.
RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia da Letras, 2019.
ROCHA, E. P. G. O que é etnocentrismo. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.
SANTOS, B. de. S. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo
multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Tradução de Christine
Ruffino Dabat e Maria Betânia Ávila . Recife: [s. n.], 1991.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Genômica: a ciência que rompe fronteiras e desafia os
cientistas. Jornal da USP, São Paulo. Publicado em: 19 fev. 2018. Consultado na
internet em: 24 jun. 2021.
Material para download
Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato
PDF.
Download material
javascript:CriaPDF()
O que você achou do
conteúdo?
Relatar
problema

Mais conteúdos dessa disciplina