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Políticas de EJA no Brasil

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Prévia do material em texto

Educação de Jovens e 
Adultos
Políticas de EJA no Brasil
Desenvolvimento do material
Alba Valéria
1ª Edição
Copyright © 2022, Afya.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, 
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia 
autorização, por escrito, da Afya.
Sumário
Políticas de EJA no Brasil
Para início de conversa… ................................................................................ 3
Objetivo ......................................................................................................... 3
1. Século XIX ....................................................................................................... 4
1.1. Século XX e XXI ..................................................................................... 9
2. As Políticas Contemporâneas para a EJA: 2003 a 2010 ................ 17
Referências ......................................................................................................... 20
Para início de conversa…
Ao começarmos nossa reflexão sobre a Educação de Jovens e Adultos 
no Brasil, faz-se necessário compreender que as políticas que 
regulamentam a EJA são relativamente recentes, uma vez que a trajetória 
dessa modalidade não foi contínua e em alguns momentos até mesmo a 
modalidade não foi percebida como escolarização formal o que dificulta 
muito a construção de um percurso contínuo, ou uma linha do tempo 
consistente, até porque o ensino de jovens adultos se dava por meio de 
iniciativas pontuais da sociedade.
Sendo assim, o que propomos para essa discussão é resgatar a trajetória 
do ensino de jovens e adultos como se apresentava inicialmente no 
século XIX para, posteriormente, compreender as novas perspectivas 
que se originam com as propostas dadas a partir da regulamentação 
da modalidade como educação básica como aparece no artigo 21 da 
Lei 9.394/96 até o parecer do CNE nº. 11/2000, que surgiu como uma 
resposta aos questionamentos de todos os envolvidos com a modalidade 
que desejavam compreender como proceder a fim de contemplar as 
novas expectativas com o direcionamento dado pela lei. Para além disso, 
o Parecer do CNE nº. 11/2000 também se coloca como um olhar atento à 
formação do professor que deverá atuar nessa modalidade.
Portanto, iniciamos esta unidade convidando você a conhecer os 
caminhos da educação de jovens e adultos que vêm possibilitando a 
milhares de pessoas a se sentirem pertencentes a nossa sociedade.
Objetivo
Conhecer as políticas educacionais da Educação de Jovens e Adultos e 
seus processos de formulação, implementação e avaliação.
Educação de Jovens e Adultos 3
1. Século XIX
Antes de iniciar nosso estudo situado no período imperial, com a 
Constituição de 1824, julgamos ser importante voltar ainda mais no 
tempo, para compreendermos melhor o contexto que antecedeu essa 
proposta.
Poderíamos seguir por vários caminhos, apontando, por exemplo, o 
cenário econômico ou a perspectiva histórica entre os envolvidos, 
mas nossa intenção é marcar ponto de um início para a educação de 
jovens e adultos. Assim, o nosso marco será a chegada dos jesuítas ao 
Brasil.
Em 1549, os jesuítas chegaram ao nosso país, trazendo o modelo 
europeu de educação. Os indígenas receberam os primeiros traços 
de alfabetização de jovens e adultos. 
Você pode estar questionando sobre quais seriam as intenções em 
alfabetizar os índios naquele momento. Prepará-los para aquisição 
de cultura europeia? Aprender a linguagem para que pudessem 
ser inseridos nos costumes cristãos? Ou torná-los consumidores de 
costumes, produtos e hábitos? Quem sabe tudo isso junto? A questão 
é que todo processo de alfabetizar tem o objetivo de permitir ao 
cidadão estar inserido nos costumes e modelos daqueles que podem 
ser considerado classe hegemônica. Por isso, afirmamos que educar é 
também é um ato político-cultural. Entretanto, quando aprendemos a 
ler a escrita, temos maior facilidade de ler também costumes e práticas, 
com isso, nos tornamos mais críticos e passamos a exigir nossos direitos. 
Esse, talvez, tenha sido o ponto de partida para decretar a ruína do 
trabalho dos jesuítas.
Figura 1: Primeira Missa no Brasil. Fonte: Vitor Meirelles (1860).
Educação de Jovens e Adultos 4
Corroborando com o entendimento de que há um envolvimento entre 
quem ensina e quem a aprende, o processo de ensino-aprendizagem 
que ocorria entre índios e jesuítas acabou gerando alguns movimentos 
que resistiram ao processo de aculturamento que se almejava. Assim, 
os jesuítas passaram também a conhecer a cultura indígena e de certa 
forma protegê-la o que ia de encontro ao que desejava a coroa. Esse 
movimento culmina com a expulsão dos jesuítas do Brasil.
Prazeres Nunes e Amorim (2017) descrevem que a constituição apontaria 
a gratuidade do ensino primário e também dava conta de apresentar 
como seria dividida a competência para ofertar ensino nas províncias.
A promulgação da Lei de 15 de outubro de 1827 estabeleceu que em 
todas as cidades, vilas e lugares mais populosos haveria escola de 
primeiras letras e, após o Ato Adicional de 1834, a educação passou a 
ser responsabilidade dos governos provinciais, tanto o ensino primário 
quanto o secundário. (PRAZERES NUNES; AMORIM, 2017, p.2)
Observa-se, no entanto, que somente os lugares mais populosos seriam 
contemplados com escolas primárias o que nos permite levantar 
hipóteses sobre a origem dos problemas relacionados à alfabetização do 
Brasil, pois este é um problema que persiste até os dias de hoje quando 
se pensa na questão territorial brasileira e a carência de escolas de 
qualidade em algumas regiões.
Sobre a educação de trabalhadores e adultos da época, Costa (2011) 
descreve que entre 1860 e 1889 era possível algumas iniciativas tímidas 
e precárias foram desenvolvidas. “Uma política educacional de Estado 
precarizada, destinada ao trabalhador livre pobre e seus filhos. Sua marca 
seria a assistematicidade, apesar da existência de legislação relativa 
à educação de adultos”. (COSTA, 2011, p.55) A autora afirma ainda que 
nesse período as políticas para educação de Jovens e adultos emergia 
de um movimento de filantropia o que aponta o caráter assistencialista 
dos movimentos.
Costa (2011) descreve o movimento no período imperial como elitista, 
porque não tinha como objetivo alfabetizar e incluir a população. Visava 
apenas evitar possível comportamento “selvagem” que pudesse ser 
desenvolvido pelos pobres. Assim, poderia ser resumido aos seguintes 
objetivos.
 ▪ Missão civilizatória.
 ▪ Constituição do Estado imperial.
 ▪ Formação do mercado de trabalho livre disciplinado, num momento 
de progressiva extinção do escravismo.
 ▪ Formação para cidadania restrita.
 ▪ Controle social para manutenção da ordem.
Percebe-se que não havia uma preocupação real em reduzir o 
analfabetismo, mas uma preocupação com o controle social. Dessa 
Educação de Jovens e Adultos 5
forma, temas como letramento, preparação para a tomada de decisão, 
formação cidadã não estarão presentes nesse momento em uma 
educação voltada para trabalhadores.
Como o movimento de educação neste período era descentralizado, 
defenderia os interesses de cada região exigindo um tempo maior de 
reflexão sobre como isso se dava em cada parte do Estado brasileiro. Por 
isso, não nos aprofundaremos no aspecto de como estava estruturado 
o modelo de ensino de cada estado, entretanto, para que você conheça 
um pouco sobre quais aspectos eram valorizados neste período 
descreveremos ainda o que competia à escola ensinar.
Costa (2011) afirma que era papel da escola nesse período ensinar:
 ▪ A leitura e escrita.
 ▪ As quatro operações matemáticas.
 ▪ O sistema métrico decimal.
 ▪ O sistema de pesos e medidas.
 ▪ Normas e condutas de higiene e moral.
Poderíamos afirmar que a escola visava contemplar noções básicas de 
linguagem, matemática e ciências, não é verdade? Ocorre que já naquela 
época, os números alcançados no processo dealfabetização eram baixos 
no que diz respeito à Educação de Jovens e Adultos e o discurso sobre 
tais fracassos, que já nos é familiar, não contemplava a precariedade 
do cenário de uma escola noturna, com trabalhadores exaustos, mas se 
referia a dificuldade de aprendizagem e de baixa procura.
Nesse cenário, não seria possível, portanto, estabelecer exigências 
de formação, uma vez que a maioria dos indivíduos adultos ainda era 
considerado iletrado. Dessa forma, o que se via era um ciclo vicioso 
que compromete o crescimento da sociedade como um todo. Ocorre 
que, ainda assim, o Estado não se envolvia de maneira efetiva com a 
proposta de promover uma educação pública, gratuita a cargo do Estado 
para trabalhadores, mas permanecia deixando tal responsabilidade nas 
mãos das instituições filantrópicas e particulares.
Costa descreve que, neste período, foram criados com subsídios do 
governo:
 ▪ Associação Propagadora da Instrução às Classes Operárias da Lagoa.
 ▪ Os cursos do Lycêo de Artes e Officios.
 ▪ Cursos da Associação Auxiliadora da Indústria Nacional.
Talvez, você se pergunte, se o governo tinha recursos próprios para 
subsidiar tais cursos, por que não poderia ele próprio oferecer estes 
cursos. Lembre-se de que neste período se vivia em período imperial 
em que a corrida por favores da corte era uma constante, os cargos 
públicos eram ocupados por indicação e nesta corrida por alcançar 
favores da coroa a elite se movimentava para defender seus interesses 
Educação de Jovens e Adultos 6
e uma forma de fazer isso foi exatamente oferecendo sua “ajuda” para 
formar os trabalhadores. Desta forma, os interesses públicos e privados 
se confundiam em diversos aspectos e foi este cenário que se estruturou 
a educação para trabalhadores no período imperial.
É importante que fique claro que apesar de a iniciativa privada assumir, 
nesta época, a educação de trabalhadores, existia sim uma regulação 
por parte do Estado que assumia um papel mais de fiscalização.
Para que conheça um pouco sobre como o imperador organizou a 
contratação de professores e como estava estruturada a escola neste 
período traremos um trecho do Decreto Real nº 1.331-a, de 17 de 
fevereiro de 1854. Aproveite para conhecê-lo na íntegra. 
Art. 7º Os Delegados de districto serão nomeados pelo Governo sobre 
proposta do Inspector Geral, e não poderão exercer o magistério público 
ou particular, primario ou secundario.
Teem a seu cargo:
§ 1º Inspeccionar, pelo menos huma vez mensalmente, as escolas publicas dos 
respectivos districtos, procurando saber se nellas se cumprem fielmente os 
Regulamentos e as ordens superiores, dando conta ao Inspector Geral do que 
observarem, e propondo-lhe as medidas que julgarem convenientes.
§ 2º Impedir que se abra alguma escola ou collegio, sem preceder autorisação para 
este fim.
§ 3º Visitar, ao menos huma vez em cada trimestre, todos os estabelecimentos 
particulares deste genero, que tenhão sido autorisados, observando se nelles são 
guardados os preceitos da moral e as regras hygienicas; se o ensino dado não he 
contrario á Constituição, á moral e ás Leis; e se se cumprem as disposições deste 
Regulamento.
§ 4º Receber e transmittir ao Inspector Geral, com informação sua, todas as 
participações e reclamações dos professores, e com especialidade, de tres em tres 
mezes, o mappa dos alumnos das diversas casas de educação publicas e particulares, 
verificando primeiro sua exactidão e ajuntando-lhe as observações e notas, que lhes 
pareção necessarias, entre as quaes devem declarar tambem as vezes que tenhão 
sido inspeccionadas as ditas casas.
§ 5º Preparar, sobre propostas dos professores publicos e enviar ao Inspector Geral, 
o orçamento annual das despezas das escolas respectivas; bem como remetter-
lhe, depois de verificadas, as contas das mesmas despezas, que devem sempre ser 
assignadas por aquelles professores.
Apesar desse movimento em prol da educação e jovens, na verdade, 
tinha-se além de adultos que não eram alfabetizados, crianças que 
também não estavam recebendo educação porque ajudavam aos pais 
no trabalho e, com isso, também seriam público-alvo dessas instituições. 
Segundo Costa (2011), houve uma oposição a essa situação o que levou 
a uma regulamentação no ato que determinou Instruções Provisórias 
sobre as Escolas Noturnas. Nesse ato, observa-se a finalidade das escolas 
noturnas e a idade dos frequentadores, como se pode ler a seguir:
Educação de Jovens e Adultos 7
2º Que não me parecia conveniente a convivência escolar entre menores de 15 anos 
e adultos de 20 e mais anos, sendo, aliás, de condições muito diversas.
3º Que as horas das lições não deveriam ser indiferentes, aos meninos e aos seus pais, 
e que a admissão daqueles nas escolas noturnas contribuía para serem despovoadas 
as escolas públicas. (COSTA, 2011, p.60)
Muitas discordâncias persistiam sobre como deveria ser estruturado 
o ensino de jovens trabalhadores e adultos além de a quem competia 
assumir tal papel, se à sociedade civil ou ao Estado. Então, no Rio de 
Janeiro, o Decreto n. 7.031-A, de 6 de setembro de 1878, tornou-se 
preponderante nesse aspecto, para definir os rumos da educação e o 
papel do Império em relação a isso.
Foram 48 artigos que detalhavam como deveria funcionar a educação 
para jovens e adultos e que buscavam, de certa forma, aproximar o 
que ocorria pela manhã nas escolas regulares e na oferta noturna, 
além de apontar como seria a remuneração de professores, horário 
etc. É importante destacar que a mulher não era contemplada nesse 
benefício, assim como os escravos.
Figura 2: Uma família brasileira e suas escravas domésticas, c. 1860. Fonte: Wikimedia.
Os cursos estavam abertos para matrícula de todas as pessoas do 
sexo masculino, livres ou libertos, maiores de 14 anos, vacinados e 
saudáveis. Estavam excluídos da possibilidade da “formação para 
cidadania” as mulheres trabalhadoras e os escravos, como excluídas 
estavam da obtenção do “pão espiritual”, as crianças trabalhadoras que, 
por sua condição, não podiam frequentar as escolas públicas diurnas. 
(COSTA, 2011, p.64)
Um fato curioso no decreto é a extrema preocupação com a disciplina. 
O texto trata dessa temática do artigo 13 ao artigo 18. Em 1879, o 
Educação de Jovens e Adultos 8
governo declara a interrupção dos cursos e alega falta de verbas, 
entretanto, alguns professores continuaram trabalhando sem receber 
seus vencimentos. Em 1882, os professores voltaram a ser remunerados 
e surgiu um novo movimento de expansão, por isso, foi uma surpresa 
grande quando, em 1887, o programa foi suspenso (CASTRO, 2011).
1.1. Século XX e XXI
Como foi abordado anteriormente, de certa forma, o percurso da 
Educação de Jovens e Adultos foi descontinuado em muitos momentos 
da história, uma hipótese para esse descompromisso com a modalidade 
talvez esteja relacionada à visão de que ofertar tal modalidade é um 
dever de reparação com a dívida histórica com parte da população e não 
com o entendimento de que é um direito de todo cidadão ter acesso à 
educação. 
Na redação da LDB 9394/96 e das Diretrizes Curriculares Nacionais 
da Educação de Jovens e Adultos, na figura do Parecer nº 11/2000, 
conheceremos as propostas para EJA no século XXI. 
Entretanto, é preciso compreender um pouco do cenário histórico 
derivados das propostas de políticas de incentivo a educação de jovens 
e adultos. Na década de 1930, o cenário econômico brasileiro sofreu uma 
transição de um modelo focado na agricultura para a construção de um 
modelo urbano-industrial, isso gerou um impacto nas políticas públicas 
para educação. Passava-se a demandar mão de obra qualificada para 
ocupar os novos postos de trabalho. Almeida e Corso (2015) descrevem 
as propostas durante o período do Estado Novo como limitadas e 
dualistas.
Configurava-se como uma política educacional dualista porque reduzia 
a trajetória escolar dos trabalhadores e de seus filhos ao limite das 
primeiras letras, atendendo precariamente, às demandas crescentesde 
inclusão no sistema educacional. Essa proposta era complementada 
por um ensino profissionalizante paralelo (Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial – SENAI e Serviço Nacional de Aprendizagem 
Comercial – SENAC) comandado pelo empresariado, que atribui a si a 
função de formação técnico-política da classe operária engajada no 
mercado de trabalho. (ALMEIDA; CORSO, 2015, p.1286)
Com o fim do Estado Novo, as políticas educacionais ganharam nova 
demanda. A mão de obra precisaria se qualificar ainda mais, por isso, a 
necessidade de uma política em dimensão nacional deveria ser proposta. 
Educação de Jovens e Adultos 9
Figura 3: Manifestação a favor de Getúlio Vargas ao final do Estado Novo, em 21 de agosto de 
1945. Fonte: Wikipedia.
Veja, a seguir, as principais ações que buscaram melhorar o quadro da 
educação de jovens e adultos.
1947 - Campanha Nacional de Educação de Adolescentes e Adultos 
(CEAA) - Esta campanha objetivada levar aos brasileiros analfabetos 
das cidades e das zonas rurais acesso ao conhecimento o que os 
ajudaria a ascensão econômica. Apesar dessa campanha, em 1950, 55% 
da população brasileira adulta ainda era analfabeta. Havia, portanto, 
uma demanda crescente de ações que pudessem contemplar essa 
grande parte da sociedade que não tinha acesso à educação.
1952 - Primeiro Congresso de Educação de Adultos. Nele, foi criada a 
Campanha Nacional de Educação Rural (CNER), voltada para a Região 
Nordeste. Esse movimento deveu-se ao fato de que havia um aumento 
crescente de analfabetos nessas regiões. Apesar dessas iniciativas, 
ainda entre 1940 e 1960, campanhas de alfabetização em massa foram 
sendo desenvolvidas. Almeida e Corso (2015) apontam um cenário 
complexo nos anos entre 1940-1960.
Figura 4: Selo Comemorativo da Campanha de Educação de Adultos - 1949. Fonte: Wikimedia. 
Educação de Jovens e Adultos 10
1958 - No segundo Congresso Nacional de Educação de Adultos, foram 
identificadas questões centrais que poderiam apontar o motivo do 
insucesso da proposta dos anos anteriores como “a baixa frequência e 
aproveitamento dos alunos, a má remuneração dos professores e sua 
consequente desqualificação, e a inadequação de programas e do 
material didático à sua população”. (ALMEIDA e CORSO, 2015, p.1286)
Nesse ponto, desejamos dar uma pausa no desenvolvimento desse 
percurso da educação de jovens e 
adultos para convidá-lo a refletir um 
pouco sobre os problemas descritos 
no segundo Congresso Nacional 
de Educação de Adultos. Ali, foram 
descritas limitações que não dizem 
respeito ao processo de ensino-
aprendizagem, prioritariamente, mas 
questões estruturais da educação 
no Brasil que estão além da 
modalidade da EJA. É possível notar 
a falta de infraestrutura para que o 
planejamento dê certo. 
Figura 5: Paulo Freire. Fonte: Wikimedia. 
Em 1963, foi encerrada a Campanha Nacional de Educação de Adultos. 
As iniciativas pontuais continuam, mas o governo, visando a um novo 
plano nacional, encarregou o professor Paulo Freire de preparar um 
Programa Nacional para a Alfabetização. Esperava-se uma transformação 
a partir dessa proposta com vistas a uma formação integral e humanista, 
entretanto em decorrência de um Golpe Militar de 1964, o programa é 
interrompido.
Almeida e Corso (2015) destacam que, no período do Regime Militar, 
três ações diretas do governo foram criadas para atender à Educação de 
Jovens e Adultos. Descreveremos tais ações a seguir.
 ▪ A Cruzada Ação Básica Cristã (cruzada ABC). Apoiada pelos Estados 
Unidos esta ação, esta ação tinha marca ideológica que pretendia 
garantir a segurança nacional, “visava a integração e subordinação ao 
capital internacional”(ALMEIDA; CORSO, 2015, p.1291). Seu alcance 
contemplava basicamente a distribuição de alimentos para manter 
a frequência escolar o que demonstrava seu teoria assistencialista e 
sem foco em aprendizagem.
 ▪ Em seguida, o governo criou outro movimento que visava basicamente 
a aquisição de leitura e escrita (Alfabetização) o MOBRAL - Movimento 
Brasileiro de Alfabetização. 
Educação de Jovens e Adultos 11
Figura 6: Carimbo de uma biblioteca do Mobral. Fonte: Wikimedia. 
Esse movimento durou 15 anos, e os impactos dessa iniciativa ainda 
podem ser sentidos quando percebemos adultos e idosos que sabem 
somente reconhecer as palavras e “ler de carreirinha”, entretanto, a 
perspectiva da leitura crítica contextualizada não foi alcançada. Os 
recursos de financiamento do MOBRAL vinham de transferência 
voluntária de 1% dos impostos de renda devido por empresas e 24% 
da renda líquida da Loteria Esportiva. Esse programa também não foi 
muito bem-sucedido e muitas críticas aos resultados apresentados 
foram feitas. (ALMEIDA; CORSO, 2015) Em 1985, o MOBRAL é extinto. 
 ▪ Em 1971, foi criado o supletivo. Finalmente com a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação nº 5.692/1971 a Educação de Jovens e Adultos 
é contemplada com clareza no texto da lei em seus artigos 24 a 28. 
Vamos a eles:
Art. 24. O ensino supletivo terá por finalidade:
Suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não a tenham 
seguido ou concluído na idade própria;
Proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de aperfeiçoamento ou 
atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte.
Parágrafo único. O ensino supletivo abrangerá cursos e exames a serem organizados 
nos vários sistemas de acordo com as normas baixadas pelos respectivos Conselhos 
de Educação. 
Art. 25. O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender, desde a 
iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a formação profissional definida em 
lei específica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a atualização 
de conhecimentos. 
§ 1º Os cursos supletivos terão estrutura, duração e regime escolar que se ajustem 
às suas finalidades próprias e ao tipo especial de aluno a que se destinam. 
§ 2º Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou mediante a utilização de 
rádios, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que permitam 
alcançar o maior número de alunos. 
Art. 26. Os exames supletivos compreenderão a parte do currículo resultante 
do núcleo comum, fixado pelo Conselho Federal de Educação, habilitando ao 
prosseguimento de estudos em caráter regular, e poderão, quando realizadas para o 
exclusivo efeito de habilitação profissional de 2º grau, abranger somente o mínimo 
estabelecido pelo mesmo Conselho. 
§ 1º Os exames a que se refere este artigo deverão realizar-se: 
Ao nível de conclusão do ensino de 1º grau, para os maiores de 18 anos;
Ao nível de conclusão do ensino de 2º grau, para os maiores de 21 anos.
§ 2º Os exames supletivos ficarão a cargo de estabelecimentos oficiais ou 
reconhecidos indicados nos vários sistemas, anualmente, pelos respectivos Conselhos 
de Educação. § 3º Os exames supletivos poderão ser unificados na jurisdição de todo 
Educação de Jovens e Adultos 12
um sistema de ensino, ou parte deste, de acordo com normas especiais baixadas 
pelo respectivo Conselho de Educação. 
Art. 27. Desenvolver-se-ão, ao nível de uma ou mais das quatro últimas séries do 
ensino de 1º grau, cursos de aprendizagem, ministrados a alunos de 14 a 18 anos, 
em complementação da escolarização regular, e, a esse nível ou ao de 2º grau, cursos 
intensivos de qualificação profissional. 
Parágrafo único. Os cursos de aprendizagem e os de qualificação darão direito 
a prosseguimento de estudos quando incluírem disciplinas, áreas de estudo e 
atividades que os tornem equivalentes ao ensino regular conforme estabeleçam as 
normas dos vários sistemas. 
Art. 28. Os certificados de aprovação em exames supletivos e os relativos à conclusão 
de cursos de aprendizagem e qualificação serão expedidos pelas instituições que os 
mantenham. (BRASIL, 1971)
Embora a descrição com força de lei possa representar um avanço, 
observe que, nos objetivos de aprendizagem descritos no artigo 25, 
ainda estão aquém do que se espera de umensino com vista à formação 
para a cidadania e a tomada de decisão. Reforça, ainda, o entendimento 
de que saber ler e contar é suficiente ao indivíduo em condições de 
escolaridade tardia, quando sabemos que exatamente por estarem nessa 
situação, precisam de uma educação contextualizada que os motive a 
perceberem-se como participantes ativos da sociedade.
Almeida e Corso (2015) descrevem que a gestão autoritária e a 
flexibilidade aumentaram a evasão no ensino supletivo, entretanto, a 
desmotivação por um ensino instrucionista, que se moldava pela leitura 
de módulos de aprendizagem, também corroborou para a evasão e os 
números ruins.
A Constituição de 1988 trouxe alguns avanços importantes. Ficou 
definido que era responsabilidade do Estado educar a todo brasileiro, sem 
distinção de idade. Além disso, passou a ser destinado 50% de impostos 
vinculados ao ensino para o fundo de combate ao analfabetismo. 
Entretanto, a luta não estava ganha. Chegamos aos anos 1990.
Figura 7: Promulgação da Constituição de 1988. Fonte: Wikimedia. 
Educação de Jovens e Adultos 13
Haddad e Di Pierro (2000) descrevem este o período como o de avanço 
na escolaridade média, mas destacam que ainda era muito alta a taxa 
de analfabetismo entre mulheres e que o nível de escolaridade estava 
perto de seis anos na escola. Isso era inferior ao que a Constituição de 
1988 preconizava. Com isso, novas parcerias foram buscadas e propostas 
novas vieram. Observe a tabela que demonstra a evolução na melhora 
da educação em jovens e adultos na década de 1990.
Evolução do Analfabetismo entre Pessoas de 15 anos ou Mais Brasil – 1990-1997
Anos Total
Analfabetos
Nº Abs. %
1900 9.752.111 6.348.869 65,1
1920 17.557.282 11.401.715 64,9
1940 23.709.769 13.269.381 56,0
1950 30.249.423 15.272.632 50,5
1960 40.278.602 15.964.852 39,6
1970 54.008.604 18.146.977 33,6
1980 73.541.943 18.716.847 25,5
1991 95.837.043 19.233.758 20,1
1997 – – 14,07
Tabela 1: Censos Demográficos apud Anuário Estatístico 1995. Pesquisa Nacional por Amostra 
de Domicílios – PNAD 1997. Fonte: Fundação IBGE. 
Essa evolução muito se deve à necessidade de cumprir um acordo 
firmado na conferência de Jomtien em 1990, em que se estabelece a 
Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Destacamos alguns 
objetivos que, na época, abordaram um avanço no incentivo a uma 
educação de qualidade e não somente a redução de analfabetismo. 
Vamos a eles:
1. Cada país poderá estabelecer suas próprias metas para a década 
de 1990, em consonância às dimensões propostas a seguir: 
Expansão dos cuidados básicos e atividades de desenvolvimento infantil, incluídas 
aí as intervenções da família e da comunidade, direcionadas especialmente às 
crianças pobres, que não são assistidas e com deficiências.
2. Acesso universal e conclusão da educação fundamental (ou qualquer nível mais 
elevado de educação considerado “básico”) até o ano 2000.
3. Melhoria dos resultados de aprendizagem, de modo que a percentagem 
convencionada de uma amostra de idade determinada (por exemplo, 80% da 
faixa etária de 14 anos), alcance ou ultrapasse o padrão desejável de aquisição de 
conhecimentos previamente definido.
4. Redução da taxa de analfabetismo adulto à metade, digamos, do nível registrado 
em 1990, já no ano 2000 (a faixa etária adequada deve ser determinada em cada 
Educação de Jovens e Adultos 14
país). Ênfase especial deve ser conferida à alfabetização da mulher, de modo a reduzir 
significativamente a desigualdade existente entre os índices de alfabetização dos 
homens e mulheres.
5. Ampliação dos serviços de educação básica e capacitação em outras habilidades 
essenciais necessárias aos jovens e adultos, avaliando a eficácia dos programas 
em função de mudanças de comportamento e impactos na saúde, emprego e 
produtividade.
6. Aumento da aquisição, por parte dos indivíduos e famílias, dos conhecimentos, 
habilidades e valores necessários a uma vida melhor e um desenvolvimento 
racional e constante, por meio de todos os canais da educação – inclusive dos meios 
de comunicação de massa, outras formas de comunicação tradicionais e modernas, 
e ação social –, sendo a eficácia destas intervenções avaliadas em função das 
mudanças de comportamento observadas (UNESCO, 1990).
Além de garantir o acesso à educação básica e criar metas 
ambiciosas para a redução de analfabetismo, além da garantia para o 
desenvolvimento para habilidades essenciais. Esse acordo em sua meta 
6 descreve a garantia desenvolvimento “racional e constante, por meio 
de todos os canais da educação” (UNESCO, 1990). Nesse momento, a 
Educação à Distância começou a ganhar espaço no cenário como uma 
aliada no processo de construção de igualdade de acesso à informação.
Se por um lado o cenário a se desenhar pareceu favorável ao 
desenvolvimento e à educação de jovens e adultos, O cenário político não 
ajuda. Os anos 1990 mostraram-se em um período conturbado, inflação 
muito alta, impeachment, mudança de governo, abertura e fechamento 
de programas. Assim, apesar de haver desenvolvimento na modalidade, 
há que se perguntar se este desenvolvimento na alfabetização de jovens 
e adultos atingia a todos os estados do território nacional. 
Figura 8: Votação do processo de impeachment do presidente Fernando Collor.
Fonte: Wikimedia. 
Almeida e Corso (2015) afirmam que não, e os dados de Haddad e Pierro 
(2000) também demonstram que, nas regiões Norte e Nordeste, a 
desigualdade ainda persiste.
Educação de Jovens e Adultos 15
Analise os quadros retirados do relatório da UNESCO (2004) que 
descreve os dados por regiões.
REGIÃO Total Alfabetizados Analfabetos %
Total no BRASIL 95.837.043 76.603.804 19.233.239 20,07
REGIÃO NORTE 5.763.395 4.343.127 1.420.268 24,64
ACRE 233.451 152.227 81.224 34,79
Amapá 158.044 127.623 30.421 19,25
AMAZONAS 1.182.957 901.196 281.761 23.82
PARÁ 2.845.131 2.151.062 694.069 24,39
RONDÔNIA 674.871 537.922 136.949 20,29
RORAIMA 132.620 105.272 27.348 20,62
TOCANTINS 536.321 367.825 168.496 31,42
REGIÃO Total Alfabetizados Analfabetos %
REGIÃO NORDESTE 25.751.993 16.057.746 9.964.517 37,65
MARANHÃO 2.756.427 1.614.296 1.142.131 41,67
PIAUÍ 1.523.064 888.374 364.690 41,67
CEARÁ 3.905.552 2.445.773 1.459.779 37,38
RIO GDE. DO NORTE 1.513.916 964.065 549.851 36,32
PARAÍBA 1.987.410 1.158.184 829.226 41,72
PERNAMBUCO 4.498.590 2.953.597 1.544.993 34,34
ALAGOAS 1.501.835 821.268 580.567 45,32
SERGIPE 907.429 580.788 326.641 36,00
BAHIA 7.157.770 4.631.131 2.526.639 35,30
REGIÃO SUDESTE 43.155.676 37.843.517 5.312.159 12,31
MINAS GERAIS 10.407.610 8.514.891 1.892.719 18,19
ESPÍRITO SANTO 1.693.845 1.389.320 304.525 17,98
RIO DE JANEIRO 9.173.613 8.281.771 981.842 9,72
SÃO PAULO 21.880.608 19.657.535 2.223.073 10,16
REGIÃO SUL 15.064.437 13.279.879 1.784.558 11,85
PARANÁ 5.634.504 4.797.567 836.937 14,85
Educação de Jovens e Adultos 16
SANTA CATARINA 3.038.412 2.737.377 301.035 9,91
RIO GDE. DO SUL 6.391.521 5.744.935 646.586 10,12
REGIÃO C. OESTE 6.101.542 5.079.805 1.021.737 16,75
MATO G. DO SUL 1.144.430 951.793 192.637 16,83
MATO GROSSO 1.262.700 1.016.203 246.497 19,52
GOIÁS 2.635.770 2.150.965 484.805 19,39
Quadro 1: Analfabetismo na população com 15 anos ou mais - 1991. Fonte: Unesco (2014).
É possível afirmar que, com a limitação de recursos e a falta de critérios 
claros para a alocação de recursos na política da EJA, o cenário de 
instabilidade contribuiu para que a década de 1990 não atingisse um 
avanço esperado. A seguir, iremos destacar as principais propostas para 
a modalidade. 
1990 – Extinção da fundação de Educação e criação do Programa 
Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC) - Este programa foi 
finalizado ao decorrer de um ano). Em setembro do mesmo ano, foi 
lançado o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC), 
que tinha como objetivo reduzir em 70% a taxa de analfabetismo.
1994 - Diretrizes para uma Política Nacional de Educação de Jovens e 
Adultos: Fruto do projeto para discussão da Lei deDiretrizes e Bases 
da educação.
1996 - Foi implantado o FUNDEF (Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do 
Magistério). Seu objetivo era recolher recursos para o ensino 
fundamental o que deixava de fora a Educação de Jovens e Adultos. 
E o Programa Alfabetização Solidária, que novamente colocou a EJA 
vinculada a iniciativas pontuais e de cunho filantrópico.
2. As Políticas Contemporâneas para a EJA: 
2003 a 2010 
O período compreendido neste tópico corresponde ao ciclo de mandato 
do então presidente Luiz Inácio da Silva. Dada a sua origem, talvez 
tenha sido um dos governos que mais investiu em política de redução 
de desigualdade na educação.
Se o governo Fernando Henrique forneceu o marco legal para que se 
pudesse consolidar a Educação de Jovens e Adultos, o governo de Lula 
trouxe muitos projetos para redução da taxa de analfabetismo e inserção 
no trabalho. 
Educação de Jovens e Adultos 17
Figura 9: Grupo de alunos estudando. Fonte: Freepik. 
Destacamos aqueles relacionados diretamente à Educação de Jovens e 
Adultos no que concerne à educação básica.
 ▪ Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) – Este 
programa visava à educação de jovens e adultos em assentamentos 
seja na educação básica, ensino superior e técnico profissionalizantes. 
Além da formação de professores e multiplicadores que atuem em 
assentamentos (BRASIL, 2016).
 ▪ Programa de Expansão da educação Profissional (PROEP) – Este 
projeto foi uma parceria entre o MEC e o Ministério do Trabalho com 
vistas a integrar educação, trabalho, ciência e tecnologia. Encerrou-
se em 2004.
 ▪ Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação 
e Ação Comunitária (PROJOVEM) – Criado a partir da integração 
de seis programas já existentes - Agente Jovem, Saberes da Terra, 
ProJovem, Consórcio Social da Juventude, Juventude Cidadã e Escola 
de Fábrica. Tem como objetivo levar jovens e adultos entre 15 e 
24 anos a serem incluídos na sociedade por meio de ações para a 
cidadania que promovam qualificação profissional (BRASIL, 2007).
 ▪ Programa Nacional de Integração da Educação Profissional (PNIEP) 
à Educação Básica, na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos 
(PROEJA) – O programa foi criado pelo Decreto 5.478/2005 e 
denominado inicialmente Programa de integração da Educação 
Profissional ao Ensino Médio na Modalidade da EJA. Seu objetivo era 
atender à educação de jovens no ensino médio. Em 2006, por meio do 
Decreto 5840/2006, foi ampliado passando a ser reconhecido como 
PROEJA. (BRASIL, 2019) 
O PROEJA foi, provavelmente, o programa mais complexo desenvolvido 
com vistas à EJA no Brasil. Sua natureza, propôs integrar educação e 
trabalho, configurando-se como um incentivo à inclusão social. 
Educação de Jovens e Adultos 18
Figura 10: Grupo de jovens no trabalho. Fonte: Freepik. -
No documento Base do Proeja, lê-se que “o seu principal objetivo é a 
formação humana, no seu sentido lato, com acesso ao universo de saberes 
e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente 
pela humanidade, integrada a uma formação profissional que permita 
compreender o mundo, compreender-se no mundo e nele atuar na busca 
de melhoria das próprias condições de vida e da construção de uma 
sociedade socialmente justa”. (BRASIL, 2007, p.13)
É importante refletir sobre a importância do trabalho na formação 
humana. Ao poder colaborar com a sociedade em que está inserido e 
reconhecer-se nela, é possível o estímulo à ascensão na educação. Por 
isso, acreditamos que apesar das críticas a alguns aspectos do programa 
é preciso que se unam esforços não só para o desenvolvimento dos 
projetos nas escolas, mas que se estimulem pesquisas no campo a fim 
de que se construam abordagens metodológicas que possam trazer uma 
educação pertinente aos contextos tão distintos nas regiões brasileiras.
Neste capítulo, foi possível conhecemos a trajetória da Educação de 
Jovens e Adultos no Brasil. Percebemos que, em poucos momentos, 
houve uma proposta planejada a longo prazo que visasse à integração 
nacional de forma completa, mas respeitando as diferenças entre 
as regiões. Ocorre que desde o Brasil Império, a educação, muitas 
vezes, funcionou como moeda de troca por cargos e benefícios para 
instituições privadas. Esse cenário fragiliza as propostas que tendem 
a ser descontinuadas a cada alteração de governo, por exemplo, ou, a 
cada vez que se pretenda uma redução de verbas para educação. Quem 
sofre com isso é a população mais carente que não tem condições de 
cursar o modelo regular de ensino e pelos mais variados motivos, não 
se vê também contemplada, agora, na modalidade de Educação de 
Jovens e Adultos.
Cabe à classe docente, no alcance de suas práticas, contribuir para uma 
mudança deste paradigma no tocante à busca por novas metodologias 
que venham a contribuir com a formação integral deste indivíduo 
ofertando-lhe uma formação para a cidadania.
Educação de Jovens e Adultos 19
Referências
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Educação de Jovens e Adultos 20
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	Políticas de EJA no Brasil
	Para início de conversa…
	Objetivo
	1. Século XIX
	1.1. Século XX e XXI
	2. As Políticas Contemporâneas para a EJA: 2003 a 2010 
	Referências

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