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3 Aprendizagem infantil através do Construtivismo

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Aprendizagem infantil através do Construtivismo: ensinar e aprender.
 O construtivismo a partir dos estudos Piagetianos
	Construtivismo é a teoria que explica os processos de aquisição do conhecimento e o desenvolvimento cognitivo, elaborado por Jean Piaget. Explica que a aprendizagem é um processo que se dá através de aproximações sucessivas e não de forma acumulativa e homogênea, como se supunha. A inteligência se desenvolve a partir de um primeiro esquema, de ordem mental, que a criança traz em sua bagagem hereditária e que será alterado a cada um dos estágios do desenvolvimento cognitivo.
	Não existem etapas pré-fixadas, só se passa de uma etapa para outra quando a primeira já está solidificada e cumprida. Assim sendo, seguindo a base teórica construtivista de aprendizagem, não se pode estabelecer etapas rígidas, porque se sabe que a aprendizagem não se dá por superposição (sobreposição de uma etapa sobre outra), mas por grandes reformulações cognitivas a depender das capacidades dos alunos e de suas experiências prévias.
O ensinar e o aprender através da teoria sócio interacionista: Piaget, Ferreiro, Teberosky.
	É importante perceber as crianças, o que fazem espontaneamente, o que atrai o interesse delas e, assim, propor atividades instigantes que possibilitem a colaboração das mesmas com ideias sobre o que querem aprender e gerar oportunidades para que isso ocorra.
	As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, como fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.
	Sendo assim, se faz necessário:
1. Observar o que as crianças fazem espontaneamente – as questões mais importantes são as perguntadas espontaneamente. Nem sempre são feitas verbalmente, por isso, deve-se estar atento.
2. Propor atividades instigantes – incluir novidades que atraiam a atenção das crianças, fazer com que participem e se sintam ouvidas. Pode-se planejas as atividades futuras propondo opções e deixando que escolham o que gostariam de fazer.
3. Pedir às crianças que colaborem com as ideias do que realmente querem aprender – se forem muito pequenas, pode-se utilizar o interesse delas por animais, etc, e buscar livros, jogos, etc que contenham respostas para suas questões.
4. Oportunizar que as crianças façam suas escolhas – possibilitar que escolham, entre múltiplas atividades, a que mais lhe agradar entre os diferentes jogos, livros e materiais. A brincadeira infantil constitui uma situação social onde, ao mesmo tempo em que ocorrem representações e explorações de outras situações sociais, ocorrem formas de relacionamento interpessoal das crianças ou, eventualmente, entre elas e algum adulto na situação, formas estas que também se sujeitam a modelos, a regulações e onde também está presente a afetividade: desejos, satisfações, frustrações, alegria e dor.
As fases do desenvolvimento motor, verbal e mental: a partir dos estudos de Piaget.
	Para Piaget o comportamento é construído a partir de uma interação entre o meio e o indivíduo, teoria denominada: interacionismo. Quanto mais complexa essa interação, mais se desenvolverá o indivíduo. Construtivismo sequencial diz respeito às etapas sucessivas da construção da inteligência.
Períodos do desenvolvimento motor, verbal e cognitivo para o Construtivismo:
· Período Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos de idade) – a inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. A comunicação é “prática” – a linguagem acontece pela repetição de sílabas e palavra-frase (dizer somente “água” em vez de “quero beber água”). Conduta de isolamento (o mundo é ele).
· Período simbólico (dos 2 aos 4 anos, aprox.) – Começa a falar, imitar, dramatizar, etc., através da semiótica. Período de fantasia, faz de conta e jogo simbólico – qualquer objeto pode ser “transformado” (uma tampa pode se tornar uma nave espacial). Na linguagem, todos falam ao mesmo tempo, sem responder as argumentações uns dos outros, apresenta-se forte egocentrismo e vive sua socialização de forma isolada, ainda que no coletivo (tudo é “meu”).
· Período intuitivo / Pré-operatório (dos 4 aos 7 anos, aprox.) – Idade dos porquês. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar sem acreditar. Não mantem longas conversas, mas já adapta sua resposta às palavras do outro.
· Período operatório concreto (dos 1 aos 11 anos) – É capaz de ordenar elementos pelo tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organiza o mundo de forma lógica ou operatória. Já compreende regras, podendo ser fiéis à elas e estabelecer compromissos.
Aquisição da base alfabética
	Estudos de psicolinguística e pesquisas de Piaget, Ferreiro e Teberosky mostram que as crianças procuram ativamente compreender a natureza da linguagem falada a sua volta e, na tentativa de compreendê-la, formulam hipóteses, buscam regularidades, colocam à prova suas antecipações. Isso em relação à fala e à escrita.
Os diferentes níveis na aquisição da base alfabética:
· Nível pré-silábico – 1º momento: escrever implica reproduzir traços típicos da escrita, que a criança identifica como “forma básica da escrita”. Pode ser letra contínua, cursiva ou de imprensa. Imitam o traçado ou utilizam grafismos separados entre si, compostos de linhas e curvas. O que conta mais é a interação do escritor – se solicitado lê o que “escreveu” usando palavras diferentes. 2º momento: a criança raciocina que: para se ler coisas diferentes é necessário que existam diferenças entre as palavras escritas; é necessária uma quantidade mínima de grafismos para formar uma palavra; um ou dois grafismos não são suficientes para serem lidos e não compõem uma palavra; é necessário usar muitas letras e que não se repitam.
· Nível silábico: Caracteriza-se pela tentativa de se atribuir valor sonoro à cada uma das letras que compõem uma palavra (passa a usar uma letra para cada sílaba). Mas uma letra pode representar qualquer valor, por exemplo, um B pode ter sempre som de C, para a criança). Passam a trabalhar com a hipótese de que a escrita representa partes sonoras da fala. Quando precisam escrever palavras de duas sílabas ainda podem julgar que seja necessário um número maior de letras e as acrescente nas palavras em questão.
· Nível silábico alfabético: Inicia-se uma transição entre o nível silábico e o nível alfabético, onde a criança percebe que ainda não escreve convencionalmente. É comum que oscilem em escritas silábicas e alfabéticas. Deve-se considerar o fonema como unidade a ser representada.
· Nível alfabético: A criança descobre como a escrita é representada, compreende que cada letra possui um valor sonoro menor que a sílaba e, aos poucos, analisa a sonoridade dos fonemas que pretende escrever. A criança passa a explicitar as dúvidas sobre ortografia e é o momento onde esse estudo pode ser gradativamente iniciado.
O construtivismo e a educação infantil.
	O desenvolvimento depende da interação do sujeito com o meio físico e social. Só se chega ao máximo do desenvolvimento quando a qualidade das interações estabelecidas é satisfatória para esse fim. É um constante vir a ser, um desenvolvimento que implica em continuidade. Daí a responsabilidade de quem trabalha com crianças.
	É importante identificar e definir – quem é essa criança? Em que etapa da vida se encontra? Quem é o sujeito de aprendizagem da educação infantil?
	Encontra-se, ainda nos dias de hoje, profissionais desqualificados na forma de ensinar e aprender, tratando as crianças como meros expectadores. Ainda é possível que a educação infantil seja vista como um período ponde a criança só necessita de cuidado, deixando de lado a educação.
	É necessário a existência do elo entre cuidado e educação, pois se trata da fase da base do desenvolvimento cognitivo, motor, verbal e mental, da base da personalidade do sujeito. Durante a educação infantil a criança passa a ser sujeito da sua ação, que constrói sua autonomia,cidadania, educação, socialização e conhecimentos através da interação. Nas situações lúdicas, a criança está construindo seu conhecimento de maneira única e prazerosa de forma que jamais esquecerá o que aprendeu.
	Para que a organização escolar se concretize é necessário que a instituição tenha seu projeto pedagógico bem elaborado, seguindo uma teoria e forma de ensinar e aprender condizente com o contexto em que as crianças estão inseridas. Para isso, o corpo docente deve ter um forte elo entre teoria e prática e estar em constante formação continuada.

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