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E-BOOK MEIO AMBIENTE Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades APRESENTAÇÃO Pensar em formas de gestão de resíduos e em maneiras de diminuir o impacto do lixo produzido, por meio da aplicação de pesquisas e metodologias é atribuição do Engenheiro Ambiental. Do mesmo modo, esse profissional deve conhecer os aspectos específicos que caracterizam o lixo e os resíduos, além de ter domínio da legislação e de sua aplicabilidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá que o Engenheiro Ambiental deve saber detectar situações de má gestão do Resíduo Sólido Urbano (RSU) e os consequentes impactos — ambientais e sociais — manifestados na existência ou persistência dos lixões; ele também deve ser capaz de pensar maneiras de resolver esse problema. Você conhecerá as boas práticas na gestão e gerenciamento de resíduos nas cidades, bem como identificará e aplicará as novas tecnologias. Serão trabalhados, ainda, os principais conceitos envolvendo as definições de lixo, seus tipos e origens, e os conceitos estabelecidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) . Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever como ocorre a gestão dos resíduos nas grandes cidades.• Reconhecer os impactos ambientais e sociais dos lixões.• Identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades.• DESAFIO É sabido que o Engenheiro Ambiental deve conhecer não só o que caracteriza o lixo, mas também toda a legislação que envolve a destinação correta dos resíduos, buscando menor impacto social e ambiental. A gestão correta do lixo auxilia na diminuição desses impactos, assim como o uso de tecnologias e iniciativas que busquem melhorar o destino do lixo. Sabendo das habilidades e competências de um Engenheiro Ambiental, determinada empresa, que faz recolhimento e descarte de lixo, procura uma firma de engenharia, buscando assessoria. Com base nas expectativas do contratante e nos aspectos da personalidade profissional do Engenheiro Ambiental, elabore um plano de ação que relacione as ações a serem tomadas. INFOGRÁFICO O modelo de gestão de resíduos sólidos, adaptado às novas prioridades da política ambiental, mostra que o fluxo de material não é mais linear: entre a extração dos recursos naturais e a disposição final há uma reação de redução e estabilização entre esses dois pontos, bem como em relação ao consumo, pela adoção do consumo inteligente. Todas as etapas são reativas, com seu fluxo regulado pela demanda da etapa seguinte, evitando acúmulo e desperdício. A reciclagem de embalagens e componentes oriundos da distribuição e consumo, seja pelo uso ou pela devolução, reflete diretamente na utilização de matéria-prima, da mesma forma que a reutilização. Além disso, o impacto ambiental e socioeconômico é reduzido, pois a organização para a coleta seletiva nas cadeias de retorno cria condições para a sustentabilidade. Neste Infográfico, veja como funciona esse modelo de gestão e suas etapas, assim como os componentes que o formam. CONTEÚDO DO LIVRO Conhecer as características do que é considerado lixo, assim como os modelos de gestão de resíduos passíveis de serem aplicados e o impacto que os lixões causam ao meio ambiente e aos seres humanos, é parte essencial do trabalho do Engenheiro Ambiental. No capítulo Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades, da obra Meio ambiente, você verá os tipos existentes de lixo e suas origens, e como deveria ser a sua gestão nas grandes cidades. Serão analisadas as definições dadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e suas aplicações práticas. Partindo de uma reflexão sobre a má gestão do lixo, serão caracterizados os possíveis impactos ambientais e sociais dos lixões, verificando de que maneira esses impactos podem ser mitigados. O capítulo também foca em identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades, examinando tecnologias e iniciativas nesse sentido. MEIO AMBIENTE Anderson Pires Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever como ocorre a gestão dos resíduos nas grandes cidades. � Reconhecer os impactos ambientais e sociais dos lixões. � Identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades. Introdução O engenheiro ambiental, por formação, deve ter conhecimentos pro- fundos sobre o que chamamos de “lixo”: tipos, origens, tratamentos e destinação. Da mesma forma, esse profissional deve estar apto a desen- volver pesquisas e experimentar novas metodologias, exercitando sua capacidade em gestão de projetos. Na primeira sessão deste capítulo, definiremos “lixo”, caracterizando os tipos existentes e suas origens. Trataremos, igualmente, de como deve ser sua gestão nas grandes cidades; para tanto, analisaremos a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Na segunda parte, partindo de uma reflexão sobre a má gestão do lixo, vamos caracterizar os impactos ambientais e sociais dos lixões, discutindo as maneiras pelas quais podem ser mitigados. Finalmente, vamos identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades, examinando diferentes tecnologias e iniciativas. Gestão do lixo nas grandes cidades Progressivamente, na medida em que a humanidade se tornou urbana, mais bens de consumo passaram a ser produzidos. Em consequência, aumentou também a produção de lixo. Mas, afinal, como poderíamos definir lixo? O artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, afirma que todo brasileiro tem direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado (BRASIL, 1988); a existência de lixo fora do local correto fere esse direito. Há uma confusão “semântica” entre resíduo e rejeito: muitas vezes o termo resíduo é utilizado como uma forma polida de chamar o lixo. Resíduo, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS — Lei nº 12.305/ 2010) é toda substância resultante fora do contexto ecológico, ou que não seja consumido, ou que crie uma desarmonia entre o fluxo dos elementos nos sistemas ecológicos (BRASIL, 2010a). Em outas palavras, é o “resto”, a “sobra”. Entretanto, ainda pode ser reaproveitado ou reciclado. Se resíduo possui sentido técnico, lixo tem um sentido comercial, e rejeito é o que não pode ser reciclado ou reaproveitado, seja por carência tecnológica ou custo. De qualquer maneira, o rejeito necessita de uma “disposição final ambientalmente adequada” (BRASIL, 2010a, documento on-line). Outra confusão ocorre entre gestão e gerenciamento de resíduos entre os setores público e privado: gestão é integrada, um conjunto de ações e planeja- mentos políticos, socioeconômicos, culturais e ambientais, de responsabilidade do município (conforme a PNRS); gerenciamento, por sua vez, é o conjunto de ações feitas pelo setor privado e pelas instituições com os resíduos gerados. O artigo 3 da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº 6.938/81) traz o conceito de poluente, que é uma forma de matéria ou energia que conta- mine o meio ambiente com algo que não lhe seja próprio (BRASIL, 1981); da forma em que se apresenta, é prejudicial. Esse conceito refere-se a substâncias sólidas, líquidas, gasosas, e o lixo está no meio disso. Popularmente, nos re- ferimos ao lixo como resíduo sólido, ou quase, pois definimos resíduo sólido como lixo, refugo, lodo, lamas e borras resultantes de atividades humanas deorigem doméstica, profissional, agrícola, industrial, nuclear ou de serviço, ou seja, naturalmente já separamos lixo em uma categoria de resíduo sólido. Esse conceito, sendo analisado em conjunto com a NBR n. 10.004/2004 (AS- SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) nos informa que resíduos sólidos e semissólidos são originados das atividades industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Conforme o artigo 13 da PNRS, os resíduos sólidos podem ser classificados quanto ao tipo, à origem e à periculosidade (BRASIL, 2010a). Os resíduos sólidos urbanos (RSU) podem ser orgânicos, como restos de alimentos, de podas de jardim, papel e madeira, ou inorgânicos, como plástico, vidro, me- tal, borracha e outros. Os RSU, quanto à origem, englobam os domiciliares, originários de atividades domésticas em residências urbanas e os de limpeza urbana, da varrição, limpeza das vias públicas e outros serviços. Os resíduos Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades2 de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços englobam também os de limpeza urbana, dos serviços públicos de saneamento básico, de serviços de saúde, da construção civil e de serviços de transportes. Há ainda os resíduos industriais, resíduos agrossilvopastoris e os resíduos de mineração, gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. O foco deste capítulo são os RSU, os resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços e os resíduos industriais, que são os mais impactantes nas cidades. Quanto à periculosidade, temos, ainda, os resíduos perigosos, que de alguma forma apresentam risco significativo à saúde pública ou à qualidade ambiental, e os não perigosos. Após a publicação da PNRS, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) publicou a Lista Brasileira de Resíduos Sólidos (Instrução Normativa IBAMA 13/2012), elencando os resíduos sólidos no Brasil (INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS, 2012). A Lei do Saneamento Básico (11.445/2007) definiu melhor RSU (BRASIL, 2007a), adicionando aos atuais resíduos domiciliares e resíduos de limpeza urbana, o lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços que o gerador não é capaz de manejar — um conceito mais amplo. Analisando os RSU sob o ponto de vista da periculosidade, importantes aspectos da vida na cidade chamam nossa atenção: colocamos no lixo me- dicamentos vencidos, pilhas, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, restos de tintas, solventes, aerossóis, e outros materiais que contêm substâncias químicas nocivas ao meio ambiente. Esses resíduos têm normas específicas de descarte, desconhecidas da grande maioria da população. Outro ponto é interessante diz respeito ao lixo eletrônico. Apesar de o lixo urbano ainda ser, em maior proporção, composto por materiais orgânicos, a quantidade de papel e material de embalagem (metais, plásticos e papelão), pilhas, óleo lubrificante usado (OLU), restos de tinta e outros aumentou bastante, e tende a aumentar cada vez mais. A isso soma-se o que foi denominado o lixo eletrônico, composto por computadores, telefones celulares, televisores e monitores de computador que tomam um destino errado, ocupando espaço e contaminando o meio ambiente com metais pesados presentes nas peças e componentes desses produtos. Mercúrio, chumbo, cádmio e níquel são cumulativos nos tecidos vivos, e seus efeitos a longo prazo são desconhecidos, pois ainda não há “um longo prazo”. Os fatos já conhecidos nos mostram que devemos tomar medidas urgentes a respeito dessa realidade. 3Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Embora os pneus usados sejam classificados como inertes, são resíduos indesejáveis, ambientalmente falando, devido a sua grande quantidade: cerca de 21 milhões de pneus de todos os tipos são descartados anualmente no Brasil, segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Mecanicamente, nos lixões e pátios, os pneus acumulam água e funcionam como uma incubadora de mosquitos vetores da malária, da dengue, das febres amarela e chikungunya e da zyka. Acumulam-se também no fundo de rios e lagos, contribuindo para enchentes. Quando queimados, produzem fumaça muito tóxica por causa da presença de dioxinas e furanos. Pelo que vimos, o problema maior diz respeito à gestão inadequada dos RSU, já que esta é a mais visível e volumosa. Se considerarmos o lixo com respeito ao estado físico, as emissões líquidas (inclusive as “pastosas”) e gasosas são de mais difícil detecção. Entretanto, há, para estas, medidas específicas a se tomar. Em se tratando de RSU, a PNRS (BRASIL, 2010a) propôs instrumentos de gestão significativos para o combate de problemas ambientais importantes, bem como seus reflexos sociais e econômicos. A PNRS inseriu hábitos de consumo sustentável e ressignificou o termo “lixo”, com implementação da reciclagem e reuso dos RSU, subtraindo desse conceito negativo materiais que são matéria prima em potencial, além de pressionar para a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, come- çando pela separação do lixo. Instituiu o que se chamou de “responsabilidade compartilhada” (BRASIL, 2010a, documento on-line) do gerador de RSU com a comunidade e o prestador de serviço de Logística Reversa dos resíduos e embalagens. Também criou metas para a eliminação dos lixões, problema que estudaremos na sessão seguinte, fornecendo instrumentos de planejamento e gestão para diversas esferas de governo. Por fim, tornou obrigatória para a iniciativa privada a elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). A Lei modernizou os saberes da gestão de resíduos sólidos e trouxe novas ferramentas de gestão para a legislação ambiental. A gestão integrada dos resíduos sólidos de serviços de saúde, da construção civil, de mineração, de portos, aeroportos e fronteiras, industriais e agros- silvopastoris, reúne as ações voltadas a encontrar soluções para os resíduos sólidos, com planos nacional, estaduais, microrregionais, intermunicipais, municipais e de gerenciamento. Os planos de gestão dos governos federal, estaduais e municipais passaram a tratar de assuntos relativos à coleta seletiva, Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades4 reciclagem, inclusão social e participação da sociedade civil. A PNRS (BRA- SIL, 2010a) instituiu a responsabilidade compartilhada de toda a sociedade na gestão de RSU, com o objetivo de reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e os danos ambientais, e incentivar o desenvolvimento de mercados e a produção e consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis. Ademais, a logística reversa mobiliza a sociedade na responsabilização da destinação ambientalmente adequada dos RSU, estimulando o recolhimento de produtos e embalagens após seu consumo e o reaproveitamento, no mesmo ciclo produtivo ou em outros. Com base nesses preceitos, o Ministério do Meio Ambiente criou a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), um programa para estimular os órgãos públicos à sustentabilidade. A A3P visa à eficiência na atividade pública e à preservação do meio ambiente (MINISTÉRIO DO MEIO AM- BIENTE, 2009). Estrutura-se segundo seis eixos: uso dos recursos naturais; qualidade de vida no ambiente de trabalho; sensibilização dos servidores para a sustentabilidade; compras sustentáveis; construções sustentáveis; e gestão de resíduos sólidos. Para auxiliar os órgãos a atingirem esses objetivos, conta com capacitações mais aprofundadas, mobilizações para apresentar os conceitos da A3P e exposições instrutivas. A PNRS proibiu o descarte de rejeito em “lixões” e limitou a ação de catadores. Este movimento visou a preservação do meio ambiente e a inserção dos catadores na cadeia da reciclagem, para promover a cidadaniae inclusão social com geração de emprego e renda. Engenheiro ambiental usa entulho como base em obras civis A iniciativa de um engenheiro ambiental em Ribeirão Preto (SP) criou uma maneira vantajosa de usar o material reciclado proveniente da construção civil. Ele utilizou material proveniente da reciclagem de resíduos da construção civil, livre de impurezas, no lugar da brita, com dimensão máxima recomendada para esse tipo de aplicação, dentro das normas da ABNT vigentes. O investimento foi feito em parceria com o proprietário de um aterro e um empresário. Já existem outros projetos com a utilização de material reciclado destinado a calçadas e estradas rurais (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AMBIENTAIS, 2015). Leia mais sobre a experiência acessando o link a seguir. https://goo.gl/Fq8F8Z 5Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades O impacto dos lixões “Lixão” é um local legalizado, usado pelo poder público, geralmente Muni- cipal, para depositar o RSU gerado pela comunidade. Entretanto, o descarte de materiais nesse local é feito de maneira não normatizada, sem condições sanitárias adequadas. Essa é uma definição pragmática, pois define o “depósito de lixo” para onde vai todo o RSU coletados pelo serviço de coleta pública sob responsabilidade do poder público. Salienta-se, contudo, que tanto o serviço de depósito e suas implicações, quanto os serviços de coleta podem ser concedidos à iniciativa privada. O poder público parece ignorar a relevância do impacto causado pelos lixões, pois muitos municípios ainda mantêm esses espaços para disposição dos resíduos produzidos nas cidades. Esse fato motiva forte discussão nas esferas ambientais, sociais e econômicas. Muitos “lixões” são irregulares, pois não possuem licença ambiental nem acompanhamento ou gestão do que está sendo depositado em seu interior. Misturam resíduos domiciliares orgânicos e inorgânicos, resíduos de varrição de praças e logradouros, resíduos perigosos, resíduos hospitalares e resíduos da construção civil, entre outros. Oficialmente, não existem desde 2014, quando a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) determinou seu fechamento (BRASIL, 2010a). Porém, muitos municípios brasileiros ainda contam com lixões ativos. Para entender o impacto dos lixões, é necessário estudar as mudanças ecológi- cas, sociais, culturais e estéticas que ocorrem no local e em seu entorno, que são a área diretamente afetada (ADA), onde está implantado o empreendimento, a área de influência direta (AID), que é o entorno imediato, a vizinhança e a área de influência indireta (AII), que é a área que é afetada em menor grau. O impacto ambiental deve ser caracterizado, identificando o dano causado e seu autor, bem como a extensão e a efetividade. O maior prejuízo se dá em relação às características ambiental, social, sanitária e econômica. Ambiental- mente, os lixões impactam descaracterizando totalmente a paisagem natural, contaminando as águas e o solo. Quanto a este, diminuem a qualidade, seja da impermeabilização ou da ação de microrganismos. Outro fator a ser con- siderado é a supressão da vegetação e a atração de espécies exóticas. Lixões são locais insalubres cuja farta oferta de matéria orgânica atrai todo o tipo de vetor, como ratos, baratas, mosquitos, bactérias e vírus, que são responsáveis pela transmissão de várias doenças como leptospirose, dengue, cólera, diarreia, febre tifoide e verminoses. Esse panorama agrava-se pela falta de renda e posses dos catadores, que vivem à margem da sociedade e Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades6 dos serviços de saúde. O problema social se amplia pela própria exclusão, pois catadores são rotulados como pessoas sem posses e que se alimentam do próprio lixo, o que, em muitas situações, é verdade. Pela imensa quantidade de material descartado sem qualquer critério ou triagem, os lixões também caracterizam um sumidouro de materiais poten- cialmente reutilizáveis, que gerariam uma economia de recursos ambientais, por assim dizer, e uma grande economia social, ou seja, uma possibilidade de renda para os desfavorecidos do local. Relativamente ao porte dos lixões, as áreas de influência podem se tornar imensas, atingindo municípios vizinhos com maus odores, fumaças resultantes da queima de resíduos, e lixiviados (chorumes). O impacto econômico de um lixão é complexo, composto por ocorrências diretas e indiretas impossíveis de rastrear, como o gasto com consultas e internações de cidadãos (custo direto) e a improdutividade nestes dias (custo indireto). O Brasil tem cerca de 3 mil lixões ou aterros irregulares. Mesmo após a lei que visou a acabar com a prática de lixões, eles operam fortemente. Alguns funcionam, inclusive, com aval do serviço público, impactando a qualidade de vida de 77 milhões de brasileiros. As perguntas que devemos nos fazer são: Quando os lixões forem eliminados, como prevê o PNRS, todas as cidades vão apresentar planos de gestão integrada de resíduos? A taxa de reciclagem vai aumentar? Os catadores estarão incluídos no processo? A PNRS (BRASIL, 2010a) pune quem deposita produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente ou os usa, manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final de forma diversa da normatizada. A consequência da incerteza quanto ao que pode ser encontrado em um lixão é clara: o Brasil gasta cerca de R$ 800 milhões por ano em doenças relacionadas ao lixo. Obviamente, as principais vítimas são os catadores de materiais recicláveis e as populações vizinhas desses locais — principalmente as crianças. A sustentabilidade é uma questão de sobrevivência. As prefeituras recla- mam que não possuem recursos para se adequar à lei, acabar com os lixões e implantar a coleta seletiva e as usinas de reciclagem e compostagem do material orgânico. O valor necessário é o mesmo que os municípios arrecadam. Entretanto, muitos não se organizam para usar os recursos destinados a isso pelo BNDES ou convênios internacionais. Pesquisas recentes indicam que pouco mais da metade dos municípios trata o lixo de alguma forma, mesmo que inadequada. 7Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Como vimos, os resíduos são encaminhados para o lixão, que é um local a céu aberto, com materiais descartados de qualquer maneira e sem tratamento. Isso causa problemas ambientais como a poluição das águas subterrâneas e cursos d’água vizinhos, proliferação de animais parasitas e odores de fer- mentação, que são a origem do chorume, concentrado em metais, bactérias e matéria orgânica. O chorume contamina o solo e a água subterrânea e super- ficial. Necessita de grande volume de oxigênio para a decomposição, o que sequestra da fauna aquática, causando sua morte. Quando presente no lençol freático, o chorume causa forte impacto na saúde pública. Em suma, é muito mais danoso que o esgoto urbano, além de ser de mais difícil tratamento. Se fossem seguidas as normas específicas de disposição ambientalmente correta do lixo, teríamos aterros sanitários, onde se depositam RSU com controle da poluição e proteção ao meio ambiente. Aterros são equipados com tratores compactadores. Após a compactação, o lixo é coberto com areia, para diminuir odores, evitar incêndios e reduzir a população de insetos e roedores. Mesmo com a coleta e o tratamento do chorume, é importante que uma distância mínima de 400m de qualquer curso d’água seja mantida. Uma questão relevante quanto ao lixo diz respeito ao desperdício que a má gestão acarreta. Se analisarmos cuidadosamente, nosso lixo doméstico é 2/3 biodegradável, sendo o restante papel, plástico, vidro e metal. Deste modo, o que não pode ser compostado, pode reentrar no ciclo produtivo. No cenário atual, principalmente no Brasil, é muito difícil garantir destinação adequada para osresíduos. Isso tem duas razões principais: a geração do lixo, que é incorreta, sem separação; a falta de locais adequados à sua des- tinação, dada a situação dos lixões. Outra questão relevante é que esse 1/3 de material não-biodegradável ocupa um grande espaço, sendo causador do problema “visível” do lixão: o tamanho, que se expande em grande velocidade. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) de 2008 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2008), foram coletadas quase 260 mil toneladas de RSU por dia. Esses rejeitos, ademais, atraem populações em situação socialmente vulnerável, que acabam estabelecendo comunidades de catadores no entorno dos lixões, com as mazelas que discutimos anteriormente. O problema “invisível” é causado, em parte, pelos 2/3 de material com- postável: por ser contaminado, esse material causa doenças debilitantes e até fatais, com impacto na saúde pública. Por se tratar de alimento, atrai animais conurbados — aqueles que vivem conosco, beneficiando-se do que lhes for- necemos. Esses animais transmitem doenças e, novamente, geram impacto na Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades8 saúde pública. Ademais, eles acabam entrando em decomposição descontrolada ali mesmo, gerando o chorume que contamina águas subterrâneas e causa impacto na saúde pública. Misturados a esses componentes, temos no lixão materiais que não deve- riam estar ali — pilhas, termômetros, eletrônicos, medicamentos, etc. Eles contaminam o solo pelo contato ou pela lixiviação, usando o chorume como veículo. Essa geração deste tipo de lixo é proporcional ao desenvolvimento e ao crescimento do poder aquisitivo. Também é resultado da falta de educação, que ocasiona o descarte irregular e não separado de eletrônicos! A falta de educação causa cada vez mais distanciamento social e impactos socioeconô- micos, pois se reflete na destinação social do solo, causadora da especulação imobiliária. Portanto, quanto menor for a educação, haverá menos separação e mais lixo, catadores, segregação social, gastos com saúde pública, crimina- lidade e degradação ambiental. Sabemos que há uma tendência de crescimento populacional e de aumento da industrialização e produção. Haverá, portanto, aumento da geração de resíduos, com seu impacto ambiental concomitante. Sem uma atitude, poderemos colaborar com a inesgotabilidade do resíduo. Além disso, a degradação ambiental será irreversível se não houver uma conscientização. O engenheiro ambiental, por vocação, deve se colocar como um agente dessa transformação. A disposição inadequada dos RSU (Figura 1), pelo ponto de vista sanitário, é responsável pela proliferação de vetores e pela incubação das doenças nas comunidades vivas. Pelo ponto de vista ambiental, essa disposição é altamente impactante e causadora de degradação. Além do que já foi exposto, devemos destacar as emissões atmosféricas de gases do efeito estufa, causados pela incineração espontânea e pelo metano gerado da decomposição não monitorada, vilão da degradação da camada de ozônio. Pelo ponto de vista social, os lixões são igualmente graves, pela segre- gação causada, pelo impacto na saúde pública e pelas condições desumanas de vida. 9Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Figura 1. Caminhões descartando RSU em um “lixão”. Solução de grave impacto ambiental e socioeconômico. Fonte: Gorlov-KV/Shutterstock.com. Você ouviu falar sobre o acidente nuclear de Goiânia (GO)? Em setembro de 1987, um equipamento de radioterapia abandonado foi levado a um ferro-velho. Ao ser aberto, as pessoas foram expostas a um material brilhante e bonito! Só que esse material era Césio radioativo, o isótopo Ce137. Além das quatro pessoas que morreram por síndrome de radiação aguda, entre elas a menina Leide, sobrinha do dono do ferro-velho, mais de 40 famílias foram atingidas. Hoje, vizinhos e trabalhadores que atuaram no acidente também se tornaram vítimas, sendo que 1.100 pessoas foram atendidas no Centro de Assistência aos radioacidentados (CARA). Foram concedidas pelo governo 751 pensões, até agora. Foram 93 g de cloreto de césio que geraram 3.500 m³ de resíduos, levados para uma unidade do CNEN em Abadia de Goiás (GO). Essa tragédia poderia ter sido evitada por uma gestão de resíduos bem feita. Na situação atual do País, um acidente semelhante pode ocorrer a qualquer momento. Leia mais sobre essa notícia acessando o link a seguir (GUIMARÃES; BONALUME NETO, 2017). https://goo.gl/48k7d2 No link a seguir, veja o acompanhamento dado pelo Governo do Estado de Goiás (GOVERNO DE GOIÁS, [201?]): https://goo.gl/HjpGh5 Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades10 Há gestão de resíduos acontecendo de maneira correta nas cidades? Atualmente, estamos em desvantagem. Quando se fala no quadro institucional, observamos que muitas prefeituras municipais não agiram, alegando falta de recursos financeiros e técnicos. Existem várias causas para essa imobilidade, que não discutiremos. Entretanto, se considerarmos as Leis do Saneamento Básico (11.445/2007) (BRASIL, 2007a) e de Consórcios Públicos (11.107/2005) (BRASIL, 2005) e seus decretos de regulamentação (7217/2010 e 6.017/2007) (BRASIL, 2010b; 2007b), constatamos que há jurisprudência para achar solu- ções, e que projetos existem. Portanto, estabelecer parcerias com segmentos interessados é possível e viável. Ainda assim, há a possibilidade de intercâmbio com outros estados e municípios, possibilidade pouco explorada. E muito se faz, por vontade política, sem planejamento; sem a ação de um profissional apto, como um engenheiro ambiental. A PNRS (BRASIL, 2010a) define gerenciamento de resíduos sólidos como o conjunto de ações exercidas em todas as etapas desde a coleta até a disposi- ção final ambientalmente adequada que sigam um plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou, pelo menos, um plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Da mesma forma, define gestão integrada de resíduos sólidos como o conjunto de ações voltadas para resolver a situação dos RSU, considerando “as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social” (BRASIL, 2010a, documento on-line) e buscando o desenvolvimento susten- tável. Além disso, o gerenciamento de resíduos sólidos tem forte componente na inovação tecnológica e na operacionalidade das etapas envolvidas. Deve se voltar a criação de condições de trabalho para os catadores dos “lixões”, em conjunto com municípios. Devemos buscar um modelo de gestão dos resíduos urbanos socialmente integrada, fundamentado também em alternativas de tratamento e valorização dos resíduos voltados a redução dos impactos sobre a saúde humana e o meio ambiente. Essas estratégias aplicadas ao desenvolvi- mento de modelos de gestão de RSU devem estar fundamentadas na redução do consumo, no reuso e/ou na reciclagem, na compostagem e na disposição final ambientalmente adequada. Alternativamente, se pode discutir a incineração como alternativa à disposição de boa parte dos resíduos, antes de dispô-los em aterros sanitários, com o benefício da geração de energia. Um exemplo aplicável é dado pelos órgãos públicos que adotaram a A3P (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2009) e o Decreto nº 5.940/2006 (BRASIL, 2006), que permite formar “Comissões para a Coleta Seletiva” nos órgãos. Essas comissões possuem o objetivo de coordenar a separação e a 11Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades destinação dos resíduos para catadores organizados em associações e coopera- tivas. Esses órgãos públicos contribuem diretamente para a redução do envio de resíduos sólidos para o “lixo” e para a inclusão social dessas comunidades socialmente vulneráveis. Apresentam ao Comitê Interministerial da Inclusão Social de Catadores de Lixo (Decreto nº 7.405/2010) (BRASIL, 2010c) rela- tórios semestrais de processo. Esse decreto, em particular,embasa a inclusão produtiva das pessoas por meio do projeto Coleta Seletiva Solidária (BRASIL, 2010c), criando uma cultura institucional de gestão dos resíduos, parte da A3P. Outro ganho importante dessa iniciativa são as ações de capacitação, formação técnica e assessoria, incubação de cooperativas e de empreendimentos sociais, e incentivo a pesquisas voltados ao desenvolvimento de tecnologias de reci- clagem (Figura 2). O motivo é claro: os catadores de materiais recicláveis só são um problema social e ambiental se desvalorizados e desprezados, pois, na realidade, são agentes de transformação ambiental cuja atuação tem impacto direto no volume de lixo coletado e destinado incorretamente, trazendo fôlego aterros sanitários. Da mesma forma, são parte importante da cadeia produtiva, pois geram bens e serviços. A atividade de reciclagem, quando organizada, é uma alternativa de inclusão social para os catadores, pois configura uma oportunidade de ingressar em um mercado formal de trabalho, até mesmo dentro dos moldes do empreendedorismo. Garantem, assim, a subsistência de profissionais, com a revenda e processamento do material reciclável. Em suma, o gerenciamento integrado do “lixo” significa uma abordagem social, técnica e operacional do sistema de limpeza urbana. A população atua fortemente como agente transformador quando se fala na sanidade ambiental. No gerenciamento de resíduos sólidos, deve-se considerar não gerar lixo, ou pelo menos reduzir o lixo gerado. Isso implica na otimização dos processos produtivos, visando a levar às pessoas bens de consumo com o mínimo de oportunidades de gerar resíduos, ou seja, “buscar a meta de resíduo zero na produção”, como o faz a Alemanha, por exemplo. Isso significa, para o consumidor, a educação para o consumo consciente, com o objetivo de não gerar excedentes; para o governo, significa estimular a produção de bens com desmonte facilitado e dar incentivos fiscais a empresas recicladoras. O governo deve, ainda, agir nas escolas, nos níveis fundamental e médio, por meio de educação ambiental, buscando criar uma cultura do consumo consciente, da resis- tência às técnicas de marketing que induzem ao consumo e do conhecimento sobre formação de preço e valor agregado; além, é claro, da propagação do conhecimento sobre redução de “lixo”, disposição correta e reciclagem/reuso. Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades12 Figura 2. Paiol de reciclagem organizado em Piracicaba (SP): organização da produtividade e resgate da dignidade do catador. Fonte: Alf Ribeiro/Shutterstock.com. Um conceito pronto para esse fim, que traz a vantagem da aceitação cole- tiva e normalização das culturas, é a política dos cinco “R”, que educa para a redução do consumo, o reuso e a reciclagem: reduzir, repensar, reaproveitar, reciclar e recusar-se a consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos. Cada termo se autoexplica de forma inteligente. O objetivo explícito é induzir no cidadão a reflexão que leve à redução do consumo exagerado e do desperdício. Destaca-se que a reciclagem já é praticada por indústrias de papel, vidro, plástico ou metal de reuso, entre outros, em suas linhas de produção. Tais empresas ganham no marketing associado ao quinto “R”, pois podem usar símbolos padronizados para a rotulagem ambiental, que facilitem a identificação e a separação dos materiais, induzindo a preferência do consumidor. Com a política dos cinco “R”, ganha-se com a redução na extração de recursos naturais, dos resíduos nos aterros (aumentando da sua vida útil) e do custo de tratamento. Reduz-se, também, o uso de energia, e ainda se ganha com a intensificação da economia local de reciclagem. 13Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Podemos identificar uma evolução no gerenciamento integrado de resíduos sólidos, em três etapas, que começaram nos países desenvolvidos e hoje se expandem para o resto do planeta. Até o final da década de 1960 e início da década seguinte, os RSU eram compostos majoritariamente por lixo orgânico, que era coletado e transportado até lixões, obedecendo a critérios pragmáticos como a localização — estar longe da cidade ou local de fácil aterramento. Não havia preocupação ambiental de qualquer tipo, como o esgotamento de recursos, do espaço nos lixões, do impacto ambiental — infelizmente, muitos municípios ainda seguem este modelo. A segunda etapa da evolução dos modelos de gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos começa com a Conferência das Nações Unidas de Estocolmo Sobre Meio Ambiente Humano, em 1972. Algumas nações se deram conta das ameaças do progresso descuidado, como a desertificação, a destruição da camada de ozônio, o efeito estufa e a redução da agua po- tável. Além da água, veio a consciência de que outros recursos naturais são limitados. Concomitantemente, houve o despertar para um mundo empático, onde se valoriza a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento equitativo (oportunidades iguais para todos). Na metade da década de 1970, uma reunião da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) falou pela primeira vez em gerenciamento de resíduos sólidos com redução da geração de resíduos, reciclagem, incineração para geração de energia e, por último, disposição dos resíduos em aterros sanitários. No final da década de 1980, entramos na terceira e atual etapa do processo evolutivo, quando a preocupação com a redução do volume de resíduos se torna constante, permeando todo o processo produtivo. Atualmente, podemos ver dois modelos de gestão/gerenciamento de resíduos sólidos: o convencional e o participativo, mais moderno. O modelo de gestão convencional é o adotado pela maioria dos municípios onde os serviços de limpeza urbana têm seu próprio modelo de gestão, com ou sem terceirização. O modelo de gestão participativa é caracterizado pela participação da comu- nidade, organizada em conselhos, para a elaboração do orçamento anual ou plurianual, junto ao poder público. Esse modelo leva as sugestões em consi- deração e as aplicam nos serviços de limpeza urbana, buscando solucionar os problemas apontados. Comumente, encontra-se nestes dois modelos um compartilhamento entre os municípios de etapa final da Gestão de Resíduos Sólidos, que se denomina Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades14 Compartilhada, onde, independente do modelo de gestão adotado, o envio ocorre para um local comum. Temos esse modelo no Rio Grande do Sul, onde o RSU é enviado pelos municípios para os aterros sanitários da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), nas cidades de Giruá, Minas do Leão (o maior), Santa Maria, São Leopoldo e Victor Graeff. A CRVR foca na destinação final e geração de valor do RSU, oferecendo soluções integradas de tratamento por meio de práticas inovadoras, sustentáveis e ambientalmente seguras. Esses aterros sanitários possuem unidades de triagem que separam os resíduos recicláveis, para reaproveitamento e retorno ao ciclo produtivo. O efeito é a diminuição do volume destinado e aumento da vida útil. Cada aterro sanitário tem uma estação de tratamento de efluentes pelo método biológico, com filtros biológicos, lagoa aerada, lagoas facultativas e banhados construídos ou pelo método físico-químico com nanofiltração, osmose reserva e tratamento externo. O exemplo de que a inovação pode ser feita está na implantação de sistema de captura e oxidação térmica do biogás gerado na unidade de Minas do Leão/RS, tecnologia aprovada pela ONU, incluída no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Lá, 98% do metano do biogás é destruído, o que corresponde a 400 mil toneladas equivalentes de gás carbônico (CO 2 ) por ano. O metano é 25 vezes danoso à camada de ozônio que o CO 2 . A queima do biogás ocorre em uma unidade de geração de energia com potência de 8,5 MW, atendendouma população de aproximadamente 100 mil habitantes. Atualmente, mais sistemas estão em desenvolvimento para a implantação de mais duas Unidades de Valorização Energética, nas Centrais de São Leopoldo e Santa Maria. Cidade lixo zero! Em 2017, em relatório publicado pelo Serviço de Estatística da União Europeia (Eu- rostat), constava a seguinte notícia: a Itália obteve a maior porcentagem de reciclagem da União Europeia. A marca alcançada foi 76,9%, o que demonstra que, com vontade pública, é possível atingir metas de reciclagem. 50% dos RSU do país são reciclados. A Itália adota um sistema porta a porta de coleta, usando saquinhos recicláveis que atraem a população para a prática. As multas também colaboram com essa adesão. Em Milão, que é uma metrópole, até o lixo de cozinha é reciclado. Isso é tão exemplar que outras cidades estão buscando esse modelo para aplicação, como Paris, Barcelona e Nova Iorque. 15Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades 1. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Política Nacional do Meio Ambiente e a Lei do Saneamento Básico (junto com instruções normativas e decretos) definem lixo, resíduo, rejeito e resíduo sólido urbano (RSU). Analise as afirmações e assinale a alternativa correta. a) Os resíduos sólidos, quando classificados como orgânicos, incluem material de origem biológica (p. ex., restos de alimentos, papel e madeira) ou de origem orgânica (p. ex., plástico e borracha). b) Resíduo é o que não pode ser reciclado ou reaproveitado, seja por carência tecnológica ou custo, mas, de qualquer forma, necessita de uma “disposição final ambientalmente adequada”. c) O lixo eletrônico se tornou um problema por conta do grande volume representado pelos equipamentos descartados ao serem substituídos por novas tecnologias. Porém, a grande velocidade com que são feitos (sendo, basicamente, de plástico e metal) não apresenta riscos à saúde humana. d) A Lei do Saneamento Básico definiu RSU como o conjunto de resíduos domiciliares, resíduos de limpeza urbana, lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços que o gerador não possa manejar. e) Os pneus devem ter disposição adequada, pois podem causar graves incêndios; porém, por serem inertes, não interagem com os seres vivos. 2. Analise as afirmações e assinale a que condiz com a matéria da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e suas definições. a) A PNRS define o termo “lixo” e dá força de lei à reciclagem e ao reuso dos RSU, como fonte de matérias-primas, mas não versa sobre a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, uma vez que já era cumprida pela Lei do Saneamento Básico (nº 11.445/2007). b) Os planos de gestão dos governos federal, estaduais e municipais passaram a tratar de assuntos relativos à coleta seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da sociedade civil. c) O gerador é responsável pelo RSU originado por seus produtos até que estes repassem para o consumidor, sendo o serviço de logística reversa de resíduos e embalagens uma fonte estimulada de lucro. d) Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) são ferramentas de gestão muito eficientes, principalmente como captadores de recursos financeiros, sendo facultativos para a iniciativa privada. e) A logística reversa mobiliza a sociedade na responsabilização do consumo inteligente através da devolução do Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades16 produto excedente adquirido, sendo o fabricante obrigado a aceitar esse excedente. 3. Oficialmente, os lixões não deveriam existir, pois a PNRS determinou o fechamento até 2014. No entanto, muitos municípios brasileiros ainda têm lixões ativos. Sobre esse tema, suas definições e particularidades, escolha a alternativa correta. a) Para entender o impacto dos lixões, é necessário estudar as mudanças ecológicas, sociais, culturais e estéticas que estejam ocorrendo na área diretamente afetada (ADA) onde está implantado o empreendimento, pois não há dispersão de efeitos. b) A área de influência direta (AID), que é a borda da pilha, é a área de maior impacto, pois recebe todo o chorume. c) A presença do lixo orgânico agrava o impacto socioeconômico do lixão pela falta de renda e posses dos catadores, os quais vivem à margem da sociedade e dos serviços de saúde. d) Área de influência indireta (AII) é a área afetada pelo impacto ambiental causado pelas comunidades em condições socioeconômicas precárias. e) Os lixões são um benefício para as comunidades do entorno, pois lhes dão condições de subsistência. 4. Pesquisas recentes indicam que pouco mais da metade dos municípios trata o lixo de alguma forma, mesmo que inadequada, propiciando a formação clandestina de lixões, que aumentam sem controle e causam graves consequências. Sobre esses impactos, marque a opção correta. a) Na água superficial, é necessário grande volume de oxigênio para a decomposição, que é sequestrado da fauna aquática, causando a morte. b) O chorume é gerado pela lavagem do lixo pela chuva e é um agente poluidor silencioso, inodoro, que turva o abastecimento de água. c) No lençol freático, causa forte impacto na saúde pública, mas não se compara ao impacto que o esgoto urbano causa. d) O principal prejuízo econômico do lixão está no desperdício de material potencialmente reutilizável. e) Devido ao forte sistema imunológico, os catadores e familiares sofrem menos com as doenças relacionadas à atividade do que o cidadão comum. 5. O problema do lixo urbano passa pela gestão correta e pelo gerenciamento eficiente, com metodologias que envolvem tecnologias clássicas e novos processos, bem como a inclusão socioeconômica das pessoas envolvidas. De acordo com as definições envolvidas nesse processo, assinale a alternativa correta. a) Gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações voltadas para resolver a situação dos RSU pelo poder público. b) A gestão integrada de resíduos sólidos é a gestão feita pelo poder público com a 17Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades participação da comunidade em assembleias organizadas pelos líderes comunitários. c) A incineração de resíduos é uma prática nefasta, pois, quando descontrolada, causa incêndios e, sob controle, causa grave impacto com suas emissões. d) “Comissões para a Coleta Seletiva” são organizações civis criadas para a divulgação da prática, estimulada pela PNMA. e) A atividade dos catadores é muito vantajosa e deve ser organizada, pois traz fôlego aos aterros sanitários e permite a recirculação do material reciclável. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: resíduos sólidos - classificação. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: <http://www.vigilanciasanitaria. sc.gov.br/index.php/download/category/64-legislacao?download=433:nbr-10004>. Acesso em: 11 jul. 2018. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AMBIENTAIS. Iniciativa de engenheiro ambiental dá destinação sustentável para resíduos da construção civil. Brasília, DF, 19 jun. 2015. Disponível em: <http://www.aneam.org.br/index.php/noticias/assuntos- técnicos/item/3953- iniciativa-de-engenheiro-ambiental-dá-destinação-sustentável- para-resíduos-da-construção>. Acesso em: 11 jul. 2018. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. . Decreto n. 5.940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos... Brasília, DF, 25 out. 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5940. htm>. Acesso em: 12 jul.2018. . Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. Regulamenta a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos. Brasília, DF, 17 jan. 2007b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. . Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010. Regulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e dá outras providências. Brasília, DF, 21 jun. 2010b. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7217.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades18 . Decreto nº 7.405, de 23 de dezembro de 2010. Institui o Programa Pró- -Catador... Brasília, DF, 23 dez. 2010c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7405.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. . Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/Leis/L6938compilada.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. . Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005. Dispõe sobre normas gerais de con- tratação de consórcios públicos e dá outras providências. Brasília, DF, 06 abr. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107. htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. . Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico... Brasília, DF, 5 jan. 2007a. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. . Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras pro- vidências. Brasília, DF, 2 ago. 2010a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. GOVERNO DE GOIÁS. Sistema Único de Saúde. Secretaria de Estado da Saúde. CÉSIO 137 Goiania. Goiania, [201?]. Disponível em: <http://www.cesio137goiania.go.gov. br/>. Acesso em: 12 jul. 2018. GUIMARÃES, C; BONALUME NETO, R. Trinta anos depois do acidente em Goiânia, vítimas do césio ainda sofrem. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 set. 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/09/1917163-trinta-anos-depois-do- acidente-em-goiania-vitimas-do-cesio-ainda-sofrem.shtml>. Acesso em: 11 jul. 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional de saneamento básico 2008. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/presi- dencia/noticias/imprensa/ppts/0000000105.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁ- VEIS. Instrução normativa nº 13, de 18 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 245, seção 1, 20 dez. 2012. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/ phocadownload/emissoeseresiduos/residuos/ibama-lista-brasileira-de-residuos- solidos.xls>. Acesso em: 11 jul. 2018. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental. Agenda ambiental na administração pública. 5. ed. rev. e atual. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2018. 19Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Ter um modelo de gestão dos resíduos que seja integrado e que esteja baseado em alternativas de tratamento e valorização dos resíduos é essencial para reduzir impactos para as pessoas e para o meio ambiente. As estratégias aplicadas devem ter como foco a redução do consumo, o reuso ou reciclagem, a compostagem e a disposição final ambientalmente adequada. Na Dica do Professor, você estudará a respeito da cadeia de reciclagem e as regras de separação correta, além de ter um apanhado geral sobre como ocorre a separação do lixo seco e a política dos 5 Rs do Ministério do Meio Ambiente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Política Nacional do Meio Ambiente e a Lei do Saneamento Básico, juntamente com instruções normativas e decretos, definem lixo, resíduo, rejeito e Resíduo Sólido Urbano (RSU). Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta sobre o assunto. A) Os resíduos sólidos, quando classificados como orgânicos, incluem material de origem biológica (como restos de alimentos, papel e madeira) ou de origem orgânica (como plástico e borracha). B) Resíduo é o que não pode ser reciclado ou reaproveitado, seja por carência tecnológica ou custo, mas de qualquer forma, necessita de uma “disposição final ambientalmente adequada”. C) O lixo eletrônico se tornou um problema pelo excessivo volume, representado pelos equipamentos descartados ao serem substituídos por novas tecnologias a uma grande velocidade. Entretanto, como são feitos basicamente de plástico e metal, não apresentam riscos à saúde humana. D) A Lei do Saneamento Básico definiu RSU como o conjunto de resíduos domiciliares e resíduos de limpeza urbana, o lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços que o gerador não possa manejar. E) Os pneus devem ter disposição adequada, pois podem causar graves incêndios; porém, por serem inertes, não interagem com os seres vivos. 2) Analise as afirmações a seguir e assinale a que condiz com a matéria da Política Nacional de Resíduos Sólidos e suas definições. A) A PNRS define lixo e dá força de lei à reciclagem e reuso dos RSU, como fonte de matérias-primas, mas não versa sobre a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, uma vez que já era cumprida pela Lei do Saneamento Básico (Lei n.o11.445/2007). B) Os planos de gestão dos Governos Federal, Estaduais e Municipais passam a tratar de assuntos relativos à coleta seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da sociedade civil. C) O gerador é responsável pelo RSU originado por seus produtos até que estes sejam repassados para o consumidor, sendo o serviço de logística reversa dos resíduos e embalagens uma fonte estimulada de lucro. D) Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) são ferramentas de gestão muito eficientes, principalmente como captadores de recursos financeiros, sendo facultativos para a iniciativa privada. E) A logística reversa mobiliza a sociedade na responsabilização do consumo inteligente, por meio da devolução do produto excedente adquirido, sendo o fabricante obrigado a aceitar esse excedente. Oficialmente, os lixões não deveriam existir, pois a Política Nacional de Resíduos Sólidos determinou o seu fechamento até 2014. Porém, muitos municípios brasileiros 3) ainda têm lixões ativos. Sobre esse tema, suas definições e particularidades, escolha a alternativa correta: A) Para entender o impacto dos lixões, é necessário estudar as mudanças ecológicas, sociais, culturais e estéticas que estejam ocorrendo na Área Diretamente Afetada (ADA), onde está implantado o empreendimento, pois não há dispersão de efeitos. B) A Área de Influência Direta (AID), que é a borda da pilha, é a área de maior impacto, pois recebe todo o chorume. C) A presença do lixo orgânico agrava o impacto socioeconômico do lixão, pela falta de renda e posses dos catadores, que vivem à margem da sociedade e dos serviços de saúde. D) Área de Influência Indireta (AII) é a área afetada pelo impacto ambiental causado pelas comunidades em condiçõessocioeconômicas precárias. E) Os lixões são um benefício para as comunidades do entorno, pois lhes dão condições de subsistência. 4) Pesquisas recentes indicam que pouco mais da metade dos municípios trata o lixo de alguma forma, mesmo que inadequada, propiciando a formação clandestina de lixões, que aumentam sem controle, trazendo graves consequências. Sobre esses impactos, é correto afirmar: A) Na água superficial, necessita de grande volume de oxigênio para a decomposição, que sequestra da fauna aquática, causando sua morte. B) O chorume é gerado pela lavagem do lixo pela chuva, sendo um agente poluidor silencioso, inodoro, que turva o abastecimento de água. No lençol freático, causa forte impacto na saúde pública, mas não se compara ao impacto C) que o esgoto urbano causa. D) O principal prejuízo econômico do lixão está no desperdício de material potencialmente reutilizável. E) Devido ao forte sistema imunológico, os catadores e familiares sofrem menos com as doenças relacionadas à atividade do que o cidadão comum. 5) O problema do lixo urbano passa pela gestão correta e pelo gerenciamento eficiente, com metodologias que envolvem tecnologias clássicas e novos processos, bem como a inclusão socioeconômica das pessoas envolvidas. De acordo com as definições envolvidas nesse processo, assinale a alternativa correta: A) Gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações voltadas para resolver a situação dos RSU pelo poder público. B) A gestão integrada de resíduos sólidos é a gestão feita pelo Poder Público com a participação da comunidade em assembleias organizadas pelos líderes comunitários. C) A incineração de resíduos é uma prática nefasta, pois, descontrolada, causa incêndios e sob controle, grave impacto com suas emissões. D) Comissões para a Coleta Seletiva são organizações civis criadas para a divulgação da prática, estimulada pela PNMA. E) A atividade dos catadores é muito vantajosa e deve ser organizada, pois traz fôlego aos aterros sanitários e permite a recirculação do material reciclável. NA PRÁTICA Sabe-se que uma das competências necessárias para o desempenho da função do Engenheiro Ambiental é conhecer a legislação e como ela se aplica. Um dos exemplos é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O profissional que detém esse conhecimento e também domina aspectos relacionados à gestão de projetos pode, ainda, desenvolver pesquisas buscando soluções para questões ambientais. Veja como as habilidades e competências do Engenheiro Paulo são fundamentais para o desenvolvimento de ações na reorganização da comunidade de catadores, e a transformam em uma coopertaiva de catadores embrionária, para a satisfação da Prefeitura e benefício do Município. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O problema do lixo começa a chegar em nossa praia Muitos animais morrem sufocados ou estrangulados por sacolas e outros artefatos feitos de plástico. A quantidade desses itens abandonados nas praias, e dispostos irregularmente, aumenta ano a ano. Leia, neste artigo, a respeito das campanhas e atitudes em prol da substituição do plástico por outros materiais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais APRESENTAÇÃO Os impactos das atividades humanas no meio ambiente vêm provocando consequências cada vez mais graves. Logo, a avaliação de impactos ambientais apresenta como principal objetivo evitar, reduzir, neutralizar ou compensar efeitos negativos que um determinado produto, processo/atividade ou empreendimento pode ocasionar no ambiente. Sendo assim, como se pode mensurar os impactos que as mais diversas atividades ou empreendimentos causam no meio ambiente? Por meio de métodos de avaliação de impactos ambientais, os quais são baseados em mapeamentos de campo, análises de laboratório, elaboração de mapas temáticos analíticos, visitas técnicas in loco, consulta em bibliografias, entre outros. Existem diferentes métodos para avaliar os impactos ambientais, e a escolha de um depende do tipo de impacto, do empreendimento, da quantidade de informações coletadas e do próprio ambiente, cabendo à equipe técnica escolher o melhor método a ser aplicado. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá alguns dos principais métodos usados na avaliação de impactos ambientais, assim como a diferença de aspecto e impacto ambiental. Além disso, estudará sobre as formas de minimizar e controlar impactos ambientais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar aspectos e impactos ambientais.• Relacionar métodos de avaliação de impactos ambientais.• Exemplificar técnicas de minimização e controle de impactos ambientais.• DESAFIO A avaliação de impacto ambiental (AIA) consiste em uma série de procedimentos legais, institucionais e técnico-científicos, com o objetivo de caracterizar e identificar impactos potenciais na instalação de um empreendimento, ou seja, prever a magnitude e a importância destes. Uma empresa de consultoria e licenciamento ambiental foi contratada para realizar a AIA que a construção de um novo posto de gasolina, com aproximadamente 700 m² de área construída, poderá ocasionar no meio ambiente. Em relação ao método escolhido para analisar os impactos ambientais (para ambas as áreas), Segundo os técnicos, pelo fato de um posto de gasolina não apresentar riscos ambientais severos, os métodos escolhidos satisfazem plenamente a avaliação dos impactos ambientais. Caso você fosse um dos técnicos responsáveis por essa avaliação, responda: a) Qual das duas áreas você julga ser mais adequada para a instalação do posto de gasolina, baseado nas informações obtidas em campo? b) É possível utilizar mais de um método para a AIA? Qual sua posição quanto a escolha dos métodos para a avaliação dos impactos ambientais? c) Existe outro método que também poderia ser utilizado na AIA? d) Segundo os técnicos, um posto de gasolina não apresenta riscos ambientais severos. Você concorda com essa afirmação? INFOGRÁFICO Existem diferentes métodos para avaliar os impactos ambientais, e a escolha de um depende do tipo de impacto, do empreendimento, da quantidade de informações coletadas e do próprio ambiente. Porém, não se pode dizer que determinado método é melhor que outro, tampouco que um único método é aplicado a qualquer estudo de impacto ambiental (EIA), em ração da diversidade de empreendimentos e seus impactos ambientais potenciais. Cabe a equipe técnica decidir qual o melhor método a ser utilizado no respectivo EIA, para que ocorra a correta avaliação e a identificação dos impactos ambientais. Mas quais são os métodos mais usuais de avaliação de impactos ambientais e suas respectivas vantagens e desvantagens? Confira no Infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Ao longo da história da humanidade, o desenvolvimento, tanto social quanto econômico, vêm sendo confundindo com um crescente domínio e transformação da natureza, em que os recursos naturais são vistos como ilimitados. Desta forma, para empresas/corporações que visam implantar um sistema de gestão ambiental (SGA), segundo a norma ISO 14001, um dos requisitos é estabelecer, implementar e manter procedimentos para identificar os aspectos e impactos ambientais decorrentes das atividades. Ou seja, os aspectos ambientais, como, por exemplo, o lançamento de resíduos e efluentes líquidos no solo e na água, desmatamento e queimadas, lançamento de poluentes na atmosfera, entre outros, provocaram severos impactos ambientais (principalmente negativos), como a perda de biodiversidade; a erosão dos solos; a contaminação da água, do solo e do ar; o assoreamento de recursos hídricos, etc. Para saber mais sobre a importânciada identificação dos aspectos e impactos ambientais, leia o capítulo Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais, da obra Meio ambiente, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. MEIO AMBIENTE Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar aspectos e impactos ambientais. � Relacionar métodos de avaliação de impactos ambientais. � Exemplificar técnicas de minimização e controle de impactos ambientais. Introdução Os impactos das atividades humanas no meio ambiente vêm provocando consequências cada vez mais graves e alarmantes. A avaliação de impactos ambientais tem como principal objetivo evitar, reduzir, neutralizar ou compensar efeitos negativos que um determinado produto, processo, atividade ou empreendimento pode ocasionar no ambiente. Como se pode mensurar os impactos que as mais diversas atividades ou empreendimentos causam no meio ambiente? Por meio de méto- dos de avaliação de impactos ambientais, os quais são baseados em mapeamentos de campo, análises de laboratório, elaboração de mapas temáticos analíticos, visitas técnicas in loco, consulta em bibliografias, entre outros. Existem diferentes métodos para avaliar os impactos ambientais, e a escolha de um depende do tipo de impacto, do empreendimento, da quantidade de informações coletadas e do próprio ambiente. Cabe à equipe técnica escolher qual o melhor método a ser aplicado. Este capítulo visa a apresentar alguns dos principais métodos usados na avaliação de impactos ambientais, bem como a conceituar e apresentar a diferença entre aspecto e impacto ambiental. Também tem por objetivo indicar formas de minimizar e controlar impactos ambientais. Diferença entre aspecto e impacto ambiental Barsano, Barbosa e Viana (2014) afirmam que o desenvolvimento tecnoló- gico industrial, a busca desenfreada por riquezas naturais e a falta de um planejamento de recuperação do meio ambiente são as principais origens de um apanhado de consequências negativas ao meio ambiente. Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) mencionam que diversos problemas ambientais ocasionados por essa atuação antrópica irresponsável sobre o ambiente são computados diariamente, gerando poluição da agua e do ar, passivos ambientais, degradação da paisagem, problemas de saúde, doenças infectocontagiosas, entre outros. Desta forma, a gestão ambiental vem ganhando força nas últimas décadas, resultado da necessidade de adequação a essa nova forma de pensar em desenvolvimento e produção de bens de consumo circunscrita pela noção de desenvolvimento sustentável. Para haver gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, deve-se analisar os aspectos e impactos ambientais que diferentes atividades podem ocasionar. De acordo com Ministério da Defesa ([200?]), o aspecto ambiental é um ele- mento característico de determinada atividade, instalação, processo, produto ou serviço de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. Sánchez (2013) define aspecto ambiental como todo o mecanismo por meio do qual uma ação humana causa um impacto ambiental: toda a ação humana (atividades, produtos ou serviços) gera um aspecto ambiental, que por sua vez irá resultar em um impacto ambiental. Sánchez (2013) menciona ainda que o aspecto ambiental, de certo modo, está relacionado à gestão ambiental, pois foi a Norma ISO 14.001 que definiu o termo aspecto ambiental. Este termo era desconhecido pelos profissionais envolvidos em avaliação de impacto ambiental até então, ou era utilizado com outra conotação. O que realmente significa Aspecto Ambiental? Segundo NBR ISO14.001, aspecto ambiental diz respeito a “...elementos das atividades, produtos e servi- ços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente” (CAGNA, 2013, documento on-line). O aspecto pode ser uma máquina, equipamento ou mesmo uma atividade executada por um determinado empreendimento. Denomina-se “aspecto ambiental significativo” aquele aspecto que tem um impacto ambiental significativo. A Figura 1 apresenta a diferença entre aspecto e impacto ambiental. Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais2 Figura 1. Exemplos de um aspecto ambiental (lançamento de resíduo líquido em recursos hídricos) que ocasionam um impacto ambiental (mortandade de peixes). Fonte: Oceloti/Shutterstock.com; Pretty Vectors/Shutterstock.com. Impactos ambientais, alternativamente, são alterações no ambiente cau- sadas pelo desenvolvimento das atividades humanas no espaço geográfico. Nesse sentido, eles podem ser positivos, quando resultam em melhorias para o ambiente, ou negativos, quando essas alterações causam algum risco para o ser humano ou para os recursos naturais encontrados no espaço. Apesar de possuir essas duas classificações, o termo impacto ambiental é mais utilizado em referência aos aspectos negativos das atividades humanas sobre a natureza. É fundamental compreender a diferença entre aspecto e impacto ambiental: Aspectos ambientais: mecanismos através dos quais uma ação humana causa um impacto ambiental: as ações humanas causam efeitos ambientais, que por sua vez produzem impactos ambientais. Impactos ambientais: podem ser positivos ou negativos, e consistem em quaisquer modificações do meio ambiente, resultante ou não dos aspectos ambientais. Todas as atividades exercidas pelo homem ocasionam impactos ambien- tais, os quais podem ser positivos ou negativos. Por exemplo, supondo que uma indústria pretenda se instalar em determinado município, os seguintes impactos podem ocorrer: 3Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais � Impactos positivos: geração de empregos, aumento da economia local, estímulo a novos mercados, entre outros. � Impactos negativos: geração de resíduos sólidos, emissões atmosféricas, impactos na fauna e na flora, lançamento de efluentes industriais em recursos hídricos, aumento/alteração no trânsito local, entre outros. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (1990), os impactos ambientais estão vinculados com a degradação do meio ambiente, sendo que esta ocorre quando se tem uma ou mais das seguintes situações: � a vegetação nativa e a fauna nativa são destruídas, removidas ou expulsas; � ocorre remoção da camada fértil do solo; � tem-se alterações na qualidade e regime de vazão do sistema hídrico. A fim de facilitar o entendimento, o Quadro 1 apresenta a diferença entre aspecto e impacto ambiental. Fonte: Adaptado de Sánchez (2013, p. 295). Atividade Aspecto ambiental Impacto ambiental Lavagem de roupa Consumo de água Redução da disponibilidade hídrica Lavagem de louça Lançamento de água com detergentes Contaminação e eutrofização de mananciais Transporte de carga Emissão de ruídos e aumento do tráfego Incômodo aos vizinhos, maior frequência de congestionamentos e aumento da poluição atmosférica Armazenamento de combustível Risco de vazamento Contaminação do solo e água (superficial ou subterrânea) Quadro 1. Exemplos de relações atividade-aspecto-impacto ambiental Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais4 Métodos de avaliação de impactos ambientais Os métodos de avaliação de impactos ambientais consistem em instrumentos utilizados para coletar informações (tanto qualitativas e quantitativas) ori- ginadas de uma determinada atividade que possaresultar em modificações ambientais. As técnicas incluem mapeamentos de campo, análises de labora- tório e elaboração de mapas temáticos analíticos, sendo estes muito comuns na análise de dispersão de poluentes no ar ou na água. Existem distintos métodos que podem ser aplicados para o estudo dos impactos ambientais. Esses métodos não são estabelecidos pela legislação e, dessa forma, podem e devem ser modificados de acordo com o tipo de projeto que será desenvolvido. De acordo com a Resolução CONAMA 01/86 (BRASIL, 1986), a análise de impactos ambientais deve considerar alguns atributos: � Natureza — Os impactos são benéficos ou adversos; positivos ou negativos? � Duração — Os impactos são temporários ou permanentes? � Incidência — Os impactos são diretos (ocorrem na área onde estará o empreendimento) ou indiretos (podem afetar outras áreas)? � Reversibilidade — Os impactos são reversíveis ou irreversíveis? � Sinergia — Os impactos são cumulativos ou sinérgicos (acumulativos)? Os métodos de análise de impactos ambientais objetivam comparar, or- ganizar e analisar informações sobre impactos ambientais de determinada atividade, incluindo formas de apresentação escrita e visual desses dados. Quanto aos métodos de avaliação de impactos e ponderação de atributos, os mais utilizados são: 5Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais Método AD HOC — Consiste na formação de grupos de trabalho (de diferentes áreas, como geólogos, biólogos e engenheiros), apresentando suas impressões baseadas na experiência para elaboração de um relatório que irá relacionar o projeto a ser implantado com seus possíveis impactos causados (CREMONEZ et al., 2014). Carvalho e Lima (2010) ressaltam que este método é indicado para situações com escassez de dados ou quando a avaliação deve ser disponibilizada em um curto espaço de tempo. Entre as vantagens, estão os gastos econômicos, os quais são menores em relação a outros métodos. Método check-list — Apresenta uma relação dos impactos mais relevantes, associando-os ou não ao respectivo aspecto ambiental (a causa do impacto) ou mesmo ao meio afetado (físico, biológico, socioeconômico). Além disso, o método permite avaliar os impactos por meio da atribuição de qualificações ou quantificação de atributos como magnitude, natureza, entre outros. A aplicação desse método também permite a elaboração e aplicação de ques- tionários. Como vantagem, esse método pode ser considerado simples e de fácil visualização. No entanto, não permite caracterizar e discutir de forma mais minuciosa cada impacto. Matrizes de interação (matriz de Leopold) — Técnica que relaciona ações com fatores ambientais. Embora possa incorporar parâmetros de avaliação, é um método basicamente de identificação. O princípio básico da matriz de interação consiste em, primeiramente, assinalar todas as pos- síveis interações entre as ações e os fatores, para em seguida, estabelecer em uma escala variável a magnitude e a importância de cada impacto, identificando posteriormente se o mesmo é positivo ou negativo. Assim, calcula-se o índice global de impacto ambiental resultante do somatório de todos os fatores. Esse valor compõe uma célula. Na matriz de interação, faz-se e o cruzamento das ações do empreendimento com as variáveis do meio ambiente, gerando um conjunto de retículos que representa as possibilidades de ocorrência de impactos (SÁNCHEZ, 2013). O Quadro 2 apresenta os fatores considerados na avaliação dos impactos ambientais na matriz de interação. Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais6 Fonte: Adaptado de Sánchez (2013, p. 339). M – Magnitude Pequeno (P) – 1 Médio (M) – 2 Grande (G) – 3 A – Amplitude Local (L) – 1 Regional (R) – 2 Estratégico (E) – 3 P – Prazo de Efeito Curto Prazo (CP) – 1 Médio Prazo (MP) – 2 Longo Prazo (LP) – 3 T – Horizonte de Tempo Temporário (T) – 1 Cíclico (C) – 2 Permanente (P) – 3 Quadro 2. Fatores para avaliação dos impactos ambientais O somatório de todos os fatores compõe uma célula, por exemplo: (+/-) S M A P T Sendo S o somatório de M + A + P + T. Para compreender melhor como ocorre a montagem da Matriz de Intera- ção, apresenta-se um exemplo da matriz preenchida, conforme indicado no Quadro 3. 7Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais C o m p o n e n te a m b ie n ta l A r Á g u a S o lo A ti v id a d e s Quantidade-cor Ruído Qualidade Sedimentos/ assoreamento Lençol freático Erosão Est. físico Compactação C o n st ru çã o d e e st ra d as e a ce ir o s 5 4 4 4 0 6 5 6 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 3 E xp lo ra çã o f lo re st al Q u a d ro 3 . E xe m p lo d e p re e n ch im e n to d a M at ri z d e In te ra çã o d e A v al ia çã o d e Im p a c to s A m b ie n ta is Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais8 Redes de interação — Buscam estabelecer relações de precedência entre ações de um empreendimento e os impactos por ele causados (sejam eles diretos ou indiretos). Ou seja, esta metodologia visa o estabelecimento de uma sequência de impactos ambientais provenientes de determinada intervenção, representando-os através de gráficos. As mesmas podem ainda ser utilizadas para orientar as medidas a serem propostas para a minimização dos impactos ambientais observados (CARVALHO; LIMA, 2010). Superposição de cartas — Consiste na confecção de uma série de car- tas temáticas, uma para cada fator ambiental, onde se apresentam os dados organizados em categoria. Essas cartas são superpostas para reproduzir a síntese da situação ambiental de uma área geográfica. A superposição de cartas é útil para estudos que envolvam alternativas de localização e outras questões de dimensão espacial. Esse método vem sendo utilizado para AIA de projetos lineares (estradas de rodagens, linhas de transmissão, dutos, etc.), já que favorece bastante a representação visual e a identificação da extensão dos efeitos. A possibilidade de utilização de imagens de satélite é um recurso valioso para esse tipo de método, conforme Pimentel e Pires (1992). Modelos de simulação — Constituídos por modelos matemáticos destina- dos a representar a estrutura e o funcionamento dos sistemas ambientais por meio de relações complexas entre componentes quantitativos ou qualitativos, físicos, biológicos ou socioeconômicos, a partir de um conjunto de hipótese ou pressupostos (PIMENTEL; PIRES, 1992). Os modelos mais utilizados são aqueles feitos para estimar os impactos de emissões gasosas e os de lan- çamento de efluentes no meio ambiente. Neles, são incorporados hipóteses e pressupostos sobre os processos e as relações entre seus fatores bióticos, físicos e culturais frente às alterações causadas palas atividades que devem ser avaliadas (MALHEIROS; NOCKO; GRAUER, 2009). Além dos métodos descritos, existem as metodologias quantitativas e o sistema AMBITEC-AGRO. A seleção do método dependerá dos objetivos que se quer alcan- çar, da disponibilidade de dados, das características do projeto e especificidades da localização, bem como do tempo e dos recursos financeiros e técnicos disponíveis (PIMENTEL; PIRES, 1992). 9Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais Formas de controlar os impactos ambientais Visando a diminuir principalmente os impactos ambientais negativos, devem ser adotadas medidas de prevenção (controle), mitigação, compensação, recupe- ração e monitoramento dos impactos que a implantação de um empreendimento ou atividade possa ocasionar. A ordem de prioridade no controle dos impactos ambientais negativos deve ser: 1. prevenção; 2. mitigação; 3. recuperação; 4. compensação. Portanto, encontrar formas de evitar impactos e prevenir riscos deve ser a primeira coisa a ser acatada, sendo de extrema importância compreender a diferença entre estestermos ambientais. As medidas de prevenção devem ser as pioneiras a serem implantadas, tendo como objetivo evitar que as atividades relacionadas ao empreendimento resultem em impactos ambientais negativos antes que estes aconteçam. To- mando como exemplo a construção de uma hidrelétrica, as principais medi- das de prevenção dos impactos negativos desta obra estão relacionados com alternativas locacionais do empreendimento, que devem levar em conta a área de alagamento do reservatório, capacidade de geração, faixas e áreas propícias à preservação e a possibilidade de aproveitamento das estruturas e acessos já existentes no local. A escolha adequada do local pode evitar diversas consequências negativas, como a perda de espécies ameaçadas da fauna e da flora e a necessidade de realocação de famílias, além de consequências à economia financeira. Entretanto, é impossível que uma atividade ocorra sem haver impactos ambientais negativos, por menores que estes sejam. Para esses impactos, são propostas as medidas de mitigação, que visam reduzir os efeitos adversos decorrentes da instalação e operação dos empreendimentos. Os planos de mi- tigação, segundo Mercado em Foco ([2017]), buscam reverter danos parciais e Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais10 minimizar situações de risco e de impactos ambientais, através da intervenção em áreas vulneráveis e da implementação de programas operacionais que permitam, a curto prazo, mitigar situações críticas com base na definição de prioridades. Eles devem ser implantados com base numa gestão adaptativa, fundamentada em mecanismos que levem em conta a dinâmica de determinadas zonas naturais. Entre os principais planos de mitigação, estão: manter, em estado próximo do natural, a maior parte das zonas degradadas; condicionar as explorações agrícola e pecuária; impedir a ocupação com habitação nas áreas de proteção delimitadas; condicionar as instalações industriais; desviar vias e transferir construções em zonas de risco; limitar a construção de estradas marginais e a intensidade de tráfego; controlar a ocupação de terras e extrações; investir em tecnologias que visam o reuso da água. Por fim, as medidas de compensação ocorrem quando o impacto continua significativo mesmo com a mitigação. Ocorrem também quando não é possível realizá-la por falta de tecnologia disponível ou então quando não é possível a recuperação. Em outros casos, a compensação pode ocorrer por meio de investimentos em meio ambiente através da instalação de equipamentos de controle de poluição para os órgãos ambientais, por exemplo. Segundo Struchel (2016), a Compensação Ambiental é um instrumento que procura garantir à sociedade um ressarcimento pelos danos causados à biodiversidade por empreendimentos de significativo impacto ambiental. Nesse contexto, pode ser considerada uma forma de atenuar a socialização das externalidades negativas destes empreendimentos. O objetivo principal dessa prática é promover um benefício ambiental em prol do impacto gerado, não devendo ser interpretada como multa ou indenização. As medidas de recuperação ambiental são uma obrigação civil que poderão ou não vir acompanhadas de pena. Trata-se de fazer com que a área degradada seja recuperada e retorne na forma que estava antes da atividade ser iniciada, ou então, o mais próximo possível. A recuperação ambiental é definida como a restituição de uma área degradada e respectivo ecossistema a uma condição mais próxima possível de sua condição original, mas que pode ser diferente desta. Existem vários modelos e técnicas para a recuperação de uma área degradada, cuja escolha depende da situação de degradação da área e das condições de regeneração do ecossistema afetado. É por isso que há necessidade, para cada caso, de um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) específico, conforme ressalta o ICMBIO (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2013). 11Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais Exemplos de técnicas para minimizar/conter os impactos ambientais Em relação à minimização ou de controle dos impactos ambientais, existem diversas técnicas que podem ser utilizadas. Em se tratando da avaliação de impactos ambientais, não existe uma “receita de bolo”, pois uma técnica eficaz em determinada área pode não ser suficiente em outra. Isso porque, o tipo de solo, a vegetação, o clima e a direção dos ventos são diferentes, e cada um destes itens precisa ser analisado e estudado, antes de ser tomada uma decisão. Em se tratando de áreas desmatadas ou que sofreram queimadas, é funda- mental realizar a recuperação florestal, a fim de evitar a erosão do solo. Entre as técnicas de recuperação florestal, podem-se citar: 1. condução de regeneração natural; 2. plantio de mudas; 3. recuperação com espécies pioneiras (plantas que possuem um cresci- mento mais acelerado); 4. formação de ilhas de diversidade; 5. plantio em linhas alternadas. A erosão dos solos é um dos impactos ambientais negativos que mais trazem consequências para o ambiente, como perda de taludes (as margens de recursos hídricos) provocando assoreamento dos mesmos, perda de biodi- versidade, entre outros. Dessa forma, em se tratando de erosão, Guimarães et al. (2012) descrevem que a bioengenharia é uma associação de alternativas que envolvem elementos biologicamente ativos (vegetação, microrganismos), visando a estabilização de solo e de sedimentos, junto com elementos inertes (pedras, concreto, madeira, metais, fibras sintéticas ou naturais, entre outros). Porém, quando a área é extremamente inclinada, Projar (2016) ressalta que a hidrossemeadura é a técnica mais indicada. Envolve o hidro-jateamento de sementes, visando a recuperar o estado vegetativo natural da área degradada. A Figura 2 apresenta uma ilustração tanto da técnica de bioengenharia como da hidrossemeadura em áreas erodidas. Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais12 Figura 2. Exemplo de uma obra de bioengenharia (a) e da técnica de hidrossemeadura (b). Fonte: ThamKC/Shutterstock.com; Projar (2016). a) b) 1. Existem diferentes metodologias usadas nos Estudos de Impactos Ambientais (EIA). Esses métodos e técnicas são mecanismos estruturados para coletar, analisar, comparar e organizar informações e dados sobre os impactos ambientais que determinada atividade ou empreendimento pode ocasionar. Marque a alternativa correta em relação aos métodos de avaliação de impactos ambientais. a) No checklist, os impactos são demonstrados na forma de matriz. b) A metodologia fundamentada em redes de interação baseia-se na construção de redes de interação e fluxogramas para a indicação dos impactos ambientais causados somente na construção do empreendimento. c) A sobreposição de cartas é uma metodologia que permite uma boa compreensão de relações espaciais. Sua adoção é indicada nos projetos de desenvolvimento regional e com configuração linear, como em estradas. d) O método de matriz consiste na construção de redes de interação e fluxogramas para a indicação dos impactos ambientais. e) Os modelos de simulação são indicados e utilizados em áreas que sofreram desmatamento e/ou erosão dos solos. 2. Existe diferença entre aspecto e impacto ambiental. Indique a opção que traz um exemplo de aspecto ambiental. a) Contaminação de água superficiais. b) Erosão do solo. c) Redução da quantidade de peixes em um recurso hídrico. d) Aquecimento global. e) Emissão de poluentes para a atmosfera. 3. Para diminuir os impactos ambientais negativos, devem ser 13Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais adotadas medidas de prevenção (controle), mitigação, compensação, recuperação e monitoramento dos impactos que a implantação de um empreendimento ou atividade possa ocasionar. Qual alternativa está correta em relação a formas de minimizar e controlar os impactosambientais em empresas? a) As empresas devem obter o licenciamento ambiental para evitar possíveis impactos ambientais. b) É essencial que as empresas tenham biólogos, geólogos, químicos e engenheiros em seu quadro de funcionários para evitar possíveis acidentes ambientais. c) As empresas devem tomar cuidado durante a construção ou o aumento de suas instalações, pois os impactos ambientais ocorrem normalmente nessas fases. d) Muitas vezes, através de medidas simples (como separar os resíduos, reutilizar água em fins menos nobres e conscientizar os colaboradores da empresa sobre questões ambientais) já é um grande passo para reduzir ou evitar algum impacto no meio ambiente. e) As empresas devem optar pelo melhor método para avaliação dos impactos ambientais, uma vez que existe grande diferença de preço entre os métodos. 4. É fundamental que os profissionais tenham o correto entendimento de conceitos como e de aspecto ambiental. Qual opção está correta em relação ao conceito de aspecto ambiental presente na norma ISO 14001/2014? a) Elemento de atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. b) Modificação benéfica do meio ambiente, que resulte (no todo ou em parte) de atividades, produtos ou serviços de uma organização. c) Introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar negativamente os seres vivos. d) Atividade que compensa a perda de um bem ou função que será perdido em decorrência do projeto em análise. e) Modificação adversa do meio ambiente que resulte (no todo ou em parte) de atividades, produtos ou serviços de uma organização. 5. A seleção do método de avaliação dos impactos ambientais dependerá dos objetivos que se quer alcançar, da disponibilidade de dados, das características do projeto e especificidades da localização, bem como do tempo e dos recursos financeiros e técnicos disponíveis. Assinale a alternativa correta sobre os método de avaliação dos impactos ambientais. a) O método Ad Hoc é amplamente utilizado no Brasil e tem como vantagem os custos baixos, mas a avaliação dos impactos ambientais é demorada. b) O método matriz de interação é um dos métodos mais utilizados no Brasil para avaliação dos impactos Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais14 ambientais por conta de sua boa visualização e do baixo custo. c) O método de superposição de cartas apresenta uma boa visualização dos impactos ambientais, sendo utilizado para obras/atividades que irão provocar desmatamento, erosão do solo ou contaminação de recursos hídricos. d) Os modelos de simulação consistem em modelos matemáticos, apresentando como principal vantagem os baixos custos. e) O método de redes de interação consiste em um representação gráfica dos impactos ambientais diretos e, por isso, não é muito utilizado no Brasil, pois os impactos indiretos não são avaliados. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; VIANA, V. J. Poluição ambiental e saúde pública. São Paulo: Érica, 2014. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho nacional do meio ambiente. Resolu- ção CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. html>. Acesso em: 19 jul. 2018. CAGNA, C. E. O que é um SGA e qual a importância de implementá-lo em sua empresa. Portal eco hospedagem, mar. 2013. Disponível em: https://ecohospedagem.com/o-que-e- um-sga-e-qual-a-importancia-de-implementa-lo-em-sua-empresa/#ixzz4WJ45Z4LJ>. Acesso em: 19 jul. 2018. CARVALHO, D. L.; LIMA, A. V. Metodologias para avaliação de impactos ambientais de aproveitamentos hidrelétricos. In: ENCONTRO NACIONAL DE GEÓGRAFOS, 16., 2010, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: AGB, 2010. p. 1-11. CREMONEZ, F. E. et al. Avaliação de impacto ambiental: metodologias aplicadas no Brasil. 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DICA DO PROFESSOR O impacto ambiental consiste em uma transformação no meio ambiente, gerada por ações antrópicas (na grandemaioria dos casos). Este pode ter origem positiva ou negativa, sendo a negativa a de maior importância, uma vez que apresenta uma ruptura no equilíbrio ecológico, o qual gera sérios problemas ao meio ambiente. Existem formas de evitar ou reduzir os impactos ambientais, por meio de medidas mitigadoras e compensatórias. Estas visam apresentar equipamentos ou procedimentos, de natureza preventiva, corretiva ou compensatória, os quais serão utilizados para mitigação, compensação ou redução da magnitude dos impactos negativos sobre os fatores físicos, bióticos e socio- econômicos, em cada fase do empreendimento (instalação e operação). Para saber mais sobre a diminuição dos impactos ambientais causados por empresas, confira a Dica do Professor a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Existem diferentes metodologias usadas nos estudos de impactos ambientais (EIA). Esses métodos e técnicas são mecanismos estruturados para coletar, analisar, comparar e organizar informações e dados sobre os impactos ambientais que determinada atividade ou empreendimento pode ocasionar. Marque a alternativa correta em relação aos métodos de avaliação de impactos ambientais. A) No checklist, os impactos são demonstrados na forma de matriz. A metodologia fundamentada em redes de interação baseia-se na construção de redes de interação e fluxogramas para a indicação dos impactos ambientais causados somente na B) construção do empreendimento. C) A sobreposição de cartas é uma metodologia que permite uma boa compreensão de relações espaciais. Sua adoção é indicada nos projetos de desenvolvimento regional e configuração linear, como em estradas, por exemplo. D) O método de matriz consiste na construção de redes de interação e fluxogramas para a indicação dos impactos ambientais. E) Os modelos de simulação são indicados e utilizados em áreas que sofreram desmatamento e/ou erosão dos solos. 2) Existe diferença entre aspecto e impacto ambiental. Indique a opção que traz um exemplo de aspecto ambiental. A) Contaminação de águas superficiais. B) Erosão do solo. C) Redução da quantidade de peixes em um recurso hídrico. D) Aquecimento global. E) Emissão de poluentes para a atmosfera. 3) Para diminuir os impactos ambientais negativos, devem ser adotadas medidas de prevenção (controle), mitigação, compensação, recuperação e monitoramento dos impactos que a implantação de um empreendimento ou atividade possa ocasionar. Qual alternativa está correta em relação a formas de minimizar e controlar os impactos ambientais em empresas? A) As empresas devem obter o licenciamento ambiental para evitar possíveis impactos ambientais. B) É essencial que as empresas tenham biólogos, geólogos, químicos e engenheiros em seu quadro de funcionários, de modo a evitar possíveis acidentes ambientais. C) As empresas devem tomar cuidado durante a construção ou aumento de suas instalações, pois os impactos ambientais ocorrem normalmente nessas fases. D) Muitas vezes, por meio de medidas simples (como separar os resíduos, reutilizar água em fins menos nobres e conscientizar os colaboradores da empresa sobre questões ambientais) já é um grande passo para reduzir ou evitar algum impacto no meio ambiente. E) As empresas devem optar pelo melhor método para a avaliação dos impactos ambientais, uma vez que existe grande diferença de preço entre os métodos. 4) É fundamental que os profissionais tenham o correto entendimento de conceitos de aspecto ambiental. Qual opção está correta em relação ao conceito de aspecto ambiental presente na norma ISO 14001/2014? A) Elemento de atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente. B) Modificação benéfica do meio ambiente, que resulte (no todo ou em parte) de atividades, produtos ou serviços de uma organização. C) Introdução no meio ambiente de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar negativamente os seres vivos. Atividade que compensa a perda de um bem ou função que será perdido em decorrência do D) projeto em análise. E) Modificação adversa do meio ambiente que resulte (no todo ou em parte) de atividades, produtos ou serviços de uma organização. 5) A seleção do método de avaliação dos impactos ambientais dependerá dos objetivos que se quer alcançar, da disponibilidade de dados, das características do projeto e especificidades da localização, bem como do tempo e dos recursos financeiros e técnicos disponíveis. Assinale a alternativa correta sobre os métodos de avaliação dos impactos ambientais: A) O método Ad Hoc é amplamente utilizado no Brasil e tem como vantagem os custos baixos, mas a avaliação dos impactos ambientais é demorada. B) O método matriz de interação é um dos métodos mais utilizados no Brasil para avaliação dos impactos ambientais, por conta de sua boa visualização e do baixo custo. C) O método de superposição de cartas apresenta uma boa visualização dos impactos ambientais, sendo utilizado para obras/atividades que irão provocar desmatamento, erosão do solo ou contaminação de recursos hídricos. D) Os modelos de simulação consistem em modelos matemáticos, apresentando como principal vantagem os baixos custos. E) O método de redes de interação consiste em uma representação gráfica dos impactos ambientais diretos e, por isso, não é muito utilizado no Brasil, pois os impactos indiretos não são avaliados. NA PRÁTICA O aspecto ambiental é definido como sendo o mecanismo por meio do qual uma ação humana causa um impacto ambiental. A identificação de aspectos e impactos ambientais que uma determinada empresa pode causar é umas das etapas mais importantes da implementação do sistema de gestão ambiental (SGA). Uma das maneiras de realizar essa identificação pode ser a construção de uma matriz que relacione os aspectos e impactos ambientais. Imaginando que uma pedreira visa instalar um SGA, é fundamental identificar os aspectos e impactos ambientais nos diferentes setores. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Checklist ambiental Veja o seguinte vídeo sobre uma ferramenta para a avaliação de impactos ambientais, a qual apresenta uma relação dos impactos mais relevantes, associando-os ou não ao respectivo aspecto ambiental. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Aspectos & impactos ambientais No vídeo a seguir você vai entender quando uma empresa faz o levantamento dos aspectos e dos impactos ambientais que suas atividades geram ao meio ambiente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Avaliação de impacto ambiental: metodologias aplicadas no Brasil Neste artigo você vai estudar os diferentes métodos de avaliação de impacto ambiental (AIA) existentes, os quais, por excelência, se dedicam a fazer predições dos efeitos de um determinado empreendimento a curto, médio e longo prazo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ong's e questão ambiental na empresa APRESENTAÇÃO A gestão ambiental é uma prática relativamente recente, mas que cada vez mais vem ganhando importância tanto nas instituições públicas como nas privadas. O objetivo geral da gestão ambiental em empresas é fazer com que elas obtenham lucros, porém sem causar impactos ambientais no meio ambiente, otimizando o uso de matérias-primas e reduzindo os resíduos gerados. Dessa forma, a empresa visa a promover o desenvolvimento sustentável. Dessa forma, para haver o desenvolvimento sustentável, deve-se, sim, obter crescimento econômico, porém sem comprometer a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social, fazendo com que as gerações futuras tenham acesso a um ambiente equilibrado. O primeiro passo para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado é reconhecer que os recursos naturaissão finitos. Nesta Unidade de Aprendizagem, será descrita a importância da gestão ambiental, a qual consiste em uma excelente forma de promover o desenvolvimento sustentável. Além disso, serão apresentados conceitos, vantagens e etapas de implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA) em empresas e como ONGs e instituições, por meio da gestão ambiental, buscam melhorar o ambiente e a vida da sociedade num modo geral. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever a relação da gestão ambiental com o desenvolvimento sustentável.• Caracterizar o sistema de gestão ambiental aplicado no segundo setor.• Relacionar a aplicação da gestão ambiental no terceiro setor.• DESAFIO A gestão ambiental pode ser traduzida como a realização de atividades, visando a obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer minimizando ou eliminando os danos causados pela intervenção humana, quer evitando que eles ocorram, sempre numa óptica de melhoria contínua. Uma empresa de fabricação de biscoitos tem como meta dobrar de tamanho em, no máximo, 5 anos. Dessa forma, a diretoria decidiu implantar um sistema de gestão ambiental (SGA). Para isso, contratou uma equipe externa, especializada nesse tipo de serviço. Veja quais foram os resultados apresentados. INFOGRÁFICO Para que uma empresa tenha sucesso em seus negócios, é de suma importância que a mesma realize um planejamento estratégico, o qual tem como objetivo traçar um caminho a ser percorrido, definindo o posicionamento, o mercado, os clientes e as operações da empresa. Um dos critérios que a empresa deve analisar/estudar é quanto ao meio ambiente, promovendo a gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável. Confira, no infográfico a seguir, algumas dicas/ideias de promover a gestão ambiental em empresas, resultando em um desenvolvimento muito mais sustentável para as mesmas. CONTEÚDO DO LIVRO As ONGs — organizações não governamentais — pertencem ao chamado terceiro setor da economia. São exemplos desse tipo de instituição: o Greenpeace e o WWF — os quais têm como objetivos centrais desenvolver atividades ou ações de solidariedade, visando a promover melhorias sociais e ambientais, principalmente. Logo, muitas vezes, os profissionais da área ambiental encontram, nesse tipo de instituição, uma oportunidade de trabalho. Mas para que as mesmas possam realmente atingir seus objetivos e serem eficazes, é fundamental que elas busquem formas de promover um desenvolvimento mais sustentável. Não basta apenas proibir determinada atividade, pois, muitas vezes, esta pode ser o ganha-pão de uma comunidade. Logo, é necessário encontrar formas/maneiras de promover atividades econômicas, porém sem prejudicar o meio ambiente, e a gestão ambiental ganha força nesta prática. Para saber mais a respeito de gestão ambiental, leia o capítulo Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, ONGs e questão ambiental na empresa, da obra Meio ambiente, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. MEIO AMBIENTE Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a relação da gestão ambiental com o desenvolvimento sustentável. � Caracterizar o Sistema de Gestão Ambiental aplicado no segundo setor. � Relacionar a aplicação da gestão ambiental no terceiro setor. Introdução A gestão ambiental é uma prática relativamente recente, mas que ganha cada vez mais importância, tanto nas instituições públicas quanto nas privadas. O objetivo geral da gestão ambiental em empresas é fazer com que obtenham lucros sem causar impactos ao meio ambiente, otimizando o uso de matérias-primas e reduzindo os resíduos gerados. Dessa forma, a empresa visa a promover o desenvolvimento sustentável. Para haver desenvolvimento sustentável, não se pode abdicar do crescimento econômico. É necessário um comprometimento com a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social, permitindo às gerações futuras acesso a um ambiente equilibrado. O primeiro passo para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado é reconhecer que os recursos naturais são finitos. Neste capítulo, será descrita a importância da gestão ambiental, que configura uma excelente forma de promover o desenvolvimento susten- tável. Além disso, serão apresentados conceitos, vantagens e etapas de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em empresas. Será discutido como ONGs e instituições, por meio da gestão ambiental, buscam melhorar o ambiente e a vida da sociedade de modo geral. Relação entre gestão ambiental e desenvolvimento sustentável Antes de compreendermos qual a relação entre gestão ambiental e desen- volvimento sustentável, é importante entender o que cada um destes termos representa/significa de modo separado. Em se tratando da definição de gestão ambiental, Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) apontam que existe certa confusão: muitos autores têm atribuído diferentes significados ao termo. Segundo Philippi Júnior, Roméro e Bruna (2004), a gestão ambiental pode ser compreendida, de modo geral, como um processo de tomada de decisões que devem repercutir positivamente sobre a variável ambiental de um sistema. Dessa forma, a tomada de decisão consiste em escolher uma opção que apre- sente o melhor desempenho, a melhor avaliação, ou ainda, a melhor aliança entre as expectativas daquele que tem o poder de decidir e sua disposição em adotar certas escolhas. Basicamente, gestão ambiental é o conjunto de atividades da função ge- rencial que determina a política ambiental (seus objetivos e responsabilidades) e a coloca em prática por intermédio do sistema ambiental, do planejamento ambiental, do controle ambiental e da melhoria do gerenciamento ambiental. Dessa forma, a gestão ambiental é o gerenciamento eficaz do relacionamento entre as organizações e o meio ambiente (SHIGUNOV NETO; CAMPOS; SHIGUNOV, 2009). A gestão ambiental é ampla, pois inclui a gestão ambiental industrial, a gestão am- biental urbana, a gestão ambiental municipal e a sua interação com a gestão regional (SCHWANKE, 2013). Neste capítulo, serão apresentados os conceitos de gestão ambiental voltados para empresas/indústrias. Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa2 A gestão ambiental consiste na realização de atividades que visam a obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, minimizando ou eliminando os danos causados pela intervenção humana, ou mesmo evitando que eles ocorram, sempre numa ótica de melhoria contínua. Os objetivos do Plano de Gestão Ambiental (PGA) de uma empresa podem ser: � definir diretrizes ambientais gerais, visando à contratação de serviços; � estabelecer mecanismos de controle e supervisão ambiental das obras, integrados aos procedimentos técnicos de engenharia, objetivando minimizar os impactos socioambientais; � estabelecer procedimentos técnico-gerenciais e mecanismos de acom- panhamento para garantir a implementação dos programas ambientais; � estabelecer e controlar o fluxo de informações para os públicos internos e externos. A gestão ambiental é o campo de estudo da administração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais. Tem como objetivo primordial a sustentabilidade. Fazemparte do arcabouço de conhecimentos associados à gestão ambiental técni- cas para a recuperação de áreas degradadas; técnicas de reflorestamento; métodos para a exploração sustentável de recursos naturais, de consumo e produção sustentáveis; planejamento participativo; e estudos de riscos e im- pactos ambientais para a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades produtivas. Durante séculos, o homem vem retirando do meio ambiente matérias-primas para seu sustento, devolvendo a ele, poluição e contaminação. Com isso, pro- voca impactos ambientais gigantescos. Conforme ressalta Schwanke (2013), esse modelo, chamado sistema aberto, depende de um suprimento continuo e inesgotável de matéria e energia que, depois de utilizada, é devolvida ao meio ambiente. Para que tal modelo possa ter sucesso, as seguintes premissas teriam de ser verdadeiras: � suprimento inesgotável de energia; � suprimento inesgotáveĺ de matéria-prima; � capacidade infinita do meio ambiente de reciclar matéria e absorver energia. Schwanke (2013) ressalta ainda que a percepção de impacto ambiental se tornou uma realidade para os diversos setores da sociedade (indústrias, 3Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa governos, população) que tomaram consciência de que o acúmulo de resíduos pode trazer consequências para a saúde e para a qualidade ambiental. No setor produtivo, esses valores foram gradativamente incorporados, por meio de ações no sentido da utilização racional dos recursos naturais e do controle dos impac- tos negativos ao meio ambiente. Originou-se, portanto, uma nova percepção ambiental. Desta forma, surge o modelo de desenvolvimento sustentável, o qual foi conceituado em 1987 pela Comissão Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente, formada pela ONU em 1984. O termo sustentabilidade é usado para definir ações que visam a suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer as condições de vida das próximas gerações. A sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. A estratégia de desenvolvimento sustentável visa a promover a harmonia entre os seres humanos e a natureza. Para isso, a busca do desenvolvimento sustentável requer principalmente: � um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório; � um sistema econômico eficaz; � um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um de- senvolvimento não equilibrado (diferença entre ricos e pobres); � um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento; � um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções (novas tecnologias); � um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e financiamento; � um sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se. De maneira geral, o desenvolvimento sustentável visa a atender três aspectos básicos: econômico, ambiental e social. Esses aspectos devem interagir profundamente para que a “sustentabilidade seja sustentável”. Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa4 A partir dos conceitos apresentados, percebe-se que na gestão ambiental está introduzida a ideia de desenvolvimento sustentável. Busca-se um bom planejamento de atividades para que uma estratégica ou unidade produtiva não comprometa o resultado das demais. De acordo com Macedo (1994), a gestão ambiental pode ser dividida em quatro níveis de gestão: processos, resultados, sustentabilidade e plano am- biental. Eles envolvem a avaliação permanente e sistemática da qualidade ambiental de todas as atividades e máquinas relacionadas a todos os tipos de produção, dos efeitos causados pela produção (odores, ruídos, efluentes líquidos) até a capacidade de resposta do ambiente a esses efeitos. Sistema de Gestão Ambiental no segundo setor Segundo setor refere-se ao mercado, ou seja, empresas e industriais privadas que atuam em benefício próprio e particular, com o objetivo de obter fins lucrativos. De acordo com Jabbour (2016), a gestão ambiental, quando im- plantada em empresas, pode gerar vários benefícios econômicos, sociais e, principalmente, ambientais. Os principais objetivos de um SGA são: � fornecer ferramentas necessárias para alcançar metas ambientais e melhorar con- tinuamente o desempenho de uma empresa; � buscar a qualidade ambiental; � avaliar a estratégia da empresa (fator de diferenciação no mercado); � adotar medidas de prevenção à poluição ambiental. Quanto mais evoluída a gestão ambiental de uma organização, mais intensos e mais diversificados poderão ser os benefícios auferidos. Geralmente, essas vantagens estão associadas a dois tipos de benefícios: 5Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa � Benefícios internos: estão relacionados a melhorias observadas nas diversas dimensões do desempenho organizacional, tais como o de- sempenho operacional, o desempenho em inovação e desempenho de mercado. � Benefícios externos: podem ser entendidos como contribuições que se estendem à sociedade de forma mais ampla, como a influência sobre as regulamentações ambientais, as contribuições para o desenvolvimento sustentável e as parcerias com outras organizações. Quais são as diferenças entre Plano de Gestão Ambiental (PGA) e Sistema de Gestão Ambiental (SGA)? O PGA é o ato administrativo do uso dos recursos naturais de maneira ecologicamente correta, sem reduzir a produtividade e a qualidade ambiental, tendo como objetivo maior a busca permanente da melhoria contínua no que tange à questão ambiental. O SGA consiste na parte da gestão ambiental que inclui a estrutura organizacional de determinada entidade, ou seja, procedimentos, atividades e recursos para desenvolver, implementar e manter a política ambiental. Ao implementar um SGA em um empreendimento, as vantagens vão muito além do ganho de marketing, pois há uma redução de gastos associados ao uso de recursos e diminuição de multas e acidentes ambientais. Um dos instrumentos utilizados pela gestão ambiental é a certificação ISO (International Organization for Standardization) da série 14000, lançada internacionalmente em 1996. Constitui um grupo de vinte e oito normas para a padronização da gestão ambiental. A ISO é dividida em dois grupos: aquele orientado para processos (organizações) e aquele orientado para produtos (TIBOR; FELDMAN, 1996; SCHWANKE, 2013), conforme indicado no Quadro 1. Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa6 Fonte: Schwanke (2013, p. 233). Avaliação da organização Avaliação do produto � Sistema de gestão ambiental (ISO 14001 e 14004) � Auditorias ambientais (ISO 14010 e 1412) � Avaliação de desempenho ambiental (ISO 14031) � Rotulagem ambiental (ISO 14020 e 14025) � Análise do ciclo de vida (ISO 14040 a 14049) Quadro 1. Normas ISO 14000 Schwanke (2013) menciona que uma organização poderá́ decidir sobre a adoção dos requisitos ISO 14001 para sua gestão interna, bem como para a certificação ambiental, obtida a partir de auditorias de organismos de cer- tificação. Essas auditorias podem ser tanto internas, nas quais os próprios colaboradores da empresa verificam se as normas e procedimentos estão corretos e de acordo com o SGA proposto pela empresa, ou externas, nas quais profissionais capacitados verificam se o SGA realmente está condizentemente implementado. Entre as vantagens de utilização de um sistema de SGA normalizado e adotado internacionalmente, podemos destacar: � cumprimento da legislação ambiental aplicável e redução dos riscos associados a seu descumprimento; � redução de custos com o aumento da eficiêncianos diversos processos da empresa, pelo menor consumo de insumos (água, energia, entre outros) e redução na geração de resíduos; � aumento da motivação e participação dos colaboradores na gestão interna; � maior conhecimento dos processos do empreendimento, o que propor- ciona uma melhor capacidade de inovação; � melhoria da imagem da organização junto à sociedade e aos colaboradores; � ganhos de competitividade e melhor posicionamento no mercado, além de maior credibilidade com clientes e instituições financeiras. 7Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa A finalidade da ISO 14001 é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas. A norma contém requisitos de sistema de gestão baseados no processo dinâmico e cíclico de planejar, executar, verificar e agir, conhecido como PDCA. Esta é uma ferramenta de gestão muita utilizada, tendo como objetivo principal promover a melhoria contínua dos processos por meio de um cir- cuito de quatro ações: planejar (plan), fazer (do), checar (check) e agir (act), conforme indicado pela Figura 1. O intuito é ajudar a entender não só como um problema surge, mas também como deve ser solucionado, focando nas causas, e não nas consequências. Figura 1. Subsistemas da Norma NBR ISSO 14001. Fonte: Schwanke (2013, p. 235). Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa8 Braga et al. (2005), Mattos (2010) e Schwanke (2013) descrevem as etapas do ciclo PDCA como: � Planejar: busca-se a lógica construtiva e suas interfaces, gerando in- formações de prazos e metas físicas. Basicamente, nesta etapa deve-se estudar o projeto/empreendimento, definir uma metodologia e gerar o cronograma e as programações, que consistem na coordenação de informações de modo a possibilitar ao empreendimento um cronograma racional e factível. � Desempenhar (ou implementar): está etapa representa a materialização do planejamento no campo. Tudo o que foi planejado na primeira etapa começa agora a tomar forma. Deve-se levar em conta dois cuidados: informar e motivar todos os envolvidos e tirar as dúvidas da equipe; cumprir efetivamente o que foi planejado. � Checar/verificar: esta é a etapa em que se manifesta o monitora- mento e o controle do projeto de gestão ambiental. Para tanto, dois setores podem ser utilizados, o de aferir o realizado e o de comparar o previsto e o realizado. O primeiro consiste em levantar em campo o que foi executado no período de análise. O segundo visa a aferir o que efetivamente foi realizado e comparar com o que estava previsto no planejamento. Nesta etapa, podem ser detectados os desvios e os impactos que eles trazem, bem como os prazos de início e término das atividades em relação as datas planejadas. � Agir/analisar: ocorrem reuniões com todos os envolvidos na operação, a fim de coletar opiniões e sugestões, contribuindo para identificação de oportunidades de melhoria, aperfeiçoamento do método, detecção de focos de erro, mudança de estratégia, avaliação de medidas corretivas a serem tomadas, etc. Gestão ambiental no terceiro setor Antes de começarmos a falar do processo e funcionamento da gestão ambiental no terceiro setor, é fundamental entendermos quem são os protagonistas dele. O terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não gover- namentais, que tem como objetivo principal gerar serviços de caráter público, ou seja, prestar serviços para a sociedade. Essas instituições são caracterizadas juridicamente como associações, fundações ou entidades religiosas e prestam 9Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa serviços em diversas áreas como saúde, educação, defesa de direitos, entre outros (SILVA, 2008). De acordo com Tachizawa (2010), o terceiro setor surgiu para preencher o espaço de atuação não ocupado nem pelo Estado (no caso o primeiro setor) nem pelas organizações privadas comerciais e industriais (segundo setor). Algumas organizações sem fins lucrativos têm serviços ambientais como suas ativida- des fins, como o Greenpeace, a Fundação Tamar e o World Wild Fund of Nature (WWF). De acordo com Barbieri (2007), os serviços ambientais podem ser divididos em dois grupos distintos: 1. o correspondente a ciclos naturais, como por exemplo a reciclagem do solo, a produção de oxigênio pelas plantas, vertentes de água, etc.; 2. as atividades humanas, que tem por objetivo impedir que problemas ambientais surjam e provoquem impactos. Dessa forma, o presente capítulo irá focar sua atenção no segundo “grupo”, o qual se refere a entidades/ONGs que realizam a educação ambiental. São exemplos de atividades de educação ambiental: o recolhimento de resíduos doméstico e industriais e seu posterior tratamento; análises laboratoriais para identificar contaminações; sistemas de gestão ambiental implantados em organizações; reaproveitamento de matérias primas por meio de reutilização e reciclagem; treinamentos em educação ambiental. A educação ambiental é um campo de conhecimento e de atividades peda- gógicas, constituído internacionalmente ao longo das últimas décadas, com o objetivo de compreender e oferecer respostas a um conjunto de problemas decorrentes das relações que envolvem a sociedade, a educação e o meio ambiente (TRISTÃO; TRISTÃO, 2016). Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa10 Com o conhecimento a respeito da gestão ambiental, alinhado com o com- prometimento com o desenvolvimento sustentável, com a justiça ambiental e com a democracia, visa-se promover e facilitar o diálogo e a negociação com a sociedade civil. A participação da sociedade civil no planejamento e na gestão ambiental é um assunto que ganha cada vez mais destaque. A possibilidade de alcançar um verdadeiro desenvolvimento sustentável é um enorme desafio político internacional, uma vez que as diferentes regiões do planeta não participam de maneira equitativa nem da produção nem da distribuição da riqueza gerada a partir dos recursos materiais e energéticos extraídos dos ecossistemas. Tampouco é equitativa a distribuição dos riscos e da vulnerabilidade aos efeitos do impacto ambiental. Planejamento estratégico no terceiro setor O planejamento estratégico consiste no processo de seleção dos objetivos de uma organização para um determinado período de tempo. Em outras pala- vras, é a determinação das políticas e dos programas estratégicos focados na obtenção de objetivos específicos, pelo estabelecimento de métodos próprios (SCHWANKE, 2013). Schwanke (2013) ressalta que, pelo planejamento estratégico, a organização se mobiliza para obter sucesso e construir seu futuro, com um comporta- mento proativo que leva em consideração o ambiente atual e futuro. A seguir apresentam-se alguns processos importantes do planejamento estratégico: � O planejamento inicia dando resposta a alguns questionamentos básicos da organização, como: “qual o principal negócio de nossa organização?”; “quem atendemos e o que desejam de nós?”. � O planejamento, enquanto ferramenta gerencial, apresenta um quadro detalhado de referências para as decisões administrativas cotidianas. � No planejamento estratégico, a organização se compromete com a execução de atividades e a busca de objetivos em um prazo alongado, por vezes, maior que os demais planejamentos. � Quando bem estruturado, consegue dar um sentido de coordenação e coerência às decisões da organização. � O planejamento estratégico funciona apenas se contar com a cooperação e o compromisso dos diretores/responsáveis pela organização. 11Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa Para exemplificar, tomemos algumas organizações não governamentais (ONGs) na- cionais e internacionais, que por meio de um planejamento estratégico obtiveramsucesso em seus trabalhos: � CIMA (Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente): consiste em uma entidade civil, sem fins lucrativos, localizada no Rio de Janeiro, a qual desenvolve ações nas áreas de cultura, educação e meio ambiente em parceria com instituições privadas, governamentais e multilaterais. Dentre as ações e os projetos desenvolvi- dos, podemos citar o Programa de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (denominado “A Natureza e a paisagem”); a implementação do “Programa Coca-Cola de Valorização do Jovem”, em escolas municipais e estaduais de diversos estados; “Gente é pra Brilhar”, que estimula ações de inclusão social, como a capacitação de adolescentes na área audiovisual e a produção de documentários com histórias de iniciativas que estão mudando a vida de jovens. � Greenpeace: organização sem fins lucrativos que surgiu na década de 1970 com o objetivo principal de frear a destruição do meio ambiente, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. � WWF: sigla para o termo "World Wide Fund For Nature", ou “Fundo Mundial para a Natureza”, uma organização não governamental cujo objetivo central é promover a conservação da natureza, visando a um desenvolvimento sustentável. Busca conciliar as atividades humanas com a conservação do meio ambiente, a fim de que as gerações futuras possam usufruir de um ambiente equilibrado. � SOS Mata Atlântica: criada em 1986, tem como missão promover a conservação da diversidade biológica e cultural do Bioma Mata Atlântica e ecossistemas sob sua influência, estimulando ações para o desenvolvimento sustentável. � IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas): instituição dedicada à conservação da biodiversidade em bases científicas, atuando em pesquisas, formação de profissio- nais, educação ambiental e programas de geração de renda e negócios sustentáveis que ampliem a responsabilidade socioambiental de comunidades, empresários e formadores de opinião. � Projeto Tamar: visa a oferecer apoio ao desenvolvimento das comunidades cos- teiras, de forma a oferecer alternativas econômicas que amenizem a questão social, reduzindo a pressão humana sobre as tartarugas marinhas. Promove atividades voltadas à educação ambiental, ao desenvolvimento sustentável e à pesquisa e conservação. Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa12 1. A implementação de um sistema de gestão ambiental em empresas pode ser dividida em etapas. Assinale a alternativa correta. a) No levantamento da situação atual do empreendimento, são analisados os prováveis profissionais que poderão auxiliar na gestão ambiental. b) Devem fazer parte da equipe responsável pela execução do plano de gestão ambiental necessariamente colaboradores internos. c) Na etapa de implementação e funcionamento, são definidos os objetivos e as metas do plano de gestão ambiental. d) A auditoria ambiental ocorre na etapa de verificação e ações corretivas, sendo realizada por uma equipe interna da empresa. e) Após a entidade certificadora assegurar que o sistema cumpre todos os requisitos definidos no plano de gestão ambiental, é fornecida a certificação, sendo a última etapa do plano de gestão ambiental. 2. O terceiro setor surgiu para preencher o espaço de atuação não ocupado nem pelo Estado (no caso o primeiro setor) nem pelas organizações privadas comerciais e industriais (segundo setor). Qual alternativa representa um exemplo de entidade do terceiro setor? a) IBAMA. b) Petrobras. c) SOS Mata Atlântica. d) CONAMA. e) Órgão Ambiental Estadual. 3. A metodologia PDCA é utilizada no planejamento ambiental em um Sistema de Gestão Ambiental estruturado pela NBR ISO 14001:2004. A respeito da metodologia PDCA, assinale a alternativa correta. a) na etapa de planejar, ocorre o estudo do projeto, o qual define uma metodologia e gerando cronograma e programações. b) o intuito do ciclo PDCA é evitar que ocorram problemas. Caso estes ocorram, procurar quais as consequências c) na etapa de desempenhar, ocorre a aferição de tudo que foi realizado, ou seja, ocorre o monitoramento e o controle do projeto. d) na etapa de checar, ocorre o estudo do projeto, a fim de verificar se não foi esquecida nenhuma etapa. Em seguida, será definida uma metodologia e serão gerados o cronograma e as programações. e) na etapa de agir, ocorre a aferição de tudo que foi realmente realizado. 13Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa 4. O principal objetivo da gestão ambiental é obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, seja por meio da redução ou da eliminação dos danos causados, ou mesmo evitando que estes surjam. A eficácia da gestão ambiental requer a análise conjunta de: a) Aspectos físicos do território e a relação destes com a flora, aliados ao histórico de exploração do solo pelo ser humano. b) Interação entre solo, água e ar e elementos bióticos, aliada a aspectos sociais relacionados ao uso de recursos naturais pelo ser humano. c) Interação entre as características do meio abiótico, aliadas às propriedades físicas e químicas de exploração da atmosfera e hidrosfera. d) Desmatamento e exploração de minério provocados pelas atividades humanas, aliados à identificação das relações do meio biótico. e) Histórico das atividades econômicas desenvolvidas pelo ser humano em dado local, aliado à qualidade do solo, da água e do ar. 5. O termo sustentabilidade é usado para definir ações que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Logo, a gestão ambiental engloba a ideia de desenvolvimento sustentável. Qual alternativa está correta em relação à ideia de desenvolvimento sustentável e gestão ambiental no segundo setor? a) A implantação de um SGA é uma exigência dos órgãos ambientais. b) É fundamental que o SGA implantado foque em um desenvolvimento mais sustentável, reduzindo, principalmente, os prejuízos econômicos. c) Para haver redução no consumo de insumos e na geração de resíduos, as empresas necessitam investir valores elevados, o que faz com que muitos empreendimentos desistam dessa prática. d) A implantação de um SGA tem como objetivo principal reduzir impactos ambientais negativos, investindo em tecnologias que possam auxiliar nessa prática, porém, estas devem ser economicamente viáveis. e) O foco da implantação de um SGA nas empresas é o aumento de lucros econômicos. Gestão ambiental: desenvolvimento sustentável, ONGs e a questão ambiental na empresa14 BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, métodos e instrumentos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. JABBOUR, A. B. L. S. Gestão ambiental nas organizações: fundamentos e tendências. São Paulo, Atlas, 2016. MACEDO, R. K. Gestão ambiental: os instrumentos básicos para gestão ambiental de territórios e de unidades produtivas. Rio de Janeiro: ABES; AIDIS, 1994. MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. São Paulo: PINI, 2010. PHILIPPI JÚNIOR, A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. C. (Ed.). Curso de gestão ambiental. Barueri: Manole, 2004. ROSA, A. H.; FRACETO, L. F.; MOSCHINI-CARLOS, V. (Org.). Meio ambiente e sustentabilidade. Porto Alegre: Bookman, 2012. SCHWANKE, C (Org.). Ambiente: tecnologias. Porto Alegre: Bookman, 2013. SHIGUNOV NETO, A.; CAMPOS, L. M. S.; SHIGUNOV, T. Fundamentos da gestão ambiental. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009. SILVA, F. M. 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De modo geral, a auditoria ambiental pode ser definida como um processo sistemático, por meio de uma equipe auditora (que pode ser interna ou externa à empresa), verificando se a conduta ambiental e/ou o desempenho ambiental de uma entidade auditada atendem a um conjunto de critérios especificados. Ou seja, a auditoria ambiental é uma das etapas para que uma determinada empresa receba a certificação ambiental (como a ISO 14.000). Mas o objetivo de implantação de um sistema de gestão ambiental não é apenas obter uma certificação, e, sim, obter melhorias, principalmente ambientais. Para isso, uma série de etapas deve ser respeitada. Para saber quais são essas etapas, confira a videoaula a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A implementação de um sistema de gestão ambiental em empresas pode ser dividido em etapas. Em relação a estas etapas, assinale a alternativa correta. A) No levantamento da situação atual do empreendimento, são analisados os prováveis profissionais que poderão auxiliar na gestão ambiental. B) Devem fazer parte da equipe responsável pela execução do plano de gestão ambiental necessariamente colaboradores internos à empresa. C) Na etapa de implementação e funcionamento, são definidos os objetivos e as metas do plano de gestão ambiental. D) A auditoria ambiental ocorre na etapa de verificação e ações corretivas, sendo realizada por uma equipe interna da empresa. E) Após a entidade certificadora assegurar que o sistema cumpre todos os requisitos definidos no plano de gestão ambiental, é fornecida a certificação, sendo essa a última etapa do plano de gestão ambiental. 2) O terceiro setor surgiu para preencher o espaço de atuação não ocupado nem pelo Estado (no caso, o primeiro setor) nem pelas organizações privadas comerciais e industriais (segundo setor). Dentre as alternativas a seguir, qual representa um exemplo de entidade do terceiro setor? A) IBAMA. B) Petrobrás. C) SOS Mata Atlântica. D) CONAMA. E) Orgão Ambiental Estadual. 3) A metodologia plan-do-check-act (PDCA) é utilizada no planejamento ambiental em um sistema de gestão ambiental estruturado pela NBR ISO 14001:2004. A respeito da metodologia PDCA, assinale a alternativa correta. A) Na etapa de planejar, ocorre o estudo do projeto, definindo uma metodologia e gerando cronograma e programações. B) O intuito do ciclo PDCA é evitar que ocorram problemas. Caso estes ocorram, procurar quais as consequências. C) Na etapa de desempenhar, ocorre a aferição de tudo que foi realizado, ou seja, ocorre o monitoramento e o controle do projeto. D) Na etapa de checar, ocorre o estudo do projeto, a fim de verificar se não foi esquecida nenhuma etapa. Em seguida, será definida uma metodologia e serão gerados o cronograma e as programações. E) Na etapa de agir, ocorre a aferição de tudo que foi realmente realizado. 4) O principal objetivo da gestão ambiental é obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer seja por meio da redução ou da eliminação dos danos causados, quer evitando que esses surjam. A eficácia da gestão ambiental requer a análise conjunta de: A) aspectos físicos do território e relação destes com a flora, aliados ao histórico de exploração do solo pelo ser humano. B) interação entre solo, água e ar e elementos bióticos, aliada a aspectos sociais relacionados ao uso de recursos naturais pelo ser humano. C) interação entre as características do meio abiótico, aliadas às propriedades físicas e químicas de exploração da atmosfera e hidrosfera. D) desmatamento e exploração de minério, provocados pelas atividades humanas, aliados à identificação das relações do meio biótico. E) histórico das atividades econômicas desenvolvidas pelo ser humano em dado local, aliado à qualidade do solo, da água e do ar. 5) O termo sustentabilidade é usado para definir ações que visam a suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Logo, a gestão ambiental engloba a ideia de desenvolvimento sustentável. Entre as alternativas a seguir, qual está correta em relação à ideia de desenvolvimento sustentável e gestão ambiental no segundo setor? A) A implantação de um SGA é uma exigência dos órgãos ambientais. B) É fundamental que o sistema de gestão ambiental implantado foque em um desenvolvimento mais sustentável, principalmente reduzindo os prejuízos econômicos. C) Para haver redução no consumo de insumos e na geração de resíduos, as empresas necessitam investir valores elevados, o que faz com que muitos empreendimentos desistam dessa prática. D) A implantação de um sistema de gestão ambiental tem como objetivo principal reduzir impactos ambientais negativos, investindo em tecnologias que possam auxiliar nesta prática, porém elas devem ser economicamente viáveis. E) O foco da implantação de um sistema de gestão ambiental nas empresas é o aumento de lucros econômicos. NA PRÁTICA Uma organizac ̧ão e ́ um conjunto de pessoas e recursos, que tem por finalidade atingir um objetivo comum, inatingível pelo esforço de uma única pessoa. Existem organizações que visam a fins lucrativos (por exemplo, uma empresa) e organizações sem fins lucrativos (por exemplo, as ONGs), sendo que estas têm como objetivo central realizar ações que melhoram a vida da população e/ou do meio ambiente. Muitas ONGs são mantidas por doações da própria população. As organizações sem fins lucrativos podem apresentar ações internacionais ou nacionais. Mas como exatamente as ONGs podem ajudar na preservação e na gestão ambiental? Confira um exemplo prático a seguir. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Quer saber? SGA, o sistema de gestão ambiental Para que serve um sistema de gestão ambiental (SGA)? Como este pode ajudar a diminuir os impactos ambientais? Para saber essas e outras respostas, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Videoaula ciclo PDCA O ciclo PDCA é muito utilizado para implantar um plano de gestão ambiental em empresas. Para saber mais a respeito desse método, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável Neste artigo, você conhecerá uma revisão bibliográfica a respeito da importância da gestão ambiental em empresas, com enfoquena norma ISO 14001, e suas formas de contribuição para evolução e desenvolvimento de processos e produtos sustentáveis. A ampla exploração e escassez dos recursos naturais fez com que a questão ambiental nos últimos anos se tornasse uma das grandes preocupações da população. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A contribuição das ONGs para a educação ambiental: uma avaliação da percepção dos stakeholders Neste artigo, você entenderá a preocupação com a necessidade de se promover estratégias educativas voltadas à conservação do meio ambiente e, por extensão, melhorar as condições de vida no planeta. Uma das ferramentas para alcançar esse objetivo é por meio da educação ambiental, a qual é promovida por algumas ONGs. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Epidemiologia ambiental: impactos ambientais pelos agrotóxicos; APRESENTAÇÃO Os agrotóxicos, como o próprio nome já remete, referem-se a produtos tóxicos, nocivos para a saúde humana. O brasileiro consome o equivalente a 7,3 litros de agrotóxicos por pessoa todo ano, o que torna o Brasil campeão mundial no uso desse tipo de defensivo, embora não seja o campeão mundial de produção agrícola. Agrotóxicos estão presentes em frutas, verduras, carnes, leite, bebidas, produtos industrializados e em quase tudo o que compramos nos supermercados. O uso desses produtos químicos contamina o solo, a água e o ar, além de ocasionar a mortandade de animais (principalmente insetos), o que acaba afetando toda a cadeia alimentar. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá alguns dos principais tipos de agrotóxicos utilizados na agricultura e será capaz de descrever os principais riscos que tais produtos podem trazer, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os produtos potencialmente tóxicos utilizados pela agricultura.• Relacionar os impactos ambientais do uso inadequado de agrotóxicos.• Reconhecer os riscos dos agrotóxicos à saúde pública.• DESAFIO Agrotóxicos são produtos utilizados na agricultura para controlar insetos, doenças ou plantas que causam danos às plantações. Os agrotóxicos também podem ser chamados de defensivos agrícolas ou agroquímicos, mas, apesar dos diferentes nomes, carregam todos o mesmo significado. À medida que a população cresce e a agricultura começa a produzir em maior quantidade, os plantios começam a ficar mais densos e as plantas ficam cada vez mais próximas umas das outras. Do mesmo modo que as doenças se manifestam em maior intensidade onde há aglomerados de pessoas, as pragas e doenças agrícolas também se espalham mais facilmente em grandes aglomerados de plantas. Ainda que os agrotóxicos aumentem a produtividade, também apresentam enormes perigos quanto aos impactos ambientais. Você é um dos técnicos da Secretaria Municipal da Agricultura de sua cidade e lhe foi solicitado que visitasse uma propriedade rural, a fim de verificar se a aplicabilidade dos agrotóxicos está ou não correta. Ao chegar no local, você constatou a seguinte situação: - Os agrotóxicos são armazenados do lado de fora dos galpões. - Dentre os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o produtor rural informou que usa máscaras na aplicação dos produtos. - As embalagens dos agrotóxicos, após o uso, são destinadas à coleta seletiva do município. - O produtor rural aplica os agrotóxicos em toda a sua lavoura, o que inclui as beiras de estradas públicas e divisas com vizinhos. - O proprietário aplica herbicidas nas margens de lagos, onde ocorre a produção de peixes. As atitudes do produtor rural quanto ao uso de agrotóxicos são ou não adequadas? Justifique sua resposta com base nas observações levantadas em campo. INFOGRÁFICO Toda a população, em alguma fase da vida, será exposta a agrotóxicos, seja por meio do consumo ou durante o trabalho. Entre os grupos que mais sofrem com os efeitos dessa substância, destacam-se os trabalhadores rurais, que manuseiam frequentemente esse tipo de produto. Geralmente utilizados para evitar algum tipo de praga em plantações, os agrotóxicos acabam sendo empregados inadequadamente, gerando riscos à saúde das pessoas. As mortes e intoxicações pelo uso desses produtos acabam se tornando um grande problema de saúde pública. Os riscos são grandes e podem ocasionar problemas em curto, médio e longo prazo, a depender da substância utilizada e do tempo de exposição ao produto. Para saber mais sobre os efeitos dos agrotóxicos na saúde humana, confira o Infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Existem cerca de 200 tipos diferentes de agrotóxicos, cada um com aplicabilidades específicas, sendo o Brasil um dos principais consumidores. Muitos desses químicos agrícolas são proibidos em outros países, mas no Brasil são utilizados em larga escala, sem haver uma real preocupação em relação aos males que podem causar, tanto à saúde humana como ao meio ambiente. A principal desvantagem do uso incorreto dos agrotóxicos é o desequilíbrio ambiental que eles podem causar na região ou no ecossistema em que são aplicados. No capítulo Epidemiologia ambiental: impactos ambientais pelos agrotóxicos, da obra Meio ambiente, você verá mais sobre os principais problemas ambientais causados pelos agrotóxicos e como esses químicos podem atingir organismos vivos (que não são prejudiciais à lavoura) e extinguir determinadas espécies fundamentais para o equilíbrio da região ambiental. MEIO AMBIENTE Ronei Stein Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os produtos potencialmente tóxicos utilizados na agricultura. � Relacionar os impactos ambientais com a utilização inadequada de agrotóxicos. � Reconhecer os riscos do uso de agrotóxicos à saúde pública. Introdução Os agrotóxicos, como o próprio nome indica, são produtos tóxicos, no- civos à saúde humana. O brasileiro consome o equivalente a 7,3 litros de agrotóxicos por pessoa a cada ano. O Brasil é campeão mundial de uso de agrotóxicos, embora não seja o campeão mundial de produção agrícola. Agrotóxicos estão presentes em frutas, verduras, carnes, leite, bebidas, produtos industrializados e em quase tudo que compramos nos super- mercados. Além disso, o uso desses produtos químicos contamina o solo, a água e o ar e ocasiona a mortandade de animais (principalmente insetos), o que acaba afetando toda a cadeia alimentar. Neste capítulo, você estudará alguns dos principais tipos de agrotó- xicos utilizados na agricultura, bem como os principais riscos que o uso destes produtos podem trazer, tanto para o meio ambiente como para a saúde humana. Principais produtos químicos utilizados na agricultura A poluição ambiental sempre existiu. Entretanto, os efeitos eram tão pequenos que praticamente não havia consequências para o meio ambiente. Está situação começou a mudar após a Revolução Industrial, período no qual o homem dei- xou de produzir produtos e alimentos unicamente para seu consumo próprio, passando a produzir em larga escala. Com o passar dos anos, a sociedade foi se modificando de acordo com o desenvolvimento tecnológico e científico, buscando melhorar a vida humana, bem como atender os objetivos individuais e coletivos de crescimento econômico (BARSANO, BARBOSA, VIANA, 2014). A agricultura é um setor fundamental para a economia e para a sociedade, pois fornece alimentos a bilhões de pessoas diariamente. Porém, este também é um setor que contribui significativamente para a degradação do meio ambiente, por meio da contaminação do solo, da água (superficial e subterrânea) e do ar, pelo uso de defensivos agrícolas. Londres (2011) menciona que, mesmo a agricultura sendo praticada pela humanidade há mais de dez milanos, o uso intensivo de agrotóxicos para o controle de pragas e doenças das lavouras existe há pouco mais de meio século. A prática teve origem após as grandes guerras mundiais, quando a indústria química, fabricante de venenos então usados como armas, encontrou na agricultura um novo mercado para os seus produtos. No Brasil, uso de agrotóxicos assumiu proporções assustadoras na última década. Entre 2001 e 2008, a venda de venenos agrícolas no país saltou de pouco mais de US$ 2 bilhões para mais US$ 7 bilhões, quando alcançamos a triste posição de maior consumidor mundial desses produtos. Defensivos agrícolas são produtos químicos, físicos ou biológicos usados no controle de seres vivos considerados nocivos ao homem, suas criações e suas plantações. São também conhecidos por agrotóxicos, pesticidas, praguicidas ou produtos fitossanitários. Dentre esses termos, agrotóxico é a categoria utilizada pela legislação brasileira. De acordo com Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012), nas regiões rurais, a falta de esgotamento sanitário adequado e o uso indiscriminado de pesticidas Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos2 e fertilizantes é a principal fonte de contaminação dos solos. Os compostos presentes nos pesticidas e agrotóxicos, quando utilizados em demasia, pro- vocam contaminações de grandes áreas, além de enorme risco à saúde dos trabalhados e moradores locais. De modo geral, Silva e Costa (2012) comentam que o uso dos pesticidas tem por objetivo a eliminação de pestes ou pragas (Figura 1), os quais são consi- derados organismos biológicos nocivos que interferem na atividade humana, competindo por alimentos, disseminando doenças ou prejudicando colheitas e ecossistemas urbanos. As pestes/pragas podem ser classificadas como: � Ervas daninhas: plantas que competem por água, sol e nutrientes com os cultivos. � Insetos: invertebrados capazes de proliferar em diversos climas. � Organismos patogênicos: fungos, vírus, bactérias e helmintos. � Vertebrados: animais que podem provocar perdas em culturas, como os roedores. Figura 1. Pesticidas visam a eliminar pestes/pragas das lavouras agrícolas; apresentam, porém, enormes riscos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. Fonte: wong sze yuen/Shutterstock.com. 3Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos Santos e Daibert (2014) afirma que o solo possui em sua composição ar, água, matéria orgânica e mineral. Essa estrutura possibilita o desenvolvimento das mais diversas espécies de plantas que conhecemos. Por meio do solo, são cultivados direta ou indiretamente a maior parte dos alimentos consumidos pela humanidade. Se ele estiver contaminado, certamente nossa saúde estará́ em risco. Principais produtos tóxicos usados na agricultura Segundo Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012), os pesticidas podem ser classificados quanto: � ao grupo de organismos que controlam; � à toxicidade; � ao grupo químico ao qual pertencem. Porém, Sanches et al. (2003) mencionam que, além dessas classificações, os pesticidas podem ser considerados ainda quanto à finalidade (aficida, ovicida, larvicida, raticida, formicida, acaricida, inseticida, entre outros) e quanto ao modo de ação (ingestão, contato, microbiano e fumegante), sendo possível o enquadramento em mais de uma classe. Quanto à origem, a divisão envolve os compostos inorgânicos (compostos de mercúrio, bário, enxofre e cobre), os pesticidas de origem vegetal, bacteriana e fúngica (piretrinos, antibióticos e fitocidas), além dos pesticidas orgânicos. Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) afirmam que, em termos gerais, a classificação de pesticidas segundo duas categorias, iônicos e não iônicos, de modo que cada uma apresenta subdivisões. Dentre os pesticidas iônicos, encontram-se os catiônicos (diquat, paraquat, etc.), básicos (ametrina, atrazina, simazina, etc.), ácidos (dicamba, 2,4-D, 2,4,5-T, etc.), além de outros, como glifosato, bromacil, ácido cacodílico, etc. Dentre os pesticidas não iônicos, encontram-se os clorados (DDT, endrim, lindano, dieldrim, etc.), fosforados (dimetoato, paration, etion, etc.), dinitroanilinas (benefin, trifluoralina, nitra- lina, etc.), carbanilatos (chlorprophan, bardan, etc.), tiocarbamatos (cycloste, metham, butilato, dialato, etc.), anilidas (alachlor, propanil, solan, etc.) ureias (norea, linuron, diuron, etc.) metilcarbamatos (carbaril, terbutol, zectran, etc.) e outros grupos menores, como benzonitrilas, ésteres, acetamidas e carbotioatos. Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos4 Os pesticidas iônicos apresentam capacidade de se unir à parte mineral do solo, enquanto os não iônicos possuem maior capacidade de serem influenciados pela matéria orgânica. Silva e Costa (2012) apresentam os principais tipos de defensivos. São eles: � Herbicidas: produtos destinados a eliminar ou impedir o crescimento de ervas daninhas. Podem ser classificados de acordo com: sua atividade (de contato ou sistêmicos), uso (aplicados no solo, pré-emergentes ou pós-emergentes) e modo de ação sobre o mecanismo bioquímico da planta. Podem ser também segmentados em herbicidas não seletivos (que destroem todas as plantas) e seletivos (aqueles que atacam unicamente a praga, preservando a lavoura). � Inseticidas: são produtos à base de substâncias químicas ou agentes biológicos destinados a eliminar insetos. Há três grandes famílias de compostos químicos: os organossintéticos, os inorgânicos e os botânicos ou bioinseticidas. � Fungicidas: são agentes físicos, químicos ou biológicos destinados a combater os fungos. Também podem eliminar plantas parasíticas e outros organismos semelhantes. � Acaricidas: produtos químicos destinados a controlar ou eliminar ácaros, especialmente em frutas cítricas, como a laranja. � Agentes biológicos de controle: organismos vivos que atuam por meio de uma ação biológica, como parasitismo ou competição com a praga. � Defensivos à base de semioquímicos: armadilhas semelhantes aos feromônios naturais, que emanam pequenas doses de gases capazes de atrair e capturar insetos. São específicos para cada espécie de praga e agem em concentrações reduzidas e de baixo impacto ambiental. � Produtos domissanitários: destinam-se às regiões urbanas. São dividi- dos em: inseticidas domésticos, moluscicidas, rodenticidas e repelentes de insetos. 5Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos Os pesticidas estão divididos em quatro classes toxicológicas: � I (rótulo vermelho): compostos considerados altamente tóxicos para seres humanos. � II (rótulo amarelo): mediamente tóxicos. � III (rótulo azul): pouco tóxicos. � IV (rótulo verde): compostos considerados praticamente não tóxicos para seres humanos. Impactos ambientais causados pelos agrotóxicos O agronegócio tem nos agrotóxicos um insumo básico, porque utiliza largas extensões de terras para implantação de monocultivos. Esses cultivos de um único produto destroem a biodiversidade do local e desequilibram o ambiente natural, tornando-o propício ao surgimento de elevadas populações de insetos e de doenças. Demandam, assim, o uso de produtos químicos para combater tais pragas. Uma vez utilizados na agricultura, Burigo e Venâncio (2016) ressaltam que os pesticidas podem seguir diferentes rotas no ambiente. Menos de 10% dos agrotóxicos aplicados por pulverização atingem seu alvo. Os agrotóxicos são aplicados diretamente nas plantas ou no solo. Mesmo aqueles aplicados diretamente nas plantas têm como destino final o solo, sendo lavados das folhas através da ação da chuva ou da água de irrigação. Além disso, o uso de agrotóxicos contribui com o empobrecimento do solo, reduzindo a eficiência da fixação de nitrogênio realizada por microrganismos, o que faz com que o uso de fertilizantes seja cada vez mais necessário. SegundoRosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012), a dinâmica dos pesticidas no solo envolve processos de retenção, transformação (degradação química e/ou microbiológica) e transporte (volatilização, lixiviação e escorrimento superficial), conforme indicado na Figura 2. Estes acabam por transformar completamente o composto inserido no solo. O destino final desses compostos depende de uma série de variáveis, que dizem respeito à estrutura e composição do solo (textura, estrutura, teor de matéria orgânica, pH, capacidade de troca catiônica (CTC), conteúdo de água, topografia, composição da população de microrganismos e equilíbrio nutricional), às condições climáticas (umidade Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos6 relativa do ar, temperatura, luminosidade e vento), às propriedades físico- -químicas dos herbicidas, à tecnologia de aplicação, à presença ou ausência de plantas e os tipos de manejos utilizados nas culturas. Figura 2. Principais processos de degradação e transporte que ocorrem com pesticidas no solo. Fonte: Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012, p. 80). Translocação Fotodegradação Difusão Volatilização Degradação química Degradação biológica Absorção Lixiviação Escoamento superficial Os lençóis freáticos subterrâneos podem ser contaminados por pesticidas por meio da lixiviação da água e da erosão dos solos. Essa contaminação também pode ocorrer superficialmente, devido à intercomunicabilidade dos sistemas hídricos, atingindo áreas distantes do local de aplicação do agrotó- xico (VEIGA et al., 2006). Segundo Foster et al. (2006), as práticas agrícolas e a vulnerabilidade natural do aquífero podem representar um alto nível de impactos negativos, tornando a água imprópria para o consumo. Além de tornar a água imprópria para o consumo humano (ou mesmo de animais), existem outros problemas ambientais causados pelo uso destes produtos tóxicos, como, por exemplo, os inseticidas do tipo organoclorados e organofosforados. Estes são bioacumulativos, o que significa que o composto permanece no corpo do inseto ou dos animais (como peixes) mesmo após sua 7Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos morte. Caso algum outro animal se alimentar de um animal contaminado, também ficará intoxicado, e assim sucessivamente, aumentando o alcance do problema e afetando em toda a cadeia alimentar (Figura 3). Figura 3. Muitos tipos de pesticidas são bioacumulativos, ou seja, acumulam-se em eleva- das concentrações nos organismos de níveis tróficos mais baixos, afetando toda a cadeia alimentar. Fonte: Adaptada de Pajtica/Shutterstock.com; Photografiero/Shutterstock.com; VICHAILAO/Shutterstock. com; Old apple/Shutterstock.com; Sekar B/Shutterstock.com. Um dos problemas associados ao uso de pesticidas é que alguns tipos de pragas acabam desenvolvendo resistência aos compostos químicos, tornando- -se invulneráveis. Assim, os pesticidas favorecem o surgimento de pragas progressivamente mais fortes, por meio de um processo de “seleção natural”, em que os animais mais resistentes aos agrotóxicos tomam o lugar das espécies mais suscetíveis. Esse processo também acaba garantindo a manutenção da produção de agrotóxicos. Os agrotóxicos são produtos químicos que eliminam insetos, fungos, ervas daninhas, bactérias e outras pragas prejudiciais à agricultura. Apesar disso, são um composto eficaz no combate a essas infestações, tornando a produção agrícola mais eficiente. Porém, nem todos os insetos são prejudiciais às lavouras, como é o caso das abelhas, que possuem, entre outras funções, a polinização de plantas e produção de mel. Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos8 As indústrias fabricantes de agrotóxicos têm obrigação legal (segundo Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000) de recolher as embalagens vazias devolvidas pelos agricultores, dando um destino adequado a elas e, em colaboração com o poder público, implementando programas educativos de controle e estimulo à lavagem e à devolução. Porém, compete aos agricultores a responsabilidade de fazer a ‘tríplice lavagem’ das embalagens vazias e encaminhá-las, com as respectivas tampas, a uma unidade de recebimento dentro do prazo máximo de um ano a partir da data da compra do agrotóxico. O processo de “tríplice lavagem” ou “lavagem sob pressão” é uma operação importante para o sucesso do programa e da implementação do conceito de “logística reversa” das embalagens vazias de agrotóxicos. Essa operação deve ser realizada pelos agricultores logo após o uso final do produto contido na embalagem, no próprio campo, e a água deve ser colocada nos equipamentos agrícolas, para posterior aplicação nas lavouras (PELISSARI, 1999). Uma embalagem lavada três vezes reduz o risco de contaminação humana, dos animais domésticos e de criação e do meio ambiente. Cada lavagem reduz a quantidade de produto que permanece na embalagem a níveis cada vez mais seguros. Agrotóxicos e saúde humana: principais riscos Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) mencionam que a Organização Mun- dial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente três milhões de pessoas são intoxicadas anualmente em decorrência da utilização de agrotóxicos. Dessas, 220 mil morrem e 750 mil adquirem doenças crônicas, devido à Lamentavelmente, o Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos, e as abelhas estão sofrendo com isso. As moléculas de agrotóxico atuam diretamente no sistema nervoso das abelhas e, principalmente, no seu cérebro, causando um transtorno na comunicação das células nervosas. Com isso, as abelhas acabam tendo uma deficiência em sua comunicação, o que faz com que fiquem desorientadas, de forma a não conseguirem voltar à colmeia. Desse modo, acabam morrendo. 9Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos grande periculosidade dos pesticidas e agrotóxicos, que possuem alto potencial carcinogênico, mutagênico e teratogênico. Órgãos internacionais e nacionais têm estabelecido limites máximos de resíduos (LMR) permitidos para cada binômio pesticida/cultura. Um dos maiores perigos representados pelos agrotóxicos diz respeito aos efeitos que eles podem provocar na saúde das pessoas, principalmente daque- las que, no campo ou na indústria, ficam expostas ao contato direto com os venenos. Existem diversos casos de abortos, assim como de bebês que nascem com defeitos congênitos pelo fato de a mãe ou o pai terem tido contato com agrotóxicos em sua vida, ou mesmo durante a gravidez. Carneiro et al. (2015) mencionam que parte dos agrotóxicos possuem a ca- pacidade de se dispersar no ambiente; outra parte, entretanto, pode se acumular no organismo humano, inclusive no leite materno. O leite contaminado, ao ser consumido pelos recém-nascidos, pode provocar agravos à saúde, pois estes são mais vulneráveis à exposição a agentes químicos presentes no ambiente, por suas características fisiológicas e por se alimentar quase exclusivamente com o leite materno até os seis meses de idade. Há pessoas que desenvolvem doenças apenas porque moram próximo à plantações onde se usam muitos tóxicos; a contaminação chega pelo ar. Há outros casos em que o uso intensivo de venenos agrícolas atingiu a água que abastece as pessoas de toda uma região. Até mesmo alimentos com altas taxas de resíduos de agrotóxicos podem ser capazes de produzir efeitos de longo prazo nos consumidores, que muitas vezes sequer já viram uma embalagem de veneno. Estes consumidores muito dificilmente saberão que as doenças que os afligem foram provocadas pelos agrotóxicos (LONDRES, 2011). As pessoas mais expostas aos perigos da contaminação pelos agrotóxicos são aquelas que têm contato com eles no campo. Há os aplicadores, prepa- radores de caldas e responsáveis por depósitos, que têm contato direto com os produtos; há também os trabalhadores que têm contato indireto com os venenos,ao realizar capinas, roçadas, colheitas, etc. Esse segundo grupo é, na verdade, o de maior risco, uma vez que o intervalo de reentrada nas lavouras não costuma ser respeitado, além do fato de que estes trabalhadores não usam proteção. Moradores de regiões de predomínio do agronegócio, onde maciças quantidades de agrotóxicos são usadas ao longo do ano, formam outro grupo de grande risco. Em várias regiões do país é comum a aplicação aérea de venenos (Figura 4). Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos10 Figura 4. Aplicação aérea de pesticidas. Fonte: ChristopherH/Shutterstock.com. O uso indiscriminado de agrotóxicos tem resultado em intoxicações, em diferentes graus, de agricultores e de consumidores, tornando-se um problema de saúde pública. Tipos de intoxicação Burigo e Venâncio (2016) alertam para os riscos de se ingerir agrotóxicos, afirmando que o consumo prolongado e em quantidades acima dos limites aceitáveis pode acarretar vários problemas de saúde. Uma exposição menor pode causar dores de cabeça, alergias e coceiras, enquanto uma exposição maior pode causar distúrbios do sistema nervoso central, malformação fetal e câncer. Existem três tipos de intoxicação: � Intoxicação aguda: é aquela cujos sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição ao veneno. Normalmente trata-se de exposição, por curto período, a doses elevadas de produtos muito tóxicos (os casos de intoxicação que chegam a ser notificados são, basicamente, deste tipo). Os efeitos podem incluir dores de cabeça, náuseas, vômitos, 11Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos dificuldades respiratórias, fraqueza, salivação, cólicas abdominais, tremores, confusão mental, convulsões, entre outros. A intoxicação aguda pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, dependendo da quantidade de veneno absorvida. Em muitos casos pode levar à morte. � Intoxicação subaguda ou sobreaguda: ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos alta ou medianamente tóxicos. Os efeitos podem aparecer em alguns dias ou semanas. Os sintomas podem incluir dores de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago, sonolência, entre outros. � Intoxicação crônica (ou, mais precisamente, efeitos crônicos decor- rentes de intoxicação): caracteriza-se pelo surgimento tardio. Aparecem apenas após meses ou anos da exposição pequena ou moderada a um ou vários produtos tóxicos. Os sintomas são normalmente subjetivos e po- dem incluir perda de peso, fraqueza muscular, depressão, irritabilidade, insônia, anemia, dermatites, alterações hormonais, problemas imuno- lógicos, efeitos na reprodução (infertilidade, malformações congênitas, abortos), doenças do fígado e dos rins, doenças respiratórias, efeitos no desenvolvimento da criança, entre outros. Normalmente o diagnóstico da intoxicação crônica é difícil de ser estabelecido. Os danos muitas vezes são irreversíveis, incluindo paralisias e vários tipos de câncer. 1. Um produtor rural, após colocar suas vacas na pastagem, percebeu que elas estavam com muitos carrapatos (também conhecidos como carraça). Qual o melhor tipo de pesticida para controlar esse tipo de parasita? a) Herbicida. b) Acaricida. c) Fungicida. d) Nematicida. e) Formicida. 2. A inovação nas técnicas produtivas, a mecanização e a utilização de insumos para melhorar a produtividade e diminuir as perdas por causas naturais provocaram significativos impactos no meio ambiente. São impactos ambientais diretos decorrentes do uso de defensivos agrícolas: a) desmatamento. b) assoreamento. c) contaminação do solo. d) erosão. e) eutrofização de mananciais hídricos. 3. Defensivos agrícolas são produtos químicos, físicos ou biológicos usados no controle de seres vivos considerados nocivos ao homem, à sua criação e às suas plantações. São também conhecidos por Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos12 agrotóxicos, pesticidas, praguicidas ou produtos fitossanitários. Dentre esses termos, a palavra “agrotóxico” é a mais utilizada pela legislação brasileira. A respeito dos agrotóxicos, assinale a alternativa correta. a) Os pesticidas matam todo e qualquer tipo de praga que possa ameaçar as lavouras. b) É praticamente impossível produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos. c) As indústrias fabricantes de agrotóxicos têm a obrigação legal de recolher as embalagens vazias devolvidas pelos agricultores. d) Toda pessoa que tiver contato com agrotóxicos desenvolverá algum tipo de câncer. e) Os agrotóxicos podem provocar contaminação ambiental unicamente devido ao escoamento superficial e à absorção. 4. Visando a combater a fome no mundo, as sociedades humanas desenvolveram a capacidade de produzir mais alimentos, surgindo, assim, as indústrias de fertilizantes, adubos artificiais e agrotóxicos. Sobre a utilização dos agrotóxicos, marque a opção correta. a) Estimulam o aumento da produção agrícola e diminuem o preço dos alimentos no mundo. b) Atuam em parceria com os pequenos produtores rurais e seus sistemas tradicionais de uso da terra. c) São as que menos poluem, pois localizam-se em áreas rurais, distantes das áreas urbanas. d) Estimulam a competitividade, a concentração de terras e a migração campo-cidade. e) Fixam os trabalhadores no campo e contribuem para a melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais. 5. Existem diversos riscos na ingestão de agrotóxicos, sendo que o consumo prolongado e em quantidades acima dos limites aceitáveis pode acarretar vários problemas de saúde. Carlos, após trabalhar o dia inteiro na aplicação de um tipo de herbicida em sua lavoura, começou a se sentir mal no final do dia, apresentando fortes dores de cabeça. Pode-se dizer que o produtor rural apresenta: a) Intoxicação aguda. b) Intoxicação subaguda ou sobreaguda. c) Desidratação. d) Intoxicação crônica. e) Enxaqueca. BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P.; VIANA, J. V. Poluição ambiental e saúde pública. São Paulo: Érica, 2014. 13Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos BURIGO, A.; VENÂNCIO, J. Impacto dos agrotóxicos na alimentação, saúde e meio am- biente. [S.l.]: Rede mobilizadores, 2016. Disponível em: <http://www.mobilizadores.org. br/wp-content/uploads/2016/08/Cartilha-Agrotoxicos-final.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2018.content/uploads/2016/08/Cartilha-Agrotoxicos-final.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2018. CARNEIRO, F. F. et al. (Org.). Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotó- xicos na saúde. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 2015. Disponível em: <https://www.abrasco.org.br/dossieagrotoxicos/wp-content/uploads/2013/10/ DossieAbrasco_2015_web.pdf>. Acesso em: 08 jul. 2018. FOSTER, S. et al. Proteção da qualidade da água subterrânea: um guia para empresas de abastecimento de água, órgãos municipais e agências ambientais. São Paulo: SERVMAR, 2006. Disponível em: <http://siteresources.worldbank.org/INTWRD/Re- sources/336486-1175813625542/GroundwaterQualityProtectionGuide_Portugese. pdf>. Acesso em: 07 jul. 2018. LONDRES, F. Agrotóxicos no Brasil: um guia para ação em defesa da vida. Rio de Ja- neiro: AS-PTA, 2011. Disponível em: <http://antigo.contraosagrotoxicos.org/index. php/materiais/estudo/agrotoxicos-no-brasil-um-guia-em-defesa-da-vida/detail>. Acesso em: 07 jul. 2018. PELISSARI, A. et al. Tríplice lavagem e destinação das embalagens de defensivos agrícolas: Programa Terra Limpa. Londrina: Seab/Andef, 1999. ROSA, A. H.; FRACETO, L. F.; MOSCHINI-CARLOS, V. (Org.). Meio ambiente e sustentabi- lidade. Porto Alegre: Bookman, 2012. SANCHES, S. M. et al. Pesticidas e seus respectivos riscos associados à contaminação da água. Revista de Ecotoxicologia e Meio Ambiente, Curitiba, v. 13, p. 53-58, jan./dez. 2003. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/pesticidas/article/view/3165/2538>.Acesso em: 07 jul. 2018. SANTOS, P. R. C.; DAIBERT, J. D. Análise dos solos: formação, classificação e conservação do meio ambiente. São Paulo: Érica, 2014. SILVA, M. F. O.; COSTA, L. M. A indústria de defensivos agrícolas. BNDES Setorial, n. 35, p. 233-276, mar. 2012. Disponível em: <https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/ bitstream/1408/1513/1/A%20set.35_A%20ind%C3%BAstria%20de%20defensivos%20 agr%C3%ADcolas_P.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2018. VEIGA, M. M. et al. Análise da contaminação dos sistemas hídricos por agrotóxicos numa pequena comunidade rural do Sudeste do Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 11, p. 2391-2399, nov. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2006001100013>. Acesso em: 07 jul. 2018. Leitura recomendada ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à química ambiental. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. Epidemiologia ambiental: impactos ambientais causados por agrotóxicos14 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Insetos, fungos, bactérias, pequenos vermes, entre outros. Existe uma infinidade de pragas que atacam as lavouras e que são de diversos reinos biológicos, cada uma com uma bioquímica diferente. Por isso, há diversos agrotóxicos no mercado, cada um voltado a uma espécie diferente. Os agrotóxicos são classificados, no Brasil, a partir de quatro classes, que vão de extremamente perigosos até muito pouco perigosos, sendo os pertencentes aos extremamente perigosos (classe I) proibidos ou estritamente controlados. Para saber mais a respeito dos tipos de agrotóxicos mais utilizados, confira a Dica do Professor a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) João, um produtor rural, após colocar suas vacas na pastagem, descobriu que elas estavam cheias de carrapatos (conhecidos também por carraça). Dessa forma, para controlar esse tipo de parasita, qual o melhor tipo de pesticida? A) Herbicida. B) Acaricida. C) Fungicida. D) Nematicida. E) Formicida. 2) A inovação nas técnicas produtivas, a mecanização e a utilização de insumos para melhorar a produtividade e diminuir as perdas por causas naturais provocaram significativos impactos no meio ambiente. Trata-se de um impacto ambiental direto, decorrente do uso de defensivos agrícolas: A) Desmatamento. B) Assoreamento. C) Contaminação do solo. D) Erosão. E) Eutrofização de mananciais hídricos. 3) Defensivos agrícolas são produtos químicos, físicos ou biológicos utilizados no controle de seres vivos considerados nocivos ao homem, sua criação e suas plantações. São também conhecidos por agrotóxicos, pesticidas, praguicidas ou produtos fitossanitários. Dentre esses nomes, a palavra agrotóxico é a expressão mais utilizada pela legislação brasileira. A respeito dos agrotóxicos, assinale a alternativa correta. A) Os pesticidas matam todo e qualquer tipo de praga que possa ameçar as lavouras. B) É praticamente impossível produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos. C) As indústrias fabricantes de agrotóxicos têm a obrigação legal de recolher as embalagens vazias devolvidas pelos agricultores. D) Toda pessoa que tiver contato com agrotóxicos irá desenvolver algum tipo de câncer. E) Os agrotóxicos podem provocar contaminação ambiental, unicamente, devido ao escoamento superficial e à absorção. 4) Visando a combater a fome no mundo, as sociedades humanas desenvolveram a capacidade de produzir mais alimentos, surgindo, assim, as indústrias de fertilizantes, adubos artificiais e agrotóxicos. Sobre a utilização dos agrotóxicos, é correto afirmar: A) Estimula o aumento da produção agrícola e barateia o preço dos alimentos no mundo. B) Atua em parceria com os pequenos produtores rurais e seus sistemas tradicionais de uso da terra. C) É o que menos polui, pois localiza-se em áreas rurais, distantes das áreas urbanas. D) Estimula a competitividade, a concentração de terras e a migração campo-cidade. E) Fixa os trabalhadores no campo e contribui para a melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais. 5) Existem diversos riscos ao se ingerir agrotóxicos, podendo o consumo prolongado e em quantidades acima dos limites aceitáveis acarretar vários problemas de saúde. Carlos, após trabalhar o dia inteiro na aplicação de um tipo de herbicida em sua lavoura, começou a se sentir mal no final do dia, apresentando fortes dores de cabeça. Pode-se dizer que o produtor rural apresenta: A) intoxicação aguda. B) intoxicação subaguda ou sobreaguda. C) desidratação. D) intoxicação crônica. E) enxaqueca. NA PRÁTICA Muito utilizados em lavouras e plantações por todo o mundo, os agrotóxicos são produtos químicos que eliminam insetos, fungos, ervas daninhas, bactérias e outras pragas prejudiciais à agricultura. Apesar de serem um composto eficaz no combate a essas infestações, tornando a produção agrícola mais eficiente, tais pesticidas trazem sérias consequências ao meio ambiente e aos seres humanos. Os pequenos produtores rurais estão entre os maiores prejudicados pelo uso excessivo de agrotóxicos. Por conta desses problemas, associados ao uso e consumo destes, cada vez mais surgem iniciativas de conscientização em relação a tais substâncias. Procurar informações sobre como os alimentos são produzidos e incentivar a agricultura orgânica são algumas das atitudes que contribuem, não apenas para a nossa saúde, mas também para a do planeta. Para saber mais sobre os agrotóxicos e formas de substituí-los, confira o material a seguir. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O perigo dos agrotóxicos para a saúde Muitas plantações podem esconder um perigo à saúde: grandes quantidades de agrotóxicos. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil ocupa hoje a primeira posição no ranking mundial dos países consumidores de agrotóxicos. O excesso no uso desses produtos tornou-se um problema de saúde pública. Para saber mais a respeito do assunto, confira o vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O impacto ambiental do uso de agrotóxicos no meio ambiente e na saúde dos trabalhadores rurais Agrotóxicos são produtos químicos utilizados na agricultura, com o objetivo de combater pragas e organismos patógenos que possam comprometer a produção agrícola. No entanto, a utilização desses insumos não só é responsável pela contaminação ambiental, mas também é a causa de muitos problemas de saúde pública, pois quando aplicados inadequadamente prejudicam o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais e dos consumidores. Para saber mais sobre os problemas, tanto ambientais quanto de saúde, causados pelos agrotóxicos, leia o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Impacto dos agrotóxicos na alimentação, na saúde e no meio ambiente Além dos perigos que os agrotóxicos representam para a saúde dos trabalhadores rurais e dos consumidores, sabe-se que os resíduos desses produtos no ambiente podem provocar diversos efeitos ecológicos indesejáveis. Mas, por que o Brasil se tornou o maior consumidor de agrotóxicos? Para saber a resposta e muito mais, confira o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental APRESENTAÇÃO Por formação, o engenheiro ambiental (EA) é um profissional consciente da importância em preservar o meio ambiente pela prática de suas habilidades e competências, pois essa prática busca conciliar a preservação com a ocupação humana do ambiente natural de forma ordenada, por meio de projetos que cuidem para minimizar impactos negativos. Portanto, esta Unidade de Aprendizagem é dedicado à aquisição de conhecimentos relativos à melhoria das condiçõesde vida da população, aplicando métodos e técnicas para ocupação de áreas e urbanização, por meio de projetos adequados e com maior preocupação com os impactos ambientais, cujos resultados trarão benefícios para o meio ambiente e para as gerações futuras. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre o planejamento urbano e ambiental, obrigatório na convivência entre o ambiente urbano e o natural. Também vai aprender sobre o Plano Diretor, que é peça essencial no controle e na organização da vida do município, e o Zoneamento Ambiental, que é um estudo importantíssimo, base de informação para um Plano Diretor eficiente. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar o planejamento urbano e ambiental.• Conceituar e caracterizar o Plano Diretor.• Identificar a aplicação do Zoneamento Ambiental para planejamento urbano.• DESAFIO O Código Florestal, como é conhecida a Lei no 12.651/2012, considera protegidas permanentemente áreas de margem de cursos d’água, encostas com inclinação maior que 45°, biomas característicos sensíveis, como manguezais, e grandes biomas, como a Mata Atlântica, uma vez que alterações podem causar desequilíbrio ecológico e, consequentemente, seu desaparecimento. O Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA) determina que o Zoneamento Ambiental é a divisão do território em áreas nas quais os usos são predeterminados, proibindo as atividades que não estejam previstas, e é um dos instrumentos do poder de polícia administrativa para a mediação de conflitos entre o direito de propriedade e a qualidade de vida da comunidade, limitando o direito dos cidadãos para garantir que a propriedade não seja utilizada da maneira desejada unicamente pelo proprietário. Da mesma forma, o Zoneamento Ambiental é um mecanismo obrigatório de desenvolvimento sustentável das cidades, representado na Agenda 21. Uma determinada cidade, com cerca de 600 km2, situada em área de Mata Atlântica com áreas de mais de 50% de inclinação, ladeada por um rio em cujas margens existe um manguezal, está em franco processo de desenvolvimento, em razão da atratividade de sua política fiscal e de concessões feitas ao estabelecimento de novas indústrias. Já existem indústrias pequenas e não poluentes instaladas em uma área próxima à entrada da cidade, em distância segura do rio e das encostas. Entretanto, diversas indústrias maiores estão em consulta com a Prefeitura. Não há atividade rural ocorrendo nas imediações da cidade. Para que o meio ambiente não sofra com esse processo, é necessário que o Plano Diretor Municipal seja adaptado a essa demanda. Como prevenir a deterioração ambiental que pode ser causada pela industrialização desordenada? INFOGRÁFICO De acordo com as diretrizes básicas para a política urbana brasileira definidas nos arts. 182 e 183 da Constituição Federal, os principais instrumentos de planejamento ambiental urbano são o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), o Plano Diretor Municipal, o Plano de Bacia Hidrográfica, o Plano Ambiental Municipal, a Agenda 21 Local e o Plano de Gestão Integrada da Orla, além dos planos setoriais que influenciam a qualidade de vida urbana. Então, antes de planejar uma área urbana, deve ser analisado o ambiente em que esta se insere, considerando características sociais, econômicas, ambientais e geográficas, ou seja, fatores que transcendem os limites do município e o colocam como integrante de uma unidade federativa e de uma nação. Veja no Infográfico um resumo desses tipos de Zoneamentos Legais e em que situação influenciam. CONTEÚDO DO LIVRO Engenheiro Ambiental (EA) é um profissional consciente da importância em preservar o meio ambiente pela prática de suas habilidades e competências, pois essa prática busca conciliar a preservação com a ocupação humana do ambiente natural de forma ordenada, por meio de projetos que cuidem para minimizar impactos negativos. Neste capítulo, Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental, da obra Meio amabiente, você vai estudar sobre a melhoria das condições de vida da população aplicando métodos e técnicas para ocupação de áreas e urbanização, por meio de projetos adequados e com uma maior preocupação com os impactos ambientais, cujos resultados trarão benefícios para o meio ambiente e para as gerações futuras. Você vai ler sobre o planejamento urbano e ambiental, obrigatório na convivência entre o ambiente urbano e o natural. Também vai ler sobre o Plano Diretor, que é a peça essencial no controle e na organização da vida do município, e o Zoneamento Ambiental, que é um estudo importantíssimo, base de informação para um Plano Diretor eficiente. Boa leitura. MEIO AMBIENTE Anderson Pires Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Caracterizar o planejamento urbano e ambiental. � Conceituar o Plano Diretor. � Identificar a aplicação do Zoneamento Ambiental para o planejamento urbano. Introdução Por formação, o engenheiro ambiental é um profissional consciente da importância em preservar o meio ambiente por meio de suas habilidades e competências. Essa prática busca conciliar a preservação com a ocu- pação humana do ambiente natural de forma ordenada, com projetos que minimizem impactos negativos. Este capítulo será dedicado à aquisição de conhecimentos relativos à melhoria das condições de vida da população. Discutem-se métodos e técnicas para ocupação de áreas e urbanização, por meio de projetos adequados e com preocupação com os impactos ambientais. Caracterização do Planejamento Urbano e Ambiental A ação de um profissional do meio ambiente, como o engenheiro ambiental, é determinante face às contradições do desenvolvimento e busca de conforto pelas estruturas de produção e consumo atuais, que causam um desequilíbrio comprometedor na vida no planeta, com um modelo de vida que não mede as consequências de sua própria persistência. O desenvolvimento da sociedade urbana acontece sem planejamento, de forma desordenada. O consumo incon- sequente de matéria-prima, a ocupação sem critérios da natureza e a poluição do meio ambiente são as causas de alterações, aquecimento global, escassez de água potável, extinção de espécies da fauna e da flora, e outros fenômenos negativos sem precedentes. Por outro lado, uma parcela significativa da humanidade está lutando pelo surgimento de novos paradigmas, visando a uma adaptação ao meio ambiente, e não sua subjugação. Trata-se de uma visão holística e circular dos fenômenos, que busca compreendê-los segundo o contexto em que ocorrem. À medida que esse contexto se coloca cada vez mais em evidência, torna-se necessário um profissional que tenha habilidades adquiridas de formação para atuar na transição e conciliação de desenvolvimento e sustentabilidade, com melhoria de qualidade de vida e proteção ambiental. Esse Desenvolvimento Sustentável não é apenas uma questão de aplicação de técnicas e profissionais aptos a executá-las. O engenheiro ambiental é um dos profissionais com conhecimento técnico específico e aptidões para a tomada de decisões na caracterização do ambiente e execução das respectivas atividades, nos estudos de impactos ambientais, na pesquisa, desenvolvimento e inovação, no manejo dos recursos naturais e técnicas de controle específicas. Sua presença é obrigatória em vários níveis de gestão ambiental.É função do engenheiro ambiental elaborar e executar projetos de admi- nistração e direcionamento do crescimento urbano, evitando e prevenindo o surgimento de problemas na interação da espécie humana com o meio ambiente. Também constituem suas atribuições projetos de gerenciamento de recursos hídricos, instalação e manutenção de fornecimento de água e drenagem urbana e gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), essenciais para uma cidade sustentável. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS — Lei 12.305/2010) possibilitou que os municípios começassem a enfrentar o principal problema ambiental, social e econômico decorrente do manejo urbano inade- quado, instalando o princípio da responsabilidade compartilhada (BRASIL, 2010). Esse princípio tornou todos responsáveis pelos RSU, obrigando-os a contribuir para a disposição final ambientalmente adequada. Portanto, orde- nar o ambiente urbano com foco na qualidade de vida das pessoas é planejar cidades sustentáveis, melhorando a mobilidade urbana, reduzindo a poluição sonora e atmosférica, organizando o descarte de RSU, atingindo a eficiência energética, economizando água, entre outras medidas. A população urbana e as cidades têm crescido, tornando-se necessária a criação de indicadores de qualidade ambiental urbana e seu monitoramento nos municípios. Esses indicadores são ferramentas ideais para a elaboração de diagnósticos e prog- Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental2 nósticos do desenvolvimento das áreas urbanas e de planejamento e avaliação para a política ambiental urbana. Seu acompanhamento embasa decisões e auxilia a estimular a participação da sociedade. Esse acompanhamento faci- litará a adoção de parâmetros ambientais nos instrumentos de urbanização, tais como planos diretores, planos setoriais, leis de parcelamento do solo e zoneamentos urbanos. O Estatuto da Cidade, como é denominada a Lei nº 10.257/2001 (BRASIL, 2001), determina as diretrizes gerais para o desenvolvimento urbano. É ca- racterizado pela criação de políticas de gestão para cidades sustentáveis (uma especialização das cidades sustentáveis, as cidades inteligentes — smart cities, têm seu planejamento embasado nessas políticas) e pela maior preocupação com a regularização fundiária. Para uma política de incentivo econômico à preservação de áreas de interesse ambiental, temos instrumentos interessantes como a transferência do direito de construir, o “ICMS Ecológico”, repassado dos estados aos municípios, incentivados pela Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU). Você ouve falar em Nottingham e lembra de Robin Wood? Acontece que essa cidade inglesa é palco de um cenário de ficção científica: é uma das seis cidades escolhidas para serem smart cities na União Europeia! Lá, compra-se passagem de ônibus pelo celular. A maioria dos veículos é comparti- lhado e elétrico, com infraestrutura de recarregamento espalhada por toda a cidade. Os edifícios têm isolamento térmico e são mais sustentáveis, compartilham água e ar quente e frio, bem como informações de como cada morador regula a temperatura do apartamento. Isso permite o gerenciamento comum inteligente de temperatura e energia das centrais de resfriamento e aquecimento (INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2018). Leia mais sobre isso no link a seguir. https://goo.gl/UWoiN2 Sobre esse tema, há o projeto “Estratégias de Articulação entre Instru- mentos de Gestão Territorial Ambiental e Urbana” (BRASIL, 2012a), com recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA) — uma iniciativa conjunta da SRHU com as Secretarias de Articulação Institucional e Cida- dania Ambiental (SAIC) e de Extrativismo e Desenvolvimento Rural e Sus- 3Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental tentável (SEDR) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com a Secretaria Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades (SNPU/MCid) e com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MPOG). O importante são a prevenção e a normatização dos impactos negativos da iniciativa pública e privada sobre o meio ambiente urbano, para prevenir a subutilização de áreas com investimento em infraestrutura e a degradação urbana, além de otimizar dinâmicas socioambientais de conservação do patrimônio ambiental urbano. As diretrizes básicas para a política urbana brasileira, inclusive do plane- jamento urbano e ambiental, são definidas nos artigos 182 e 183 da Consti- tuição do Brasil (BRASIL, 1988). Além disso, há obrigatoriedade de aprovar o Plano Diretor da gestão municipal, que inclui a delimitação oficial da zona urbana onde os instrumentos de planejamento ambiental vão agir. Os prin- cipais instrumentos de planejamento ambiental urbano são o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), o Plano Diretor Municipal, o Plano de Bacia Hidrográfica, o Plano Ambiental Municipal, a Agenda 21 Local, e o Plano de Gestão Integrada da Orla, além dos planos setoriais que influenciem a qualidade de vida urbana. No que tange à política urbana, a Constituição de 1988 entrega à adminis- tração municipal o controle, planejamento, gestão e desenvolvimento urbano. O objetivo do planejamento urbano é organizar, coordenar e infraestruturar o espaço racionalmente, planejando a malha urbana e o zoneamento de acordo com seus usos e funções, seguindo todas as fases de desenvolvimento técnico: levantamentos e diretrizes, projeto, execução e reanálise. A visão do território municipal, com planejamento e gestão, em conjunto com a visão econômica, referente à criação de empregos, age ampliando as possibilidades de controle do espaço urbano, diminuindo segregação social, que viria acompanhada do crescimento desordenado da malha urbana, e reabilitando áreas urbanas consolidadas. Assim, o zoneamento urbano am- biental pode ser direcionado à divisão da área municipal conforme vocações de uso e ocupação para melhoria qualidade de vida, barrando a degradação do ambiente urbano. O Zoneamento Ambiental foca na conservação de áreas de interesse ambiental já ocupadas para reduzir a degradação do ambiente urbano, por meio de uso inteligente, conforme as características geomorfo- lógicas, hídricas e climáticas da área alvo. O risco à sustentabilidade, que pode inviabilizar o processo com degradação ambiental irremediável, dá-se quando há urbanização de ambientes naturais sem planejamento ou gestão, Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental4 sem prevenção e/ou reparo dos danos. No capítulo 7 da Agenda 21 (BRASIL, 2004), definida na Rio-92, dá-se prioridade para vários assuntos relativos aos assentamentos humanos, como a oferta democrática de habitação. Em particular, trata-se da necessidade de criação de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), o incentivo ao planejamento e gestão da ocupação do solo para assentamento humano sustentável, principalmente em áreas com risco de desastre, criando a necessidade de implementação de políticas públicas focadas no desenvolvimento urbano sustentável. O planejamento urbano é obrigatório por que o equilíbrio do meio am- biente influi diretamente na qualidade de vida. Deve haver, portanto, um planejamento ambiental aplicado, um conjunto de processos de definições e decisões referentes a todas atividades humanas que ocorram nos limites da área urbana. Pode haver uma interferência do Governo do Estado, por meio de programas e projetos específicos, para estabelecer continuidade aos outros planejamentos urbanos e ambientais de outros municípios. O planejamento ambiental é crucial para que o desenvolvimento econômico e social cause uma utilização e gestão da área urbana mais eficiente, cujas fases de levantamento histórico e sua análise ilustrem as potencialidades e fragilidades da unidade territorial. Portanto, o planejamento ambiental é a chave do desenvolvimento sustentável pregado na Agenda 21, ou seja, o encontro do desenvolvimento socioeconômico com a conservação do meio ambiente, ou seja, com utilização racional dos recursos naturais.O desafio para os projetos de planejamento urbano ambiental é justamente conectar o meio ambiente à vida urbana, aliando planejamento e conservação racional à melhoria da qualidade de vida da população. Poucas cidades, como Curitiba/PR, atingiram esse patamar, a grandes custos. Porém, sem as mu- danças adequadas nos ambientes urbanos, na esfera pública, com prestação de serviços públicos com qualidade e continuidade para toda a sociedade, transgredindo o tempo entre as gestões municipais, não é possível conservar o meio ambiente, com qualidade de vida e sustentabilidade econômica e ambiental. Também deve-se levar em consideração que é um desafio ainda maior padronizar a sustentabilidade para todas as cidades. Desse modo, cada município deve montar suas próprias estratégias para atingir a sustentabilidade dentro de suas particularidades, pois cada um possui problemas urbanos particulares e precisa encontrar suas próprias soluções. 5Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental Você sabia que o Brasil conta com vários municípios que estão assumindo o papel de protagonistas como cidades sustentáveis? Há vários cases de sucesso em planejamento urbano e ambiental. Na Rio+20, falou-se pela primeira vez do papel da cidade como protagonista do desenvolvimento urbano sustentável, que antes ficava a cargo do Governo Federal, que criava a distância os programas e projetos. Nesse encontro surgiu o Fórum das 27 Secretarias de Meio Ambiente das Capitais Brasileiras (CB27). Para saber mais sobre o CB27, acesse o link a seguir (RECIFE, 2016). https://goo.gl/by3e8r Plano Diretor: caracterização e conceito Ao regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição sobre política urbana, o Es- tatuto da Cidade (EC, Lei 10.257/2001) municipalizou a definição e o cumprimento da função social da cidade e da propriedade urbana, por meio do Plano Diretor (BRASIL, 2001). Plano Diretor é um agrupamento de diretrizes de orientação aos diferentes atores envolvidos na construção, regulamentação e ocupação dos espaços urbanos municipais. Trata-se de um documento Participativo, que tem força de Lei, de modo a estabelecer obrigações que vão além do Poder Público. É uma visão contextualizada dos fatores econômicos, ambientais e sociais, cujo objetivo é mitigar problemas atuais e prevenir os futuros, bem como planejar racionalmente a expansão da comunidade, de forma equilibrada e inclusiva, embasando a gestão do espaço municipal. Cabe lembrar que, mesmo fazendo referência à área urbana das cidades, o Plano Diretor também refere-se às áreas rurais, que fazem parte do município, tanto quanto às áreas de conservação ambiental. O EC estabelece as normas de elaboração, conteúdo, metodologia de exe- cução e acompanhamento, sendo obrigatório para municípios com mais de 20 mil habitantes, regiões metropolitanas ou outros aglomerados urbanos, áreas de interesse turístico, áreas de risco de impacto ambiental, se ocupadas sem critérios e planejamento, e áreas privadas subutilizadas ou não utilizadas. Além dessa obrigatoriedade, deve-se cumprir a renovação decenal. Conforme a Resolução 34/2005 do Conselho Nacional das Cidades (BRA- SIL, 2005), o Plano Diretor deve, no mínimo, conter ações e medidas que assegurem o cumprimento das funções sociais do território urbano e rural da cidade e das propriedades urbanas públicas e privadas; objetivos, prioridades Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental6 e metodologias para o desenvolvimento e reorganização contextualizados do município; os instrumentos da política urbana vinculados aos objetivos, priori- dades e metodologias elencados no Plano Diretor. Para isso, devemos considerar que, se o município estiver cadastrado como área suscetível a deslizamentos e inundações, o Plano Diretor deve incluir critério de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a diversidade de usos e a contribuir para a geração de emprego e renda, mapeamento das áreas suscetíveis aos referidos acidentes. Deve igualmente desenvolver um planejamento preventivo, com medidas de drenagem urbana e de realocação de população em caso de desastre, política de regularização fundiária de possíveis assentamentos urbanos irregulares, previsão de áreas para habitação em áreas permitidas e diretrizes para a preservação e ocupação das áreas verdes municipais, quando for o caso, com vistas à redução da impermeabilização das cidades levando em conta as cartas geotécnicas. Deve-se dar atenção à compatibilidade do Plano Diretor com planos de recursos hídricos existentes. A Resolução Recomendada nº 164, de 2014 (BRASIL, 2014), adicionou a urgência destas medidas, destacando a necessidade do Plano Diretor ser elaborado, aprovado e encaminhado para aprovação pela Câmara Municipal no prazo de 5 anos, ou seja, até 2019, abrindo um campo de atuação para o Engenheiro Ambiental. Pelo disposto no artigo 42-B do EC (BRASIL, 2001), no caso de expansão do perímetro urbano não prevista pelo Plano Diretor original, todo o processo deve ser repetido para a nova área e instituído por lei municipal, antes de sua execução. O IPHAN — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — reconheceu o Conjunto Histórico de Pelotas/RS como patrimônio cultural brasileiro no mês de maio de 2018. O título vem ao encontro da característica do município de valorizar a arquitetura e o patrimônio histórico, pois o Plano Diretor previa a delimitação do entorno poligonal com a inserção do Conjunto Histórico nas Zonas de Preservação do Patrimônio Cultural. Além disso, a preservação da vizinhança e das áreas tombadas também está assegurada, de acordo com o Decreto-Lei nº 25/1937 (OLIVEIRA, 2018). Leia mais no link a seguir. https://goo.gl/S3r7oG 7Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental O EC define que, desde o processo de elaboração do Plano Diretor, faz-se necessário um diagnóstico sociopolítico que determine os pontos sensíveis de conflito no município, as forças envolvidas, grupos predominantes e excluídos, a fim de equalizar o controle e a autonomia da cidade. Esse diagnóstico deve iniciar, portanto, com a definição da temática a ser desenvolvida, a aprovação das propostas elaboradas na Câmara de Vereadores, o estabelecimento de um cronograma de execução e sucessivas revisões e ajustes, conforme seja neces- sário com a implantação do plano. Cabe ao Engenheiro Ambiental fomentar a sua discussão em toda a comunidade, em assembleias e reuniões, associa- ções de bairro, Câmaras de Industria e Comércio, Assembleias Legislativas Municipais, Câmaras de Vereadores e outros espaços democráticos, tendo preocupação extra com o local escolhido para essa tarefa. Ele é o elemento de ligação entre os atores e deve garantir a rápida socialização das informações. Tais informações compreendem os problemas a serem resolvidos e os recursos disponíveis, com ênfase nos fatores socioeconômicos, no meio ambiente, no uso e ocupação do solo, na infraestrutura e mobilidade e na circulação, mas não com uma visão isolada, uma vez que estes influenciam uns aos outros. Deve constar dessa etapa um amplo registro das informações e um ma- peamento para dar uma visão espacial dessa interdependência. Por exemplo, uma ocupação irregular de APP em encosta de morro não tem apenas impacto ambiental negativo: a causa é socioeconômica e geralmente não há infraes- trutura, regularização da ocupação do solo e saneamento básico. Ademais, o risco de desabamento é aumentado por inexistência de drenagem associada ao desmatamento. Deve-se examinar em conjunto a isso a legislação urbanís- tica pertinente, que inclui a Legislação Municipal (leis ambientais, de uso e ocupação e parcelamento do solo urbano, de zoneamento, o código de obras e edificações, o código de posturas) ambiental Estadual e Federal e estudos preexistentes. Essas informações serão usadas na definição de prioridades e propostas, mediando conflitos — como o clássico embate entre preservaçãodo meio ambiente e regularização da ocupação irregular — e fazendo escolhas quanto a intervenção no problema, mantendo-se a premissa básica do foco no direito à individualidade cultural, na ocupação democrática dos espaços e na qualidade de vida. Um exemplo desse tipo de aplicação e participação popular são os Planos Diretores Cicloviários (PDC), pacíficos e pioneiros, como o de Porto Alegre/RS (Figura 1), ou geradores de polêmica entre a comunidade e o Poder Público, como o de São Paulo/SP. Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental8 Figura 1. A ciclovia na orla do Lago Guaíba, em Porto Alegre/RS, alia urbanização, susten- tabilidade, lazer e apreciação paisagística, em unanimidade entre Poder Público, iniciativa privada e população. Fonte: Diego Grandi/Shutterstock.com. A partir dessas informações e seu mapeamento, deve-se escolher os ins- trumentos de urbanização adequados, dentre os regulamentados pelo EC, que podem ser aplicados pelo Poder Público. Por exemplo, havendo demanda e infraestrutura, o Município pode lotear terrenos ou construir e/ou utilizar edificações subutilizadas de forma compulsória, por força do Plano Diretor. Também pode adquirir imóveis visando à regularização e construção de reserva fundiária, programas e projetos de interesse social, ordenamento da expansão urbana, construção de parques e praças e instalação de equipamentos públicos e comunitários, criação de UC e proteção de áreas de interesse histórico- -cultural. Caso haja demanda e/ou necessidade para tal, o Plano Diretor autoriza o Município a liberar, mediante pagamento, a construção acima do índice de ocupação ou dar uso distinto ao está estabelecido no Plano Diretor — os recursos obtidos só podem ser utilizados para fins de utilidade ao município, como a proteção de áreas de interesse ambiental, histórico ou cultural, por exemplo. Outro instrumento útil é a formação de consórcio com os donos de algumas áreas, moradores, frequentadores e investidores da iniciativa privada para fazer alterações estruturais, sociais e/ou ambientais previstas pelo Plano Diretor. Essa ação consorciada pode gerar recursos, mas estes só podem ser 9Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental aplicados pela Prefeitura na sustentabilidade da obra. O Poder Público pode realocar o direito de construir de um proprietário de imóvel para outro local, ou alienar o potencial construtivo previsto no Plano Diretor na legislação urbanística dele decorrente, se o referido imóvel for considerado necessário para a instalação de equipamentos urbanos e comunitários, para a preservação de patrimônio histórico, ambiental, social ou cultural, para programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda e/ou habitação de interesse social. Terminado o trabalho e elaborado o projeto de lei respectivo ao Plano Diretor, este vai à audiência pública com o povo, quando será formatado e encaminhado à câmara municipal, da forma estabelecida na Lei Orgânica Municipal (LOM). Plano Diretor é uma Lei, para tal elaborada e submetida para aprovação pela Câmara de Vereadores, devendo ser composto de epígrafe, com informações sobre o caráter de lei ordinária ou complementar, número, data, ementa (resumo do assunto a ser tratado), autoria, cláusula de promulgação e ordem de execução; corpo dividido em títulos, capítulos e seções, e estes com seus artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens, tratando dos Plano Diretor propriamente dito; e fecho com disposições finais e transitórias, cláusulas de vigência e de revogação e assinatura da autoridade. Esse projeto de lei deve respeitar o que foi deliberado nas reuniões, como as decisões e instrumentos de execução, de uma forma sistemática para que detalhes importa do plane- jamento sejam esquecidos. É de muita importância a participação popular na discussão do Plano Diretor; sua ausência será considerada ato de improbidade administrativa. Sugere-se, por tratar-se de um projeto de Lei, que após aprovação em todas as instâncias torne-se Lei Municipal, seguindo a forma do modelo a seguir: O Título I pode ser de “Objetivos e Princípios Fundamentais”, com Capítulo I contendo “Objetivos”, Capítulo II contendo “Princípios Fundamentais” e Capítulo III contendo “Definições”. O Título II pode ser sobre o “Desenvolvimento do Município e Política Urbana”, com um Capítulo I de “Proteção Ambiental”, Capítulo II, de “Ordenamento do Solo”, Capítulo III do “Uso Social da Propriedade”, Capítulo IV da “Habitação”, Capítulo V, da “Ação Social” e Capítulo VI, sobre “Infraestrutura e Serviços”. Título III, de “Plane- jamento e Participação”, com um Capítulo I cujo assunto seja “Gestão Participativa”, Capítulo II de “Sistema de Informações” e Capítulo III sobre “Conselho de Política Urbana”. Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental10 A cidade de Bauru/SP leva a sério o Plano Diretor com a aplicação da Lei Municipal do IPTU Progressivo, criada em 2011. É uma medida muito útil, pois, de olho no cumpri- mento da função social desses imóveis, já notificou 59 imóveis ociosos, a maioria no centro da cidade. Os imóveis notoriamente abandonados, sem registro de pagamento de IPTU por 3 anos, podem ser “arrecadados” pela Prefeitura, sem custos. Essa Lei Municipal de 2013 exige apenas que se notifique o proprietário. São imóveis em área residencial propositadamente ociosos para diminuir a oferta e elevar o preço geral dos aluguéis, o que configura especulação imobiliária. Zoneamento Ambiental para o planejamento urbano A primeira menção na política pública referente a um Zoneamento Ambiental ocorreu no II Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico (PND). Este plano afirmava ser necessária uma política ambiental que tratasse do meio ambiente na área urbana, do levantamento e defesa do patrimônio de recursos de natureza e da defesa e promoção da saúde humana. A partir da Constituição de 1988, ficou claro, sobre Zoneamento Ambiental, que o direito adquirido não inclui um “direito adquirido de poluir”, pois o interesse da coletividade supera o interesse particular. Nesse conflito entre o Zoneamento Ambiental e o direito de propriedade deve ser lembrado, da PNMA, que o Zoneamento Ambiental é um dos instrumentos do poder de polícia administrativa para a qualidade de vida da comunidade. Mesmo limitando o direito dos cidadãos, garante que a propriedade não seja utilizada da maneira desejada unicamente pelo proprietário. Da mesma forma, o Zoneamento Ambiental é principalmente um mecanismo obrigatório de desenvolvimento sustentável das cidades, re- presentado na Agenda 21. Desse modo, o Zoneamento Ambiental é a divisão do território em áreas nas quais os usos são predeterminados, proibindo-se as atividades não pre- vistas. Uma vez que a PNMA é conservadorista, subentende-se que alguns tipos de tipos ou níveis de degradação ambiental não sejam considerados graves, podendo-se perceber que não há uma “escala do dano”, de modo que a Administração Pública pode arbitrar o que seria um “significativo dano ambiental”. Entretanto, independentemente de escalas, a degradação ambiental é prejudicial per se, mas não é ilícita, desde que dentro dos padrões fixados na 11Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental normatização do CONAMA e Agências e Entidades Estaduais e Municipais. Isto cria um “direito de poluir”, mesmo que dentro dos limites. Mesmo com essa fragilidade, o Zoneamento Ambiental é fruto de estudos e investigações cuidadosas que levam ao conhecimento sistematizado de características, fragilidades e potencialidades do meio. É um estudo técnico que proporciona maior poder de decisão aos administradores municipais. Seu objetivo continua sendo o aproveitamento da área zoneada por meio de regras legais de uso da propriedade a fim de conservar ao máximo e até recuperar a qualidade ambiental e de vida da população. A permissividade que existe na legislação,que cria esse “direito de poluir”, desde que dentro dos limites, é fruto da não regularização do Zoneamento Ambiental, pois ele apenas é apontado por instrumento, tanto na PNMA quanto no EC. Entretanto, indiretamente, a regularização do Zoneamento Ambiental acontece com o Decreto nº 4.297/02 (BRASIL, 2002), que institui o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE). Mesmo que exista alguma diferença em relação ao ZEE, como ações, instrumentos de planejamento territorial, ou uma política de ordenamento territorial, o ZEE seria um equilibrador da conservação do meio ambiente, conciliando desenvolvimento e preservação, fundamental para a delimitação da localização das diferentes atividades econômicas, baseado no dogma do próprio conservadorismo ambiental: a exploração racional dos recursos naturais. É evidente a influência da Mata Atlântica na qualidade de vida de cerca de 70% de brasileiros que vivem junto aos remanescentes florestais deste bioma, fonte de recursos e de matérias-primas essenciais para a economia do País. Com base nisso, a Secretaria do Meio Ambiente de uma pequena cidade catarinense assumiu um novo desafio: criar o PMMA — Plano Municipal de Conservação e Recu- peração da Mata Atlântica de Itapoá. Este Projeto de Lei de Revisão do Zoneamento Ecológico Econômico Municipal (ZEE) é o principal instrumento para proteção e uso sustentável da floresta, apoiado pela ONU Meio Ambiente (PREFEITURA DE ITAPOÁ, 2018). Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental12 O Artigo 2o do Decreto no 4.297/02 obriga seguir as medidas e padrões de proteção ambiental do ZEE na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas para garantir sustentabilidade e a melhoria das condições de vida da população (BRASIL, 2002), e consequentemente, a qualidade am- biental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade. A finalidade fundamental do Zoneamento Ambiental é fundamentar as decisões dos agentes públicos e privados ligadas aos recursos naturais, permitindo ati- vidades com respeito ao meio ambiente. Para ter eficiência, é preciso assimilar as premissas que consideram a importância ecológica da região, limitações e fragilidades dos ecossistemas locais, para fazer valer as normas de uso, ou recomendar a transferência das atividades que sejam conflitantes com as diretrizes previstas para aquela área. Desse modo, o Zoneamento Ambiental é consequência do planejamento preciso iniciado com estudo minucioso anterior à instalação das atividades, das características do meio ambiente, da economia e comunidade locais. Assim, faz-se cumprir o artigo 5o da Constituição Federal pela formatação do direito de propriedade e seu uso. Apesar de ter sido regulamentado pelo Decreto 4.297/2002, de abrangência nacional, o Zoneamento Ambiental é ligado ao Plano Diretor, como refere o Estatuto da Cidade. Portanto, é realizado em âmbito municipal, ou seja, sua aplicação é local, quando o assunto é política urbana. Por isso deve-se prever a participação da sociedade civil na discussão do processo de elaboração, implantação e fiscalização desse processo. Isso é muito importante, uma vez que o corpo técnico vai elaborar o zoneamento com pleno conhecimento das ações desenvolvidas nas regiões abrangidas, o que é necessário para a popu- lação, a direção da expansão da cidade, as novas tendências econômicas que podem surgir ou serem induzidas, entre outros acontecimentos, que compõe o mapa deste instrumento democrático do Plano Diretor. Da mesma forma que no Plano Diretor, o Zoneamento Ambiental baseia-se no amplo conhecimento das características históricas, ecológicas, geológicas e socioeconômicas, que são informações essenciais para se estabelecer os possíveis riscos de impacto ambiental por região em um município. Portanto, o Zoneamento Ambiental acaba sendo realmente caracterizado como instru- mento do Plano Diretor. Esse fato é tão real que a maioria dos estudos sobre zoneamento destacam o caráter preventivo que um Zoneamento Ambiental completo tem em relação aos riscos de acidentes causados por intempéries, como inundações e deslizamentos de encostas e outros danos comunitários e econômicos que ocorrem em consequência da gestão ineficiente ou da ocupação irregular do solo. Curitiba, capital do estado do Paraná, conseguiu por meio de uma lei de zoneamento bem estruturada reorientar a expansão 13Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental urbana da cidade, a fim de proteger setores de mananciais (Figura 2). O En- genheiro Ambiental deve estar consciente da necessidade de lidar com uma equipe multidisciplinar eficiente para elaborar um estudo de Zoneamento Ambiental completo e inseri-lo no Plano Diretor. A razão disso é que o zo- neamento restrito ao uso e ocupação do solo urbano não inclui a percepção do meio ambiente, privilegiando a propriedade privada e comprometendo os interesses da coletividade. Um Zoneamento Ambiental de boa qualidade, ou seja, com riqueza de informações e multidisciplinar, compromete-se com o caráter ambiental, protegendo os bens coletivos e servindo como referencial para o planejamento urbano. Figura 2. Parque Barigui, em Curitiba/PR — Área de Conservação de manancial. Fonte: Paulo Vilela/Shutterstock.com. Temos ainda, de acordo com a Lei 6.803/80, três tipos de zonas (BRASIL, 1980), a seguir elencadas: Zonas de Uso Estritamente Industrial, Predominan- temente Industrial e Diversificado. A Zona de Uso Estritamente Industrial é onde ficam os estabelecimentos industriais que podem causar risco ambiental, à saúde ou à segurança da população. Necessitam de local que assimile o Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental14 impacto causado, infraestrutura e serviços adequados a sua operação segura e que consigam cultivar anéis verdes de isolamento no entorno. A Zona de Uso Predominantemente Industrial tem uma vocação similar, mas seus impactos são controláveis, preferencialmente com uma Área de Proteção Ambiental implícita. Zona de Uso Diversificado é a zona onde podem se instalar industrias cujas atividades são compatíveis com o meio urbano ou rural, sem causar riscos à saúde, ao bem-estar e à segurança da comunidade (geralmente são indústrias de processamento da produção local). A Lei nº 9.985/2000 (BRASIL, 2000), que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), prevê ainda a categoria de Áreas de Preservação Ambiental (APA), que é uma Unidade de Conservação (UC) compatível com a propriedade privada, mas fortemente enraizada no conceito de sustentabilidade. Essa lei (BRASIL, 2000) a define como uma área extensa com recursos ecológicos e relativamente preservados, e com alguma ocupação humana. Suas características são únicas, pois é destinada ao uso sustentável, sendo criada pelo poder público com participação da comunidade, em áreas públicas, privadas ou ambas, e gerenciada por um conselho que tem características de fórum de debates. Por suas características, a constituição de uma APA necessita de um Zonea- mento Ambiental que institui as normas de uso de acordo com as características ecológicas, urbanísticas, socioeconômicas, culturais e produtivas. Também é necessário um Zoneamento Econômico Ecológico para que seja gerenciada. Para o Plano de gestão de uma APA, são necessários um Quadro socioam- biental/Diagnóstico, Quadro Lógico do Plano ou Matriz de Planejamento, Zo- neamento Ambiental, Programas de Ação, Sistema de Gestão e Procedimentos de Monitoria e Avaliação. Então, nesse caso, temos o Zoneamento Ambiental em destaque por seu caráter preservacionista, enquanto num Zoneamento Econômico Ecológico verificamos um direcionamento mais econômico. Com base na falta de participação da comunidade, o Ministério Público de São Paulo interrompeu a discussão do projeto da Lei de Zoneamento e determinou o recomeço das discussões a partir da estaca zero. Isso ocorreu porque havia “intensa interlocução” apenas com o setorimobiliário, deixando sem informações órgãos da própria Prefeitura, órgãos de controle, entidades, 15Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental movimentos e associações ligados às questões urbana e ambiental, caracterizando flagrante conflito de interesses. A Prefeitura defende que a produção imobiliária está impactada pela crise econômica, e que pretende recuperar o Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) com o uso da outorga onerosa. Defende também que, diminuindo a porcentagem mínima de construção de habitação de interesse social (HIS), vai aumentar a produção (CHIEESA; UNGARETTI, 2018). Leia mais sobre esse assunto polêmico de aplicação dos conhecimentos adquiridos em: https://goo.gl/mvYksP 1. O planejamento ambiental é a chave do desenvolvimento sustentável pregado na Agenda 21, ou seja, o encontro do desenvolvimento socioeconômico com a conservação do meio ambiente, com utilização racional dos recursos naturais. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta. a) O Estatuto da Cidade estabelece tanto o planejamento urbano quanto o ambiental dentro do limite municipal e institui o planejamento urbano- rural para municípios onde a área rural é significativa. b) O desafio do planejamento ambiental é conectar o meio ambiente à vida urbana, aliando planejamento das cidades e suas zonas rurais, conservação racional do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida da população. c) O Estatuto da Cidade prevê o planejamento urbano em cidades com mais de 85% de urbanização, desde que o Plano Diretor preveja 15% de APA. d) O planejamento econômico ecológico é um instrumento do Governo Estadual para ligar os planejamentos ambientais municipais, visando também o uso racional dos recursos ambientais pregado pelo PNMA. e) O planejamento ambiental é específico para o planejamento urbano através da regulamentação de APAs. 2. A Lei nº 11.997/09 definiu a regularização fundiária como instrumento do Plano Diretor caracterizando-a como conjunto de medidas ambientais para regularização de assentamentos informais, portanto: a) tem poder, como instrumento do Plano Diretor, de realizar transferências emergenciais de forma compulsória, ressaltando Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental16 que essas devem ser tomadas em um prazo de 5 anos. b) não tem poder de regularização de comunidades autoinstaladas dentro de áreas de APP. Para isso, precisa do Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE). c) tem forte reflexo na regularização fundiária e na instalação do saneamento básico de comunidades de baixa renda. d) é uma medida municipal, cabendo ao poder público o poder decisório, aprovação de medidas e a execução sem interferência de terceiros. e) não pode promover justiça social com assentamentos nas áreas urbanizadas — obriga a urbanizar em áreas livres, apenas. 3. Os instrumentos urbanísticos disponíveis para a execução do Plano Diretor têm por função a ordenação e o controle do uso do solo, evitando a retenção especulativa de imóvel urbano. Sobre esses instrumentos, marque a opção correta. a) Os instrumentos, considerando a existência de infraestrutura e demanda para o uso de imóveis, previnem a subutilização ou não utilização. b) O Município tem preferência na aquisição de terrenos, mas não pode agir de forma compulsória. c) Ao exercer o direito de preempção, o Município pode especular com as propriedades adquiridas de maneira a valorizá-las. d) O Plano Diretor dita uma grandeza chamada coeficiente básico de aproveitamento, que é constante e absoluto, ou seja, não pode ser mudado. e) Por força da PNMA e da Política Agrícola Nacional, não se pode alterar o uso do solo. 4. O zoneamento ambiental, regulamentado pelo Decreto nº 4.297/2002, instituiu o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) e se baseia no conhecimento das informações essenciais para se estabelecer os possíveis riscos de impacto ambiental por região em um município. Sobre esses instrumentos, marque a opção correta. a) O zoneamento ambiental é a divisão do território em áreas de preservação nas quais os usos são predeterminados, mas com flexibilidade na execução das atividades que não estejam previstas. b) A Constituição de 1988 permite interpretações que criam um “direito adquirido de poluir” por empresas estatais, que são patrimônio público — nesse caso, o interesse da coletividade supera o interesse particular. c) O objetivo do zoneamento ambiental é o aproveitamento econômico da área zoneada através de regras legais de uso da propriedade, para conservar a qualidade ambiental. d) ZEE é um conjunto opcional de medidas e padrões de proteção ambiental para a implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas no interesse da sustentabilidade. e) Apesar de ter sido regulamentado pelo Decreto 17Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental nº 4.297/2002, de abrangência nacional, o zoneamento ambiental é ligado ao Plano Diretor, como se refere o Estatuto da Cidade, portanto é realizado em âmbito municipal, ou seja, sua aplicação é local. 5. A Lei nº 9.985/2000 estabelece a categoria de Áreas de Preservação Ambiental (APA), uma Unidade de Conservação (UC) fortemente enraizada no conceito de sustentabilidade. Sobre esse conceito, assinale a opção correta. a) A Resolução CONAMA 10/1988 determina ser dispensável um Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE) para que uma Área de Proteção Ambiental seja gerenciada. b) Como foi criada pelo poder público, cabe à secretaria do meio Ambiente ou à Entidade substitutiva municipal seu gerenciamento. c) Não é permitida a implantação de APA em áreas privadas, pois se trata de patrimônio ambiental de uso racional. d) APA é uma UC compatível com a propriedade privada, já que a Lei que a define prevê a possibilidade de alguma ocupação humana, desde que não impactante. e) Por ser um caso especial de APP, a Lei a define como uma área extensa com recursos ecológicos intocados. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm>. Acesso em: 16 jul. 2018. BRASIL. Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002. Regulamenta o art. 9°, inciso II, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jul. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/2002/d4297.htm>. Acesso em: 17 jul. 2018. BRASIL. Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980. Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 jul. 1980. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L6803.htm>. Acesso em: 17 jul. 2018. BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1°, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Con- Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental18 servação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 jul. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>. Acesso em: 17 jul. 2018. BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 jul. 2001. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 16 jul. 2018. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; alteraa Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010. Disponível em:<http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 16 jul. 2018. BRASIL. Ministério das Cidades. Conselho Nacional das Cidades. Resolução reco- mendada nº 34 de 01 de julho de 2005 alterada pela resolução recomendada nº 164 de 26 de março de 2014. Diário Oficial da União, Brasília, DF, seção 1, p. 89, 14 jul. 2005. Disponível em: <http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosCidades/ ArquivosPDF/Resolucoes/resolucao-34-2005_alterada.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2018. BRASIL. Ministério das Cidades. Conselho Nacional das Cidades. Resolução recomen- dada nº 164, de 26 de março de 2014. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 202, seção 1, p. 64, 20 out. 2014. Disponível em:<http://www.lex.com.br/legis_26081052_RE- SOLUCAO_RECOMENDADA_N_164_DE_26_DE_MARCO_DE_2014.aspx>. Acesso em: 17 jul. 2018. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21 brasileira. Brasília, DF, 2004. 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Prefeitura já notificou 59 imóveis ociosos na lei do IPTU progressivo. Jornal da Cidade, Bauru, 1 fev. 2018. Disponível em: <https://www.jcnet.com.br/Poli- tica/2018/02/prefeitura-ja-notificou-59-imoveis-ociosos-na-lei-do-iptu-progressivo. html>. Acesso em: 17 jul. 2018. 19Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental OLIVEIRA, N. Pelotas (RS) tem novo patrimônio. Brasília in foco news, Brasília, 16 maio 2018. Disponível em: <http://brasiliainfoconews.com.br/pelotas-rs-tem-novo-patri- monio/>. Acesso em: 17 jul. 2018. PREFEITURA DE ITAPOÁ. Prefeitura convida para as oficinas do Plano da Mata Atlântica e do Zoneamento Ecológico Econômico. Itapoá, 11 jun. 2018. Disponível em: <http:// www.itapoa.sc.gov.br/noticias/index/ver/codNoticia/487637/codMapaItem/18565>. Acesso em: 17 jul. 2018. RECIFE. Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente. CB27: casos de sucesso da gestão ambiental urbana no Brasil. Recife, 23 mar. 2016. Disponível em: <http://meioambiente.recife.pe.gov.br/sites/default/files/midia/arquivos/pagina- basica/casos_de_sucesso_da_gestao_ambiental_urbana_no_brasil.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2018. Gestão ambiental: planejamento territorial e ambiental20 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) é um conceito diferenciado de povoamento que surge no capítulo 7 da Agenda 21, definida na Rio-92, tornando relevante a oferta democrática de habitação e o assentamento humano sustentável, com cuidado especial para áreas com risco de desastre. Reforça esse conceito o fato de essas áreas estarem sob proteção legal preexistente, pois o Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), protege áreas de margem de cursos d’água, encostas com inclinação maior que 45°. Portanto, uma ZEIS não é estudada e planejada, é caótica, e seu planejamento se dá de forma paliativa, pois a situação real é que esse tipo de plano sempre é criado após a invasão humana de APP, por força de sobrevivência. Ou seja, as ZEIS são mais que componentes urbanos, são instrumentos de resgate do bem-estar das pessoas e da preservação do meio ambiente. São ferramentas importantes para a construção de cidades sustentáveis. Veja nesta Dica do Professor uma dica de atuação do engenheiro ambiental. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O planejamento ambiental é a chave do desenvolvimento sustentável pregado na Agenda 21, ou seja, o encontro do desenvolvimento socioeconômico com a conservação do meio ambiente, com utilização racional dos recursos naturais. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta. A) O Estatuto da Cidade estabelece tanto o planejamento urbano quanto o ambiental dentro do limite municipal e institui o planejamento urbano-rural para aqueles municípios onde a área rural é significativa. O desafio do planejamento ambiental é conectar o meio ambiente à vida urbana, aliando planejamento das cidades e suas zonas rurais e conservação racional do meio ambiente e B) melhoria da qualidade de vida da população. C) O Estatuto da Cidade prevê o planejamento urbano em cidades com mais de 85% de urbanização, desde que o Plano Diretor preveja 15% de APA. D) O Planejamento Econômico Ecológico é um instrumento do Governo Estadual para ligar os Planejamentos Ambientais Municipais, visando também ao uso racional dos recursos ambientais pregado pelo PNMA. E) O planejamento ambiental é específico para o planejamento urbano por meio da regulamentação de APAs. 2) A Lei no 11.997/09 definiu a regularização fundiária como instrumento do Plano Diretor, caracterizando-a como conjunto de medidas ambientais para regularização de assentamentos informais, portanto: A) tem poder, como instrumento do Plano Diretor, de realizar transferências emergenciais de forma compulsória, ressaltando que estas devem ser tomadas em um prazo de cinco anos. B) não tem poder de regularização de comunidades autoinstaladas dentro de APP, para isso precisa do Zoneamento Econômico Ecológico. C) tem forte reflexo na regularização fundiária e na instalação do saneamento básico de comunidades de baixa renda. D) é uma medida municipal, então, cabe ao Poder Público o poder decisório, a aprovação de medidas e, após, a execução sem interferência de terceiros. E) não pode promover justiça social com assentamentos nas áreas urbanizadas – obriga a urbanizar em áreas livres, apenas. 3) Os instrumentos urbanísticos disponíveis para a execução do Plano Diretor têm por função a ordenação e o controle do uso do solo, evitando a retenção especulativa de imóvel urbano. Sobre esses instrumentos, é correto afirmar que: A) os instrumentos, considerando a existência de infraestrutura e demanda para o uso de imóveis, previnem a subutilização ou não utilização. B) o município tem preferência na aquisição de terrenos, mas não pode agir de forma compulsória. C) ao exercer o direito de preempção, o município pode especular com as propriedades adquiridas de maneira a valorizá-las. D) o Plano Diretor dita uma grandeza chamada coeficiente básico de aproveitamento, que é constante e absoluto, ou seja, não pode ser mudado. E) da mesma forma, por força da PNMA e da Política Agrícola Nacional, não se pode alterar o uso do solo. 4) O Zoneamento Ambiental, regulamentado pelo Decreto no 4.297/2002, o mesmo que instituiu o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), se baseia no conhecimento das informações essenciais para estabelecer os possíveis riscos de impacto ambiental por região em um município. Sobre esses instrumentos, é correto afirmar que: A) o Zoneamento Ambiental é a divisão do território em áreas de preservação nas quais os usos são predeterminados, mas com flexibilidade na execução das atividades que não estejam previstas.B) a Constituição de 1988 permite interpretações que criam um “direito adquirido de poluir” por empresas estatais, que são patrimônio público e, nesse caso, o interesse da coletividade supera o interesse particular. C) o objetivo do Zoneamento Ambiental é o aproveitamento econômico da área zoneada por meiode regras legais de uso da propriedade, para conservar a qualidade ambiental. D) ZEE é um conjunto opcional de medidas e padrões de proteção ambiental para a implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas no interesse da sustentabilidade. E) apesar de ter sido regulamentado pelo Decreto no 4.297/2002, de abrangência nacional, o Zoneamento Ambiental é ligado ao Plano Diretor, como se refere o Estatuto da Cidade, portanto, é realizado em âmbito municipal, ou seja, sua aplicação é local, quando o assunto é política urbana. 5) A Lei no 9.985/2000 estabelece a categoria de Áreas de Preservação Ambiental (APA), uma Unidade de Conservação (UC) fortemente enraizada no conceito de sustentabilidade. Sobre esse conceito, analise as afirmações a seguir e assinale a mais correta. A) A Resolução CONAMA no 10/1988 determina ser dispensável um Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE) para que uma Área de Proteção Ambiental seja gerenciada. B) Como foi criada pelo Poder Público, cabe à Secretaria do Meio Ambiente ou à entidade substitutiva municipal seu gerenciamento. C) Não é permitida a implantação de APA em áreas privadas, pois se trata de patrimônio ambiental de uso racional. D) APA é uma UC compatível com a propriedade privada, já que a lei que a define prevê a possibilidade de alguma ocupação humana, desde que não impactante. E) Por ser um caso especial de APP, a lei a define como uma área extensa com recursos ecológicos intocados. NA PRÁTICA O Estatuto da Cidade, no § 2º do art. 41, determina que seja elaborado um plano de transporte integrado, compatível com o Plano Diretor, ou nele inserido em cidades com mais de 500 mil habitantes, em preocupação com a ordenação e o desenvolvimento urbanos e a preservação ambiental. Qualquer alteração no Plano Diretor deve ser aprovada em conjunto com a comunidade. O direito de preempção é o direito de preferência dado ao Poder Público na compra de imóveis, quando esses imóveis forem necessários para a realização de ações urbanísticas, ordenamento e direcionamento da expansão urbana, evitando a especulação imobiliária e possibilitando a reurbanização. A outorga onerosa do direito de construir é um instrumento do Plano Diretor que permite que se construa e negocie imóveis de vocação diferente do preestabelecido, possibilitando mudanças de áreas residenciais para comerciais, por exemplo. Veja como o engenheiro Paulo, preocupado com as questões ambientais e urbanas de sua cidade, entra de cabeça no debate do Plano Diretor Participativo de sua cidade. Quais suas propostas? Como resolveu os problemas? Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Casos de sucesso da gestão ambiental urbana no Brasil. Neste artigo, você saber que o Brasil tem vários municípios que estão assumindo seu papel de protagonistas como cidades sustentáveis? Isso mesmo, temos vários casos de sucesso em Planejamento Urbano e Ambiental. Na Rio+20, se falou a primeira vez do papel da cidade como protagonista do desenvolvimento urbano sustentável, que antes ficava a cargo do Governo Federal, que criava programas e projetos, mas não estava lá no dia a dia. Lá surgiu o Fórum das 27 Secretarias de Meio Ambiente das Capitais Brasileiras – CB27. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Prefeitura já notificou 59 imóveis ociosos na lei do IPTU progressivo Neste site, você vai conhecer porque a cidade de Bauru/SP leva a sério o Plano Diretor com a aplicação da Lei Municipal do IPTU Progressivo, criada em 2011, que só ano passado começou a ser aplicada. Porém, é uma medida muito útil, pois de olho no cumprimento da função social desses imóveis, já notificou 59 imóveis ociosos, a maioria no centro da cidade. Os imóveis notoriamente abandonados, sem registro de pagamento de IPTU por três anos, podem ser “arrecadados” pela Prefeitura, sem custos. Essa Lei Municipal de 2013 exige apenas que se notifique o proprietário. São imóveis em área residencial propositadamente ociosos para diminuir a oferta e elevar o preço geral dos aluguéis, o que é especulação imobiliária. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O que levou à revisão da Lei de Zoneamento ao Judiciário paulista? Com base na falta de participação da comunidade, afinal, o Plano Diretor é participativo, o Ministério Público São Paulo interrompeu a discussão do projeto da Lei de Zoneamento e mandou recomeçar do zero. O que aconteceu foi que havia “intensa interlocução” apenas com o setor imobiliário, deixando sem informações órgãos da própria Prefeitura, órgãos de controle, entidades, movimentos e associações ligados às questões urbana e ambiental, caracterizando flagrante conflito de interesses. A Prefeitura defende que a produção imobiliária está impactada pela crise econômica, que pretende recuperar o Fundo de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) com o uso da outorga onerosa, e que, diminuindo a porcentagem mínima de construção de habitação de interesse social (HIS), vai aumentar a produção. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública APRESENTAÇÃO Saneamento básico pode ser entendido como um conjunto de serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza e drenagem urbanas, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. A Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007, conhecida como Lei de Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico, ou simplesmente Lei do Saneamento Básico, reconhece os serviços que compõem o saneamento básico e as razões do atraso no Plano Nacional de Saneamento Básico, construindo alternativas para a correção da defasagem. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os principais aspectos que permeiam a tênue relação entre saneamento básico e saúde pública, além de entender como a falta de saneamento ou saneamento inadequado podem afetar a qualidade de vida da população e de que forma o engenheiro ambiental pode contribuir com essa questão. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os conceitos de saneamento básico e saúde pública.• Relacionar os riscos da falta de saneamento básico para a saúde pública.• Descrever métodos de controle ambiental vinculados ao saneamento e à saúde pública.• DESAFIO O saneamento básico tem um forte componente cultural e educacional, e sua ausência ou falta de qualidade golpeia diretamente o bem-estar social da comunidade. No Brasil, a falta ou ausência de qualidade de saneamento é o principal problema de saúde pública e ambiental. Devido às disparidades sociais, acompanhadas de diferenças na qualidade dos serviços de saneamento, o assunto também pode ser de interesse do terceiro setor, que, historicamente, vem direcionando suas ações de ajuda e preservação ao desenvolvimento de comunidades locais, de forma a estimular sua participação em campanhas de esclarecimento e educação ambiental. Nesse contexto, você, que é um excelente engenheiro ambiental com vasta experiência em saneamento básico, recebeu a seguinte demanda. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A partir da análise da situação da cidade, liste as ações que devem ser realizadas para resolver o problema de saneamento ambiental na cidade de Encrencorama. INFOGRÁFICO ETEs são uma das alternativas mais comuns para o tratamento da drenagem domissanitária de uma cidade. São diversas etapas de filtragem, que incluem peneiras,substratos granulosos, como areia, e até mesmo tratamento químico e biológico. A coleta e o tratamento da drenagem urbana, uma das medidas primordiais do saneamento básico, traz melhorias diretas na saúde pública, pois evita o contato das pessoas com agentes infecciosos causadores das doenças de veiculação hídrica. Veja, no infográfico a segui as etapas dessa metodologia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO Há uma tênue relação entre saneamento básico e saúde pública. A falta de saneamento ou saneamento inadequado pode afetar a qualidade de vida da população. O saneamento básico e a saúde pública estão intimamente relacionados às medidas de contenção das formas de contaminação por material orgânico que produzimos, pois contribuem para impedir que os rejeitos causados pela população contaminem os cidadãos. No capítulo Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública, da obra Meio ambiente, você verá a importância do saneamento básico para a saúde pública. Além disso, será analisada a Legislação referente ao saneamento básico e à saúde pública como obrigações do Estado, e até onde ele pode intervir como fornecedor e fiscalizador. Também, serão discutidos os principais riscos à saúde pública relacionados à falta de saneamento básico e como esses atingem o bem- estar coletivo da população. Por fim, será apresentado o papel do engenheiro ambiental nas ferramentas de controle ambiental, principalmente as que recaem direta e indiretamente sobre o saneamento básico, discutindo alternativas de intervenção em sua melhoria e, consequentemente, seu reflexo na saúde pública. MEIO AMBIENTE Anderson Pires Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir os conceitos de saneamento básico e saúde pública. � Relacionar os riscos da falta de saneamento básico para a saúde pública. � Descrever métodos de controle ambiental vinculados ao saneamento e à saúde pública. Introdução Este capítulo trata sobre a tênue relação entre saneamento básico e saúde pública e sobre como a falta de saneamento, ou o saneamento inade- quado, pode afetar a qualidade de vida da população. Vamos analisar a legislação referente ao saneamento básico e à saúde pública como obriga- ções do Estado, e até que ponto o Estado pode intervir como fornecedor e como fiscalizador. Vamos discutir os principais riscos à saúde pública relacionados à falta de saneamento básico e como atingem o bem-estar coletivo da população. Por fim, vamos conhecer o papel do engenheiro ambiental nas ferramentas de controle ambiental, principalmente as que recaem direta e indiretamente sobre o saneamento básico, discutindo alternativas de intervenção em sua melhoria e, consequentemente, seu reflexo na saúde pública. Importância do saneamento básico na saúde pública A primeira definição de saneamento, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata do controle dos fatores ambientais da nossa espécie que prejudicam ou possam prejudicar o nosso bem-estar, e o que faz determinado lugar melhorar a qualidade de vida e a saúde da população, fornecendo condi- ções, no mínimo, adequadas, e/ou evitando prejuízos a esse bem-estar. Assim, podemos afirmar que o saneamento básico é um serviço. Contudo, precisa que algum órgão, entidade ou empresa execute as atividades relacionadas a esse serviço, de forma a garantir que seus clientes, no caso a população, recebam serviços de qualidade e usufruam de seus efeitos benéficos. Por ser um serviço essencial, como veremos neste capítulo, a prioridade é que seja executado, não importa se por uma empresa pública municipal, estadual ou federal, ou privada, com ou sem fins lucrativos — o importante é que o serviço seja prestado. A OMS conceitua saúde pública de forma autonômica em relação à saúde individual ou privada, ou seja, como “a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a saúde, por meio de medidas de alcance coletivo e de motivação da população” (SILVA JÚNIOR, 2013, p. 2), incluindo as ações direcionadas para a solução dos problemas diretos ou indiretos da saúde popular, como as questões ambientais, de saneamento básico, socioeconômicas e culturais, incluindo a medicina preventiva e sanitarista. Assim, entende-se o conjunto de medidas objetivas de prevenção e controle de enfermidades, de forma a garantir a saúde privada de todos e cada um dos membros de uma coletividade, como uma alavanca impulsionadora do progresso e da coesão nacional. O saneamento básico, então, é o conjunto de atividades ligadas ao afas- tamento de nossos dejetos e rejeitos ou, de certa forma, um tipo de apoio logístico. Portanto, atividades que levem adiante o que rejeitamos, bem como equipamentos, sistemas e técnicas associadas, fazem parte do saneamento básico. Assim, podemos relacionar o saneamento básico com a drenagem urbana e o tratamento de esgoto doméstico e industrial, de resíduos sólidos urbanos (RSU) e de resíduos industriais, e com a limpeza urbana. Contudo, saneamento básico não se refere apenas ao controle de rejeitos, mas ao controle das entradas, como o fornecimento de água potável e a garantia de alimentos livres de contaminação. Ainda, como a função do saneamento básico é ga- rantir a saúde pública, o controle de doenças, vetores e pragas também deve ser incluído no rol de serviços. Finalmente, temos o esgotamento pluvial, pois alagamentos e estiagens também influenciam o bem-estar da população. De fato, a Lei de Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico, ou Lei do Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública2 Saneamento Básico (n. 11.445/2007), define saneamento básico como um con- junto de serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais, de responsabilidade dos governos Municipal, Estadual e Federal, porém afirma que o planejamento e a execução devem ser feitos pelo município, podendo ser contratada uma concessionária pública e/ou privada para a prestação dos serviços (BRASIL, 2007). Problemas de gestão atrasarão o cumprimento da agenda governamental de sa- neamento no País: o atraso no Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), admitido pelo Governo, deve-se ao andamento das obras e à falta de compromisso das gestões responsáveis. O PLANSAB tinha como meta atender a 90% do território nacional até 2033. Porém, um estudo privado que analisava os investimentos detectou um déficit de quase 50% em relação ao mínimo necessário anualmente para se atingir a meta governamental que, nesse ritmo, terá um atraso de quase 20 anos. Leia mais em (GO ASSOCIADOS, 2017): https://goo.gl/GhSoCD Mesmo antes dessa lei, a Constituição Federal de 1988 já garantia a saúde, o meio ambiente equilibrado e uma vida digna como direitos fundamentais do brasileiro — e o saneamento básico é fundamental para garantir esses direitos. O Artigo 21 (BRASIL, 1988) delega ao Governo Federal a elaboração das diretrizes para o saneamento básico, enquanto, conforme o Artigo 24 (BRASIL, 1988), os Governos Estaduais também podem tratar da preserva- ção ambiental e do controle da poluição, à medida que os municípios podem interferir localmente nas leis estaduais e federais. O saneamento básico tem um forte componente cultural e educacional, e sua ausência ou falta de qualidade golpeia diretamente o bem-estar social. Assim, é normal considerá-lo como um bom indicador socioeconômico, o que justifica o interesse do poder público em regular e garantir os serviços relacionados a políticas que garantam a qualidade desses serviços. No Brasil, a falta ou ausência de qualidade de saneamento é o principal problema de saúde pública e ambiental. Devido às disparidades sociais, acompanhadas de diferenças na qualidadedos serviços de saneamento, o assunto também pode 3Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública ser de interesse do terceiro setor que, historicamente, vem direcionando suas ações de ajuda e preservação ao desenvolvimento de comunidades locais, de forma a estimular sua participação em campanhas de esclarecimento e educação ambiental. O relatório da OMS (WORLD HEALTH ORGANIZATION; UN-WATER, 2014), UN-water global analysis and assessment of sanitation and drinking- -water (GLAAS) 2014 — report, informa que a proporção de investimento em água e saneamento e gastos em saúde é de 1 para 4,3, ou seja, a cada dólar investido em saneamento, economizam-se US$ 4,3 em saúde. O mesmo relatório coloca, ainda, números estarrecedores: 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso ao saneamento básico, e 1 bilhão não usa banheiros (WORLD HEALTH ORGANIZATION; UN-WATER, 2014). Entretanto, infelizmente, não há tanto investimento, e o comprometimento financeiro ainda é multo alto. Conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) (NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL, 2014), essa proporção é de US$ 10 de economia em saúde para cada US$ 4 investidos em saneamento, e saúde preventiva e educação devem estar relacionadas a esse assunto em qualquer programa. Saneamento sem educação, sem inclusão social, não funciona, não acaba com as doenças, e apenas cuidados com o lençol freático não são suficientes para resolver esses problemas, já que o uso de água contaminada traz outra série de doenças associadas. Outro gargalo na perda desses recursos é a contaminação dos mananciais, o que causa um efeito cumulativo, aumentando os custos de tratamento, e onde não há tratamento, aumenta a incidência de doenças relacionadas. Ou seja, é necessário melhorar a drenagem urbana e a disposição dos RSU e industriais de maneira ambientalmente adequada, para que a contaminação da captação de água diminua e para que haja economia no tratamento de água, além de todos os seus efeitos benéficos. Esse investimento gera economia de recursos. Ao saneamento básico deve ser delegada prioridade, pois se trata de neces- sidade básica para a sobrevivência, o bem-estar e o desenvolvimento. Portanto, investimentos em estações de tratamento, redes e malhas são prioritários, pois a melhoria da qualidade de vida previne o surgimento de outros problemas de resolução mais difícil (Figura 1). Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública4 Figura 1. Problemas de saneamento básico em São Paulo causam poluição do Rio Tietê e aumentam o custo do tratamento de água. Fonte: Jaboticaba Fotos/Shutterstock.com. Impacto do saneamento básico na saúde Como vimos, saneamento básico eficiente corresponde à melhoria na saúde pública. Sem entrar no mérito financeiro, ficou evidente que essa melhoria afeta a qualidade de vida. Podemos salientar três efeitos da falta de saneamento básico com influência direta na saúde pública: a contaminação por agentes patogênicos, causada pela ingestão/uso de água contaminada ou de alimentos contaminados durante a produção; a convivência ou o contato direto com água não tratada na área domiciliar; e a presença de RSU no entorno da área domiciliar, favorecendo a presença de animais vetores e de contaminação direta. Pelos dados apresentados, há uma defasagem clara no saneamento ambiental do País relacionada, principalmente, à falta de investimentos e vontade pública, bem como à degradação do sistema de ensino. Esses fatores reunidos propiciam o contato do esgoto domissanitário com os mananciais ou com as pessoas, no caso de esgoto não drenado. Depósitos irregulares ou mal gerenciados também contribuem com essa contaminação, pois a fermentação dos resíduos orgânicos produz um lixiviado, denominado chorume, que se intensifica em volume se há exposição a intempéries. Podemos adicionar, ainda, o gerenciamento ineficiente 5Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública ou a ausência de gerenciamento de lixo hospitalar e industrial. Se considerar- mos apenas a contaminação biológica, colocando de lado as contaminações físicas e químicas, temos uma vasta fonte de microrganismos, protozoários e fungos para serem ingeridos ou transportados por insetos, roedores e aves — a situação é calamitosa. É consenso mundial que as doenças relacionadas à deficiência no saneamento atingem mais as crianças, principalmente as de veiculação hídrica (infecções intestinais, cólera, febre tifoide, poliomielite, disenteria amebiana, esquistossomose e shigelose), geralmente diarreicas que, associadas à desidratação consequente, tornam-se responsáveis por quase 90% dos óbitos infantis. O inverso também é válido: o acesso à água encanada e à drenagem urbana diminui os índices negativos. Estudos feitos no Brasil demonstram a relação entre educação, pobreza e saneamento como fatores mais relevantes para a mortalidade infantil. Nesse quadro, constata-se que pouco mais da metade da população brasileira tem acesso ao tratamento de esgoto sanitário; logo, constata-se que a outra parte vive em, pelo menos, uma das situações anteriormente elencadas. As desigualdades sociais agravam esse quadro, pois vemos uma desproporção no acesso ao tratamento de esgotos entre as regiões Norte e Sudeste, de 90 para 17%. As doenças relacionadas incidem proporcionalmente a esses índices, demonstrando clara correlação. Um estudo que relacionou as deficiências dos serviços de saneamento básico no País com o número de consultas, internações e óbitos registrados na década passada encontrou, em média, 13.500 mortes anuais. No mesmo período, foram constatadas médias anuais de mais de 450 mil notificações compulsórias, custando mais de R$ 30 milhões em consultas médicas, somadas a quase 760 mil internações hospitalares, com um custo de mais de R$ 2 bilhões relacionadas a doenças causadas por problemas de saneamento básico. A pesquisa relacionou esses custos a uma população de 190,7 milhões de pessoas em 2010, com os custos do final da década passada. A população atual é de quase 213,4 milhões, distribuída de maneira desigual pelo País, com concentração cada vez maior nas regiões metropolitanas, causada pelo crescimento populacional regional e pela migração do interior e zonas rurais, ou fugindo da falta de oportunidades, ou buscando novas. Soma-se a isso um crescimento urbano caótico, caracterizado pela invasão e pela ocupação insalubre de áreas de preservação permanente e áreas de risco, com uma defasagem crescente no saneamento básico, para se obter um quadro geral em que, em alguns locais, a falta de saneamento básico vitima pelas conse- quências de alagamentos e chuvas, enquanto, em outros, pela necessidade de racionamento de água derivado das longas estiagens. Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública6 A prevalência de doenças de veiculação hídrica relacionadas à deficiência no saneamento básico infere que este restringe-se ao tratamento de água e esgoto, mas o conceito é muito mais amplo. A limpeza pública e a coleta de RSU, incluindo as ações de redução, reutilização, reciclagem, tratamento e destinação final ambientalmente adequada, drenagem pluvial e controle de vetores de doenças transmissíveis, também são ações de saneamento básico. Cabe ressaltar que o controle de vetores é transversal em diversos aspectos do saneamento básico, relacionados a água, esgoto e RSU. Quando a falta de saneamento básico ameaça a saúde pública: a falta ou ineficiência do saneamento básico permite que doenças se proliferem de maneira descontrolada, gerando desde casos isolados até epidemias. As mais frequentes são as chamadas doenças de veiculação hídrica, causadoras de diarreia e consequente desidratação. A população infantil é a que sofre mais com essas doenças, principal ocorrência de óbitos tristemente marcados como indicadores de pobreza. Leia mais em (JORNAL DIA DIA, 2016): https://goo.gl/wxbw43 Existem diversas maneiras de contaminar a água, desde a simples faltade higiene até o contato direto com agentes infectantes. Portanto, a contaminação pela água pode ocorrer desde o contato corporal, mesmo que sem ingestão, com águas contaminadas, por ingestão de água não tratada ou contaminada após o tratamento, no transporte ou por falta de higiene no manuseio, além de muitas outras maneiras. Apesar de se tratar de meio aquoso, é necessário diferenciar esgoto de água contaminada, pelo fato de usar água como veículo de transporte de sujidades, fezes e urina, efluentes de limpeza doméstica e de pia, etc., caracterizando a intenção de fazê-lo. Essa ação nem sempre pressupõe que haverá uma recupe- ração dessa água utilizada, e esse é o problema de deficiência de saneamento básico. Nesse quesito, cabe às entidades e às agências ambientais, em conjunto com as prefeituras, emitirem laudos de balneabilidade e sinalizarem as áreas impróprias para banho. Então, temos dois problemas apresentados: o primeiro é relativo à drenagem urbana, e o segundo, ao tratamento. A canalização pode ou não estar presente e, nesse caso, pode ou não ser eficiente. O principal 7Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública problema de saúde, como já apresentado, é a existência frequente e persistente de “esgotos a céu aberto” nas regiões mais pobres e insalubres (Figura 2). Por preconceito, isso é frequentemente associado à pobreza, mas, em muitos casos, é também consequência da incompetência da administração pública em lidar com o problema. Nem sempre a drenagem urbana significa resolu- ção do problema, pois, em muitas comunidades, por falta de conhecimento, consequência e/ou fiscalização, há mistura do esgoto domissanitário com o pluvial, causando o deságue de água contaminada nos mananciais. Esse procedimento é a raiz do encarecimento do tratamento da água para consumo, e diversos estudos têm detectado interferentes metabólicos, como hormônios e drogas, na água potável. O manejo de RSU apresenta as mesmas características do que ocorre com o esgoto: exposição e ineficiência — e pelos mesmos motivos. Uma vez que encontramos RSU expostos intencionalmente ou não, ou não coletados, ou dispostos em local correto, as consequências são as mesmas: presença e contaminação de vetores de doenças, como moscas, baratas, pombos e ratos (mas não limitados a esses), e contato direto de pessoas, além da produção de lixiviados derivados da decomposição e/ou lavagem pela chuva. Além das doenças relacionadas diretamente à ingestão ou ao contato com a água contaminada, ainda temos que considerar a contaminação de alimentos com um agravante cultural: embora a contaminação seja associada à falta de sane- amento na região produtiva, geralmente em zona rural, é a falta de higiene ao não lavar corretamente os alimentos, ou as mãos e os utensílios, que permite a infecção pela ingestão de cistos de protozoários e ovos de vermes. O controle de vetores de doenças também é parte do saneamento básico, mas a população da maioria dos vetores é diretamente afetada pelo manejo e pela disposição de RSU — a presença de matéria orgânica atrai vetores como insetos e roedores em busca de alimento, que acabam procurando abrigo e alimento nas residências do entorno. Entretanto, devemos ressaltar que a proliferação de mosquitos, diretamente relacionada ao aumento de casos de doenças como malária, dengue, zika, chikungunya, bem como ao reaparecimento da febre amarela, deve-se ao caso particular de acúmulo de água parada, limpa ou não, dependendo da espécie do vetor, ou da deterioração ambiental que provoca a diminuição de predadores. É evidente que a qualidade do saneamento básico interfere diretamente na saúde pública, mas não é um fator que deve agir isolado, pois a educação por meio de programas de saúde e educação ambiental amplia a proteção das comunidades. Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública8 Figura 2. Esgotos a céu aberto e ausência de coleta de lixo são problemas globais em consequência da ineficiência na gestão do saneamento básico. Fonte: John Wollwerth/Shutterstock.com. Controle ambiental, saneamento básico e saúde pública Como já foi discutido, o crescimento populacional nas metrópoles como consequência de vários componentes sociais e econômicos afeta diretamente a saúde pública, pois há uma defasagem no acompanhamento desse cres- cimento, e essas novas comunidades ficam em situação de insalubridade crônica. Entretanto, deve-se considerar que essas mesmas comunidades não param de consumir; então, o crescimento populacional é acompanhado de um desenvolvimento industrial que também afeta o meio ambiente pela mesma defasagem no saneamento básico. Esse crescimento industrial é acompanhado pelo aumento da geração de resíduos líquidos, sólidos e gasosos que, por sua vez, a despeito da fiscalização, causam impacto significativo no saneamento básico, em especial, os efluentes líquidos. Esses efluentes são importantes por entrarem em uma conta fácil de entender: 97,3% da água do planeta é salgada, e requer tecnologia de des- salinização bem desenvolvida e acessível, o que ainda não é realidade; outra parte, 2,1%, está congelada e inacessível e, apenas 0,6% da água do planeta não se inclui nos dois casos anteriores. Para agravar a situação, 97,7% dessa 9Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública água é subterrânea e, da mesma forma como isso não é uma limitação para o seu uso, também não é para sua contaminação. Considerando essas informações, fica fácil perceber que o alvo do desen- volvimento tecnológico em saneamento básico é o tratamento de efluentes industriais e domissanitário, além do tratamento de água. Ao tratar o problema como uma oportunidade, é possível identificar dois modos de ação: aumentar a abrangência das tecnologias convencionais e investir no desenvolvimento de novas tecnologias. Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas (ONU), o desenvolvimento sustentável deve atender às necessidades da atualidade sem comprometer o atendimento das necessidades das próximas gerações. Por isso, foram incluídos na Agenda 21 brasileira (BRASIL, [2003]) programas de inclusão social, de sustentabilidade urbana e rural, de preservação dos recursos naturais e minerais e de ética na política. Todos são fatores determinantes para o desenvolvimento do saneamento básico. Considerando que o principal meio de contaminação é a água, devemos entender que o mais eficiente é tratar cada efluente em sua geração, antes de ser lançado no corpo receptor. Esse tratamento está relacionado à qualidade do efluente e à legislação pertinente, que estabelecerá os parâmetros aceitáveis. É natural entendermos que esses dois fatores vão ser diferentes conforme a origem do efluente, que pode ser doméstica, agrícola, industrial ou pluvial, podendo não estar contaminada ou ter passado por um local de armazenamento de resíduos urbanos ou industriais. O tratamento é caracterizado pelas seguintes etapas: tratamento primário, ou uma filtração grosseira, em que se retiram os sólidos e os materiais ole- osos, além de regularizar o fluxo desse efluente líquido e controlar seu pH; tratamento secundário, uma biodigestão do que pode ser biodegradável; e o tratamento terciário, que visa à remoção de compostos químicos que persisti- ram dissolvidos, à remoção do cheiro da água e à sua preparação para reuso. Para a caracterização do efluente líquido, uma vez que sua composição é muito variável, foram estabelecidos, por meio de normatização, os seguintes critérios: o potencial poluidor de um efluente deve ser medido, inicialmente, a partir de sua Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), relacionada ao que é biodegradável e à medida de consumo de oxigênio pelos microrganismos envolvidos; a Demanda Química de Oxigênio (DQO), relacionada ao consumo de oxigênio durante a oxidação química; o Carbono Orgânico Total, método cada vez mais confiável, em que se mede aemissão de CO2 pela oxidação completa dos compostos orgânicos do efluente; e outros parâmetros, como a cor, Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública10 o pH, a turbidez, a dureza, o oxigênio dissolvido, os sólidos totais dissolvidos e flutuantes, a temperatura, o nitrogênio e o fósforo, o material tóxico e, é claro, os agentes patogênicos, com atenção à presença de coliformes termotolerantes, que indicam a contaminação por esgoto cloacal, especificamente. O tratamento de esgoto domissanitário é beneficiado pelo seu teor orgânico reduzido em relação ao industrial que, atualmente, direciona as tecnologias para a produção de fertilizantes e para o reuso da água. No caso dos efluen- tes industriais, isso pode ser mais complicado. As Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) são sítios de tratamento de águas residuárias (esgotos domissanitário e industrial) compostos de várias etapas. A seleção do que pode ser tratado em uma ETE obedece à matéria legal vinculada à Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA — Lei 6.938/1981) (BRASIL, 1981) e ao Decreto 99.274/1990 (BRASIL, 1990) — a partir dessa matéria, outras foram surgindo com regulamentações, adaptações e modernizações, nos âmbitos nacional, estadual e municipal. As ETEs devem envolver os tratamentos primário, secundário, terciário e outros. O tratamento primário, para a remoção de sólidos macroscópicos e grosseiros, inclui métodos cuja denominação é autoexplicativa. São feitos por grades e peneiras, caixas de areia e caixas de gordura, que podem ser separa- dores de água/óleo, tanques de sedimentação, que podem ser reapresentados após tratamento biológico (sedimentador secundário), equalizadores, que deixam o fluxo de efluente uniforme, neutralizadores (de pH), coaguladores e floculadores (há muito investimento no desenvolvimento de agentes floculantes biodegradáveis e recuperáveis, visando à substituição do sulfato de alumínio clássico), entre outros. Da natureza para a ETE — lodos ativados: as condições de decomposição da matéria orgânica na natureza obedecem ao ritmo externo, podendo ser lentas ou aceleradas, dependendo da temperatura. Se trouxermos os microrganismos da natureza para uma ETE, daremos para eles condições ótimas de trabalho. Essa é a ideia da ETE Biológica, que usa a tecnologia de lodo ativado. Leia mais em (COMPANHIA MUNICIPAL DE SANEAMENTO, 2017): https://goo.gl/bNfCcX 11Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública A entrada da iniciativa privada na área de tratamento de efluentes trouxe a revitalização de metodologias e a inovação do setor, antes dominado por repetições clássicas e dispendiosas, vistas exclusivamente sob o ponto de vista regulatório e do tratamento, sem considerar a possível geração de produtos, as alternativas locais, as inovações colaterais e a gestão de energia. Atualmente, passamos por uma época de conscientização sobre a finitude dos recursos não renováveis e sobre a consequente deterioração do meio ambiente e da qualidade de vida. Ao mesmo tempo, as alternativas empre- endedoras, com o surgimento de startups tecnológicas que pulverizam e democratizam o surgimento de soluções, e a visão de empreendimento da iniciativa privada trazem a lógica do investimento para a área de saneamento básico — investir no risco calculado para aumentar o benefício e reduzir as perdas: exatamente o problema do setor no País. Nesse contexto, encontramos a sustentabilidade em condomínios e residências, com o uso de alternativas de reuso de água, de olho na conta mensal e na contribuição individual para o bem coletivo. Na área rural, observamos alternativas de tratamento que reduzem a contaminação da produção agrícola e agregam valor à produção. Inovação direcionada à economia com benefício social é o motor da tecnologia. A Internet das Coisas (IOT, do inglês Internet of Things), aplicada ao monitoramento de consumo em tempo real, gerando Big Data e substituindo a transferência manual de dados, agiliza a tomada de decisões. O uso de biodigestores para a produção de biogás, associado à suinocultura, ou outras, além de buscar a sustentabilidade energética, demonstra essa lógica de transformar o que era considerado resíduo e um problema ambiental em matéria-prima. Temos o exemplo da Alemanha, que cumpre uma agenda rigorosa de eliminação de emissões e efluentes, implantando sistemas que aliam o tratamento de esgoto em ETEs clássicas à produção de fertilizantes para a agricultura (Figura 3), demonstrando, na prática, a viabilidade da sustentabilidade ambiental aliada à boa-vontade do setor público. Um estudo recente do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em ETEs Sustentáveis aponta o desperdício que o preconceito em relação ao esgoto traz, estimando que sua transformação em matéria-prima poderia gerar uma economia em recursos naturais na casa dos bilhões de reais, sem entrar no mérito da redução de perdas no saneamento básico e na redução de gastos em saúde, ou mesmo na geração de negócios pela agregação de valor ao tratamento de esgotos. Na área rural brasileira, temos as tecnologias da Fossa Séptica Biodigestora e do Clorador da Embrapa, substituindo a necessidade de intervenção do poder público com aumento de qualidade de vida e de sanidade na produção de hortifrutigranjeiros. Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública12 Devemos ficar atentos a novas tecnologias aplicáveis ao saneamento básico como um capítulo não escrito no desenvolvimento tecnológico do setor, além de mudar nossa visão de solução de problemas para a ação preventiva e para a visão de que a oportunidade está onde há um problema para ser resolvido, agregando-lhe valor e promovendo o desenvolvimento econômico. Sob essa lógica, cabe ao Engenheiro Ambiental estar sempre a par de novas tecnolo- gias, dedicando mais tempo ao aperfeiçoamento contínuo a fim de migrar da aplicação de manuais para a inovação. Figura 3. Planta de tratamento de esgotos junto ao rio Reno, na Alemanha — ETE associada à produção de fertilizantes orgânicos agrícolas. Fonte: Riekephotos/Shutterstock.com. 1. O saneamento básico é um dos problemas mais antigos da sociedade e continua presente nos dias atuais. Como podemos conceituar o saneamento básico? a) Uma técnica para tratar o esgoto sanitário. b) Um conjunto de métodos e ações que inclui o tratamento do esgoto 13Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública sanitário e o gerenciamento dos resíduos urbanos. c) Um conjunto de métodos e ações para distribuição da água potável. d) Um conjunto de métodos e ações que inclui distintos serviços urbanos. e) Um método de controle urbano para os serviços básicos, como tratamento de água e esgoto, limpeza urbana, gerenciamento dos resíduos sólidos e drenagem urbana. 2. A Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua saúde pública como a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a saúde, por meio de medidas de alcance . Marque a alternativa que preenche corretamente o conceito colocado. a) Individual. b) Privado. c) Coletivo. d) Familiar. e) Público. 3. A falta ou ineficiência do saneamento básico permite que doenças se proliferem de maneira descontrolada, causando sérios problemas de saúde pública. As condições mais frequentes são as chamadas doenças de veiculação hídrica, que são: a) doenças causadas pela picada de insetos. b) doenças que se originam na falta de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. c) doenças causadas por invertebrados. d) doenças causadas pela ingestão de alimentos contaminados. e) doenças causadas por microrganismos nocivos presentes na água. 4. Imagine-se fiscal ambiental de uma pequena cidade do interior. O prefeito sinalizou para a ocorrência de inúmeros casos de infecção intestinal, sobretudo em crianças de dois bairros da periferia, havendo, inclusive, dois casos de morte. Na ocasião, chegou ao seu departamentoo pedido de colaboração na investigação, e você é incluído na equipe. Chegando ao local, vocês se deparam com a seguinte cena: crianças brincando em um arroio e inúmeras canalizações com efluentes escuros desembocando ali. Diante da cena, você conclui que: a) o problema está na falta de tratamento da água. b) o problema está na falta de tratamento da água do arroio. c) o problema está na falta de tratamento de esgoto. d) o problema está na presença de resíduos sólidos no arroio. e) o problema está nas crianças brincando no arroio. 5. O tratamento de esgoto em ETE Biológica é uma das soluções mais sustentáveis para o problema de esgotamento sanitário, sendo que: a) o tratamento secundário por biodigestão da matéria orgânica do esgoto é uma das extensões mais promissoras desse tratamento. b) o tratamento microbiológico secundário é responsável, entre outras coisas , pela eliminação do mau cheiro característico do esgoto. Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública14 c) o tratamento primário do esgoto é uma das etapas estratégicas do processo. d) é possível utilizar diretamente o esgoto como produto ou matéria-prima, viabilizando seu uso como fertilizante. e) o processo de tratamento biológico se encarrega de fazer a desinfecção da água, eliminando os agentes patogênicos com altas doses de biocidas. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm>. Acesso em: 05 jul. 2018. BRASIL. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981... Brasília, 06 jun. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d99274.htm>. Acesso em: 05 jul. 2018. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, 31 ago. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/Leis/L6938compilada.htm>. Acesso em: 05 jul. 2018. BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico... Brasília, DF, 5 jan. 2007. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 04 jul. 2018. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21 brasileira. Ministério do Meio Am- biente, [2003]. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioam- biental/agenda-21/agenda-21-brasileira>. Acesso em: 05 jul. 2018. COMPANHIA MUNICIPAL DE SANEAMENTO. Tratamento de esgoto: o processo de tratamento de esgotos - uma breve introdução. , Novo Hamburgo, ago. 2017. Disponível em: <http://www.comusa.rs.gov.br/index.php/saneamento/ tratamentoesgoto>. Acesso em: 05 jul. 2018. GO ASSOCIADOS. Diagnóstico e perspectivas para os investimentos em saneamento no Brasil. , [São Paulo], 26 jun. 2017. Disponível em: <https://goassociados.com.br/ diagnostico-e-perspectivas-para-o-os-investimentos-em-saneamento-no-brasil/>. Acesso em: 04 jul. 2018. JORNAL DIA DIA. Falta de saneamento básico no Brasil é grande ameaça à saúde pública. Portal Saneamento Básico, [S.l.], 02 fev. 2016. Disponível em: <https://www. 15Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública saneamentobasico.com.br/falta-de-saneamento-ameaca-saude-publica/>. Acesso em: 05 jul. 2018. NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. OMS: Para cada dólar investido em água e saneamento, economiza-se 4,3 dólares em saúde global. , [S.l.], 20 nov. 2014. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/oms-para-cada-dolar-investido-em-agua-e-saneamento- economiza-se-43-dolares-em-saude-global/>. Acesso em: 06 jul. 2018. SILVA JÚNIOR, I. S. A garantia da sustentabilidade dos recursos hídricos por meio do saneamento básico. Jus.com.br, Teresina, p. 1-2, fev. 2013. Disponível em: <https:// jus.com.br/artigos/23749/a-garantia-da-sustentabilidade-dos-recursos-hidricos-por- meio-do-saneamento-basico/2>. Acesso em: 04 jul. 2018. WORLD HEALTH ORGANIZATION; UN-WATER. UN-water global analysis and asses- sment of sanitation and drinking-water (GLAAS) 2014 report: investing in water and sanitation: increasing access, reducing inequalities. Geneva, 2014. Disponível em: <http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/139735/9789241508087_eng. pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 05 jul. 2018. Risco e controle ambiental: saneamento e saúde pública16 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR ETE é um sistema escalar de tratamento de drenagem do esgoto domissanitário, que envolve filtragens em graus diferentes e tratamentos químico e biológico. Acompanhando a modernidade, tem-se melhorado o tratamento biológico a ponto de se aproveitar a capacidade de alguns micro-organismos produzirem calor, o que acaba esterilizando o lodo produzido, que pode ser aproveitado como fertilizante. Veja, nesta Dica do Professor, essa alternativa sustentável para o saneamento básico e o tratamento de águas residuárias: a ETE biológica. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O saneamento básico é um dos problemas mais antigos da sociedade humana e continua presente nos dias atuais. Podemos conceituar saneamento básico como: A) uma técnica para tratar o esgoto sanitário. B) um conjunto de métodos e ações que incluem o tratamento do esgoto sanitário e o gerenciamento dos resíduos urbanos. C) um conjunto de métodos e ações para distribuição da água potável. D) um conjunto de métodos e ações que incluem distintos serviços urbanos. E) um método de controle urbano para os serviços básicos, como tratamento de água e esgoto, limpeza urbana, gerenciamento dos resíduos sólidos e drenagem urbana. 2) A Organização Mundial de Saúde conceitua saúde pública como a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a saúde, por meio de medidas de alcance __________. Marque a alternativa que preenche corretamente o conceito colocado. A) individual B) privado C) coletivo D) familiar E) público 3) A falta ou ineficiência do saneamento básico permite que doenças se proliferem de maneira descontrolada, causando sérios problemas de saúde pública. As doenças mais frequentes são as chamadas doenças de veiculação hídrica, que são: A) causadas pela picada de insetos. B) de origem na falta de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. C) causadas por invertebrados D) causadas pela ingestão de alimentos contaminados. E) causadas por microorganismos nocivos presentes na água. Imagine-se fiscal ambiental de uma pequena cidade do interior. Ocorre que o prefeito sinalizou alerta para a ocorrência de inúmeros casos de infecção intestinal — 4) inclusive com dois casos de morte —, preferencialmente em crianças de dois bairros da periferia. Na ocasião, chega ao seu departamento a solicitação de colaboração na investigação, e você é incluído na equipe. Chegando ao local, vocês se deparam com a seguinte cena: crianças brincando em um arroio e inúmeras canalizações com efluentes escuros desembocando no mesmo. Então, você mata a charada e diz: A) o problema está na falta de tratamento da água. B) o problema está na falta de tratamento da água do arroio. C) o problema está na falta de tratamento de esgoto. D) o problema está na presença de resíduos sólidos no arroio. E) o problema está nas crianças brincando no arroio. 5) O tratamento de esgoto em ETE biológica é uma das soluções mais sustentáveis para o problema de esgotamento sanitário, sendo que: A) o tratamento secundário por biodigestão da matéria orgânica do esgoto é uma das extensões mais promissoras desse tratamento. B) o tratamento microbiológico secundário é responsável, entre outrascoisas , pela eliminação do mau cheiro característico do esgoto. C) o tratamento primário do esgoto é uma das etapas estratégicas do processo. D) é possível utilizar diretamente o esgoto como produto ou matéria-prima, viabilizando seu uso como fertilizante. E) o processo de tratamento biológico encarrega-se de fazer a desinfecção da água, eliminando os agentes patogênicos com altas doses de biocidas. NA PRÁTICA Veja como André, o secretário de obras e saneamento, resolve o problema de contaminação da água subterrânea da cidade, onde a maior parte do saneamento doméstico é feita por sumidouros. André sabe que essa forma de tratamento é inadequada, pois contamina o solo e as águas subterrâneas. Então, propõe formas mais adequadas de tratamento aos moradores da cidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Panorama da participação privada no saneamento Brasil A necessidade de investimentos pesados em tratamento de esgotos é evidente, e os contratos de concessão podem basear-se na legislação ambiental, na fixação de metas nesse aspecto. Para saber mais sobre o panorama da participação privada no Brasil, acesse: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Comparações internacionais: uma agenda de soluções para os desafios do saneamento brasileiro Das experiências internacionais de sucesso, devemos aprender a dar maior ênfase ao planejamento, aumentar a coordenação entre órgãos das distintas esferas governamentais, melhorar a participação privada com regulações apropriadas e enfatizar a eficiência refletida na redução de perdas. Leia mais sobre o assunto neste artigo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! RESOLUÇÃO Nº 54, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2005 Leia a norma que estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de água. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador APRESENTAÇÃO Atualmente existem mais de 23 milhões de substâncias químicas conhecidas, das quais cerca de 200 mil são usadas mundialmente. Essas substâncias são principalmente encontradas como misturas em produtos comerciais. Porém, apesar de essas substâncias trazerem uma enorme gama de benefícios para a vida da população, elas também podem provocar danos à saúde, ao meio ambiente e até incêndios e explosões, caso seu manuseio não ocorra de forma correta. Nesta unidade de aprendizagem, serão apresentados alguns exemplos de produtos químicos nocivos à saúde, os riscos que eles podem trazer às pessoas e alguns dos principais métodos para evitar contaminação, acidentes ou problemas de saúde. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Exemplificar setores e atividades que manipulam produtos químicos nocivos.• Relacionar os riscos à saúde do trabalhador na operação de atividades com manipulação química. • Descrever métodos de controle ambiental vinculados à saúde do trabalhador na operação de atividades com manipulação química. • DESAFIO O transporte rodoviário de produtos perigosos está regulamentado com base em Legislação e critérios técnicos, de acordo com as diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU). Isso demonstra a preocupação das autoridades e dos órgãos governamentais em manter rígido controle, uma vez que acidentes envolvendo o transporte de produtos perigosos podem ocasionar impactos significativos ao meio ambiente, ao patrimônio, bem como à segurança e à saúde das pessoas. Uma das primeiras ações a ser executada em um cenário acidental envolvendo o transporte rodoviário de produtos perigosos é a pronta classificação e identificação dos produtos envolvidos. O acesso às informações relativas às características físicas e químicas do produto subsidiará as equipes na imediata adoção de medidas de controle, reduzindo os riscos para a comunidade, os próprios atendentes da ocorrência e o meio ambiente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Com base nesse contexto você julga adequado ou inadequado o preenchimento do formulário contendo a identificação do hidróxido de sódio? OBS: justifique sua resposta com argumentos baseados nas observações citadas na identificação do produto. INFOGRÁFICO Diferentes atividades e setores da economia utilizam produtos químicos com as mais diversas composições. Por exemplo, as indústrias farmacêuticas utilizam reagentes químicos para fabricação de medicamentos, limpeza dos equipamentos e esterilização do ambiente. Porém, é fundamental manusear esses produtos com cautela, a fim de evitar riscos e contaminações químicas. De modo geral, um risco químico no ambiente de trabalho deve ser evitado ao máximo devido à exposição tóxica de sua ação. As medidas implantadas devem proteger o trabalhador, evitar novos acidentes e substituir rotinas, caso seja necessário. Para saber mais sobre os diferentes tipos de produtos químicos nocivos e os métodos de controle no manuseio deles, confira o infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO De modo geral, risco químico está relacionado ao perigo que a pessoa está exposta ao manipular produtos químicos — ou expor-se de alguma forma a agentes químicos agressores ao organismo. Os riscos químicos apresentam diversas características, entre elas: asfixiantes, tóxicos, cancerígenos, irritantes, alergênicos, inflamáveis, danosos ao meio ambiente, entre outros. Para saber mais a respeito de risco químico, leia o capítulo Risco e controle ambiental: riscos químicos e saúde do trabalhador, da obra Meio Ambiente. Nele, há alguns exemplos de produtos químicos nocivos à saúde, além de cuidados necessários ao utilizar certos tipos de produtos químicos, uma vez que eles podem trazer uma série de problemas de saúde, como irritações, queimaduras, alergias e, em casos mais graves, câncer e morte. MEIO AMBIENTE Ronei Stein Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Exemplificar setores e atividades que manipulam produtos químicos nocivos. � Relacionar os riscos à saúde do trabalhador na operação de atividades com manipulação química. � Descrever métodos de controle ambiental vinculados à saúde do trabalhador na operação de atividades com manipulação química. Introdução Atualmente, existem mais de 23 milhões de substâncias químicas conhe- cidas, e cerca de 200 mil são usadas em âmbito mundial. Essas substâncias são encontradas, principalmente, como misturas em produtos comerciais. Porém, apesar de essas substâncias trazerem uma enorme gama de benefícios para a vida da população, também podem provocar danos à saúde, ao meio ambiente e até incêndios e explosões, caso seu manuseio não ocorra de forma correta. É preciso tomar alguns cuidados ao utilizar certos tipos de produtos químicos, pois podem trazer uma série de problemas à saúde, como irrita- ções, queimaduras, alergias e, em casos mais graves, câncer e morte. Neste capítulo, serão apresentados alguns exemplos de produtos químicos nocivos à saúde, bem como os riscos que esses produtos podem trazer às pessoas e aos trabalhadores, além de apresentar alguns dos principais métodos para evitar contaminação, acidentes ou problemas de saúde. Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador2 Produtos químicos nocivos: conceitos gerais Antes de mencionarmos quais são os setores e as atividades que manipulam produtos químicos nocivos à saúde, é fundamental entender o conceito rela- cionado a esses produtos. De acordo com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ([200?]), substâncias químicas são parte integral do dia a dia e, atualmente,mais de 100 mil substâncias diferentes estão em uso. O termo nocivo é utilizado para designar tudo o que é considerado perigoso ou prejudicial para um sujeito. A noção de um elemento nocivo aplica-se ao seu efeito sobre as pessoas, assim como sobre animais ou plantas, ou seja, sobre qualquer organismo vivo que pode ser prejudicado ou danificado de maneira profunda. Tanto produtos químicos como resíduos desempenham papéis críticos na sociedade e na economia, com grande impacto sobre o meio ambiente e sobre a saúde humana. De fato, muitas substâncias químicas são prejudiciais às pessoas e ao meio onde vivem, enquanto muitas formas de resíduos resultam em substâncias nocivas e representam perigos para a nossa vida e para a natureza que nos rodeia. Entretanto, apesar dos benefícios provenientes de substâncias químicas, é cada vez mais conhecido o potencial impacto adverso que essas substâncias podem causar à saúde humana. Entre essas substâncias, estão: � substâncias persistentes, biocumulativas e tóxicas (PBTs); � substâncias químicas cancerígenas ou mutagênicas, ou que afetam nega- tivamente os sistemas reprodutor, endócrino, imunológico ou nervoso; � produtos químicos que oferecem perigos imediatos (tóxicos, explosivos, corrosivos); � poluentes orgânicos persistentes (POPs); � gases causadores de efeito estufa e substâncias destruidoras do ozônio (ODS); � resíduos hospitalares, caso não sejam adequadamente manejados e descartados. 3Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador Risco químico refere-se ao perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem causar danos físicos ou prejudicar a saúde. Os danos físicos relacionados à exposição química incluem desde irritação na pele e nos olhos, passando por queimaduras leves, até os de maior gravidade, causados por incêndio ou explosão. Os danos à saúde podem advir de exposição de curta e/ ou longa duração, relacionada ao contato de produtos químicos tóxicos com a pele e com os olhos, bem como à inalação de seus vapores, resultando doenças respiratórias crônicas, doenças do sistema nervoso, doenças nos rins e no fígado e, até mesmo, alguns tipos de câncer. Além dos impactos na saúde humana, produtos químicos nocivos também causam impactos no meio ambiente, podendo afetar espécies sensíveis e ecossistemas, causando problemas em larga escala, como a eutrofização da água e a depleção do ozônio estratosférico. A informação sobre os riscos que as substâncias ou preparações perigosas apresentam para o homem e para o ambiente é transmitida pelos fabricantes ao consumidor no rótulo e nas fichas de dados de segurança, que assumem particular importância na indústria e na construção, atendendo à grande diversidade e quantidade de produtos químicos perigosos comercializados. Principais produtos, setores e atividades que manipulam produtos químicos nocivos De acordo com o Conselho Regional de Química IV Região ([2006]), são produzidos, aproximadamente, 70 mil produtos químicos no mundo. Alguns são padronizados e usados na fabricação de uma vasta gama de produtos, como é caso da amônia, empregada tanto para a produção de produtos de limpeza quanto para a produção de cosméticos. Outros são mais elaborados e visam atender determinado setor de produção. Como exemplo, temos as resinas termoplásticas, usadas exclusivamente pela indústria de tintas. Todos os setores industriais utilizam de forma direta ou indireta produtos químicos nocivos. Mineração, siderurgia, farmacêutica, têxtil, alimentícia, enfim, todas as indústrias fazem uso de produtos nocivos. Por exemplo, para a industrial têxtil, são utilizados diferentes tipos de tinturas que, em sua maioria, são altamente nocivas ao meio ambiente e a saúde humana. Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador4 Produtos perigosos são identificados por diferentes símbolos, que listam, de forma universal, as características e os perigos associados aos produtos químicos perigosos. A Figura 1 apresenta os principais símbolos adotados para identificar produtos químicos nocivos. Figura 1. Principais simbologias utilizadas para identificar produtos perigosos. Fonte: Adaptada de NoPainNoGain/Shutterstock.com. Inflamável Radioativo Comburente Corrosivo Explosivo Perigoso para o ambiente Tóxico CancerígenoNocivo/ irritante A seguir, confira uma breve descrição e exemplos de produtos químicos nocivos. � Materiais comburentes ou inflamáveis: material com facilidade de entrar em combustão, ou seja, de queimar, de produzir chamas, e que, geralmente, ao término da combustão, deixa pouco ou nenhum resíduo sólido. Exemplos: petróleo, gasolina, álcool, acetona, solventes, colas de contato, entre outros. � Explosivos: são substâncias (ou um conjunto de substâncias) inflamáveis que, uma vez incendiadas, são capazes de liberar grande quantidade de gases e calor em alta velocidade. Exemplos: pólvora, dinamite, recipien- tes de aerossóis, ou seja, os sprays de qualquer gênero (desodorizantes, lacas, entre outros). � Nocivos/irritantes: substâncias que podem causar danos agudos ou crônicos para a saúde se forem ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele em seres humanos. Exemplos: clorato de potássio, acetalde- ído (etanal), diclorometano, produtos de limpeza, produtos para proteção e tratamento da madeira, entre outros. 5Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador � Tóxico: material descartado, geralmente, em forma química, que pode causar a morte ou danos aos seres vivos. São resíduos vindos da in- dústria ou do comércio, porém podem conter resíduos residenciais, da agricultura, militares, hospitalares, de fontes radioativas, entre ou- tros. Exemplos: álcool desnaturado, tira-nódoas, desinfetantes (como a creolina), lixívia, amoníaco, entre outros. � Corrosivo: por ação química (reação de corrosão), é capaz de destruir ou danificar, de forma irreversível, substâncias ou superfícies com as quais esteja em contato. Exemplos: ácidos, alguns produtos de limpeza, desentupidores de canalizações, soda cáustica, entre outros. � Perigosos para o meio ambiente: quando, em contato com a água ou com o solo, podem ocasionar contaminação ambiental. Exemplos: pesticidas. Riscos à saúde do trabalhador na operação de atividades com manipulação química Segundo ressaltam Peixoto e Ferreira (2012), o controle das substâncias quí- micas é difícil devido aos inúmeros tipos de produtos químicos existentes no mercado. Além de suas características inconstantes de volatilidade, de toxidade e das diversas formas de penetração (vias respiratórias, cutâneas ou ingestão, pelo tempo de exposição), outro agravo está no comportamento de cada organismo, pois algumas pessoas apresentam mais sensibilidade a certas substâncias do que outras, que possuem maior resistência. De acordo com os autores (PEIXOTO; FERREIRA, 2012), existem três diferentes tipos de substâncias químicas relacionados à Higiene Ocupacional, e cada um desses tipos acarreta uma gama de efeitos nocivos à saúde. Esses efeitos acumulam-se com o passar do tempo, deixando os trabalhadores que lidam com essas substâncias cada vez mais vulneráveis. Esses três tipos de substâncias químicas são: � Aerodispersoides ou aerossóis: encontradas em forma sólida ou líquida, embora suas partículas menores sejam respiráveis, são as substâncias que mais causam problemas à saúde dos trabalhadores devido à sua retenção nos pulmões. Os aerodispersoides podem apresentar-se na forma de névoa, neblina, poeira, fumaça, fumos e fibras. � Gases: moléculas que se espalham pelo ar. � Vapores: substâncias que se condicionam dependendo da temperatura. Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador6 De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (2014), produtos químicos podem ter efeitosem todos os sistemas do corpo humano. Se um produto químico encontrar uma forma física que lhe permita entrar facilmente e estiver presente em quantidades suficientes para atingir determinada dose ou nível de exposição, essa exposição pode ter diversos impactos. Os efeitos agudos das exposições aos produtos químicos, como o envenenamento ou a morte causada por uma única exposição, são amplamente reconhecidos quando comparados com os resultados das exposições a menores quantidades, repetidamente, ao longo do tempo, devido aos sintomas imediatos associados. O tipo de dano que pode ocorrer na saúde das pessoas depende do tipo de substância com a qual estamos lidando. Algumas substâncias podem provocar queimaduras, outras irritações, asfixias, problemas na pele, tonturas, problemas em várias outras partes do corpo, que poderão provocar doenças facilmente curáveis ou outras mais graves, como o câncer. Algumas substâncias provocam efeitos a curto prazo, ou seja, logo que elas entram em contato com o corpo, ou caem sobre a pele, já provocam danos. É o caso de um ácido forte, que queima a pele logo após ter caído sobre ela. Outras apresentam efeitos retardados, isto é, os danos só começam a aparecer após alguns anos de trabalho, ou mesmo após a aposentadoria (FREITAS, 2000; ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 2014). Substâncias químicas podem provocar vários tipos de danos à saúde das pessoas, mas a primeira condição para que elas provoquem algum dano é que entrem em contato ou penetrem em nosso corpo. A seguir, estão listados os principais riscos à saúde dos trabalhadores quando expostos a produtos químicos nocivos, de acordo com Freitas (2000): � Respiração: no trabalho, a forma mais comum de a substância penetrar no corpo é pela respiração, e os danos que poderá causar vão depender do tipo de substância que se está respirando. Algumas poderão provocar irritação no nariz e na garganta, outras provocam dor e pressão no 7Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador peito, e outras podem ir até os pulmões. As substâncias que chegam aos pulmões podem causar problemas graves, como é o caso da sílica e do amianto, que provocam a silicose e a asbestose, que são doenças pulmonares. Outras substâncias que vão até os pulmões podem passar para o sangue, que as leva para outras partes do corpo. É o caso do benzeno, por exemplo. � Pele: a substância poderá agir de duas formas distintas: direto na pele ou penetrando-a. Se a substância for corrosiva, pode provocar quei- madura diretamente na pele. Algumas substâncias também podem provocar reação alérgica, e a pele ficará cheia de ferimentos ou poderá inchar. Outras substâncias têm a capacidade de penetrar na pele. Nesse caso, a substância entra na corrente sanguínea, e o sangue a leva para outras partes do corpo do mesmo jeito que ocorre na respiração, e o dano dependerá do tipo de substância. O benzeno, por exemplo, pode provocar danos na produção do sangue. Outras provocam problemas nos rins, no fígado, no coração ou outras partes do corpo. � Olhos: algumas substâncias exercem ação irritante ou corrosiva di- retamente nos olhos, e outras, como o álcool metílico ou o metanol, quando caem nos olhos, podem provocar cegueira. � Forma digestiva: geralmente, acontece de forma acidental, podendo ocorrer por contaminação quando se tem o hábito de comer, beber ou mesmo fumar no ambiente de trabalho, ou devido a outras formas inadequadas de trabalho. Nesse caso, a substância pode provocar quei- madura ou irritação já na boca ou, então, no caminho entre a boca e o estômago. Em outros casos, a substância pode ser levada pelo sangue para outras partes do corpo. Métodos de controle ambiental à saúde do trabalhador na operação de atividades com manipulação química De acordo com Ribeiro, Pedreira Filho e Riederer (2011), muitos são os obs- táculos ao se iniciar a implementação de medidas para controle dos agentes químicos no ambiente de trabalho. Por essa razão, muitas vezes, esse processo é ignorado. Entre os principais obstáculos identificados, pode-se citar: pouca conscientização de empregadores e empregados; falta de procedimentos do- cumentados e organizados de maneira sistemática; rotulagem inapropriada Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador8 ou inexistente dos produtos químicos; falta de informação adequada sobre qualidade, quantidade e toxicidade dos produtos em uso; falta de treinamento apropriado; recursos humanos e financeiros escassos; dificuldade ao acesso de informações. Os mesmos autores mencionam que, para dar início à implementação de medidas para controle dos agentes químicos no ambiente de trabalho, é pre- ciso: conhecer as propriedades físico-químicas de todos os agentes químicos armazenados e utilizados na empresa; conhecer as quantidades frequente- mente utilizadas; calcular as quantidades utilizadas no processo produtivo; avaliar as quantidades perdidas e/ou desperdiçadas; identificar situações em que a utilização da substância tenha potencial para causar danos à saúde do trabalhador; identificar se há alternativa de substituição de produtos classi- ficados como muito tóxicos por produtos menos tóxicos; identificar meios de utilizar os produtos químicos de modo mais eficiente e seguro; monitorar a implementação de ações para melhoria contínua das condições de Saúde e Segurança do Transporte (SST) da empresa; e quantificar os resultados alcançados (RIBEIRO; PEDREIRA FILHO; RIEDERER, 2011). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Portaria 03/92 (BRASIL, 1992), definiu a classificação toxicológica de produtos químicos da seguinte maneira: vermelho, extremamente tóxico (Classe I); amarelo, altamente tóxico (Classe II); azul, mediamente tóxico (Classe III); verde, pouco tóxico (Classe IV). Logo, as empresas/indústrias devem buscar implantar um sistema efetivo de controle da exposição aos agentes químicos no ambiente de trabalho, visando à redução máxima da exposição e, consequentemente, do risco. Du- rante o processo de avaliação, é necessário levar em consideração a seguinte hierarquia de controle: 1. Eliminação: a empresa deve analisar se é possível eliminar o produto químico perigoso ou, então, se é possível modificar a forma ou o pro- cesso de trabalho. 9Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador 2. Substituição: caso não seja possível eliminar o uso do produto químico nocivo, sua substituição por outro produto menos perigoso deve ser analisada. 3. Controle: a empresa deve adotar uma medida eficaz de contato com os produtos perigosos sem oferecer risco aos trabalhadores. 4. EPI: a empresa deve analisar de que forma oferecerá proteção adequada aos trabalhadores. Os equipamentos de proteção individual (EPIs) são todos os dispositivos de uso in- dividual, destinados a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. Os EPIs não reduzem o risco ou o perigo, apenas adequam o indivíduo ao meio e ao grau de exposição. Nem sempre é possível substituir determinado produto químico nocivo por outro menos poluente e, dessa forma, além do uso de EPIs adequados, deve-se tomar algumas medidas básicas de segurança. O Quadro 1 apresenta alguns efeitos causados à saúde humana e ao ambiente, além de medidas preventivas de diferentes tipos de produtos químicos nocivos. Identificação Efeitos Medidas preventivas Comburente Podem provocar incêndios e explosões � Armazenar os produtos em local arejado. � Nunca usar os produtos perto de uma fonte de calor ou chamas. � Não fumar perto dos produtos. � Não usar vestuário de nylon e ter sempre um extintor ao alcance das mãos. � Guardar os produtos inflamáveis longe dos produtos comburentes, pois podem gerar reações químicas. Inflamável Quadro 1. Principais efeitos e medidas preventivas da manipulação de produtos quími- cos nocivos (Continua)Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador10 Fonte: Adaptado de Factor Segurança ([201?]). Quadro 1. Principais efeitos e medidas preventivas da manipulação de produtos quími- cos nocivos Identificação Efeitos Medidas preventivas Corrosivo Perigoso para a saúde � Manter os produtos sempre bem fecha- dos e fora do alcance das crianças. � Utilizar sempre luvas e óculos de proteção. � Proteger os olhos e a pele dos salpicos. � Após sua utilização, lavar bem as mãos e o rosto. Explosivo Pode provocar incêndios e explosões � Evitar aquecimento excessivo e choques. � Proteger do sol. � Não colocar perto de fontes de calor, como aquecedores ou lâmpadas. Nocivo/ irritante Perigoso para a saúde � Evitar contato com a pele. � Utilizar meios de proteção, como luvas e viseiras. � Não trabalhar com esses produtos em áreas fechadas. � Não comer, beber ou fumar durante o manuseio desses produtos. � Ao término do manuseio, lavar bem as mãos. � Guardar fora do alcance das crianças. Tóxico Perigoso para o ambiente Pode provocar sérios passivos ou danos ambientais � Eliminar o produto (ou seus restos) por meio de empresas que tratam resíduos perigosos. Nunca devem ser descarta- dos no meio ambiente sem tratamento prévio, pois podem contaminar a água, os solos ou o ar. (Continuação) Métodos de controle ambiental para transporte de produtos químicos nocivos De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem do Governo do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, [200?]), o Brasil foi o primeiro país da América Latina a criar uma regulamentação para o transporte de produtos 11Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador perigosos. Encontram-se vigentes os seguintes dispositivos legais que regulam o transporte rodoviário de produtos perigosos no Brasil: Decreto nº 96.044/88 e Resoluções da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) nº 420/04 e nº 701/04 (complemento da Resolução nº 420). Conforme descrito anteriormente, as fichas de dados de segurança são de extrema importância para a identificação dos riscos químicos que deter- minado produto pode apresentar. Porém, não há como falarmos de produtos químicos nocivos sem falarmos do transporte rodoviário. O Departamento de Estradas de Rodagem do Governo do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, [200?]) menciona que a identificação de produtos perigosos para o transporte rodoviário é realizada por meio da simbologia de risco, composta por um painel de segurança, de cor alaranjada, e um rótulo de risco. As informações inseridas no painel de segurança e no rótulo de risco, conforme determina a legislação, abrangem o Número de Risco e o Número da ONU (Organização das Nações Unidas), no Painel de Segurança, e o Símbolo de Risco e a Classe/ Subclasse de Risco no Rótulo de Risco. A Figura 2 apresenta um exemplo da identificação de produtos perigosos. Figura 2. Painel de segurança e rótulo de risco. Fonte: Adaptada de São Paulo ([200?]). Painel de segurança Rótulo de risco N° de risco N° ONU Símbolo de risco Classe/subclasse de risco Logo, cada produto deve possuir um rótulo, informando sobre a pericu- losidade, que deve ser transmitida por meio de símbolos, frases de risco (R) e frases de segurança (S). Tratando-se das frases de risco (ou frases R), elas descrevem, basicamente, os riscos específicos à saúde humana, dos animais e ambiental ligados à manipulação de substâncias químicas. Para cada frase, é associado um único código composto da letra R seguida de um número. A diretiva atual prevê que todos os produtos químicos possuam em sua em- balagem as frases R correspondentes à substância química em seu conteúdo. Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador12 Entre as frases de risco mais comuns encontradas nos rótulos dos produtos perigosos, estão: R1 — Explosivo no estado seco. R2 — Risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes de ignição. R3 — Grande risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes de ignição. R4 — Forma compostos metálicos explosivos muito sensíveis. R5 — Perigo de explosão sob a ação do calor. R6 — Perigo de explosão com ou sem contato com o ar. R7 — Pode provocar incêndio. R8 — Favorece a inflamação de matérias combustíveis. R9 — Pode explodir quando misturado com matérias combustíveis. R10 — Inflamável. R11 — Facilmente inflamável. R12 — Extremamente inflamável. R14 — Reage violentamente em contato com a água. R15 — Em contato com a água, libera gases extremamente inflamáveis. R16 — Explosivo quando misturado com substâncias comburentes. R17 — Espontaneamente inflamável ao ar. As frases de segurança estão relacionadas a conselhos de prudência para manusear e utilizar o produto. São exemplos de frases de segurança: guar- dar fechado à chave; manter fora do alcance das crianças; guardar em lugar fresco; manter fora de qualquer zona de habitação; manter o recipiente bem fechado; manter o recipiente ao abrigo da umidade; manter o recipiente em local bem ventilado; não fechar o recipiente hermeticamente; manter afastado de alimentos e bebidas; manter afastado do calor; manter afastado de qualquer chama ou fonte de ignição (não fumar); entre outros. 1. O risco químico se refere ao perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem causar danos físicos ou prejudicar sua saúde. Existem diferentes tipos de produtos químicos nocivos. Qual alternativa apresenta um exemplo de produto químico altamente corrosivo e prejudicial ao meio ambiente? 13Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador a) Cloreto de sódio. b) Soda cáustica. c) Solvente. d) Bicarbonato de sódio. e) Ácido ascórbico. 2. A existência da probabilidade de um trabalhador sofrer algum dano resultante de suas atividades profissionais é denominada risco ocupacional, ou seja, são acidentes ou doenças a que estão expostos os trabalhadores no exercício de suas atividades. Os riscos ocupacionais são classificados em grupos de acordo com sua natureza. Existem diferentes cores para cada tipo de risco ocupacional. Para riscos químicos, utiliza-se qual coloração? a) Verde. b) Azul. c) Amarelo. d) Marrom. e) Vermelho. 3. Os produtos perigosos são identificados por diferentes símbolos, os quais identificam, de forma universal, as características e os perigos associados aos produtos químicos perigosos. A simbologia da imagem a seguir se refere a qual tipo de perigo químico? Fonte: Adaptada de NoPainNoGain/Shutterstock. com. a) Material carcinogênico. b) Material comburente. c) Material radioativo. d) Material corrosivo. e) Material explosivo. 4. Em determinada indústria química, são encontrados os seguintes avisos: — Evitar contato com a pele e utilizar meios de proteção, como luvas e viseiras. — Não trabalhar com esses produtos em áreas fechadas. — Não comer/beber durante o manuseio desses produtos. — Ao término do uso de manuseio, lavar bem as mãos. Pode-se dizer a indústria trabalha com químicos de que tipo? a) Corrosivo. b) Inflamável. c) Explosivo. d) Comburente. e) Nocivo/irritante. 5. Atualmente, existem mais de 23 milhões de substâncias químicas conhecidas, das quais cerca de 200 mil são usadas mundialmente. Para um químico altamente volátil, qual tipo de EPI é essencial que o trabalhador use? a) Botas. b) Máscara de respiração. c) Protetor auricular. d) Capacete. e) Mangote. Risco e controle ambiental: riscos químicos e a saúde do trabalhador14 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 03, de 16 de janeiro de 1992. Brasília, DF, 16 jan. 1992. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov. br/bvs/saudelegis/svs1/1992/prt0003_16_01_1992.html>. Acesso em: 06 jul. 2018. CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA IV REGIÃO. Produtosquímicos industriais. , São Paulo, [2006]. Disponível em: <https://www.crq4.org.br/quimica_viva__produ- tos_quimicos_industriais>. Acesso em: 06 jul. 2018. FACTOR SEGURANÇA. Produtos químicos perigosos. , São Mamede de Infesta, [201?]. Disponível em: <http://www.factor-segur.pt/img/em_segur/docu- mentos/Produtos%20Quimicos.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2018. FREITAS, N. B. B. Cadernos de saúde do trabalhador: riscos devido a substâncias químicas. São Paulo: INST, 2000. Disponível em: <http://www.coshnetwork.org/sites/default/ files/caderno2%20risco%20quimico.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2018. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. A segurança e a saúde na utilização de produtos químicos no trabalho. Genebra: ACT, 2014. Disponível em: <http://www. ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/28abril_2014_pt.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2018. PEIXOTO, N. H.; FERREIRA, L. S. Higiene ocupacional I. Santa Maria: UFSM, CTISM; Rede e-Tec Brasil, 2012. Disponível em: <http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/ segunda_etapa/higiene_ocupacional_1.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2018. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. Substâncias nocivas e resíduos. ONU meio ambiente, [Brasília], [200?]. Disponível em: <http://web.unep. org/regions/brazil/other/subst%C3%A2ncias-nocivas-e-res%C3%ADduos>. Acesso em: 06 jul. 2018. RIBEIRO, M. G.; PEDREIRA FILHO, W. dos R.; RIEDERER, E. E. Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a produtos quí- micos em fundições. São Paulo: Fundacentro, 2011. Disponível em: <http://www. fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/download/Publicacao/203/RQ_ Fundi%C3%A7%C3%B5es-pdf>. Acesso em: 06 jul. 2018. SÃO PAULO (Estado). Secretaria dos Transportes. Departamento de estradas de rodagem. Manual de produtos perigosos. São Paulo, [200?]. Disponível em: <http://200.144.30.103/siipp/arquivos/manuais/Manual%20de%20Produtos%20Pe- rigosos.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2018. Leitura recomendada ROSA, A. H.; FRACETO, L. F.; MOSCHINI-CARLOS, V. (Org.). Meio ambiente e sustentabi- lidade. Porto Alegre: Bookman, 2012. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR É de conhecimento de todos que o uso indevido de substâncias químicas pode causar acidentes, doenças e até mesmo a morte. Além disso, pode ocasionar acidentes ambientais, como contaminações (do solo, do ar e da água), incêndios e explosões. Em se tratando dos riscos em empresas, os produtos químicos podem representar danos à saúde dos trabalhadores e, ainda, custos adicionais em termos de perda de material, equipamentos e instalações danificadas. Em muitos casos, os produtos químicos representam a maior parte dos custos de uma empresa. Logo, qualquer ação orientada a reduzir perdas, descarte, uso e/ou estocagem indevidos resulta em ganhos para as empresas e, ao mesmo tempo, reduz impactos ocupacionais e ambientais. O manuseio seguro de produtos químicos também gera um aumento de motivação e produtividade e diminui o absenteísmo devido a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Para saber mais a respeito de produtos químicos nocivos e seus riscos, assista à videoaula a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Risco químico se refere ao perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem causar danos físicos ou prejudicar a saúde. Existem diferentes tipos de produtos químicos nocivos. Entre as alternativas a seguir, qual apresenta um exemplo de produto químico altamente corrosivo e prejudicial ao meio ambiente? A) Cloreto de sódio. B) Soda cáustica. C) Solventes. D) Bicarbonato de sódio. E) Ácido ascórbico. 2) A existência de probabilidade de um trabalhador sofrer algum dano resultante de suas atividades profissionais é denominada de risco ocupacional, ou seja, são acidentes ou doenças possíveis a que estão expostos os trabalhadores no exercício do seu trabalho ou por motivo da ocupação que exercem. Os riscos ocupacionais são classificados em grupos de acordo com sua natureza. Existem diferentes cores para cada tipo de risco ocupacional. Para riscos químicos, utiliza-se qual coloração? A) Verde. B) Azul. C) Amarelo. D) Marrom. E) Vermelho. Em se tratando de produtos perigosos, estes são identificados por diferentes símbolos, os quais definem, de forma universal, as características e os perigos associados aos produtos químicos perigosos. A simbologia da imagem a seguir refere-se a qual tipo de perigo químico? 3) A) Material carcinogênico. B) Material comburente. C) Material radioativo. D) Material corrosivo. E) Material explosivo. Em uma determinada indústria química, existem os seguintes avisos: Evitar contato com a pele; utilizar meios de proteção, como luvas, viseiras, entre outros; não trabalhar com estes produtos em áreas fechadas; não comer/beber durante o manuseio destes produtos; ao término do uso de manuseio, lavar bem as mãos. 4) Pode-se dizer que essa indústria possui químicos do tipo: A) corrosivo. B) imflamável. C) explosivo. D) comburente. E) nocivo/irritante 5) Atualmente existem mais de 23 milhões de substâncias químicas conhecidas, das quais cerca de 200 mil são usadas mundialmente. Para um químico altamente volátil, qual tipo de equipamento de proteção individual (EPI) é essencial para uso do trabalhador? A) Botas. B) Máscara de respiração. C) Protetor auricular. D) Capacete. E) Mangote. NA PRÁTICA O amianto, também conhecido como asbesto, consiste em uma fibra mineral natural extraída de rochas, sendo utilizado em vários produtos comerciais. Esse material já foi usado em mais de 3000 produtos diferentes, havendo aplicações específicas para os diferentes tipos. Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no dia 29 de novembro de 2017, proibir o uso do amianto do tipo crisotila, um material usado na fabricação de telhas e caixas d’água principalmente. Confira o motivo da proibição do uso de amianto do tipo crisotila, por meio de um case prático. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Risco químico, agressividade, acidentes e consequências Veja os perigos aos quais um indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos. Esses produtos podem causar danos físicos ou prejudicar a saúde. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Produtos químicos e efeitos na saúde do trabalhador O controle das substâncias químicas é de grande dificuldade devido aos inúmeros tipos de produtos químicos existentes atualmente no mercado. Além de suas características inconstantes de volatilidade, toxidade e das diversas formas de penetração, algumas pessoas apresentam mais sensibilidade a certas substâncias do que outros que têm maior resistência. Leia mais sobre o assunto neste artigo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Vigilância sanitária em postos de revenda de combustíveis Um dos setores que mais utiliza produtos químicos nocivos à saúde humana é o setor de transporte. Por exemplo, o benzeno, um composto encontrado na gasolina, sendo reconhecido como agente cancerígeno. No Brasil, trabalhadores de postos de revenda de combustíveis são expostos ao benzeno durante suas atividades ocupacionais. Para saber mais a respeito desse produto tão nocivo à saúde humana, leia o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Programa de preservação do meio ambiente APRESENTAÇÃO O engenheiro ambiental, por ser um profissional voltado ao desenvolvimento e à execução de ações que protejam o ambiente em que vivemos, direciona sua formação e prática para a aquisição dos conhecimentos necessários aoreconhecimento de problemas ambientais causados pela ação da espécie humana, ao planejamento de ações de preservação e à solução desses problemas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá aspectos que auxiliarão no aprimoramento de seus conhecimentos sobre preservação do meio ambiente, para que esteja habilitado a prever ou detectar situações de risco ambiental e agir em sua solução. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar programas e projetos relacionados à preservação do meio ambiente.• Identificar programas de preservação do meio ambiente aplicados ao primeiro setor. • Reconhecer programas de preservação do meio ambiente aplicados ao segundo setor.• DESAFIO A preservação do meio ambiente é uma ação de proteção sobre a natureza das ações do homem, principal causador dos desequilíbrios ambientais. Para isso, diversas iniciativas e formas de proteger regiões, especialmente aquelas de mata nativa, ou seja, intocadas, são realizadas. Vale ressaltar que o auxilio para recuperação de danos causados pela ação da espécie humana é um importante campo de ação do engenheiro ambiental. Com base nesse contexto, responda as seguintes perguntas do funcionário da agência: 1) Que tipo de recursos hídricos o condomínio deverá utilizar nessa empresa? 2) Que fontes energéticas poderão ser utilizadas nesse caso? 3) Por ser uma região serrana, o que pode ser feito com as áreas de inclinação do terreno? 4) De que forma os resíduos da vitivinicultura podem ser tratados? INFOGRÁFICO A Agenda 21 combina o conceito de sustentabilidade com a obrigatoriedade de aplicação do Código Florestal, criando áreas de proteção ambiental (APA) e reservas legais urbanas e/ou rurais. Ao juntar esses conceitos, o engenheiro ambiental está em sintonia com o planejamento e a construção de smart cities (cidades inteligentes). Um exemplo é o caso da cidade de Búzios, no Rio de Janeiro, onde houve a adaptação de uma cidade existente, de alto impacto turístico, ao conceito de sustentabilidade. Acompanhe, no infográfico a seguir, algumas áreas e programas de meio ambiente aplicados ao primeiro e segundo setores em que você pode atuar. CONTEÚDO DO LIVRO Para desempenho da função de engenheiro ambiental, é essencial entender as tendências de mercado e a importância da preservação. Outro ponto é compreender os conceitos de programa e projeto de preservação ambiental e como se estrutura um projeto. No capítulo Programa de preservação do meio ambiente, da obra Meio ambiente, você adquirirá conhecimento sobre preservação do meio ambiente, além de caracterizar o tema e diferenciar preservação de conservação ambiental. Você verá também sobre a atuação do engenheiro ambiental no setor público, os programas ambientais do governo e a hierarquia dos órgãos governamentais envolvidos. Na atuação em setor privado, serão analisadas as possibilidades de ação do engenheiro ambiental, a regulamentação que deve ser observada e como obter recursos para transformar projetos em realidade. MEIO AMBIENTE Ronei Stein Programa de preservação do meio ambiente Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Relacionar programas e projetos relacionados à preservação do meio ambiente. � Identificar programas de preservação do meio ambiente aplicados ao primeiro setor. � Reconhecer programas de preservação do meio ambiente aplicados ao segundo setor. Introdução O engenheiro ambiental, por ser um profissional voltado ao desenvolvi- mento e à execução de ações que protejam o ambiente em que vivemos, direciona sua formação e prática para a aquisição dos conhecimentos necessários ao reconhecimento de problemas ambientais causados pela ação da espécie humana, planejando ações de preservação e solução desses problemas e de prevenção para que não aconteçam. Este capítulo será dedicado à aquisição de conhecimentos relativos à elaboração e ao desenvolvimento de projetos de preservação do meio ambiente, bem como à identificação dos programas já existentes, para que você esteja habilitado a prever ou detectar situações de risco am- biental e planejar ações para sua solução. Preservação do meio ambiente: caracterização de projetos e programas As ações de preservação do meio ambiente do engenheiro ambiental estão fundamentadas no artigo 7o da Lei nº 5.194/1966 (BRASIL, 1966) e na Re- solução nº 447 do CONFEA (CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA, 2000), que regulamentam as atividades e atribuições profissionais do engenheiro ambiental, determinando que o profissional atue na supervisão, coordenação e orientação técnica, que elabore estudos, projetos, avaliações, laudos, pareceres técnicos e, principalmente, que fiscalize e execute obras e serviços técnicos. O que é preservação do meio ambiente? O meio ambiente está em equilíbrio dinâmico — homeostase —, ou seja, cada fator depende de outro para se manter constante e adequado aos seres vivos que ali estão, que, por sua vez, contribuem para que essa homeostase se mantenha. Havendo alteração, altera a homeostase. Um exemplo na área da Engenharia Ambiental é o caso da cidade de Mariana, em Minas Gerais. Em 2016, o rompimento da barragem de Fundão causou forte contaminação nos rios Gualaxo do Norte, rio do Carmo, rio Doce e, por fim, desaguou no mar, na cidade de Regência, no Espírito Santo. No percurso de mais de 600 km, dizimou a vida nesses rios, causando grave impacto ambiental (MOTA, 2017). Os seres vivos que habitam esse ecossistema controlam os insetos, seja consumindo-os em sua forma de larva ou adulta, e sua morte causou um aumento na proliferação de mosquitos, inclusive as espécies vetores da febre amarela. Portanto, no verão de 2018, houve um aumento visível dos casos de febre amarela, justificados pela migração de pessoas a partir das áreas de infestação (ESTADÃO, 2018; OLIVEIRA, 2018; TEIXEIRA, 2018; WENTZEL, 2018). Um projeto adequado de preservação ambiental, bem acompanhado e fiscalizado, teria tido impacto significativo sobre a saúde pública e a atividade econômica do país inteiro. A preservação do meio ambiente é uma ação sobre a natureza, sem que se use argumentos sobre valor econômico ou utilitário, mas com foco em que a nossa espécie é a causadora dos desequilíbrios ambientais. Então, prima- riamente, trata sobre a criação de regiões naturais intocadas pelo progresso, como as áreas e unidades de preservação ambiental, reservas legais e nacio- nais. Entretanto, não podemos deixar de considerar que o conserto de danos causados pela ação da espécie humana acaba transcendendo esse conceito e se tornando importante campo de ação do engenheiro ambiental, que deve prezar pela proteção dos recursos naturais, mesmo que não sejam utilizáveis. Um projeto é um conjunto de ações voltadas para atingir a um ou mais objetivos claros, com metodologia específica e cronograma de ação definido conforme a metodologia e os resultados esperados. Contudo, se aplicarmos Programa de preservação do meio ambiente2 diversas ações, com objetivos comuns, teremos um programa, que vê essas ações de uma instância mais elevada. Ambos são temporários e obedecem a cronogramas de execução, mas o programa, por abranger vários projetos, em geral, é mais longo. Da mesma forma, os objetivos do programa são mais amplos, e as metas maiores. Geralmente, a execução de projetos é apenas mais uma das metas de um programa. Quanto à estrutura, um projeto é bem definido, enquanto um programa, por ser mais amplo, é menos preciso, requerendo uma equipe maior de coordenação. Um projeto é direcionado para uma única ação e resultado, enquanto, no programa, existem diversas ações complementares, cada uma com seu resultado, que é complementar aos demais projetos. Para cada projeto, temos uma entrega, enquanto o objetivo do programa é possibi- litarum conjunto de entregas dentro de um tema comum. Contudo, projetos e programas são interdependentes, uma vez que o resultado de um programa é a entrega decorrente da execução de vários projetos, e a execução de um projeto, muitas vezes, só é viabilizada por estar inserida em um programa. Um projeto ou programa de preservação ambiental deve começar com o conhecimento histórico da área a ser preservada, para verificar se há ocupação ou exploração humana, espécies animais e/ou vegetais em risco de extinção, biodiversidade, interdependência dos recursos naturais, como recursos hídricos e de solo, que são fatores que vão além do que se pode ver quanto à beleza estética ou à exuberância do ambiente. Por exemplo, ao se considerar deter- minada área para preservação próxima a uma alta incidência de indústrias de caldeiraria, não importa o combustível usado, deve-se observar a direção do vento predominante e a possibilidade de chuvas ácidas. Esse conheci- mento deve ser suficiente para a elaboração de um memorial descritivo que relate os aspectos envolvidos para a seleção da área a ser preservada, bem como os estudos preliminares a serem executados para a elaboração de um projeto. Os estudos preliminares devem envolver tanto a pesquisa do que já se sabe sobre o local em questão, quanto os resultados de uma investigação realizada por um grupo multidisciplinar relatando a situação atual do alvo, incluindo um inventário sobre o que se observou. Devem envolver também a respectiva legislação envolvida, principalmente a relativa a situações de risco das espécies relatadas, no Ibama, e a proteções preexistentes, constantes do Código Florestal (Lei n. 12.651/2012) (BRASIL, 2012). A Figura 1 mostra a importância de observar a interação entre uma área preservada, no caso uma Área de Preservação Permanente (APP), e uma região metropolitana, onde a biodiversidade se apresenta, a preservação permeia o cotidiano da população, mas o impacto ambiental é fortemente sentido. 3Programa de preservação do meio ambiente Figura 1. Recife vista do mangue — aqui se vê a interação de áreas urbanas vizinhas a Áreas de Preservação Permanente. Fonte: Marcio Jose Bastos Silva/Shutterstock.com. Quanto a esses estudos preliminares, sugere-se que sejam conhecidos os aspectos climatológicos, os geomorfológicos, os pedológicos e os hidrológicos, a existência de bioma característico, a identificação dos corpos d´água e da cobertura vegetal, as análises químicas do solo, além do levantamento do perímetro para conhecimento do suporte da área a ser preservada. Os aspectos climatológicos regionais trazem à luz qual é o comportamento esperado em relação aos regimes de vento, precipitação e temperatura, com influência na dispersão de sementes, germinação, crescimento, floração e frutificação de plantas, sobrevivência a períodos de seca e/ou inundação, ou seja, os fatores que influenciam a continuidade da cobertura vegetal e das espécies que dela e nela vivem. A importância dos aspectos geomorfológicos, pedológicos e hidrológicos vem da necessidade de se prever, por exemplo, deslizamentos, inundações ou estiagens consequentes de alterações. Também é importante considerar que o Código Florestal (BRASIL, 2012) já considera protegidas permanentemente áreas de margem de cursos d’água, lagos e lagoas naturais, nascentes e olhos Programa de preservação do meio ambiente4 d’água, em faixas que variam de 30 a 500 metros, dos reservatórios d’água artificiais, desde que sejam originadas de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, dependendo da largura do recurso hídrico em questão. Da mesma forma, o Código Florestal protege encostas com inclinação maior que 45°, topo de morros, montes, montanhas e serras, mais altos que 100 metros e inclinação acima de 25° (BRASIL, 2012). A proteção legal se estende para os biomas característicos sensíveis, as restingas, pois fixam dunas e mangues, manguezais, bordas de chapadas, veredas (banhados ou brejos), cuja mínima alteração pode causar desequilíbrio ecológico e, consequentemente, seu desaparecimento. Portanto, a identificação dos corpos d´água e da cobertura vegetal, bem como as análises químicas do solo são necessárias para que se identifique as limitações legais, ou para que seja possível a tomada futura de decisões com base nas informações levantadas por esses estudos. Isso também é válido para as circunvizinhas, por influenciarem diretamente a área-alvo, uma vez que todas interagem via fatores abióticos, como os fatores climáticos – a drenagem de uma área vizinha a um banhado o afeta obrigatoriamente – ou bióticos, como a existência de cobertura vegetal formando corredores ecológicos por onde passam espécies polinizadoras ou dispersoras de sementes. Para a formulação e aprovação de um projeto, é essencial que ele tenha um ou mais objetivos bem definidos, abrangendo conceitualmente todo o projeto, e que seja sustentado pelas metas, pela metodologia e pelos resultados esperados. Decorrentes desse ou desses objetivos gerais, relativos ao que vai ser feito, outros objetivos específicos, decorrentes dos resultados obtidos, devem ser determinados. Por exemplo, ao se ter como objetivo geral a proteção de uma área de encosta com risco de desabamento caso haja supressão vegetal, pode se ter como objetivo específico a recuperação da área já degradada e, com isso, o aumento da estabilidade dessa encosta. Esses objetivos devem ser seguidos de uma justificativa concisa, que mostre a necessidade de se empregar recursos econômicos e técnicos na execução do projeto. Para atingir esses objetivos, são necessárias ações específicas, com uma metodologia definida pelas Normas Técnicas, conhecidas ou experimentais, de pesquisas em desenvolvimento, em um cronograma factível, com resultados esperados relacionados com os objetivos a serem alcançados, prevendo ações de correção, caso os resultados não coincidam com os esperados. A metodologia não se restringe apenas à execução da ação direta do projeto, mas também abrange as definições, as pesquisas, os licenciamentos, as aquisições e as locações de equipamentos, bem como o levantamento dos recursos financeiros necessários para essas ações. 5Programa de preservação do meio ambiente Para a execução de um projeto de forma satisfatória, deve-se definir suas áreas de abrangência conforme a metodologia a ser aplicada. Há normas específicas para a elaboração de relatórios técnicos periódicos, bem como de um relatório final, e a produção textual deve ser concisa e técnica, orientando a reprodutibilidade da metodologia apresentada, de modo que se obtenha os mesmos resultados dentro de condições semelhantes. Portanto, dentro da preservação ambiental, há muito o que ser feito, além das manifestações públicas. Um engenheiro ambiental deve esgotar todos os recursos disponíveis para a elaboração de programas e projetos, além de utilizar um programa com tema pertinente à sua área de atuação a fim de obter recursos para desenvolver um projeto. Preservação do meio ambiente: ocorrência no setor público As ações do segundo setor estão direcionadas para a elaboração de programas focados na preservação ambiental de acordo com a legislação pertinente. O órgão que rege as políticas ambientais de conservação no país é o Ministério do Meio Ambiente (MMA), com programas voltados à conservação, à recuperação e ao uso sustentável do meio ambiente. O MMA objetiva principalmente a conservação, assim, o conhecimento dessa área é interessante para a elabora- ção de projetos na área pública. Um trabalho interessante é o programa Água Doce, voltado para o uso sustentável dos recursos hídricos subterrâneos no semiárido, além de programas preventivos de gestão e educação ambiental (BRASIL, 2018). O MMA também desenvolve o Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA — Lei nº 6.938/1981) (BRASIL, 1981), visando dar condições de ação para as principais instituições ambientais, além de aumentara eficiência da capacidade de gestão ambiental em todas as esferas públicas. A meta atual tem sido melhorar as políticas envolvidas no licenciamento e monitoramento do uso correto dos recursos ambientais. Devido ao seu caráter conservacionista, o MMA gerencia o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), criado pela Lei nº 9.985/2000 (BRASIL, 2011). Esse sistema reúne o conjunto de unidades de conservação (UC) — federais, estaduais e municipais. Ao SNUC cabe otimizar e integrar o planejamento e a administração das UC, para garantir que seja preservado o patrimônio ambiental nacional como um todo, englobando “[...] amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas” (BRASIL, 2011, Programa de preservação do meio ambiente6 documento on-line). Os objetivos do SNUC estão voltados para a preservação e recuperação da biodiversidade, do patrimônio genético e da diversidade de ecossistemas, no território nacional e nas águas jurisdicionais. São 12 categorias de UC: as que devem ser preservadas usando como referência a fragilidade que impossibilita seu uso racional, e as que podem ser utilizadas de forma sustentável, mantendo-se sua conservação; dessas catego- rias, cinco são de áreas de proteção integral, com acesso restrito ou limitado. Um exemplo são os Parques Nacionais, áreas de preservação de importantes e/ou notoriamente belos ecossistemas naturais, onde são permitidas pesquisas científicas, atividades educativas e recreativas e turismo ecológico. Parques estaduais e municipais também estão nessa categoria (Figura 2). As outras sete categorias são de uso sustentável. Figura 2. Cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional do Aparados da Serra, onde há ocorrência de espécies vegetais únicas no planeta. Fonte: vitormarigo/Shutterstock.com. Essas definições, bem como as matérias pertinentes, presentes na Constituição Federal, são desenvolvidas pelo Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA, também instituído pela Lei nº 6.938/1981) (BRASIL, 1981). A gestão ambiental no território nacional é descentralizada e coordenada pelo SISNAMA. 7Programa de preservação do meio ambiente O SISNAMA é composto de órgãos e instituições ambientais, dos Três Poderes, mais o Ministério Público. A função de seu estabelecimento é a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), em todo o nível da Federação. O Poder Executivo aplica situações e exigências referentes ao licenciamento ambiental, além da fiscalização de empreendimentos e ativi- dades potencialmente geradores de impactos ambientais. O Poder Legislativo elabora a legislação e os regulamentos ambientais, aprova os orçamentos dos órgãos ambientais, controla os atos do Executivo, entre outras funções. O Poder Judiciário julga as Ações Civis Públicas, Ações Populares, Mandados de Segurança e Mandados de Injunção, controla a constitucionalidade de normas e revê atos administrativos. O Ministério Público, instaura inquéritos civis, inquéritos criminais e promove ações civis públicas (MENDES, 2016). O SISNAMA é composto por um Conselho Superior, que é um Conselho de Governo que assessora o Presidente da República nas matérias ambien- tais; por um Órgão Consultivo e Deliberativo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que estabelece os padrões e normas federais a serem cumpridas nos Estados e Municípios, embora tenham liberdade para compor as próprias normas e padrões (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AM- BIENTE, 2018); por um Órgão Central, a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República (SEMA), que faz cumprir a PNMA e as diretrizes governamentais para o meio ambiente; por Órgãos Executores, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto de Conservação da Biodiversidade — Instituto Chico Mendes, que executam as diretrizes governamentais dentro de suas competências; por Órgãos Seccionais, que são os órgãos ou entidades estaduais responsáveis por programas ambientais ou pela fiscalização de atividades utilizadoras de recursos ambientais — são as agências ambientais estaduais; e por Órgãos Locais, como as entidades municipais responsáveis por programas ambien- tais e pela fiscalização de atividades utilizadoras de recursos ambientais. O objetivo da fiscalização é mudar o comportamento de infratores em potencial por meio da coerção e aplicação de multas e punições, levando o cidadão ao comportamento adequado em relação ao meio ambiente. Cabe ao IBAMA, por determinação da Lei nº 7.735/1989 (BRASIL, 1989), a fiscalização ambiental prevista na legislação, que limita direitos individuais em prol do bem comum, caracterizada pela liberdade de atuação da adminis- tração pública no estabelecimento de valores e sanções, de policiar e punir visando reprimir atividades danosas ao bem comum e de impor as medidas administrativas adequadas. A existência de um Regulamento Interno de Fis- calização Ambiental (RIF) limita as ações dos Agentes Ambientais Federais Programa de preservação do meio ambiente8 dentro de direitos, deveres e ética em sua atuação. O IBAMA pode lavrar autos de infração ambiental e instaurar processos administrativos, assim como os demais integrantes estaduais e municipais do SISNAMA, garantindo a agilidade na preservação ambiental. Buscando a descentralização da gestão e fiscalização da ação humana no meio ambiente, é necessária a cooperação entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios na proteção do meio ambiente, no combate à poluição e na preservação dos recursos ambientais. Portanto, compete aos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente a gestão das florestas para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, reduzindo a ação do Governo Federal a situações especiais, como as de fronteira e as de locais especiais, como o mar territo- rial, a plataforma continental ou a zona econômica exclusiva; ou nas terras indígenas e UC Federais, exceto as Áreas de Proteção Ambiental (APA) ou onde houver conflitos de jurisdição estadual. Portanto, os licenciamentos, o controle do uso de madeiras, da reposição florestal e da compensação am- biental, o monitoramento e a fiscalização, bem como a promoção da produção florestal, ficam a cargo das Agências Estaduais e das Entidades Municipais, com obrigatoriedade de cooperação. Dentro dessa esfera organizacional do SISNAMA, vemos a integração da legislação e fiscalização de eventos relacionados ao meio ambiente que estruturam programas nacionais, como o PNMA II, que corresponde à se- gunda fase do Programa Nacional do Meio Ambiente que, como descrito, mira o desenvolvimento de projetos de gestão estaduais, integrando a Política Ambiental com as políticas setoriais. Há também, conforme a competência da União, programas do MMA que atuam na regularização do uso e exploração dos recursos naturais pelas populações de áreas específicas, promovendo ações de cadastramento, regulamentação de uso, inclusão e educação ambiental. Ao contrário dos programas estaduais e municipais, de ação local e que privilegiam a fiscalização e adequação a normas, os programas nacionais são mais amplos e sem características de policiamento. Esses programas são: � Agenda 21, para a construção de sociedades sustentáveis. � Água Doce, incentivando projetos de dessalinização e distribuição de água no semiárido. � Águas Subterrâneas, de proteção ao uso abusivo do lençol freático. � Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), específico para a proteção do bioma amazônico. � Bolsa Verde, que dá auxílio financeiro a famílias envolvidas na con- servação de áreas de risco. 9Programa de preservação do meio ambiente � Cadastro Ambiental Rural (CAR), que busca o levantamento de áreas rurais em contato com UC, buscando limitar impactos ambientais e aumentar o planejamento da propriedade rural. � Cerrado Sustentável, para reduzir impactos socioambientais nesse bioma. � Combate à Desertificação (PAN-Brasil), que visadeterminar respon- sabilidades governamentais, comunitárias e do latifúndio, além da disponibilidade de recursos para combater a desertificação. � Corredores Ecológicos, para a prevenção da fragmentação da Mata Atlântica e da Amazônia. � Educação Ambiental (ProNEA), que busca fortalecer o SISNAMA por meio de ações de educação ambiental que aumentem a participação social e a receptividade e colaboração com os programas de Governo e ações fiscalizatórias. � Florestas, para promover o uso sustentável conciliado com a conservação das florestas nacionais. � Projeto Orla, dedicado ao estudo da ocupação desordenada da orla marítima para a aplicação de recursos Federais na redução de impactos ambientais. � Proteção das Florestas Tropicais, que reuniu informações necessárias para a preservação florestal. � Revitalização de Bacias, direcionado para as bacias hidrográficas dos rios São Francisco, Tocantins-Araguaia, Paraíba do Sul, Alto Paraguai, Parnaíba e Paranaíba, para promover ações que determinem o uso sustentável dos recursos hídricos e externalidades socioambientais para a preservação desses recursos. � Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), visando ao reconhecimento de biomas e às possibilidades de uso sustentável (BRASIL, 2018). Tendo em vista essa extensão de programas governamentais, com base na interação entre os integrantes do SISNAMA e a população, podemos verificar que a natureza dos programas é amplamente educativa e participativa. Preservação do meio ambiente: aplicação de programas no setor industrial Quando se fala em programas de preservação aplicados (ou aplicáveis) ao segundo setor, diversas são as interpretações possíveis. Isso porque o segundo Programa de preservação do meio ambiente10 setor da economia refere-se ao mercado, à iniciativa privada, composta por empresas privadas cuja finalidade é o acúmulo de capital. Esse setor é visto como o vilão da preservação ambiental pela opinião pública e pelas Agências e Entidades Ambientais. Por trás de uma empresa privada, há empresários que, eventualmente, buscam acumular capital de forma inconsequente, e consideram a legislação e as normas ambientais como geradoras de custo, não como investimento. Com esse pensamento, dirigem suas empresas sem gestão ambiental, ou com formas ineficientes de gestão que, por consequência, geram impacto ambiental em suas atividades. Obviamente, imaginamos empresas com chaminés e tubulações emitindo efluentes sem qualquer critério, mas existem outras formas de impacto: o agronegócio também pode ser gerador de impacto ambiental. Visando dificultar a ocorrência de infração, a iniciativa privada é obrigada, quando compatível com a legislação, a obter Licença Ambiental para funcionar, com exceção de empresas com atividade de baixo potencial poluidor ou baixo impacto ambiental, que estão isentas de licenciamento. Para argumentar em favor do licenciamento, cabe aos responsáveis estarem atentos aos Programas e Iniciativas Municipais, Estaduais e até Federais cujo tema seja o meio am- biente que, além de serem um bom auxílio no direcionamento da redução do impacto ambiental, podem subvencionar iniciativas sustentáveis e inovadoras. Como vimos, os programas ambientais existentes têm se direcionado à sustentabilidade e à redução do impacto ambiental de comunidades relacio- nadas a APPs, ou à área agrícola; portanto, é pouco frequente que encontre- mos recursos disponíveis em programas voltados para a iniciativa privada. É sempre interessante associar sustentabilidade à inovação em busca de recursos econômicos. Entretanto, as Agências de Fomento à inovação têm ampliado o crédito para alternativas de processos e produtos inovadores que tenham externalidades de viés socioambiental, com juros acessíveis. Um verdadeiro convite para a atividade do engenheiro ambiental. Nesse quesito, projetos voltados à sustentabilidade, uma competência do en- genheiro ambiental, tornam-se mais que uma maneira ambientalmente correta de mitigar os custos da lisura ambiental, mas um cartão de visitas desejado e utilizado com habilidade por grandes corporações, acompanhando a tendência planetária. Gestão ambiental, sustentabilidade, uso de energias renováveis, reciclagem e reuso d’água são exemplos de metodologias que eram utilizadas como uma obrigação facilitadora do licenciamento ambiental, transformadas em compromisso ético e produto de consumo (Figura 3). 11Programa de preservação do meio ambiente Figura 3. Sistema híbrido e renovável de geração de energia, misto de eólica e fotovoltaica. Fonte: jaroslava V/Shutterstock.com. As empresas já notaram que as pessoas têm mais confiança em marcas conhecidamente sustentáveis, superando estatisticamente a importância dada a esse assunto pelos europeus, que são caracterizados como consumidores de produtos orgânicos e que usam a biodiversidade brasileira. Nesse quesito, grandes empresas desenvolvem espontaneamente seus próprios programas ambientais de olho no fenômeno das startups, agindo como aceleradoras. Nesse caso, a oportunidade de mercado está favorável tanto para o empreendedor, que pode colocar ideias de projetos, aplicativos para telefonia móvel e metodologias inovadoras como forma de monetização, quanto para o investidor, que pode investir capital de risco com chances de lucros astronômicos e éticos. Dentro do nosso objetivo, é necessário caracterizar ações do Governo em prol da sustentabilidade no segundo setor. O Banco Nacional de Desenvolvi- mento Econômico e Social (BNDES, 2018) é a principal Agência de Fomento do país, com linhas de crédito a longo prazo adaptadas ao meio empresarial, com taxas de juros relativamente baixas e amplos períodos de carência. Para a avaliação de financiamentos, mesmo não se tratando de um programa direta- Programa de preservação do meio ambiente12 mente ligado à preservação do meio ambiente, considera-se esse quesito uma externalidade determinante na análise de concessão de crédito, por meio de análise dos impactos socioambientais do investimento, em que o licenciamento ambiental do cliente para a concessão de crédito é exigido. Essa agência conta há mais de 30 anos com linhas de crédito específicas para apoio permanente a projetos industriais de conservação e recuperação do meio ambiente, apoiando empreendimentos sustentáveis, que privilegiem o saneamento e o uso racional de recursos hídricos, o manejo e a destinação ambientalmente correta dos resíduos sólidos e o uso eficiente de energia elétrica, principalmente de fontes alternativas (BNDES, 2018). Para a atuação do engenheiro ambiental no licenciamento de áreas de inte- resse, devemos considerar alguns conceitos, como o de Reserva Florestal Legal e o de Área de Preservação Ambiental (APA). A Lei nº 12.651/2012 (BRASIL, 2012) estabelece que o Reserva Legal é restrito a zonas rurais. Determina que uma área de vegetação natural pode ser explorada desde que se faça manejo florestal sustentável, para que se evite a descaracterização do ambiente natural, reservando a biodiversidade. A questão é conciliar a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico, ambos garantidos pela Constituição Federal, por meio de projetos que privilegiem o manejo sustentável, com alternativas produtivas inovadoras, atendendo aos dois interesses. O percentual da área rural a ser destinado para o Reserva Legal varia de 80%, se na Amazônia Legal, a 15%. O mesmo Código Florestal define as APA, e determina que seu uso está restrito a preservação, reflorestamento e pesquisas, podendo ser delimitado em áreas de domínio privado, sem necessidade de desapropriação, ficando a critério da autarquia competente a avaliação e concessão. Em relação às Reservas Legais, a área de uma APA é mais extensa, podendo ser admitida alguma ocupação humana anterior ao licenciamento. Enquanto os modelos de Reserva Legal e de APA respondem ao Código Florestal, a Lei nº 10.257/2001 determina que fica a cargo do município“ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais [...] da propriedade urbana” (BRASIL, 2001, documento on-line), salientando que, entre as diretrizes para esse desenvolvimento funcional, encontramos a “proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído” (BRA- SIL, 2001, documento on-line), em consonância com a autoridade esta- belecida pela hierarquia do SISNAMA. Aqui, mais uma vez, encontra-se uma importante oportunidade de atuação do engenheiro ambiental: a re- gularização de Reservas Legais em áreas de loteamentos e condomínios. A regulamentação é diferente da imposta para as zonas rurais, com diminuição da área de preservação para, geralmente, 10% da área ocupada, com as mesmas 13Programa de preservação do meio ambiente condições de acesso e uso. Existe alguma polêmica sobre a utilização pública dessas áreas, os impactos relativos, a propriedade privada ou de uso público, mas regulamentações devem ser feitas para resolver esses conflitos, ficando, por hora, a critério da Entidade Municipal. Com a expansão da área urbana, áreas rurais vão se descaracterizando e invadindo APPs, de forma irregular ou regular. No primeiro caso, a ação neces- sária é de iniciativa pública, que educa e regulariza; no segundo caso, deve haver um projeto privado de loteamento, reservando a respectiva APA. Temos como exemplo o Guia do Parcelamento do Solo Urbano, Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente do Ministério Público do Estado de Santa Catarina, um Órgão Ambiental legislando sobre o parcelamento de áreas para loteamento no Estado, mas também deliberando sobre a preservação ambiental (SOUTO, 2010). Esse Órgão determina a obrigatoriedade da área verde, um espaço de preservação da vegetação, sem calçamento, de domínio público e de função ecológica, paisa- gística e recreativa, cujo objetivo é a melhoria da qualidade de vida nesses três aspectos. Nesse caso, é permitida a abertura de caminhos e trilhas e instalação de áreas de lazer. A obrigatoriedade está embasada na necessidade de manutenção da umidade do ar com as consequentes externalidades para a saúde e para o meio ambiente, como redução de doenças respiratórias e poluição do ar. Ainda temos a absorção de ruídos e a diminuição da variabilidade da temperatura. O aspecto paisagístico aumenta o bem-estar e, em conjunto com a disponibilidade de lazer ao ar livre, tem impacto positivo nos índices de violência. O fato de não haver calçamento é preventivo de inundações, pois permite a absorção da pluviosidade. Conforme se regularizam as áreas verdes em espaços públicos e privados, cria-se jurisprudência sobre elas. Cabe ao engenheiro ambiental estar atento a essas mudanças para oferecer serviços de consultoria e programas de regularização para as incorporadoras. Apesar de se permitir pequenas construções em uma área verde delimitada, esse tipo de ocupação não é bem-vinda e tende a ser limitada, restando apenas características de vegetação contínua, presença de caminhos e trilhas e tolerância a brinquedos infantis e outros divertimentos leves para uso público. Já é tendência para algumas Entidades Municipais liberar construções em áreas residenciais mediante a delimitação de áreas verdes, o que tende a ser incorporado nos códigos municipais, uma vez que tem impacto sobre o bem- -estar comum, tornando-se de interesse público. Levando em consideração a já citada valorização da sustentabilidade, torna-se aceitável tomarmos a frente da fiscalização e elaborar projetos paisagísticos que incluam a existência de áreas verdes, uma vez que os usuários tendem a apreciar e preferir alternativas sustentáveis, o que já se reflete no mercado imobiliário. Programa de preservação do meio ambiente14 1. Para efetivar a preservação do meio ambiente, é necessário levar em consideração inúmeros aspectos, como as APPs (Áreas de Proteção Permanente) e as áreas de risco. Com relação ao assunto, marque a alternativa correta: a) As APPs são áreas especiais de uso e definidas em distintos livros didáticos. b) APPs são locais de assentamento de grupos socialmente vulneráveis. c) As APPs estão integralmente protegidas. d) As APPs são públicas. e) Topo de morro e margem de rio são consideradas APPs e áreas de risco. 2. Projetos e programas de preservação do meio ambiente podem ser aplicados nos distintos setores da sociedade. No primeiro setor, por exemplo, as Unidades de Conservação (UCs) são foco de inúmeros programas e projetos. Sobre as UCs é correto afirmar: a) foram definidas pela Lei 9.985/2000 e possuem 10 categorias. b) possuem 7 categorias de proteção integral, ou seja, que compatibilizam a utilização dos recursos naturais com a proteção do meio ambiente. c) as UCs são parcelas de vegetação natural definidas pelo SNUC e possuem como foco os projetos de utilização dos recursos naturais. d) O SNUC definiu 12 categorias de UCs, sendo que 7 são de proteção integral e 5 de uso sustentável. e) As UCs de uso sustentável são focos de projetos de utilização dos recursos naturais. 3. A reserva legal é uma área definida pela legislação e foco de programas e projetos de meio ambiente, no setor privado. Com relação às características da reserva legal, observe o colocado a seguir: I. é uma área urbana ou rural. II. é uma área que deve ser de proteção integral. III. é uma área que deve ser foco de utilização sustentável. IV. é uma área destinada à preservação do meio ambiente. Das alternativas colocadas, qual ou quais estão corretas? a) Apenas a I. b) Apenas a I e III. c) Apenas a II e IV. d) Apenas a III e IV. e) Apenas a III. 4. Mais amplos que os programas estaduais e municipais, os programas do MMA não possuem a característica de policiamento, atuando na regularização do uso e exploração dos recursos naturais pelas populações de áreas específicas, promovendo ações de cadastramento, regulamentação de uso, inclusão e educação ambiental. Tendo que esses programas governamentais se baseiam na interação entre os 15Programa de preservação do meio ambiente integrantes do SISNAMA com a população, podemos afirmar que: a) é uma preocupação do Governo Federal, visível em seus Programas Ambientais, a conservação dos recursos ambientais, possibilitando seu uso sustentável, quando permitido pela Legislação. b) os Programas Água Doce e Águas Subterrâneas têm por objetivo o incentivo de projetos de dessalinização e distribuição de água potável, sendo o primeiro para zonas costeiras e o segundo para o semiárido. c) o PAN-Brasil também determinou a responsabilidade das grandes propriedades agrícolas sobre o processo degradação do lençol freático. d) o Cadastro Ambiental Rural (CAR) também é um Programa do Ministério do Meio Ambiente e busca levantar a existência de propriedades rurais em UC e transferi-las para zonas rurais. e) são voltados exclusivamente ao atendimento de populações que habitam áreas florestais. 5. No Brasil, há diversos programas e projetos voltados para a conservação do meio ambiente, envolvendo desde a elaboração de estudos preliminares até o licenciamento e execução da obra, quando é o caso. Em relação a esse tema, assinale a alternativa correta. a) A relação entre um programa e um projeto ambiental é clara, sendo um projeto mais abrangente e extenso que um programa. b) A conservação do meio ambiente se relaciona também ao uso racional dos recursos naturais. c) A investigação histórica de uma região por si só determina a viabilidade de um projeto ambiental. d) Com licenciamento especial, é possível o uso parcial de áreas de margem de cursos d’água de alta velocidade. e) Se justificada a necessidade emergencial de uso agrícola, o Código Florestal prevê a drenagem de águas mesmo de áreas protegidas e biomas exclusivos. BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (BNDES). Disponívelem: <https://www. bndes.gov.br/wps/portal/site/home>. Acesso em: 02 jul. 2018. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programas de governo. Disponível em: <http:// www.mma.gov.br/pol%C3%ADtica-de-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos/item/8272- programas-mma>. Acesso em: 02 jul. 2018. Programa de preservação do meio ambiente16 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Con- servação da Natureza: Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas: Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006. Brasília: MMA/SBF, 2011. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/images/arquivos/areas_protegidas/snuc/ Livro%20SNUC%20PNAP.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2018. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Re- gula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, Brasília, DF, 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5194. htm>. Acesso em: 02 jul. 2018. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF, 1981. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: 02 jul. 2018. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica, cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e dá outras providências. Brasília, DF, 1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l7735. htm>. Acesso em: 02 jul. 2018. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Re- gulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Brasília, DF, 2001. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 02 jul. 2018. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n. 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília, DF, 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/ l12651.htm>. Acesso em: 02 jul. 2018. CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA. Resolução n. 447, de 22 de setembro de 2000. Dispõe sobre o registro profissional do engenheiro ambiental e discrimina suas atividades profissionais. Diário Oficial da União, Brasília, 13 out. 2000. Seção I, p. 184-185. Disponível em: <http://normativos.confea.org.br/ downloads/0447-00.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2018. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Disponível em: <http://www. mma.gov.br/port/conama/>. Acesso em: 02 jul. 2018. ESTADÃO Conteúdo. Febre amarela: certificado para viagem tem restrição. 2018. Dis- ponível em: <https://vejasp.abril.com.br/cidades/febre-amarela-certificado-viagem/>. Acesso em: 02 jul. 2018. 17Programa de preservação do meio ambiente MENDES, N. Estrutura organizacional do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). 2016. Disponível em: <https://nathymendes.jusbrasil.com.br/noticias/315451463/ estrutura-organizacional-do-sistema-nacional-do-meio-ambiente-sisnama>. Acesso em: 02 jul. 2018. MOTA, C. V. Após dois anos, impacto ambiental do desastre em Mariana ainda não é totalmente conhecido. 2017. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/ brasil-41873660>. Acesso em: 02 jul. 2018. OLIVEIRA, M. Notificações de casos de febre amarela sobem 62% após o Carnaval. 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/noticia/notificacoes-de-casos-de- febre-amarela-sobem-62-apos-o-carnaval.ghtml>. Acesso em: 02 jul. 2018. SOUTO, L. E. C. O. (Coord.). Guia do parcelamento do solo urbano. Florianópolis, SC: MPSC, 2010. Disponível em: <http://www.urbanismo.mppr.mp.br/arquivos/File/ guia_parcelamento_web.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2018. TEIXEIRA, F. Hotéis de áreas afetadas por febre amarela já perdem reservas. 2018. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rio/hoteis-de-areas-afetadas-por-febre-amarela-ja- perdem-reservas-22372849>. Acesso em: 02 jul. 2018. WENTZEL, M. Europa emite alerta de febre amarela para viagens ao Brasil no Carnaval. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42740373>. Acesso em: 02 jul. 2018. Programa de preservação do meio ambiente18 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR No campo do meio ambiente, muito se fala em sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Conhecer o que esses itens significam, e também seus pilares, é fundamental para o engenheiro ambiental. Nesta Dica do Professor, você entenderá melhor o que significa sustentabilidade, além de sua abrangência, seu lado econômico, social e ambiental, sua aplicação no planejamento urbano e um pouco da história do surgimento do conceito. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Para efetivar a preservação do meio ambiente, é necessário levar em considerações inúmeros aspectos, principalmente as APPs e as áreas de risco. Com relação ao assunto, marque a alternativa correta: A) As APPs são áreas especiais de uso e definidas em distintos livros didáticos. B) APPs são locais de assentamento de grupos socialmente vulneráveis. C) As APPs estão integralmente protegidas. D) As APPs são públicas. E) Topo de morro e margem de rio são consideradas APPs e áreas de risco. Projetos e programas de preservação do meio ambiente podem ser aplicados nos distintos setores da sociedade. No primeiro setor, por exemplo, as unidades de conservação (UC) são foco de inúmeros programas e projetos. Sobre as UCs, é 2) correto afirmar: A) Foram definidas pela Lei 9.985/2000 e têm 10 categorias. B) Têm sete categorias de proteção integral, ou seja, que compatibiliza a utilização dos recursos naturais com a proteção do meio ambiente. C) As UCs são parcelas de vegetação natural definidas pelo SNUC e têm como foco projetos de utilização dos recursos naturais. D) O SNUC define 12 categorias de UCs, sendo que sete são de proteção integral e cinco de uso sustentável. E) As UCs de uso sustentável são foco de projetos de utilização dos recursos naturais. 3) A reserva legal é uma área definida pela legislação e foco de programas e projetos de meio ambiente no setor privado. Com relação às características da reserva legal, observe o colocado a seguir: I - É uma área urbana ou rural. II - É uma área que deve ser de proteção integral. III - É uma área que deve ser foco de utilização sustentável. IV - É uma área destinada à preservação do meio ambiente. Das alternativas colocadas, qual(is) está(ão) correta(s)? A) Apenas a I. B) Apenas a I e III. C) Apenas a II e IV. D) Apenas a III e IV. E) Apenas a III. 4) Mais amplos que sejam os programas estaduais e municipais, os programas do MMA não têm a característica de policiamento, atuando na regularização do uso e da exploração dos recursos naturais pelas populações de áreas específicas, promovendo ações de cadastramento, regulamentação de uso, inclusão e educação ambiental. Tendo que esses programas governamentais se baseiam na interação entre os integrantes do SISNAMA com a população, podemos afirmar que: A) é uma preocupação do governo federal, visível em seus programas ambientais, a conservação dos recursos ambientais, possibilitando seu usosustentável, quando permitido pela Legislação. B) os programas Água Doce e Águas Subterrâneas têm por objetivos o incentivo de projetos de dessalinização e distribuição de água potável, sendo o primeiro para zonas costeiras e o segundo para o semiárido. C) o PAN-Brasil também determinou a responsabilidade das grandes propriedades agrícolas sobre o processo de degradação do lençol freático. D) o cadastro ambiental rural (CAR) também é um programa do Ministério do Meio Ambiente e busca levantar a existência de propriedades rurais em UCs e transferi-las para zonas rurais. E) são voltados exclusivamente ao atendimento de populações que habitam áreas florestais. 5) No Brasil, há diversos programas e projetos voltados para a conservação do meio ambiente, envolvendo desde a elaboração de estudos preliminares até o licenciamento e a execução da obra, quando é o caso. Em relação a esse tema, assinale a alternativa correta. A) A relação entre um programa e um projeto ambiental é clara, sendo um projeto mais abrangente e extenso que um programa. B) A conservação do meio ambiente relaciona-se também ao uso racional dos recursos naturais. C) A investigação histórica de uma região por si só determina a viabilidade de um projeto ambiental. D) Com licenciamento especial, é possível o uso parcial de áreas de margem de cursos d'água de alta velocidade. E) Se justificada a necessidade emergencial de uso agrícola, o Código Florestal prevê a drenagem de águas mesmo de áreas protegidas e biomas exclusivos. NA PRÁTICA Smarts cities são “cidades inteligentes” que utilizam tecnologias com o intuito de promover a integração de serviços e redução de problemas nas mais diversas áreas, buscando soluções que garantam sustentabilidade e desenvolvimento. Tudo isso procurando também garantir qualidade de vida às pessoas. Veja o caso de uma startup que entrou em contato com um escritório de engenharia ambiental, para que a auxiliem a adaptar uma cidade, transformando-a em uma "cidade inteligente". Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Após dois anos, o impacto ambiental do desastre em Mariana ainda não é totalmente conhecido Em janeiro de 2011, ocorreram deslizamentos de terra nos municípios de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, causando mortes e deixando muitas pessoas desabrigadas. Neste material, conheça mais sobre as consequências, positivas e negativas, causadas por esse evento. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Hierarquia das Unidades de Conservação As USc têm características próprias. Conhecer essas peculiaridades proporciona aprendizado e contemplação. Pensando nisso, foi elaborado um apanhado da legislação para que todos conheçam essas características. Conheça mais da edição do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Metas ambiciosas Em 2012, os alemães superaram em 3% a meta de redução de 21% das emissões atmosféricas de CO2 e pretendem, até 2050, reduzir em até 95% suas emissões. Para os gases do efeito estufa, pretendem eliminar completamente sua emissão. Leia, neste artigo, o que será feito para essa meta ser atingida. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! O desastre nuclear de Chernobyl, ocorrido na Usina Nuclear de Chernobyl, localizada na cidade de Pripyat, na Ucrânia, é considerado o maior acidente nuclear da história e tem causado muito medo quanto ao uso desse tipo de fonte de energia. Entenda a história: no dia 26 de abril de 1986, o reator 4 da usina foi parado para uma manutenção periódica para o teste de um novo mecanismo de emergência. Porém, infelizmente, normas de segurança, que deveriam ter sido seguidas, acabaram sendo deixadas de lado. Os operadores da sala de controle do reator não foram treinados de acordo com as normas internacionais de segurança e não obedeceram aos cuidados mínimos, assim, perderam o controle da operação. Passados mais de 30 anos do acidente, a área ainda é considerada extremamente contaminada, provocando diversas doenças crônicas na população, as quais serão apresentadas no decorrer desta Unidade de Aprendizagem. Nesta Unidade de Aprendizagem, serão apresentadas as causas do acidente nucler, na Usina Nuclear de Chernobyl, bem como, os efeitos na saúde da população atingida. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever como ocorreu o desastre em Chernobyl.• Identificar os impactos imediatos à saúde pública, a partir do desastre de Chernobyl.• Relacionar as doenças crônicas causadas pelo desastre de Chernobyl.• DESAFIO A INES - Escala Internacional de Eventos Nucleares - é usada no mundo para se comunicar de forma consistente com o público sobre a importância dos eventos nucleares e radiológicos, sob o ponto de vista da segurança. Sabe-se que o acidente nuclear em Chernobyl, ocorrido em 1986, é o acidente nuclear mais grave da história da energia nuclear. O motivo que provocou esse desastre foi a realização de um teste, agendado para o dia 25 de abril, sob a direção da sede, em Moscou. Esse teste tinha como objetivo principal aumentar a segurança do reator, visando descobrir quanto tempo a turbina a vapor continuaria a gerar eletricidade, após cortado o fluxo de vapor. Atualmente, existe uma vasta fonte de consulta de bibliografias, como livros, jornais, revistas, internet (site, blogs, vídeos, etc.), porém, nem todas as fontes são confiáveis, cabendo ao leitor fazer uma análise crítica do material pesquisado. Dessa forma, as informações estão corretas ou incorretas? Justifique suas respostas respondendo e explicando as quatro questões com argumentos plausíveis. INFOGRÁFICO Em 26 de abril de 1986, a explosão na Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, se transformaria na maior catástrofe nuclear da história. Após mais de 30 anos, não se sabe ao certo o número de pessoas diretamente e indiretamente afetadas. Esse acidente lançou no ambiente o elemento radioativo Césio 137. O césio é um isótopo radioativo resultante da fissão nuclear de urânio ou plutônio. O problema é que esse isótopo se desintegra e dá origem ao Bário 137m, daí a origem do número 137; a partir desse acontecimento, o composto passa a emitir radiações gama. Os raios gama são extremamente nocivos à saúde porque possuem um grande poder de penetração, invadindo as células do organismo e podendo causar a morte. Para saber como ocorreu o acidente em Chernobyl, confira o Infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Os empreendimentos nucleares buscam segurança reforçada para evitar acidentes e diminuir a oposição popular e técnica. Porém, essa forma de obtenção de energia tem gerado questionamentos ao longo das últimas décadas, com relação à sua utilização de forma segura, principalmente após o acidente ocorrido em Chernobyl, em 1986. Ainda hoje, inaugurações de centrais energéticas, que utilizam a energia termonuclear, são cercadas de polêmicas e protestos, provenientes de diversas correntes da sociedade, devido ao risco, sempre presente, desse tipo de energia escapar do controle dos operadores e causar destruição e morte em todas as áreas adjacentes. Para saber mais a respeito do maior acidente nuclear da história, leia, na obra Epidemologia ambiental: o desastre de Chernobyl, o capítulo Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, que fala sobre o referido acidente e seus impactos à saúde. Boa leitura. MEIO AMBIENTE Ronei Stein Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever como ocorreuo desastre em Chernobyl. � Identificar os impactos imediatos à saúde pública a partir do desastre de Chernobyl. � Relacionar as doenças crônicas causadas pelo desastre de Chernobyl. Introdução Na usina nuclear de Chernobyl, localizada na cidade de Pripyat (Ucrâ- nia), ocorreu o que é considerado o maior acidente nuclear da história, causa ainda hoje de muito medo quanto ao uso desse tipo de fonte energética. No dia 26 de abril de 1986, o reator 4 da usina foi parado para uma manutenção periódica e para o teste de um novo mecanismo de emergência. Infelizmente, normas de segurança que deveriam ter sido seguidas acabaram sendo deixadas de lado. Os operadores da sala de controle do reator não foram treinados segundo as diretrizes interna- cionais de segurança e não obedeceram aos cuidados mínimos. Dessa forma, acabaram perdendo o controle da operação. Neste capítulo, serão apresentadas as causas desse acidente nuclear, bem como os efeitos na saúde da população atingida. Passados mais de 30 anos do acidente, a área ainda é considerada extremamente conta- minada, de modo a provocar diversas doenças crônicas na população. Essas doenças serão apresentadas no decorrer do texto. Usinas nucleares e o desastre de Chernobyl Segundo Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012), a energia é um recurso funda- mental para o desenvolvimento de qualquer economia e civilização. Atualmente, a energia é vista como estratégica no cenário de poder mundial e regional. Estima-se que a demanda energética mundial triplique nos próximos 30 anos. A energia nuclear começou a ser estudada e experimentada no início da dé- cada de 1990. A usina nuclear é uma unidade industrial construída para produzir energia elétrica a partir de materiais radioativos. Esta energia é produzida pelo processo denominado fissão (divisão) do átomo. Quando a energia do átomo é liberada rapidamente, é transformada em luz. Caso seja liberada lentamente, produz calor, processo utilizado nas usinas nucleares. Rosa, Fraceto e Moschini- -Carlos (2012) afirmam que o urânio é o elemento mais comumente utilizado em empreendimentos nucleares. Esse elemento é normalmente encontrado na forma de óxidos em rochas, sendo sua forma isotópica mais comum o 238U, que constitui 99,283% do urânio existente no planeta. Em relação ao funcionamento de uma usina nuclear, Chemello (2010) aponta que a fissão nuclear libera energia, que por sua vez, aquece a água líquida, que se transforma em vapor. O vapor gira uma turbina que possui a capacidade de gerar eletricidade, a qual é transportada por uma série de etapas intermediárias. As barras de controle ficam próximas ao combustível nuclear, evitando que o processo de fissão ocorra desenfreadamente. Estas barras são geralmente feitas de boro ou cádmio, elementos que absorvem nêutrons e impedem que estes promovam a fissão de outros átomos de 235U, conforme indicado na Figura 1. Figura 1. Diagrama do funcionamento simplificado de uma usina nuclear. Fonte: Chemello (2010, p. 2). Reservatório de contenção Vapor Turbina Saída de eletricidade Condensador Bomba Bomba Gerador de vapor Água Reator Combustível Barras de controle 38 ºC 27 ºC Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl2 Talvez a forma mais polêmica de geração de energia na atualidade seja a nuclear, devido aos resíduos gerados e à possibilidade de acidentes. Embora as usinas sejam equipadas com sistemas de segurança reforçados, os acidentes são uma possibilidade, podendo prejudicar o entorno e inviabilizar permanentemente o funcionamento das unidades de produção energética. Há ainda o perigo de exposição dos funcionários que trabalham nas usinas, os quais devem cumprir regras rígidas de proteção contra a grande exposição e o risco de contaminação radioativa, sem mencionar os riscos de contaminação do meio ambiente. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi o primeiro país do mundo a colocar em operação uma usina nuclear em Obninsk, em 1954. No ano de 1986, a potência socialista era o terceiro maior produtor de energia nuclear no planeta. Neste ano, mais precisamente em 26 de abril, ocorreu o desastre de Chernobyl, na central elétrica da Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia (à época, parte da União Soviética). O desastre é o pior acidente nuclear da história em termos de custos e de mortes resultantes (Figura 2), além de ser um dos dois únicos classificados como um evento de nível 7 (classificação máxima) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares; o outro foi o acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, em 2011. Figura 2. Usina Nuclear de Chernobyl. Fonte: Roberts Vicups/Shutterstock.com. 3Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl Como ocorreu o acidente em Chernobyl? Tudo começou quando um dos quatro reatores explodiu, ocasionando diversas reações em cadeia. O motivo dessa explosão é até hoje controverso e mal explicado. Alguns afirmam que a causa foi tão somente a falha dos operadores; outros atribuem o acidente a problemas no projeto das hastes de controle do reator. Em 25 de abril de 1986, o diretor da planta agendou o teste de uma nova técnica, para dar garantia de que, na eventualidade de um desastre nuclear, seria possível resfriar o reator com rapidez e segurança. O teste aconteceu durante um procedimento de rotina. Entretanto, outra usina de energia regional saiu de funcionamento, de modo que operador central pediu para que o teste fosse adiado. Buscava-se assegurar o suprimento de energia para a noite. Apesar de o teste ter sido adiado, a equipe de Chernobyl começou a se preparar para realiza-lo, de maneira que parte dessa preparação incluiu desligar uma parcela do sistema de resfriamento de emergência no reator. Sem tomar os devidos cuidados, o reator acabou explodindo e liberando uma imensa nuvem, 400 vezes mais radioativa do que a bomba atômica de Hiroshima. A população e o meio ambiente foram contaminados. A explosão provocou uma nuvem radioativa de grande intensidade que se espalhou e contaminou a União Soviética, a Escandinávia, o Reino Unido e grande parte da Europa. Grandes áreas da Ucrânia, Bielorrússia (Belarus) e Rússia foram profundamente comprometidas. O governo soviético procurou esconder o ocorrido da comunidade mundial, até que a radiação em alto nível foi detectada em outros países. Um total de 350 mil pessoas foram evacuadas. Além disso, os impactos ambientais na região foram muitos; vários países suspenderam a importação de produtos agrícolas. Até hoje, não é recomendável consumir qualquer alimento que tenha origem naquele território. A natureza selvagem também sofreu com a radiação. Há vários animais que apresentam mutações genéticas, como os lobos e roedores de pequeno porte. Calcula-se que os riscos de contaminação continuarão por pelo menos 20 mil anos. Em 2011, Chernobyl se transformou em atração turística. Entretanto, os turistas só podem entrar mediante uma autorização especial e vestimentas apropriadas. A cidade de Prypiat, localizada a quatro quilômetros de Chernobyl, a qual foi construída à época para os trabalhadores da usina, e onde viviam 50 mil pessoas, também faz parte do roteiro. Atualmente, esta é uma cidade fantasma, onde as construções são engolidas pela natureza e pelo abandono (Figura 3), sendo os índices radioativos nesta área extremamente elevados. Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl4 Para saber mais a respeito do desastre em Chernobyl, assista ao vídeo disponível no link ou código a seguir (DOCUMENTÁRIO, 2013). https://goo.gl/4k9vXL Impactos à saúde causados pelo desastre de Chernobyl Após o acidente de Chernobyl, um grande número de materiais radioativos foi liberados no ambiente. Os materiais de maior e mais perigosa exposição foram o Iodo-131, o gás xénon e o Césio-137, em um montante de 5% de todo o material radioativo de Chernobyl, estimadoem 192 toneladas. Levadas pelo vento, partículas do material chegaram à Escandinávia e à Europa Oriental. Mais de metade do Césio-137 emitido como resultado da explosão foi carregado pela atmosfera a outros países europeus. Pelo menos 14 outros países da Europa (Áustria, Suécia, Finlândia, Noruega, Eslovênia, Polônia, Romênia, Hungria, Suíça, República Tcheca, Itália, Bulgária, República da Moldova e Grécia) foram contaminados por níveis de radiação acima de 1 Ci/m2 (ou 37 kBq/m2), limite usado para definir áreas como “contaminadas” (ACCA, 2007). Os impactos diretos a saúde das pessoas começaram a ser sentidos poucas horas após o acidente. Cunha (2016) ressalta que, no dia seguinte à explosão, os bombeiros e os moradores da cidade de Prypiat ficaram expostos a uma radiação 50 vezes maior do que a considerada normal na atmosfera. Naquele ritmo, em quatro dias a exposição poderia levar à morte de todos. De acordo com Martuscelli (2013), em plena Guerra Fria, o governo sovi- ético não desejava mostrar sinais de fraqueza em suas instalações nucleares, motivo pelo qual fez tudo o que pôde para impedir que detalhes do acidente fossem divulgados para o restante do globo. A própria população soviética também não foi provida de informações confiáveis sobre o acidente, nem par- ticipou da tomada de decisões para mitigar suas consequências. Dessa forma, as autoridades decidiram evacuar a cidade e, para evitar o pânico, esconderam a gravidade da situação, relatando que a mudança seria temporária. Centenas 5Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl de ônibus entraram em ação e, em 3 horas e meia, cerca de 43 mil pessoas foram retiradas. Estes eram os primeiros “refugiados atômicos” da Europa. Os impactos radioativos afetaram a população das seguintes maneiras: � evacuação desordenada da região; � aumento pronunciado do número de abortos; � dificuldade na obtenção de documentos que permitissem a retirada dos indivíduos que viviam nas cidades próximas à usina e nas cidades vizinhas (área de contaminação radioativa); � conflitos entre as pessoas acerca dos subsídios do governo e dos alojamentos; � discriminação dos indivíduos, sendo disseminado o sentimento de medo, denominado de “radiofobia” (medo da radiação); � cuidados médicos prestados à população insuficientes e inadequados. O acidente em Chernobyl proporcionou a criação de uma subpopulação que vive ameaçada, seja por doenças ou discriminação. Uma das consequências foi o aumento progressivo dos casos de câncer da glândula tireoide em indivíduos jovens, particularmente em crianças, desde as que ainda estavam intra-útero até as de dois anos de idade à época do acidente. Ao todo, foram mais de 130 mil refugiados atômicos, pessoas que sofreram alterações no sangue, tiveram náuseas, vômitos, diarreias, queimaduras no corpo e sofreram destruição da medula óssea. A tarefa de avaliar as consequências da radiação para a saúde dos seres humanos é complicada, segundo Chemello (2010). Isso porque as consequências muitas vezes não são previsíveis, estando sujeitas a vários fatores, como, por exemplo, o tipo de radiação, o tempo de exposição, o local em que incide a radiação, entre outros. Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl6 O mesmo autor menciona que os raios γ e muitas das partículas α e β produzidas em reações nucleares têm energia mais do que suficiente para quebrar ligações químicas interatômicas, arrancando elétrons e produzindo espécies com carga positiva. Portanto, os produtos do decaimento radioativo são exemplos da conhecida radiação ionizante. A ionização de átomos (e moléculas) nos tecidos vivos resulta em danos, como queimaduras e alterações moleculares que podem levar a doenças de radiação, como câncer e defeitos no nascimento de filhos de pessoas contaminadas. O Quadro 1 resume os efeitos das radiações a partir da dose em que o ser humano é exposto. Fonte: Adaptado de Chemello (2010, p. 7). Dose (Sv) Efeitos tóxicos 0,05–0,25 Possibilidade (baixa) de desenvolvimento de câncer ou mudanças genéticas do DNA. 0,25–1,00 Redução temporária na contagem de glóbulos brancos. 1,0–2,0 Doença da radiação: fadiga, vômitos, diarreia, prejuízo ao sistema imune. 2,0–4,0 Doença da radiação grave: sangramento intestinal, destruição da medula óssea. 4,0–10,0 Morte (geralmente devido a infecções) dentro de alguns dias. > 10,0 Morte em poucas horas. Quadro 1. Efeitos esperados a partir do grau de absorção da radiação nuclear Os moradores do assentamento de Pripyat começaram a ser retirados do local somente no dia seguinte, às 14 h (cerca de 36 horas após o acidente). Foi preciso uma semana para retirar os cerca de 45 mil habitantes da cidade e os mais de 130 mil habitantes que moravam nos arredores, bem como para criar uma zona de exclusão de 30 km da usina. Esse tempo, no entanto, foi mais do que suficiente para contaminar boa parte da população desinformada. 7Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl Estima-se que a explosão da usina liberou para a atmosfera cerca de 200 vezes mais radioatividade que as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki juntas. Muitos dos bombeiros e trabalhadores da usina foram expostos a mais de 1 Sv de radiação. Pelo menos 30 deles morreram nas semanas após o acidente. Muitos dos mais de 600 mil trabalhadores que limparam a área ao redor do reator apresentaram sintomas de “doença da radiação”, e cerca de 5 milhões de pessoas na Ucrânia, Bielorrússia e Rússia foram expostas à precipitação nos dias seguintes ao acidente (CHEMELLO, 2010). Doenças crônicas causadas pelo acidente de Chernobyl A mais significativa e abrangente catástrofe tecnológica na história da huma- nidade, a qual ocorreu em uma pequena cidade ucraniana às margens do rio Pripyat, fez com que milhares de pessoas fossem contaminadas pela radiação, apresentando diversos tipos de doenças crônicas. As doenças crônicas são caracterizadas por serem doenças que possuem um lento desenvolvimento e uma longa duração; muitas delas ainda não possuem uma cura. Passados mais de 30 anos, milhões de pessoas (entre 5 e 8 milhões) ainda residem em áreas que continuarão altamente contaminadas por vários anos, devido à poluição radioativa de Chernobyl. O acidente de Chernobyl provocou efeitos graves à saúde da população nos seguintes grupos: � trabalhadores de limpeza, incluindo civis e militares designados a continuar com suas atividades e construir a camada protetora para o reator (escudo); � pessoal evacuado de regiões perigosamente contaminadas, num raio de 30 km ao redor da usina; � residentes das regiões menos (mas ainda perigosamente) contaminadas; � crianças nascidas em famílias de qualquer um dos três grupos anteriores. Epidemiologia ambiental: o desastre de Chernobyl8 Hoje está claro que a poluição de Chernobyl causou um aumento em larga escala da incidência de câncer. O câncer é mais comum em populações das regiões altamente contaminadas e entre os “trabalhadores” (pessoal responsável pelo combate ao fogo e construção do escudo protetor, civis e militares), em comparação a grupos de referência (relativamente não expostos). Existem diversos transtornos associados à radiação de Chernobil; houve um aumento da morbidade e prevalência de diversas doenças. A seguir, apresentam-se algumas das principais descobertas relacionadas a doenças cancerígenas e outras doenças (não cancerígenas), conforme aponta Weinfuter (2017): � Câncer de tireoide — Câncer é extraordinariamente agressivo. Tem progressão rápida e antecipada para formar tumores secundários nas glândulas linfáticas e pulmões, o que piora o prognóstico e, frequen- temente, demanda a realização de intervenções cirúrgicas múltiplas. Dada a particularidade de períodos de longo estado latente, que pode ser associada ao câncer de tireoide, novos casos induzidos por Chernobyl podem emergir nas próximas