Buscar

MEIO AMBIENTE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 284 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 284 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 284 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

E-BOOK
MEIO AMBIENTE
Gestão ambiental: reciclagem e a questão 
dos lixos nas cidades
APRESENTAÇÃO
Pensar em formas de gestão de resíduos e em maneiras de diminuir o impacto do lixo produzido, 
por meio da aplicação de pesquisas e metodologias é atribuição do Engenheiro Ambiental. Do 
mesmo modo, esse profissional deve conhecer os aspectos específicos que caracterizam o lixo e 
os resíduos, além de ter domínio da legislação e de sua aplicabilidade.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá que o Engenheiro Ambiental deve saber detectar 
situações de má gestão do Resíduo Sólido Urbano (RSU) e os consequentes impactos — 
ambientais e sociais — manifestados na existência ou persistência dos lixões; ele também deve 
ser capaz de pensar maneiras de resolver esse problema. Você conhecerá as boas práticas na 
gestão e gerenciamento de resíduos nas cidades, bem como identificará e aplicará as novas 
tecnologias. Serão trabalhados, ainda, os principais conceitos envolvendo as definições de lixo, 
seus tipos e origens, e os conceitos estabelecidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos 
(PNRS) .
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever como ocorre a gestão dos resíduos nas grandes cidades.•
Reconhecer os impactos ambientais e sociais dos lixões.•
Identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades.•
DESAFIO
É sabido que o Engenheiro Ambiental deve conhecer não só o que caracteriza o lixo, mas 
também toda a legislação que envolve a destinação correta dos resíduos, buscando menor 
impacto social e ambiental. A gestão correta do lixo auxilia na diminuição desses impactos, 
assim como o uso de tecnologias e iniciativas que busquem melhorar o destino do lixo.
Sabendo das habilidades e competências de um Engenheiro Ambiental, determinada empresa, 
que faz recolhimento e descarte de lixo, procura uma firma de engenharia, buscando assessoria. 
Com base nas expectativas do contratante e nos aspectos da personalidade profissional 
do Engenheiro Ambiental, elabore um plano de ação que relacione as ações a serem tomadas.
INFOGRÁFICO
O modelo de gestão de resíduos sólidos, adaptado às novas prioridades da política ambiental, 
mostra que o fluxo de material não é mais linear: entre a extração dos recursos naturais e a 
disposição final há uma reação de redução e estabilização entre esses dois pontos, bem como em 
relação ao consumo, pela adoção do consumo inteligente.
Todas as etapas são reativas, com seu fluxo regulado pela demanda da etapa seguinte, evitando 
acúmulo e desperdício. A reciclagem de embalagens e componentes oriundos da distribuição e 
consumo, seja pelo uso ou pela devolução, reflete diretamente na utilização de matéria-prima, da 
mesma forma que a reutilização. Além disso, o impacto ambiental e socioeconômico é reduzido, 
pois a organização para a coleta seletiva nas cadeias de retorno cria condições para a 
sustentabilidade.
Neste Infográfico, veja como funciona esse modelo de gestão e suas etapas, assim como os 
componentes que o formam. 
CONTEÚDO DO LIVRO
Conhecer as características do que é considerado lixo, assim como os modelos de gestão de 
resíduos passíveis de serem aplicados e o impacto que os lixões causam ao meio ambiente e aos 
seres humanos, é parte essencial do trabalho do Engenheiro Ambiental.
No capítulo Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades, da obra Meio 
ambiente, você verá os tipos existentes de lixo e suas origens, e como deveria ser a sua gestão 
nas grandes cidades. Serão analisadas as definições dadas pela Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS) e suas aplicações práticas.
Partindo de uma reflexão sobre a má gestão do lixo, serão caracterizados os possíveis impactos 
ambientais e sociais dos lixões, verificando de que maneira esses impactos podem ser mitigados. 
O capítulo também foca em identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades, 
examinando tecnologias e iniciativas nesse sentido. 
MEIO AMBIENTE
Anderson Pires 
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Mestre e Doutora em Ciências
Graduada em Ciências Biológicas
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147
M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein
... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – 
Porto Alegre : SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-573-8
Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein,
Ronei Tiago.
 
CDU 502
Gestão ambiental: 
reciclagem e a questão 
dos lixos nas cidades
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever como ocorre a gestão dos resíduos nas grandes cidades.
 � Reconhecer os impactos ambientais e sociais dos lixões.
 � Identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades.
Introdução
O engenheiro ambiental, por formação, deve ter conhecimentos pro-
fundos sobre o que chamamos de “lixo”: tipos, origens, tratamentos e 
destinação. Da mesma forma, esse profissional deve estar apto a desen-
volver pesquisas e experimentar novas metodologias, exercitando sua 
capacidade em gestão de projetos. 
Na primeira sessão deste capítulo, definiremos “lixo”, caracterizando 
os tipos existentes e suas origens. Trataremos, igualmente, de como deve 
ser sua gestão nas grandes cidades; para tanto, analisaremos a Política 
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Na segunda parte, partindo de 
uma reflexão sobre a má gestão do lixo, vamos caracterizar os impactos 
ambientais e sociais dos lixões, discutindo as maneiras pelas quais podem 
ser mitigados. Finalmente, vamos identificar boas práticas na gestão de 
resíduos nas cidades, examinando diferentes tecnologias e iniciativas.
Gestão do lixo nas grandes cidades
Progressivamente, na medida em que a humanidade se tornou urbana, mais 
bens de consumo passaram a ser produzidos. Em consequência, aumentou 
também a produção de lixo. Mas, afinal, como poderíamos definir lixo? O 
artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, afirma 
que todo brasileiro tem direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado 
(BRASIL, 1988); a existência de lixo fora do local correto fere esse direito. 
Há uma confusão “semântica” entre resíduo e rejeito: muitas vezes o 
termo resíduo é utilizado como uma forma polida de chamar o lixo. Resíduo, 
de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS — Lei nº 
12.305/ 2010) é toda substância resultante fora do contexto ecológico, ou que 
não seja consumido, ou que crie uma desarmonia entre o fluxo dos elementos 
nos sistemas ecológicos (BRASIL, 2010a). Em outas palavras, é o “resto”, a 
“sobra”. Entretanto, ainda pode ser reaproveitado ou reciclado. Se resíduo 
possui sentido técnico, lixo tem um sentido comercial, e rejeito é o que não 
pode ser reciclado ou reaproveitado, seja por carência tecnológica ou custo. De 
qualquer maneira, o rejeito necessita de uma “disposição final ambientalmente 
adequada” (BRASIL, 2010a, documento on-line).
Outra confusão ocorre entre gestão e gerenciamento de resíduos entre os 
setores público e privado: gestão é integrada, um conjunto de ações e planeja-
mentos políticos, socioeconômicos, culturais e ambientais, de responsabilidade 
do município (conforme a PNRS); gerenciamento, por sua vez, é o conjunto de 
ações feitas pelo setor privado e pelas instituições com os resíduos gerados.
O artigo 3 da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº 6.938/81) 
traz o conceito de poluente, que é uma forma de matéria ou energia que conta-
mine o meio ambiente com algo que não lhe seja próprio (BRASIL, 1981); da 
forma em que se apresenta, é prejudicial. Esse conceito refere-se a substâncias 
sólidas, líquidas, gasosas, e o lixo está no meio disso. Popularmente, nos re-
ferimos ao lixo como resíduo sólido, ou quase, pois definimos resíduo sólido 
como lixo, refugo, lodo, lamas e borras resultantes de atividades humanas de 
origem doméstica, profissional,agrícola, industrial, nuclear ou de serviço, 
ou seja, naturalmente já separamos lixo em uma categoria de resíduo sólido. 
Esse conceito, sendo analisado em conjunto com a NBR n. 10.004/2004 (AS-
SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) nos informa 
que resíduos sólidos e semissólidos são originados das atividades industrial, 
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. 
Conforme o artigo 13 da PNRS, os resíduos sólidos podem ser classificados 
quanto ao tipo, à origem e à periculosidade (BRASIL, 2010a). Os resíduos 
sólidos urbanos (RSU) podem ser orgânicos, como restos de alimentos, de 
podas de jardim, papel e madeira, ou inorgânicos, como plástico, vidro, me-
tal, borracha e outros. Os RSU, quanto à origem, englobam os domiciliares, 
originários de atividades domésticas em residências urbanas e os de limpeza 
urbana, da varrição, limpeza das vias públicas e outros serviços. Os resíduos 
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades2
de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços englobam também 
os de limpeza urbana, dos serviços públicos de saneamento básico, de serviços 
de saúde, da construção civil e de serviços de transportes. Há ainda os resíduos 
industriais, resíduos agrossilvopastoris e os resíduos de mineração, gerados na 
atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. O foco deste 
capítulo são os RSU, os resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores 
de serviços e os resíduos industriais, que são os mais impactantes nas cidades.
Quanto à periculosidade, temos, ainda, os resíduos perigosos, que de alguma 
forma apresentam risco significativo à saúde pública ou à qualidade ambiental, 
e os não perigosos. Após a publicação da PNRS, o Instituto Brasileiro do 
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) publicou a 
Lista Brasileira de Resíduos Sólidos (Instrução Normativa IBAMA 13/2012), 
elencando os resíduos sólidos no Brasil (INSTITUTO BRASILEIRO DO 
MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS, 2012). 
A Lei do Saneamento Básico (11.445/2007) definiu melhor RSU (BRASIL, 
2007a), adicionando aos atuais resíduos domiciliares e resíduos de limpeza 
urbana, o lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços 
que o gerador não é capaz de manejar — um conceito mais amplo.
Analisando os RSU sob o ponto de vista da periculosidade, importantes 
aspectos da vida na cidade chamam nossa atenção: colocamos no lixo me-
dicamentos vencidos, pilhas, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, 
restos de tintas, solventes, aerossóis, e outros materiais que contêm substâncias 
químicas nocivas ao meio ambiente. Esses resíduos têm normas específicas 
de descarte, desconhecidas da grande maioria da população. Outro ponto é 
interessante diz respeito ao lixo eletrônico. Apesar de o lixo urbano ainda 
ser, em maior proporção, composto por materiais orgânicos, a quantidade 
de papel e material de embalagem (metais, plásticos e papelão), pilhas, óleo 
lubrificante usado (OLU), restos de tinta e outros aumentou bastante, e tende a 
aumentar cada vez mais. A isso soma-se o que foi denominado o lixo eletrônico, 
composto por computadores, telefones celulares, televisores e monitores de 
computador que tomam um destino errado, ocupando espaço e contaminando 
o meio ambiente com metais pesados presentes nas peças e componentes 
desses produtos. Mercúrio, chumbo, cádmio e níquel são cumulativos nos 
tecidos vivos, e seus efeitos a longo prazo são desconhecidos, pois ainda não 
há “um longo prazo”. Os fatos já conhecidos nos mostram que devemos tomar 
medidas urgentes a respeito dessa realidade.
3Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
Embora os pneus usados sejam classificados como inertes, são resíduos indesejáveis, 
ambientalmente falando, devido a sua grande quantidade: cerca de 21 milhões de 
pneus de todos os tipos são descartados anualmente no Brasil, segundo a Associação 
Nacional da Indústria de Pneumáticos. Mecanicamente, nos lixões e pátios, os pneus 
acumulam água e funcionam como uma incubadora de mosquitos vetores da malária, 
da dengue, das febres amarela e chikungunya e da zyka. Acumulam-se também no 
fundo de rios e lagos, contribuindo para enchentes. Quando queimados, produzem 
fumaça muito tóxica por causa da presença de dioxinas e furanos.
Pelo que vimos, o problema maior diz respeito à gestão inadequada dos RSU, 
já que esta é a mais visível e volumosa. Se considerarmos o lixo com respeito 
ao estado físico, as emissões líquidas (inclusive as “pastosas”) e gasosas são 
de mais difícil detecção. Entretanto, há, para estas, medidas específicas a se 
tomar. Em se tratando de RSU, a PNRS (BRASIL, 2010a) propôs instrumentos 
de gestão significativos para o combate de problemas ambientais importantes, 
bem como seus reflexos sociais e econômicos.
A PNRS inseriu hábitos de consumo sustentável e ressignificou o termo 
“lixo”, com implementação da reciclagem e reuso dos RSU, subtraindo desse 
conceito negativo materiais que são matéria prima em potencial, além de 
pressionar para a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, come-
çando pela separação do lixo. Instituiu o que se chamou de “responsabilidade 
compartilhada” (BRASIL, 2010a, documento on-line) do gerador de RSU com 
a comunidade e o prestador de serviço de Logística Reversa dos resíduos e 
embalagens. Também criou metas para a eliminação dos lixões, problema que 
estudaremos na sessão seguinte, fornecendo instrumentos de planejamento 
e gestão para diversas esferas de governo. Por fim, tornou obrigatória para 
a iniciativa privada a elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos 
Sólidos (PGRS). A Lei modernizou os saberes da gestão de resíduos sólidos 
e trouxe novas ferramentas de gestão para a legislação ambiental. 
A gestão integrada dos resíduos sólidos de serviços de saúde, da construção 
civil, de mineração, de portos, aeroportos e fronteiras, industriais e agros-
silvopastoris, reúne as ações voltadas a encontrar soluções para os resíduos 
sólidos, com planos nacional, estaduais, microrregionais, intermunicipais, 
municipais e de gerenciamento. Os planos de gestão dos governos federal, 
estaduais e municipais passaram a tratar de assuntos relativos à coleta seletiva, 
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades4
reciclagem, inclusão social e participação da sociedade civil. A PNRS (BRA-
SIL, 2010a) instituiu a responsabilidade compartilhada de toda a sociedade 
na gestão de RSU, com o objetivo de reduzir a geração de resíduos sólidos, 
o desperdício de materiais, a poluição e os danos ambientais, e incentivar o 
desenvolvimento de mercados e a produção e consumo de produtos derivados 
de materiais reciclados e recicláveis. Ademais, a logística reversa mobiliza a 
sociedade na responsabilização da destinação ambientalmente adequada dos 
RSU, estimulando o recolhimento de produtos e embalagens após seu consumo 
e o reaproveitamento, no mesmo ciclo produtivo ou em outros.
Com base nesses preceitos, o Ministério do Meio Ambiente criou a Agenda 
Ambiental na Administração Pública (A3P), um programa para estimular 
os órgãos públicos à sustentabilidade. A A3P visa à eficiência na atividade 
pública e à preservação do meio ambiente (MINISTÉRIO DO MEIO AM-
BIENTE, 2009). Estrutura-se segundo seis eixos: uso dos recursos naturais; 
qualidade de vida no ambiente de trabalho; sensibilização dos servidores para 
a sustentabilidade; compras sustentáveis; construções sustentáveis; e gestão de 
resíduos sólidos. Para auxiliar os órgãos a atingirem esses objetivos, conta com 
capacitações mais aprofundadas, mobilizações para apresentar os conceitos 
da A3P e exposições instrutivas.
A PNRS proibiu o descarte de rejeito em “lixões” e limitou a ação de 
catadores. Este movimento visou a preservação do meio ambiente e a inserção 
dos catadores na cadeia da reciclagem, para promover a cidadania e inclusão 
social com geração de emprego e renda.
Engenheiro ambientalusa entulho como base em obras civis
A iniciativa de um engenheiro ambiental em Ribeirão Preto (SP) criou uma maneira 
vantajosa de usar o material reciclado proveniente da construção civil. Ele utilizou 
material proveniente da reciclagem de resíduos da construção civil, livre de impurezas, 
no lugar da brita, com dimensão máxima recomendada para esse tipo de aplicação, 
dentro das normas da ABNT vigentes.
O investimento foi feito em parceria com o proprietário de um aterro e um empresário. 
Já existem outros projetos com a utilização de material reciclado destinado a calçadas 
e estradas rurais (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AMBIENTAIS, 2015). Leia 
mais sobre a experiência acessando o link a seguir. 
https://goo.gl/Fq8F8Z
5Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
O impacto dos lixões
“Lixão” é um local legalizado, usado pelo poder público, geralmente Muni-
cipal, para depositar o RSU gerado pela comunidade. Entretanto, o descarte 
de materiais nesse local é feito de maneira não normatizada, sem condições 
sanitárias adequadas. Essa é uma definição pragmática, pois define o “depósito 
de lixo” para onde vai todo o RSU coletados pelo serviço de coleta pública 
sob responsabilidade do poder público. Salienta-se, contudo, que tanto o 
serviço de depósito e suas implicações, quanto os serviços de coleta podem 
ser concedidos à iniciativa privada.
O poder público parece ignorar a relevância do impacto causado pelos 
lixões, pois muitos municípios ainda mantêm esses espaços para disposição 
dos resíduos produzidos nas cidades. Esse fato motiva forte discussão nas 
esferas ambientais, sociais e econômicas. Muitos “lixões” são irregulares, pois 
não possuem licença ambiental nem acompanhamento ou gestão do que está 
sendo depositado em seu interior. Misturam resíduos domiciliares orgânicos e 
inorgânicos, resíduos de varrição de praças e logradouros, resíduos perigosos, 
resíduos hospitalares e resíduos da construção civil, entre outros. 
Oficialmente, não existem desde 2014, quando a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) determinou seu fechamento (BRASIL, 
2010a). Porém, muitos municípios brasileiros ainda contam com lixões ativos. 
Para entender o impacto dos lixões, é necessário estudar as mudanças ecológi-
cas, sociais, culturais e estéticas que ocorrem no local e em seu entorno, que 
são a área diretamente afetada (ADA), onde está implantado o empreendimento, 
a área de influência direta (AID), que é o entorno imediato, a vizinhança e a 
área de influência indireta (AII), que é a área que é afetada em menor grau. 
O impacto ambiental deve ser caracterizado, identificando o dano causado e 
seu autor, bem como a extensão e a efetividade. O maior prejuízo se dá em 
relação às características ambiental, social, sanitária e econômica. Ambiental-
mente, os lixões impactam descaracterizando totalmente a paisagem natural, 
contaminando as águas e o solo. Quanto a este, diminuem a qualidade, seja 
da impermeabilização ou da ação de microrganismos. Outro fator a ser con-
siderado é a supressão da vegetação e a atração de espécies exóticas.
Lixões são locais insalubres cuja farta oferta de matéria orgânica atrai 
todo o tipo de vetor, como ratos, baratas, mosquitos, bactérias e vírus, que são 
responsáveis pela transmissão de várias doenças como leptospirose, dengue, 
cólera, diarreia, febre tifoide e verminoses. Esse panorama agrava-se pela 
falta de renda e posses dos catadores, que vivem à margem da sociedade e 
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades6
dos serviços de saúde. O problema social se amplia pela própria exclusão, 
pois catadores são rotulados como pessoas sem posses e que se alimentam 
do próprio lixo, o que, em muitas situações, é verdade.
Pela imensa quantidade de material descartado sem qualquer critério ou 
triagem, os lixões também caracterizam um sumidouro de materiais poten-
cialmente reutilizáveis, que gerariam uma economia de recursos ambientais, 
por assim dizer, e uma grande economia social, ou seja, uma possibilidade de 
renda para os desfavorecidos do local. Relativamente ao porte dos lixões, as 
áreas de influência podem se tornar imensas, atingindo municípios vizinhos 
com maus odores, fumaças resultantes da queima de resíduos, e lixiviados 
(chorumes). O impacto econômico de um lixão é complexo, composto por 
ocorrências diretas e indiretas impossíveis de rastrear, como o gasto com 
consultas e internações de cidadãos (custo direto) e a improdutividade nestes 
dias (custo indireto).
O Brasil tem cerca de 3 mil lixões ou aterros irregulares. Mesmo após a lei 
que visou a acabar com a prática de lixões, eles operam fortemente. Alguns 
funcionam, inclusive, com aval do serviço público, impactando a qualidade 
de vida de 77 milhões de brasileiros. As perguntas que devemos nos fazer são: 
Quando os lixões forem eliminados, como prevê o PNRS, todas as cidades 
vão apresentar planos de gestão integrada de resíduos? A taxa de reciclagem 
vai aumentar? Os catadores estarão incluídos no processo? 
A PNRS (BRASIL, 2010a) pune quem deposita produto ou substância 
tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente ou os usa, 
manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá 
destinação final de forma diversa da normatizada. A consequência da incerteza 
quanto ao que pode ser encontrado em um lixão é clara: o Brasil gasta cerca 
de R$ 800 milhões por ano em doenças relacionadas ao lixo. Obviamente, as 
principais vítimas são os catadores de materiais recicláveis e as populações 
vizinhas desses locais — principalmente as crianças.
A sustentabilidade é uma questão de sobrevivência. As prefeituras recla-
mam que não possuem recursos para se adequar à lei, acabar com os lixões 
e implantar a coleta seletiva e as usinas de reciclagem e compostagem do 
material orgânico. O valor necessário é o mesmo que os municípios arrecadam. 
Entretanto, muitos não se organizam para usar os recursos destinados a isso 
pelo BNDES ou convênios internacionais. Pesquisas recentes indicam que 
pouco mais da metade dos municípios trata o lixo de alguma forma, mesmo 
que inadequada.
7Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
Como vimos, os resíduos são encaminhados para o lixão, que é um local a 
céu aberto, com materiais descartados de qualquer maneira e sem tratamento. 
Isso causa problemas ambientais como a poluição das águas subterrâneas e 
cursos d’água vizinhos, proliferação de animais parasitas e odores de fer-
mentação, que são a origem do chorume, concentrado em metais, bactérias e 
matéria orgânica. O chorume contamina o solo e a água subterrânea e super-
ficial. Necessita de grande volume de oxigênio para a decomposição, o que 
sequestra da fauna aquática, causando sua morte. Quando presente no lençol 
freático, o chorume causa forte impacto na saúde pública. Em suma, é muito 
mais danoso que o esgoto urbano, além de ser de mais difícil tratamento. Se 
fossem seguidas as normas específicas de disposição ambientalmente correta 
do lixo, teríamos aterros sanitários, onde se depositam RSU com controle da 
poluição e proteção ao meio ambiente. Aterros são equipados com tratores 
compactadores. Após a compactação, o lixo é coberto com areia, para diminuir 
odores, evitar incêndios e reduzir a população de insetos e roedores. Mesmo 
com a coleta e o tratamento do chorume, é importante que uma distância 
mínima de 400m de qualquer curso d’água seja mantida.
Uma questão relevante quanto ao lixo diz respeito ao desperdício que a 
má gestão acarreta. Se analisarmos cuidadosamente, nosso lixo doméstico 
é 2/3 biodegradável, sendo o restante papel, plástico, vidro e metal. Deste 
modo, o que não pode ser compostado, pode reentrar no ciclo produtivo. No 
cenário atual, principalmente no Brasil, é muito difícil garantir destinação 
adequada para os resíduos. Isso tem duas razões principais: a geração do 
lixo, que é incorreta, sem separação; a falta de locais adequadosà sua des-
tinação, dada a situação dos lixões. Outra questão relevante é que esse 1/3 
de material não-biodegradável ocupa um grande espaço, sendo causador 
do problema “visível” do lixão: o tamanho, que se expande em grande 
velocidade. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 
de 2008 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 
2008), foram coletadas quase 260 mil toneladas de RSU por dia. Esses 
rejeitos, ademais, atraem populações em situação socialmente vulnerável, 
que acabam estabelecendo comunidades de catadores no entorno dos lixões, 
com as mazelas que discutimos anteriormente. 
O problema “invisível” é causado, em parte, pelos 2/3 de material com-
postável: por ser contaminado, esse material causa doenças debilitantes e até 
fatais, com impacto na saúde pública. Por se tratar de alimento, atrai animais 
conurbados — aqueles que vivem conosco, beneficiando-se do que lhes for-
necemos. Esses animais transmitem doenças e, novamente, geram impacto na 
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades8
saúde pública. Ademais, eles acabam entrando em decomposição descontrolada 
ali mesmo, gerando o chorume que contamina águas subterrâneas e causa 
impacto na saúde pública.
Misturados a esses componentes, temos no lixão materiais que não deve-
riam estar ali — pilhas, termômetros, eletrônicos, medicamentos, etc. Eles 
contaminam o solo pelo contato ou pela lixiviação, usando o chorume como 
veículo. Essa geração deste tipo de lixo é proporcional ao desenvolvimento e 
ao crescimento do poder aquisitivo. Também é resultado da falta de educação, 
que ocasiona o descarte irregular e não separado de eletrônicos! A falta de 
educação causa cada vez mais distanciamento social e impactos socioeconô-
micos, pois se reflete na destinação social do solo, causadora da especulação 
imobiliária. Portanto, quanto menor for a educação, haverá menos separação 
e mais lixo, catadores, segregação social, gastos com saúde pública, crimina-
lidade e degradação ambiental. 
Sabemos que há uma tendência de crescimento populacional e de aumento da 
industrialização e produção. Haverá, portanto, aumento da geração de resíduos, com 
seu impacto ambiental concomitante. Sem uma atitude, poderemos colaborar com 
a inesgotabilidade do resíduo. Além disso, a degradação ambiental será irreversível 
se não houver uma conscientização. O engenheiro ambiental, por vocação, deve se 
colocar como um agente dessa transformação. 
A disposição inadequada dos RSU (Figura 1), pelo ponto de vista sanitário, 
é responsável pela proliferação de vetores e pela incubação das doenças nas 
comunidades vivas. Pelo ponto de vista ambiental, essa disposição é altamente 
impactante e causadora de degradação. Além do que já foi exposto, devemos 
destacar as emissões atmosféricas de gases do efeito estufa, causados pela 
incineração espontânea e pelo metano gerado da decomposição não monitorada, 
vilão da degradação da camada de ozônio. 
Pelo ponto de vista social, os lixões são igualmente graves, pela segre-
gação causada, pelo impacto na saúde pública e pelas condições desumanas 
de vida. 
9Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
Figura 1. Caminhões descartando RSU em um “lixão”. Solução de grave impacto 
ambiental e socioeconômico. 
Fonte: Gorlov-KV/Shutterstock.com.
Você ouviu falar sobre o acidente nuclear de Goiânia (GO)?
Em setembro de 1987, um equipamento de radioterapia abandonado foi levado a um 
ferro-velho. Ao ser aberto, as pessoas foram expostas a um material brilhante e bonito! 
Só que esse material era Césio radioativo, o isótopo Ce137. Além das quatro pessoas que 
morreram por síndrome de radiação aguda, entre elas a menina Leide, sobrinha do 
dono do ferro-velho, mais de 40 famílias foram atingidas. Hoje, vizinhos e trabalhadores 
que atuaram no acidente também se tornaram vítimas, sendo que 1.100 pessoas foram 
atendidas no Centro de Assistência aos radioacidentados (CARA). Foram concedidas 
pelo governo 751 pensões, até agora. Foram 93 g de cloreto de césio que geraram 
3.500 m³ de resíduos, levados para uma unidade do CNEN em Abadia de Goiás (GO).
Essa tragédia poderia ter sido evitada por uma gestão de resíduos bem feita. Na 
situação atual do País, um acidente semelhante pode ocorrer a qualquer momento. Leia 
mais sobre essa notícia acessando o link a seguir (GUIMARÃES; BONALUME NETO, 2017).
https://goo.gl/48k7d2 
No link a seguir, veja o acompanhamento dado pelo Governo do Estado de Goiás 
(GOVERNO DE GOIÁS, [201?]): 
https://goo.gl/HjpGh5 
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades10
Há gestão de resíduos acontecendo 
de maneira correta nas cidades?
Atualmente, estamos em desvantagem. Quando se fala no quadro institucional, 
observamos que muitas prefeituras municipais não agiram, alegando falta de 
recursos financeiros e técnicos. Existem várias causas para essa imobilidade, 
que não discutiremos. Entretanto, se considerarmos as Leis do Saneamento 
Básico (11.445/2007) (BRASIL, 2007a) e de Consórcios Públicos (11.107/2005) 
(BRASIL, 2005) e seus decretos de regulamentação (7217/2010 e 6.017/2007) 
(BRASIL, 2010b; 2007b), constatamos que há jurisprudência para achar solu-
ções, e que projetos existem. Portanto, estabelecer parcerias com segmentos 
interessados é possível e viável. Ainda assim, há a possibilidade de intercâmbio 
com outros estados e municípios, possibilidade pouco explorada. E muito se 
faz, por vontade política, sem planejamento; sem a ação de um profissional 
apto, como um engenheiro ambiental.
A PNRS (BRASIL, 2010a) define gerenciamento de resíduos sólidos como 
o conjunto de ações exercidas em todas as etapas desde a coleta até a disposi-
ção final ambientalmente adequada que sigam um plano municipal de gestão 
integrada de resíduos sólidos ou, pelo menos, um plano de gerenciamento 
de resíduos sólidos. Da mesma forma, define gestão integrada de resíduos 
sólidos como o conjunto de ações voltadas para resolver a situação dos RSU, 
considerando “as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social” 
(BRASIL, 2010a, documento on-line) e buscando o desenvolvimento susten-
tável. Além disso, o gerenciamento de resíduos sólidos tem forte componente 
na inovação tecnológica e na operacionalidade das etapas envolvidas. Deve se 
voltar a criação de condições de trabalho para os catadores dos “lixões”, em 
conjunto com municípios. Devemos buscar um modelo de gestão dos resíduos 
urbanos socialmente integrada, fundamentado também em alternativas de 
tratamento e valorização dos resíduos voltados a redução dos impactos sobre 
a saúde humana e o meio ambiente. Essas estratégias aplicadas ao desenvolvi-
mento de modelos de gestão de RSU devem estar fundamentadas na redução do 
consumo, no reuso e/ou na reciclagem, na compostagem e na disposição final 
ambientalmente adequada. Alternativamente, se pode discutir a incineração 
como alternativa à disposição de boa parte dos resíduos, antes de dispô-los 
em aterros sanitários, com o benefício da geração de energia.
Um exemplo aplicável é dado pelos órgãos públicos que adotaram a A3P 
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2009) e o Decreto nº 5.940/2006 
(BRASIL, 2006), que permite formar “Comissões para a Coleta Seletiva” 
nos órgãos. Essas comissões possuem o objetivo de coordenar a separação e a 
11Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
destinação dos resíduos para catadores organizados em associações e coopera-
tivas. Esses órgãos públicos contribuem diretamente para a redução do envio 
de resíduos sólidos para o “lixo” e para a inclusão social dessas comunidades 
socialmente vulneráveis. Apresentam ao Comitê Interministerial da Inclusão 
Social de Catadores de Lixo (Decreto nº 7.405/2010) (BRASIL, 2010c) rela-
tórios semestrais de processo. Esse decreto, em particular, embasa a inclusão 
produtiva das pessoas por meio do projeto Coleta Seletiva Solidária (BRASIL, 
2010c), criando uma cultura institucional de gestão dos resíduos, parteda A3P. 
Outro ganho importante dessa iniciativa são as ações de capacitação, formação 
técnica e assessoria, incubação de cooperativas e de empreendimentos sociais, 
e incentivo a pesquisas voltados ao desenvolvimento de tecnologias de reci-
clagem (Figura 2). O motivo é claro: os catadores de materiais recicláveis só 
são um problema social e ambiental se desvalorizados e desprezados, pois, na 
realidade, são agentes de transformação ambiental cuja atuação tem impacto 
direto no volume de lixo coletado e destinado incorretamente, trazendo fôlego 
aterros sanitários. Da mesma forma, são parte importante da cadeia produtiva, 
pois geram bens e serviços. A atividade de reciclagem, quando organizada, 
é uma alternativa de inclusão social para os catadores, pois configura uma 
oportunidade de ingressar em um mercado formal de trabalho, até mesmo 
dentro dos moldes do empreendedorismo. Garantem, assim, a subsistência 
de profissionais, com a revenda e processamento do material reciclável. Em 
suma, o gerenciamento integrado do “lixo” significa uma abordagem social, 
técnica e operacional do sistema de limpeza urbana.
A população atua fortemente como agente transformador quando se fala na sanidade 
ambiental. No gerenciamento de resíduos sólidos, deve-se considerar não gerar lixo, ou 
pelo menos reduzir o lixo gerado. Isso implica na otimização dos processos produtivos, 
visando a levar às pessoas bens de consumo com o mínimo de oportunidades de gerar 
resíduos, ou seja, “buscar a meta de resíduo zero na produção”, como o faz a Alemanha, 
por exemplo. Isso significa, para o consumidor, a educação para o consumo consciente, 
com o objetivo de não gerar excedentes; para o governo, significa estimular a produção 
de bens com desmonte facilitado e dar incentivos fiscais a empresas recicladoras. O 
governo deve, ainda, agir nas escolas, nos níveis fundamental e médio, por meio de 
educação ambiental, buscando criar uma cultura do consumo consciente, da resis-
tência às técnicas de marketing que induzem ao consumo e do conhecimento sobre 
formação de preço e valor agregado; além, é claro, da propagação do conhecimento 
sobre redução de “lixo”, disposição correta e reciclagem/reuso. 
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades12
Figura 2. Paiol de reciclagem organizado em Piracicaba (SP): organização da produtividade 
e resgate da dignidade do catador.
Fonte: Alf Ribeiro/Shutterstock.com.
Um conceito pronto para esse fim, que traz a vantagem da aceitação cole-
tiva e normalização das culturas, é a política dos cinco “R”, que educa para a 
redução do consumo, o reuso e a reciclagem: reduzir, repensar, reaproveitar, 
reciclar e recusar-se a consumir produtos que gerem impactos socioambientais 
significativos. Cada termo se autoexplica de forma inteligente. O objetivo 
explícito é induzir no cidadão a reflexão que leve à redução do consumo 
exagerado e do desperdício. Destaca-se que a reciclagem já é praticada por 
indústrias de papel, vidro, plástico ou metal de reuso, entre outros, em suas 
linhas de produção. Tais empresas ganham no marketing associado ao quinto 
“R”, pois podem usar símbolos padronizados para a rotulagem ambiental, que 
facilitem a identificação e a separação dos materiais, induzindo a preferência 
do consumidor. Com a política dos cinco “R”, ganha-se com a redução na 
extração de recursos naturais, dos resíduos nos aterros (aumentando da sua 
vida útil) e do custo de tratamento. Reduz-se, também, o uso de energia, e 
ainda se ganha com a intensificação da economia local de reciclagem.
13Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
Podemos identificar uma evolução no gerenciamento integrado de resíduos 
sólidos, em três etapas, que começaram nos países desenvolvidos e hoje se 
expandem para o resto do planeta. Até o final da década de 1960 e início da 
década seguinte, os RSU eram compostos majoritariamente por lixo orgânico, 
que era coletado e transportado até lixões, obedecendo a critérios pragmáticos 
como a localização — estar longe da cidade ou local de fácil aterramento. 
Não havia preocupação ambiental de qualquer tipo, como o esgotamento de 
recursos, do espaço nos lixões, do impacto ambiental — infelizmente, muitos 
municípios ainda seguem este modelo.
A segunda etapa da evolução dos modelos de gerenciamento integrado 
de resíduos sólidos urbanos começa com a Conferência das Nações Unidas 
de Estocolmo Sobre Meio Ambiente Humano, em 1972. Algumas nações se 
deram conta das ameaças do progresso descuidado, como a desertificação, 
a destruição da camada de ozônio, o efeito estufa e a redução da agua po-
tável. Além da água, veio a consciência de que outros recursos naturais são 
limitados. Concomitantemente, houve o despertar para um mundo empático, 
onde se valoriza a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento equitativo 
(oportunidades iguais para todos). Na metade da década de 1970, uma reunião 
da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 
falou pela primeira vez em gerenciamento de resíduos sólidos com redução 
da geração de resíduos, reciclagem, incineração para geração de energia e, 
por último, disposição dos resíduos em aterros sanitários. 
No final da década de 1980, entramos na terceira e atual etapa do processo 
evolutivo, quando a preocupação com a redução do volume de resíduos se 
torna constante, permeando todo o processo produtivo.
Atualmente, podemos ver dois modelos de gestão/gerenciamento de resíduos 
sólidos: o convencional e o participativo, mais moderno. O modelo de gestão 
convencional é o adotado pela maioria dos municípios onde os serviços de 
limpeza urbana têm seu próprio modelo de gestão, com ou sem terceirização. 
O modelo de gestão participativa é caracterizado pela participação da comu-
nidade, organizada em conselhos, para a elaboração do orçamento anual ou 
plurianual, junto ao poder público. Esse modelo leva as sugestões em consi-
deração e as aplicam nos serviços de limpeza urbana, buscando solucionar 
os problemas apontados. 
Comumente, encontra-se nestes dois modelos um compartilhamento entre 
os municípios de etapa final da Gestão de Resíduos Sólidos, que se denomina 
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades14
Compartilhada, onde, independente do modelo de gestão adotado, o envio 
ocorre para um local comum. Temos esse modelo no Rio Grande do Sul, onde 
o RSU é enviado pelos municípios para os aterros sanitários da Companhia 
Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), nas cidades de Giruá, Minas 
do Leão (o maior), Santa Maria, São Leopoldo e Victor Graeff. A CRVR foca 
na destinação final e geração de valor do RSU, oferecendo soluções integradas 
de tratamento por meio de práticas inovadoras, sustentáveis e ambientalmente 
seguras. Esses aterros sanitários possuem unidades de triagem que separam 
os resíduos recicláveis, para reaproveitamento e retorno ao ciclo produtivo. 
O efeito é a diminuição do volume destinado e aumento da vida útil. Cada 
aterro sanitário tem uma estação de tratamento de efluentes pelo método 
biológico, com filtros biológicos, lagoa aerada, lagoas facultativas e banhados 
construídos ou pelo método físico-químico com nanofiltração, osmose reserva 
e tratamento externo. O exemplo de que a inovação pode ser feita está na 
implantação de sistema de captura e oxidação térmica do biogás gerado na 
unidade de Minas do Leão/RS, tecnologia aprovada pela ONU, incluída no 
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Lá, 
98% do metano do biogás é destruído, o que corresponde a 400 mil toneladas 
equivalentes de gás carbônico (CO2) por ano. O metano é 25 vezes danoso à 
camada de ozônio que o CO2. A queima do biogás ocorre em uma unidade 
de geração de energia com potência de 8,5 MW, atendendo uma população 
de aproximadamente 100 mil habitantes. Atualmente, mais sistemas estão em 
desenvolvimento para a implantação de mais duas Unidades de Valorização 
Energética, nas Centrais de São Leopoldo e Santa Maria.Cidade lixo zero!
Em 2017, em relatório publicado pelo Serviço de Estatística da União Europeia (Eu-
rostat), constava a seguinte notícia: a Itália obteve a maior porcentagem de reciclagem 
da União Europeia. A marca alcançada foi 76,9%, o que demonstra que, com vontade 
pública, é possível atingir metas de reciclagem. 50% dos RSU do país são reciclados. 
A Itália adota um sistema porta a porta de coleta, usando saquinhos recicláveis que 
atraem a população para a prática. As multas também colaboram com essa adesão. 
Em Milão, que é uma metrópole, até o lixo de cozinha é reciclado. Isso é tão exemplar 
que outras cidades estão buscando esse modelo para aplicação, como Paris, Barcelona 
e Nova Iorque. 
15Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
1. A Política Nacional de Resíduos 
Sólidos, a Política Nacional do Meio 
Ambiente e a Lei do Saneamento 
Básico (junto com instruções 
normativas e decretos) definem 
lixo, resíduo, rejeito e resíduo sólido 
urbano (RSU). Analise as afirmações 
e assinale a alternativa correta.
a) Os resíduos sólidos, quando 
classificados como orgânicos, 
incluem material de origem 
biológica (p. ex., restos de 
alimentos, papel e madeira) 
ou de origem orgânica (p. 
ex., plástico e borracha).
b) Resíduo é o que não pode ser 
reciclado ou reaproveitado, seja 
por carência tecnológica ou 
custo, mas, de qualquer forma, 
necessita de uma “disposição 
final ambientalmente adequada”.
c) O lixo eletrônico se tornou um 
problema por conta do grande 
volume representado pelos 
equipamentos descartados ao 
serem substituídos por novas 
tecnologias. Porém, a grande 
velocidade com que são 
feitos (sendo, basicamente, de 
plástico e metal) não apresenta 
riscos à saúde humana.
d) A Lei do Saneamento Básico 
definiu RSU como o conjunto de 
resíduos domiciliares, resíduos 
de limpeza urbana, lixo originário 
de atividades comerciais, 
industriais e de serviços que o 
gerador não possa manejar.
e) Os pneus devem ter disposição 
adequada, pois podem causar 
graves incêndios; porém, por 
serem inertes, não interagem 
com os seres vivos.
2. Analise as afirmações e assinale 
a que condiz com a matéria da 
Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS) e suas definições. 
a) A PNRS define o termo “lixo” 
e dá força de lei à reciclagem 
e ao reuso dos RSU, como 
fonte de matérias-primas, 
mas não versa sobre a 
destinação ambientalmente 
adequada dos rejeitos, uma 
vez que já era cumprida 
pela Lei do Saneamento 
Básico (nº 11.445/2007).
b) Os planos de gestão dos 
governos federal, estaduais 
e municipais passaram a 
tratar de assuntos relativos à 
coleta seletiva, reciclagem, 
inclusão social e participação 
da sociedade civil. 
c) O gerador é responsável 
pelo RSU originado por seus 
produtos até que estes repassem 
para o consumidor, sendo o 
serviço de logística reversa de 
resíduos e embalagens uma 
fonte estimulada de lucro. 
d) Planos de Gerenciamento de 
Resíduos Sólidos (PGRS) são 
ferramentas de gestão muito 
eficientes, principalmente 
como captadores de recursos 
financeiros, sendo facultativos 
para a iniciativa privada.
e) A logística reversa mobiliza a 
sociedade na responsabilização 
do consumo inteligente 
através da devolução do 
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades16
produto excedente adquirido, 
sendo o fabricante obrigado 
a aceitar esse excedente.
3. Oficialmente, os lixões não deveriam 
existir, pois a PNRS determinou 
o fechamento até 2014. No entanto, 
muitos municípios brasileiros ainda 
têm lixões ativos. Sobre esse tema, 
suas definições e particularidades, 
escolha a alternativa correta. 
a) Para entender o impacto dos 
lixões, é necessário estudar as 
mudanças ecológicas, sociais, 
culturais e estéticas que estejam 
ocorrendo na área diretamente 
afetada (ADA) onde está 
implantado o empreendimento, 
pois não há dispersão de efeitos.
b) A área de influência direta 
(AID), que é a borda da pilha, é 
a área de maior impacto, pois 
recebe todo o chorume.
c) A presença do lixo 
orgânico agrava o impacto 
socioeconômico do lixão 
pela falta de renda e posses 
dos catadores, os quais vivem 
à margem da sociedade e 
dos serviços de saúde.
d) Área de influência indireta (AII) 
é a área afetada pelo impacto 
ambiental causado pelas 
comunidades em condições 
socioeconômicas precárias.
e) Os lixões são um benefício 
para as comunidades do 
entorno, pois lhes dão 
condições de subsistência.
4. Pesquisas recentes indicam que 
pouco mais da metade dos 
municípios trata o lixo de alguma 
forma, mesmo que inadequada, 
propiciando a formação clandestina 
de lixões, que aumentam sem 
controle e causam graves 
consequências. Sobre esses 
impactos, marque a opção correta.
a) Na água superficial, é necessário 
grande volume de oxigênio 
para a decomposição, que 
é sequestrado da fauna 
aquática, causando a morte.
b) O chorume é gerado pela 
lavagem do lixo pela chuva e 
é um agente poluidor 
silencioso, inodoro, que turva 
o abastecimento de água.
c) No lençol freático, causa forte 
impacto na saúde pública, mas 
não se compara ao impacto 
que o esgoto urbano causa.
d) O principal prejuízo 
econômico do lixão está 
no desperdício de material 
potencialmente reutilizável.
e) Devido ao forte sistema 
imunológico, os catadores e 
familiares sofrem menos com as 
doenças relacionadas à atividade 
do que o cidadão comum.
5. O problema do lixo urbano 
passa pela gestão correta e 
pelo gerenciamento eficiente, 
com metodologias que 
envolvem tecnologias clássicas 
e novos processos, bem como 
a inclusão socioeconômica 
das pessoas envolvidas. De 
acordo com as definições 
envolvidas nesse processo, 
assinale a alternativa correta.
a) Gerenciamento de resíduos 
sólidos é o conjunto de ações 
voltadas para resolver a situação 
dos RSU pelo poder público.
b) A gestão integrada de resíduos 
sólidos é a gestão feita 
pelo poder público com a 
17Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
participação da comunidade 
em assembleias organizadas 
pelos líderes comunitários.
c) A incineração de resíduos é uma 
prática nefasta, pois, quando 
descontrolada, causa incêndios 
e, sob controle, causa grave 
impacto com suas emissões.
d) “Comissões para a Coleta 
Seletiva” são organizações civis 
criadas para a divulgação da 
prática, estimulada pela PNMA. 
e) A atividade dos catadores 
é muito vantajosa e deve 
ser organizada, pois traz 
fôlego aos aterros sanitários 
e permite a recirculação 
do material reciclável.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: resíduos sólidos - 
classificação. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: <http://www.vigilanciasanitaria.
sc.gov.br/index.php/download/category/64-legislacao?download=433:nbr-10004>. 
Acesso em: 11 jul. 2018.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AMBIENTAIS. Iniciativa de engenheiro 
ambiental dá destinação sustentável para resíduos da construção civil. Brasília, DF, 19 
jun. 2015. Disponível em: <http://www.aneam.org.br/index.php/noticias/assuntos- 
técnicos/item/3953- iniciativa-de-engenheiro-ambiental-dá-destinação-sustentável- 
para-resíduos-da-construção>. Acesso em: 11 jul. 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 
1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm>. Acesso em: 11 jul. 2018.
 . Decreto n. 5.940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos 
resíduos recicláveis descartados pelos órgãos... Brasília, DF, 25 out. 2006. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5940.
htm>. Acesso em: 12 jul. 2018.
 . Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. Regulamenta a Lei nº 11.107, 
de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios 
públicos. Brasília, DF, 17 jan. 2007b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018.
 . Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010. Regulamentaa Lei nº 11.445, de 
5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, 
e dá outras providências. Brasília, DF, 21 jun. 2010b. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7217.htm>. Acesso em: 12 
jul. 2018.
Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades18
 . Decreto nº 7.405, de 23 de dezembro de 2010. Institui o Programa Pró-
-Catador... Brasília, DF, 23 dez. 2010c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7405.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018.
 . Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional 
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L6938compilada.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018.
 . Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005. Dispõe sobre normas gerais de con-
tratação de consórcios públicos e dá outras providências. Brasília, DF, 06 abr. 2005. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.
htm>. Acesso em: 12 jul. 2018.
 . Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais 
para o saneamento básico... Brasília, DF, 5 jan. 2007a. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018.
 . Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras pro-
vidências. Brasília, DF, 2 ago. 2010a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018.
GOVERNO DE GOIÁS. Sistema Único de Saúde. Secretaria de Estado da Saúde. CÉSIO 
137 Goiania. Goiania, [201?]. Disponível em: <http://www.cesio137goiania.go.gov.
br/>. Acesso em: 12 jul. 2018.
GUIMARÃES, C; BONALUME NETO, R. Trinta anos depois do acidente em Goiânia, 
vítimas do césio ainda sofrem. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 set. 2017. Disponível 
em: <https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/09/1917163-trinta-anos-depois-do- 
acidente-em-goiania-vitimas-do-cesio-ainda-sofrem.shtml>. Acesso em: 11 jul. 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional de saneamento 
básico 2008. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/presi-
dencia/noticias/imprensa/ppts/0000000105.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁ-
VEIS. Instrução normativa nº 13, de 18 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, n. 245, seção 1, 20 dez. 2012. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/
phocadownload/emissoeseresiduos/residuos/ibama-lista-brasileira-de-residuos- 
solidos.xls>. Acesso em: 11 jul. 2018.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania 
Ambiental. Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental. Agenda 
ambiental na administração pública. 5. ed. rev. e atual. Brasília, DF, 2009. Disponível em: 
<http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf>. Acesso 
em: 12 jul. 2018.
19Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades
 
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR
Ter um modelo de gestão dos resíduos que seja integrado e que esteja baseado em alternativas 
de tratamento e valorização dos resíduos é essencial para reduzir impactos para as pessoas e para 
o meio ambiente. As estratégias aplicadas devem ter como foco a redução do consumo, o reuso 
ou reciclagem, a compostagem e a disposição final ambientalmente adequada.
Na Dica do Professor, você estudará a respeito da cadeia de reciclagem e as regras de separação 
correta, além de ter um apanhado geral sobre como ocorre a separação do lixo seco e a política 
dos 5 Rs do Ministério do Meio Ambiente.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) A Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Política Nacional do Meio Ambiente e a 
Lei do Saneamento Básico, juntamente com instruções normativas e decretos, 
definem lixo, resíduo, rejeito e Resíduo Sólido Urbano (RSU). Analise as afirmações a 
seguir e assinale a alternativa correta sobre o assunto.
A) Os resíduos sólidos, quando classificados como orgânicos, incluem material de origem 
biológica (como restos de alimentos, papel e madeira) ou de origem orgânica (como 
plástico e borracha). 
B) Resíduo é o que não pode ser reciclado ou reaproveitado, seja por carência tecnológica ou 
custo, mas de qualquer forma, necessita de uma “disposição final ambientalmente 
adequada”.
C) O lixo eletrônico se tornou um problema pelo excessivo volume, representado pelos 
equipamentos descartados ao serem substituídos por novas tecnologias a uma grande 
velocidade. Entretanto, como são feitos basicamente de plástico e metal, não apresentam 
riscos à saúde humana.
D) A Lei do Saneamento Básico definiu RSU como o conjunto de resíduos domiciliares e 
resíduos de limpeza urbana, o lixo originário de atividades comerciais, industriais e de 
serviços que o gerador não possa manejar.
E) Os pneus devem ter disposição adequada, pois podem causar graves incêndios; porém, por 
serem inertes, não interagem com os seres vivos.
2) Analise as afirmações a seguir e assinale a que condiz com a matéria da Política 
Nacional de Resíduos Sólidos e suas definições.
A) A PNRS define lixo e dá força de lei à reciclagem e reuso dos RSU, como fonte de 
matérias-primas, mas não versa sobre a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, 
uma vez que já era cumprida pela Lei do Saneamento Básico (Lei n.o11.445/2007).
B) Os planos de gestão dos Governos Federal, Estaduais e Municipais passam a tratar de 
assuntos relativos à coleta seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da sociedade 
civil. 
C) O gerador é responsável pelo RSU originado por seus produtos até que estes sejam 
repassados para o consumidor, sendo o serviço de logística reversa dos resíduos e 
embalagens uma fonte estimulada de lucro.
D) Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) são ferramentas de gestão muito 
eficientes, principalmente como captadores de recursos financeiros, sendo facultativos 
para a iniciativa privada.
E) A logística reversa mobiliza a sociedade na responsabilização do consumo inteligente, por 
meio da devolução do produto excedente adquirido, sendo o fabricante obrigado a aceitar 
esse excedente.
Oficialmente, os lixões não deveriam existir, pois a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos determinou o seu fechamento até 2014. Porém, muitos municípios brasileiros 
3) 
ainda têm lixões ativos. Sobre esse tema, suas definições e particularidades, escolha a 
alternativa correta:
A) Para entender o impacto dos lixões, é necessário estudar as mudanças ecológicas, sociais, 
culturais e estéticas que estejam ocorrendo na Área Diretamente Afetada (ADA), onde está 
implantado o empreendimento, pois não há dispersão de efeitos.
B) A Área de Influência Direta (AID), que é a borda da pilha, é a área de maior impacto, pois 
recebe todo o chorume.
C) A presença do lixo orgânico agrava o impacto socioeconômico do lixão, pela falta de 
renda e posses dos catadores, que vivem à margem da sociedade e dos serviços de saúde.
D) Área de Influência Indireta (AII) é a área afetada pelo impacto ambiental causado pelas 
comunidades em condições socioeconômicas precárias.
E) Os lixões são um benefício para as comunidades do entorno, pois lhes dão condições de 
subsistência.
4) Pesquisas recentes indicam que pouco mais da metade dos municípios trata o lixo de 
alguma forma, mesmo que inadequada, propiciando a formação clandestina de 
lixões, que aumentam sem controle, trazendo graves consequências. Sobre esses 
impactos, é correto afirmar:A) Na água superficial, necessita de grande volume de oxigênio para a decomposição, que 
sequestra da fauna aquática, causando sua morte.
B) O chorume é gerado pela lavagem do lixo pela chuva, sendo um agente poluidor 
silencioso, inodoro, que turva o abastecimento de água.
No lençol freático, causa forte impacto na saúde pública, mas não se compara ao impacto C) 
que o esgoto urbano causa.
D) O principal prejuízo econômico do lixão está no desperdício de material potencialmente 
reutilizável.
E) Devido ao forte sistema imunológico, os catadores e familiares sofrem menos com as 
doenças relacionadas à atividade do que o cidadão comum.
5) O problema do lixo urbano passa pela gestão correta e pelo gerenciamento eficiente, 
com metodologias que envolvem tecnologias clássicas e novos processos, bem como a 
inclusão socioeconômica das pessoas envolvidas. De acordo com as definições 
envolvidas nesse processo, assinale a alternativa correta:
A) Gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações voltadas para resolver a situação 
dos RSU pelo poder público.
B) A gestão integrada de resíduos sólidos é a gestão feita pelo Poder Público com a 
participação da comunidade em assembleias organizadas pelos líderes comunitários.
C) A incineração de resíduos é uma prática nefasta, pois, descontrolada, causa incêndios e sob 
controle, grave impacto com suas emissões.
D) Comissões para a Coleta Seletiva são organizações civis criadas para a divulgação da 
prática, estimulada pela PNMA. 
E) A atividade dos catadores é muito vantajosa e deve ser organizada, pois traz fôlego aos 
aterros sanitários e permite a recirculação do material reciclável.
NA PRÁTICA
Sabe-se que uma das competências necessárias para o desempenho da função do Engenheiro 
Ambiental é conhecer a legislação e como ela se aplica. Um dos exemplos é a Política Nacional 
de Resíduos Sólidos (PNRS). O profissional que detém esse conhecimento e também domina 
aspectos relacionados à gestão de projetos pode, ainda, desenvolver pesquisas buscando 
soluções para questões ambientais.
Veja como as habilidades e competências do Engenheiro Paulo são fundamentais para o 
desenvolvimento de ações na reorganização da comunidade de catadores, e a transformam em 
uma coopertaiva de catadores embrionária, para a satisfação da Prefeitura e benefício do 
Município.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
O problema do lixo começa a chegar em nossa praia
Muitos animais morrem sufocados ou estrangulados por sacolas e outros artefatos feitos de 
plástico. A quantidade desses itens abandonados nas praias, e dispostos irregularmente, aumenta 
ano a ano. Leia, neste artigo, a respeito das campanhas e atitudes em prol da substituição do 
plástico por outros materiais.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Gestão ambiental: técnicas de avaliação 
dos impactos ambientais
APRESENTAÇÃO
Os impactos das atividades humanas no meio ambiente vêm provocando consequências cada 
vez mais graves. Logo, a avaliação de impactos ambientais apresenta como principal objetivo 
evitar, reduzir, neutralizar ou compensar efeitos negativos que um determinado produto, 
processo/atividade ou empreendimento pode ocasionar no ambiente. Sendo assim, como se pode 
mensurar os impactos que as mais diversas atividades ou empreendimentos causam no meio 
ambiente? Por meio de métodos de avaliação de impactos ambientais, os quais são baseados em 
mapeamentos de campo, análises de laboratório, elaboração de mapas temáticos analíticos, 
visitas técnicas in loco, consulta em bibliografias, entre outros. Existem diferentes métodos para 
avaliar os impactos ambientais, e a escolha de um depende do tipo de impacto, do 
empreendimento, da quantidade de informações coletadas e do próprio ambiente, cabendo à 
equipe técnica escolher o melhor método a ser aplicado.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá alguns dos principais métodos usados na avaliação 
de impactos ambientais, assim como a diferença de aspecto e impacto ambiental. Além disso, 
estudará sobre as formas de minimizar e controlar impactos ambientais.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar aspectos e impactos ambientais.•
Relacionar métodos de avaliação de impactos ambientais.•
Exemplificar técnicas de minimização e controle de impactos ambientais.•
DESAFIO
A avaliação de impacto ambiental (AIA) consiste em uma série de procedimentos legais, 
institucionais e técnico-científicos, com o objetivo de caracterizar e identificar impactos 
potenciais na instalação de um empreendimento, ou seja, prever a magnitude e a importância 
destes. 
Uma empresa de consultoria e licenciamento ambiental foi contratada para realizar a AIA que a 
construção de um novo posto de gasolina, com aproximadamente 700 m² de área construída, 
poderá ocasionar no meio ambiente.
Em relação ao método escolhido para analisar os impactos ambientais (para ambas as áreas), 
os técnicos optaram pela superposição de cartas e do método checklist. 
Segundo os técnicos, pelo fato de um posto de gasolina não apresentar riscos ambientais 
severos, os métodos escolhidos satisfazem plenamente a avaliação dos impactos ambientais.
Caso você fosse um dos técnicos responsáveis por essa avaliação, responda:
a) Qual das duas áreas você julga ser mais adequada para a instalação do posto de gasolina, 
baseado nas informações obtidas em campo?
b) É possível utilizar mais de um método para a AIA? Qual sua posição quanto a escolha dos 
métodos para a avaliação dos impactos ambientais?
c) Existe outro método que também poderia ser utilizado na AIA?
d) Segundo os técnicos, um posto de gasolina não apresenta riscos ambientais severos. Você 
concorda com essa afirmação?
INFOGRÁFICO
Existem diferentes métodos para avaliar os impactos ambientais, e a escolha de um depende do 
tipo de impacto, do empreendimento, da quantidade de informações coletadas e do próprio 
ambiente. Porém, não se pode dizer que determinado método é melhor que outro, tampouco que 
um único método é aplicado a qualquer estudo de impacto ambiental (EIA), em ração da 
diversidade de empreendimentos e seus impactos ambientais potenciais.
Cabe a equipe técnica decidir qual o melhor método a ser utilizado no respectivo EIA, para que 
ocorra a correta avaliação e a identificação dos impactos ambientais. Mas quais são os métodos 
mais usuais de avaliação de impactos ambientais e suas respectivas vantagens e desvantagens? 
Confira no Infográfico a seguir.
CONTEÚDO DO LIVRO
Ao longo da história da humanidade, o desenvolvimento, tanto social quanto econômico, vêm 
sendo confundindo com um crescente domínio e transformação da natureza, em que os recursos 
naturais são vistos como ilimitados. Desta forma, para empresas/corporações que visam 
implantar um sistema de gestão ambiental (SGA), segundo a norma ISO 14001, um dos 
requisitos é estabelecer, implementar e manter procedimentos para identificar os aspectos e 
impactos ambientais decorrentes das atividades. Ou seja, os aspectos ambientais, como, por 
exemplo, o lançamento de resíduos e efluentes líquidos no solo e na água, desmatamento e 
queimadas, lançamento de poluentes na atmosfera, entre outros, provocaram severos impactos 
ambientais (principalmente negativos), como a perda de biodiversidade; a erosão dos solos; a 
contaminação da água, do solo e do ar; o assoreamento de recursos hídricos, etc.
Para saber mais sobre a importância da identificação dos aspectos e impactos ambientais, leia o 
capítulo Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais, da obra Meio 
ambiente, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. 
Boa leitura.
MEIO 
AMBIENTE
Ronei Stein
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Mestre e Doutora em Ciências
Graduadaem Ciências Biológicas
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147
M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein
... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – 
Porto Alegre : SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-573-8
Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein,
Ronei Tiago.
 
CDU 502
Gestão ambiental: 
técnicas de avaliação dos 
impactos ambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Diferenciar aspectos e impactos ambientais.
 � Relacionar métodos de avaliação de impactos ambientais.
 � Exemplificar técnicas de minimização e controle de impactos 
ambientais.
Introdução
Os impactos das atividades humanas no meio ambiente vêm provocando 
consequências cada vez mais graves e alarmantes. A avaliação de impactos 
ambientais tem como principal objetivo evitar, reduzir, neutralizar ou 
compensar efeitos negativos que um determinado produto, processo, 
atividade ou empreendimento pode ocasionar no ambiente.
Como se pode mensurar os impactos que as mais diversas atividades 
ou empreendimentos causam no meio ambiente? Por meio de méto-
dos de avaliação de impactos ambientais,  os quais são baseados em 
mapeamentos de campo, análises de laboratório, elaboração de mapas 
temáticos analíticos, visitas técnicas in loco, consulta em bibliografias, entre 
outros. Existem diferentes métodos para avaliar os impactos ambientais, 
e a escolha de um depende do tipo de impacto, do empreendimento, 
da quantidade de informações coletadas e do próprio ambiente. Cabe à 
equipe técnica escolher qual o melhor método a ser aplicado. 
Este capítulo visa a apresentar alguns dos principais métodos usados 
na avaliação de impactos ambientais, bem como a conceituar e apresentar 
a diferença entre aspecto e impacto ambiental. Também tem por objetivo 
indicar formas de minimizar e controlar impactos ambientais.
Diferença entre aspecto e impacto ambiental
Barsano, Barbosa e Viana (2014) afirmam que o desenvolvimento tecnoló-
gico industrial, a busca desenfreada por riquezas naturais e a falta de um 
planejamento de recuperação do meio ambiente são as principais origens de 
um apanhado de consequências negativas ao meio ambiente. Rosa, Fraceto 
e Moschini-Carlos (2012) mencionam que diversos problemas ambientais 
ocasionados por essa atuação antrópica irresponsável sobre o ambiente são 
computados diariamente, gerando poluição da agua e do ar, passivos ambientais, 
degradação da paisagem, problemas de saúde, doenças infectocontagiosas, 
entre outros. Desta forma, a gestão ambiental vem ganhando força nas últimas 
décadas, resultado da necessidade de adequação a essa nova forma de pensar 
em desenvolvimento e produção de bens de consumo circunscrita pela noção 
de desenvolvimento sustentável.
Para haver gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, deve-se analisar 
os aspectos e impactos ambientais que diferentes atividades podem ocasionar. 
De acordo com Ministério da Defesa ([200?]), o aspecto ambiental é um ele-
mento característico de determinada atividade, instalação, processo, produto 
ou serviço de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. 
Sánchez (2013) define aspecto ambiental como todo o mecanismo por meio 
do qual uma ação humana causa um impacto ambiental: toda a ação humana 
(atividades, produtos ou serviços) gera um aspecto ambiental, que por sua vez 
irá resultar em um impacto ambiental. 
Sánchez (2013) menciona ainda que o aspecto ambiental, de certo modo, 
está relacionado à gestão ambiental, pois foi a Norma ISO 14.001 que definiu 
o termo aspecto ambiental. Este termo era desconhecido pelos profissionais 
envolvidos em avaliação de impacto ambiental até então, ou era utilizado 
com outra conotação. 
O que realmente significa Aspecto Ambiental? Segundo NBR ISO14.001, 
aspecto ambiental diz respeito a “...elementos das atividades, produtos e servi-
ços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente” (CAGNA, 
2013, documento on-line). O aspecto pode ser uma máquina, equipamento 
ou mesmo uma atividade executada por um determinado empreendimento. 
Denomina-se “aspecto ambiental significativo” aquele aspecto que tem um 
impacto ambiental significativo. A Figura 1 apresenta a diferença entre aspecto 
e impacto ambiental.
Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais2
Figura 1. Exemplos de um aspecto ambiental (lançamento de resíduo líquido em recursos 
hídricos) que ocasionam um impacto ambiental (mortandade de peixes).
Fonte: Oceloti/Shutterstock.com; Pretty Vectors/Shutterstock.com.
Impactos ambientais, alternativamente, são alterações no ambiente cau-
sadas pelo desenvolvimento das atividades humanas no espaço geográfico. 
Nesse sentido, eles podem ser positivos, quando resultam em melhorias para 
o ambiente, ou negativos, quando essas alterações causam algum risco para 
o ser humano ou para os recursos naturais encontrados no espaço. Apesar de 
possuir essas duas classificações, o termo impacto ambiental é mais utilizado 
em referência aos aspectos negativos das atividades humanas sobre a natureza.
É fundamental compreender a diferença entre aspecto e impacto ambiental: 
Aspectos ambientais: mecanismos através dos quais uma ação humana causa um 
impacto ambiental: as ações humanas causam efeitos ambientais, que por sua vez 
produzem impactos ambientais.
Impactos ambientais: podem ser positivos ou negativos, e consistem em quaisquer 
modificações do meio ambiente, resultante ou não dos aspectos ambientais.
Todas as atividades exercidas pelo homem ocasionam impactos ambien-
tais, os quais podem ser positivos ou negativos. Por exemplo, supondo que 
uma indústria pretenda se instalar em determinado município, os seguintes 
impactos podem ocorrer:
3Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais
 � Impactos positivos: geração de empregos, aumento da economia local, 
estímulo a novos mercados, entre outros.
 � Impactos negativos: geração de resíduos sólidos, emissões atmosféricas, 
impactos na fauna e na flora, lançamento de efluentes industriais em 
recursos hídricos, aumento/alteração no trânsito local, entre outros.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (1990), os impactos ambientais estão vinculados com a degradação 
do meio ambiente, sendo que esta ocorre quando se tem uma ou mais das 
seguintes situações:
 � a vegetação nativa e a fauna nativa são destruídas, removidas ou 
expulsas;
 � ocorre remoção da camada fértil do solo;
 � tem-se alterações na qualidade e regime de vazão do sistema hídrico. 
A fim de facilitar o entendimento, o Quadro 1 apresenta a diferença entre 
aspecto e impacto ambiental.
Fonte: Adaptado de Sánchez (2013, p. 295).
Atividade Aspecto ambiental Impacto ambiental
Lavagem de roupa Consumo de água Redução da 
disponibilidade hídrica
Lavagem de louça Lançamento de água 
com detergentes
Contaminação e 
eutrofização de 
mananciais
Transporte de carga Emissão de ruídos e 
aumento do tráfego
Incômodo aos vizinhos, 
maior frequência de 
congestionamentos e 
aumento da poluição 
atmosférica
Armazenamento 
de combustível
Risco de vazamento Contaminação do solo 
e água (superficial 
ou subterrânea)
Quadro 1. Exemplos de relações atividade-aspecto-impacto ambiental
Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais4
Métodos de avaliação de impactos ambientais
Os métodos de avaliação de impactos ambientais consistem em instrumentos 
utilizados para coletar informações (tanto qualitativas e quantitativas) ori-
ginadas de uma determinada atividade que possa resultar em modificações 
ambientais. As técnicas incluem mapeamentos de campo, análises de labora-
tório e elaboração de mapas temáticos analíticos, sendo estes muito comuns 
na análise de dispersão de poluentes no ar ou na água. 
Existem distintos métodos que podem ser aplicados para o estudo dos impactos 
ambientais. Esses métodos não são estabelecidos pela legislaçãoe, dessa forma, podem 
e devem ser modificados de acordo com o tipo de projeto que será desenvolvido. 
De acordo com a Resolução CONAMA 01/86 (BRASIL, 1986), a análise 
de impactos ambientais deve considerar alguns atributos:
 � Natureza — Os impactos são benéficos ou adversos; positivos ou 
negativos?
 � Duração — Os impactos são temporários ou permanentes?
 � Incidência — Os impactos são diretos (ocorrem na área onde estará o 
empreendimento) ou indiretos (podem afetar outras áreas)?
 � Reversibilidade — Os impactos são reversíveis ou irreversíveis?
 � Sinergia — Os impactos são cumulativos ou sinérgicos (acumulativos)? 
Os métodos de análise de impactos ambientais objetivam comparar, or-
ganizar e analisar informações sobre impactos ambientais de determinada 
atividade, incluindo formas de apresentação escrita e visual desses dados. 
Quanto aos métodos de avaliação de impactos e ponderação de atributos, os 
mais utilizados são:
5Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais
Método AD HOC — Consiste na formação de grupos de trabalho (de 
diferentes áreas, como geólogos, biólogos e engenheiros), apresentando 
suas impressões baseadas na experiência para elaboração de um relatório 
que irá relacionar o projeto a ser implantado com seus possíveis impactos 
causados (CREMONEZ et al., 2014). Carvalho e Lima (2010) ressaltam que 
este método é indicado para situações com escassez de dados ou quando a 
avaliação deve ser disponibilizada em um curto espaço de tempo. Entre as 
vantagens, estão os gastos econômicos, os quais são menores em relação 
a outros métodos. 
Método check-list — Apresenta uma relação dos impactos mais relevantes, 
associando-os ou não ao respectivo aspecto ambiental (a causa do impacto) 
ou mesmo ao meio afetado (físico, biológico, socioeconômico). Além disso, o 
método permite avaliar os impactos por meio da atribuição de qualificações 
ou quantificação de atributos como magnitude, natureza, entre outros. A 
aplicação desse método também permite a elaboração e aplicação de ques-
tionários. Como vantagem, esse método pode ser considerado simples e de 
fácil visualização. No entanto, não permite caracterizar e discutir de forma 
mais minuciosa cada impacto.
Matrizes de interação (matriz de Leopold) — Técnica que relaciona 
ações com fatores ambientais. Embora possa incorporar parâmetros de 
avaliação, é um método basicamente de identificação. O princípio básico 
da matriz de interação consiste em, primeiramente, assinalar todas as pos-
síveis interações entre as ações e os fatores, para em seguida, estabelecer 
em uma escala variável a magnitude e a importância de cada impacto, 
identificando posteriormente se o mesmo é positivo ou negativo. Assim, 
calcula-se o índice global de impacto ambiental resultante do somatório de 
todos os fatores. Esse valor compõe uma célula. Na matriz de interação, 
faz-se e o cruzamento das ações do empreendimento com as variáveis 
do meio ambiente, gerando um conjunto de retículos que representa as 
possibilidades de ocorrência de impactos (SÁNCHEZ, 2013). O Quadro 
2 apresenta os fatores considerados na avaliação dos impactos ambientais 
na matriz de interação.
Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais6
Fonte: Adaptado de Sánchez (2013, p. 339).
M – Magnitude Pequeno (P) – 1
Médio (M) – 2
Grande (G) – 3
A – Amplitude Local (L) – 1
Regional (R) – 2
Estratégico (E) – 3
P – Prazo de Efeito Curto Prazo (CP) – 1
Médio Prazo (MP) – 2
Longo Prazo (LP) – 3
T – Horizonte de Tempo Temporário (T) – 1
Cíclico (C) – 2
Permanente (P) – 3
Quadro 2. Fatores para avaliação dos impactos ambientais
O somatório de todos os fatores compõe uma célula, por exemplo:
(+/-) S
M A
P T
Sendo S o somatório de M + A + P + T.
Para compreender melhor como ocorre a montagem da Matriz de Intera-
ção, apresenta-se um exemplo da matriz preenchida, conforme indicado no 
Quadro 3.
7Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais
Co
m
po
ne
nt
e 
am
bi
en
ta
l
A
r
Á
gu
a
So
lo
At
iv
id
ad
es
Quantidade-cor
Ruído
Qualidade
Sedimentos/
assoreamento
Lençol freático
Erosão
Est. físico
Compactação
Co
ns
tr
uç
ão
 d
e 
es
tr
ad
as
 e
 a
ce
iro
s
5
4
4
4
0
6
5
6
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
1
2
1
3
Ex
pl
or
aç
ão
 fl
or
es
ta
l
Q
ua
dr
o 
3.
 E
xe
m
pl
o 
de
 p
re
en
ch
im
en
to
 d
a 
M
at
riz
 d
e 
In
te
ra
çã
o 
de
 A
va
lia
çã
o 
de
 Im
pa
ct
os
 A
m
bi
en
ta
is
Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais8
Redes de interação — Buscam estabelecer relações de precedência entre 
ações de um empreendimento e os impactos por ele causados (sejam eles 
diretos ou indiretos). Ou seja, esta metodologia visa o estabelecimento de uma 
sequência de impactos ambientais provenientes de determinada intervenção, 
representando-os através de gráficos. As mesmas podem ainda ser utilizadas 
para orientar as medidas a serem propostas para a minimização dos impactos 
ambientais observados (CARVALHO; LIMA, 2010). 
Superposição de cartas — Consiste na confecção de uma série de car-
tas temáticas, uma para cada fator ambiental, onde se apresentam os dados 
organizados em categoria. Essas cartas são superpostas para reproduzir a 
síntese da situação ambiental de uma área geográfica. A superposição de 
cartas é útil para estudos que envolvam alternativas de localização e outras 
questões de dimensão espacial. Esse método vem sendo utilizado para AIA 
de projetos lineares (estradas de rodagens, linhas de transmissão, dutos, etc.), 
já que favorece bastante a representação visual e a identificação da extensão 
dos efeitos. A possibilidade de utilização de imagens de satélite é um recurso 
valioso para esse tipo de método, conforme Pimentel e Pires (1992).
Modelos de simulação — Constituídos por modelos matemáticos destina-
dos a representar a estrutura e o funcionamento dos sistemas ambientais por 
meio de relações complexas entre componentes quantitativos ou qualitativos, 
físicos, biológicos ou socioeconômicos, a partir de um conjunto de hipótese 
ou pressupostos (PIMENTEL; PIRES, 1992). Os modelos mais utilizados 
são aqueles feitos para estimar os impactos de emissões gasosas e os de lan-
çamento de efluentes no meio ambiente. Neles, são incorporados hipóteses 
e pressupostos sobre os processos e as relações entre seus fatores bióticos, 
físicos e culturais frente às alterações causadas palas atividades que devem 
ser avaliadas (MALHEIROS; NOCKO; GRAUER, 2009).
Além dos métodos descritos, existem as metodologias quantitativas e o sistema 
AMBITEC-AGRO. A seleção do método dependerá dos objetivos que se quer alcan-
çar, da disponibilidade de dados, das características do projeto e especificidades da 
localização, bem como do tempo e dos recursos financeiros e técnicos disponíveis 
(PIMENTEL; PIRES, 1992).
9Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais
Formas de controlar os impactos ambientais
Visando a diminuir principalmente os impactos ambientais negativos, devem 
ser adotadas medidas de prevenção (controle), mitigação, compensação, recupe-
ração e monitoramento dos impactos que a implantação de um empreendimento 
ou atividade possa ocasionar. 
A ordem de prioridade no controle dos impactos ambientais negativos deve ser: 
1. prevenção; 
2. mitigação; 
3. recuperação; 
4. compensação. 
Portanto, encontrar formas de evitar impactos e prevenir riscos deve ser a primeira 
coisa a ser acatada, sendo de extrema importância compreender a diferença entre 
estes termos ambientais.
As medidas de prevenção devem ser as pioneiras a serem implantadas, 
tendo como objetivo evitar que as atividades relacionadas ao empreendimento 
resultem em impactos ambientais negativos antes que estes aconteçam. To-
mando como exemplo a construção de uma hidrelétrica, as principais medi-
das de prevenção dos impactos negativos desta obra estão relacionados com 
alternativas locacionais do empreendimento, que devem

Outros materiais