Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
E-BOOK MEIO AMBIENTE Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades APRESENTAÇÃO Pensar em formas de gestão de resíduos e em maneiras de diminuir o impacto do lixo produzido, por meio da aplicação de pesquisas e metodologias é atribuição do Engenheiro Ambiental. Do mesmo modo, esse profissional deve conhecer os aspectos específicos que caracterizam o lixo e os resíduos, além de ter domínio da legislação e de sua aplicabilidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá que o Engenheiro Ambiental deve saber detectar situações de má gestão do Resíduo Sólido Urbano (RSU) e os consequentes impactos — ambientais e sociais — manifestados na existência ou persistência dos lixões; ele também deve ser capaz de pensar maneiras de resolver esse problema. Você conhecerá as boas práticas na gestão e gerenciamento de resíduos nas cidades, bem como identificará e aplicará as novas tecnologias. Serão trabalhados, ainda, os principais conceitos envolvendo as definições de lixo, seus tipos e origens, e os conceitos estabelecidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) . Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever como ocorre a gestão dos resíduos nas grandes cidades.• Reconhecer os impactos ambientais e sociais dos lixões.• Identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades.• DESAFIO É sabido que o Engenheiro Ambiental deve conhecer não só o que caracteriza o lixo, mas também toda a legislação que envolve a destinação correta dos resíduos, buscando menor impacto social e ambiental. A gestão correta do lixo auxilia na diminuição desses impactos, assim como o uso de tecnologias e iniciativas que busquem melhorar o destino do lixo. Sabendo das habilidades e competências de um Engenheiro Ambiental, determinada empresa, que faz recolhimento e descarte de lixo, procura uma firma de engenharia, buscando assessoria. Com base nas expectativas do contratante e nos aspectos da personalidade profissional do Engenheiro Ambiental, elabore um plano de ação que relacione as ações a serem tomadas. INFOGRÁFICO O modelo de gestão de resíduos sólidos, adaptado às novas prioridades da política ambiental, mostra que o fluxo de material não é mais linear: entre a extração dos recursos naturais e a disposição final há uma reação de redução e estabilização entre esses dois pontos, bem como em relação ao consumo, pela adoção do consumo inteligente. Todas as etapas são reativas, com seu fluxo regulado pela demanda da etapa seguinte, evitando acúmulo e desperdício. A reciclagem de embalagens e componentes oriundos da distribuição e consumo, seja pelo uso ou pela devolução, reflete diretamente na utilização de matéria-prima, da mesma forma que a reutilização. Além disso, o impacto ambiental e socioeconômico é reduzido, pois a organização para a coleta seletiva nas cadeias de retorno cria condições para a sustentabilidade. Neste Infográfico, veja como funciona esse modelo de gestão e suas etapas, assim como os componentes que o formam. CONTEÚDO DO LIVRO Conhecer as características do que é considerado lixo, assim como os modelos de gestão de resíduos passíveis de serem aplicados e o impacto que os lixões causam ao meio ambiente e aos seres humanos, é parte essencial do trabalho do Engenheiro Ambiental. No capítulo Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades, da obra Meio ambiente, você verá os tipos existentes de lixo e suas origens, e como deveria ser a sua gestão nas grandes cidades. Serão analisadas as definições dadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e suas aplicações práticas. Partindo de uma reflexão sobre a má gestão do lixo, serão caracterizados os possíveis impactos ambientais e sociais dos lixões, verificando de que maneira esses impactos podem ser mitigados. O capítulo também foca em identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades, examinando tecnologias e iniciativas nesse sentido. MEIO AMBIENTE Anderson Pires Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever como ocorre a gestão dos resíduos nas grandes cidades. � Reconhecer os impactos ambientais e sociais dos lixões. � Identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades. Introdução O engenheiro ambiental, por formação, deve ter conhecimentos pro- fundos sobre o que chamamos de “lixo”: tipos, origens, tratamentos e destinação. Da mesma forma, esse profissional deve estar apto a desen- volver pesquisas e experimentar novas metodologias, exercitando sua capacidade em gestão de projetos. Na primeira sessão deste capítulo, definiremos “lixo”, caracterizando os tipos existentes e suas origens. Trataremos, igualmente, de como deve ser sua gestão nas grandes cidades; para tanto, analisaremos a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Na segunda parte, partindo de uma reflexão sobre a má gestão do lixo, vamos caracterizar os impactos ambientais e sociais dos lixões, discutindo as maneiras pelas quais podem ser mitigados. Finalmente, vamos identificar boas práticas na gestão de resíduos nas cidades, examinando diferentes tecnologias e iniciativas. Gestão do lixo nas grandes cidades Progressivamente, na medida em que a humanidade se tornou urbana, mais bens de consumo passaram a ser produzidos. Em consequência, aumentou também a produção de lixo. Mas, afinal, como poderíamos definir lixo? O artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, afirma que todo brasileiro tem direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado (BRASIL, 1988); a existência de lixo fora do local correto fere esse direito. Há uma confusão “semântica” entre resíduo e rejeito: muitas vezes o termo resíduo é utilizado como uma forma polida de chamar o lixo. Resíduo, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS — Lei nº 12.305/ 2010) é toda substância resultante fora do contexto ecológico, ou que não seja consumido, ou que crie uma desarmonia entre o fluxo dos elementos nos sistemas ecológicos (BRASIL, 2010a). Em outas palavras, é o “resto”, a “sobra”. Entretanto, ainda pode ser reaproveitado ou reciclado. Se resíduo possui sentido técnico, lixo tem um sentido comercial, e rejeito é o que não pode ser reciclado ou reaproveitado, seja por carência tecnológica ou custo. De qualquer maneira, o rejeito necessita de uma “disposição final ambientalmente adequada” (BRASIL, 2010a, documento on-line). Outra confusão ocorre entre gestão e gerenciamento de resíduos entre os setores público e privado: gestão é integrada, um conjunto de ações e planeja- mentos políticos, socioeconômicos, culturais e ambientais, de responsabilidade do município (conforme a PNRS); gerenciamento, por sua vez, é o conjunto de ações feitas pelo setor privado e pelas instituições com os resíduos gerados. O artigo 3 da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº 6.938/81) traz o conceito de poluente, que é uma forma de matéria ou energia que conta- mine o meio ambiente com algo que não lhe seja próprio (BRASIL, 1981); da forma em que se apresenta, é prejudicial. Esse conceito refere-se a substâncias sólidas, líquidas, gasosas, e o lixo está no meio disso. Popularmente, nos re- ferimos ao lixo como resíduo sólido, ou quase, pois definimos resíduo sólido como lixo, refugo, lodo, lamas e borras resultantes de atividades humanas de origem doméstica, profissional,agrícola, industrial, nuclear ou de serviço, ou seja, naturalmente já separamos lixo em uma categoria de resíduo sólido. Esse conceito, sendo analisado em conjunto com a NBR n. 10.004/2004 (AS- SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) nos informa que resíduos sólidos e semissólidos são originados das atividades industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Conforme o artigo 13 da PNRS, os resíduos sólidos podem ser classificados quanto ao tipo, à origem e à periculosidade (BRASIL, 2010a). Os resíduos sólidos urbanos (RSU) podem ser orgânicos, como restos de alimentos, de podas de jardim, papel e madeira, ou inorgânicos, como plástico, vidro, me- tal, borracha e outros. Os RSU, quanto à origem, englobam os domiciliares, originários de atividades domésticas em residências urbanas e os de limpeza urbana, da varrição, limpeza das vias públicas e outros serviços. Os resíduos Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades2 de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços englobam também os de limpeza urbana, dos serviços públicos de saneamento básico, de serviços de saúde, da construção civil e de serviços de transportes. Há ainda os resíduos industriais, resíduos agrossilvopastoris e os resíduos de mineração, gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios. O foco deste capítulo são os RSU, os resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços e os resíduos industriais, que são os mais impactantes nas cidades. Quanto à periculosidade, temos, ainda, os resíduos perigosos, que de alguma forma apresentam risco significativo à saúde pública ou à qualidade ambiental, e os não perigosos. Após a publicação da PNRS, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) publicou a Lista Brasileira de Resíduos Sólidos (Instrução Normativa IBAMA 13/2012), elencando os resíduos sólidos no Brasil (INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS, 2012). A Lei do Saneamento Básico (11.445/2007) definiu melhor RSU (BRASIL, 2007a), adicionando aos atuais resíduos domiciliares e resíduos de limpeza urbana, o lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços que o gerador não é capaz de manejar — um conceito mais amplo. Analisando os RSU sob o ponto de vista da periculosidade, importantes aspectos da vida na cidade chamam nossa atenção: colocamos no lixo me- dicamentos vencidos, pilhas, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, restos de tintas, solventes, aerossóis, e outros materiais que contêm substâncias químicas nocivas ao meio ambiente. Esses resíduos têm normas específicas de descarte, desconhecidas da grande maioria da população. Outro ponto é interessante diz respeito ao lixo eletrônico. Apesar de o lixo urbano ainda ser, em maior proporção, composto por materiais orgânicos, a quantidade de papel e material de embalagem (metais, plásticos e papelão), pilhas, óleo lubrificante usado (OLU), restos de tinta e outros aumentou bastante, e tende a aumentar cada vez mais. A isso soma-se o que foi denominado o lixo eletrônico, composto por computadores, telefones celulares, televisores e monitores de computador que tomam um destino errado, ocupando espaço e contaminando o meio ambiente com metais pesados presentes nas peças e componentes desses produtos. Mercúrio, chumbo, cádmio e níquel são cumulativos nos tecidos vivos, e seus efeitos a longo prazo são desconhecidos, pois ainda não há “um longo prazo”. Os fatos já conhecidos nos mostram que devemos tomar medidas urgentes a respeito dessa realidade. 3Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Embora os pneus usados sejam classificados como inertes, são resíduos indesejáveis, ambientalmente falando, devido a sua grande quantidade: cerca de 21 milhões de pneus de todos os tipos são descartados anualmente no Brasil, segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Mecanicamente, nos lixões e pátios, os pneus acumulam água e funcionam como uma incubadora de mosquitos vetores da malária, da dengue, das febres amarela e chikungunya e da zyka. Acumulam-se também no fundo de rios e lagos, contribuindo para enchentes. Quando queimados, produzem fumaça muito tóxica por causa da presença de dioxinas e furanos. Pelo que vimos, o problema maior diz respeito à gestão inadequada dos RSU, já que esta é a mais visível e volumosa. Se considerarmos o lixo com respeito ao estado físico, as emissões líquidas (inclusive as “pastosas”) e gasosas são de mais difícil detecção. Entretanto, há, para estas, medidas específicas a se tomar. Em se tratando de RSU, a PNRS (BRASIL, 2010a) propôs instrumentos de gestão significativos para o combate de problemas ambientais importantes, bem como seus reflexos sociais e econômicos. A PNRS inseriu hábitos de consumo sustentável e ressignificou o termo “lixo”, com implementação da reciclagem e reuso dos RSU, subtraindo desse conceito negativo materiais que são matéria prima em potencial, além de pressionar para a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, come- çando pela separação do lixo. Instituiu o que se chamou de “responsabilidade compartilhada” (BRASIL, 2010a, documento on-line) do gerador de RSU com a comunidade e o prestador de serviço de Logística Reversa dos resíduos e embalagens. Também criou metas para a eliminação dos lixões, problema que estudaremos na sessão seguinte, fornecendo instrumentos de planejamento e gestão para diversas esferas de governo. Por fim, tornou obrigatória para a iniciativa privada a elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). A Lei modernizou os saberes da gestão de resíduos sólidos e trouxe novas ferramentas de gestão para a legislação ambiental. A gestão integrada dos resíduos sólidos de serviços de saúde, da construção civil, de mineração, de portos, aeroportos e fronteiras, industriais e agros- silvopastoris, reúne as ações voltadas a encontrar soluções para os resíduos sólidos, com planos nacional, estaduais, microrregionais, intermunicipais, municipais e de gerenciamento. Os planos de gestão dos governos federal, estaduais e municipais passaram a tratar de assuntos relativos à coleta seletiva, Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades4 reciclagem, inclusão social e participação da sociedade civil. A PNRS (BRA- SIL, 2010a) instituiu a responsabilidade compartilhada de toda a sociedade na gestão de RSU, com o objetivo de reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e os danos ambientais, e incentivar o desenvolvimento de mercados e a produção e consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis. Ademais, a logística reversa mobiliza a sociedade na responsabilização da destinação ambientalmente adequada dos RSU, estimulando o recolhimento de produtos e embalagens após seu consumo e o reaproveitamento, no mesmo ciclo produtivo ou em outros. Com base nesses preceitos, o Ministério do Meio Ambiente criou a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), um programa para estimular os órgãos públicos à sustentabilidade. A A3P visa à eficiência na atividade pública e à preservação do meio ambiente (MINISTÉRIO DO MEIO AM- BIENTE, 2009). Estrutura-se segundo seis eixos: uso dos recursos naturais; qualidade de vida no ambiente de trabalho; sensibilização dos servidores para a sustentabilidade; compras sustentáveis; construções sustentáveis; e gestão de resíduos sólidos. Para auxiliar os órgãos a atingirem esses objetivos, conta com capacitações mais aprofundadas, mobilizações para apresentar os conceitos da A3P e exposições instrutivas. A PNRS proibiu o descarte de rejeito em “lixões” e limitou a ação de catadores. Este movimento visou a preservação do meio ambiente e a inserção dos catadores na cadeia da reciclagem, para promover a cidadania e inclusão social com geração de emprego e renda. Engenheiro ambientalusa entulho como base em obras civis A iniciativa de um engenheiro ambiental em Ribeirão Preto (SP) criou uma maneira vantajosa de usar o material reciclado proveniente da construção civil. Ele utilizou material proveniente da reciclagem de resíduos da construção civil, livre de impurezas, no lugar da brita, com dimensão máxima recomendada para esse tipo de aplicação, dentro das normas da ABNT vigentes. O investimento foi feito em parceria com o proprietário de um aterro e um empresário. Já existem outros projetos com a utilização de material reciclado destinado a calçadas e estradas rurais (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AMBIENTAIS, 2015). Leia mais sobre a experiência acessando o link a seguir. https://goo.gl/Fq8F8Z 5Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades O impacto dos lixões “Lixão” é um local legalizado, usado pelo poder público, geralmente Muni- cipal, para depositar o RSU gerado pela comunidade. Entretanto, o descarte de materiais nesse local é feito de maneira não normatizada, sem condições sanitárias adequadas. Essa é uma definição pragmática, pois define o “depósito de lixo” para onde vai todo o RSU coletados pelo serviço de coleta pública sob responsabilidade do poder público. Salienta-se, contudo, que tanto o serviço de depósito e suas implicações, quanto os serviços de coleta podem ser concedidos à iniciativa privada. O poder público parece ignorar a relevância do impacto causado pelos lixões, pois muitos municípios ainda mantêm esses espaços para disposição dos resíduos produzidos nas cidades. Esse fato motiva forte discussão nas esferas ambientais, sociais e econômicas. Muitos “lixões” são irregulares, pois não possuem licença ambiental nem acompanhamento ou gestão do que está sendo depositado em seu interior. Misturam resíduos domiciliares orgânicos e inorgânicos, resíduos de varrição de praças e logradouros, resíduos perigosos, resíduos hospitalares e resíduos da construção civil, entre outros. Oficialmente, não existem desde 2014, quando a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) determinou seu fechamento (BRASIL, 2010a). Porém, muitos municípios brasileiros ainda contam com lixões ativos. Para entender o impacto dos lixões, é necessário estudar as mudanças ecológi- cas, sociais, culturais e estéticas que ocorrem no local e em seu entorno, que são a área diretamente afetada (ADA), onde está implantado o empreendimento, a área de influência direta (AID), que é o entorno imediato, a vizinhança e a área de influência indireta (AII), que é a área que é afetada em menor grau. O impacto ambiental deve ser caracterizado, identificando o dano causado e seu autor, bem como a extensão e a efetividade. O maior prejuízo se dá em relação às características ambiental, social, sanitária e econômica. Ambiental- mente, os lixões impactam descaracterizando totalmente a paisagem natural, contaminando as águas e o solo. Quanto a este, diminuem a qualidade, seja da impermeabilização ou da ação de microrganismos. Outro fator a ser con- siderado é a supressão da vegetação e a atração de espécies exóticas. Lixões são locais insalubres cuja farta oferta de matéria orgânica atrai todo o tipo de vetor, como ratos, baratas, mosquitos, bactérias e vírus, que são responsáveis pela transmissão de várias doenças como leptospirose, dengue, cólera, diarreia, febre tifoide e verminoses. Esse panorama agrava-se pela falta de renda e posses dos catadores, que vivem à margem da sociedade e Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades6 dos serviços de saúde. O problema social se amplia pela própria exclusão, pois catadores são rotulados como pessoas sem posses e que se alimentam do próprio lixo, o que, em muitas situações, é verdade. Pela imensa quantidade de material descartado sem qualquer critério ou triagem, os lixões também caracterizam um sumidouro de materiais poten- cialmente reutilizáveis, que gerariam uma economia de recursos ambientais, por assim dizer, e uma grande economia social, ou seja, uma possibilidade de renda para os desfavorecidos do local. Relativamente ao porte dos lixões, as áreas de influência podem se tornar imensas, atingindo municípios vizinhos com maus odores, fumaças resultantes da queima de resíduos, e lixiviados (chorumes). O impacto econômico de um lixão é complexo, composto por ocorrências diretas e indiretas impossíveis de rastrear, como o gasto com consultas e internações de cidadãos (custo direto) e a improdutividade nestes dias (custo indireto). O Brasil tem cerca de 3 mil lixões ou aterros irregulares. Mesmo após a lei que visou a acabar com a prática de lixões, eles operam fortemente. Alguns funcionam, inclusive, com aval do serviço público, impactando a qualidade de vida de 77 milhões de brasileiros. As perguntas que devemos nos fazer são: Quando os lixões forem eliminados, como prevê o PNRS, todas as cidades vão apresentar planos de gestão integrada de resíduos? A taxa de reciclagem vai aumentar? Os catadores estarão incluídos no processo? A PNRS (BRASIL, 2010a) pune quem deposita produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente ou os usa, manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final de forma diversa da normatizada. A consequência da incerteza quanto ao que pode ser encontrado em um lixão é clara: o Brasil gasta cerca de R$ 800 milhões por ano em doenças relacionadas ao lixo. Obviamente, as principais vítimas são os catadores de materiais recicláveis e as populações vizinhas desses locais — principalmente as crianças. A sustentabilidade é uma questão de sobrevivência. As prefeituras recla- mam que não possuem recursos para se adequar à lei, acabar com os lixões e implantar a coleta seletiva e as usinas de reciclagem e compostagem do material orgânico. O valor necessário é o mesmo que os municípios arrecadam. Entretanto, muitos não se organizam para usar os recursos destinados a isso pelo BNDES ou convênios internacionais. Pesquisas recentes indicam que pouco mais da metade dos municípios trata o lixo de alguma forma, mesmo que inadequada. 7Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Como vimos, os resíduos são encaminhados para o lixão, que é um local a céu aberto, com materiais descartados de qualquer maneira e sem tratamento. Isso causa problemas ambientais como a poluição das águas subterrâneas e cursos d’água vizinhos, proliferação de animais parasitas e odores de fer- mentação, que são a origem do chorume, concentrado em metais, bactérias e matéria orgânica. O chorume contamina o solo e a água subterrânea e super- ficial. Necessita de grande volume de oxigênio para a decomposição, o que sequestra da fauna aquática, causando sua morte. Quando presente no lençol freático, o chorume causa forte impacto na saúde pública. Em suma, é muito mais danoso que o esgoto urbano, além de ser de mais difícil tratamento. Se fossem seguidas as normas específicas de disposição ambientalmente correta do lixo, teríamos aterros sanitários, onde se depositam RSU com controle da poluição e proteção ao meio ambiente. Aterros são equipados com tratores compactadores. Após a compactação, o lixo é coberto com areia, para diminuir odores, evitar incêndios e reduzir a população de insetos e roedores. Mesmo com a coleta e o tratamento do chorume, é importante que uma distância mínima de 400m de qualquer curso d’água seja mantida. Uma questão relevante quanto ao lixo diz respeito ao desperdício que a má gestão acarreta. Se analisarmos cuidadosamente, nosso lixo doméstico é 2/3 biodegradável, sendo o restante papel, plástico, vidro e metal. Deste modo, o que não pode ser compostado, pode reentrar no ciclo produtivo. No cenário atual, principalmente no Brasil, é muito difícil garantir destinação adequada para os resíduos. Isso tem duas razões principais: a geração do lixo, que é incorreta, sem separação; a falta de locais adequadosà sua des- tinação, dada a situação dos lixões. Outra questão relevante é que esse 1/3 de material não-biodegradável ocupa um grande espaço, sendo causador do problema “visível” do lixão: o tamanho, que se expande em grande velocidade. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) de 2008 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2008), foram coletadas quase 260 mil toneladas de RSU por dia. Esses rejeitos, ademais, atraem populações em situação socialmente vulnerável, que acabam estabelecendo comunidades de catadores no entorno dos lixões, com as mazelas que discutimos anteriormente. O problema “invisível” é causado, em parte, pelos 2/3 de material com- postável: por ser contaminado, esse material causa doenças debilitantes e até fatais, com impacto na saúde pública. Por se tratar de alimento, atrai animais conurbados — aqueles que vivem conosco, beneficiando-se do que lhes for- necemos. Esses animais transmitem doenças e, novamente, geram impacto na Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades8 saúde pública. Ademais, eles acabam entrando em decomposição descontrolada ali mesmo, gerando o chorume que contamina águas subterrâneas e causa impacto na saúde pública. Misturados a esses componentes, temos no lixão materiais que não deve- riam estar ali — pilhas, termômetros, eletrônicos, medicamentos, etc. Eles contaminam o solo pelo contato ou pela lixiviação, usando o chorume como veículo. Essa geração deste tipo de lixo é proporcional ao desenvolvimento e ao crescimento do poder aquisitivo. Também é resultado da falta de educação, que ocasiona o descarte irregular e não separado de eletrônicos! A falta de educação causa cada vez mais distanciamento social e impactos socioeconô- micos, pois se reflete na destinação social do solo, causadora da especulação imobiliária. Portanto, quanto menor for a educação, haverá menos separação e mais lixo, catadores, segregação social, gastos com saúde pública, crimina- lidade e degradação ambiental. Sabemos que há uma tendência de crescimento populacional e de aumento da industrialização e produção. Haverá, portanto, aumento da geração de resíduos, com seu impacto ambiental concomitante. Sem uma atitude, poderemos colaborar com a inesgotabilidade do resíduo. Além disso, a degradação ambiental será irreversível se não houver uma conscientização. O engenheiro ambiental, por vocação, deve se colocar como um agente dessa transformação. A disposição inadequada dos RSU (Figura 1), pelo ponto de vista sanitário, é responsável pela proliferação de vetores e pela incubação das doenças nas comunidades vivas. Pelo ponto de vista ambiental, essa disposição é altamente impactante e causadora de degradação. Além do que já foi exposto, devemos destacar as emissões atmosféricas de gases do efeito estufa, causados pela incineração espontânea e pelo metano gerado da decomposição não monitorada, vilão da degradação da camada de ozônio. Pelo ponto de vista social, os lixões são igualmente graves, pela segre- gação causada, pelo impacto na saúde pública e pelas condições desumanas de vida. 9Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Figura 1. Caminhões descartando RSU em um “lixão”. Solução de grave impacto ambiental e socioeconômico. Fonte: Gorlov-KV/Shutterstock.com. Você ouviu falar sobre o acidente nuclear de Goiânia (GO)? Em setembro de 1987, um equipamento de radioterapia abandonado foi levado a um ferro-velho. Ao ser aberto, as pessoas foram expostas a um material brilhante e bonito! Só que esse material era Césio radioativo, o isótopo Ce137. Além das quatro pessoas que morreram por síndrome de radiação aguda, entre elas a menina Leide, sobrinha do dono do ferro-velho, mais de 40 famílias foram atingidas. Hoje, vizinhos e trabalhadores que atuaram no acidente também se tornaram vítimas, sendo que 1.100 pessoas foram atendidas no Centro de Assistência aos radioacidentados (CARA). Foram concedidas pelo governo 751 pensões, até agora. Foram 93 g de cloreto de césio que geraram 3.500 m³ de resíduos, levados para uma unidade do CNEN em Abadia de Goiás (GO). Essa tragédia poderia ter sido evitada por uma gestão de resíduos bem feita. Na situação atual do País, um acidente semelhante pode ocorrer a qualquer momento. Leia mais sobre essa notícia acessando o link a seguir (GUIMARÃES; BONALUME NETO, 2017). https://goo.gl/48k7d2 No link a seguir, veja o acompanhamento dado pelo Governo do Estado de Goiás (GOVERNO DE GOIÁS, [201?]): https://goo.gl/HjpGh5 Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades10 Há gestão de resíduos acontecendo de maneira correta nas cidades? Atualmente, estamos em desvantagem. Quando se fala no quadro institucional, observamos que muitas prefeituras municipais não agiram, alegando falta de recursos financeiros e técnicos. Existem várias causas para essa imobilidade, que não discutiremos. Entretanto, se considerarmos as Leis do Saneamento Básico (11.445/2007) (BRASIL, 2007a) e de Consórcios Públicos (11.107/2005) (BRASIL, 2005) e seus decretos de regulamentação (7217/2010 e 6.017/2007) (BRASIL, 2010b; 2007b), constatamos que há jurisprudência para achar solu- ções, e que projetos existem. Portanto, estabelecer parcerias com segmentos interessados é possível e viável. Ainda assim, há a possibilidade de intercâmbio com outros estados e municípios, possibilidade pouco explorada. E muito se faz, por vontade política, sem planejamento; sem a ação de um profissional apto, como um engenheiro ambiental. A PNRS (BRASIL, 2010a) define gerenciamento de resíduos sólidos como o conjunto de ações exercidas em todas as etapas desde a coleta até a disposi- ção final ambientalmente adequada que sigam um plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou, pelo menos, um plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Da mesma forma, define gestão integrada de resíduos sólidos como o conjunto de ações voltadas para resolver a situação dos RSU, considerando “as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social” (BRASIL, 2010a, documento on-line) e buscando o desenvolvimento susten- tável. Além disso, o gerenciamento de resíduos sólidos tem forte componente na inovação tecnológica e na operacionalidade das etapas envolvidas. Deve se voltar a criação de condições de trabalho para os catadores dos “lixões”, em conjunto com municípios. Devemos buscar um modelo de gestão dos resíduos urbanos socialmente integrada, fundamentado também em alternativas de tratamento e valorização dos resíduos voltados a redução dos impactos sobre a saúde humana e o meio ambiente. Essas estratégias aplicadas ao desenvolvi- mento de modelos de gestão de RSU devem estar fundamentadas na redução do consumo, no reuso e/ou na reciclagem, na compostagem e na disposição final ambientalmente adequada. Alternativamente, se pode discutir a incineração como alternativa à disposição de boa parte dos resíduos, antes de dispô-los em aterros sanitários, com o benefício da geração de energia. Um exemplo aplicável é dado pelos órgãos públicos que adotaram a A3P (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2009) e o Decreto nº 5.940/2006 (BRASIL, 2006), que permite formar “Comissões para a Coleta Seletiva” nos órgãos. Essas comissões possuem o objetivo de coordenar a separação e a 11Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades destinação dos resíduos para catadores organizados em associações e coopera- tivas. Esses órgãos públicos contribuem diretamente para a redução do envio de resíduos sólidos para o “lixo” e para a inclusão social dessas comunidades socialmente vulneráveis. Apresentam ao Comitê Interministerial da Inclusão Social de Catadores de Lixo (Decreto nº 7.405/2010) (BRASIL, 2010c) rela- tórios semestrais de processo. Esse decreto, em particular, embasa a inclusão produtiva das pessoas por meio do projeto Coleta Seletiva Solidária (BRASIL, 2010c), criando uma cultura institucional de gestão dos resíduos, parteda A3P. Outro ganho importante dessa iniciativa são as ações de capacitação, formação técnica e assessoria, incubação de cooperativas e de empreendimentos sociais, e incentivo a pesquisas voltados ao desenvolvimento de tecnologias de reci- clagem (Figura 2). O motivo é claro: os catadores de materiais recicláveis só são um problema social e ambiental se desvalorizados e desprezados, pois, na realidade, são agentes de transformação ambiental cuja atuação tem impacto direto no volume de lixo coletado e destinado incorretamente, trazendo fôlego aterros sanitários. Da mesma forma, são parte importante da cadeia produtiva, pois geram bens e serviços. A atividade de reciclagem, quando organizada, é uma alternativa de inclusão social para os catadores, pois configura uma oportunidade de ingressar em um mercado formal de trabalho, até mesmo dentro dos moldes do empreendedorismo. Garantem, assim, a subsistência de profissionais, com a revenda e processamento do material reciclável. Em suma, o gerenciamento integrado do “lixo” significa uma abordagem social, técnica e operacional do sistema de limpeza urbana. A população atua fortemente como agente transformador quando se fala na sanidade ambiental. No gerenciamento de resíduos sólidos, deve-se considerar não gerar lixo, ou pelo menos reduzir o lixo gerado. Isso implica na otimização dos processos produtivos, visando a levar às pessoas bens de consumo com o mínimo de oportunidades de gerar resíduos, ou seja, “buscar a meta de resíduo zero na produção”, como o faz a Alemanha, por exemplo. Isso significa, para o consumidor, a educação para o consumo consciente, com o objetivo de não gerar excedentes; para o governo, significa estimular a produção de bens com desmonte facilitado e dar incentivos fiscais a empresas recicladoras. O governo deve, ainda, agir nas escolas, nos níveis fundamental e médio, por meio de educação ambiental, buscando criar uma cultura do consumo consciente, da resis- tência às técnicas de marketing que induzem ao consumo e do conhecimento sobre formação de preço e valor agregado; além, é claro, da propagação do conhecimento sobre redução de “lixo”, disposição correta e reciclagem/reuso. Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades12 Figura 2. Paiol de reciclagem organizado em Piracicaba (SP): organização da produtividade e resgate da dignidade do catador. Fonte: Alf Ribeiro/Shutterstock.com. Um conceito pronto para esse fim, que traz a vantagem da aceitação cole- tiva e normalização das culturas, é a política dos cinco “R”, que educa para a redução do consumo, o reuso e a reciclagem: reduzir, repensar, reaproveitar, reciclar e recusar-se a consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos. Cada termo se autoexplica de forma inteligente. O objetivo explícito é induzir no cidadão a reflexão que leve à redução do consumo exagerado e do desperdício. Destaca-se que a reciclagem já é praticada por indústrias de papel, vidro, plástico ou metal de reuso, entre outros, em suas linhas de produção. Tais empresas ganham no marketing associado ao quinto “R”, pois podem usar símbolos padronizados para a rotulagem ambiental, que facilitem a identificação e a separação dos materiais, induzindo a preferência do consumidor. Com a política dos cinco “R”, ganha-se com a redução na extração de recursos naturais, dos resíduos nos aterros (aumentando da sua vida útil) e do custo de tratamento. Reduz-se, também, o uso de energia, e ainda se ganha com a intensificação da economia local de reciclagem. 13Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Podemos identificar uma evolução no gerenciamento integrado de resíduos sólidos, em três etapas, que começaram nos países desenvolvidos e hoje se expandem para o resto do planeta. Até o final da década de 1960 e início da década seguinte, os RSU eram compostos majoritariamente por lixo orgânico, que era coletado e transportado até lixões, obedecendo a critérios pragmáticos como a localização — estar longe da cidade ou local de fácil aterramento. Não havia preocupação ambiental de qualquer tipo, como o esgotamento de recursos, do espaço nos lixões, do impacto ambiental — infelizmente, muitos municípios ainda seguem este modelo. A segunda etapa da evolução dos modelos de gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos começa com a Conferência das Nações Unidas de Estocolmo Sobre Meio Ambiente Humano, em 1972. Algumas nações se deram conta das ameaças do progresso descuidado, como a desertificação, a destruição da camada de ozônio, o efeito estufa e a redução da agua po- tável. Além da água, veio a consciência de que outros recursos naturais são limitados. Concomitantemente, houve o despertar para um mundo empático, onde se valoriza a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento equitativo (oportunidades iguais para todos). Na metade da década de 1970, uma reunião da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) falou pela primeira vez em gerenciamento de resíduos sólidos com redução da geração de resíduos, reciclagem, incineração para geração de energia e, por último, disposição dos resíduos em aterros sanitários. No final da década de 1980, entramos na terceira e atual etapa do processo evolutivo, quando a preocupação com a redução do volume de resíduos se torna constante, permeando todo o processo produtivo. Atualmente, podemos ver dois modelos de gestão/gerenciamento de resíduos sólidos: o convencional e o participativo, mais moderno. O modelo de gestão convencional é o adotado pela maioria dos municípios onde os serviços de limpeza urbana têm seu próprio modelo de gestão, com ou sem terceirização. O modelo de gestão participativa é caracterizado pela participação da comu- nidade, organizada em conselhos, para a elaboração do orçamento anual ou plurianual, junto ao poder público. Esse modelo leva as sugestões em consi- deração e as aplicam nos serviços de limpeza urbana, buscando solucionar os problemas apontados. Comumente, encontra-se nestes dois modelos um compartilhamento entre os municípios de etapa final da Gestão de Resíduos Sólidos, que se denomina Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades14 Compartilhada, onde, independente do modelo de gestão adotado, o envio ocorre para um local comum. Temos esse modelo no Rio Grande do Sul, onde o RSU é enviado pelos municípios para os aterros sanitários da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), nas cidades de Giruá, Minas do Leão (o maior), Santa Maria, São Leopoldo e Victor Graeff. A CRVR foca na destinação final e geração de valor do RSU, oferecendo soluções integradas de tratamento por meio de práticas inovadoras, sustentáveis e ambientalmente seguras. Esses aterros sanitários possuem unidades de triagem que separam os resíduos recicláveis, para reaproveitamento e retorno ao ciclo produtivo. O efeito é a diminuição do volume destinado e aumento da vida útil. Cada aterro sanitário tem uma estação de tratamento de efluentes pelo método biológico, com filtros biológicos, lagoa aerada, lagoas facultativas e banhados construídos ou pelo método físico-químico com nanofiltração, osmose reserva e tratamento externo. O exemplo de que a inovação pode ser feita está na implantação de sistema de captura e oxidação térmica do biogás gerado na unidade de Minas do Leão/RS, tecnologia aprovada pela ONU, incluída no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Lá, 98% do metano do biogás é destruído, o que corresponde a 400 mil toneladas equivalentes de gás carbônico (CO2) por ano. O metano é 25 vezes danoso à camada de ozônio que o CO2. A queima do biogás ocorre em uma unidade de geração de energia com potência de 8,5 MW, atendendo uma população de aproximadamente 100 mil habitantes. Atualmente, mais sistemas estão em desenvolvimento para a implantação de mais duas Unidades de Valorização Energética, nas Centrais de São Leopoldo e Santa Maria.Cidade lixo zero! Em 2017, em relatório publicado pelo Serviço de Estatística da União Europeia (Eu- rostat), constava a seguinte notícia: a Itália obteve a maior porcentagem de reciclagem da União Europeia. A marca alcançada foi 76,9%, o que demonstra que, com vontade pública, é possível atingir metas de reciclagem. 50% dos RSU do país são reciclados. A Itália adota um sistema porta a porta de coleta, usando saquinhos recicláveis que atraem a população para a prática. As multas também colaboram com essa adesão. Em Milão, que é uma metrópole, até o lixo de cozinha é reciclado. Isso é tão exemplar que outras cidades estão buscando esse modelo para aplicação, como Paris, Barcelona e Nova Iorque. 15Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades 1. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Política Nacional do Meio Ambiente e a Lei do Saneamento Básico (junto com instruções normativas e decretos) definem lixo, resíduo, rejeito e resíduo sólido urbano (RSU). Analise as afirmações e assinale a alternativa correta. a) Os resíduos sólidos, quando classificados como orgânicos, incluem material de origem biológica (p. ex., restos de alimentos, papel e madeira) ou de origem orgânica (p. ex., plástico e borracha). b) Resíduo é o que não pode ser reciclado ou reaproveitado, seja por carência tecnológica ou custo, mas, de qualquer forma, necessita de uma “disposição final ambientalmente adequada”. c) O lixo eletrônico se tornou um problema por conta do grande volume representado pelos equipamentos descartados ao serem substituídos por novas tecnologias. Porém, a grande velocidade com que são feitos (sendo, basicamente, de plástico e metal) não apresenta riscos à saúde humana. d) A Lei do Saneamento Básico definiu RSU como o conjunto de resíduos domiciliares, resíduos de limpeza urbana, lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços que o gerador não possa manejar. e) Os pneus devem ter disposição adequada, pois podem causar graves incêndios; porém, por serem inertes, não interagem com os seres vivos. 2. Analise as afirmações e assinale a que condiz com a matéria da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e suas definições. a) A PNRS define o termo “lixo” e dá força de lei à reciclagem e ao reuso dos RSU, como fonte de matérias-primas, mas não versa sobre a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, uma vez que já era cumprida pela Lei do Saneamento Básico (nº 11.445/2007). b) Os planos de gestão dos governos federal, estaduais e municipais passaram a tratar de assuntos relativos à coleta seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da sociedade civil. c) O gerador é responsável pelo RSU originado por seus produtos até que estes repassem para o consumidor, sendo o serviço de logística reversa de resíduos e embalagens uma fonte estimulada de lucro. d) Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) são ferramentas de gestão muito eficientes, principalmente como captadores de recursos financeiros, sendo facultativos para a iniciativa privada. e) A logística reversa mobiliza a sociedade na responsabilização do consumo inteligente através da devolução do Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades16 produto excedente adquirido, sendo o fabricante obrigado a aceitar esse excedente. 3. Oficialmente, os lixões não deveriam existir, pois a PNRS determinou o fechamento até 2014. No entanto, muitos municípios brasileiros ainda têm lixões ativos. Sobre esse tema, suas definições e particularidades, escolha a alternativa correta. a) Para entender o impacto dos lixões, é necessário estudar as mudanças ecológicas, sociais, culturais e estéticas que estejam ocorrendo na área diretamente afetada (ADA) onde está implantado o empreendimento, pois não há dispersão de efeitos. b) A área de influência direta (AID), que é a borda da pilha, é a área de maior impacto, pois recebe todo o chorume. c) A presença do lixo orgânico agrava o impacto socioeconômico do lixão pela falta de renda e posses dos catadores, os quais vivem à margem da sociedade e dos serviços de saúde. d) Área de influência indireta (AII) é a área afetada pelo impacto ambiental causado pelas comunidades em condições socioeconômicas precárias. e) Os lixões são um benefício para as comunidades do entorno, pois lhes dão condições de subsistência. 4. Pesquisas recentes indicam que pouco mais da metade dos municípios trata o lixo de alguma forma, mesmo que inadequada, propiciando a formação clandestina de lixões, que aumentam sem controle e causam graves consequências. Sobre esses impactos, marque a opção correta. a) Na água superficial, é necessário grande volume de oxigênio para a decomposição, que é sequestrado da fauna aquática, causando a morte. b) O chorume é gerado pela lavagem do lixo pela chuva e é um agente poluidor silencioso, inodoro, que turva o abastecimento de água. c) No lençol freático, causa forte impacto na saúde pública, mas não se compara ao impacto que o esgoto urbano causa. d) O principal prejuízo econômico do lixão está no desperdício de material potencialmente reutilizável. e) Devido ao forte sistema imunológico, os catadores e familiares sofrem menos com as doenças relacionadas à atividade do que o cidadão comum. 5. O problema do lixo urbano passa pela gestão correta e pelo gerenciamento eficiente, com metodologias que envolvem tecnologias clássicas e novos processos, bem como a inclusão socioeconômica das pessoas envolvidas. De acordo com as definições envolvidas nesse processo, assinale a alternativa correta. a) Gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações voltadas para resolver a situação dos RSU pelo poder público. b) A gestão integrada de resíduos sólidos é a gestão feita pelo poder público com a 17Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades participação da comunidade em assembleias organizadas pelos líderes comunitários. c) A incineração de resíduos é uma prática nefasta, pois, quando descontrolada, causa incêndios e, sob controle, causa grave impacto com suas emissões. d) “Comissões para a Coleta Seletiva” são organizações civis criadas para a divulgação da prática, estimulada pela PNMA. e) A atividade dos catadores é muito vantajosa e deve ser organizada, pois traz fôlego aos aterros sanitários e permite a recirculação do material reciclável. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: resíduos sólidos - classificação. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: <http://www.vigilanciasanitaria. sc.gov.br/index.php/download/category/64-legislacao?download=433:nbr-10004>. Acesso em: 11 jul. 2018. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENGENHEIROS AMBIENTAIS. Iniciativa de engenheiro ambiental dá destinação sustentável para resíduos da construção civil. Brasília, DF, 19 jun. 2015. Disponível em: <http://www.aneam.org.br/index.php/noticias/assuntos- técnicos/item/3953- iniciativa-de-engenheiro-ambiental-dá-destinação-sustentável- para-resíduos-da-construção>. Acesso em: 11 jul. 2018. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. . Decreto n. 5.940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos... Brasília, DF, 25 out. 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5940. htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. . Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. Regulamenta a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos. Brasília, DF, 17 jan. 2007b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. . Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010. Regulamentaa Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e dá outras providências. Brasília, DF, 21 jun. 2010b. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7217.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades18 . Decreto nº 7.405, de 23 de dezembro de 2010. Institui o Programa Pró- -Catador... Brasília, DF, 23 dez. 2010c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7405.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. . Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF, 31 ago. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/Leis/L6938compilada.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. . Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005. Dispõe sobre normas gerais de con- tratação de consórcios públicos e dá outras providências. Brasília, DF, 06 abr. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107. htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. . Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico... Brasília, DF, 5 jan. 2007a. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. . Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras pro- vidências. Brasília, DF, 2 ago. 2010a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 11 jul. 2018. GOVERNO DE GOIÁS. Sistema Único de Saúde. Secretaria de Estado da Saúde. CÉSIO 137 Goiania. Goiania, [201?]. Disponível em: <http://www.cesio137goiania.go.gov. br/>. Acesso em: 12 jul. 2018. GUIMARÃES, C; BONALUME NETO, R. Trinta anos depois do acidente em Goiânia, vítimas do césio ainda sofrem. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 set. 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/09/1917163-trinta-anos-depois-do- acidente-em-goiania-vitimas-do-cesio-ainda-sofrem.shtml>. Acesso em: 11 jul. 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional de saneamento básico 2008. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/presi- dencia/noticias/imprensa/ppts/0000000105.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁ- VEIS. Instrução normativa nº 13, de 18 de dezembro de 2012. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 245, seção 1, 20 dez. 2012. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/ phocadownload/emissoeseresiduos/residuos/ibama-lista-brasileira-de-residuos- solidos.xls>. Acesso em: 11 jul. 2018. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental. Agenda ambiental na administração pública. 5. ed. rev. e atual. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2018. 19Gestão ambiental: reciclagem e a questão dos lixos nas cidades Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Ter um modelo de gestão dos resíduos que seja integrado e que esteja baseado em alternativas de tratamento e valorização dos resíduos é essencial para reduzir impactos para as pessoas e para o meio ambiente. As estratégias aplicadas devem ter como foco a redução do consumo, o reuso ou reciclagem, a compostagem e a disposição final ambientalmente adequada. Na Dica do Professor, você estudará a respeito da cadeia de reciclagem e as regras de separação correta, além de ter um apanhado geral sobre como ocorre a separação do lixo seco e a política dos 5 Rs do Ministério do Meio Ambiente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Política Nacional de Resíduos Sólidos, a Política Nacional do Meio Ambiente e a Lei do Saneamento Básico, juntamente com instruções normativas e decretos, definem lixo, resíduo, rejeito e Resíduo Sólido Urbano (RSU). Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta sobre o assunto. A) Os resíduos sólidos, quando classificados como orgânicos, incluem material de origem biológica (como restos de alimentos, papel e madeira) ou de origem orgânica (como plástico e borracha). B) Resíduo é o que não pode ser reciclado ou reaproveitado, seja por carência tecnológica ou custo, mas de qualquer forma, necessita de uma “disposição final ambientalmente adequada”. C) O lixo eletrônico se tornou um problema pelo excessivo volume, representado pelos equipamentos descartados ao serem substituídos por novas tecnologias a uma grande velocidade. Entretanto, como são feitos basicamente de plástico e metal, não apresentam riscos à saúde humana. D) A Lei do Saneamento Básico definiu RSU como o conjunto de resíduos domiciliares e resíduos de limpeza urbana, o lixo originário de atividades comerciais, industriais e de serviços que o gerador não possa manejar. E) Os pneus devem ter disposição adequada, pois podem causar graves incêndios; porém, por serem inertes, não interagem com os seres vivos. 2) Analise as afirmações a seguir e assinale a que condiz com a matéria da Política Nacional de Resíduos Sólidos e suas definições. A) A PNRS define lixo e dá força de lei à reciclagem e reuso dos RSU, como fonte de matérias-primas, mas não versa sobre a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, uma vez que já era cumprida pela Lei do Saneamento Básico (Lei n.o11.445/2007). B) Os planos de gestão dos Governos Federal, Estaduais e Municipais passam a tratar de assuntos relativos à coleta seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da sociedade civil. C) O gerador é responsável pelo RSU originado por seus produtos até que estes sejam repassados para o consumidor, sendo o serviço de logística reversa dos resíduos e embalagens uma fonte estimulada de lucro. D) Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) são ferramentas de gestão muito eficientes, principalmente como captadores de recursos financeiros, sendo facultativos para a iniciativa privada. E) A logística reversa mobiliza a sociedade na responsabilização do consumo inteligente, por meio da devolução do produto excedente adquirido, sendo o fabricante obrigado a aceitar esse excedente. Oficialmente, os lixões não deveriam existir, pois a Política Nacional de Resíduos Sólidos determinou o seu fechamento até 2014. Porém, muitos municípios brasileiros 3) ainda têm lixões ativos. Sobre esse tema, suas definições e particularidades, escolha a alternativa correta: A) Para entender o impacto dos lixões, é necessário estudar as mudanças ecológicas, sociais, culturais e estéticas que estejam ocorrendo na Área Diretamente Afetada (ADA), onde está implantado o empreendimento, pois não há dispersão de efeitos. B) A Área de Influência Direta (AID), que é a borda da pilha, é a área de maior impacto, pois recebe todo o chorume. C) A presença do lixo orgânico agrava o impacto socioeconômico do lixão, pela falta de renda e posses dos catadores, que vivem à margem da sociedade e dos serviços de saúde. D) Área de Influência Indireta (AII) é a área afetada pelo impacto ambiental causado pelas comunidades em condições socioeconômicas precárias. E) Os lixões são um benefício para as comunidades do entorno, pois lhes dão condições de subsistência. 4) Pesquisas recentes indicam que pouco mais da metade dos municípios trata o lixo de alguma forma, mesmo que inadequada, propiciando a formação clandestina de lixões, que aumentam sem controle, trazendo graves consequências. Sobre esses impactos, é correto afirmar:A) Na água superficial, necessita de grande volume de oxigênio para a decomposição, que sequestra da fauna aquática, causando sua morte. B) O chorume é gerado pela lavagem do lixo pela chuva, sendo um agente poluidor silencioso, inodoro, que turva o abastecimento de água. No lençol freático, causa forte impacto na saúde pública, mas não se compara ao impacto C) que o esgoto urbano causa. D) O principal prejuízo econômico do lixão está no desperdício de material potencialmente reutilizável. E) Devido ao forte sistema imunológico, os catadores e familiares sofrem menos com as doenças relacionadas à atividade do que o cidadão comum. 5) O problema do lixo urbano passa pela gestão correta e pelo gerenciamento eficiente, com metodologias que envolvem tecnologias clássicas e novos processos, bem como a inclusão socioeconômica das pessoas envolvidas. De acordo com as definições envolvidas nesse processo, assinale a alternativa correta: A) Gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações voltadas para resolver a situação dos RSU pelo poder público. B) A gestão integrada de resíduos sólidos é a gestão feita pelo Poder Público com a participação da comunidade em assembleias organizadas pelos líderes comunitários. C) A incineração de resíduos é uma prática nefasta, pois, descontrolada, causa incêndios e sob controle, grave impacto com suas emissões. D) Comissões para a Coleta Seletiva são organizações civis criadas para a divulgação da prática, estimulada pela PNMA. E) A atividade dos catadores é muito vantajosa e deve ser organizada, pois traz fôlego aos aterros sanitários e permite a recirculação do material reciclável. NA PRÁTICA Sabe-se que uma das competências necessárias para o desempenho da função do Engenheiro Ambiental é conhecer a legislação e como ela se aplica. Um dos exemplos é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O profissional que detém esse conhecimento e também domina aspectos relacionados à gestão de projetos pode, ainda, desenvolver pesquisas buscando soluções para questões ambientais. Veja como as habilidades e competências do Engenheiro Paulo são fundamentais para o desenvolvimento de ações na reorganização da comunidade de catadores, e a transformam em uma coopertaiva de catadores embrionária, para a satisfação da Prefeitura e benefício do Município. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O problema do lixo começa a chegar em nossa praia Muitos animais morrem sufocados ou estrangulados por sacolas e outros artefatos feitos de plástico. A quantidade desses itens abandonados nas praias, e dispostos irregularmente, aumenta ano a ano. Leia, neste artigo, a respeito das campanhas e atitudes em prol da substituição do plástico por outros materiais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais APRESENTAÇÃO Os impactos das atividades humanas no meio ambiente vêm provocando consequências cada vez mais graves. Logo, a avaliação de impactos ambientais apresenta como principal objetivo evitar, reduzir, neutralizar ou compensar efeitos negativos que um determinado produto, processo/atividade ou empreendimento pode ocasionar no ambiente. Sendo assim, como se pode mensurar os impactos que as mais diversas atividades ou empreendimentos causam no meio ambiente? Por meio de métodos de avaliação de impactos ambientais, os quais são baseados em mapeamentos de campo, análises de laboratório, elaboração de mapas temáticos analíticos, visitas técnicas in loco, consulta em bibliografias, entre outros. Existem diferentes métodos para avaliar os impactos ambientais, e a escolha de um depende do tipo de impacto, do empreendimento, da quantidade de informações coletadas e do próprio ambiente, cabendo à equipe técnica escolher o melhor método a ser aplicado. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá alguns dos principais métodos usados na avaliação de impactos ambientais, assim como a diferença de aspecto e impacto ambiental. Além disso, estudará sobre as formas de minimizar e controlar impactos ambientais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar aspectos e impactos ambientais.• Relacionar métodos de avaliação de impactos ambientais.• Exemplificar técnicas de minimização e controle de impactos ambientais.• DESAFIO A avaliação de impacto ambiental (AIA) consiste em uma série de procedimentos legais, institucionais e técnico-científicos, com o objetivo de caracterizar e identificar impactos potenciais na instalação de um empreendimento, ou seja, prever a magnitude e a importância destes. Uma empresa de consultoria e licenciamento ambiental foi contratada para realizar a AIA que a construção de um novo posto de gasolina, com aproximadamente 700 m² de área construída, poderá ocasionar no meio ambiente. Em relação ao método escolhido para analisar os impactos ambientais (para ambas as áreas), os técnicos optaram pela superposição de cartas e do método checklist. Segundo os técnicos, pelo fato de um posto de gasolina não apresentar riscos ambientais severos, os métodos escolhidos satisfazem plenamente a avaliação dos impactos ambientais. Caso você fosse um dos técnicos responsáveis por essa avaliação, responda: a) Qual das duas áreas você julga ser mais adequada para a instalação do posto de gasolina, baseado nas informações obtidas em campo? b) É possível utilizar mais de um método para a AIA? Qual sua posição quanto a escolha dos métodos para a avaliação dos impactos ambientais? c) Existe outro método que também poderia ser utilizado na AIA? d) Segundo os técnicos, um posto de gasolina não apresenta riscos ambientais severos. Você concorda com essa afirmação? INFOGRÁFICO Existem diferentes métodos para avaliar os impactos ambientais, e a escolha de um depende do tipo de impacto, do empreendimento, da quantidade de informações coletadas e do próprio ambiente. Porém, não se pode dizer que determinado método é melhor que outro, tampouco que um único método é aplicado a qualquer estudo de impacto ambiental (EIA), em ração da diversidade de empreendimentos e seus impactos ambientais potenciais. Cabe a equipe técnica decidir qual o melhor método a ser utilizado no respectivo EIA, para que ocorra a correta avaliação e a identificação dos impactos ambientais. Mas quais são os métodos mais usuais de avaliação de impactos ambientais e suas respectivas vantagens e desvantagens? Confira no Infográfico a seguir. CONTEÚDO DO LIVRO Ao longo da história da humanidade, o desenvolvimento, tanto social quanto econômico, vêm sendo confundindo com um crescente domínio e transformação da natureza, em que os recursos naturais são vistos como ilimitados. Desta forma, para empresas/corporações que visam implantar um sistema de gestão ambiental (SGA), segundo a norma ISO 14001, um dos requisitos é estabelecer, implementar e manter procedimentos para identificar os aspectos e impactos ambientais decorrentes das atividades. Ou seja, os aspectos ambientais, como, por exemplo, o lançamento de resíduos e efluentes líquidos no solo e na água, desmatamento e queimadas, lançamento de poluentes na atmosfera, entre outros, provocaram severos impactos ambientais (principalmente negativos), como a perda de biodiversidade; a erosão dos solos; a contaminação da água, do solo e do ar; o assoreamento de recursos hídricos, etc. Para saber mais sobre a importância da identificação dos aspectos e impactos ambientais, leia o capítulo Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais, da obra Meio ambiente, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. MEIO AMBIENTE Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduadaem Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar aspectos e impactos ambientais. � Relacionar métodos de avaliação de impactos ambientais. � Exemplificar técnicas de minimização e controle de impactos ambientais. Introdução Os impactos das atividades humanas no meio ambiente vêm provocando consequências cada vez mais graves e alarmantes. A avaliação de impactos ambientais tem como principal objetivo evitar, reduzir, neutralizar ou compensar efeitos negativos que um determinado produto, processo, atividade ou empreendimento pode ocasionar no ambiente. Como se pode mensurar os impactos que as mais diversas atividades ou empreendimentos causam no meio ambiente? Por meio de méto- dos de avaliação de impactos ambientais, os quais são baseados em mapeamentos de campo, análises de laboratório, elaboração de mapas temáticos analíticos, visitas técnicas in loco, consulta em bibliografias, entre outros. Existem diferentes métodos para avaliar os impactos ambientais, e a escolha de um depende do tipo de impacto, do empreendimento, da quantidade de informações coletadas e do próprio ambiente. Cabe à equipe técnica escolher qual o melhor método a ser aplicado. Este capítulo visa a apresentar alguns dos principais métodos usados na avaliação de impactos ambientais, bem como a conceituar e apresentar a diferença entre aspecto e impacto ambiental. Também tem por objetivo indicar formas de minimizar e controlar impactos ambientais. Diferença entre aspecto e impacto ambiental Barsano, Barbosa e Viana (2014) afirmam que o desenvolvimento tecnoló- gico industrial, a busca desenfreada por riquezas naturais e a falta de um planejamento de recuperação do meio ambiente são as principais origens de um apanhado de consequências negativas ao meio ambiente. Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (2012) mencionam que diversos problemas ambientais ocasionados por essa atuação antrópica irresponsável sobre o ambiente são computados diariamente, gerando poluição da agua e do ar, passivos ambientais, degradação da paisagem, problemas de saúde, doenças infectocontagiosas, entre outros. Desta forma, a gestão ambiental vem ganhando força nas últimas décadas, resultado da necessidade de adequação a essa nova forma de pensar em desenvolvimento e produção de bens de consumo circunscrita pela noção de desenvolvimento sustentável. Para haver gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, deve-se analisar os aspectos e impactos ambientais que diferentes atividades podem ocasionar. De acordo com Ministério da Defesa ([200?]), o aspecto ambiental é um ele- mento característico de determinada atividade, instalação, processo, produto ou serviço de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. Sánchez (2013) define aspecto ambiental como todo o mecanismo por meio do qual uma ação humana causa um impacto ambiental: toda a ação humana (atividades, produtos ou serviços) gera um aspecto ambiental, que por sua vez irá resultar em um impacto ambiental. Sánchez (2013) menciona ainda que o aspecto ambiental, de certo modo, está relacionado à gestão ambiental, pois foi a Norma ISO 14.001 que definiu o termo aspecto ambiental. Este termo era desconhecido pelos profissionais envolvidos em avaliação de impacto ambiental até então, ou era utilizado com outra conotação. O que realmente significa Aspecto Ambiental? Segundo NBR ISO14.001, aspecto ambiental diz respeito a “...elementos das atividades, produtos e servi- ços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente” (CAGNA, 2013, documento on-line). O aspecto pode ser uma máquina, equipamento ou mesmo uma atividade executada por um determinado empreendimento. Denomina-se “aspecto ambiental significativo” aquele aspecto que tem um impacto ambiental significativo. A Figura 1 apresenta a diferença entre aspecto e impacto ambiental. Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais2 Figura 1. Exemplos de um aspecto ambiental (lançamento de resíduo líquido em recursos hídricos) que ocasionam um impacto ambiental (mortandade de peixes). Fonte: Oceloti/Shutterstock.com; Pretty Vectors/Shutterstock.com. Impactos ambientais, alternativamente, são alterações no ambiente cau- sadas pelo desenvolvimento das atividades humanas no espaço geográfico. Nesse sentido, eles podem ser positivos, quando resultam em melhorias para o ambiente, ou negativos, quando essas alterações causam algum risco para o ser humano ou para os recursos naturais encontrados no espaço. Apesar de possuir essas duas classificações, o termo impacto ambiental é mais utilizado em referência aos aspectos negativos das atividades humanas sobre a natureza. É fundamental compreender a diferença entre aspecto e impacto ambiental: Aspectos ambientais: mecanismos através dos quais uma ação humana causa um impacto ambiental: as ações humanas causam efeitos ambientais, que por sua vez produzem impactos ambientais. Impactos ambientais: podem ser positivos ou negativos, e consistem em quaisquer modificações do meio ambiente, resultante ou não dos aspectos ambientais. Todas as atividades exercidas pelo homem ocasionam impactos ambien- tais, os quais podem ser positivos ou negativos. Por exemplo, supondo que uma indústria pretenda se instalar em determinado município, os seguintes impactos podem ocorrer: 3Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais � Impactos positivos: geração de empregos, aumento da economia local, estímulo a novos mercados, entre outros. � Impactos negativos: geração de resíduos sólidos, emissões atmosféricas, impactos na fauna e na flora, lançamento de efluentes industriais em recursos hídricos, aumento/alteração no trânsito local, entre outros. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (1990), os impactos ambientais estão vinculados com a degradação do meio ambiente, sendo que esta ocorre quando se tem uma ou mais das seguintes situações: � a vegetação nativa e a fauna nativa são destruídas, removidas ou expulsas; � ocorre remoção da camada fértil do solo; � tem-se alterações na qualidade e regime de vazão do sistema hídrico. A fim de facilitar o entendimento, o Quadro 1 apresenta a diferença entre aspecto e impacto ambiental. Fonte: Adaptado de Sánchez (2013, p. 295). Atividade Aspecto ambiental Impacto ambiental Lavagem de roupa Consumo de água Redução da disponibilidade hídrica Lavagem de louça Lançamento de água com detergentes Contaminação e eutrofização de mananciais Transporte de carga Emissão de ruídos e aumento do tráfego Incômodo aos vizinhos, maior frequência de congestionamentos e aumento da poluição atmosférica Armazenamento de combustível Risco de vazamento Contaminação do solo e água (superficial ou subterrânea) Quadro 1. Exemplos de relações atividade-aspecto-impacto ambiental Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais4 Métodos de avaliação de impactos ambientais Os métodos de avaliação de impactos ambientais consistem em instrumentos utilizados para coletar informações (tanto qualitativas e quantitativas) ori- ginadas de uma determinada atividade que possa resultar em modificações ambientais. As técnicas incluem mapeamentos de campo, análises de labora- tório e elaboração de mapas temáticos analíticos, sendo estes muito comuns na análise de dispersão de poluentes no ar ou na água. Existem distintos métodos que podem ser aplicados para o estudo dos impactos ambientais. Esses métodos não são estabelecidos pela legislaçãoe, dessa forma, podem e devem ser modificados de acordo com o tipo de projeto que será desenvolvido. De acordo com a Resolução CONAMA 01/86 (BRASIL, 1986), a análise de impactos ambientais deve considerar alguns atributos: � Natureza — Os impactos são benéficos ou adversos; positivos ou negativos? � Duração — Os impactos são temporários ou permanentes? � Incidência — Os impactos são diretos (ocorrem na área onde estará o empreendimento) ou indiretos (podem afetar outras áreas)? � Reversibilidade — Os impactos são reversíveis ou irreversíveis? � Sinergia — Os impactos são cumulativos ou sinérgicos (acumulativos)? Os métodos de análise de impactos ambientais objetivam comparar, or- ganizar e analisar informações sobre impactos ambientais de determinada atividade, incluindo formas de apresentação escrita e visual desses dados. Quanto aos métodos de avaliação de impactos e ponderação de atributos, os mais utilizados são: 5Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais Método AD HOC — Consiste na formação de grupos de trabalho (de diferentes áreas, como geólogos, biólogos e engenheiros), apresentando suas impressões baseadas na experiência para elaboração de um relatório que irá relacionar o projeto a ser implantado com seus possíveis impactos causados (CREMONEZ et al., 2014). Carvalho e Lima (2010) ressaltam que este método é indicado para situações com escassez de dados ou quando a avaliação deve ser disponibilizada em um curto espaço de tempo. Entre as vantagens, estão os gastos econômicos, os quais são menores em relação a outros métodos. Método check-list — Apresenta uma relação dos impactos mais relevantes, associando-os ou não ao respectivo aspecto ambiental (a causa do impacto) ou mesmo ao meio afetado (físico, biológico, socioeconômico). Além disso, o método permite avaliar os impactos por meio da atribuição de qualificações ou quantificação de atributos como magnitude, natureza, entre outros. A aplicação desse método também permite a elaboração e aplicação de ques- tionários. Como vantagem, esse método pode ser considerado simples e de fácil visualização. No entanto, não permite caracterizar e discutir de forma mais minuciosa cada impacto. Matrizes de interação (matriz de Leopold) — Técnica que relaciona ações com fatores ambientais. Embora possa incorporar parâmetros de avaliação, é um método basicamente de identificação. O princípio básico da matriz de interação consiste em, primeiramente, assinalar todas as pos- síveis interações entre as ações e os fatores, para em seguida, estabelecer em uma escala variável a magnitude e a importância de cada impacto, identificando posteriormente se o mesmo é positivo ou negativo. Assim, calcula-se o índice global de impacto ambiental resultante do somatório de todos os fatores. Esse valor compõe uma célula. Na matriz de interação, faz-se e o cruzamento das ações do empreendimento com as variáveis do meio ambiente, gerando um conjunto de retículos que representa as possibilidades de ocorrência de impactos (SÁNCHEZ, 2013). O Quadro 2 apresenta os fatores considerados na avaliação dos impactos ambientais na matriz de interação. Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais6 Fonte: Adaptado de Sánchez (2013, p. 339). M – Magnitude Pequeno (P) – 1 Médio (M) – 2 Grande (G) – 3 A – Amplitude Local (L) – 1 Regional (R) – 2 Estratégico (E) – 3 P – Prazo de Efeito Curto Prazo (CP) – 1 Médio Prazo (MP) – 2 Longo Prazo (LP) – 3 T – Horizonte de Tempo Temporário (T) – 1 Cíclico (C) – 2 Permanente (P) – 3 Quadro 2. Fatores para avaliação dos impactos ambientais O somatório de todos os fatores compõe uma célula, por exemplo: (+/-) S M A P T Sendo S o somatório de M + A + P + T. Para compreender melhor como ocorre a montagem da Matriz de Intera- ção, apresenta-se um exemplo da matriz preenchida, conforme indicado no Quadro 3. 7Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais Co m po ne nt e am bi en ta l A r Á gu a So lo At iv id ad es Quantidade-cor Ruído Qualidade Sedimentos/ assoreamento Lençol freático Erosão Est. físico Compactação Co ns tr uç ão d e es tr ad as e a ce iro s 5 4 4 4 0 6 5 6 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 3 Ex pl or aç ão fl or es ta l Q ua dr o 3. E xe m pl o de p re en ch im en to d a M at riz d e In te ra çã o de A va lia çã o de Im pa ct os A m bi en ta is Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais8 Redes de interação — Buscam estabelecer relações de precedência entre ações de um empreendimento e os impactos por ele causados (sejam eles diretos ou indiretos). Ou seja, esta metodologia visa o estabelecimento de uma sequência de impactos ambientais provenientes de determinada intervenção, representando-os através de gráficos. As mesmas podem ainda ser utilizadas para orientar as medidas a serem propostas para a minimização dos impactos ambientais observados (CARVALHO; LIMA, 2010). Superposição de cartas — Consiste na confecção de uma série de car- tas temáticas, uma para cada fator ambiental, onde se apresentam os dados organizados em categoria. Essas cartas são superpostas para reproduzir a síntese da situação ambiental de uma área geográfica. A superposição de cartas é útil para estudos que envolvam alternativas de localização e outras questões de dimensão espacial. Esse método vem sendo utilizado para AIA de projetos lineares (estradas de rodagens, linhas de transmissão, dutos, etc.), já que favorece bastante a representação visual e a identificação da extensão dos efeitos. A possibilidade de utilização de imagens de satélite é um recurso valioso para esse tipo de método, conforme Pimentel e Pires (1992). Modelos de simulação — Constituídos por modelos matemáticos destina- dos a representar a estrutura e o funcionamento dos sistemas ambientais por meio de relações complexas entre componentes quantitativos ou qualitativos, físicos, biológicos ou socioeconômicos, a partir de um conjunto de hipótese ou pressupostos (PIMENTEL; PIRES, 1992). Os modelos mais utilizados são aqueles feitos para estimar os impactos de emissões gasosas e os de lan- çamento de efluentes no meio ambiente. Neles, são incorporados hipóteses e pressupostos sobre os processos e as relações entre seus fatores bióticos, físicos e culturais frente às alterações causadas palas atividades que devem ser avaliadas (MALHEIROS; NOCKO; GRAUER, 2009). Além dos métodos descritos, existem as metodologias quantitativas e o sistema AMBITEC-AGRO. A seleção do método dependerá dos objetivos que se quer alcan- çar, da disponibilidade de dados, das características do projeto e especificidades da localização, bem como do tempo e dos recursos financeiros e técnicos disponíveis (PIMENTEL; PIRES, 1992). 9Gestão ambiental: técnicas de avaliação dos impactos ambientais Formas de controlar os impactos ambientais Visando a diminuir principalmente os impactos ambientais negativos, devem ser adotadas medidas de prevenção (controle), mitigação, compensação, recupe- ração e monitoramento dos impactos que a implantação de um empreendimento ou atividade possa ocasionar. A ordem de prioridade no controle dos impactos ambientais negativos deve ser: 1. prevenção; 2. mitigação; 3. recuperação; 4. compensação. Portanto, encontrar formas de evitar impactos e prevenir riscos deve ser a primeira coisa a ser acatada, sendo de extrema importância compreender a diferença entre estes termos ambientais. As medidas de prevenção devem ser as pioneiras a serem implantadas, tendo como objetivo evitar que as atividades relacionadas ao empreendimento resultem em impactos ambientais negativos antes que estes aconteçam. To- mando como exemplo a construção de uma hidrelétrica, as principais medi- das de prevenção dos impactos negativos desta obra estão relacionados com alternativas locacionais do empreendimento, que devem
Compartilhar