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Identificação da Produção Didático-Pedagógica – Turma 2016 Título: Comunicação Alternativa no Contexto Escolar Autora: Debora Cristina Grosko Disciplina/Área: Educação Especial Escola de Implementação do Projeto e sua localização: Colégio Estadual Antônio Tupy Pinheiro Município da Escola: Guarapuava Núcleo Regional de Educação: Guarapuava Professora Orientadora: Ana Aparecida de Oliveira Machado Barby Instituição de Ensino Superior: Unicentro - Universidade Estadual do Centro Oeste Relação Interdisciplinar: Interdisciplinaridade: Incluindo todas as disciplinas Resumo: A Comunicação Alternativa (CA) destina-se a pessoas sem fala e/ou sem escrita funcional, ou, com defasagem entre a necessidade comunicativa e sua habilidade de falar ou escrever. Na ausência da fala, essas pessoas podem estabelecer outras formas de comunicação compreensível por meio de gestos, sons, expressões corporais ou outros meios. A garantia de acessibilidade comunicativa às pessoas que apresentam restrições de linguagem oral e escrita consiste no emprego de um método de ensino que empregue alguma forma de Comunicação Alternativa. Para tanto, é imprescindível que os professores tenham acesso à formação inicial e continuada sobre os recursos de comunicação alternativa para propor as adaptações que esses alunos necessitam. Neste contexto, o objetivo deste estudo é promover a socialização do conhecimento e prática sobre os aspectos que envolvem a Comunicação Alternativa, para que sua interação e aprendizagem sejam significativas no contexto escolar e social. O público alvo são docentes e equipe pedagógica que atuam com um aluno com deficiência física neuromotora (paralisia cerebral) do 6º ano, sem linguagem oral e escrita funcional, que utiliza a comunicação alternativa. As reflexões sobre o tema são necessárias e importantes, pois abrem novos caminhos de compreensão, e novas possibilidades de atuação aos professores em sala de aula. Palavras-chave: Comunicação Alternativa; Educação Inclusiva; Formação de Professores. Formato do Material Didático: Unidade Didática Público: Docentes e Equipe Pedagógica Professora do PDE: Debora Cristina Grosko Área/Disciplina PDE: Educação Especial NRE: Guarapuava Professora Orientadora IES: Ana Aparecida de Oliveira Machado Barby IES Vinculada: Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO Escola de Implementação: Colégio Estadual Antônio Tupy Pinheiro Público Alvo da Implementação: Equipe Pedagógica e Professores Comunicação Alternativa no Contexto Escolar "Somos diferentes, mas não queremos ser transformados em desiguais. Às nossas vidas só precisam ser acrescidas de recursos especiais" (Peça de teatro: Vozes da Consciência, BH) Figura 1: Fonte Disponível em: http://pessoascomdeficiencia.com.br/site/wp-content/uploads/2016/01/estatuto-da- pessoa-com-deficiencia-2016.jpg/ Acesso fev 2017 Apresentação .............................................................................................................................................. 6 Problemática ............................................................................................................................................... 7 Objetivo Geral ............................................................................................................................................. 7 Metodologia e Relato da Implementação na Escola............................................................................... 7 1º Encontro ............................................................................................................................................... 10 Objetivo .................................................................................................................................................. 10 Justificativa ............................................................................................................................................. 10 Estratégias ............................................................................................................................................. 11 Questionário ........................................................................................................................................... 11 2º Encontro ............................................................................................................................................... 14 Objetivos................................................................................................................................................. 14 Justificativa ............................................................................................................................................. 14 Estratégias ............................................................................................................................................. 14 Síntese: Histórico da Comunicação Alternativa (CA) ............................................................................ 16 Material de Apoio para Leitura – Fundamentação Teórica: Histórico da Comunicação Alternativa (CA) ................................................................................................................................................................ 17 Síntese: Aspectos Legais de Amparo ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) em Comunicação Alternativa (CA) ............................................................................................................... 21 Material de Apoio para Leitura – Fundamentação Teórica: Aspectos Legais de Amparo ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) em Comunicação Alternativa (CA) ............................. 22 Síntese: Tecnologia Assistiva (TA) com Enfoque nos Sistemas Educativos ........................................ 24 Material de Apoio para Leitura – Fundamentação Teórica: Tecnologia Assistiva (TA) com Enfoque nos Sistemas Educativos .............................................................................................................................. 25 Síntese: Conceitualização e Definição dos Termos Relacionados à Comunicação Alternativa (CA) ... 27 Material de Apoio para Leitura – Fundamentação Teórica: Conceitualização e Definição dos Termos Relacionados à Comunicação Alternativa (CA) ..................................................................................... 28 Síntese: Contextos de Uso e Utilização da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA).... ........... 30 Material de Apoio para Leitura – Fundamentação Teórica: Contextos de Uso e Utilização da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) .................................................................................... 30 Síntese: Recursos e Estratégias da Comunicação Alternativa (CAA) ................................................... 32 Material de Apoio para Leitura – Fundamentação Teórica: Recursos e Estratégias da Comunicação Alternativa (CAA) .................................................................................................................................... 33 Síntese: Conceituando Alguns Termos Relacionados à Deficiência Neuromotora ............................... 36 Material de Apoio para Leitura – Fundamentação Teórica: Conceituando Alguns Termos Relacionados à Deficiência Neuromotora .................................................................................................................... 38 3º Encontro ............................................................................................................................................... 41 Objetivo .................................................................................................................................................. 41 Sumário Justificativa............................................................................................................................................. 41 Estratégias ............................................................................................................................................. 42 Texto: PROFESSOR(A) NA TURMA TEM UM ALUNO COM DEFICIÊNCIA FÍSICA NEUROMOTORA QUE UTILIZA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA (CA) .......................................................................... 42 4º Encontro ............................................................................................................................................... 46 Objetivo .................................................................................................................................................. 46 Justificativa ............................................................................................................................................. 46 Estratégias ............................................................................................................................................. 47 Exemplo 01 ............................................................................................................................................ 48 Exemplo 02 ............................................................................................................................................ 49 Exemplo 03 ............................................................................................................................................ 50 Softwares Utilizados na CAA ................................................................................................................. 50 Atividade 01 ............................................................................................................................................ 50 Sistemas Gráficos Utilizados na CAA .................................................................................................... 51 Atividade 02 ............................................................................................................................................ 54 Atividade 03 ............................................................................................................................................ 55 5º Encontro ............................................................................................................................................... 56 Objetivo .................................................................................................................................................. 56 Justificativa ............................................................................................................................................. 56 Estratégias ............................................................................................................................................. 56 6º Encontro ............................................................................................................................................... 57 Objetivos................................................................................................................................................. 57 Justificativa ............................................................................................................................................. 57 Questionário ........................................................................................................................................... 58 Texto: Comunicação Alternativa (CA) – Relato Pessoal ....................................................................... 60 7º Encontro ............................................................................................................................................... 63 Objetivos................................................................................................................................................. 63 Justificativa ............................................................................................................................................. 63 Estratégias ............................................................................................................................................ 63 Avaliação ................................................................................................................................................... 64 Links Interessantes .................................................................................................................................. 65 Referências ................................................................................................................................................. 66 6 O Material Didático constitui-se um dos recursos pedagógicos para intervenção na escola, cujo objetivo é apontar caminhos e alternativas, de ações pedagógicas aos professores. Para tanto, foi elaborada uma Unidade Didática, com aprofundamento teórico e reflexões sobre o tema: “Comunicação Alternativa no Contexto Escolar”, para atender as demandas educacionais existentes no âmbito escolar, especificamente com um aluno do 6º ano do ensino fundamental, com deficiência física neuromotora, que utiliza a comunicação alternativa. Nas últimas décadas, pessoas impossibilitadas de se expressar oralmente por meio da fala, ou com limitações da mesma e sem escrita funcional, vêm tendo a oportunidade de utilizar recursos alternativos para estabelecer outras formas de comunicação. A garantia de acessibilidade comunicativa a essas pessoas, que apresentam restrições de linguagem oral e escrita, consiste no emprego de um método de ensino, por meio da Comunicação Alternativa (CA). A CA tem suas próprias características, não sendo apenas uma expressão não vocal da linguagem falada. Seu uso possibilita ao educando tornar-se o mais independente possível em suas habilidades comunicativas, podendo, assim, ampliar suas oportunidades de interação com outras pessoas e com o meio. Portanto, adotando ações e construindo caminhos, é possível superar as dificuldades na efetivação de formas de comunicação com vistas à aprendizagem. No contexto da educação inclusiva, faz-se necessário que os educadores tenham acesso e informação sobre conceitos, metodologias, recursos e práticas pedagógicas para trabalharem com alunos que têm necessidades educacionais especiais tão específicas e singulares. Refletir sobre o tema é importante, pois a escola, como um ambiente formador, precisa repensar sua função, e projetos como este poderão abrir novos caminhos de compreensão e atuação para o professor em sala de aula. Esperamos que, ao final do trabalho, este material possa ser fonte de inspiração para novas pesquisas e descobertas na área da inclusão. Um bom trabalho para todos nós! Debora Cristina Grosko Profª. PDE Apresentação 7 Quais metodologias os professores podem utilizar em suas práticas pedagógicas com um aluno que utiliza a Comunicação Alternativa (CA), e de que forma, esse educando com comprometimentos motores, sem fala funcional e sem escrita pode interagir, participar e ter uma aprendizagem significativa, dentro do contexto escolar e para sua vida em sociedade? Promover a socialização do conhecimento e prática sobre os aspectos que envolvem a Comunicação Alternativa (CA), destinada a alunos sem fala/funcional, para que sua interação e aprendizagem sejam significativas no contexto escolar e social, com professores da Educação Básica. O projeto elaborado partiu de uma problemática e necessidade vivenciada e percebida pela professora PDE na escola, tendo a prática como ponto inicialdo movimento da pesquisa. Fundamentou-se nos pressupostos da pesquisa-intervenção, onde a professora tem atuado como mediadora que articula, organiza encontros, sistematiza as vozes e os saberes produzidos pelos docentes e equipe pedagógica, agindo num processo de escuta ativa, promovendo a interação, as experiências cotidianas e práticas do coletivo, sistematizadas, permitindo descobertas e elaborações Problemática Objetivo Geral Metodologia e Relato da Implementação do Projeto na Escola 8 teórico-metodológicas. Tendo como base a ideia de uma relação dialética entre pesquisa e ação, cuja função é a transformação da realidade escolar, sendo que a preocupação maior é com o processo e significado, destacando o compromisso ético que tem permeado as atividades. É importante destacar que a realidade da escola tem sido considerada pela permanente reflexão teórica na implementação e aplicação, por meio de uma relação direta com as atividades curriculares previstas, expressando a intencionalidade da ação, em que os fundamentos teórico-disciplinares, têm sido priorizados, trabalhados e implementados. O Projeto de Intervenção na prática está sendo compreendido e desenvolvido em ação conjunta, partilhada e compartilhada, por meio do contato direto e prolongado, com a situação que está sendo estudada e implementada. Atuando como professora da sala de recursos multifuncional na rede municipal, a professora PDE atende o aluno alvo desta pesquisa há alguns anos, e ressalta que o mesmo teve sucesso e bons resultados em seu processo de inclusão e aprendizagem na educação básica. Na prática pedagógica dos professores que estão atuando com o mesmo no 6º ano, o maior desafio enfrentado tem sido trabalhar com tantas impossibilidades impostas pela deficiência, e conseguir enxergar possibilidades concretas de aprendizagem, para além dessas limitações. Diante do contexto, e analisando a maneira como o mesmo se comunica, são muitos desafios enfrentados e superados nesta implementação. O encaminhamento das estratégias está acontecendo por meio de encontros individuais e coletivos de reflexão, com formação teórica e prática, com os docentes e equipe pedagógica, sob os aspectos que envolvem a CA, como ferramenta de aprendizagem no contexto escolar. Cabendo a esses profissionais, avaliar, ao final da implementação, os resultados positivos e negativos dessa experiência, e do processo de inclusão desse aluno que utiliza a comunicação alternativa em seu processo de aprendizagem. Para direcionar a aplicação do projeto no colégio, usamos recursos didático- pedagógicos, como referência a unidade didática, que foi elaborada sobre os aspectos que envolvem o tema “Comunicação Alternativa no Contexto Escolar”. Dentro deste contexto, estão sendo realizados encontros de reflexão, orientações, formação teórica e prática, aplicação de questionário, palestra, leituras, análises e reflexões sobre textos e filmes, mostra de materiais pedagógicos, adaptação e sugestões de materiais, considerando os conteúdos referentes à série e compartilhamento de experiências, 9 perfazendo um total de 32 (trinta e duas) horas na aplicação da Implementação e mais 32 horas presenciais na escola. Conforme cronograma estabelecido, as ações estão sendo implementadas com os docentes e equipe pedagógica, com a finalidade de alcançar os objetivos propostos, e superar os desafios existentes, com relação aos aspectos acadêmicos que envolvem a CA no contexto escolar. Cronograma das ações desenvolvidas: 1º encontro: 2 horas - Apresentação do Projeto e questionário com os participantes para que reflitam sobre o tema deste trabalho; 2º encontro: 4 horas - Palestra tema: “Comunicação Alternativa no Contexto Escolar”; 3º encontro: 2 horas - Leitura complementar referente às orientações relacionadas ao aluno, destinada aos professores; 4º encontro: 4 horas - Oficina pedagógica: confecção de materiais para Comunicação Alternativa, compartilhamento dos materiais, atividades no computador com softwares de CA; 5º encontro: 16 horas - Distribuídas em encontros individuais e coletivos, com os 9 professores das disciplinas do 6º ano em sala de aula e em hora-atividade, repassando orientações e sugerindo adaptações de materiais; 6º encontro: 2 horas - Questionário com avaliação do trabalho desenvolvido; 7º encontro: 2 horas: Mesa redonda, visando troca de experiências, síntese geral e resultado da avaliação da Implementação; Vale destacar que estão sendo realizados encontros não estabelecidos no cronograma, mas que no decorrer da Implementação fizeram-se necessários. 10 Título: Comunicação Alternativa (CA) no Contexto Escolar- apresentação e questionário; Horas previstas: 2 horas (entre encontro presencial e não presencial). OBJETIVOS Realizar a explanação oral sobre o Projeto de Implementação e a Unidade Didática com o tema Comunicação Alternativa no Contexto Escolar; Levantar dados sobre o conhecimento dos Docentes e Equipe Pedagógica sobre o tema Comunicação Alternativa (CA), por meio de um questionário. JUSTIFICATIVA A proposta do Projeto de Implementação e da Unidade Didática é trabalhar orientando os professores e equipe pedagógica, sob as múltiplas possibilidades de compreensão e atuação, que envolvem a Comunicação Alternativa (CA), no Contexto Escolar, como prática educativa e como ferramenta inclusiva. A organização do Projeto de Intervenção Pedagógica, bem como a Produção Didático-Pedagógica, os quais tem por título “A Comunicação Alternativa no Contexto Escolar”, tem como objetivo promover a socialização do conhecimento e prática, por meio de encontros de formação e orientações individuais com professores e equipe pedagógica sobre os aspectos que envolvem a Comunicação Alternativa (CA), como ferramenta de aprendizagem, na mediação do conhecimento e interação social, contribuindo com sugestões, orientações, ações, metodologias, recursos pedagógicos e adaptações de materiais. Tendo como referência o aluno do 6º ano, com deficiência física neuromotora (paralisia cerebral), sem fala e escrita funcional, orientando os professores e equipe pedagógica. 1º Encontro 11 ESTRATÉGIAS Explanação oral da professora PDE sobre o projeto de Implementação e a Unidade didática com o tema Comunicação Alternativa (CA) no Contexto Escolar; Questionário para ser respondido pelos participantes, relacionado ao tema Comunicação Alternativa. QUESTIONÁRIO A SER RESPONDIDO PELOS PROFESSORES: Professores(as), Esse questionário é parte do projeto de pesquisa e tem por objetivo verificar o seu conhecimento sobre o tema Comunicação Alternativa (CA), destinada a alunos com deficiência física neuromotora, associada a dificuldades de comunicação oral e/ou escrita. As informações coletadas são fundamentais, pois servirão de subsídios para encaminhamento das atividades referentes à temática, como suporte para sua atuação em sala de aula. Portanto, a sua participação é muito importante. 1. Formação: ( ) graduação ( ) especialização ( ) mestrado ( ) doutorado ( ) outros ____________________________________________________________ • Vale destacar que, no contexto da educação inclusiva, faz-se necessário que os educadores tenham acesso e informação sobre referencial teórico, conceitos, metodologias e práticas pedagógicas, que favorecem a comunicação de alunos, sem fala e/ou sem escrita funcional, ou com defasagem na habilidade comunicativa e escrita. Importante: 12 2. Tempo de atuação: _________________________________________________ 3. Com que grupo de alunos com necessidades especiais você já trabalhou? ( ) alunos com deficiência intelectual; ( ) alunos com deficiência visual; ( ) alunos surdos; ( ) alunos com deficiência físicaneuromotora ( ) alunos com múltiplas deficiências; ( ) alunos com transtornos globais do desenvolvimento ( ) alunos com altas habilidades/superdotação; ( ) outros, especificar: __________________________________________________________ 4. Você já teve capacitação, atuou ou teve contato, com alunos que utilizam a Comunicação Alternativa (CA)? Se sim, você considera que o conhecimento teórico forneceu subsídios suficientes para sua atuação no atendimento a esses alunos? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 5. Se nunca atuou com alunos que utilizam a Comunicação Alternativa (CA), você julga importante que essa formação seja oferecida na escola? Justifique: _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 6. Qual a sua experiência em usar recursos de comunicação alternativa e ampliada e adaptar materiais com alunos com dificuldade de comunicação associada a deficiência física, que não têm escrita funcional? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 7. A grande diversidade de alunos com deficiências traz muitos desafios para a escola. Em sua opinião, os professores estão preparados para atuarem com alunos com essas 13 limitações e com necessidades tão específicas e singulares e que fazem uso da Comunicação Alternativa (CA)? Justifique sua resposta: _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Agradeço a participação! Profª PDE Debora Cristina Grosko 14 Título: Comunicação Alternativa (CA) no Contexto Escolar- palestra e exibição de vídeos; Horas previstas: 4 horas. OBJETIVO Ministrar palestra de formação para docentes e equipe pedagógica sobre a Comunicação Alternativa (CA), como ferramenta de aprendizagem, na mediação do conhecimento e interação social. JUSTIFICATIVA A “Comunicação Alternativa” (CA) é um tema relativamente novo nas escolas do ensino regular, sendo que a maioria dos professores desconhecem sua aplicabilidade e os recursos didáticos e tecnológicos. Com relação a esse tema, não existem muitos livros publicados e relacionados à prática são poucos. Quando se fala em CA, logo se vincula a imagem e confecção de pranchas e cartões, ela vai muito além disso. No contexto da educação inclusiva, percebe-se a necessidade de ações reflexivas, de informação e de formação, sobre o tema proposto junto aos educadores, a fim de promover novas possibilidades de atuação no âmbito pedagógico. Por ser um tema relativamente novo, a Comunicação Alternativa (CA) necessita de maior aprofundamento teórico e de pesquisas. ESTRATÉGIAS Explanação oral da professora PDE sobre o tema, apresentação de slides e vídeos; Vídeo: Desenho animado “Cordas”; Link: http://migre.me/vHP05; 2º Encontro 15 Sinopse: Curta metragem espanhol Cordas (Cuerdas). Baseado em fatos reais, Cordas é uma lição de amor, amizade e respeito pelas diferenças. O desenho narra a amizade de Maria, com seu colega de classe Nicolas, que tem paralisia cerebral. Diante das impossibilidades do amigo, Maria com muita criatividade faz de tudo para incluí-lo nas atividades, brincadeiras e jogos. • Professor, o aluno com que você vai atuar, durante este ano letivo, tem muitos comprometimentos assim, como o menino Nicolas. Nesse emocionante curta metragem, fica evidente, por meio do olhar inocente e puro de uma criança, representada por Maria, que todos somos iguais e que, que incluir e vencer as dificuldades é apenas uma questão de criatividade. Que mensagem “Cuerdas” passou para você? Reflexão: 16 Síntese: Histórico da Comunicação Alternativa (CA) Interessante: Formas de comunicação primitivas: recursos verbais e não verbais (gestos, grunhidos, sons, expressões faciais e corporais que foram evoluindo com linguagens próprias e características). As primeiras formas de expressões comunicativas escritas foram os desenhos nas cavernas. A língua de sinais teve muita importância para a mudança de paradigma da educação especial, por intermédio de outros sistemas que não a oralidade, abrindo caminhos para o estabelecimento de outras formas comunicativas. É difícil realizar uma revisão histórica e detalhada da (CA), pois não existem registros formalizados das práticas iniciais, sendo que a maioria dos trabalhos foi realizada de maneira informal e infelizmente sem registros. 1940 • Pais de crianças com paralisia cerebral fundaram a New York State cerebral Palsy Association; Pós- guerra • Charles Bliss desenvolveu um sistema pictográfico para ser utilizado como comunicação universal, com objetivo de unir os povos; 1971 • No Canadá, um grupo de profissionais, adaptou o sistema de Charles Bliss, para a ser usado com crianças com problemas de comunicação; 1978 • No Brasil, a utilização da comunicação Alternativa/Ampliada foi iniciada pela Associação Quero-Quero de Realibiltação Motora e Educação Especial; 1981 • Rosana Mayer Jhonson desenvolve o sistema pictográfico de comunicação; Década de 90 • A CA passou a ser questionada e implementada no campo científico; 17 MATERIAL DE APOIO PARA LEITURA – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Histórico da Comunicação Alternativa (CA) No início da civilização, o homem utilizava-se de várias formas para estabelecer sua comunicação por meio de recursos verbais e não verbais, seja através de gestos, grunhidos, sons, expressões faciais e corporais que foram evoluindo com suas linguagens próprias e características. As primeiras formas de expressões comunicativas escritas foram os desenhos nas cavernas que representavam uma relação de significados. Segundo Parrelada (2009, p. 2), “a arte rupestre é uma forma de comunicação através de convenções, ou seja, é um tipo de linguagem simbólica organizada, é uma maneira de se relacionar com as pessoas e através do tempo”. Elas simbolizam o cotidiano, a singularidade, e a identidade cultural de quem as produziu. A utilização da linguagem oral e escrita na comunicação e interação faz parte do processo evolutivo da humanidade. A comunicação não se estabeleceu apenas através da fala, todos os tipos de comunicação nas relações expressivas foram essenciais, favoráveis e fundamentais para o desenvolvimento da simbologia na interação comunicativa. Deliberato (2007, p. 366) analisa a afirmação de Argyle (1976) e assevera “que a capacidade de se comunicar por meio da linguagem é uma característica exclusivamente humana [...], a linguagem surge da interação social e os “processos linguísticos” tornam-se importantes para o controle e coordenação do comportamento individual e no desenvolvimento e transmissão de cultura”. A capacidade de comunicação por meio do código da linguagem, dasrepresentações gráficas ou gestuais é importante na construção e no estabelecimento das interações sociais. Neste contexto, as pessoas com deficiências, ou que apresentavam algum prejuízo linguístico significativo, ficaram historicamente privadas do convívio social. Ciasca, Moura-Ribeiro, Tabaquim (2006, p. 409) relatam que “em Esparta (Grécia Antiga), crianças com deficiência física e mental eram consideradas subumanas, o que legitimava a sua eliminação ou abandono total”. A pessoa com deficiência era inabilitada para aceitação social plena. Essa concepção segregacionista acompanhou as pessoas com algum tipo de deficiência, muitas vezes lhes sendo negado o direito à vida. 18 A respeito do tratamento recebido pelas pessoas com deficiência, Pelosi (2008, p. 20) relata que “Mortas, abandonadas ou temidas por abrigarem maus espíritos, passam a ser institucionalizadas no final do século XVIII e início do século XIX, quando a sociedade toma consciência da necessidade de prestar apoio a esse grupo”. Essa institucionalização tinha caráter assistencialista e, de certa forma, segregacionista. Pelosi (2008, p. 20), complementa que “A Institucionalização de caráter assistencial e não educacional asilou todos aqueles que, de alguma maneira, não se encaixavam nos padrões do convívio social”. De acordo com Passos (2007, p. 17) é difícil realizar uma revisão histórica e detalhada da Comunicação Suplementar e ou/Alternativa (CSA), pois envolve diversos países e profissionais, cujas disciplinas, incorrem em bases teóricas e modelos conceituais distintos. Não existem registros formalizados das práticas iniciais, sendo que a maioria dos trabalhos foi realizada de maneira informal e infelizmente sem registros. Pelosi (2008, P. 20) relata que, por volta de 1940, pais de crianças com paralisia cerebral fundaram a New York State cerebral Palsy Association. A Educação especializada dessa época tinha caráter assistencialista, e era fragmentada no atendimento por deficiências, não sendo relevante às especificidades, necessidades e diferenças individuais de cada aluno. O maior desafio era dar vez e voz a essas crianças, proporcionando habilidades para estabelecimento de uma comunicação significativa e eficaz, tornando-as agentes desse processo comunicativo que deveria e deve ir muito além do contexto social, assegurando assim o direito pleno de sua cidadania. Os estudos sobre comunicação alternativa para indivíduos não verbais ou sem fala funcional são recentes e datam do pós-guerra com a criação do Blissymbolics, por Charles Bliss. O sistema de símbolos Bliss foi desenvolvido para ser utilizado como uma comunicação universal, conforme relata Wolf (2009, p. 73): “Charles Bliss dedicou muito de sua vida para o desenvolvimento desta língua internacional que, segundo ele, poderia ser compreendida por todos ao redor do mundo. Ele desejava promover a paz mundial, eliminando a falta de compreensão entre pessoas falantes de diferentes línguas”. A discussão sobre a Comunicação Alternativa começa com a abordagem oralista que era predominante nas intervenções pedagógicas dos sistemas educacionais da época, sem uma metodologia específica para crianças com limitações na fala. Esta forma de se comunicar foi principalmente utilizada com pessoas surdas. Reily (2009, p. 55), de acordo com Zangary, Lloyd, Vicker, “(...) destacam a importância que a língua 19 de sinais teve para a mudança de paradigma da educação especial (...) por intermédio de outros sistemas que não a oralidade”. Estes mesmos autores complementam que “a aceitação da língua de sinais teve grande repercussão nos processos educacionais de alunos não falantes sem alterações importantes, no final da década de 1950”. Percebe- se um avanço na utilização de outras formas e estratégias de comunicação que não a oralista, pois, nesse período, estratégias com alternativas de comunicação para pessoas que não conseguiam se comunicar através da fala eram pouco conhecidas. Reyli (2009, p. 57) enfatiza que "Os cursos de formação em serviço, congressos, as vivências, a literatura eram distintos: as discussões e polêmicas eram pouco partilhadas o que dificultava o atendimento de alunos com deficiências múltiplas". Essa educação fragmentada não proporcionou avanços à socialização e compartilhamento de saberes, conhecimentos, práticas pedagógicas, estratégias de ensino, atendimento clínico e institucional, nem aprofundamento nos pressupostos teóricos e metodológicos. Pelosi (2008, p. 21) relata que, no Brasil, em 1959, “a Educação Especial se configurou como um sistema paralelo e segregado de ensino com ênfase na deficiência intrínseca do indivíduo, caracterizando o modelo médico”. Somente a partir da década de 1970, com o surgimento de novas concepções e pesquisas voltadas ao atendimento de pessoas com deficiência, que estas passam a ser vistas, além dos seus comprometimentos e limitações, também podem desenvolver suas potencialidades. Para os avanços na Educação Especial, o compartilhamento de saberes e inovações foram fundamentais para ruptura desses paradigmas. Wolf (2009, p. 73) enfoca que em 1971, no Canadá, um grupo de profissionais liderados por Shirley MacNaughton: “procurando por um meio de comunicação para crianças com problemas motores e sem comunicação oral, encontrou nesse material a possibilidade de ensinar e de se comunicar com seus alunos”. Algumas adaptações foram realizadas em conjunto com C. Bliss, e esse sistema passou a ser usado por crianças com problemas na comunicação. Já no Brasil, a utilização da comunicação alternativa/ampliada foi iniciada pela Associação Educacional Quero-Quero de Reabilitação Motora e Educação Especial, situada em São Paulo, em 1978. Na década de 1980, trabalhos com Comunicação Alternativa se desenvolveram principalmente nos Estados Unidos, Inglaterra e Austrália. Em 1981, Roxana Mayer Johnson (nos EUA) desenvolve o Sistema Pictográfico de Comunicação (Picture Communication Symbols). De acordo com Reily (2009 p. 57) “a comunicação alternativa foi se constituindo no campo dos distúrbios neuromotores, mais precisamente, sequelas 20 de paralisia cerebral, como uma forma de oferecer possibilidades de comunicação e constituição de linguagem para crianças e jovens não falantes na idade escolar”. Walter (2000, p.1) ressalta que “foi na década de 90 que a Comunicação Alternativa começa a ser questionada e implementada no campo cientifico, passando a compor a metodologia utilizada por pesquisadores de programas de pós- graduação em educação especial”. Atualmente, em nosso país, existem inúmeros artigos, trabalhos, pesquisas e teses publicadas que abordam a Comunicação Alternativa em diferentes contextos. Sendo que a maioria apresenta resultados positivos na sua aplicação, fornecendo caminhos e subsídios para sua implementação, na perspectiva de uma inclusão responsável, numa visão construtivista, transdisciplinar e multidisciplinar que valoriza a diversidade e busca romper as barreiras existentes entra as dicotomias: ensino regular x ensino especial na construção de estabelecimentos de sistemas educacionais com qualidade de acordo com os preceitos constitucionais. 21 Síntese: Aspectos Legais de Amparo ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) em Comunicação Alternativa (CA) A Constituição Federal define, no Art. 205, “a educação como um direito de todos”. A Lei Brasileira da Pessoa com Deficiência nº 13.146, de julho de 2015, no Art. 27 contempla: “A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados, sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, (...), segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”. No Estado do Paraná: Instrução Nº 002/2012 – SUED/SEED – preconiza que o professor de Apoio à Comunicação Alternativa seja um profissional especializado, que atua no contexto de sala de aula (...). Instrução nº 016/2011 – SEED/SUED – estabelece critérios para o atendimento educacional especializado em sala de recursos multifuncional, na Educação Básica – área da deficiência intelectual, deficiência física neuromotora (...). Nossa legislação sofreu a influência de dispositivos globais que tratavam da inclusão e do direito de acesso à educação. O que é o atendimento educacional especializado (AEE)? O atendimento educacional especializado (AEE) é um serviço da educação especial que identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas (SEESP/MEC, 2008). 22 MATERIAL DE APOIO PARA LEITURA – FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA Aspectos Legais de Amparo ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) em Comunicação Alternativa (CA) Para o presente projeto de implementação, analisaremos o que rege a lei sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que é obrigatório e se constitui direito do aluno com deficiência nos sistemas de ensino. A legislação brasileira teve avanços significativos na concretização de novas políticas públicas referente à inclusão de alunos com deficiências. Muitos direitos foram assegurados e garantidos, entre eles o direito de igualdade de acesso e permanência na escola. A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) define, no Art. 205, “a educação como um direito de todos”. A Lei Brasileira da Pessoa com Deficiência nº 13.146, de julho de 2015, no Art. 27 contempla, “A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, (...), segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”. Nossa legislação sofreu a influência de dispositivos globais que tratavam da inclusão e do direito de acesso à educação. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), publicada pela ONU e promulgada no Brasil por meio do Decreto nº 6.949/2009, determina no art. 24, “que os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação; e para efetivar esse direito sem discriminação, com base na igualdade de oportunidades, assegurarão um sistema educacional inclusivo em todos os níveis”. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96, no artigo 59, inciso “I - preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades”. Já o Decreto nº 7.611/2011 dispõe sobre a educação especial e o atendimento educacional especializado, definindo no Art. 2º, § 2º “O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial (...)”. 23 Algumas Instruções no Estado do Paraná, no contexto da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de amparo à Comunicação Alternativa, preveem, por meio da Instrução Nº 002/2012 – SUED/SEED, que o professor de Apoio à Comunicação Alternativa seja um profissional especializado, que atua no contexto de sala de aula, onde o apoio fundamenta-se na mediação da comunicação entre o aluno, grupo social e o processo de ensino e aprendizagem, cujas formas de linguagem oral e escrita se diferenciam do convencionado. A Instrução nº 016/2011 – SEED/SUED, estabelece critérios para o atendimento educacional especializado em sala de recursos multifuncional, na Educação Básica – área da deficiência intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos. O profissional que atua nas salas de recursos deve ter formação em educação especial e essa modalidade de atendimento é ofertada em período contrário de matrícula do aluno na classe comum. A Secretaria de Estado da Educação, por meio do Departamento de Educação Especial do Estado do Paraná, repassou orientações aos NRES (Núcleos Regionais de Ensino) sobre as demandas na área de deficiência física neuromotora para o Auxiliar Operacional, que desempenha a função de apoio à locomoção, higiene e alimentação a alunos que, em decorrência de suas sequelas neurológicas, são dependentes nestas funções. O auxiliar operacional foi implantado para prioritariamente ajudar no atendimento realizado pelo professor de apoio, porém, em casos de alunos que já possuem comunicação oral, mas têm restrições físicas, permanece apenas o auxiliar operacional. Com relação às escolas especializadas, a resolução nº 3.600/2011 do Estado do Paraná autorizou a alteração da denominação das Escolas de Educação Especial para Escolas de Educação Básica, na modalidade de Educação Especial. Segundo o Decreto 7.611/2011, no Art. 14, §1º “Serão consideradas, para a educação especial, as matrículas na rede regular de ensino, em classes comuns ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas especiais e especializadas”. Sendo que os pais dos alunos com deficiência têm opção de escolha de matrícula de seus filhos. 24 Síntese: Tecnologia Assistiva (TA) com enfoque nos sistemas educativos Segundo Pelosi (2008, p. 40), “A Tecnologia Assistiva é composta por recursos e serviços. Na escola, o recurso é o equipamento utilizado pelo aluno que permite que ele realize uma tarefa. O serviço é a ação de avaliar, indicar, treinar e acompanhar o recurso de Tecnologia Assistiva”. O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) conceitua Tecnologia Assistiva como uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que objetiva promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social, e engloba: produtos; recursos; metodologias; estratégias; práticas e serviços. • Para as pessoas, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis (RADABAUGH, 1993) Reflexão: 25 MATERIAL DE APOIO PARA LEITURA – FUNDAMENTAÇÂO TEORICA Tecnologia Assistiva (TA) com enfoque nos sistemas educativos A Tecnologia Assistiva é uma área interdisciplinar do conhecimento que busca promover autonomia e desenvolvimento de habilidades funcionais. A utilização dessas tecnologias nos sistemas educativos trouxe novas perspectivas de comunicação e aprendizagem. No entanto, destaca-se que sua utilização deve ser adequada às necessidades e especificidades individuais do aluno, e que a não utilização destes recursos pode prejudicar o seu desempenho. Para Bersch (2009, p. 181), “o desenvolvimento tecnológico traz respostas aos problemas funcionais encontrados por pessoas com deficiência e desenvolve para elas ferramentas ou práticas que agilizam, ampliam ou promovam habilidades necessárias do cotidiano”. Qualquer ferramenta usada como recurso para potencializar e facilitar a vida das pessoas com ou sem deficiências e limitações pode ser considerada tecnologia. No caso das pessoas com deficiência, as tecnologias são indispensáveis no processo de inclusão escolar porque podem potencializar o aprendizado e favorecer a participação promovendo a acessibilidade comunicacional, inclusão e melhor qualidade de vida. O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) conceitua Tecnologia Assistiva como: (...) uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, queengloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BRASIL, COMITÊ DE AJUDAS TÉCNICAS (CAT), 2009 p. 9). A Tecnologia Assistiva é um modelo social e tecnológico que, por meio da funcionalidade de ajudas técnicas, busca a promoção da autonomia, independência, integração, valorização e inclusão social, não podendo se limitar a um recurso específico. Ela tem um campo de atuação abrangente, associada nas literaturas aos termos Tecnologia de Apoio, Ajudas Técnicas e Produtos Assistivos. Com relação a 26 estes termos, o CAT (2009 p.25-26) concluiu que não existe um consenso internacional sobre o emprego dos mesmos, nem um conceito único de TA. Segundo CAT (2009 p. 15), o conceito de Produtos Assistivos que substituiu o termo “ajudas técnicas” na ISO 9999:2007, “refere-se a qualquer produto (incluindo recursos, equipamentos, instrumentos, tecnologia e software) especialmente produzido ou geralmente disponível para prevenir, compensar, monitorar, aliviar ou neutralizar deficiências, limitações na atividade e restrições na participação”. Nas palavras de Pelosi (2008, p. 40), “A Tecnologia Assistiva é composta por recursos e serviços. Na escola, o recurso é o equipamento utilizado pelo aluno que permite que ele realize uma tarefa. O serviço é a ação de avaliar, indicar, treinar e acompanhar o recurso de Tecnologia Assistiva”. Neste contexto, professor e aluno têm papel fundamental, mas infelizmente muitos recursos e equipamentos não estão disponíveis na escola e muitos alunos e professores não têm acesso a essa tecnologia ou em alguns casos existe o recurso, mas os profissionais, por falta de formação e capacitação, não sabem fazer o uso desses recursos. O termo TA diz respeito a um conceito amplo e abrangente na promoção dos Direitos Humanos, um conhecimento que perpassa áreas como educação, saúde, indústria, tecnologia, entre outras. No contexto escolar, a TA sob a forma de AEE busca, por meio dos recursos de acessibilidade, promover e alcançar igualdade de direitos, participação social, autonomia, aprendizagem e independência em todos os aspectos da vida atendendo às necessidades e expectativas individuais dos alunos, para enfrentamento e superação de suas limitações e dificuldades de aprendizagem. 27 Síntese: Conceitualização e definição dos termos relacionados à Comunicação Alternativa (CA) Nos estudos nacionais e internacionais, podemos encontrar diferentes nomenclaturas que abrangem todas as formas de acessibilidade comunicativa e se referem à Comunicação Alternativa (CA), tais como: Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), Comunicação Alternativa Ampliada (CAA), Comunicação Alternativa e Suplementar (CAS), Comunicação Suplementar e ou/Alternativa (CSA) e Sistemas Suplementares e/ou Alternativos de Comunicação (SSAC). * • O trabalho com CA é interdisciplinar e envolve: professores, equipe pedagógica, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, família e outros.* • A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA destina-se a pessoas sem fala ou sem escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever. Schirmer (2004, p.58) salienta que a “comunicação é alternativa quando utiliza outro meio para se comunicar ao invés da fala, devido à impossibilidade de articular ou produzir sons adequadamente”. 28 MATERIAL DE APOIO PARA LEITURA – FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA Conceitualização e definição dos termos relacionados à Comunicação Alternativa (CA) A CA fundamenta-se na ideia de possibilitar à pessoa com deficiência o estabelecimento de uma forma comunicativa substitutiva ou complementar, encontrando soluções através de recursos pedagógicos adaptados para minimizar limitações funcionais no processo comunicativo. A CA é uma área multidisciplinar que, segundo Deliberato (2009, p.9), refere-se a “um campo de atuação que se faz presente nos âmbitos educacional, clínico, hospitalar, acadêmico dentre outros, e que congrega profissionais e pesquisadores de diversas áreas como saúde, Educação, Artes e Ciências Exatas”. Assim, a CA é um recurso importante e fundamental no estabelecimento da comunicação de alunos que não conseguem de uma forma ou de outra falar. Aos poucos tem sido implementada para suplementar e complementar a fala, podendo favorecer a comunicação significativa e intencional. Schirmer (2004, p. 58) considera que “a comunicação é aumentativa quando o sujeito utiliza outro meio de comunicação para complementar ou compensar as deficiências que a fala apresenta, mas sem substituí-las totalmente”. As interações educativas e a aprendizagem são construídas por meio da linguagem e a comunicação tem papel fundamental no contexto educativo e social. A CA promove liberdade de expressão e escolha, faz com que o aluno saia do aprisionamento limitado pela deficiência. Conforme complementa Schirmer (2004, p. 58), a “comunicação é alternativa quando utiliza outro meio para se comunicar ao invés da fala, devido à impossibilidade de articular ou produzir sons adequadamente”. O impedimento físico causa prejuízo na escrita, na linguagem e na comunicação, e a ausência de fala compromete significativamente a interação social. O maior desafio no ensino das crianças com tais restrições é encontrar uma maneira de possibilitar que elas se expressem, aprendam, se comuniquem, interajam socialmente, obtendo melhor qualidade de vida. Schirmer (2007, p. 58) ressalta que a Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) “é considerada uma área da prática clínica e educacional que se propõe a compensar (temporária ou permanentemente) a incapacidade ou deficiência do sujeito 29 com distúrbio severo de comunicação, valorizando todos os sinais expressivos para sua comunicação”. Como forma comunicativa, pode-se utilizar gestos, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto, símbolos pictográficos, sistemas de computador com voz sintetizada, entre muitos outros recursos. O uso adequado e eficaz dos recursos CA na vida dos alunos com restrições na linguagem oral podem promover mudanças significativas e positivas em suas vidas. Conforme Schirmer (2007, p. 58), “O objetivo da CAA é tornar o sujeito com distúrbio de comunicação o mais independente e competente possível em suas situações comunicativas, podendo assim ampliar suas oportunidades de interação com os outros, na escola e na comunidade em geral”. Nesse contexto é importante valorizar todos os sinais expressivos do sujeito e ordená-los para o estabelecimento de uma comunicação rápida e eficiente. Para Deliberato (2015, p. 892), “A Comunicação é Suplementar quando a pessoa deficiente já tem habilidades comunicativas, mas estas não são suficientes para serem compreendidas por distintos interlocutores em diferentes meios ambientes”. E complementa que “a comunicação é alternativa na medida em que a pessoa deficiente utiliza de outros recursos, que não a fala nas diferentes intenções e preposições”. De acordo com esta autora, “a Comunicação Suplementar e Alternativa poderia abranger tanto às formas de comunicação que complementa, suplementa e/ou substitui ou a fala com vistas a suprir as necessidades linguísticas e a favorecer a interação”. Nos estudos nacionais e internacionais podemos encontrar diferentes nomenclaturas que abrangem todas as formas de acessibilidade comunicativa e se referem à Comunicação Alternativa (CA), tais como Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), Comunicação Alternativa Ampliada (CAA), Comunicação Alternativa e Suplementar (CAS), Comunicação Suplementar e ou/Alternativa (CSA)e Sistemas Suplementares e/ou Alternativos de Comunicação (SSAC). Em síntese, o trabalho com CA é interdisciplinar e envolve: professores, equipe pedagógica, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, família e outros. A parceria e a comunicação entre todos os participantes desse processo, torna os atendimentos integrados e facilita o aprimoramento. Infelizmente, ainda existem muitas pessoas que não se beneficiaram dessa forma de Comunicação, por desconhecimento de sua aplicabilidade por parte de alguns profissionais e familiares, e são excluídas na sua forma de interação com o 30 mundo, e permanecem sem se fazer entender. Os que utilizam os recursos alternativos na sua comunicação aumentam a participação educacional e social. MATERIAL DE APOIO PARA LEITURA – FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA Contextos de uso e de utilização da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) A CAA pode ser utilizada por crianças, jovens, adultos e pessoas idosas impossibilitadas de se comunicar por meio da fala ou sem escrita funcional ou que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas. Dessa forma, seu uso pode beneficiar pessoas com deficiência intelectual, deficiência física neuromotora e transtornos globais do desenvolvimento e outros. Algumas pessoas, dependendo do caso e da especificidade, podem utilizá-la temporariamente ou por toda a vida. A CAA destina-se a sujeitos de todas as idades, que não possuem fala e ou escrita funcional devido a disfunções variadas como, por exemplo: paralisia cerebral, deficiência mental, autismo, acidente vascular Síntese: Contextos de uso e de utilização da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) A CAA destina-se a sujeitos de todas as idades, que não possuem fala e ou escrita funcional. Algumas pessoas, dependendo do caso e da especificidade, podem utilizá-la temporariamente ou por toda a vida. Podem se beneficiar da Comunicação Alternativa (CA) pessoas com: Deficiência física neuromotora: Lesão cerebral (paralisia cerebral ou deficiência neuromotora), Lesão medular (paraplegia/tetraplegias), Deficiências neuromusculares – Miopatias (distrofias musculares); transtornos globais do desenvolvimento; autismo; deficiência intelectual; acidente vascular cerebral; traumatismo crânio encefálico, dentre outros. 31 cerebral, traumatismo cranioencefálico, traumatismo raquiomedular, doenças neuromotoras (como, por exemplo, à esclerose lateral amiotrófica), apraxia oral e outros. (SCHIRMER 2007, P. 59): Os alunos com as especificidades citadas podem receber atendimento em Escolas de Educação Básica, na Modalidade de Educação Especial ou em Escolas Comuns, com apoio do professor de comunicação alternativa, que é um profissional especializado para atuar nessa área em sala de aula em conjunto com o professor regente e com o auxiliar operacional (profissional que auxilia na alimentação, higiene pessoal e locomoção). Os alunos com graves restrições de linguagem também podem frequentar, em horário contrário ao da matrícula do ensino comum, as Salas de Recurso Multifuncional, onde recebem atendimento de profissional especializado. Este atendimento serve de suporte ao processo de inclusão, para que ocorram as modificações necessárias no atendimento itinerante, e o envolvimento e parceria com todos aqueles responsáveis pela inclusão. A inclusão educacional desses alunos exige que a escola faça adaptações no aspecto organizacional e pedagógico, para que esses alunos, com suas diversidades tão abrangentes e específicas, possam ter acesso às oportunidades educativas e sociais compatíveis com suas necessidades individuais. Cabe ressaltar a importância do trabalho em equipe, da participação e envolvimento da família. Para os educadores é essencial tempo, dedicação, planejamento, adaptação de materiais, e avaliações. 32 Síntese: Recursos e Estratégias da Comunicação Alternativa (CAA) Técnicas de seleção: seleção direta; varredura; técnica de olhar (eye-gaze); gestos, expressões faciais e expressões corporais. Sem tecnologia: olhar; gestos; expressões corporais e faciais. Recursos de baixa tecnologia: pranchas de comunicação; cartões de comunicação; mesa com símbolos; pastas de comunicação; porta documentos/cartões; álbum de fotografia; jogos adaptados; objetos reais e miniaturas; agendas e calendários; cadernos de comunicação; álbuns; material escolar e didático adaptados, entre muitos outros. 33 MATERIAL DE APOIO PARA LEITURA – FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA Recursos e estratégias da Comunicação Alternativa (CAA) Antes de iniciar, definir e estabelecer o trabalho com o sistema CAA, é necessário conhecer o aluno, sua história, suas necessidades, avaliar na prática suas habilidades, porque esses apresentam níveis de competência linguísticas diversificados. Deve-se testar diferentes recursos e as possíveis barreiras e dificuldades que impedem o acesso ao conhecimento e ao estabelecimento da CAA são fundamentais. Segundo Zaporoszenko (2008, p. 10-11), para determinar qual sistema é mais útil e funcional é necessário verificar os seguintes aspectos: competência linguística, formas de expressão, habilidades (físicas, emocionais e cognitivas), as competências de autonomia pessoal, nível geral de conhecimento e os problemas de comportamento. Cabe ressaltar a importância dos professores do AEE e da escola comum na definição dos recursos que podem ser utilizados como facilitadores para a aprendizagem. Os recursos selecionados podem ser de alta ou baixa tecnologia. Como descreve Sartoretto (2011, p. 9), os “Recursos de baixa tecnologia são os que podem ser construídos pelo professor de AEE e disponibilizados ao aluno que utiliza na sala comum ou nos locais onde ele tiver necessidade deles”. Tais recursos são integradores e facilitadores de acesso social e educativo. Esta mesma autora pondera Recursos de média e alta tecnologia: vocalizadores; computadores; teclados especiais; mouses adaptados; acionadores; softwares especiais; entre outros. 34 que os “Recursos de alta tecnologia são os adquiridos após a avaliação das necessidades do aluno, sob a indicação do professor de AEE”. Muitos materiais podem ser utilizados no início do estabelecimento da CA tais como objetos reais, miniaturas, fotografias, símbolos gráficos, podendo ser construídas pranchas, cartões, pastas, álbum, livros, agendas, calendários e jogos de comunicação entre uma infinidade de materiais que podem ser utilizados nas atividades educacionais. No trabalho com essas atividades diferentes técnicas de seleção podem ser utilizadas pelos alunos, como ressalta Schirmer (2007, p. 78) “As técnicas de seleção de símbolos é então definida como a forma pela qual o usuário escolhe os símbolos numa prancha de comunicação”. Complementa a autora que elas estão divididas em duas categorias: a seleção direta e de varredura, sendo que na seleção direta: (...) as técnicas mais comuns requerem que os indivíduos apontem ou toquem diretamente no símbolo. Pode-se apontar com o dedo ou com uma ponteira de cabeça ou luz fixada na cabeça. Diferentes partes do corpo, tais como o dedo do pé, punho ou cotovelo, também podem ser utilizadas para a seleção direta (SCHIRMER, 2007, p. 79). A técnica de olhar (eye-gaze), segundo Schirmer (2007, p. 79), “é geralmente um bom método para indivíduos com graves problemas físicos (...). O parceiro de comunicação se posiciona na frente do usuário, apresenta-lhe a prancha diante dos olhos. O usuário deverá então direcionar o olhar para o símbolo que corresponde à mensagem que deseja expressar”. Ainda segundo Schirmer (2007, p. 79), a técnica de varredura“exige somente que a pessoa tenha uma resposta controlável consistente, como sacudir a cabeça, bater um pé ou piscar os olhos”. Essa técnica necessita de um facilitador para apontar para os símbolos de forma sistemática, enquanto o usuário sinalizará quando o símbolo desejado for apontado. Segundo Sartoretto (2010 p.8), “Os recursos podem ser considerados ajudas, apoio e também meios utilizados para alcançar um determinado objetivo; são ações, práticas educacionais ou material didático projetados para propiciar a participação autônoma do aluno com deficiência (...)”. Esses recursos visam alcançar determinado objetivo para que as pessoas com deficiência participem de forma autônoma e ativamente no seu percurso escolar. 35 O professor deve ter bem definido, após uma avaliação criteriosa e conhecimento profundo das possibilidades que o aluno é capaz de desenvolver, a construção de uma comunicação efetiva e eficaz, bem como conhecimento e utilização de materiais, recursos, estratégias, metodologias, currículo adaptado, objetivos e a forma mais apropriada e adequada de como avaliar crianças que não falam e não possuem escrita funcional. 36 Síntese: Conceituando alguns termos relacionados à deficiência neuromotora Trecho do filme meu pé esquerdo: Link: http://migre.me/vHRCu Sinopse: O filme narra a história real de Christy Brown, escritor e artista plástico, um dos filhos de uma numerosa família irlandesa. Christy teve paralisia cerebral, com comprometimentos em todos os movimentos do corpo, apresentando maior mobilidade no pé esquerdo. O filme é uma história linda e emocionante que celebra a superação imposta pela deficiência e pela sociedade. Deficiência física neuromotora: Lesão cerebral (paralisia cerebral ou deficiência neuromotora); Lesão medular (paraplegia/tetraplegias); Deficiências neuromusculares - Miopatias (distrofias musculares). Encefalopatia Crônica não Progressiva da Infância (Paralisia Cerebral) Causas Pré-natais - Ocorrem antes do nascimento: Doenças infecciosas contraídas pela mãe como: a rubéola, o sarampo, a sífilis, o herpes, a hepatite epidêmica, meningite, toxoplasmose... Uso indevido de álcool ou outros tipos de drogas; Pressão alta; Ameaça de aborto, choque direto (tombos e pancadas) no abdômen; Uso de remédios, sem indicação médica; Doenças ou intoxicações intra-uterinas; Manobras abortivas mal controladas; Segundo a Lei Brasileira da Pessoa com Deficiência, nº 13.146, no seu Art. 2°, “Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. A Organização Mundial de Saúde (1999) descreve a paralisia cerebral (PC) ou encefalopatia crônica não progressiva da infância como decorrente de lesão estática, ocorrida no período pré, peri ou pós-natal, que afeta o sistema nervoso central em fase de maturação estrutural e funcional. 37 Uso de remédios, sem indicação médica; Doenças ou intoxicações intra-uterinas; Manobras abortivas mal controladas; Entre outras. Causas Perinatais - Advém de uma lesão no tecido neural durante o nascimento: Anoxia (falta de oxigênio no cérebro). Acontece quando o bebê demora para respirar, lesionando algumas partes do cérebro; Asfixia por obstrução do cordão umbilical; Anestesia administrada em quantidade excessiva ou em momento inoportuno; Parto demasiadamente demorado; Traumatismos ocorridos pelo uso de fórceps; Mudanças bruscas de pressão devido a uma cesariana; Prematuridade e baixo peso; Entre outras. Causas Pós natais – Podem ocorrer aproximadamente durante os três primeiros anos de vida, ou seja, enquanto o sistema nervoso encontra-se em desenvolvimento. Infecções cerebrais causadas pela meningite ou encefalite; Traumatismos crânios-encefálicos; Acidentes anestésicos; Desidratação com perda significativa de líquidos; Falta de oxigênio por afogamento ou outras causas; Sarampo; Desnutrição; Entre outras. 38 MATERIAL DE APOIO PARA LEITURA: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Conceituando alguns termos relacionados à deficiência neuromotora Segundo a Lei Brasileira da Pessoa com Deficiência, nº 13.146, no seu Art. 2°, “Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. Conforme definição no Portal Dia a Dia Educação da SEED (2016), o termo neuromotora reporta-se às deficiências ocasionadas por lesões nos centros e vias nervosas que comandam os músculos. Podem ser causadas por infeções ou por lesões ocorridas em qualquer fase da vida da pessoa ou por uma degeneração neuromusculares cujas manifestações exteriores consistem em fraqueza muscular, paralisia ou falta de coordenação. Atualmente é difícil encontrar uma classificação que inclua todos os possíveis distúrbios motores, sendo elencados os quadros de maior incidência em alunos matriculados e que requerem um apoio mais intenso, tais como: lesão cerebral (paralisia cerebral ou deficiência neuromotora), lesão medular (paraplegia/tetraplegias), deficiências neuromusculares-miopatias (distrofias musculares). Vários autores consideram o termo Paralisia Cerebral (PC) inadequado, uma vez que significaria o estacionamento total das atividades motoras e mentais, o que não é o caso. Atualmente, tem-se utilizado o termo Encefalopatia Crônica Não Progressiva ou Não Evolutiva. O termo (PC) é muito utilizado na literatura e em leis. Segundo Madeira (2009, p. 146), “o extenso e universal uso do termo PC, até mesmo como título de periódicos respeitáveis, e o seu reconhecimento por associações e congressos em todo mundo, seria melhor continuar a utilizá-lo, contudo, respeitando-se as condições atribuídas pelas acepções usuais”. 39 Como registram as autoras Madeira e Carvalho, (2009, p. 143), “A Organização Mundial de Saúde (1999) descreve a paralisia cerebral (PC) ou encefalopatia crônica não progressiva da infância como decorrente de lesão estática, ocorrida no período pré, peri ou pós-natal, que afeta o sistema nervoso central em fase de maturação estrutural e funcional”. Essa deficiência é causada por lesões no cérebro reconhecendo-se como causas os agravos ao sistema nervoso central (SNC) e a gravidade irá depender de qual parte do cérebro foi lesionada ou foi mais abrangente. Após a lesão, ocorrem alterações posturais e na coordenação dos movimentos de distintas partes do corpo, podendo vir acompanhada de outros comprometimentos nas suas capacidades linguísticas, alteração ou ausência de linguagem, que alteram significativamente as habilidades comunicativas. Como descrevem Ciasca, Moura-Ribeiro e Tabaquim (2006 p. 409), “A primeira descrição dessa encefalopatia caracterizada por rigidez muscular com predomínio em membros inferiores foi apresentada por William John Little, em 1843, sendo a expressão PC introduzida por Sigmund Freud e a seguir consolidada na literatura por Phelps”. Alunos com paralisia cerebral (PC) com comprometimentos motores acentuados podem ter limitação na comunicação e nas suas ações interpessoais. Assim, a utilização da CA pode proporcionar um meio alternativo de substituição da comunicação oral. No trabalho com alunos com paralisia cerebral, deve-se observar o comprometimento motor e as funções que o mesmo é capaz de realizar. Como enfatiza Madeira (2009, p. 143), “A classificação baseadanas alterações clínicas do tônus muscular e no tipo de desordem do movimento pode produzir o tipo espástico, discinético ou atetóide, atáxico, hipotônico e misto”. Como registram Leite e Prado (2004, p. 42-43), considerando a extensão e intensidade do distúrbio motor, conceituam as formas clínicas da paralisia cerebral que seriam: hemiplegia, hemiplegia bilateral (tetra ou quadriplegia), diplegia, discinesia, ataxia e formas mistas. Vários autores consideram o termo Paralisia Cerebral (PC) inadequado, uma vez que significaria o estacionamento total das atividades motoras e mentais, o que não é o caso. Atualmente, tem-se utilizado o termo Encefalopatia Crônica Não Progressiva ou Não Evolutiva. Contudo, segundo Madeira (2009, p. 145) “o termo 40 Paralisia Cerebral ainda é útil para diferenciar a PC das Encefalopatias Crônicas Progressivas, que derivam de patologias com degeneração contínua”. O termo (PC) é muito utilizado na literatura e em leis embora muitos estudiosos considerem esse termo como inadequado e utilizam somente o termo encefalopatia crônica não progressiva da infância. Ainda segundo Madeira (2009, p. 146), “o extenso e universal uso do termo PC, até mesmo como título de periódicos respeitáveis, e o seu reconhecimento por associações e congressos em todo mundo, seria melhor continuar a utilizá-lo, contudo, respeitando-se as condições atribuídas pelas acepções usuais. Título: Comunicação Alternativa no Contexto Escolar – texto com orientações; Horas previstas: 2 horas (não presencial). OBJETIVOS Contribuir com algumas sugestões, orientações, metodologias e adaptações de materiais e avaliação, para os professores utilizarem em suas práticas pedagógicas, com um aluno do 6º ano com deficiência física neuromotora (paralisia cerebral), sem fala e escrita funcional, que utiliza a Comunicação Alternativa (CA) no contexto educacional; Realizar a leitura de texto com informações e sugestões referentes ao aluno do 6º ano que utiliza a Comunicação Alternativa (CA) como ferramenta de aprendizagem; Fornecer subsídios, com algumas informações e sugestões para docentes e equipe pedagógica, sobre trabalho pedagógico e encaminhamentos metodológicos; Propor uma reflexão ao final do texto; Estimular os professores para que contribuam com sugestões. JUSTIFICATIVA: Diante de todos os aspectos que envolvem a Comunicação Alternativa (CA), percebemos a necessidade de ações reflexivas ao tema proposto, junto aos educadores que trabalham diretamente com alunos que a utilizam, a fim de promover novas possibilidades de atuação no âmbito pedagógico. É importante que os professores e equipe pedagógica tenham algumas orientações e sugestões sob as múltiplas possibilidades de compreensão e atuação, que envolvem a Comunicação Alternativa (CA), no Contexto Escolar, como prática educativa e como ferramenta inclusiva. 3º Encontro 42 ESTRATÉGIAS: Texto para leitura que será entregue aos participantes, com algumas informações e orientações sobre o aluno matriculado no 6º ano que utiliza a CA. Após a leitura, deverá ser fixado na contracapa do livro de chamada, para que no caso de troca de professores, eles tenham informações sobre o aluno; Os professores poderão fazer comentários e sugestões com referência ao texto com orientações. Obs: Texto a ser entregue para os professores(as) e após leitura ser fixada na contracapa do livro de chamada: PROFESSOR(A) NA TURMA TEM UM ALUNO COM DEFICIÊNCIA FÍSICA NEUROMOTORA QUE UTILIZA A COMUNICAÇÂO ALTERNATIVA (CA) Algumas sugestões e orientações: O aluno (nome) do 6º ano têm deficiência física neuromotora (paralisia cerebral) baixa visão, DV - cortical (deficiência visual) com miopia e astigmatismo, com comprometimentos na fala e sem escrita funcional, e que utiliza a Comunicação Alternativa no contexto educacional, o mesmo apresenta comprometimentos motores acentuados, não possui controle adequado dos movimentos, necessita de cadeira de rodas especial e total dependências em suas AVAs (atividade da vida autônoma diária), como higiene, alimentação e locomoção. Ele recebe apoio da professora de comunicação alternativa em sala de aula, apoio da professora da sala de recursos multifuncional em período contrário de matrícula na classe comum e do auxiliar operacional, que desempenha a função de apoio à locomoção, higiene e alimentação. Como Comunicação Alternativa (CA), a resposta “SIM” é manifestada por meio de expressões corporais, tais como beijo, sorriso e de uma agitação eufórica demonstrando que está gostando ou concorda com o que lhe é proposto, entre outras. A resposta “NÂO” ou que não está gostando é manifestada através do choro, virar o 43 rosto, piscar e mostrar muito a língua entre outras expressões perceptíveis no trabalho diário com o mesmo. Tem vocalizado mais como resposta as palavras “SIM” e “NÃO”. Vocaliza algumas palavras, possui muita dificuldade na articulação das palavras que na maioria das vezes são incompreensíveis. No trabalho pedagógico, quando são mostradas 2 (duas) opções de fichas, imagens, figuras, palavras, frases e questões com alternativas no campo visual do aluno, como resposta ele direciona o olhar para a ficha que ele acha correta, neste encaminhamento devem sempre ser respeitadas as limitações de seu campo visual. Em alternativas de múltipla escolha, são fornecidas opções entre 3 (três) e 5(cinco) alternativas, sendo que 3 (três) são mais eficazes e menos cansativas, onde a professora lê as questões e fala os números ou as letras correspondentes as alternativas, ou a professora aponta as alternativas e ele escolhe qual é a resposta que ele considera correta por meio da comunicação estabelecida. Foi iniciado trabalho de varredura no computador, com o objetivo de registro pessoal por meio de expressões faciais, mas ele ainda não domina esta forma de comunicação. Importante: O aluno deve ter igualdade de tratamento no que refere aos direitos, deveres, normas, regulamentos combinados, disciplina e demais aspectos da vida escolar, devendo ser sempre respeitadas as limitações impostas pela sua deficiência; Evitar a superproteção onde evidencia o conceito de desigualdade ou da menos valia perante os colegas; O professor deve permitir ao aluno melhor ângulo de visão possível dentro do seu campo visual, aproximando, afastando ou direcionando os materiais trabalhados; As letras e gravuras devem ser escritas e afixadas respeitando o tamanho adequado à percepção residual do aluno, evitar letras muito pequenas e figuras e imagens sem nitidez; O aluno deve ficar sentado na frente, pois isto facilita sua atenção e integração na turma. As demonstrações e apresentações deverão ser realizadas no centro da sala; 44 Preocupar-se menos com a velocidade da aprendizagem, mas dar ênfase ao progresso contínuo e seguro; Oportunizar tempo suficiente para realização das atividades e avaliações, podendo atingir os objetivos comuns ao grupo em um período de tempo maior ou com atividades complementares individuais; A aprendizagem cooperativa é importante, estimular a participação em grupos alternados; A iluminação é uma condição necessária para a visão, seja com mais intensidade ou menos, conforme a peculiaridade do aluno, sempre perguntar se o mesmo está conseguindo ver o que está sendo trabalhado, e dentro da comunicação estabelecida ele dará a resposta; Tomar cuidado com materiais fotocopiados. A qualidade do material é que vai determinar a qualidade da imagem e entendimento do mesmo; O uso prolongado da visão do aluno com baixa visão pode resultar numa redução temporária da eficiência por causa da fadiga visual usada para usar e interpretar as pequenas informações visuais recebidas. Há variação da visão de um momento, de um