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Aula 1 - Bioética e Biossegurança - UNIPAR_Bioética e Biossegurança_2024 1


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19/03/24, 23:10 Aula 01
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AULA
Introdução à Bioética
19/03/24, 23:10 Aula 01
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 Nesta aula, os seguintes tópicos serão explorados:
1 Tópico
Definição dos conceitos: ética, moral e deontologia.
2 Tópico
O surgimento da bioética: histórico e origem.
3 Tópico
Definição de bioética e seus princípios.
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A Bioética é uma área de estudo que nos oferece uma interconexão entre questões
sociais, culturais, epidemiológicas, jurídicas e éticas que surgem devido aos
avanços científicos na área da saúde e dilemas éticos, enraizada na reflexão crítica
sobre as questões morais e éticas provocadas pelos avanços das pesquisas em
saúde. Dessa forma, a Bioética nos convida a questionar, refletir e discernir,
oferecendo uma estrutura para orientar a pesquisa, a prática clínica e as políticas
que moldam nosso relacionamento com a vida, desde o nascimento até questões
ligadas ao fim da existência.
Para compreender esse complexo panorama, é essencial internalizar conceitos
fundamentais que antecedem a Bioética, a saber, ética, moral e deontologia.
Somente ao consolidar essas bases é que podemos aprofundar nossa compreensão
na busca entre o progresso científico e os princípios bioéticos.
Ética: A ética, originada do termo grego "ethos", refere-se aos costumes e caráter
de um grupo social (Moore, 1975). Essa área da filosofia busca entender o que é
moralmente correto ou errado, estabelecendo princípios para orientar ações
individuais e coletivas. Ao observar e interpretar fatos cotidianos, a ética equilibra
emoção e razão na tomada de decisões, considerando tanto critérios subjetivos,
como valores pessoais e consciência moral, quanto objetivos, como regras e
normas (Rossete, 2018).
Moral: O termo "moral" tem origem no latim, “mores”, que significa costumes,
indicando que a moralidade é aprendida e pode ser adquirida ou perdida ao longo
da vida, envolvendo caráter, sentimentos e costumes (Hossne; Segre, 2011). A
moral pode se modificar com o tempo ou mudanças de hábitos dentro de uma
sociedade, uma vez que é definida a partir das necessidades de convivência, sendo
influenciada pela ética, que pode fundamentá-la (Rossete, 2018).
Tópico 01
Definição dos conceitos: ética, moral e deontologia
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Embora ética e moral sejam conceitos distintos, estão intimamente conectadas, a
ética depende da moral como base para suas reflexões, enquanto a moral
necessita da ética para repensar e estabelecer uma relação crucial para a abertura
ao diálogo ético-moral, evitando o dogmatismo (Pedro, 2014).
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Figura 1 - Relação entre ética e moral
Fonte: Pedro (2014).
Deontologia
A Deontologia, termo de origem grega que significa "dever" ou "obrigação", estuda
os princípios, fundamentos e sistema da moral, oferecendo orientação moral e
jurídica nas relações profissionais de saúde com a sociedade, fundamentada na
ética e na lei. Concentra-se nos deveres e direitos, estabelecendo normas com
base em fundamentos éticos (Alexander; Moore 2007).
Relação entre ética, moral e deontologia
A relação entre ética, moral e deontologia é evidente na medida em que a ética
estabelece os fundamentos teóricos para a construção de sistemas morais, os
quais, por sua vez, guiam a elaboração de códigos deontológicos. Sendo assim, é
fundamental compreender que esses conceitos não operam de maneira isolada, a
ética inspira a moral, a moral contextualiza a ética, e ambas servem como base
para a formulação de códigos deontológicos (Hossene, 2006).
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Figura 2 - Círculos concêntricos da ética, moral e deontologia, segundo Prudente (2000).
Fonte: adaptada de Mattar (2010).
Segundo Prudente (2000), essa relação entre ética, moral e deontologia, pode ser
exemplificada por meio de esferas interligadas. Na esfera mais ampla da ética, são
elaborados os alicerces morais que, em um escopo mais restrito, configuram a
moral aplicada aos padrões de conduta humana e social. Dentro desse contexto, a
deontologia se manifesta em uma escala ainda mais específica e concêntrica,
representando a dimensão ética particular de uma profissão, dessa forma, é
possível observar que ética, moral e deontologia compartilham uma essência
comum, em que a ética lida com questões universais, a moral ajusta esses
princípios à diversidade cultural, e a deontologia direciona a aplicação prática
desses princípios em domínios específicos (Prudente, 2000).
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PARA PENSAR
Diante da complexidade das questões éticas, morais e deontológicas, é essencial
compreender as nuances que permeiam esses conceitos. 
Em relação à ética, moral e deontologia, qual das seguintes afirmações está
correta?
a. A ética é sempre relativa e subjetiva, enquanto a moral e a deontologia são
absolutas e universal.
b. A ética e a moral são termos sinônimos, sem diferenças significativas entre
eles, diferenciando-se da deontologia, que estuda os princípios, fundamentos
e sistema da moral.
c. A ética descarta completamente a influência cultural, sendo uma construção
individual; enquanto a moral e deontologia, seguem uma vertente
confluente, na busca pelo entendimento da influência cultural no indivíduo.
d. A moralidade é exclusivamente determinada pela religião, sem consideração
para perspectivas seculares.
e. A ética estabelece os fundamentos teóricos para a construção de sistemas
morais, os quais, por sua vez, guiam a elaboração de códigos deontológicos.
Resposta: Alternativa E é a correta.
Justificativa: A relação entre ética, moral e deontologia é evidente na medida em
que a ética estabelece os fundamentos teóricos para a construção de sistemas
morais, os quais, por sua vez, guiam a elaboração de códigos deontológicos. Sendo
assim, é fundamental compreender que esses conceitos não operam de maneira
isolada, a ética inspira a moral, a moral contextualiza a ética, e ambas servem
como base para a formulação de códigos deontológicos.
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A origem da Bioética está fundamentada em eventos históricos que efetivamente
conduziram ao seu surgimento, sendo imprescindível para seu entendimento
traçar uma linha temporal, com os principais eventos que antecedem a utilização
do termo "bioética". Isso permite compreender o contexto histórico de avanços
científicos e tecnológicos, bem como profundas transformações sociais, políticas e
culturais, que ocorreram paralelamente, sobretudo em pesquisas que envolviam
seres humanos.
Tópico 02
O surgimento da bioética: histórico e origem
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PARA PENSAR
Em relação ao histórico da bioética, avalie as afirmações apresentadas e escolha
aquela que reflete corretamente o desenvolvimento desta disciplina. Analise as
opções atentamente para identificar a afirmativa que melhor representa um marco
significativo na trajetória histórica da bioética. 
a. O termo "bioética" foi cunhado na Grécia Antiga por Hipócrates, marcando o
início formal dessa disciplina.
b. Na década de 70, os trabalhos de Potter, nos Estados Unidos, foram
fundamentais para a formulaçãode princípios éticos para pesquisa
envolvendo seres humanos.
c. A bioética teve origens exclusivamente religiosas e não se desenvolveu como
uma disciplina secular.
d. O desenvolvimento da bioética é estritamente ligado à pesquisa médica, sem
considerar dilemas éticos em outras áreas científicas.
e. No século XIX, o Ministério da Saúde da Prússia desempenhou um papel
crucial no estabelecimento dos fundamentos da bioética.
Resposta: Alternativa B é a correta.
Justificativa: Potter ressurge com o termo “bioética”, propondo uma ponte entre
as ciências empíricas e as ciências humanas, promovendo uma reflexão sobre os
avanços científicos e seus impactos na vida humana, mais especificamente do
ponto de vista ético. Em resposta a essa necessidade, o governo e o Congresso
norte-americanos formaram uma comissão em 1974, resultando na formulação do
modelo principialista.
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Mas, afinal, o que é bioética?
Com suas origens etimológicas grega, em "Bios" (vida) e "ethos" (ética), a bioética
se apresenta como uma prática voltada ao cuidado de todas as formas de vida. No
entanto, definir com precisão uma área tão complexa e multiprofissional como a
bioética é desafiador e requer muito cuidado, dada sua natureza permeada por
diversas variáveis. Diferentes autores contribuíram para a construção do conceito
de bioética.
Potter, em 1970, conceituou a bioética como a "ciência da sobrevivência e da
qualidade de vida". Já Kemp, em 1977, com a influência das raízes etimológicas,
configura a bioética como, " o cuidado das formas de vida em seu ambiente". Em
1978, Reich integrou à saúde a definição, concebendo a bioética como "a ética das
ciências da vida e da saúde". Posteriormente, Mori, em 1994, a definiu como “a
ética da qualidade de vida”; enquanto Kottow, em 1995, propôs que ela seja
entendida como “a ética das afirmações humanas que podem ter efeitos irreversíveis
sobre os fenômenos vitais”. Diferentemente, em 2001, Hottois percebeu a bioética
como uma “prática discursiva e discurso prático”, abrindo espaço para amplas
discussões (Jorge Filho, 2017).
Tópico 03
Definição de bioética e seus princípios
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O legado bioético remonta a Hipócrates, o pai da medicina, que, por volta de 460
a.C., já estabelecia princípios éticos ao direcionar seu conhecimento para o
benefício dos pacientes, evitando causar-lhes malefícios (Abreu, 2018). No entanto,
somente em 1971, em resposta às transformações sociais nas décadas de 60 e 70,
emergiram novos padrões morais e éticos que passaram a fundamentar as
interações sociais, culminando no surgimento da bioética. O termo ganhou
destaque com a publicação do livro "Bioethics: Bridge to the Future", de Van
Rensselaer Potter (Diniz; Guilhem, 2005).
O propósito inicial de Potter ao criar sua obra era identificar valores e normas que
pudessem guiar a ação humana, promovendo a integração entre os valores
humanos e os campos da medicina, biologia e ecologia. Em resposta a essa
necessidade, o governo e o Congresso norte-americanos formaram uma comissão,
em 1974, para alcançar um consenso sobre o desenvolvimento da pesquisa
biomédica e comportamental. Ao longo de quatro anos de atividade, a comissão
concluiu que ambas as áreas de pesquisa deveriam sempre obedecer aos princípios
por ela estabelecidos, resultando na formulação do modelo principialista (Abreu,
2018).
Modelo principialista
O principialismo emerge como o modelo de bioética no qual seus criadores e
adeptos reconhecem a necessidade de empregar um método específico para
abordar, de maneira eficaz, os desafios éticos relacionados ao cuidado da saúde
A diversidade de definições na
bioética destaca sua complexidade
e importância , sendo abordada por
diversas perspectivas. Isso resulta em
uma variedade de interpretações que,
ao mesmo tempo, convergem para
um núcleo central, fundamentado em
princípios mais antigos do que o
momento de sua conceitualização, o
que é verdadeiramente essencial
(Jorge Filho, 2017).
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humana. Esse método se fundamenta na observância de princípios específicos que
servem como alicerce para a resolução de conflitos éticos, sendo eles: autonomia,
beneficência, não maleficência e justiça (Abreu, 2018).
Princípios da bioética
Princípio da autonomia: O princípio da autonomia se ampara na consideração
dos direitos fundamentais do indivíduo, pautado por uma moralidade que inspira o
respeito mútuo, conforme expresso no pensamento de John Stuart Mill (1806-
1883), em “Sobre si mesmo, sobre seu corpo e sua mente”. Este princípio refere-se
ao respeito pelo consentimento informado da pessoa, seja ela atualmente ou
potencialmente enferma. Além de nortear as questões associadas ao
consentimento informado, é também a base para o testamento vital, as diretivas
antecipadas de vontade e a confidencialidade da informação médica (Oliveira,
2018).
Conexão
A seguir, confira duas obras audiovisuais que
contribuirão para a ampliação do seu
repertório.
No filme “O Enfermeiro da Noite”: adaptado
da história do enfermeiro Charles Cullen,
condenado à prisão perpétua pela morte de
29 pacientes, podemos observar a violação
principalmente de dois princípios
fundamentais da bioética, a saber: a
beneficência e a não maleficência.
Já no documentário “O Holocausto
Brasileiro”, lançado em 2016 e baseado no
livro homônimo de Daniela Arbex, mostra o
genocídio cometido no Hospital Colônia em
Barbacena (MG). Neste caso, temos a violação
de todos os princípios da bioética.
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A autonomia implica na liberdade de decisão sobre a própria vida, sendo associada
à autodeterminação e ao autogoverno. Esse princípio defende que a liberdade de
cada ser humano deve ser preservada. Compete aos profissionais de saúde
fornecer informações técnicas para orientar as decisões do cliente, sem recorrer a
formas de influência ou manipulação, permitindo que ele participe ativamente das
decisões relacionadas ao seu cuidado e assistência à saúde (Stapenhorst et al.,
2017).
Princípio da beneficência: O princípio da beneficência expressa a ideia de que a
atuação da equipe de saúde deve ser direcionada especificamente para o bem-
estar do paciente, visando realizar o máximo bem para o maior número possível de
pessoas. A ética demanda não apenas o tratamento adequado dos necessitados,
com a abstenção de causar malefícios, mas também exige uma contribuição ativa
para o bem-estar do próximo, por meio de ações positivas em favor daqueles que
necessitam. Isso implica em minimizar os danos, considerar o paciente em sua
totalidade e levar em conta as escolhas individuais do paciente (Stapenhorst et al.,
2017).
Princípio da não maleficência: Este princípio impõe o dever de se abster de
causar qualquer mal, evitando danos ou riscos. O profissional assume o
compromisso de avaliar e prevenir danos previsíveis (Stapenhorst et al., 2017).
Diferentemente da beneficência, em que falhas raramente acarretam sanções
legais, na não maleficência, o fracasso frequentemente resulta em punições legais.
Esse princípio permite a ação não prejudicial com todas as pessoas, ao contrário
da beneficência, que é impraticável de forma abrangente. Importante ressaltar que
o fracasso na beneficência não é considerado imoral, enquanto na não maleficência
pode ser visto como imoral. Em suma, a não maleficência traduz a ideia de que,
quando não é possível realizar o bem, é crucial, ao menos, evitar o mal total
(Abreu, 2018).
Princípio da justiça: O princípio da justiça está vinculado à obrigação de
assegurar igualdade nos tratamentos médicos e à distribuição justa e equitativa de
recursos pelo Estado para os serviços de saúde, considerando asnecessidades
individuais de cada cidadão. Este princípio enfatiza o compromisso com a
imparcialidade na distribuição de riscos e benefícios relacionados à pesquisa,
visando proporcionar um tratamento equitativo (Stapenhorst et al., 2017).
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PARA PENSAR
Sr. João, de 60 anos, necessita passar por cirurgia cardíaca, que será realizada em
breve. Para que autorize a realização do procedimento, ele precisa assinar um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aplicado pelo Dr. Rubens, o médico
responsável. Diante disso, assinale a alternativa que corresponde ao princípio da
bioética que esse termo livre e voluntário obedece:
a. Beneficência. 
b. Não maleficência. 
c. Equidade. 
d. Autonomia. 
e. Justiça.
Resposta: Alternativa D é a correta.
Justificativa: O princípio da autonomia refere-se ao respeito pelo consentimento
informado da pessoa, seja ela atualmente ou potencialmente enferma.
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