Buscar

Agravo Interno em Processo Civil


Prévia do material em texto

EMENTA PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO. RAZÕES DISSOCIADAS DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO MONOCRÁTICA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 1.021§ 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DESCABIMENTO. 1. Não se conhece do recurso quando as razões fáticas e jurídicas debatidas estão dissociadas da matéria decidida, não havendo, pois, correlação entre elas. 
2. O presente Agravo Interno não merece ser conhecido, já que não mostrou observância ao princípio da dialeticidade, que prevê que o recorrente deve indicar com acuidade e precisão as razões de seu inconformismo, combatendo diretamente os fundamentos da decisão impugnada. 
3. Justifica-se a imposição da multa do art. 1.021, § 5º do CPC, porque o legislador busca assegurar a seriedade na interposição do recurso, evitando a proliferação de recursos meramente protelatórios. 
4. Agravo interno não conhecido. 
5. Unanimidade.
ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da Quinta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão, unanimemente, em não conhecer o recurso, nos termos do voto do Desembargador Relator. Participaram do julgamento os Senhores Desembargadores: Ricardo Tadeu Bugarin Duailibe (Presidente e Relator), Raimundo José Barros de Sousa e Kleber Costa Carvalho. Funcionou pela Procuradoria Geral de Justiça, a Dra. Sâmara Ascar Sauaia. São Luís (MA), 27 de janeiro de 2020. Desembargador RICARDO DUAILIBE/Relator
CITAÇÃO DOUTRINÁRIA 
“Chama-se agravo interno ao recurso cabível contra decisão monocrática proferida no tribunal pelo relator (art. 1.021) ou pelo Presidente (que, em alguns casos, é chamado a proferir decisões monocráticas, como se dá no caso do pedido de suspensão de segurança previsto no art. 15 da Lei nº 12.016/2009). É recurso cabível no prazo de quinze dias (art. 1.003, § 5º), mesmo naqueles casos em que houvesse disposição legal ou regimental estabelecendo prazo distinto, já que o art. 1.070 estabelece que “[é] de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal”. Todas as decisões monocráticas proferidas nos tribunais são impugnáveis por agravo interno, inclusive as que proveem sobre a atribuição de efeito suspensivo a recursos ou que decidem sobre tutela provisória nos processos de competência originária do tribunal (FPPC, enunciado 142). Só não será impugnável por agravo interno uma decisão monocrática quando a lei expressamente a declare irrecorrível, como se dá, por exemplo, com a decisão do relator de recurso especial que, reputando prejudicial o recurso extraordinário também interposto, determina a remessa dos autos ao STF (art. 1.031, § 2º)”. (Câmara, Alexandre; Freitas. 2017, p. 455-456).
Trata-se de Agravo Interno o qual não foi reconhecido. Não podendo ser admitido o recurso que não dispõe dos fundamentos da decisão agravada e traz razões totalmente dissociadas da decisão contra a qual se insurge, pois fere o disposto no art. 1.021, do CPC. 
O Agravo Interno preocupou-se em debater as questões anteriormente discutidas no Juízo de Primeiro Grau, relativas à revisão das cláusulas contratuais, reiterando todos os fundamentos descritos no recurso de Apelação interposto pelo Agravante, com destaque para a necessidade de realização de perícia contábil, exigindo a matéria instrução probatória para análise do contrato em discussão e consequente apuração dos encargos incidentes na contratação e posterior verificação da legalidade. O Agravante deveria ter impugnado precisamente a fundamentação da decisão recorrida, que não admitiu o processamento do recurso de Apelação. Contudo, deixou de se insurgir contra a decisão monocrática. Tratando-se de recurso manifestamente inadmissível.
Referência: 
file:///C:/Users/USUARIO/Downloads/O-Novo-Processo-Civil-Brasileiro-Alexandre-Ca%CC%82mara-2017.pdf

Continue navegando