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DIR HUMANOS

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DIREITOS HUMANOS
SISTEMÁTICA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO 
AOS DIREITOS HUMANOS
AULA 03
SISTEMÁTICA INTERNACIONAL 
DE PROTEÇÃO
• Direito Pós-Guerra;
• “Direito a ter direitos” – referencial desse
processo internacionalizante.
• Surgimento da ONU (1945) e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948).
• ONU – Marco divisor do processo de
internacionalização dos DH;
• Estrutura Normativa (Sistema Global e
Regional).
AS NAÇÕES UNIDAS E A PROMOÇÃO 
DOS DIREITOS HUMANOS
• 1945 – CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS: DH passa a se
desenvolver como ramo autônomo do Direito
Internacional público.
• NOVA ERA: preocupação com a manutenção da paz e
segurança internacional, especialmente os direitos
humanos e liberdades fundamentais.
O respeito às liberdades fundamentais e aos direitos humanos,
com a consolidação da Carta da ONU, passou a ser preocupação
internacional e propósito básico das Nações Unidas.
DIREITOS HUMANOS E A RESERVA DA 
JURISDIÇÃO INTERNA
• ART. 2º - carta das nações unidas
7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em
assuntos que dependam essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará
os Membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta;
este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes
do Capitulo VII.
• Muitos Estados têm se utilizado desse dispositivo, que prevê o impedimento
de intromissão da ONU em assuntos que dependam essencialmente da
jurisdição interna de qualquer Estado, tencionando impedir as tentativas das
Nações Unidas de restabelecer a paz e a segurança da região em conflito.
• Problemas que não dependam essencialmente da jurisdição interna de
qualquer Estado podem perfeitamente ser resolvidos na ordem internacional,
por meio da Assembleia Geral ou do Conselho de Segurança da ONU.
A UM PASSO DA DECLARAÇÃO 
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
A fragilidade da Carta da ONU relativamente à ausência
de uma definição precisa do que sejam os direitos
humanos e liberdades fundamentais fez nascer no
espírito da sociedade internacional a vontade de definir e
aclarar o significado de tais expressões.
Com esse propósito, as próprias Nações Unidas
empreenderam esforços no sentido de corrigir tal
fragilidade, o que foi concretizado apenas três anos após
a sua criação, com a proclamação da Declaração Universal
dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948.
AS NAÇÕES UNIDAS E A PROMOÇÃO 
DOS DIREITOS HUMANOS
Ao longo de décadas, a ONU ajudou a pôr fim a inúmeros conflitos, muitas
vezes através de ações do Conselho de Segurança, o órgão com
responsabilidade, tal como consta na Carta das Nações Unidas, para a
manutenção da paz e segurança internacionais.
Quando é identificada uma ameaça à paz, a primeira ação do Conselho é
geralmente recomendar às partes envolvidas, que tentem chegar a um acordo
através de meios pacíficos.
Quando uma disputa leva ao combate, a primeira preocupação do Conselho é
acabar com os confrontos o mais rapidamente possível. Em muitas ocasiões, o
Conselho emite diretrizes de cessar-fogo que são fundamentais na prevenção
de hostilidades mais graves. Também implementa operações de manutenção
da paz das Nações Unidas para ajudar a reduzir as tensões em áreas
problemáticas, manter forças opostas separadas e criar condições para uma
paz sustentável. O Conselho pode decidir sobre medidas de execução, sanções
económicas (como embargos comerciais) ou ações militares coletivas.
O QUE É A ONU?
A Organização das Nações Unidas, também
conhecida pela sigla ONU, é uma organização
internacional formada por países que se reuniram
voluntariamente para trabalhar pela paz e o
desenvolvimento mundiais.
• Documento fundador: Carta das nações unidas,
assinada em 26/06/1945, em São Francisco.
• Hoje possui 193 países-membros, sendo 51
membros fundadores (o Brasil é um deles);
PRINCIPAIS ÓRGÃOS DA ONU
• SECRETARIADO
• CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
• CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL
• CONSELHO DE SEGURANÇA
• ASSEMBLEIA GERAL
• CONSELHO DE TUTELA (SUSPENSO EM 1994).
➢ ÓRGÃOS DA ONU
SECRETARIADO
O Secretariado presta serviço a outros órgãos das Nações Unidas e
administra os programas e políticas que elaboram. Seu chefe é o
secretário-geral, que é nomeado pela Assembleia Geral, seguindo
recomendação do Conselho de Segurança. Cerca de 16 mil pessoas
trabalham para o Secretariado nos mais diversos lugares do mundo.
PRINCIPAIS FUNÇÕES
• Administrar as forças de paz;
• Analisar problemas econômicos e sociais;
• Preparar relatórios sobre meio ambiente ou direitos humanos;
• Sensibilizar a opinião pública internacional sobre o trabalho da ONU;
• Organizar conferências internacionais;
• Traduzir todos os documentos oficiais da ONU nas seis línguas
oficiais da Organização.
➢ ÓRGÃOS DA ONU
CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
• A Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia
(Holanda), é o principal órgão judiciário das Nações Unidas.
Todos os países que fazem parte do Estatuto da Corte – que
é parte da Carta das Nações Unidas – podem recorrer a ela.
Somente países, nunca indivíduos, podem pedir pareceres
à Corte Internacional de Justiça.
• Além disso, a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança
podem solicitar à Corte pareceres sobre quaisquer questões
jurídicas, assim como os outros órgãos das Nações Unidas.
• A Corte Internacional de Justiça se compõe de quinze juízes
chamados “membros” da Corte. São eleitos pela Assembleia
Geral e pelo Conselho de Segurança.
➢ ÓRGÃOS DA ONU
CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL
O Conselho Econômico e Social (ECOSOC) é o órgão coordenador do trabalho
econômico e social da ONU, das Agências Especializadas e das demais
instituições integrantes do Sistema das Nações Unidas.
O Conselho formula recomendações e inicia atividades relacionadas com o
desenvolvimento, comércio internacional, industrialização, recursos naturais,
direitos humanos, condição da mulher, população, ciência e tecnologia,
prevenção do crime, bem-estar social e muitas outras questões econômicas e
sociais.
PRINCIPAIS FUNÇÕES
• Coordenar o trabalho econômico e social da ONU e das instituições e 
organismos especializados do Sistema;
• Colaborar com os programas da ONU;
• Desenvolver pesquisas e relatórios sobre questões econômicas e sociais;
• Promover o respeito aos direitos humanos e as liberdades fundamentais.
➢ ÓRGÃOS DA ONU
CONSELHO DE SEGURANÇA
O Conselho de Segurança é o órgão da ONU responsável pela paz e segurança internacionais.
Ele é formado por 15 membros: cinco permanentes, que possuem o direito a veto – Estados
Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China – e dez membros não-permanentes, eleitos pela
Assembleia Geral por dois anos.
Este é o único órgão da ONU que tem poder decisório, isto é, todos os membros das Nações
Unidas devem aceitar e cumprir as decisões do Conselho.
PRINCIPAIS FUNÇÕES
• Manter a paz e a segurança internacional;
• Determinar a criação, continuação e encerramento das Missões de Paz, de acordo com os
Capítulos VI, VII e VIII da Carta;
• Investigar toda situação que possa vir a se transformar em um conflito internacional;
• Recomendar métodos de diálogo entre os países;
• Elaborar planos de regulamentação de armamentos;
• Determinar se existe uma ameaça para o paz;
• Solicitar aos países que apliquem sanções econômicas e outras medidas para impedir ou deter
alguma agressão;
• Recomendar o ingresso de novos membros na ONU;
• Recomendar para a Assembleia Geral a eleição de um novo Secretário-Geral
http://www.un.org/en/sc/
➢ ÓRGÃOS DA ONU
ASSEMBLÉIA GERAL
A Assembleia Geral da ONU é o principal órgão deliberativo da ONU. É lá que todos os Estados-
Membros da Organização (193 países) se reúnem para discutir os assuntos que afetam a vida de
todos os habitantes do planeta. Na Assembleia Geral, todos os países têm direito a um voto, ou
seja, existe total igualdade entre todos seus membros.
Assuntos em pauta: paz e segurança, aprovação de novos membros, questões de orçamento,
desarmamento, cooperação internacionalem todas as áreas, direitos humanos, etc. As resoluções
– votadas e aprovadas – da Assembleia Geral funcionam como recomendações e não são
obrigatórias.
PRINCIPAIS FUNÇÕES
• Discutir e fazer recomendações sobre todos os assuntos em pauta na ONU;
• Discutir questões ligadas a conflitos militares – com exceção daqueles na pauta do Conselho de 
Segurança;
• Discutir formas e meios para melhorar as condições de vida das crianças, dos jovens e das 
mulheres;
• Discutir assuntos ligados ao desenvolvimento sustentável, meio ambiente e direitos humanos;
• Decidir as contribuições dos Estados-Membros e como estas contribuições devem ser gastas;
• Eleger os novos Secretários-Gerais da Organização.
Preâmbulo 
Carta das Nações Unidas
“Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do
flagelo da guerra, que, por duas vezes no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos
indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na
dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos homens e das
mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as
quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes de
direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores
condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla.
E para tais fins praticar a tolerância e viver em paz uns com os outros, como bons
vizinhos, unir nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, garantir, pela
aceitação de princípios e a instituição de métodos, que a força armada não será usada a
não ser no interesse comum, e empregar um mecanismo internacional para promover o
progresso econômico e social de todos os povos.
Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em vista disso,
nossos respectivos governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de
São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e
devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por
meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de
‘Organização das Nações Unidas.”
DIREITOS HUMANOS
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS 
HUMANOS (DUDH)
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS 
DIREITOS HUMANOS
• Adotada e Proclamada em Paris em 10/12/1948;
• Dos 56 países presentes na Assembléia Geral, 48 votaram a
favor e nenhum contra, com oito abstenções (África do sul, arábia
saudita, Bielorrússia, Iugoslávia, Polônia, Tchecoslováquia, Ucrânia e União Soviética).
• Com fundamento na dignidade da pessoa humana, a
Declaração Universal nasceu como um código de conduta
mundial para dizer a todo o planeta que os direitos humanos
são universais, bastando a condição de ser pessoa para que se
possa vindicar e exigir a proteção desses direitos em qualquer
ocasião e em qualquer circunstância.
• Visa estabelecer um padrão mínimo para a proteção dos
direitos humanos em âmbito mundial;
• Fonte de inspiração de documentos internacionais de proteção
e das decisões judiciárias internacionais e internas, utilizado no
direito internacional público como Standart mínimo de
proteção dos direitos humanos.
ESTRUTURA DA DUDH
• Composta de 30 artigos, precedida de um preâmbulo;
• Estrutura bipartite: contempla direitos civis e políticos –
também chamados de direitos e garantias individuais (art. 3º ao
21); Quanto direitos sociais econômicos e culturais (art. 22 ao
28).
• Combinou de forma inédita um discurso liberal e social da
cidadania, trazendo valores de liberdade e igualdade nos artigos
29 e 30; (No art. 29: Deveres da pessoa para com a comunidade
e o art. 30: princípio de interpretação da declaração sempre a
favor dos direitos e liberdades nela proclamados).
• Importante: A Declaração não previu mais que direitos
substanciais, não tendo instituído qualquer órgão internacional
com competência para zelar pelo cumprimento dos direitos que
estabelece.
NATUREZA JURÍDICA
• Nasceu de uma resolução da ONU (217 A - III),
adotada em Assembléia Geral.
• É considerada uma “recomendação” e não um
tratado.
• Norma jus cogens internacional
NORMAS 
ERGA OMNES / JUS COGENS
ERGA OMNES: obrigações passivas de respeito
para com valores universais. É simplesmente
uma obrigação.
JUS COGENS: São inderrogáveis. Somente
podem ser derrogadas (alteradas por outras
normas de mesma natureza). Há hierarquia.
Ex: Proibição de tortura, genocídio, DUDH.
RELATIVISMO CULTURAL
TESE RELATIVISTA: Os direitos humanos não seriam absolutos e
que cederiam ao que estabelecem os sistemas políticos,
econômicos, culturais e sociais vigentes em determinado Estado.
TESE UNIVERSALISTA: deve ter um padrão mínimo de dignidade,
independentemente da cultura dos povos. afasta de vez a ideia
de um relativismo cultural no que tange à proteção dos direitos
humanos
Cançado Trindade : “que as normas jurídicas que fizerem 
abstração do substratum cultural correm o risco de se tornar 
ineficazes, é igualmente certo que nenhuma cultura há que se 
arrogar em detentora da verdade final e absoluta.”
DUDH, RELATIVISMO CULTURAL E 
UNIVERSALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS
• A Conferência de Viena (1993) – segunda conferência mundial –
consagrou os DH como tema global, reafirmando sua
universalidade e consagrando sua indivisibilidade,
interdependência e inter-relacionariedade.
• O propósito da conferência de viena foi revigorar a memória da
Declaração Universal de 1948, trazendo novos princípios para o
mundo contemporâneo, reafirmando que as particularidades
nacionais e regionais (aqui incluído os diversos contextos
históricos, culturais e religiosos dos Estados) não podem servir de
justificativa para a violação ou diminuição desses mesmos
direitos.
• A partir desse momento, compreendeu-se que o relativismo
cultural não pode ser invocado para justificar violações a direitos
humanos. Ou seja: as culturas devem ser respeitadas, mas não
podem servir de pretexto para justificar o não cumprimento de
obrigações internacionais do Estado relativas aos direitos
humanos.
NOVOS PRINCÍPIOS
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE: os direitos humanos – direitos
civis e políticos e direitos sociais, econômicos e culturais – não se
sucedem em gerações, mas, ao contrário, se cumulam e se
fortalecem ao longo dos anos;
PRINCÍPIO DA INTERDEPENDÊNCIA: os direitos do discurso
liberal hão de ser sempre somados com os direitos do discurso
social da cidadania, além do que democracia, desenvolvimento e
direitos humanos são conceitos que se reforçam mutuamente;
PRINCÍPIO DA INTER-RELACIONARIEDADE: os direitos humanos
e os vários sistemas internacionais de proteção não devem ser
entendidos de forma dicotômica, mas, ao contrário, devem
interagir em prol de sua garantia efetiva.
IMPACTOS DA DUDH

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