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Um Amor Proibido em 1870


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Fora numa manhã quando a nossa história de amor começou. Acordei naquela manhã nada radiante, com ramela nos olhos, rosto inchado e um bafo horroroso. Levantei-me e fui logo me banhar, as serviçais estavam todas ao meu dispor principalmente para apertar o belo espartilho que papai me dera. Eu era uma linda jovem de 15 anos em 1870, papai havia dito que voltaria com um pretendente. Eu estaria ansiosa? Mas com toda certeza, eu tinha sido preparada a minha vida inteira para aquele momento. Dimdom! Era a campainha, corri feito uma louca – pera, louca não, uma dama não pode se dar ao luxo de estar louca – corri feito uma...dama, ajeitei meu vestido, conferi o pouco de peito que eu tinha para impressionar o rapaz e abri a porta. Me deparo com uma linda forma ao lado de meu pai, seria um belo de um homem. Fiz o que deveria fazer abracei meu pai dizendo que sentia saudade, como se eu me importasse, e agradeci ao belo moço pela presença dele, como se eu não me importasse. Meu pai estranhou, deveria ter pensado em que presença eu estava falando. Convidei-os para tomar um café, papai estava feliz em estar de volta, mas eu... estava radiante, sentia que o olhar daquele belo moço estava voltado para mim e eu olhava fingindo estar envergonhada, mesmo não estando. Fiz tudo exatamente como a mamãe havia me ensinado, não se direcione a ele. Assim que meu pai pediu para a Tulipa levar meu pretendente para conhecer a casa, logo intervi, “Eu levo, papai”, e mais uma vez meu pai não entendia o motivo de eu acompanha-lo, mas até parece que ele nunca jogou o jogo da conquista. Passeando com o belo moço, senti que estava pronta para conversar, perguntei aonde ele estudou, suas viagens favoritas, mas ele não respondia, estava perdidamente apaixonado por mim. E ainda bem que ele estava apaixonado, uma mulher solteira é o cúmulo. Perguntei a ele se ele queria conhecer meu quarto e o chapéu dele deu uma leve inclinada para baixo, era lógico que queria, qualquer homem quer conhecer as intimidades de uma mulher. Ele ficou parado na janela e só foi o primeiro raio de sol que eu percebi que estava completamente apaixonada por ele. Ao anoitecer, fechei as cortinas e me despedi dele. Antes de dormir, meu pai veio para o meu quarto me dar um beijo de boa noite, tudo que eu conseguia pensar era “Obrigada, papai! Eu estou apaixonada! Foi incrível o dia de hoje”. Meu pai só agradeceu, o que ele ia dizer? Como assim se apaixonou? Ele apenas aceitou, era muito bonito mesmo. No meio da noite, durante uma lua cheira, momento em que a Mãe abraça suas filhas e lhes enche de energia femininas, abro meus olhos e vejo o homem por quem eu me apaixonei, ele se aproxima silenciosamente, senta-se ao meu lado e me beija. Aquele beijo me acendeu. Acendeu de uma tal forma que fez com que meu pai viesse até meu quarto. Ele se horrorizou com o que via e eu fiquei tão constrangida, como ele poderia interromper um momento tão íntimo? Está certo que tal ato antes do casamento é um dos maiores pecados, mas ele não tinha o direito. Eu levantei a voz: “Como ousas entrar no meu quarto, ainda mais com o meu amor estando aqui?” o pai finalmente questionou “Que amor? Quem é essa mal influência?”, fui correndo para os braços de meu amor, que estava despido dos casacos e do chapéu que usara e disse “ Eu o amo e me casarei com ele”, o pai sem acreditar no que estava vendo a chamou de louca, “Como poderia ela estar apaixonada por um cabideiro?” pensou o pai. Louca? Eu louca? Uma dama não é louca, como eu poderia.... “Eu o amo e louco é o senhor que não consegue reconhecer nosso amor” meu pai, que estava desnorteado, ligou para um psiquiatra, o mesmo que internou minha mãe antes de ela morrer. Ele chegou dizendo eu iria me levar para um lugar bem confortável, ele acha que sou boba, comecei a gritar “Eu não sou louca, eu o amor, eu não sou louca, vocês não podem fazer isso” até que senti que eu não conseguia mais ficar em pé e minha última imagem dele foi toda embaçada, pois logo adormeci. Eu estou a alguns anos aqui, talvez uns 30 anos, mas quem sabe? Eu perdi a noção do tempo. Só sei que foi naquela madrugada, dia 13 de abril de 1870, que perdi o amor da minha vida para sempre.