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Aline Lopes da S. Pastor - 2º Semestre 2023.2 - Linhas e Regiões: - Exame físico: O paciente deve sentar-se. Se o paciente não puder ficar sentado, o exame é feito na posição deitada. Em tal eventualidade, serão obtidas menos informações. ● 1º. INSPEÇÃO ↴ - Estática: compreende a forma do tórax e a presença ou não de abaulamentos e depressões. - Dinâmica: analisam-se o tipo respiratório, o ritmo e a frequência da respiração, a amplitude dos movimentos respiratórios, a presença ou não de tiragem e a expansibilidade dos pulmões. Formato do tórax: - Tórax chato → reduzido diâmetro anteroposterior ↪ Mais comum nos longilíneos e não tem significado patológico - Tórax em tonel ou em barril → magnitude do diâmetro anteroposterior que, praticamente, iguala-se ao transversal. ↪ A causa mais comum é o enfisema pulmonar; no entanto, pode surgir em pessoas idosas livres de qualquer doença pulmonar. - Tórax infundibuliforme (pectus excavatum) → presença de uma depressão mais ou menos acentuada no nível do terço inferior do esterno. ↪ Raquitismo! Quando muito acentuado pode produzir distúrbio pulmonar restritivo. Pode deslocar a localização do coração pela deformidade da parede torácica. - Tórax cariniforme (pectus carinatum) → nota-se, no nível do esterno, uma saliência em forma de peito de pombo ou de quilha de navio. ↪ O raquitismo infantil é também a principal causa deste tipo de tórax, o qual não compromete a ventilação pulmonar. - Tórax em sino ou piriforme → a porção inferior torna-se alargada como a boca de um sino, lembrando um cone de base inferior. Surge nas grandes hepatoesplenomegalias e na ascite volumosa. - Tórax cifótico → encurvamento posterior da coluna torácica, seja por defeito de postura ou por lesão de vértebras torácicas (tuberculose, osteomielite, neoplasias ou anomalias congênitas). - Tórax escoliótico → torna-se assimétrico em consequência do desvio lateral do segmento torácico da coluna vertebral. - Tórax cifoescoliótico → decorre da combinação de uma alteração cifótica, com desvio lateral da coluna vertebral (escoliose). ↪ Pode produzir restrição grave da expansão torácica, causando insuficiência respiratória. Quando são fraturadas várias costelas, observam-se movimentos torácicos paradoxais, ou seja, na inspiração a área correspondente desloca-se para dentro; na expiração, para fora, provocando deformação do tórax. Abaulamentos e depressões: ● Podem localizar-se em qualquer região do tórax e indicam alguma lesão que aumentou ou reduziu uma das estruturas da parede ou de órgãos intratorácicos. - Aneurisma da aorta, tumor do timo ou do mediastino superior, derrames pleurais, hipertrofia do VD → Abaulamentos! - Atelectasia ou lesões fibróticas do pulmão → Retração! ➔ Tipo respiratório: Em condições normais, observam-se dois tipos de respiração: costal superior e toracoabdominal. ● A respiração costal superior, observada principalmente no sexo feminino, deve-se ao predomínio da ação dos músculos escaleno e esternocleidomastóideo, os quais deslocam a parte superior do tórax para cima e para a frente. ● Na respiração toracoabdominal, predominante no sexo masculino, a musculatura diafragmática apresenta grande importância. ↪ Este tipo de respiração é comum em crianças de ambos os sexos e também em adultos na posição deitada. ➔ Ritmo respiratório: Para a análise do ritmo da respiração, é necessário observar durante, no mínimo, dois minutos a sequência, a forma e a amplitude das incursões respiratórias. Ritmo respiratório normal = sucessão regular de movimentos respiratórios, de profundidade mais ou menos igual. → Surge na insuficiência cardíaca, enfisema pulmonar, bronquite, pneumonias, atelectasia, pneumotórax, derrame pleural e anemias graves. → Em condições patológicas, surge na insuficiência cardíaca grave, nos acidentes vasculares cerebrais, nos traumatismos cranioencefálicos, nas intoxicações por morfina ou barbitúricos. → Lesão no centro respiratório, no estado comatoso e nas afecções em que há grave comprometimento do encéfalo. → É observada em casos de cetoacidose diabética, insuficiência renal com uremia e outras acidoses. ◗ Platipneia - dificuldade para respirar em posição ereta, que se alivia na posição deitada. ◗ Ortopneia - dificuldade para respirar na posição deitada. ◗ Trepopneia - o paciente se sente mais confortável para respirar em decúbito lateral. ➔ Frequência respiratória: ➔ Tiragem intercostal: corresponde ao movimento de retração da musculatura entre as costelas durante a inspiração, enquanto a parede superior do tórax e o abdome se expandem. ↪ Ocorre como resultado da excessiva pressão negativa no interior da cavidade torácica e indica a presença de sofrimento respiratório grave. ● 2º. PALPAÇÃO ↴ Durante a palpação, investigam-se três parâmetros: estrutura da parede torácica, expansibilidade ou mobilidade e frêmito toracovocal. - Expansibilidade: - A diminuição da expansibilidade pode ser: ◗ Unilateral: localização apical traduz processo infeccioso ou cicatricial do ápice pulmonar; basal ocorre no derrame pleural, nas hepatomegalias e nas esplenomegalias; difusa no pneumotórax, no hidrotórax, na atelectasia, na pleurodinia e no traumatismo torácico. ◗ Bilateral: localizado nos ápices indica processo infeccioso ou cicatricial; basal, gravidez, ascite, obesidade grave e derrame pleural bilateral; difusa, enfisema pulmonar, esclerodermia e senilidade. - Frêmito toracovocal: As vibrações se propagam melhor em conteúdos sólidos do que em líquidos e no ar. Por isso, em casos de condensação há aumento do FTV, como acontece em pneumonias e no infarto do pulmão. Diminuição ou desaparecimento do FTV = anormalidade que impede, parcial ou totalmente, a transmissão das ondas sonoras. Por exemplo: derrame pleural, espessamento da pleura, atelectasia por oclusão brônquica, pneumotórax e enfisema pulmonar. ● 3º. PERCUSSÃO ↴ Excetuadas as áreas de projeção do fígado, coração, baço e fundo do estômago, no resto do tórax encontra-se sonoridade pulmonar ou som claro pulmonar. As modificações possíveis de serem encontradas são: hipersonoridade pulmonar, submacicez, macicez e som timpânico. ▶ Hipersonoridade pulmonar - aumento do ar nos alvéolos pulmonares. ↪ Enfisema pulmonar ▶ Submacicez e macicez - presença de conteúdo sólido ou líquido, como nos casos de consolidação pulmonar ou derrame pleural. ▶ Som timpânico - indica presença de ar, aprisionado no espaço pleural (pneumotórax) ou em uma grande cavidade intrapulmonar (“caverna” tuberculosa). ● 4º. AUSCULTA ↴ Para se realizar a ausculta do tórax, o paciente deve estar, preferencialmente, sentado, com o tórax total ou parcialmente descoberto. Não se deve, em hipótese alguma, colocar o receptor do estetoscópio sobre qualquer tipo de roupa. Quando o paciente está impossibilitado de se sentar, faz-se o exame nos decúbitos dorsal e lateral. O receptor mais adequado é o de diafragma, usando-se os de menor diâmetro no exame de crianças. 1. Pedir ao paciente para tossir uma ou duas vezes antes de iniciar o exame: Elimina uma atelectasia leve ou muco nas vias respiratórias; 2. Orientar o paciente a respirar profundamente pela boca aberta; 3. Auscultar com o diafragma do estetoscópio; 4. Estetoscópio deve ser diretamente posicionado sobre a pele: Vestimentas, aventais e pêlos alteram as características dos sons. Atenção!!! ● Padrão em escada; ● Auscultar pelo menos uma respiração completa – inspiração e expiração – em cada local; ● Identificar os sons respiratórios por sua intensidade, tom e duração relativa das fases inspiratória e expiratória; ● Em caso de sons anormais, auscultar as áreas adjacentes para determinar a extensão de qualquer anormalidade. - Murmúrio vesicular: ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax produzidos pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas. Murmúrio vesicular + intenso = ampla respiração com a boca aberta, após esforço, em crianças e em pessoas emagrecidas Diminuição domurmúrio vesicular = presença de ar (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento pleural) na cavidade pleural; enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia que impeça ou diminua a movimentação do tórax, obstrução das vias respiratórias superiores. - Ruídos adventícios: ➛ Roncos = som grave, ⬇frequência, insp. e expiração (predomina) ➛ Sibilos = som agudo, ⬆frequência, insp. e exp. Estertores finos = creptos Estertores grossos = bolhosos Toda vez que ocorre condensação pulmonar – inflamatória, neoplásica ou pericavitária –, sucede aumento da ressonância vocal ou broncofonia. Ao contrário, na atelectasia, no espessamento pleural e nos derrames, há diminuição da ressonância vocal. Ressonância vocal aumentada: - Broncofonia: ressonância exagerada da voz que atesta lesão pulmonar; - Egofonia: broncofonia com voz metálica; - Pectorilóquia fônica – ouve-se a voz falada - Pectorilóquia afônica - ouve-se a voz cochichada