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Anticlericalismo em Portugal

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TÓPICO 02: O ANTICLERICALISMO EM PORTUGAL
Antes disso, devemos configurar o que designamos aqui de 
anticlericalismo português, definindo as suas peculiaridades. A crítica ao 
clero pode ocorrer em qualquer tipo de religião, mas no caso português 
estamos especificamente falando da igreja católica, de seus sacerdotes e 
principais lideranças, bem como de seus fiéis. E, a partir do século XVI, o 
anticlericalismo lusíada se dirige em particular à:
ordem dos jesuítas, 
às políticas da Contrarreforma e 
à Santa Inquisição. 
Estas três instâncias, pode-se dizer, sumarizam o esforço do Vaticano 
em manter sua primazia sobre a Europa e suas colônias, numa tentativa de 
impedir o progresso da reforma protestante. 
VERSÃO TEXTUAL
O princípio que fundamentava essas organizações e atividades 
católicas era o de que Deus fornecia toda a autoridade e poder sobre a 
terra, sendo a igreja a instituição privilegiada nessa linha de atribuição 
divina. Logo, o poder civil, Estados e autoridades seculares, deveriam 
se subordinar ao papa e seus ministros. 
Mesmo antes da Renascença e do Iluminismo, semelhante princípio 
hierárquico de poder terreno já era frequentemente contestado por reis e 
governantes civis. Mas é na Idade Moderna que o anticlericalismo vai se 
expandir, assumindo formas diversas, desde ações governamentais objetivas 
até manifestações filosóficas e literárias, chegando a se transformar num 
movimento de massas com a eclosão da Revolução Francesa, em 1789.
Voltando a Portugal, e para exemplificar tanto a ação católica quanto a 
reação anticlerical, retomemos Pombal e Voltaire. O filósofo francês era um 
inimigo declarado dos jesuítas, cuja atuação nos vários países europeus e 
demais domínios ele considerava nefasta e retrógrada, impedindo o 
desenvolvimento das potencialidades racionais desses povos. Quando 
escolhe Lisboa e seu terremoto para exemplificar um comportamento social 
impregnado de superstição e fanatismo religioso, Voltaire certamente tinha 
em mente retratar uma sociedade dominada pela doutrina e política 
jesuíticas.
Se, como dissemos, o pensador iluminista erra ao falsear os fatos 
históricos, ele acerta por linhas tortas ao atacar a influência dos jesuítas 
ainda presentes nesse momento em Portugal. Enquanto Pombal e sua equipe 
TÓPICOS DE LITERATURA PORTUGUESA
AULA 05: GRANDES TEMAS DA LITERATURA PORTUGUESA – ANTICLERICALISMO: 1ª PARTE
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	TopicosdeLiteraturaPortuguesa_aula_05.pdf
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