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Literatura e Censura em Portugal

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troca das delas, iria morrer de forma cruel e infame a fim de que muitos 
outros milhares de homens, por gerações e gerações, se matassem e 
morressem em nome dele, em nome de Jesus. Eis a síntese da cruel ironia 
que Saramago põe em movimento em seu romance.
A reflexão, que Saramago pede a seu leitor, é sobre a responsabilidade 
individual e da ação consciente de cada homem, sabendo que, apesar das 
imensas forças de controle social a que estão submetidos os indivíduos, há 
ainda um espaço de ação pessoal e coletiva capaz de alterar o curso da 
história.
Um ano após a publicação desse romance, Saramago foi indicado para 
concorrer a um prêmio europeu de literatura, no entanto sua indicação foi 
revogada pelo governo português, pois, segunda a avaliação oficial, o livro 
ofendia a religião católica e, portanto, não deveria representar a nação 
lusitana. Em resposta a essa proibição governamental, o escritor se retirou 
de Portugal, mudando sua residência para as Ilhas Canárias (Espanha). Foi 
sua forma de protesto pela volta da censura a Portugal. Como se vê, a 
literatura anticlerical mostra sua necessidade e agudeza quando é capaz de 
despertar reações como essas por parte de uma sociedade que se diz livre e 
tolerante.
LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o polêmico artigo que José Saramago escreveu: “Deus como 
problema (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)”.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e 
conceitos históricos. 3ª. ed. R. Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
BUENO, Aparecida de Fátima. “A ínclita geração”. Estudos 
Portugueses e Africanos. Campinas, (39): 33-52, jan./jun. 2002.
__________. “Erotismo e sacralidade em O crime do padre Amaro”. 
In Fernandes, A. G.; Oliveira, P. M. (orgs. Literatura Portuguesa: 
Aquém-mar Campinas : Komedi, 2005.
__________. “Sob o manto diáfano da fantasia: os Cristos de Eça”. 
Revista Lusófona de Ciências das Religiões. Lisboa, v. 6, n. 11, p. 307-
351, 2007.
GARRETT, Almeida. Viagens na Minha Terra. In Obras Completas, v. 
1. Porto: Lello & Irmão Editores, 1966.
LOPES, Graça Videira (ed.). Cantigas de escárnio e maldizer dos 
trovadores e jograis galego-portugueses. Lisboa: Estampa, 2002.
MARQUES, José Oscar de Almeida. “Voltaire e um episódio da história 
de Portugal”. In Mediações: Revista de Ciências Sociais. Londrina 
(Pós-graduação em Ciências Sociais, UEL), Vol. 9 n. 2, 2004, p. 37-52. 
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