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Conotação e Denotação na Poesia


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TÓPICO 01: CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO
Na aula 2, nós já tivemos oportunidade de estudar a linguagem 
conotativa. Vamos examinar os processos de CONOTAÇÃO ou de 
LINGUAGEM FIGURADA que aparecem no fragmento de poema abaixo:
O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta, 
E a preguiça a mulher por quem suspiro. 
(AZEVEDO, s/d, p. 132) 
LINGUAGEM FIGURADA OU CONOTATIVA
A poesia é feita de figuras. Chama-se linguagem figurada, ou 
conotativa, aquela que não significa exatamente o que parece dizer. Degrau 
não é exatamente trono; pátria não é vento; mãe não é lua; preguiça não é 
mulher. No caso do degrau das igrejas, o eu poético, que se pretende um 
vagabundo, sugere que é o rei das ruas, que reina no alto de um degrau; 
como vagabundo que se preza, não tem uma pátria formalmente definida: 
o vento, o ar, a brisa lhe bastam como pátria; nem de mãe verdadeira ele 
necessita: a lua vela por ele com um cuidado maternal; seus desejos 
sensuais convergem para a curtição da preguiça.
À linguagem que pretende significar exatamente o que diz costumamos 
chamar linguagem denotativa, em oposição à linguagem conotativa. É 
importante observar que existe uma gradação entre a linguagem mais 
denotativa e referencial, como a linguagem científica — que mesmo assim 
dificilmente vai significar a mesma coisa para todas as pessoas — e o outro 
extremo, o da linguagem essencialmente conotativa, que vai apresentar uma 
maior pluralidade de sentidos, mas terá ainda pontos comuns de 
compreensão.
Consideremos os seguintes versos de Poema sujo, de Ferreira Gullar:
um prato de louça ordinária não dura tanto
e as facas e perdem e os garfos 
se perdem pela vida caem 
pela folhas do assoalho e vão conviver com ratos
e baratas ou enferrujam no quintal esquecidos entes 
os pés de erva-cidreira
(GULLAR, 199, p.220)
Nos fragmentos acima, o eu-lírico refere-se aos objetos da casa de seus 
pais em São Luís, quando era menino. As palavras que compõem os cinco 
versos traçam, de maneira bastante explícita, o destino das peças que 
TEORIA DA LITERATURA I
AULA 06: PROCESSOS ESSENCIAIS DE LINGUAGEM FIGURADA
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