Prévia do material em texto
TÓPICO 04: OUTROS AUTORES DE PROSA DOUTRINÁRIA Padre Manuel Bernardes [1] O Barroco reuniu prosadores que se notabilizaram pela qualidade literária, como o Padre Manuel Bernardes, o militar Francisco Manuel de Melo, Cavaleiro de Oliveira, Matias Aires, entre outros. Padre Manuel Bernardes, com Nova floresta, constituída de uma série de apólogos morais. Eis um trecho desse livro: NOVA FLORESTA OU SILVA DE VÁRIOS APOTEGMAS TRÊS PÁTRIAS Qualquer homem tem três pátrias: uma da origem, outra da natureza e outra do direito. A pátria da origem é aquela em que os nossos maiores foram e viveram; a da natureza é a terra ou lugar onde cada um nasce; a do direito é onde cada um é naturalizado pelas leis ou príncipes, e onde serve, e merece, e costuma habitar: neste sentido disse Túlio de Catão que tivera a Túsculo por pátria da natureza, mas a Roma por pátria do direito. Quanto à pátria da origem, todos os homens somos do Céu, porque ali está, vive e reina o nosso pai celestial, que vai criando as almas e unindo-as a nossos corpos. Quanto à segunda pátria, falando geralmente, todos homens somos da Terra; por isso dela falamos tão frequentemente. Neste sentido todos os filhos de Adão somos compatriotas, sem diferença do rei ao rústico. Neste sentido, também, os que desejavam negar as imperfeições do amor a tal ou a tal terra em particular, ou por arrogância e fasto filosófico ou por mortificação religiosa e santa, disseram que todo o mundo era pátria sua. Do primeiro temos exemplo em Sócrates, que, perguntado donde era, respondeu: – Do mundo: porque de todo o mundo sou cidadão e habitador. E em Séneca, que disse: – Não encerramos a grandeza do ânimo nos muros de uma cidade, antes o deixamos livre para o comércio de todo o mundo, porque esta é a pátria que professamos, para darmos campo mais largo à virtude. Do segundo temos exemplo em S. Basílio, que, ameaçado com desterro pelo prefeito do imperador Valente, respondeu que não conhecia desterro quem não estava adicto a certos lugares. LITERATURA PORTUGUESA I AULA 04: BARROCO. O CULTISMO E O CONCEPTISMO; OS SERMÕES DE VIEIRA; O TEATRO DE ANTÔNIO JOSÉ 131 Combinarenumerar.pdf LiteraturaPortuguesaI_aula_04.pdf 04.pdf