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TÓPICO 02: NON VITAE SED SCHOLAE DISCIMUS VERSÃO TEXTUAL A fonologia e a gramática devem ser reformuladas cientificamente para evitar-se o constrangimento do professor na sala de aula, perante os alunos que, pelo menos inicialmente, esperam aprender a nossa língua e confiam piamente nas suas palavras. (José Rebouças Macambira) O professor José Rebouças MACAMBIRA, nascido em Palmácia, introduziu a linguística no Ceará e na UFC. Autodidata, estudou muitas línguas, encerrou sua carreira ensinando Sânscrito. Do que dizia na sala de aula e era anotado pelos alunos, veio a fazer diversos livros sobre a língua portuguesa. A afirmação do professor está no livro Fonologia do Português, na página 7 da segunda edição, de 1987. A frase de Sêneca, o Jovem, que serve de título a este tópico e significa Não é para a vida, mas para a escola, que aprendemos, está nas Epistulae Morales (106, 12). A reformulação pedida pelo mestre ainda não foi atendida. A constatação do filósofo romano continua valendo. É maior a preocupação com as avaliações e seus resultados, inclusive com os títulos, que com os conhecimentos e sua aplicação na sociedade. Uma das manifestações desse comportamento em fonologia, bem enquadrado na “ficcão da homogeneidade” (Lyons, 1987: 35), é o tratamento dispensado preconceituosamente aos “dialetos”, ao “regionalismo”. Em Colônia, Köln, na Alemanha, viam-se no carnaval, nas festas escolares e em colunas do principal jornal da cidade escrito em alemão padrão, o Hochdeutsch, colunas em kölsh, que como outros chamados dialetos é uma língua. É como escrever-se entre nós, às vezes, no dialeto dos convites de quadrilha de São João. Comumente, criam-se conflitos, porque é difícil separar o que é “extralinguístico” do que é linguístico, já que os fatos linguísticos desempenham funções na vida normal. Já falamos disso: há variações espaciais (geográficas), de grupos (sociais), de registro (formal vs. informal, culto, padrão, familiar, chulo), históricas. Vemos abaixo um pouco de variação, um pouco do que raramente se estuda, porque nem sempre vemos as coisas que são. NASALIDADE, ÚLTIMA VEZ O que vimos na Aula 4, em crítica a uma pronúncia de “banana”, foi bom exemplo das mistura de julgamentos. Antes de consoantes nasais, a mudança de timbre não distingue significado no dialeto do Sudeste. LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA AULA 05: APLICAÇÕES DO CONHECIMENTO DE FONOLOGIA 44 Combinarenumerar.pdf LinguaPortuguesaFonologia_aula_05.pdf 02.pdf