Prévia do material em texto
Gerenciamento de Construção Civil Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Paulo Renato Pakes Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Introdução à Gestão de Projetos • Contextualização: Gestão; • Projetos; • Fases de um Projeto; • Gestão de Projetos. • Introduzir os conceitos de Gestão, de Projetos e de Gestão de Projetos; • Apresentar as características e as fases do Projeto; • Apresentar o ciclo de vida do Projeto. OBJETIVO DE APRENDIZADO Introdução à Gestão de Projetos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Introdução à Gestão de Projetos Contextualização: Gestão Em todo mundo, a Construção Civil representa uma parcela significativa da Economia das nações, empregando milhões de pessoas. Ao longo da História, esse setor tem buscado formas de evoluir em nível de Pro- cessos de Projetos, Administrativos e de Gerenciamento. Isso se deve à compe- titividade entre as Empresas. Portanto, podemos afirmar que o cenário competitivo estimula a necessidade de qualificação de mão de obra e requer que os Processos de Gerenciamento sejam cada vez mais eficientes e eficazes. Antes de falarmos sobre o gerenciamento da Construção Civil é importante que, primeiramente, seja abordado o significado da palavra Gestão. Segundo o dicionário Michaelis (2018), gestão seria o “ato de gerir ou administrar”. Partimos do pressuposto que o gerenciamento de uma obra – seja ela de qual natureza for – remete a administrar os recursos (financeiros, humanos e materiais), prazos, qualidade das entregas, documentações etc. Já não é novidade, também, que o Mercado de atuação para Engenheiros está extremamente competitivo devido aos fatores ligados à globalização e às mudanças nas relações de trabalho. Contextualizando em nível de Brasil, dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2015) mostram que o setor da Construção Civil é responsável pelo emprego de 8,48% de toda a população ocupada formalmente no país, o que representa, em números aproximados, uma parcela de 8,7 milhões de pessoas. Em relação à participação da Construção Civil no PIB brasileiro, a taxa de repre- sentatividade do Setor entre 2012 e 2015 se manteve na casa dos 5%. Devido a isso, é importante que a capacidade de gestão esteja cada vez mais apurada nos profissionais desse ramo, visto que, em campo, o Engenheiro exerce papel de liderança, por ser a pessoa responsável por dar as diretrizes necessárias (além da concepção) para o andamento da obra. Já para os proprietários do empreendimento ou para a alta administração de Construtoras, o Engenheiro exerce a função de analista, traduzindo em números os resultados alcançados em campo. Devido ao caráter temporário da grande maioria dos empreendimentos de Cons- trução Civil, a Gestão de Projetos se faz como a melhor ferramenta para que o Engenheiro Civil possa traduzir as necessidades citadas acima no gerenciamento da Construção Civil. 8 9 Projetos De acordo com o Project Management Institute (PMI, 2017), Projeto é o “Esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único”. A partir dessa definição, é possível verificar de imediato duas características dos Projetos: a temporalidade e a singularidade. A temporalidade significa que todo Projeto tem início e término pré-determina- dos. Um Projeto pode durar horas, dias ou mesmo anos e seus produtos e resul- tados podem perdurar por muito tempo (CARVALHO; RABECHINI JR., 2015). Tomamos como exemplo a Copa do Mundo de Futebol de 2014, realizada no Brasil. Embora tenha havido atrasos em obras de infraestrutura, elas perduraram e são utilizadas pela sociedade até os dias de hoje, mesmo após o término da competição. Já a singularidade significa que cada resultado de um Projeto é único e diferente de todos os similares feitos anteriormente (CARVALHO; RABECHINI JR, 2015). Aqui se pode tomar como exemplo a construção de Usinas Hidrelétricas. Embora os princípios de funcionamento e construção sejam semelhantes, existem ca- racterísticas específicas à construção de cada uma delas, que são únicas (como, por exemplo, a localização, a mão de obra que atuou na execução do Projeto, os custos logísticos de entrega de materiais, os cálculos de dimensionamento de fundações etc.). Os Projetos são gerados para que sejam atendidos objetivos das mais diversas naturezas, como, por exemplo, expansões de unidades produtivas, reformas de edifícios, construções de parques públicos, implementação de um novo software, construção de uma casa conforme demanda do proprietário etc. (PMI, 2017). Tais objetivos refletem diretamente na resposta de fatores que afetam as Orga- nizações. Tomando essa informação como base, Projetos podem ter, então, quatro fatores que ilustram as razões pelas quais podem ser gerados, representados grafi- camente na figura a seguir: Projeto Cumprir requisitos regulatórios, legais ou sociais Atender a pedidos ou necessidades das partes interessadas Criar, melhorar ou corrigir produtos, processos ou serviços Implementar ou alterar estratégias de negócio ou tecnológicas Figura 1 – Contexto de inicialização de um Projeto 9 UNIDADE Introdução à Gestão de Projetos Como podemos ver, a Figura busca ilustrar de maneira didática os quatro objeti- vos globais pelos quais os Projetos são iniciados, não se prendendo a fatores como tamanho das estruturas necessárias, áreas do conhecimento etc. Outro aspecto importante para se tratar em Projetos é que eles se diferem completamente das atividades de rotina. Atividades de rotina são caracterizadas pelo aprendizado, pela repetição e pela busca por estabilidade, enquanto o Projeto possui a inovação e a capacidade de adaptação como seu grande diferencial (KEELING; BRANCO, 2014). Projetos estão sujeitos a riscos. Essa diferenciação das operações de rotina torna o Projeto mais fácil de ser planejado, monitorado e controlado. A distinção entre as atividades de rotina e as de Projeto é explicitada no Quadro 1, que traça um comparativo entre ambas: Quadro 1 – Comparação entre atividades de rotina e de Projeto Rotinas Contínuas, de longo prazo Projeto Objetivo principal é manter a organização funcionando.Objetivo principal é atingir suas metas e ser concluído. Trabalho contínuo, sem data de término. Data de início e fim bem definidos. Mesmos processos produzindo os mesmos resultados. Processos de gerenciamento de Projetos entregando resultados únicos. Grande previsibilidade com relação aos resultados da produção. Várias incertezas relacionadas ao desenvolvimento das atividades. Fonte: Keeling e Branco, 2014 O quadro ao explicitar as diferenças entre esses dois tipos de atividade ressalta que os Projetos, devido a suas características (apresentadas com maiores detalhes no próximo capítulo) demanda maior aparato intelectual, material e adaptativo das pessoas envolvidas em suas atividades. Características dos Projetos Além da temporalidade e da singularidade, os Projetos podem ser identificados por outras características intrínsecas a eles. Seja a pintura de uma casa ou a cons- trução de um Parque Público, tais características estão presentes; porém, a manei- ra com a qual se manifestam, apresentam variações. É interessante verificar que a diferenciação na manifestação de tais características determina o grau de dificuldade de gerenciamento de um Projeto. Projetos possuem graus de incerteza e complexidade A incerteza está ligada ao grau de novidade do Projeto. Embora todos os Pro- jetos tenham potencial inovador (pelo fato de serem únicos), o grau de novidade determina se as dificuldades de gerenciamento serão maiores ou menores. 10 11 Outro fator que pauta as incertezas e a complexidade é o fato de a evolução do Projeto ser progressiva, isto é, é durante sua execução que o mesmo vai se tornan- do mais explícito e detalhado (CARVALHO; RABECHINI JR, 2015). No que se refere a suas incertezas e complexidades, Lewis (2006) propõe uma matriz de classificação baseada na complexidade dos ambientes técnicos e de ne- gócios, como mostra a figura a seguir: Complexo Ambiente Técnico Simples Ambiente de Negócios Complexo Muito complexoDesa�ador tecnicamente, ambiente de negócio simples Simples ou rotina Ambiente técnico rptineiro, ambiente de negócio desa�ador III IIIIV Figura 2 – Matriz de Classifi cação de Projetos Portanto, cada tipo de Projeto se enquadra numa área dessa matriz. Adiante se apresenta a definição de cada uma delas: • Área I: representam os Projetos de grande complexidade, com utilização de Tecnologia complexa ou nova e alto valor de negócio, representando, geral- mente, Projetos de risco para as Organizações. Exemplos: o envio de seres humanos para povoar Marte, a construção de um carro movido a energia solar; • Área II: Projetos complexos, com utilização de Tecnologias novas ou comple- xas; porém, são desenvolvidos em ambientes relativamente simples, de va- lor moderado ou de pouco valor para as Organizações. Exemplo: o desenvol- vimento de um carro autônomo (sem motorista) para tráfego em vias públicas; • Área III: Projetos de complexidade baixa ou moderada; porém, inseridos em ambientes de alto valor para a Organização. Exemplo: a construção de um Shopping em uma cidade do interior; • Área IV: Projetos com tecnologia bem estabelecida e valor baixo para a organização. Exemplo: a reforma de prédios de um conjunto habitacional. Importante! É importante fi xarmos que cada Projeto demanda um tipo de aparato gerencial. As competências do gerente denominado para ele são fatores cruciais para o sucesso. O risco de insucesso de um Projeto é alto quando as competências do gerente estão aquém do necessário. Importante! 11 UNIDADE Introdução à Gestão de Projetos Outro modelo proposto para explicitar as relações de risco é o Diamante Novi- dade-Tecnologia-Complexidade-Passo (NTCP). Esse modelo foi teorizado inicialmente por Shenhar e Dvir (2010), com o objetivo de identificar as relações de riscos e incertezas e diminuí-las após a sua percepção. Por meio de 4 variáveis (Tecnologia, Complexidade, Passo e Novidade), é possível formar um polígono considerando a valoração de uma delas. Quanto mais próximo do centro, menos complexo é o Projeto para a Organização. Complexidade da organização Formalização Atraso na de�nição do projeto Mais ciclos de projeto Menos dados de marcado Atraso na de�nição dos requisitos Autonomia Tecnologia Complexidade Novidade Passo Super alta Alta Média Baixa Regular Rápido Competitivo Tempo crítico Urgente Grupo Sistema Conjunto Derivativo Plataforma Inédito Figura 3 – Modelo Prático Diamante NTCP Quadro 2 – Dimensões do Modelo Prático do “Diamante” Novidade: quão novo é o produto para o mercado: · Derivativo: melhoria de um produto existente. · Plataforma: uma nova gereção de uma linha existente do produto. · Inédito: um produto totalmente novo. Complexidade: quão complexo é o produto: · Conjunto: subsistema, desempenha uma função única. · Sistema: coleção de subsistemas, múltiplas funções. · Grupo: grande coleção de sistemas diversos com uma única missão. Tecnologia: extensão de nova tecnologia para a empresa utilizada pelo projeto: · Baixa: nenhuma nova tecnologia é utilizada. · Média: alguma nova tecnologia. · Alta: toda ou a maioria nova, mas tecnologias existentes. · Superalta: tecnologias não existentes na iniciação do projeto. Passo: urgência do projeto e disponibilidade de planejamento do tempo: · Regular: atrasos não críticos. · Rápido/Competitivo: prazo para o mercado é importante para os negócios. · Tempo-Crítico: prazo de conclusão é crucial para as janelas de oportunidade de sucesso. · Urgente: projeto em risco – solução imediata é necessária. Fonte: Shenhar et al., 2010 12 13 Projetos são temporários Os Projetos devem ter início e fim definidos, seja no que tange ao aspecto físico (entrega de resultados materiais), seja no que se refere ao aspecto cronológico (tempo de duração), isto é, a definição do termo Projeto já deixa bem clara essa característica. Projetos são específicos Todo Projeto deve ter um objetivo final e específico. Mesmo com o desenvol- vimento de inúmeros Projetos com objetivos semelhantes, cada um deles é único, devido a suas ocasiões e necessidades considerando aquele espaço de tempo no qual foi concebido e executado (PMI, 2017; CARVALHO; RABECHINI JR. 2015). Projetos são mensuráveis Projetos permitem medições de variáveis e elas podem ser analisadas. São diver- sas varáveis que podem ser monitoradas em um Projeto, como, por exemplo, pra- zo, custo, evolução física parcial, quantidade de materiais e mão de obra utilizada. Essas características permitem que se possam determinar valores absolutos como o custo total e o prazo de uma etapa e valores relativos como o índice de sucesso, a variação entre o prazo planejado e o prazo executado e as taxas de uti- lização de trabalho extra em comparação ao planejado. Projetos são dinâmicos Devido ao fato de estar sempre sujeito a alterações, podemos considerá-los dinâmicos. Em todas as fases do ciclo de vida, as alterações estão presentes. Du- rante a fase de Planejamento, sofrem mudanças conforme o refino e a adequação às circunstâncias; na fase de Execução/Controle das mudanças ocorrem devido às variações de desempenho da performance empregada, impactando diretamente em custos, prazos, mão de obra. Essas variações necessitam de correção, que ge- ram as mudanças. Outras características presentes em Projetos Como características básicas dos Projetos, existem, ainda, aspectos referentes à condução, à utilização de recursos e a parametrizações. Ao falar em condução, afirma-se que nenhum Projeto pode ser originado ou executado sem a presença de pessoas, que atuam como partes interessadas (ideali- zadoras) e mão de obra (executores, gestores etc.) (VARGAS, 2016). Os Projetos também possuem a característica de utilizar recursos devidamente dimensionados e alocados, de forma inicial. As parametrizações feitas num Projeto são em função de custos, pessoal, materiais (maquinários, consumíveis etc.) e a qualidade desejada. 13 UNIDADEIntrodução à Gestão de Projetos Apesar de se parametrizar previamente, a precisão de tais parâmetros pode não ser correspondente ao andamento das atividades após o início do Projeto, sendo, então, necessário revisá-los durante a execução. Porém, são os parâmetros iniciais que servem de referencial de avaliação no início, isto é, até a primeira necessidade real de ajuste, as metas e os indicadores são baseadas no que foi decidido inicial- mente (PMI, 2017). Importante! Mesmo que os parâmetros possam ser ajustados conforme as necessidades percebidas durante a execução do Projeto, não devemos de forma alguma negligenciar o plane- jamento feito inicialmente. É a partir dele que se pode retirar informações como índices de assertividade do planejamento inicial, índices de desvios, investimentos comple- mentares etc. Trocando ideias... Fases de um Projeto As fases de um Projeto são as etapas pelas quais um Projeto passa desde sua idealização até sua finalização, sendo que cada uma dessas fases possui particulari- dades (PMI, 2017). Compreender isso é importante para a Gestão de Projetos, pois acontecimentos significativos se dão em ordem gradativa e cada uma das fases devem ser devida- mente planejadas e administradas a fim de garantir a entrega de um Projeto em sua totalidade. A divisão em fases é uma maneira que os Gestores de Projeto encontraram para garantir um melhor planejamento, execução e controle das entregas. Essas fases possuem, cada uma delas, um grupo de atividades que são relacio- nadas entre si. Cada fase é finalizada quando se obtém a entrega de um resultado. Adota-se como significado de resultado um produto ou serviço tangível e veri- ficável (PMI, 2017). Quando estamos falando de fases, esse resultado tangível e verificável se refere a uma parte do resultado total, que é o Projeto finalizado. Tangível: o que está bem explicitado ou esclarecido para ser entendido. Ex pl or 14 15 Após o término de cada fase do Projeto, é interessante realizar uma revisão, no intuito de comparar o realizado com o planejado, por meio de documentações do Projeto e do negócio. A partir do resultado dessa revisão, uma decisão é tomada. Tais decisões po- dem ser: a decisão de prosseguimento ou não para a próxima fase ou mesmo do Projeto como um todo, a continuação na mesma fase e/ou a repetição de etapas dessa fase. Ciclo de Vida O Ciclo de vida trata das fases pelas quais um Projeto tem de passar (PMI, 2017). Ele fornece a estrutura básica para o Gerenciamento do Projeto, sendo que tal estrutura pode ser aplicada independentemente do tipo de Projeto, seja ele um Projeto de Construção Civil, de um Programa de Computador ou mesmo do planejamento das atividades do Revezamento da Tocha Olímpica. Podem ser utilizados atributos para a identificação de fases em ciclo de vida de um Projeto, sendo que esses atributos podem ser únicos ou mesmo compartilhados entre as fases (PMI, 2017). A seguir, alguns exemplos de atributos; porém, ressaltamos que eles não são os únicos atributos que podem ser usados. Cabe ao Gerente de Projetos determiná-los e delimitar sua extensão: • Nome (Exemplo: Fase 1, Construção das armações e ferragens...); • Número (Exemplo: três fases do Projeto, cinco fases no Projeto...); • Duração (Exemplo: uma semana, três meses...); • Requisitos de recursos (Exemplo: betoneira, pedreiros, concreto usinado...); • Critérios classificatórios para o avanço de fase (Exemplo: aprovação do geren- te de Projetos em documento assinado); • Requisitos mínimos para a conclusão de fase (Exemplo: documentação para aprovação do gerente de Projetos preenchida). Fases do ciclo de vida As fases do ciclo de vida do Projeto são nomeadas de formas diferentes entre diversos autores na Literatura ou entre as associações regulamentadoras; porém, seus respectivos significados carregam grandes similaridades entre si. Apresenta-se no Quadro a seguir a comparação entre duas obras da área de Gestão de Projetos e suas definições para as fases do ciclo de vida: 15 UNIDADE Introdução à Gestão de Projetos Quadro 3 – Definições referentes às fases do ciclo de vida de um Projeto Conceito KEELING; BRANCO, 2014 FIGUEIREDO; FIGUEIREDO, 2013 Conceituação Concepção Ideia inicial, o princípio da necessidade ou de- sejo de se desenvolver algo novo ou uma me- lhoria importante, mesmo que no consciente ainda não exista a ideia de empregar os méto- dos da Gestão de Projetos como um meio para alcançar tais resultados. Estão inclusas nessas fases as metas preliminares, as ideias sobre potenciais custos benefícios, a viabilidade e as perspectivas. Delineação de informações com base no que seria um ambiente ideal de trabalho em rela- ção a métodos produtivos, disponibilidade de recursos e produtividade, não sendo necessá- rio o detalhamento de tarefas, apenas a repre- sentação de etapas. Planejamento Detalhamento Inicia-se de maneira formalizada quando se toma a decisão de prosseguir. Nessa fase, deve ocorrer a revisão sobre aspectos do plano e os objetivos do Projeto devem ser esclarecidos. Aqui, ocorre o Planejamento da estrutura e da administração do Projeto. Evolução para uma forma elaborada, com um nível de detalhamento suficiente para emba- sar tudo o que se diz relativo às atividades de análise e controle e fatores técnicos e ambien- tais de um objetivo a ser alcançado. Implementação Execução Colocação dos planos para operação, incluso o monitoramento, controle e coordenação para o alcance dos resultados, sendo a eficiência do trabalho diretamente relacionada à qualidade dos planos formulados. São feitas as análises do progresso, as atualizações e as revisões dos planos, caso necessário. Fase na qual é mostrada a realidade da imple- mentação e suas consequências. Os desvios, que impactam diretamente o cus- to, o prazo e o escopo são inevitáveis e são re- alizadas aqui as operações de replanejamento. Conclusão Nesta fase, ocorre a preparação para conclusão e entrega, atribuição de deveres e responsabi- lidades de acompanhamento, analise e avalia- ção do relatório de encerramento. Projeto mostra as informações necessárias para entrega e aceitação do produto final e entrega dos índices e relatórios finais, o que irá transformar toda informação gerada no Projeto em business intelligence. Fonte: Adaptado de Keeling e Branco, 2014 e Figueiredo e Figueiredo, 2013 Importante! O PMBOK, em sua 6ª edição (2017 – será abordado no próximo capítulo), traz uma nova nomenclatura para essas fases, sendo elas chamadas respectivamente de: Início, Organização e Preparação, Execução do Trabalho e Conclusão. É importante trazermos esta informação para não gerar confusão, pois serão usados elementos gráficos baseados no PMBOK em diversos momentos desta Disciplina. Trocando ideias... Lembramos que a nomenclatura de fases que apresentamos acima é de caráter genérico e delimitador. As fases de um Projeto para fins de controle podem ser nomeadas conforme as atividades executadas (PMI, 2017). Uma fase de ciclo de vida é composta por diversas atividades. Por exemplo, po- demos, por convenção, determinar que, para a construção de uma casa, as fases de definição do tamanho do imóvel, desenho da planta, escolha do local e verificação de licenças fazem parte da etapa de início do ciclo de vida do Projeto. 16 17 Gestão de Projetos O que é a Gestão de Projetos? Já definimos os termos Gestão e Projeto. A Gestão de Projetos, então, pode ser definida simplesmente como administrar um Projeto? Pode sim! Porém, podemos detalhar mais essa definição, em termos mais técnicos e ge- renciais. Afinal, se vamos gerenciar um Projeto, é necessário sabermos o que com- põe essa administração. Gerenciar um Projeto consiste na utilização de metodologias de planejamento e controle para coordenar tarefas e recursos para que o resultado seja atingido. É importante que o Gerente de Projetos tenha base sólida de conhecimentos para planejar, conduzir a execução,verificá-la e controlá-la. Além do mais, o gerenciamento de Projetos é algo estratégico para uma Empre- sa, pois permite que os objetivos do negócio estejam em pleno alinhamento com os resultados do Projeto, propiciando, dessa forma melhor competitividade em seu Mercado de atuação. Modelo PMI de Gerenciamento de Projetos Existem na Literatura diversas metodologias, modelos de referências e conjuntos de melhores práticas para o gerenciamento de um Projeto. Dentre esses documentos, encontra-se o PMBOK, que é um guia de Referências escrito pela Organização Project Management Institute (PMI), com o objetivo de reunir um conjunto de orientações que busca padronizar e referenciar processos, métodos, áreas do conhecimento, técnicas e regras para a Gestão de Projetos. Importante! Lembramos que o PMBOK é um Guia Genérico e a sua utilização em qualquer Projeto está condicionada a adaptações. Ele não se enquadra como uma Metodologia de Gestão, e sim uma base para que as Organizações criem suas próprias metodologias, regras, procedimentos ou técnicas. Trocando ideias... Devido à adesão desse modelo pela maioria das Organizações no mundo e o fato de ele contemplar todas as áreas do conhecimento necessárias para a realização de uma Gestão de Projetos adequada, optou-se pela utilização dele como base da Disciplina que estudamos agora. A última versão do PMBOK foi publicada em 2017, e traz a divisão de Projeto em quatro etapas do ciclo de vida, cinco grupos de processos e 10 áreas do 17 UNIDADE Introdução à Gestão de Projetos conhecimento. Cada um desses grupos de Processos e Áreas do conhecimento serão mais bem detalhados nas outras Unidades deste Curso. A seguir, o modelo de inter-relacionamento entre Fases, Processos e Áreas pro- postos pelo PMBOK: CHAVE: Revisãode fase Fase de projeto Uso potencial Linha de tempo Grupos de processos 10 Áreas de Conhecimento Processos de planejamento Processos de execução Processos de monitoramento e controle Processos de encerramento Processos de indicação Ciclo de vida do projeto Início do projeto Organização e preparação Execução do trabalho Terminar o projeto Figura 4 – Inter-relação dos Componentes-chave do Guia PMBOK em Projetos Nesse quadro, vemos uma relação entre as Áreas do Conhecimento, os Grupos de Processos e as Fases do ciclo de vida do Projeto. Nota-se que os Processos ne- cessitam usar os mais variados conhecimentos. Os processos são aplicáveis em todas as fases do ciclo de vida do Projeto, fases que, por sua vez, necessitam de uma apurada revisão antes da decisão de avanço ou não. A linha do tempo, por sua vez, determina o caráter finito do Projeto. Todos esses tópicos serão abordados de forma mais detalhada durante o decor- rer desta Disciplina. 18 19 Grupo de Processos Os Grupos de Processos consistem em um agrupamento de Processos de Ge- renciamento de Projetos. Esse agrupamento é realizado de forma lógica visando a atingir os objetivos do Projeto. São cinco os Grupos de Processos: • Iniciação: realizada para definir um novo Projeto ou uma nova fase de Proje- to. O grande objetivo dessa fase é a obtenção de uma autorização para o início do Projeto ou fase; • Planejamento: tem o objetivo de definir os detalhes das ações, entregas dese- jadas, prazos, orçamento, qualidade desejada e riscos do Projeto; • Execução: realizada para que a conclusão do Projeto seja feita dentro do pla- nejado inicialmente, satisfazendo os requisitos; • Monitoramento e Controle: objetivam acompanhar, analisar e controlar o avanço do Projeto, identificar os ajustes necessários e iniciar tais mudanças; • Encerramento: realizado para a conclusão e o encerramento formal do Pro- jeto, fase ou contrato. As áreas de conhecimento do Projeto serão melhores detalhadas nas demais Unidades desta Disciplina. 19 UNIDADE Introdução à Gestão de Projetos Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites A Aplicação do Modelo Diamante NTCR em um Projeto de TI de um Software de Coleta de Dados de um Equipamento de Corrosão Para conhecer melhor uma aplicação prática do Modelo “Diamante” NTPC. https://goo.gl/tjom7r Gestão de Projetos Assim Não Vai Sar Pé A reportagem disponível no link a seguir apresenta um panorama da Gestão de Projetos hoje no Brasil. https://goo.gl/kP1kaW Vídeos Quais as Etapas de Um Projeto COMPLETO de Engenharia Civil? Para compreender melhor todas as fases de um Projeto de Engenharia Civil. https://youtu.be/6YVSEproNgs Profissão: Gerente de Projetos O vídeo disponível no link a seguir apresenta alguns detalhes sobre a Profissão de Gestor de Projetos. https://youtu.be/NU5EmJIbDLA 20 21 Referências CÂMARA Brasileira da Indústria de Construção: Sala de Imprensa. Disponível em: <http://www.cbicdados.com.br/menu/sala-de-imprensa/sala-de-imprensa>. Acesso em: 25 abr. 2018. CARVALHO, Marly Monteiro de; RABECHINI JR, Roque. Fundamentos em Gestão de Projetos: construindo competências para gerenciar Projetos. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2015. 504p. DICIONÁRIO Online Michaelis. [S.l.]: Melhoramentos, 2018. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 23 abr. 2018. FIGUEIREDO, F. Constant; FIGUEIREDO, H. C. M. Dominando Gerenciamento de Projetos com MS PROJECT 2010. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2013. 568p. KEELING, R.; BRANCO, R. H. F. Gestão de Projetos: uma abordagem global, 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 286p. PMI. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PM- BOK®). Sexta edição. Project Management Institute, Inc. 2017 21