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1 Disciplina: Gestão de documentos Autores: M.e Tatiana Souto Maior de Oliveira Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa Revisão Ortográfica: Ana Carolina Oliveira Freitag Ano: 2018 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Tatiana Souto Maior de Oliveira Gestão de documentos 1ª Edição 2018 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA OLIVEIRA, Tatiana Souto Maior de. Gestão de documentos / Tatiana Souto Maior de Oliveira. – Curitiba, 2018. 35 p. Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa. Revisão Ortográfica: Ana Carolina Oliveira Freitag. Material didático da disciplina de Gestão de documentos – Faculdade São Braz (FSB), 2018. ISBN: 978-85-5475-184-5 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina A gestão de documentos é hoje uma das áreas fundamentais para o sucesso operacional e estratégico das empresas, já que os documentos são em sua essência informação e a informação é o insumo do conhecimento. Destacada a importância, percebe-se que a maioria das empresas têm uma quantidade grande de informações em forma de documentos, entretanto existe uma carência muito grande de gestão dos mesmos. Nesta disciplina serão estudadas análises de gestão de documentos, seus fundamentos principais e a arquivologia e a tecnologia da informação. 6 Aula 1 - A ciência da informação Apresentação da aula 1 Nessa aula será estudado o conceito de ciência da informação, analisando sua construção teórica e prática, sua evolução e tendências. Será apresentada uma retrospectiva desde sua origem até o conceito atual, que envolve a gestão de documentos, tecnologia e conhecimento. 1.1 A ciência da informação: evolução e tendências atuais Nos dias atuais quando se deseja obter alguma informação sobre um determinado assunto, de maneira muito simples acessa-se a internet e a partir da pesquisa de uma única palavra consegue-se visualizar uma série de documentos correlacionados a essa palavra. Tudo isso parece simples, mas entender como chegou-se até isso requer uma análise da evolução da ciência da informação, que remota as origens de civilização humana. A partir do momento em que os seres humanos dominam a escrita, independentemente da língua e formato, começou-se a formalizar e “documentar” seus conhecimentos. Na medida em que o volume desses documentos começa a crescer é possível pensar em ciência da informação. Qualquer tentativa de fazer um histórico da Ciência da Informação precisa necessariamente recuar no tempo até a ação humana de produzir registros materiais de seus conhecimentos – ação essa que está na origem mesma da formação da cultura humana. É com essa ação que surgem, num primeiro momento, os documentos (aqui entendidos em sentido muito amplo, como manuscritos literários, registros administrativos, selos, mapas, esculturas, etc.), instituições dedicadas a salvaguardá-los (que deram origem ao que atualmente são os arquivos, as bibliotecas e os museus) e regras para organizar esses documentos. (ARAÚJO, 2013, p.2) A grande questão relacionada a ciência da informação e a gestão de documentos é a importância e valor da informação. A informação deve ser vista, antes de mais nada, como um instrumento de poder. 7 O documento, ou ainda a informação registrada, sempre foi o instrumento de base do registro das ações de todas as administrações, ao longo de sua produção e utilização, pelas mais diversas sociedades e civilizações, épocas e regimes. Entretanto, basta reconhecer que os documentos serviram e servem tanto para a comprovação dos direitos e para o exercício do poder, como para o registro da memória. (INDOLFO, 2007, p. 29) Assim a ciência da informação surge como evolução da necessidade de se estruturar os conhecimentos construídos pela humanidade. Ela tem como base uma série de áreas e setores, sendo que em um primeiro momento a ciência da informação estava relacionada ao controle e preservação de obras que carregavam o conhecimento em si. Segundo Araújo (2013): É com essa ação que surgem, num primeiro momento, os documentos (aqui entendidos em sentido muito amplo, como manuscritos literários, registros administrativos, selos, mapas, esculturas, etc.), instituições dedicadas a salvaguardá-los (que deram origem ao que atualmente são os arquivos, as bibliotecas e os museus) e regras para organizar esses documentos. (ARAÙJO, 2013, p.2) No livro e filme O nome da rosa de Humberto Eco, que se passa na Idade Média, esse cenário fica claro pelo cuidado dos monges com as obras sob custódia do mosteiro. Nessa época percebe-se que o foco da ciência da informação era basicamente o cadastramento e catalogação bibliográfica dos documentos existentes. Um dos grandes marcos desse momento da ciência da informação foi a I Conferência Internacional de Bibliografia. I Conferência Internacional de Bibliografia. Criaram, a seguir, o Instituto Internacional de Bibliografia (IIB). O objetivo dos dois era a construção de um grande movimento cooperativo, em nível planetário, para que fosse estabelecida uma espécie de “inventário” de toda a produção humana de conhecimento registrado. (ARAÚJO,2013, p.5) Na sequência percebe-se um esforço já no sentido de obtenção do conhecimento, ou seja, era necessário para que esse pudesse ser usufruído e ter o controle de onde esse conhecimento/documento estava fisicamente. Dessa forma começa a ser possível o início de um compartilhamento do conhecimento. 8 O que a documentação propôs foi uma outra linha de ação, uma outra frente de trabalho, composta por uma gigantesca rede de registros destes acervos custodiados nas instituições. Mais do que “ter” o documento, interessava aos pesquisadores envolvidos com a documentação promover uma listagem, um registro de “onde” poderia estar cada um dos documentos produzidos pelos seres humanos. (ARAÚJO, 2013, p.5) A evolução desse processo é formalizada pela biblioteconomia, que além de registrar e localizar os documentos, tinha foco no atendimento aos usuários. Contudo, no seio dela, havia uma crescente incompatibilidade entre aqueles bibliotecários voltados para as bibliotecas públicas, atendimento ao público em geral e papel educativo da biblioteca, de um lado, e aqueles mais preocupados com o atendimento a cientistas de áreas específicas do conhecimento, voltados para o incremento dos procedimentos e serviços de tratamento técnicos dos documentos. (ARAÚJO, 2013, p.5) Focado na disseminação dos conhecimentos, o movimento de Science services buscava facilitar o compartilhamento de conhecimentos na área científica, sendo mais importante do que se saber onde está um documento é compartilhá-lo. Sobre o Science services, Araújo (2013) ressalta: O terceiro fenômeno importante foi a atuação que diversos cientistas começaram a desempenhar nas décadas de 1920 a 1940, primeiro na Inglaterra, depois nos Estados Unidos e em outros países, de prover seus demais colegas de informação em suas respectivas áreas de atuação – os chamados science services. Alguns químicos, físicos, engenheiros e outros cientistas começaram a se dedicar ao trabalho de elaborar índices, resumos, promover canais de disseminação, de forma a facilitar a agilizar o trabalho de seus pares. Depois de algum tempo, eles começaram a designar a si mesmos cientistas da informação. (ARAÚJO, 2013, p.5) Nesse ponto a ciência da informação começa a ser influenciada pela tecnologia e a partir desse momento a ciência da informação começa a extrapolar a dimensão física até então abordada e concentra-se na informação em si. Nesse sentido, Araújo (2013) aponta que: Seu progressivo uso foi pouco a pouco conduzindo a uma reflexão sobre a possibilidade de dissociação entre o suporte físico da informação e o seu conteúdo, na medida em que o conteúdo de um livro ou outro documento impresso poderia ser microfilmado e, portanto, preservado (e também utilizado e disseminado) de forma independente do documento original. (ARAÚJO, 2013, p.8) 9 O fato é que a tecnologia aumenta as possibilidades de acesso, de guarda, de compartilhamento justamente pelo desprendimento da materialidade (ARAÚJO, 2013). A partir do momento em que a ciência da informação começa a se concentrar no conteúdo informacional, começa-se a perceber a união de duas áreas: a informação e comunicação. Isso ocorre por meio da Teoria Matemática da Comunicação, que segundo Araújo (2013): Teoria Matemática da Comunicação, publicada em 1949, de autoria de Claude Shannon e Warren Weaver. Tal teoria desenvolveu, pela primeira vez, um conceito científico de informação, preparando o terreno para o surgimento de uma disciplina dedicada a esse objeto. (ARAÚJO, 2013, p. 8) Teoria matemática da comunicação Fonte:http://www.comuniqueiro.com/media/W1siZiIsIjIwMTYvMTAvMDIvMDFfMDRfMz ZfNzc0X2ZpbGUiXV0.png Sob a abordagem tecnológica e comunicacional, segundo Araújo (2013), a ciência da informação analisa: Em primeiro lugar, uma preocupação não com a custódia, a posse de documentos, mas com a sua circulação, sua disseminação, a promoção de seu uso da maneira mais produtiva possível. Depois, o foco não propriamente nos documentos (registro físico) mas em seu conteúdo ou, dito de outro modo, na informação contida nos documentos. (ARAÚJO,2013, p. 8) . 10 Evolução da Ciência da Informação Fonte: Elaborado pela autora (2018). Segundo Fonseca (2015), ciência da informação: Ciência que investiga as propriedades e o comportamento da informação, as forças que governam o fluxo de informação e os meios de processar a informação para ótima acessibilidade e uso. O processo inclui a origem, a disseminação, a coleta, a organização, o armazenamento, a recuperação, a interpretação e o uso da informação. O campo está relacionado com matemática, lógica, linguística, psicologia, tecnologia da computação, pesquisa operacional, artes gráficas, comunicação, biblioteconomia, administração e algumas outras áreas. (FONSECA, 2015, p.15) Com base no que foi exposto anteriormente, pode-se identificar três grandes características da ciência da informação: Fonte: Elaborado pela autora (2018). 11 O aspecto interdisciplinar se dá pelo fato de que não só a formação da área, mas o dia a dia da ciência da informação envolve uma série de áreas e teorias distintas. É vista enquanto ciência moderna já que estuda uma série de fenômenos não concretos, ou seja, seu objeto de estudo é extremamente novo. De maneira simples, a caracterização da ciência da informação enquanto ciência humana e social se dá pelo fato de que desde a geração até o uso da informação, são necessárias pessoas no processo. Tendo como base o foco na informação, a ciência da informação abre caminho para novos estudos. Tendências contemporâneas Fonte: Elaborado pela autora (2018). Essas novas áreas de pesquisa e atuação da ciência da informação sinalizam um desafio, que consiste na adaptação dessa ao novo contexto informacional marcado pelo ambiente virtual. A virtualidade traz um contexto informacional onde o espaço e o tempo perdem seus conceitos tradicionais para assumir uma nova equação. Agora o espaço já não tem mais relevância, pois não existem mais fronteiras e a equação temporal hoje é online. Frente a esse novo contexto, o processo de busca e entrega de informações sofrem uma alteração significativa e se apoiam na tecnologia. Um bom exemplo disso são as bases científicas internacionais, onde pode-se realizar buscas de documentos de qualquer parte do mundo e quase 12 que imediatamente consegue-se localizar e visualizar uma grande quantidade de artigos científicos, independentemente da origem desses. Ví deo Assista ao filme O nome da rosa, que retrata o trabalho de gestão de documentos na idade média, correlacionado com o poder que a informação tem. Assista o trailer no link: https://www.youtube.com/watch?v=UUaR9YIxpwE Resumo da aula 1 Nessa aula foi estudado o conceito da ciência da informação, foi conhecida a Teoria Matemática da Comunicação, e ainda a evolução da Ciência da Informação e suas tendências contemporâneas. Atividade de Aprendizagem Com base no contexto estudado nessa aula, qual é o grande desafio da ciência da informação? Aula 2 – Princípios e teorias de arquivologia Apresentação da aula 2 Nesta aula serão estudados os conceitos e fundamentos da arquivologia, que é uma das áreas correlatas a gestão de documentos, com bases e fundamentos para a implementação da gestão de documentos nas organizações. 13 2.1 Arquivologia Desde os primórdios da humanidade a informação vem sendo um item de grande importância para a sobrevivência não só das organizações, mas também das civilizações. Com o aumento do volume das informações e a diversidade de formatos, houve a necessidade de se criar métodos que permitissem a organização dessas informações e esse é justamente o objetivo da arquivologia. Com o aumento da informação armazenada surge a arquivologia, que segundo Malverdes (2015, p. 5) “é a disciplina que estuda as funções do arquivo e os princípios e técnicas a serem observado na produção, organização, guarda, preservação e utilização dos arquivos”. Ao contrário do que a grande maioria da população pode pensar, a arquivologia não se resume a arquivamento de documentos, sendo seu papel muito mais amplo do que isso. De maneira simples pode-se dizer que ela é responsável pelo estudo e entendimento das informações contidas nos documentos, com a finalidade máxima de que a informação armazenada no documento possa ser compartilhada posteriormente. Nesse ponto percebe-se que os objetos de estudo da arquivologia são os documentos existentes em uma organização, assim é importante nesse momento definir o que vem a ser e como é composto o documento. Segundo Barbosa (2015) um documento contém: Toda informação registrada em um suporte material, suscetível de ser utilizada para consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem em determinada época ou lugar. (BARBOSA, 2015, p. 6) Segundo o autor, a informação é o conjunto de dados (processados ou não) que podem ser manipulados e organizados para gerar conhecimento. Toda a informação é transmitida por meio de um suporte que é de maneira simples: qualquer meio utilizado para gravar informação. 14 Relação dos conceitos básicos de documento Fonte: Elaborado pela autora (2018). É inimaginável a quantidade de tipos de documentos existentes nas organizações. Cada tipo de documento pede um tratamento distinto, desse modo a arquivologia não é tão simples assim. Para que seja possível a gestão de documentos sob a ótica da arquivologia, foram criadas regras que devem ser compreendidas e seguidas para que a gestão funcione de maneira satisfatória. 2.2 Teoria das Idades O primeiro passo para gerenciar documentos é entender a frequência de uso do mesmo. A razão é simples, quanto mais frequente for um determinado documento, mas acessível esse deve estar. Dessa forma a “idade” de cada documento deve determinar onde e como ele deve ser armazenado, considerando o uso do mesmo. Nesse sentido, em 1972 foi criada a Teoria das idades, que tinha primeiramente que conscientizar os arquivologistas de que os documentos não são simplesmente arquivos mortos, mas que tem uma vida própria e classificou os documentos quanto a sua aplicação e destinação. A teoria das idades classifica os documentos em três grandes blocos, conforme a tabela abaixo: Tabela 2.1 - Classificação dos documentos quanto à idade: Idade Descrição Corrente São classificados como estreitamente vinculados aos seus fins imediatos, o que pode ser determinado pela sua produção, de acordo com uma vigência pré- estabelecida e caracterizada pela frequência com que os documentos são consultados. Informação Suporte Documento + = 15 Intermediária É um conjunto de documentos originários de arquivo corrente, composta pelos documentos com baixa frequência de uso ou documentos que aguardam cumprimentos de prazos de prescrição ou precaução no arquivo destinado à guarda temporária. Permanente Constitui-se de documentos produzidos em geral há mais de 25 anos pelas instituições públicas ou privadas e é composta por documentos preservados em caráter definitivo, em razão de seu valor histórico, testemunhal, legal, probatório e científico-cultural. Fonte: Elaborada pela autora (2018). Essa classificação é importante, pois é a partir dela que se determina o tipo de arquivamento que será utilizado para cada tipo de documento. Vale ressaltar que mesmo quando um arquivo já é classificado como permanente, não se deve excluí-lo do acervo, mas sim, alocá-los em um armazenamento mais barato, mas que quando necessário, seja possível o resgate. 2.3 Princípios da proveniência Um dos grandes problemas da arquivologia se refere à busca de documentos. Uma das possibilidades de facilitar esse processo é o princípio da procedência, que estrutura o arquivamento dos documentos conforme a sua proveniência, agrupando em um mesmo lugar os documentos que tem uma mesma origem. Segundo Barbosa, Malverdes (2015) o princípio da proveniência tem duas grandes abordagens: Primeira: os arquivos de uma mesma proveniência (instituição ou pessoa legitimamente responsável por sua produção, acumulação ou guarda de documentos) não devem ser mesclados (misturados a outros de origem distinta) e segundo: devem ser mantidos segundo a sua ordem original. O princípio da ordem original é um desdobramento do princípio de respeito aos fundos ou da proveniência, tanto que os estudiosos canadenses o intitulam como o segundo grau da proveniência. (MARVERDES, 2010, p. 10) 16 O princípio da proveniência é uma nova abordagem no que se refere a arquivos, pois a abordagem tradicional da arquivologia estabelece que os documentos sejam arquivados por temática e não por origem ou autoria. O importante é analisar os objetivos de arquivamento, no caso de uma biblioteca se buscam não só o documento, mas as temáticas. Já no caso de uma empresa o desafio é encontrar um documento específico, desse modo, agrupar os documentos por proveniência acaba sendo mais efetivo. 2.4 Profissional de arquivo A profissão de arquivista não é algo novo, ele tem como base o próprio surgimento da ciência da informação, sendo em um primeiro momento representada por todo aquele profissional que em algum momento realizava a análise e armazenamento dos documentos existentes nas instituições, independentemente de sua formação. Nos primeiros relatos sobre o que deveria ser a Ciência da Informação havia a crítica ao bibliófilo, ao bibliotecário erudito, ao historiador atuante nos arquivos – a crítica de que tais profissionais focavam-se no “conteúdo” das obras, na instituição custodiadora, em vez de se preocuparem em promover a disseminação, a circulação e o efetivo uso das obras custodiadas. (ARAÚJO, 2013, p. 3) Vocabula rio Bibliófilo: Colecionador ou amador de livros. Fonte: https://www.priberam.pt/dlpo/bibli%C3%B3filo O terceiro fenômeno importante foi a atuação que diversos cientistas começaram a desempenhar nas décadas de 1920 a 1940, primeiro na Inglaterra, depois nos Estados Unidos e em outros países, de prover seus demais colegas de informação em suas respectivas áreas de atuação – os chamados science services. Alguns químicos, físicos, engenheiros e outros cientistas começaram a se dedicar ao trabalho de elaborar índices, resumos, promover canais de disseminação, de forma a facilitar a agilizar o trabalho de seus pares. Depois de algum tempo, eles começaram a designar a si mesmos cientistas da informação. (ARAÚJO, 2013, p. 7) 17 Atualmente, de acordo com a Lei nº 6.546, de 4 de julho de 1978, são atribuições dos Arquivistas: LEI Nº 6.546, DE 4 DE JULHO DE 1978 Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 6.546, DE 4 DE JULHO DE 1978 Regulamento Dispõe sobre a regulamentação das profissões de Arquivista e de Técnico de Arquivo, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 2º - São atribuições dos Arquivistas: I - planejamento, organização e direção de serviços de Arquivo; II - planejamento, orientação e acompanhamento do processo documental e informativo; III - planejamento, orientação e direção das atividades de identificação das espécies documentais e participação no planejamento de novos documentos e controle de multicópias; IV - planejamento, organização e direção de serviços ou centro de documentação e informação constituídos de acervos arquivísticos e mistos; V - planejamento, organização e direção de serviços de microfilmagem aplicada aos arquivos; VI - orientação do planejamento da automação aplicada aos arquivos; VII - orientação quanto à classificação, arranjo e descrição de documentos; VIII - orientação da avaliação e seleção de documentos, para fins de preservação; IX - promoção de medidas necessárias à conservação de documentos; X - elaboração de pareceres e trabalhos de complexidade sobre assuntos arquivísticos; XI - assessoramento aos trabalhos de pesquisa científica ou técnico-administrativa; XII - desenvolvimento de estudos sobre documentos culturalmente importantes. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6546.htm Dessa forma percebe-se que a função do arquivista é muito mais do que simplesmente arquivar documentos, mas sobretudo, a gestão de todo o processo de documentação das empresas. 2.5 Legislação arquivística Os documentos estão presentes em todas as organizações, mas pode-se dizer que nas organizações públicas o volume de informações que são http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.546-1978?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.546-1978?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D82590.htm 18 armazenadas em formato de documentos é muito maior do que nas organizações privadas, desse modo, nessas instituições a gestão de documentos acaba sendo muito mais relevante. A Lei nº 8159 em seu artigo 1º estabelece que: LEI No 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991 Regulamento Vide Decreto nº 4.553, de 27.12.02 Dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º - É dever do Poder Público a gestão documental e a proteção especial a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e informação. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8159.htm Vale ressaltar que são considerados documentos que devem ser arquivados conforme a mesma lei: Documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos. (BRASIL, 1991) E no âmbito da gestão pública: Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias. [...] São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades. (BRASIL, 1991) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4073.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4553.htm#art69 19 Ainda nesse sentido, a lei estabelece que: Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda, e acompanhar e implementar a política nacional de arquivos (BRASIL, 1991). Vale a ressalva que os documentos são gerenciados por instituições federais, estaduais, municipais e do distrito federal. Além dos arquivos públicos, a gestão de documentos nas instituições públicas também pode abranger arquivos privados quando os mesmos forem considerados de interesse público. Nesse contexto os arquivos privados são entendidos como o “conjunto de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas atividades” (BRASIL, 1991). No que se refere ao acesso aos documentos públicos ou privados considerados de interesse público: Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, contidas em documentos de arquivos, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, bem como à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. (BRASIL, 1991) Resumo da aula 2 Nessa aula estudaram-se os princípios e teorias da arquivologia, como os conceitos básicos de documentos e a teoria das três idades, classificando os documentos como correntes, intermediários e permanentes, facilitando os arquivamentos desses nas instituições. Foi estudado ainda o princípio da proveniência e as legislações arquivísticas. 20 Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a teoria das três idades, como ela funciona de acordo com o grau de importância de arquivamento de documentos. Aula 3 – Gestão de documentos: princípios, processos e produtos Apresentação da aula 3 Nesta aula serão analisados os detalhes do processo de gestão de documentos. Será iniciado com seus conceitos fundamentais, bem como a classificação e características dos documentos e finalizado com o processo de gestão de documentos em si. 3.1 Conceito Quando se fala em gestão de documentos é comum pensar em um processo de localização e armazenamento de documentos, entretanto ela é muito mais que isso. Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991: A gestão de Documentos é o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente ou intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. (BRASIL, 1991) Para efetivamente gerenciar os documentos de uma organização, a gestão de documentos se apoia em várias teorias, como a ciência da informação, a arquivologia, a biblioteconomia entre outras. Nesse sentido, segundo Santos (2002) apud Freiberger (2012, p.15) a gestão de documentos “está diretamente ligada com o uso de técnicas arquivísticas, que facilitam a localização, o acesso a informações, o relacionamento com outros documentos e evitam perdas, prazos e acúmulo de documentos desnecessários”. 21 Na prática, essa área é responsável por: Organizar a produção, administração, gerenciamento, manutenção e destinação dos documentos de modo eficiente; Agilizar a eliminação de documentos que não tenham valor administrativo, fiscal, legal, histórico e/ou científico; Assegurar o acesso à informação governamental quando e onde se fizer necessária ao governo e aos cidadãos; Garantir a preservação e o acesso aos documentos de caráter permanente. (FREIBERGER, 2012, p. 17) O que se pode perceber é que para que seja possível a gestão de documentos é necessário que haja um conhecimento profundo não só sobre o aspecto documental, mas, sobretudo, com relação ao valor da informação para as organizações. 3.2 Características um de documento O primeiro passo para que a gestão de documentos seja alcançada nas organizações é saber quais são as características de cada documento. Tabela 3.1- Características dos documentos Característica Descrição Suporte Diz respeito ao material sobre o qual as informações são registradas. É a base física dos documentos. Exemplo: fita magnética, filme de nitrato, papel. Formato Configuração física de um suporte, de acordo com a natureza e o modo como foi confeccionado. Exemplo: caderno, cartaz, dispositivo, folha, mapa, planta, rolo de filme, etc. Gênero Configuração que assume um documento de acordo com o sistema de signos utilizado na comunicação de seu conteúdo. Exemplo: documentação audiovisual, (fotos) fonográfica (representação gráfica das palavras) iconográfica (imagens). 22 Espécie Configuração de um documento de acordo com a disposição e a natureza das informações nele contidas. Exemplo: boletim, certidão, declaração, relatório, ata. Tipo Configuração que assume uma espécie documental, de acordo com a atividade que a gerou. Exemplo: boletim de ocorrência, boletim de frequência e rendimento escolar, certidão de nascimento, certidão de óbito, relatório de atividades, relatório técnico, etc. Fonte: Adaptado de Freiberger (2012, p. 17). É a partir da identificação de cada uma dessas características que se pode determinar qual o esforço e o método necessário para se realizar a gestão documental. 3.3 Classificação de documentos Após o entendimento das características de cada documento é possível realizar a classificação dos mesmos. Na opinião de Rosseau e Couture (1998) apud Freiberger (2012) A classificação consiste em organizar os documentos produzidos e recebidos pela organização no exercício de suas atividades, de forma a constituir-se em um referencial para a sua recuperação. O código de classificação de documentos de arquivo é um instrumento de trabalho utilizado para classificar todo e qualquer documento produzido ou recebido por um órgão no exercício de suas funções e atividades. (FREIDBERGER, 2012, p. 19) A classificação dos documentos é necessária para que seja possível um arquivamento dos documentos de forma estruturada, podendo ser feita a recuperação dos mesmos conforme as necessidades das organizações. O tipo de classificação que será utilizada irá depender da necessidade do usuário, assim, de maneira geral, há dois tipos de classificações possíveis. 23 Tabela 3.2 – Possíveis classificações dos documentos: Classificação Descrição Por assunto Objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento. Funcional É a representação lógica das funções, subfunções e atividades do organismo produtor. Por isso, ela independe da estrutura e de suas mudanças no decorrer do tempo. A classificação funcional é a mais apropriada para órgãos públicos do Poder Executivo que sofrem frequentes alterações em sua estrutura, de acordo com as injunções políticas. Apesar de mais complexa, a classificação funcional é mais duradoura. Fonte: Adaptado de Freiberger (2012, p.19). Vale ressaltar que cada vez mais os usuários buscam informações específicas, assim a classificação torna-se mais importante que nunca, e deve ser tratada sob a ótica informacional. 3.4 Avaliação dos documentos No processo de gestão de documentos o entendimento do valor de cada documento/informação é determinante para que seja possível o devido gerenciamento dos mesmos. A identificação do valor de cada documento ocorre por meio da avaliação. Segundo Freiberger (2012): Consiste basicamente na análise e identificação dos valores dos documentos para a definição de seus prazos de guarda e destinação. Esta análise é feita com base nos usos administrativos, legais, fiscais ou históricos e na relação orgânica com os demais documentos do fundo a que pertence. A classificação e avaliação representam atividades significativas para o perfeito arquivamento dos documentos. (FREIBERGER, 2012, p. 17) 24 A avaliação dos documentos deve ser realizada não somente a partir de uma referência numérica ou temática, mas sim, como já foi dito anteriormente, com base no usuário, ou seja, com base na necessidade de uso das informações contidas nos documentos. O principal resultado da avaliação dos documentos é a estruturação de uma tabela da temporalidade dos documentos. Nela é possível descrever as características dos documentos e o tempo de armazenamento de cada um deles. Segundo Bernardes e Delatorre (2008) a Tabela de Temporalidade de Documentos de Arquivo: Resulta da atividade de avaliação, que define prazos de guarda para os documentos em razão de seus valores administrativo, fiscal, jurídico-legal, técnico, histórico, autoriza a sua eliminação ou determina a sua guarda permanente. (BERBARDES e DELATORRE, 2008, p. 48) Tabela 3.3 – Tabela de temporalidade. Prazos de guarda (em anos) Destinação Observações Atividades Docu- mento. Unida- de produ- tora Unidade com atribui- ções de arquivo Elimi- nação Guarda perma- nente Controle da contabili- dade Guia de reco- lhimento do Finsocial. Conta- bilida- de. Decreto Lei Federal nº 2.049/83. Avaliação e destinação da necessi- dade de documen- tos Tabela de tempo- ralidade de docu- mentos. Gestão de docu- mentos Fica na unidade enquanto estiver vigente e não se elimina. Fonte: Adaptado de Bernardes; Delatorre (2008,p. 48). Segundo Freiberger (2012, p.29) essa tabela pode ser um pouco mais simples, como se pode ver na tabela abaixo: 25 Tabela 4 – Temporabilidade segundo Freiberger (2012): Fonte: Adaptado de Freiberger (2012, p.29). 3.5 Processo documental Como pôde-se perceber, a gestão de documentos envolve uma série de atividades que permeiam desde a origem/criação desses documentos até a sua destinação final. Assim, segundo Bernardes; Delatorre (2008, p. 9) o processo de gestão de documentos pode ser dividido nas seguintes atividades. Produção de documentos – elaboração padronizada de tipos/séries documentais, implantação de sistemas de organização da informação e aplicação de novas tecnologias aos procedimentos administrativos. Utilização dos documentos - inclui todas as atividades de Protocolo (recebimento, classificação, registro, distribuição, tramitação e expedição), todas as atividades de Arquivo (organização e arquivamento, reprodução, acesso à documentação e recuperação de informações) e a gestão de sistemas de protocolo e arquivo, sejam eles manuais ou informatizados. Destinação de documentos - inclui uma das atividades mais complexas da gestão de documentos que é a avaliação. A avaliação se desenvolve a partir da classificação dos documentos produzidos, recebidos e acumulados pelos órgãos públicos ou empresas privadas, com vistas a estabelecer seus prazos de guarda e sua destinação final, garantindo a preservação de documentos de guarda permanente e a eliminação criteriosa de documentos desprovidos de valor probatório e informativo. Tramitação - estudo das instâncias de decisão, padronização e controle do fluxo documental (workflow). Organização e arquivamento – de acordo Com os critérios definidos no Plano de Classificação. 26 Reprodução – Duas razões para a reprodução: 1. reprodução visando a preservação do documento original de guarda permanente e, 2. reprodução visando a substituição do documento em papel pelo microfilme. O documento em papel de guarda temporária poderá ser eliminado e o microfilme deverá ser preservado pelo prazo indicado na Tabela de Temporalidade de Documentos de Arquivo. Classificação – recupera o contexto de produção dos documentos, isto é, a função e a atividade que determinou a sua produção e identifica os tipos/séries documentais. Avaliação – trabalho multidisciplinar que consiste em identificar valores para os documentos e analisar seu ciclo de vida, com vistas a estabelecer prazos para sua guarda e destinação (eliminação ou guarda permanente). (BERNARDES e DELATORRE, 2008, p. 9) Para que a gestão de documentos ocorra é necessário um esforço muito grande de planejamento a partir de uma análise documental contextualizada. Atividade de Aprendizagem Com base no contexto estudado, qual deve ser a base para todo o planejamento e gestão dos documentos e qual a importância da análise documental? Aula 4 – Gestão eletrônica de documentos Apresentação da aula 4 Nesta aula será estudado o uso da tecnologia da informação como suporte para a gestão de documentos. Dessa forma serão vistos o conceito e a evolução da tecnologia da informação nas organizações, na sequência será conceituada a gestão eletrônica de documentos, identificando suas vantagens e processos. Finalizando, será analisado o conceito de Enterprise Content Management (ECM). 27 4.1 Tecnologia da informação Com o aumento do volume de informações nas organizações, as teorias oriundas da teoria da informação e da arquivologia sozinha já não conseguem equacionar as necessidades das empresas. Em paralelo a esse cenário, percebe-se que ocorre a evolução da tecnologia das informações, que paulatinamente começa a fazer parte do dia a dia das organizações. Nesse sentido, segundo Silva e Lima (2012,112): Com o aumento no uso de computadores pelas organizações, o número de dados gerados pelas mesmas vem aumentando significativamente e seu armazenamento, na maioria das vezes, é realizado de forma dispersa e sem controle, fazendo com que se tenham processos ineficientes. É necessário organizar estes dados e analisar quais realmente são úteis e cogentes à empresa. (SILVA e LIMA, 2012, p. 112) Assim o estudo de como a tecnologia pode ajudar no processo de gestão de documentos é uma nessa área de estudo. A capacidade de integração de informações somada as linkagens entre dados permitiu a criação e migração de aplicações que antes só funcionavam dentro de cada unidade organizacional, agora é possível que uma empresa funcione de forma descentralizada sem comprometer a operacionalização de seu negócio. A viabilidade tecnológica de se acessar informações de qualquer ponto do globo de maneira fácil e rápida permitiu o desenvolvimento das organizações em termos de abrangência. O desenvolvimento das TIC’s permitiu a integração de processos interorganizacionais fazendo com que a questão espacial não fosse mais um limitador operacional, mas sim uma oportunidade a ser explorada. O cenário de integração e informação só evolui com o advento do uso de dispositivos móveis, a mobilidade informacional é agora potencializada, o que proporciona uma flexibilidade antes inimaginável aos negócios. Hoje praticamente qualquer pessoa pode independentemente de onde esteja, continuar operacionalizando seus negócios. Entretanto apesar de toda a potencialidade que as TIC’s trazem às organizações, existe a necessidade de se rever estruturas organizacionais 28 consolidadas, para que se consiga usufruir dos benefícios da virtualidade, porém nem todas empresas estão preparadas. Questões como cultura e estrutura organizacional devem ser revistas profundamente para que a empresa consiga migrar, mesmo que parcialmente, para o ambiente virtual e esse processo não é fácil. Na prática quando uma empresa decide virtualizar seus processos, ela deverá rever seus modelos negociais como forma de se reinventar em um formato onde possa usufruir das vantagens do mundo eletrônico. 4.2 Gestão eletrônica de documentos (GED) De maneira simples, quando se fala em gestão eletrônica de documentos refere-se ao uso da tecnologia da informação no processo de gestão de documentos. Todo o processo e técnicas de gestão de documento são mantidas, o que se acrescenta agora são novos suportes para essa gestão. Segundo Freiberger (2012): Em um sistema de GED usa-se a Tecnologia da Informática para captar, armazenar, localizar e gerenciar versões digitais das informações, cuja finalidade é converter informações, normalmente encontradas em suportes convencionais (papel, fita), para a forma digital. (FREIBERGER, 2012, p. 72) Seguindo o mesmo raciocínio, Silva (2003, p. 38) afirma que: O GED é um sistema que converte informações em voz, texto ou imagem para a forma digital. Funciona com softwares e hardwares específicos que permitem a captação, o armazenamento, a localização e o gerenciamento das versões digitais das informações. (SILVA, 2003, p. 38) Ao pensar no processo de gestão eletrônica de documentos é importante deixar claro que todo o processo de análise e avaliação de documentação deve ser realizado e na sequência é possível converter os mais variados tipos de documentos, inclusive eletrônicos. Segundo Freiberger (2012, p.72): 29 No GED, os documentos em papel são preparados para serem digitalizados em scanners especiais. Após a digitalização, os documentos passam por uma conferência e depois são gravados em meios magnéticos ou ópticos. (FREIBERGER, 2012, p. 72) Quanto a temporalidade, o GED permite também aumentar a vida útil de um documento no que se refere à qualidade e capacidade de manutenção em função da dificuldade de manutenção de alguns documentos. O GED tem ainda como objetivo gerenciar o ciclo de vida das informações desde sua criação até o seu arquivamento. As informações podem, originalmente, estar registradas em mídias analógicas ou digitais em todas as fases de sua vida. Podem ser criadas, revisadas, processadas e arquivadas em papel. Podem ainda ser criadas em mídias eletrônicas, processadas a partir dessas mídias e arquivadas eletronicamente. (FREIBERGER,2012, p.72) Com relação aos benefícios do GED, Silva (2003) afirma que ele: Aumenta a produtividade, qualidade e agilidade nos processos de tráfego de informações e armazenamento de documentos digitais e eletrônicos em mídias de alta capacidade. Este processo é feito com a mais alta segurança e eficiência. (SILVA, 2003, p. 38) O mesmo autor destaca ainda que o GED permite: Segurança do acervo; Redução dos custos de área utilizada, de cópias e custos com pessoal; Controle da localização dos documentos; Proteção contra perda de documentos; Controle de acesso aos documentos; Conservação dos "originais"; Menos recursos de distribuição; Múltipla indexação; Padronização dos formatos, dos processos e da localização; Acesso à informação por múltiplos usuários, simultaneamente. As empresas públicas e privadas estão cada vez mais utilizando a gestão de documentos para melhorar seus processos documentais. Segundo SILVA 30 (2003, p.40-41) os principais motivos das empresas para utilizarem o gerenciamento eletrônico de documentos são: Necessidade de rápida visualização dos documentos, através de pesquisas por índices ou por acesso a palavras do documento; Eliminar espaço físico ocupado por arquivos com documentação interna e até mesmo externa da empresa; Garantia de integração com sistemas já existentes na empresa. Atualmente, a tecnologia permite a integração com diversas bases de dados, além de proporcionar a compatibilidade, por exemplo, com servidores de correio eletrônico, FAX e aplicações cliente/servidor; Necessidade de distribuição de documentação para diversos órgãos. Hoje, as mídias eletrônicas armazenam grandes quantidades de documentos, permitindo seu gerenciamento de forma remota; Segurança da informação contida nos documentos. A tecnologia garante a integridade das informações; Qualidade da documentação a ser pesquisada. A tendência do papel é de deteriorar, o que não acontece com as mídias atuais como o CD- ROM e disco óptico que possuem vida útil de até 30 anos. (SILVA, 2003, p. 40-41) Na prática o GED funciona da seguinte maneira: os documentos que não são digitais são digitalizados e armazenados em servidores e dessa forma eles podem ser recuperados a qualquer momento com facilidade. Fonte: SILVA (2003, p. 40-41). 31 4.3 Ferramentas de GED: Enterprise Content Management – ECM Segundo Meireles, Rochan e Cendón (2012, p.333): O Enterprise Content Management (ECM), traduzido como Gerenciamento de Conteúdo Corporativo, é definido como um conjunto de estratégias, métodos e ferramentas. Surgiu como uma técnica para suporte à gestão da informação no intuito de capturar, organizar e gerenciar conteúdos e documentos relacionados aos processos organizacionais. (Meireles, Rochan e Cendón, 2012, p. 333) Na mesma linha de raciocínio, Cruz (2002, p. 66) diz que o ECM é: Um grupo de ferramentas desenvolvidas para possibilitar a criação, editoração, coleta, organização, atualização e o acesso a múltiplos tipos de repositórios de conteúdo, com a finalidade de compartilhar conhecimento, independentemente de tempo e espaço. (CRUZ, 2002, p. 66) Dentre as principais tecnologias utilizadas pela gestão de documentos, pode-se destacar: Document Management (Gerenciamento de Documento); Document Imaging (Gerenciamento de Imagens); Workflow Management (Gerenciamento do Fluxo de Trabalho); COLD (Gravação Direta do Computador para Disco Ótico); COM (Microfilmagem de Informação gerada em Computador). Segundo Silva e Lima (2012, p. 113), com essas tecnologias podemos armazenar, localizar e recuperar informações durante todo ciclo de vida de um documento. Dentre os impactos organizacionais, o mesmo autor destaca o aprimoramento da colaboração interna e externa por meio do compartilhamento de conteúdo digital, a criação de uma imagem moderna da organização aos olhos dos investidores, a geração de uma memória organizacional e a redução de custos no processamento de informações (MEIRELES, ROCHA, CENDÓN,2012, p. 336). 32 Resumo da aula 4 Nesta aula foi estudada a gestão eletrônica de documentos (GED), com a tecnologia da informação (TI) e as Ferramentas de GED: Enterprise Content Management – ECM. Atividade de Aprendizagem Conforme estudado na aula, Quais as principais vantagens do gerenciamento de documentos? Cite exemplos dessas vantagens. 33 Resumo da disciplina A gestão de documentos é uma das áreas que vem se desenvolvendo cada vez mais pelo simples fato de que o volume de informações que são geradas diariamente pelas empresas é cada vez maior. Nesse sentido, essa área vem se tornando cada vez mais complexa devido a grande variedade e formato de documentos, relevando a importância da gestão de documentos nas empresas. Nesta disciplina estudou-se a parte teórica e prática da gestão de documentos, fazendo uma análise sob a óptica da ciência da informação no contexto organizacional. Estudaram-se ainda os principais fundamentos da gestão de documentos, apontando sua evolução e desafios, fazendo a interface dessa área com a arquivologia e a tecnologia da informação. Por fim contextualizou-se e exemplificou-se como funciona a gestão de documentos na era digital, sendo então possível a compreensão desses processos de informação dentro das organizações, sejam públicas ou privadas. 34 Referências ARAÚJO, Carlos Alberto Ávila. O que é ciência da informação? Inf. Inf., Londrina, v. 19, n. 1, p. 01 – 30, jan./abr. 2014. Disponível em: www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/download/15958/14205. Acesso em 25/04/2018. BARBOSA, Anderson Gomes, MALVERDES, André. Arquivologia para concursos : teoria, legislação e questões, 2015. BERNARDES, Ieda Pimenta; DELATORRE, Hilda (Coordenação) Gestão Documental Aplicada. São Paulo: Arquivo Público do Estado de São Paulo, 2008. BRASIL, Lei nº 6.546, de 4 de julho de 1978. Regulamentação das profissões de Arquivista e de Técnico de Arquivo. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cCIVIL_03/LEIS/L8159.htm>. BRASIL, Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991. Política nacional de arquivos públicos e privados. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cCIVIL_03/LEIS/L8159.htm>. Acesso em 28/04/2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos Administrativos. Manual de gestão de documentos: metodologia de arquivo / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Subsecretaria de Assuntos Administrativos. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. FONSECA, Maria Odila. Arquivologia e ciência da informação. Editora FGV, 2015. FREIBERGER, Zélia. Gestão de Documentos e Arquivística. IFPR, 2012. INDOLFO, Ana Celeste. Gestão de documentos: uma renovação epistemológica no universo da Arquivologia. Arquivística.net. v. 3, n. 2, 2007. Disponível em: Acesso em: 08 maio 2017. MEIRELES, M. R. G. A.; ROCHA, D. M.; CENDÓN, B. V. Avaliação da implantação de uma tecnologia para gerenciamento de documentos como ferramenta do processo de gestão da informação. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 17, n. 2, 2012. Disponível em: <http://www.brapci.inf.br/v/a/12003>. Acesso em: 01 Maio 2018. PONCE KOCHANI, Ardala; CASARI BOCCATO, Vera Regina; POLSINELLI RUBI, Milena. Política de indexação para clippings: otimização do tratamento temático em coordenadorias de comunicação social brasileiras. Rev. Interam. Bibliot, Medellín , v. 35, n. 3, p. 257-273, Dec. 2012 . Available from <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120- 09762012000300002&lng=en&nrm=iso>. 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Revista Inicia, n. 3 Santa Rita do Sapucai: FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação, 2003. Diponível em: http://www.fai- mg.br/biblio/images/publicacoes/Inicia/INICIA_2003.pdf#page=38. Acesso em 01/05/2018. MALVERDES, A. Uso da Ferramenta Atom no processo de Descrição Arquivística. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquivologia) - Universidade Federal do Espírito Santo. MALVERDES, A. ; LOPEZ, A. P. A. ; MADIO, T. C. C. Simpósio Imagens em Unidades da Informação. 2015. (Congresso). Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). 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