Prévia do material em texto
CURSO GESTÃO DE COMPORTAMENTOS INAPROPRIADOS Material de Estudo - PARTE 1 SUGESTÃO DE TÍTULO: Como lidar com a Birra na perspectiva da neurociência e gestão de comportamentos inapropriados – para pais e profissionais Professora Responsável: Psicopedagoga Jéssica Cavalcante www.institutoneuro.com.br GESTÃO DE COMPORTAMENTOS INAPROPRIADOS Curso com carga horária de horas. Elaborado e ministrado por Jéssica Cavalcante. Disponível em www.institutoneuro.com.br O QUE É BIRRA? • Birra se trata de um comportamento “imaturo” e passageiro expressado pela criança, sendo uma atitude intencional. São episódios de comportamentos extremos e por vezes agressivos, que acontecem em resposta à frustração ou raiva. São semelhantes a eventos de fúria. • Os comportamentos observados são desproporcionais à situação e incluem chorar, gritar, ficar mole, se debater, prender a respiração, jogar objetos, empurrar, morder, puxar a roupa, dentre outros. • Os principais gatilhos de birras são: frustração, fome, fadiga, impedimento, contrariedade, chamar a atenção, quando não atendida, quando tiram algo que desperta interesse, etc. Algumas crianças aprendem que birras são uma maneira eficaz de conseguir o que querem ou evitar o que não querem e as fazem com essa finalidade, ou seja, é usada como estratégia, já que a criança está querendo algo que lhe foi negado e se sente frustrada. Dessa forma a criança ganha atenção e continua com o comportamento. Ela entende que está recebendo atenção por isso, sendo bem provável repetir o comportamento depois em outro momento para conseguir atingir o mesmo objetivo. • O ataque de birra começa muito antes dos berros e do choro. Geralmente começa com uma manha, um pedido que não pode ser realizado, ou por conta do sono e cansaço. • Após o episódio de birra há completa normalização do humor e do comportamento e a criança não apresenta nenhuma alteração entre os episódios. A frequência, gravidade e duração dos eventos diminuem naturalmente conforme o crescimento da criança e faz parte do comportamento normal na infância sendo igualmente comum em meninos e meninas. • As crianças entre 18 e 60 meses ainda não desenvolveram mecanismos para lidar com emoções fortes e têm sentimentos conflitantes. O cérebro de uma criança na primeira infância ainda não se desenvolveu por inteiro, além dela não dominar completamente a linguagem verbal. Por isso, elas não conseguem ainda lidar com as frustrações surgidas em sua vida e conforme a criança cresce, aprende a gerenciar suas emoções e a frequência das birras diminuem. • As birras ocorrem, em média, uma a duas vezes ao dia e têm duração aproximada de 3 minutos, mas a maior parte dura entre 30 e 60 segundos, acontecem em maior frequência em crianças com idades entre 18 meses e 5 anos, porém podem começar mais precoce. Observadas em aproximadamente 87% das crianças entre 18 e 24 meses, 91% das de 30 a 36 meses e 59% nas de 42 a 48 meses. BIRRA E A NEUROCIÊNCIA O cérebro do bebê não nasce completamente formado. Uma das áreas que não nascem prontas é a parte superior da massa cinzenta – o neocórtex. Essa região, a mais recente a se desenvolver do ponto de vista evolutivo, é responsável por capacidades como reflexão, planejamento, imaginação, pensamento analítico e solução de problemas, e corresponde a 76% do cérebro. Segundo o neuropediatra Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), “As crianças nascem com muitas áreas sem a camada de gordura que reveste os axônios, responsáveis pela transmissão dos sinais cerebrais entre as células nervosas. Na ausência de conexões neuronais adequadas nos primeiros quatro anos, a atividade mais intensa acontece nas partes inferiores.” Enquanto a parte mais primitiva do cérebro já vem bem desenvolvida desde o nascimento, a parte superior – nosso cérebro racional, composto pelo neocórtex e em particular pelos lobos frontais, que comanda o pensamento racional, a capacidade de solucionar problemas, criatividade e imaginação – só atinge sua plena maturidade por volta dos 25 anos de idade. Segundo pediatra e psiquiatra Daniel Siegel em seu livro The Whole Brain rain Child (algo como “O cérebro integral do bebê”), sem tradução no Brasil: “É uma das últimas partes do cérebro a se desenvolver, e permanece em constante construção durante os primeiros anos da vida. Por isso, alguns comportamentos que queremos que nossas crianças demonstrem são praticamente impossíveis para elas. A habilidade de tomar decisões equilibradas, controle emocional, ética e capacidade de prever as consequências de seus atos dependem de uma parte do cérebro que ainda está em formação, e que não está disponível para elas todo o tempo. O neocórtex, área do cérebro responsável pela capacidade de reflexão, imaginação e solução de problemas — está ainda em desenvolvimento na chamada primeira infância (quando as birras acontecem com mais frequência). Isso quer dizer que, ao entrar em estado de crise (ou birra), a criança está simplesmente demonstrando um descontrole emocional. Ela não consegue traduzir em palavras a onda de sentimentos ruins que alguma situações causaram, quase sempre sentimentos como medo, raiva ou insegurança, por isso, tem os “ataques” de fúria, ou seja, é o seu lado emocional tomando conta da situação. Quando se conhece o cérebro, também se conhece os pilares da autorregulação e como utilizar a inteligência emocional no dia a dia com as crianças. As evidências do neurodesenvolvimento e a estruturação das funções executivas têm demonstrado que as vivências emocionais adequadas são determinantes para a constituição das redes neuronais funcionais e são fundamentais na expressão e na adaptação dos comportamentos e das atividades futuras, segundo a neuropsicóloga Susana Myrian que explica: “Isso ocorre porque, na criança, as informações sensoriais são enviadas para a amígdala, área responsável pelo processamento de emoções e, por ocasião do nascimento, é proporcionalmente maior do que as estruturas pré-frontais no hemisfério direito. Ao longo do desenvolvimento, as porções pré-frontais aumentam de volume e a atividade da amígdala vai sendo gradativamente regulada por intermédio do cíngulo anterior e da área órbito-frontal. Essa última região é interconectada com áreas de processamento cognitivo e emocional e seus circuitos são associados ao comportamento social como empatia, cumprimento de regras sociais, controle inibitório e automonitoração”, diz a especialista. Por isso quando uma criança está incomodada, usar a lógica não funcionará até que tenhamos atendido às necessidades emocionais do cérebro direito. A regra é clara: criar empatia com o lado direito do cérebro e guiá-lo para o lado esquerdo, com carinho e paciência, visto que, nessas situações, a amígdala, uma das regiões da parte inferior do cérebro, normalmente disparada em situações de perigo, bloqueia as conexões da parte racional com a parte mais instintiva. “É como se um portãozinho de segurança fosse colocado na base de uma escada, tornando o acesso ao cérebro superior inalcançável”, diz Daniel Siegel, ou seja: não bastasse o cérebro ainda estar em construção, quando as crianças pequenas estão sob forte estresse, algumas áreas delas ficam inacessíveis durante o momento da birra, por isso que mesmo a criança sendo muito bem educada, fica difícil dela controlar. Até os quatro anos, o lado direito do cérebro é dominante já que ainda não há fibras mielinizadas suficientes no corpo caloso, que conecta os dois hemisférios cerebrais. Enquanto o lado esquerdo é responsável pelo pensamento lógico, linear e pela linguagem, o direito é intuitivo, emocional e não-verbal. Quando esse último trabalha sozinho, somos dominados por sensações, por tanto, a criança pequena ainda não têm a habilidade de recorrer à lógica e às palavras para expressar seus sentimentos e vivem completamente no presente. Como até os quatro anos de idade a atividade no hemisfério esquerdo – responsável pelo pensamento lógico – é limitada, nãosurtirá nenhum efeito argumentar com a criança em seu momento de birra. Ou seja, no auge da crise da criança, quando o hemisfério direito está predominante, o melhor é abordá-la de forma emocional. Outra estratégia baseada na neurociência para evitar os acessos birra é tentar ajudar a criança a acessar a parte superior do cérebro, em vez de atiçar a parte inferior, mais reativa e instintiva. Proponha algo que a obrigará ela a considerar um plano e fazer uma escolha, ou seja, atividades relacionadas à parte superior do cérebro. A atividade física pode alterar a química cerebral e evitar que os hormônios ligados ao estresse assumam o comando. Convidar a criança para correr, por exemplo, é uma otima opção e perceberá como o astral mudará. TERRIBLE TWO Terrible two, também chamado de “crise dos 2 anos”, “ terríveis 2 anos ” e “ adolescência do bebê” é a fase em que a criança começa a fazer birra e ser “do contra”, caracterizado por comportamentos desafiadores, incluindo dizer "não", bater, chutar, morder ou ignorar regras. Pode começar a surgir entre os 18 e os 34 meses – isso tem mais a ver com o desenvolvimento do bebê do que com a idade em si. O terrible two é quando as crianças geralmente atingem marcos importantes do desenvolvimento, incluindo a compreensão de conceitos concretos como "meu", "não" e "ruim", que eles não necessariamente entendiam quando bebês, ainda começam a perceber que não é uma extensão dos pais, mas sim uma pessoa com vontades, e a esses novos quereres soma-se uma frustração intensa, acompanhada das birras. "É uma fase em que a criança faz descobertas incríveis e ganha uma enorme capacidade de interação, mas as áreas de autorregulação do seu cérebro ainda não se desenvolveram", segundo Ross Thompson, professor do Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia. Assim a criança é simplesmente incapaz de controlar suas emoções, portanto não adianta achar que ela está sendo malcriada e apenas dizer- lhe 'acalme-se', porque seu cérebro ainda é incapaz de seguir esse comando. Cabe ao adulto ajudá-la a colocar seus sentimentos em palavras e a gerenciá-los. Essa maturação do controle emocional no cérebro perdura até os 25 anos, mas a fase mais crítica dessa "adolescência dos bebês" costuma passar por volta dos 2 anos, quando as crianças aumentam seu repertório para se expressar e entender o mundo. É APENAS BIRRA OU UM TRANSTORNO COMPORTAMENTAL? O QUE INVESTIGAR: - Primeiro é importante saber se a dinâmica da família está normal. • O que aconteceu antes da birra? ( O antecedente) • Que horários do dia as birras costumam ocorrer?Quanto tempo dura cada episódio de birra? • Como é o comportamento da criança entre os episódios de birra? Normal? Irritada? Agressiva? Agitada? • Como a birra se manifesta? A criança agride outras pessoas ou ela mesma? Quebra algum objeto? Perde o fôlego? • Qual a reação dos pais/ cuidador/professor durante e depois da birra? (Cuidado com reforçadores negativos – será bordado mais a frente). - Houve alguma mudança de rotina, estrutura familiar ou conflito? • Aconteceu algum evento traumático? • A criança teve alguma alteração de sono? Algum comportamento ansioso? • Houve regressão do desenvolvimento? Tem enurese (ou seja, voltou a fazer xixi na cama ou nas roupas após o desfralde)? • A criança tem alguma doença? • Os episódios de birra estão interferindo na vida da criança? Quando a criança apresenta características atípicas de birra, alterações de desenvolvimento, humor, sono ou o comportamento que interfira na vida e rotina familiar é importante comunicar o pediatra que acompanha para investigar se há ou não a presença de um transtorno de neurodesenvolvimento, caso o pediatra julgue necessário pode encaminhar para uma avaliação com psicólogo, neurologista pediátrico ou psiquiatra da infância e adolescência para completar a investigação e instituir o tratamento adequado. Em crianças com birras típicas não são necessários exames, a exceção são as birras típicas nas quais ocorrem episódios frequentes de perda de fôlego, nestes casos é necessário comunicar ao pediatra, no qual deve examinar a criança procurando sinais físicos de anemia como palidez de mucosas, taquicardia e, se julgar necessário, solicitar um hemograma. Deficiências visuais e auditivas podem gerar frustração e aumentar a ocorrência de birras, se houver suspeita desses déficits devem ser feitos exames oftalmológico e auditivo. Crianças que moram em áreas de alto risco de exposição ao chumbo devem realizar exame para dosar esse elemento no sangue aos 12 meses de idade, pois a neurotoxicidade pelo chumbo pode ocasionar comportamento agressivo e ser confundido/”disfarçado” como uma birra. QUANDO PROCURAR ATENDIMENTO ESPECIALIZADO • Quando o pediatra que acompanha a criança indique um profissional especializado. • Quando a creche/escola sinalizam o excesso das birras/agressividade e/ou comportamentos atípicos que requerem atenção, sendo interessante que emitam um relatório do aluno para encaminhamento para investigação com profissionais especializados como psicólogo, neurologista, psiquiatra, oftalmologista, fonoaudiólogo... As principais condições associadas à birras extremas e atípicas são os transtornos disruptivos de controle de impulsos e conduta (como o Transtorno Opositor Desafiante - TOD), Transtorno de Estresse pós Traumático, Transtorno do Espectro Autista, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), déficits visuais e auditivos e distúrbios de aprendizagem, entre outros. Alguns critérios também para os pais perceberem são: as birras que duram mais de 25 minutos, frequências e intensidades, agressividade intensa (principalmente autoagressividade), crianças incapazes de se acalmar, alterações de humor entre os episódios, principalmente se há permanência após os 5 anos de idade e presenças de comportamentos atípicos/diferentes, sendo importante relatar ao pediatra e/ou procurar um psicólogo para uma avaliação. Então, como diferenciar a birra comum de uma crise? Birra e Autismo? Birra e Tod? Birra e TDAH? (Vamos explicar!) O QUE É TOD • O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) faz parte de um comportamento disruptivo que surge na infância, de acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM-5), o TOD é uma condição que afeta diretamente o aspecto comportamental onde a criança ou o adolescente apresenta um quadro de irritabilidade, padrões persistentes de comportamentos negativistas, desobedientes e desafiadores. • Pessoas com TOD, se não tratadas ou que não respondem ao tratamento podem evoluir para transtorno de conduta em até 42% dos casos. • A birra infantil o que acontece é que algumas crianças fazem tanta birra e agem de forma desobediente em determinado momento, mas sempre depois de um determinado tempo ou outro estímulo, por exemplo, não é algo que vai durar muito tempo. • Já o caso de uma criança com TOD é diferente, pois as crises tendem a ser mais frequentes e até mais sérias, necessitando de um acompanhamento profissional especializado. Além disso, outros sinais evidentes é a constante iminência do desafio perante alguma autoridade. Para especificar, a criança com TOD tende a testar os limites a todo o tempo. Inclusive, ela está sempre manifestando hostilidade, seja no contexto familiar ou escolar. As características mais notadas do TOD envolvem agressão verbal, oposição a regras, índole vingativa, ataque de fúria, tendência a culpar o outro pelas frustrações, perturbam as pessoas, ignora solicitações, entre outros. O QUE É TOD • As causas do transtorno são dividas entre genéticas e ambientais • É comum o TOD ter outras comorbidades associadas como Transtornos de Conduta, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Depressivo e Bipolar, Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor, Transtorno Explosivo Intermitente, Transtorno de Linguagem, Transtorno de Ansiedade Social. • Já a condição mais comum associada ao TOD é o TDAH, ocorrendoem 14% a 40% das crianças e os sintomas do TDAH podem anteceder os do TOD. COMO DIFERENCIAR BIRRA VS TOD •De acordo com a Dra. Gladys Arnez, o que difere o Transtorno Opositivo Desafiador da “birra” é que o TOD caracteriza a criança como sendo sempre muito irritável, opositora e que o tempo todo, com ou sem motivo, faz de tudo pra irritar os outros. “-É uma criança que não reconhece regras. Ela é sempre do contra, está sempre testando limites, não se importa com o sentimento dos outros, está sempre contra a família, amigos e não assume a responsabilidade dos seus erros, além de não ter medo de punição, fazendo com que tenha maior probabilidade de se envolver com drogas ou apresentar comportamentos ilícitos mais tarde.”- diz a especialista. O QUE É TDAH? • O TDAH é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção), em inglês é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD, sendo um transtorno neurobiológico, com grande participação genética, que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta, comprometendo o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção. No qual deve persistir pelo menos por 6 meses, em grau inconsistente com o nível de desenvolvimento e que causa prejuízos diretamente nas atividades acadêmicas, ocupacionais e sociais. • A desatenção manifesta-se comportamentalmente no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização – e não constitui consequência de desafio ou falta de compreensão. O QUE É TDAH? • A hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva (como uma criança que corre por tudo) quando não apropriado ou remexer, batucar ou conversar em excesso. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade.A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa (p. ex., atravessar uma rua sem olhar). • A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a gratificação. Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intromissão social. Por exemplo: interromper os outros em excesso. Ou na tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo. Por exemplo: assumir um emprego sem informações adequadas. O QUE É TDAH? • Estudos apontam a predisposição genética e a ocorrência de alterações nos neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) que estabelecem as conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro, associado a um déficit nas funções executivas como as principais causas do transtorno do déficit de atenção. • Funções executivas: “Conjunto de processos cognitivos que possibilitam ao indivíduo controlar e regular seu comportamento frente às demandas e exigências ambientais.” (DIAMOND, 2013) BIRRA E TDAH A criança com TDAH muitas vezes é confundida como uma criança mal educada. Então como distinguir os sintomas do TDAH da falta de educação ou preguiça? O que diferencia uma pessoa com TDAH se resume a quatro palavras: 1. Frequência 2. Persistência 3. Intensidade 4. Prejuízos BIRRA E TDAH Seus comportamentos (birras) provavelmente são resultado de alguma dificuldade com aquele contexto, tendo baixa tolerância a frustração, irritabilidade ou instabilidade emocional. A desatenção frequente, persistente causando prejuízos muitas vezes confundida como uma criança preguiçosa. A hiperatividade com frequência, intensa e persistente confundida com agitação, como uma criança mal educada, sem modos por não parar quieta. A impulsividade confundida como uma criança sem freio, que não sabe esperar sua vez, impaciente ocasionando birras e má criação devido a necessidade de recompensas imediatas ou incapacidade de postergar a gratificação, além de ser considerada erroneamente como uma criança intrometida, mal educada por interromper as outras pessoas em excesso. O QUE É AUTISMO - TEA O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. Sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser percebidos nos primeiros meses de vida, sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade. A prevalência é maior no sexo masculino. A identificação de atrasos no desenvolvimento, o diagnóstico oportuno de TEA e encaminhamento para intervenções comportamentais e apoio educacional na idade mais precoce possível, pode levar a melhores resultados a longo prazo, considerando a neuroplasticidade cerebral. Ressalta-se que o tratamento oportuno com estimulação precoce deve ser preconizado em qualquer caso de suspeita de TEA ou desenvolvimento atípico da criança, independentemente de confirmação diagnóstica. COMO DIFERENCIAR BIRRA E TEA •BIRRA: •O comportamento de birra é mais frequente em crianças pequenas até por volta dos 5 anos. •O ataque de birra começa muito antes dos berros e do choro. Geralmente começa com uma manha, um pedido que não pode ser realizado, ou por conta do sono e cansaço. • É uma atitude é intencional • É usada como estratégia, já que a criança está querendo algo que lhe foi negado e se sente frustrada. • Outra característica da birra é que se a criança ganhar atenção, ela continua com o comportamento. Ela entende que está recebendo atenção por isso. É bem provável que ela irá repetir o comportamento depois em outro momento para conseguir atingir o mesmo objetivo. • Se dessa vez a mesma birra não funcionou, a criança tenta outra mais intensa, tendo sempre um propósito e faz de tudo para conseguir aquilo. •A birra pode desencadear uma crise. •TEA: •A crise do autista é conhecida também como colapso. • Algumas características das crises: • Não é intencional ou realizada como uma estratégia para chamar a atenção. • Ela é uma resposta de um limite que o autista chegou, ou seja, o autista esta se expressando, mostrando que algo não está agradando, não quer dizer que ele quer aparecer ou chamar a atenção, diferente das birras. • Pode acontecer devido a um estímulo sensorial • A crise passa depois de um desgaste emocional. COMO DIFERENCIAR BIRRA E TEA • TEA: • Pode apresentar sintomas antes das crises, como balançar o corpo por exemplo. • Crianças com autismo podem ser sensíveis à estimulação sensorial e sentir sobrecarregados entrando em pânic •A criança não tem um objetivo concreto, não sabe o que quer, não tem um propósito, um objetivo final •Não tem interesse em chamar a atenção do adulto; •Uma criança não-verbal ou com habilidades verbais limitadas, a frustração de não conseguir se comunicar pode provocar raiva ou um colapso; •A criança fica esgotada, nada acalma, sendo necessário reduzir a quantidade e intensidade de informações recebida e as crises podem demorar a passar; •As mudanças na rotina também são um dos fatores dessas crises, uma vez que a necessidade de previsibilidade é alta para crianças e adultos com autismo, mudanças repentinas podem criar pânico, estresse e colapsos; • É importante que os cuidadores reconheçam os gatilhos das crises, para evitar um novo episódio. O QUE SÃO AS EMOÇÕES? As emoções podem ser definidas como tendências de resposta comportamentais, experienciais e fisiológicas que em conjunto influenciam a forma como os indivíduos respondem a situações significativas. Elas influenciam nossa atenção, tomada de decisão, memória, respostas fisiológicas e interações sociais. Elas estão interligadas aos sentimentos, que são os resultados da experiência emocional. - As emoções nos dão informações importantes, podendo nos proteger de supostas situações perigosas. - As emoções comunicam coisas aos outros. - As emoções nos organizame nos preparam para a ação. - As emoções aprofundam nossas experiências de vida. É importante ressaltar que não existem emoções boas ou ruins, apenas agradáveis ou desagradáveis de sentir, todas são importantes e úteis no nosso cotidiano. A IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO EMOCIONAL A regulação emocional acontece quando se consegue perceber, classificar, manejar, controlar e compreender a natureza das emoções, descartando interpretações negativas sobre elas e adquirindo habilidades necessárias para tomar decisões e esclarecer valores e metas para a vida. A comunicação das emoções de forma adequada possibilita a criança a aprender e ter relações mais saudáveis ao longo da sua vida. Uma pessoa emocionalmente inteligente consegue identificar, gerir suas próprias emoções e a suas reações de uma forma mais adequada, tendo melhor autocontrole e empatia. Por outro lado, a desregulação emocional é a dificuldade ou inabilidade de lidar com as experiências ou processar as emoções, envolvendo predisposições genéticas e ambientais, como em situações que a criança cresce sem ter suas necessidades emocionais atendidas, sentindo-se criticada e não aceitada por ser como ela é. Desta forma, pessoas que possuem um alto nível de desregulação emocional podem apresentar desregulação nas esferas comportamental, cognitiva, interpessoal como sintomas depressivos, automutilação, ideias suicida, comportamentos de risco, abuso de álcool e outras drogas, por possuírem mais dificuldades em lidar com situações difíceis e dores emocionais. Assim, a criança através do uso efetivo e adequado das emoções possui um maior controle sobre os seus impulsos, ajudando-a a ser menos agressiva e mais sociável e possibilitando à criança a ter mais relações saudáveis ao longo da sua vida, com base no respeito e na assertividade. As crianças emocionalmente inteligentes são mais seguras na procura de soluções para os seus problemas, bem como na adversidade,ou seja, em eventos como perdas de entes queridos, separações ou outros acontecimentos críticos. COMO TRABALHAR AS EMOÇÕES COM AS CRIANÇAS - Ajudar a reconhecer seus sentimentos: Antes da criança aprender a controlar os seus sentimentos, primeiro ela tem que aprender a identificar exatamente sua emoção. Portanto, o primeiro passo é ajudar a criança a observar e nomear seus sentimentos, depois de entender seu sentimento, precisa aprender a observar a escala e a razão de suas emoções. Quando as crianças aprendem a prestar atenção em como estão se sentindo, sabem avaliar suas emoções e a intensidade delas, elas passam a ter mais controle sobre seus sentimentos e de seu comportamento. - Encorajar a criança a falar sobre situações e sentimentos desagradáveis: Quanto mais cedo a criança identificar os sentimentos que são difíceis de lidar, mais fácil será para conseguir superá-los. - Estimular a empatia: Ajudar a criança a reconhecer e respeitar como os outros se sentem, dessa forma, ao ser capaz de ouvir um amigo com atenção e respeito, ao identificar e entender as expressões faciais e linguagem corporal das pessoas, a criança desenvolverá uma melhor compreensão dos sentimentos alheios, auxiliando a interagir melhor com os indivíduos, a construir relacionamentos mais saudáveis, aumentar a compaixão e a colaboração entre as pessoas. Pessoas empáticas são mais propensas a ter uma vida mais gratificante, perdoam mais facilmente, estabelecem mais trocas afetivas e possuem mais amigos, já pessoas com dificuldade e pouca empatia tendem a viver mais em conflito com os outros, são mais solitários e sofrem mais de ansiedade e depressão. - Validação emocional: É reconhecer de modo genuíno e empático a validade daquele sentimento. Não corrija o sentimento da criança, pois todo sentimento é válido, o que não quer dizer que precise aprovar o seu comportamento, aqui cabe ressaltar o modo de se comunicar, expressar com a criança, vise validar a emoção dela , reforçando o comportamento positivo para que tenha maior probabilidade de acontecer novamente, relatar experiências pessoais de como aprendeu a lidar com determinada situação é importante para a criança buscar outras estratégias de enfrentamento. Por exemplo: A criança está ansiosa, pois tem uma prova na escola. Evite falas assim: De novo, quando vai parar com isso? Que bobagem! Ao invés disso, tente se expressar assim: Sei como é, vamos aprender a lidar com ela? Eu te ajudo! Quando eu me sinto assim, o que me ajuda é respirar fundo! A criança validada se sente respeitada, compreendida, amada, aceita e colabora mais com os limites ou em situações sem solução porque se sente mais conectada. Quando negamos suas emoções, elas se sentem frustradas, decepcionadas e inseguras, as emoções negadas podem se intensificar ainda mais. - Ter limites e regras: Importante estabelecer uma rotina definida com disciplina, o que traz previsibilidade, diminui a ansiedade, além de sentirem mais estruturados internamente, sendo mais responsáveis com suas atitudes, para isso, os limites precisam ser claros, objetivos, consistentes e sempre explicandos os motivos das regras. E lembrem- se, a criança não é um robô e “não estamos em um quartel”, regras em excesso e rigidez exagerada só faz com que elas se afastem e os conflitos aumentem. - Não esqueça de sempre elogiar, reforçadores positivo é mais eficaz que punições! - Ensine pelo exemplo e observe sua própria regulação emocional: As crianças aprendem observando os adultos em que convive e são muito rápidos em assimilar e imitar comportamentos, sejam bons ou ruins. (Crianças autistas tem dificuldade e é uma das habilididades que precisa ser trabalhada) O adulto deve ser um modelo positivo e ficar atento para executar na prática o que ensina na teoria. Toda vez que você estiver com algum sentindo desagradável, e mostrar para a criança o que você está fazendo para se controlar, você está ensinando a ela sobre a regulação emocional. - Cuidado ao julgar as emoções: Não desvalorize sentimentos, exemplos: “Só bebezinho que chora”, “Só bobo tem medo de escuro”...Tente compreender o que possa estar gerando aquelas emoções. - Ajudar no autocontrole: Ensinar a criança a acalmar e a distrair em situações de medo ou raiva como: respirando profundamente, relaxamentos, mudar o foco, contar até 10 antes de reagir...Mostrar para ela que nem tudo vai acontecer do jeito que ela deseja, mas que você entende seus sentimentos. Jamais estimule a criança a se defender com violência física ou verbal, pelo contrário, mostre que é possível resolver o problema de forma justa e segura. Elogie (de forma sincera) quando a criança conseguir se acalmar e focar na resolução do problema. - Autonomia e competência: Reforçar as competências da criança, aumenta a sua autoconfiança e a capacidade de se individualizar. Estimule a autonomia e independência dela, mostrando que você confia nela na realização de algumas atividades. A chave é o equilíbrio pois a superproteção ou permissividade em excesso dos cuidadores pode atrapalhar na regulação emocional. NECESSIDADES EMOCIONAIS DO DESENVOLVIMENTO: SUGESTÕES DE ATITUDES PARENTAIS REPARADORAS VÍNCULO SEGURO: - Expressar afeto, estabelecendo a noção de vínculo seguro com carinho. - Validar emocionalmente, conectando-se e mostrando à criança que ela está sendo compreendida. - Mostrar interesse e averiguar se as necessidades de cuidado da criança estão sendo atendidas. - Os pais/cuidadores estabelecerem na rotina diária um período em que possam ficar juntos, enfatizando a importância de ter esses períodos íntimos com qualidade. Neste momento planeje algo junto com a criança, jogar um jogo, desenhar, ler, assistir um filme... Este momento sua atenção seja da criança. Cuidado com celulares eles roubam este momento de vocês, estar do lado não necessariamente é estar junto, dando atenção. - Abraçar, acariciar e olhar nos olhos da criança. - Demonstrar estabilidade emocional. NECESSIDADES EMOCIONAIS DO DESENVOLVIMENTO: SUGESTÕES DE ATITUDES PARENTAIS REPARADORASAUTONOMIA E COMPETÊNCIA - Reforçar as competências da criança, aumentando sua autoconfiança e a capacidade de se individualizar. - Estimular adequadamente na criança atitude e autonomia, de forma gradativa (considerando a idade), como, por exemplo, optar pelo jogo que gostaria de brincar e escolher a roupa que quer vestir para ir à escola, instigando-a para a realização de tarefas cotidianas por conta própria. NECESSIDADES EMOCIONAIS DO DESENVOLVIMENTO: SUGESTÕES DE ATITUDES PARENTAIS REPARADORAS LIMITES REALISTAS - Estabelecer uma rotina definida com disciplina, fazendo as crianças sentirem-se mais estruturadas internamente e ser mais responsáveis com suas atividades. - Ao estabelecer limites, procurar sempre olhar nos olhos e dar as instruções adequadas à idade em frases simples e curtas. - Usar um tom de voz firme, mas sem gritos e ofensas. - Elogiar o cumprimento das regras. - Quando possível explicar o motivo das regras. - Considerar se as regras estão adequados para a idade. VALIDAÇÃO DAS NECESSIDADES EMOCIONAIS - Estimular a liberdade em realizar espontaneamente os seus próprios desejos, fazer a criança entender que precisa haver um equilíbrio entre suas necessidades e as dos outros. - Não condicionar o amor e a aceitação a passividade e submissão. - Preservar a criança do envolvimento excessivo em problemas familiares. ESPRESSÃO ASSERTIVA DOS SENTIMENTOS E ESCOLHAS ESPONTÂNEAS - Ter momentos familiares felizes e de lazer, mostrando a criança que não é errado se divertir e ser espontâneo, mas que tem os horários de diversão e outros de compromissos/tarefas. -Brincar coma criança, principalmente os pais/cuidadores, servindo como modelo de diversão e espontaneidade. -Demonstrar sentimentos e emoções. PRÁTICAS E ESTILOS PARENTAIS As famílias e a escola/creche são os primeiros contextos de socialização, desempenhando um papel fundamental no comportamento e desenvolvimento das crianças. Os pais/cuidadores/professores (cuidador parental) ao atuarem como agentes de socialização das crianças, lançam mão de diversas estratégias e técnicas para orientar seus comportamentos, independente se estas formas escolhidas (estratégias e técnicas) são escolhas conscientes ou não. Portanto, através dessas estratégias disciplinares específicas, chamadas de práticas educativas, que os pais/cuidadores/professores promovem comportamentos social e moralmente desejáveis, buscando eliminar ou reduzir comportamentos menos desejáveis ou inadequados. O QUE É COMPORTAMENTO? Comportamento é a relação do indivíduo com o seu mundo. Nessa relação o indivíduo modifica o seu ambiente e é por ele modificado. (B.F. Skinner) “Seja qual for o comportamento que você gostaria de mudar na criança, foque primeiro na disciplina positiva. A disciplina efetiva começa quando os cuidadores conseguem observar e recompensar o comportamento adequado da criança” (Fava, D.; Rosa, M. & Oliva, A., 2018). Comportamentos tem causa para acontecer e também consequências. Lembre-se que toda criança está em constante desenvolvimento, mesmo as crianças com atraso neste curso se espelham nos seus cuidadores/pais/professores, imitando comportamentos e seguindo suas orientações. Assim, o modo como o relacionamento entre cuidador e a criança irá se estabelecer influenciará de forma diferente o desenvolvimento de cada criança. Portanto descobrir quais práticas você utiliza com mais frequência na educação, possibilita um melhor entendimento das reações da criança e oportuniza mudanças necessárias de conduta. Apesar do nosso estilo fazer parte também da nossa personalidade, e em grande parte ser aprendido e repassado com outras gerações, nós podemos sempre adquirir novos conhecimentos, rever, refletir e questionar algumas atitudes e encontrar a melhor modo de lidar com a criança e contribuir com o desenvolvimento delas. QUAL É O SEU ESTILO ENQUANTO CUIDADOR? TESTE DE AVALIAÇÃO DO ESTILO PARENTAL Esse questionamento nos convida a pensar quem estamos sendo enquanto cuidadores e o que estamos querendo transmitir em termos de valores para aquele que cuidamos. • Estilo 1 : • ( ) Tem regras rígidas que devem ser seguidas à risca e nunca mudam. • ( ) Disciplina é punir, colocar de castigo ou bater. Palmadas são necessárias, você também foi criado assim. • ( ) A criança não tem direito a opinião, afinal de contas, você é o cuidador responsável por ela e sabe o que é melhor para ela. • ( ) Não há necessidade de explicar para a criança o porquê de fazer determinada atividade, ela tem que obedecer sempre. • ( ) Não há a necessidade de abraços, beijos ou dizer que a ama o tempo todo, pois isso vai lhe deixar mimada. Assinale abaixo os itens que mais se adéquam ao seu dia-a-dia: QUAL É O SEU ESTILO ENQUANTO CUIDADOR? TESTE DE AVALIAÇÃO DO ESTILO PARENTAL • Estilo 2: • ( ) Não há regra nenhuma para a criança seguir ou qualquer limite, pois você tem pouco tempo com ela. • ( ) A criança deve ser responsável. Não há necessidade de recompensá-la ou punir seu comportamento. • ( ) Você não tem muito tempo : • - (pais) e sustentar seu filho é mais importante do que saber o que ele pensa • - (professor) dar conta de aplicar todo o conteúdo programático é mais importante do que saber o que a criança pensa. • ( ) Não há conversas entre cuidador e criança. • ( ) Os beijos e abraços (demonstração de afetos) são raros. • - O seu filho sabe que você o ama. • - O seu aluno sabe que você é o professor e ponto, não existe vinculo afetivo, afinal você não é parente dele. QUAL É O SEU ESTILO ENQUANTO CUIDADOR? TESTE DE AVALIAÇÃO DO ESTILO PARENTAL • Estilo 3: • ( ) Há poucas regras, a criança precisa de liberdade para crescer. • ( ) Para evitar que a criança chore ou que haja discussões, você sempre acaba cedendo e dando o que ela quer. • ( ) É a criança quem manda, você faz tudo o que ela quer. Ela não deve se aborrecer. • ( ) Quando está aborrecido com a criança , não diz a ela, pois ela só precisa saber de sentimentos felizes. • ( ) Demonstrar afeto (abraçar, beijar, - (no caso de pais) dizer que ama o filho) são uma prática frequente, pois você considera extremamente importante ela se sentir amada/querida. QUAL É O SEU ESTILO ENQUANTO CUIDADOR? TESTE DE AVALIAÇÃO DO ESTILO PARENTAL • Estilo 4 • ( ) As regras e limites são estabelecidos de forma clara a criança, sendo explicado a ela cada uma delas. • ( ) Para disciplinar é necessário apontar os comportamentos inadequados, sem punição, assim como elogiar e recompensar os comportamentos adequados. • ( ) Você conversa com a criança, explica a ela as consequências dos comportamentos e também escuta a sua opinião. • ( )Você se comunica frequentemente coma criança, sabe de suas necessidades, pensamentos e quando necessário ajusta alguma regra. • ( ) As demonstrações de carinho/afeto são frequentes. Você brinca e se diverte com a criança. QUAL É O SEU ESTILO ENQUANTO CUIDADOR? RESULTADO • O ESTILO NO QUAL FOI MAIS MARCADO/ASSINALADO CORRESPONDE AO SEU ESTILO PARENTAL: • Estilo 1: Estilo Autoritário: Alto nível de exigência e pouca responsividade. São pais que impõem regras inflexíveis e demonstram pouco ou quase nenhum afeto. Geralmente os filhos apresentam características maiores de isolamento e ansiedade. Podem se tornar submissas, com baixa autoestima e dificuldades maiores de socialização. • Estilo 2: Estilo Negligente: Pouca exigência e responsividade. São pais que não estabelecem regras e limites e não demonstram afetividade e interesse pelos filhos. É o estilo que mais traz consequências negativas para a criança. Os filhos geralmente apresentam desempenho escolar ruim, problemas de comportamento, baixa autoestima e não se acham capazes de fazer nenhuma atividade. • Estilo 3: Estilo Permissivo: Pouca exigência e muita responsividade. São pais que estabelecem poucas regras e são muito afetivos. As crianças geralmente têm mais dificuldade para lidar com frustrações, podem ser mais intolerantes com regras e limites ou se julgarem incapazes. • Estilo 4: EstiloAutoritativo.: Nível de exigência e responsividade adequados. São pais que estabelecem regras e limites e demonstram afetividade e interesse pelos filhos. É o melhor estilo parental e que traz mais benefícios à criança. CARACTERÍSTICAS PARENTAIS • Há três dimensões que foram propostas como características parentais (Baumrind, 1996; Darling & Stemberg, 1993) CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO EXEMPLOS PRÁTICOS RESPONSIVIDADE Refere-se as atitudes compreensivas que os cuidadores têm para com as crianças e que visam, através do apoio emocional e da bidirecionalidade na comunicação, favorecer o desenvolvimento da autonomia e da autoafirmação deles. - Abaixar-se no nível da criança, se necessário, para conversar. - -Olhar nos olhos da criança para se comunicar. - Falar com linguagem compreensível. - Permitir que a criança expresse o que sente e pensa das situações. - Validar as emoções (mostrar que você percebe e compreende o que a criança está sentindo). - Dar apoio emocional ao perceber que a criança precisa CARACTERÍSTICAS PARENTAIS CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO EXEMPLOS PRÁTICOS EXIGÊNCIA Inclui todas as atitudes dos cuidadores que buscam de alguma forma controlar o comportamento da criança, impondo limites e estabelecendo regras. - Estabelecer uma rotina adequada para a criança. - Controlar o andamento da rotina, das tarefas e das obrigações. -Estabelecer consequências adequadas para o descumprimento do que foi combinado. - Ser assertivo ao impor limites, fixando as regras e permanecendo tranquilo nas decisões tomadas AFETO Expressar o amor pela criança através de gestos, atitudes e palavras - Elogiar - Abraçar e beijar - Fazer carinho - Brincar - Dar colo e atenção - Manifestar verbalmente o amor pela criança OS ESTILOS PARENTAIS • A exigência, a responsividade e o afeto, na devida proporção e combinação, formam os estilos parentais. • Um estilo parental vai além de uma prática, uma resposta ou punição. É, portanto, a combinação dessas dimensões citadas dentro do contexto do qual operam os esforços dos cuidadores para socializar as crianças de acordo com suas crenças e valores. • São quatro os estilos parentais. (Baumrind, 1996; Darling & Stemberg, 1993). ESTILO PARENTAL DESCRIÇÃO EXEMPLOS PRÁTICOS CONSEQUÊNCIAS PERMISSIVO POR ESCOLHA (INDUGENTE) -Cuidadores permissivos são, geralmente, pouco exigentes. - Podem ser afetivos e ter boas doses de responsividade, mas não conseguem estabelecer limites adequados para as crianças. -Quando a criança se comporta de maneira inadequada, o cuidador não vislumbra as consequências. - O cuidador permite que a criança siga seus desejos e impulsos sem limites adequados. O cuidador sente-se impotente e ineficaz. - A criança não estabelece limites adequados para se relacionar com o mundo (Comportamentos antissociais e irresponsáveis). - A criança se torna intolerante à frustração: não suporta quando seus desejos/impulsos não são atendidos. OS ESTILOS PARENTAIS ESTILO PARENTAL DESCRIÇÃO EXEMPLOS PRÁTICOS CONSEQUÊNCIAS PERMISSIVO POR FALHA (NEGLIGENTE) -Cuidadores não são exigentes nem afetivos. - Envolvem-se pouco e não monitoram os filhos -O cuidador não deixa claras as regras para a criança. - O cuidador responde apenas às necessidades básicas da criança, tendendo a mantê-la distante. - A criança não aprende a ter limites – A criança não se sente amada nem compreendida. - A criança pode apresentar fraco desempenho escolar, depressão, estresse, pessimismo, baixa autoestima e comportamentos antissociais. AUTORITÁRIO -Cuidadores autoritários estabelecem limites de acordo com regras rígidas. - São a favor de medidas punitivas para lidar com aspectos da criança que entram em conflito com o que eles pensam. - - Geralmente são cuidadores muito punitivos e pouco afetivos e responsivos. - Cuidadores não escutam a opinião das crianças. - São impositivos sem prestar atenção nas emoções e nos desejos. - Usam o tom de voz e práticas físicas agressivas para lidar com os problemas da criança. - A criança, geralmente, sente medo do cuidador em vez de respeito. - Relação entre cuidador-criança fica desgastada. - A criança geralmente obedece por medo, e não por compreender amplamente a consequência. - Não desenvolve repertório adequado para lidar com as situações frustrantes. - A criança pode apresentar habilidades sociais pobres, submissividade, baixa autoestima, estresse, ansiedade, depressão e conformismo. OS ESTILOS PARENTAIS ESTILO PARENTAL DESCRIÇÃO EXEMPLOS PRÁTICOS CONSEQUÊNCIAS AUTORITATIVO OU ASSERTIVO - Cuidadores que tentam direcionar as atividades de suas crianças de maneira racional e orientada. - Incentivam o diálogo - Exercem firme controle nos pontos de divergência, colocando sua perspectiva, sem restringir a criança. - Crianças que conhecem bem os seus limites. - Boa interação entre cuidador-criança. - Autoestima elevada. - Desenvolvimento da tolerância à frustração. - As crianças tendem a apresentar melhor desenvolvimento de habilidades sociais, otimismo, menores níveis de depressão e estresse. OS ESTILOS PARENTAIS – SITUAÇÃO-EXEMPLO Situação-exemplo: A criança está jogando online no celular tarde da noite... AUTORITÁRIO Regras são regras. Não quero saber. Vá dormir. PERMISSIVO Está bem. Você pode ficar até mais tarde jogando no celular. Sei o quanto você gosta desse jogo NEGLIGENTE Fique jogando se você quiser. O problema é seu se vai ficar cansado amanhã. Se vire. Agora estou ocupado arrumando a cama. PARTICIPATIVO Eu gostaria de deixar você jogar esse jogo online, mas já tínhamos combinado que este seria o horário para ir dormir. Pense em como você vai estar amanhã na escola se não descansar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SIEGEL, Daniel J. The Whole Brain Child, The Random House, 2011 QUAL o tratamento para o transtorno opositivo desafiador? USP, 2017. SERRA-PINHEIRO, Maria Antônia et al. Transtorno desafiador de oposição: uma revisão de correlatos neurobiológicos e ambientais, comorbidades, tratamento e prognóstico. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 26, n. 4, 2004. TRANSTORNO DISRUPTIVO DA INFÂNCIA: UM ESTUDO NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA (uol.com.br) http://www.brasilescola.com/ O manejo comportamental de problemas de comportamento de desatenção e (1library.org) A ciência contra a birra | Super (abril.com.br) American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th Edn. Washington, DC: American Psychiatric Association. Yixin Tang, Xiuyun Lin, Peilian Chi, Qing Zhou, and Xiangning Hou. Multi-Level Family Factors and Affective and Behavioral Symptoms of Oppositional Defiant Disorder in Chinese Children. Front Psychol. 2017; 8: 1123. Lavigne J. V., Bryant F. B., Hopkins J., Gouze K. R. Dimensions of oppositional defiant disorder in young children: model comparisons, gender and longitudinal invariance. J. Abnorm. Child Psychol. 2015; 43, 423–439. Egger H. L., Angold A. Common emotional and behavioral disorders in preschool children: presentation, nosology, and epidemiology. J. Child Psychol. Psychiatry. 2006; 47, 313–337. Sisterhen LL, Wy PAW. Temper Tantrums. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020. https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/transtorno-disruptivo-infancia-um-estudo-no-municipio-guarapuava.htm http://www.brasilescola.com/ https://1library.org/article/o-manejo-comportamental-de-problemas-de-comportamento-desaten%C3%A7%C3%A3o.zgdnr12z https://super.abril.com.br/comportamento/a-ciencia-contra-a-birra/ Wiggins JL, Briggs-Gowan MJ, Estabrook R, et al. Identifying Clinically Significant Irritability in Early Childhood. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2018;57(3):191-199.e2. doi:10.1016/j.jaac.2017.12.008 Charach A, Bélanger SA, McLennan JD, Nixon MK. Screening for disruptive behaviour problems in preschool children in primary health care settings [published correction appears in Paediatr Child Health. 2018 Feb;23(1):83]. Paediatr Child Health. 2017;22(8):478-493. doi:10.1093/pch/pxx128Deveney CM, Briggs-Gowan MJ, Pagliaccio D, et al. Temporally sensitive neural measures of inhibition in preschool children across a spectrum of irritability. Dev Psychobiol. 2019;61(2):216-227. doi:10.1002/dev.21792 Hameed U, Dellasega CA. Irritability in Pediatric Patients: Normal or Not?. Prim Care Companion CNS Disord. 2016;18(2):10.4088/PCC.15br01893. Published 2016 Mar 24. doi:10.4088/PCC.15br01893 Bruno A, Celebre L, Torre G, et al. Focus on Disruptive Mood Dysregulation Disorder: A review of the literature. Psychiatry Res. 2019;279:323-330. doi:10.1016/j.psychres.2019.05.043 QUAL o tratamento para o transtorno opositivo desafiador? USP, 2017. SERRA-PINHEIRO, Maria Antônia et al. Transtorno desafiador de oposição: uma revisão de correlatos neurobiológicos e ambientais, comorbidades, tratamento e prognóstico. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 26, n. 4, 2004. Além da birra: uma visão sobre o Transtorno Opositor Desafiante (TOD) (pequenosneuronios.com.br) Por que as crianças de 2 anos fazem birra - e 10 dicas para lidar com isso - BBC News Brasil Transtorno Opositivo Desafiador, o que é e como lidar (ecodebate.com.br) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO - ABDA www.tdah.org.br Como diferenciar TDAH de má educação? – Tudo sobre TDAH https://linhasdecuidado.saude.gov.br/ https://www.pequenosneuronios.com.br/amp/al%C3%A9m-da-birra-uma-vis%C3%A3o-sobre-o-transtorno-opositor-desafiante-tod https://www.bbc.com/portuguese/geral-45347987 https://www.ecodebate.com.br/2020/10/10/transtorno-opositivo-desafiador-o-que-e-e-como-lidar/ http://www.tdah.org.br/ https://www.tudosobretdah.com.br/como-diferenciar-tdah-de-ma-educacao/ Fava, D.; Rosa, M. & Oliva, A. (2018). Orientação para pais – O que é preciso saber para cuidar dos filhos. Ed. Artesã. Silva, Eliana, & Freire, Teresa. (2014). Regulação emocional em adolescentes e seus pais: Da psicopatologia ao funcionamento ótimo. Análise Psicológica, 32(2), 187-198. Wainer, R. (2016). Terapia Cognitiva Focada em Esquemas: Integração em Psicoterapia. Ed. Artemed. Regulação emocional em adolescentes e seus pais: Da psicopatologia ao funcionamento ótimo. Análise Psicológica, 32(2), 187-198.Wainer, R. (2016). Terapia Cognitiva Focada em Esquemas: Integração em Psicoterapia. Ed. Artemed. Weber, L. Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites. Curitiba: Juruá, 2012.