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Monografia_Adriana

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SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DE SERRA TALHADA – SESST
FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO – FIS
COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
ADRIANA MARIA DOS SANTOS
		
DESCOISIFICAÇÃO ANIMAL: UMA ANÁLISE JURIDICA DA SITUAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS VÍTIMAS DE ABANDONO E MAUS TRATOS.
Serra Talhada
2020
ADRIANA MARIA DOS SANTOS
DESCOISIFICAÇÃO ANIMAL: UMA ANÁLISE JURIDICA DA SITUAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS VÍTIMAS DE ABANDONADO E MAUS TRATOS.
Monografia apresentada à disciplina de TCC, do curso de Bacharelado em Direito, da Faculdade de Integração do Sertão – FIS, como requisito parcial para o título de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof.ª Esp. Ana Paula Inácio
Serra Talhada
2020
	Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Carmélia Ignácio de Mello
Faculdade de Integração do Sertão – FIS
	S237d Santos, Adriana Maria dos.
 Descoisificação animal: uma análise jurídica da situação dos animais domésticos vítimas de abandono e maus tratos / Adriana Maria dos Santos. Orientador: Profª Esp. Ana Paula Inácio. – Serra Talhada, 2020.
 
 66 f.: il.; tab. –
 Monografia (Graduação em Direito) - Faculdade 
 de Integração do Sertão, Serra Talhada, 2020.
 1. Animais não-humanos. 2. Abandono e maus tratos. 3. Descoisificação Animal. I. Santos, Adriana Maria dos. II. Inácio, Ana Paula. (orient). III. Título.
 342 CDU (1997)
 Adely Edite - CRB-4/1845 
 
DESCOISIFICAÇÃO ANIMAL: UMA ANÁLISE JURÍDICA DA SITUAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS VÍTIMAS DE ABANDONADO E MAUS TRATOS.
Monografia apresentada à disciplina de TCC, do curso de Bacharelado em Direito, da Faculdade de Integração do Sertão – FIS, como requisito parcial para o titulo de Bacharel em Direito, sob a orientação do Profª Esp. Ana Paula Inácio
Monografia ________________ pela banca examinadora, _________ ressalvas
 (Aprovada/Reprovada)			 (com/sem)
com nota ________ (_______________)
em ____ de _________________ de _________
Banca Examinadora:
______________________________________________
Orientador (a): Profª Esp. Ana Paula Inácio
Faculdade de Integração do Sertão – FIS
______________________________________________
Examinador (a): Profª. Ms Ana Cristina Inácio de Melo
Faculdade de Integração do Sertão – FIS
____________________________________________
Examinador (a): Profº. Ms Ítalo Wesley Paz de Oliveira Lima
Faculdade de Integração do Sertão – FIS
AGRADECIMENTOS
	Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida e por sempre me abençoar em tudo que busco para melhorar como pessoa a cada dia.
	Aos meus pais Antônio e Quitéria que amo e que me ensinaram a lutar para conquistar meus ideais sem nunca baixar a cabeça para as dificuldades, as minhas amadas irmãs Rosemeire, Priscila e Marisa pela torcida e por sempre estarem do meu lado me incentivando e torcendo, vocês é minha vida.
	Ao meu esposo Thales que sempre esteve ao meu lado em tudo e não medindo esforços na minha vida acadêmica, sem contar que juntos construímos uma família linda e abençoada onde temos a maior riqueza de nossas vida que são nossos três filhos minha fortaleza onde me inspiram a nunca desistir de meus sonhos.
	A Regina Virginal a qual chamo de tia uma pessoa tão especial nessa caminhada de trabalho e graduação ao qual não tenho palavras para agradecer por tudo que tens feitos por mim, uma mulher guerreira de um coração enorme que sempre está de braços abertos para ajudar o próximo. 
	Aos meus colegas de trabalho por estarem do meu lado dentre esses nove anos de convivência torcendo pela minha vitória em especial aos amigos Adely, Amanda, Dayllon e Nadja obrigado por vocês existirem e obrigado por tudo.
	Agradecer a minha orientadora Ana Paula e a todos que de forma direta e indiretamente contribuíram para realização do tão sonhado trabalho.
	
“Poderá existir um dia em que o resto da criação animal adquirira aqueles direitos que nunca lhe poderiam ter sido tirados. [...] A questão não é: Podem eles raciocinar? nem: Podem eles falar? mas: Podem eles sofrer?” 
 Peter Singer
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar uma nova visão sobre a proteção dos direitos dos animais não-humanos no que diz respeito ao ordenamento jurídico nacional. Com intuito de distanciar as ideias antropocêntricas muito presente no direito brasileiro, destacando a necessidade de direitos fundamentais específicos aos seres sencientes, para que se reconheça o seu valor enquanto ser vivo e sua capacidade de sentir emoções. Tem como marco teórico o filósofo australiano Peter Singer (1946) que traz a teoria ética, usando o princípio da igual consideração de interesses semelhantes, foi utilizado à obra “Libertação Animal” (1975). No decorrer da pesquisa foi demonstrada a importância da PLC 27/2018 onde reconhece os animais como seres sencientes sendo fundamental para a proteção dos direitos básicos, tornando-os como sujeitos de direitos despersonalizados, ou seja, seres sencientes capazes de sentir emoções longe de sofrimento. O processo de descoisificação animal à luz da Lei de Crimes Ambientais, fazendo considerações com a realidade desses seres sencientes no Brasil atual. Com base na analise de normas que foram um marco para a justificação da proteção animal, buscando uma reflexão sobre como são tratados os animais não-humanos na legislação brasileira e pela sociedade em geral, e a obrigação enquanto tutor de um animal, desta forma compreende-se que a igualdade deve ter como fundamento a capacidade de ter interesses, à importância da efetivação de leis mais severas para combater as crueldades contra os animais, sendo feita uma analise em busca de soluções e melhorias em que o animal seja respeitado e tenha direitos enquanto seres sencientes e que os causadores de crueldades contra os animais sejam punidos com mais rigor. 
Palavras-chaves: Animais não-humanos. Tutor. Abandono e maus tratos. Descoisificação Animal. 
ABSTRACT
The present work aims to demonstrate a new vision on the protection of the rights of non-human animals with respect to the national legal system. In order to distance anthropocentric ideas very present in Brazilian law, highlighting the need for specific fundamental rights to sentient beings, so that their value as a living being and their ability to feel emotions are recognized. The theoretical framework is the Australian philosopher Peter Singer (1946) who brings the ethical theory, using the principle of equal consideration of similar interests, the work “Animal Liberation” (1975) was used. During the research it was demonstrated the importance of PLC 27/2018 where it recognizes animals as sentient beings being fundamental for the protection of basic rights, making them as subjects of depersonalized rights, that is, sentient beings capable of feeling emotions away from suffering . The animal decoisification process in the light of the Environmental Crimes Law, considering the reality of these sentient beings in Brazil today. Based on the analysis of norms that were a milestone for the justification of animal protection, seeking a reflection on how non-human animals are treated in Brazilian legislation and by society in general, and the obligation as an animal guardian, in this way comprises that equality must be based on the ability to have interests, on the importance of enforcing stricter laws to combat cruelty to animals, with an analysis being made in search of solutions and improvements in which the animal is respected and has rights as sentient beings and that those who cause cruelty to animals are punishedwith more rigor.
Keywords: Non-human animals. Tutor. Abandonment and mistreatment. Animal dechysification.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: População de Animais de Estimação no Brasil 2013	33
Figura 2: População de Animais no Brasil 2018	34
Figura 3: Consulta Publica	53
Figura 4: Ementa da PL 27/2018	53
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
A.C Antes de Cristo
ABINPET Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação
APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
CAE Comissão de Assuntos Econômicos
CDR Desenvolvimento Regional e Turismo
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LCA Lei de Crimes Ambientais
ONGs Organização não Governamental
PLC Projeto de Lei da Câmara
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
Sumário
INTRODUÇÃO	10
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA E AS PERSPECTIVAS TEÓRICAS NA PROTEÇÃO DOS ANIMAIS.	12
1.1	O Princípio da Utilidade de Jeremy Bentham e o Princípio da Igual Consideração de Interesses de Peter Singer.	14
1.2 Antropocentrismo e Especismo: a ideia do uso dos animais para a satisfação do humano.	17
1.3 Evolução histórica da proteção animal no Brasil e o reconhecimento de seus direitos enquanto seres sencientes.	21
2. O PROCESSO DE DOMÉSTICACAO E O TRATAMENTO NO DIREITO BRASILEIRO FRENTE AOS MAUS TRATOS CONTRA ANIMAIS NÃO-HUMANOS.	30
2.1 A domesticação de animais e os cuidados e responsabilidades de seus tutores.	31
2.2 Animais não humanos como detentores de direito e os desafios da realidade pratica.	36
2.3 Crimes de abandono e maus tratos contra animais de estimação e suas perspectivas consequências.	38
2.4 A Constituição Brasileira de 1988 e a Lei de Crimes Ambientais.	42
3. O PROCESSO DE DESCOISIFICAÇÃO ANIMAL.	46
3.1 Coisificação animal e a atual condição jurídica dos animais não-humanos.	46
3.2 Mudanças no status social dos animais	49
3.3 A natureza jurídica dos animais e projeto de lei da Câmara n 27, de 2018.	51
CONSIDERAÇÕES FINAIS	56
REFERÊNCIAS	58
ANEXOS	62
11
INTRODUÇÃO
	
	Atualmente os maus tratos e abandonos contra os não-humanos vem crescendo muito isto sendo demonstrado de maneira muito clara que boa parte da população não tem uma certa preocupação com esses seres que sofrem essas crueldades, uma vez que parte das ações dos próprios seres humanos sendo uma triste realidade. 
Portanto o homem vem se comportando de maneira muito cruel e sem consideração com os não-humanos comprometendo o direito a vida e a saúde que todo ser vivo deve possuir, ou seja, tanto humanos como não-humanos precisam de direitos básicos de sobrevivência tendo em vista que todos habitam o planeta e tendo a consciência de que nele vivem mais longe de sofrimento.
	Os direitos dos animais estão ligados à proteção dos mesmos fazendo se cumprir as leis que visam diminuir o sofrimento e a exploração para interesses pessoais e econômicos dos humanos, das situações de maus tratos que limitam a liberdade e a felicidade dos animais, assim tratados como coisas.
	A finalidade desse estudo é no sentido de analisar o processo de descoisificação animal retirando assim o tratamento como “coisa” o projeto de lei que dará origem a um novo regime jurídico para os animais não-humanos, texto PLC 27/2018 onde estabelecem que os animais passem a ter natureza sui generis, como sujeitos de direitos despersonalizados, ou seja, seres sencientes capazes de sentir emoções longe de sofrimentos.
	No entanto dentro do ordenamento jurídico conforme texto constitucional em seu artigo 225 §1º, VII veda qualquer prática de crueldade aos não-humanos fazendo com que os animais sejam titulares e beneficiados no direito constitucional. 
Assim o Ministério Publico, o Executivo, o Legislativo, as associações e toda sociedade juntos são importantes para a criação de politicas publicas que busque a efetivação de leis mais severas na prática contra os abusadores visando a concretização da norma constitucional.
	Tendo como marco teórico Peter Singer (1946) filosofo australiano, com a teoria ética, uma teoria que fundamenta a igual consideração da dor e sofrimento para atender aos interesses e preferências tanto de humanos quanto de animais, para que seja possível incluir os animais na comunidade moral, usando como critério o princípio da igual consideração de interesses semelhantes, utilizado a obra “Libertação Animal” (1975) Peter Singer onde vem conscientizando milhões de pessoas sobre o “especismo” e sendo inspiração em todo o mundo para movimentos pela mudança de nossas atitudes em relação aos animais e pelo fim da crueldade que os inflige. 
O método de abordagem utilizado é classificado como descritivo, tendo em vista que o presente projeto busca a atenção quanto ao crescimento da população de animais abandonados assim como proporcionar uma nova visão do que vem a serem os maus tratos e abandonos de animais e o processo de descoisificação animal, os animais passam a não serem mais tratados como “coisa” no ordenamento jurídico, mas como seres sencientes capazes de sentir emoções longe de sofrimentos. 
Foram utilizados análises de fonte do IBGE que trouxe dados e registros da população de animais domésticos (sendo valoroso para investigação), artigos científicos, consultas de livros, revistas e leituras de legislações para a coleta de dados.
	Sendo apresentados no trabalho em questão três capítulos, onde na introdução é exibido os objetivos, a metodologia e o tema ao qual será abordado, na seguinte ordem.
	O primeiro capitulo é analisado um resumo histórico das teorias até a evolução histórica da proteção animal no Brasil, como também a demonstração da junção homem-animal e o tratamento dado na Constituição Federal sendo um marco importante para o Direito Animal.
	No segundo capítulo será abordado o processo de domesticação e o dever de um cuidador, os fatos que são considerados maus tratos. Também mostrar a efetivação da LCA ressaltando a presença do que tem de negativo e positivo, buscando trazer como prevenção e punição a crueldade contra os animais em todo o território.
	Já no terceiro capítulo trará a proposta da modificação da natureza do animal não humano como sujeitos de direitos despersonalizados passando a serem tratados não mais como “coisas” e sim como seres sencientes a partir do projeto de lei, ainda demonstrar a importância da efetividade da PLC 27/2018 para que os não-humano tenham um tratamento com dignidade uma vez que são explorados há muitos anos para fins econômico e ate mesmo por motivos fúteis pelo homem.
	 
 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA E AS PERSPECTIVAS TEÓRICAS NA PROTEÇÃO DOS ANIMAIS.
Os não-humanos já habitavam o planeta Terra há muito tempo antes dos seres humanos. A presença dos mesmos é muito importante para conservação e preservação do meio ambiente, onde um ambiente equilibrado e saudável deve ser formado por um todo coletivamente, os animais são parte do Meio Ambiente.
Esta junção homem-animal, ou seja, a aproximação no relacionamento homem e animal vêm de muitos séculos, a relação entre o homem pré-histórico e o animal tem por representação o que ambos tinham na vida dentro das comunidades, um exemplo vem a ser a dependência da caça. 
Antigamente o principal motivo para que um homem tivesse o seu animal de estimação, dava-se a segurança e praticidade na hora da caça, exemplo disso eram os lobos usados em caça há um bom tempo, o homem e o animal ligados, sobretudo a sua própria subsistência e sobrevivência de forma irregular, dá-se o nome dessa relação de mutualismo[footnoteRef:1] uma relação ecológica interespecífica e harmônica em que todos os envolvidos são beneficiados com a interação observando que um dos envolvidos proporciona proteção ao outro e o protegido, fornece alimento e moradia. [1: https://www.biologianet.com/ecologia/relacoes-ecologicas.htm]Com essa interação entre o homem e o animal ganhou-se proporção suficiente para a criação das discussões a respeito do direito animal, no sentido de acabar com o abuso contra os animais praticados pelo homem, o animal como objeto em favor do homem para ser usado da forma que bem entender.
Ao longo dos anos que marcaram a evolução do homem esta relação se modificou, o animal que antes caçava e recolhia os seus alimentos, aumento da população e com a evolução cultural, passaram a morar em comum com o ser humano dando inicio ao processo de domesticação.
O mais provável é que o primeiro animal domesticado tenha sido o cão[footnoteRef:2]. Mais tarde vieram a serem domesticados os bovinos, equinos, suínos e caprinos que serviam de força de trabalho, meio de transporte e fonte de matéria-prima, mais uma vez o animal a dispor do homem para servi-lo. [2: https://gizmodo.uol.com.br/estudo-origem-dos-caes/] 
O homem pré-histórico começa a criar lobos onde os mesmos seguiam e até mesmo observavam os caçadores, com a evolução do lobo selvagem transforma-se o cão doméstico para fins de necessidade. Ficando evidente que a evolução da domesticação dos animais se dava pelos interesses do homem. 
O animal que antes servia apenas de suporte, evoluiu também para animal de estimação onde compartilhava hábitos humanos e assim seus comportamentos foram sofrendo alterações. Essa conexão com os animais fez com que os humanos aprendessem a cuidar de criaturas diferentes deles mesmos, aprendeu a aproveitar os animais como ferramentas e não apenas como alimento ou companheiros. Isso permitiu que as pessoas utilizassem as vantagens evolutivas de cães, gatos, cavalos e outros animais para si.
Os não-humanos sempre foram visto como coisas, uma vez que em algumas sociedades os homens os tratavam para beneficio próprio não levando em consideração o seu bem-estar, qualidade de vida ou qualquer tipo de direito. A ideia de que o homem é o centro de tudo recebe o nome de “antropocentrismo[footnoteRef:3]” (SINGER, 1975). Este termo surgiu na Europa no fim da Idade Média. [3: Antropocentrismo substantivo masculino FILOSOFIA•RELIGIĀO forma de pensamento comum a certos sistemas filosóficos e crenças religiosas que atribui ao ser humano uma posição de centralidade em relação a todo o universo, seja como um eixo ou núcleo em torno do qual estão situadas espacialmente todas as coisas (cosmologia aristotélica e cristã medieval), seja como uma finalidade última, um télos que atrai para si todo o movimento da realidade (teleologia hegeliana). ] 
No século XVIII, no entanto, o filosofo utilitarista Jeremy Bentham (1748-1832) defendeu a tese de que os animais são seres passiveis de direitos. No seu entender, a vida dos animais não poderia estar ao dispor indiscriminado dos seres humanos, não se pode levar em consideração a vida dos animais uma vez que eles têm papel importante no planeta e merecem ter uma vida digna e seus direitos em quanto ser senciente.
No inicio do século XIX surgem pesquisas que reconhecem alguns direitos próprios dos animais. Contudo o movimento de defesa dos animais começou na Inglaterra em oposição à caça, esse posicionamento foi acompanhado nos Estados Unidos sob a forma de reinvindicação dos direitos dos animais. 
O Direito Animal trata das normas no que se refere à proteção, o respeito e a dignidade dos animais, de modo a evitar conflitos e fazer valer as normatizações legais aplicáveis para que assim sejam punidas práticas de crueldades contra os animais provocados pelos humanos.
Apesar do rigor da lei de proteção aos direitos dos animais na CF/88, observa-se, por meio de jurisprudências, que as decisões dos principais tribunais superiores não reconhecem 
expressamente o direito a dignidade em favor dos animais. Em todo o mundo, defensores ambientais buscam assegurar que os animais sejam reconhecidos como sujeitos de direitos. 
Busca, nesse sentido, igualdade de consideração no que diz respeito às características compartilhadas com os seres humanos e suas necessidades naturais.
1.1 O Princípio da Utilidade de Jeremy Bentham e o Princípio da Igual Consideração de Interesses de Peter Singer.
	
	O utilitarismo clássico é uma corrente filosófica do século XVIII que defende o ideal de que as ações morais devem proporcionar o maior saldo liquido isto é, a maior felicidade para o maior numero de indivíduos. Não só a felicidade do homem, mas a felicidade de todos aqueles cujo bem-estar poderá ser afetado pela conduta humana. 
Os principais precursores dessa corrente de pensamento foram Jeremy Bentham [footnoteRef:4](1748-1832) e John Stuart Mill [footnoteRef:5](1806-1873). [4: Jeremy Bentham (1748-1832) foi um filósofo inglês e jurista teórico que chefiou um grupo de filósofos radicais, conhecidos como “utilitaristas” que pregavam reformas políticas e sociais, entre elas uma nova Constituição para o país.] [5: John Stuart Mill (1806-1873) foi um filósofo inglês, um dos mais influentes pensadores do século XIX. É reconhecido como um dos maiores propagadores do empirismo e do utilitarismo. ] 
O motivo pelo qual Bentham é considerado um dos principais representantes desse pensamento se deve ao fato de que, no seu entender, as ações morais devem maximizar o bem-estar e, consequentemente, diminuir o sofrimento. Para Bentham, isto pode ser alcançado por meio da satisfação do prazer e da diminuição da dor.
	O principio da utilidade reconhece esta sujeição e a coloca como fundamento desse sistema, cujo objetivo consiste em uma construção do que é felicidade através da razão e da lei, construir um estado de equilíbrio físico e psíquico onde o sofrimento é transformado em sentimentos e emoções de alegrias e satisfações. 
	Um dos representantes mais ilustres do utilitarismo contemporâneo é o filósofo australiano Peter Singer que publicou em nova York, em 1975, o livro Animal Liberation[footnoteRef:6]. [6: No Brasil este livro foi publicado com o título Libertação Animal (2010), pela editora Martins Fontes.] 
Na concepção de Singer, a igualdade seria uma ideia moral não factual que deveria ser estendida aos animais em razão de sua capacidade de sofrimento, pois os mesmos sentem a necessidade de não sentir dor, que em muitas vezes são causadas ou provocadas pelo homem por discriminarem a importância da qualidade de vida dos não-humanos.
“Se um ser sofre, não pode haver justificação moral para recusar ter em conta esse sofrimento. Independentemente da natureza do ser, o principio da igualdade exige que ao seu sofrimento seja dada tanta consideração como ao sofrimento semelhante – na medida em que é possível estabelecer uma comparação aproximada – de um outro ser qualquer”. (SINGER, 1975, p.20)
	O utilitarismo nos dá a entender como aqueles que aceitam ou não aceitam as ações com relação à diminuição ou aumento do interesse a felicidade em jogo, sendo mais especifica a promoção ou não quanto à referida felicidade. Diz respeito ao bem estar dos seres sencientes, ou seja, aqueles que são capazes de sentir dor e prazer, abrangendo, em alguns casos, os não-humanos.
	Daí o utilitarismo ter sido utilizado em discussões a assuntos que esteja relacionado acerca do sofrimento dos não-humanos, isto é, dos animais. 
O principio da igualdade dos seres não constitui uma descrição de uma suposta igualdade factual dos seres humanos. A defesa da máxima felicidade parte da necessidade de identificação tanto dos interesses do indivíduo, quanto dos que estão envolvidos na ação, fato esse que possibilita a inserção do certo e errado em determinadas situações. 
Trata-se de uma prescrição do modo como devemos tratar os seres humanos. A esse respeito, Bentham entende que:
“a natureza colocou o gênero humano sob o domínio de dois senhores soberano: a dor e o prazer, somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que na realidade faremos. Ao trono desses dois senhores está vinculada, por uma parte, a norma que distingue o que é certo do que é errado, e por outra, a cadeia das causas e dos efeitos”. (BENTHAM 1984, p.17)Muitos filósofos utilitaristas discutiram o principio da igual consideração de interesses. Como principio moral básico, Bentham reconhece que esse princípio se aplica aos membros das outras espécies defendendo que os animais são seres passiveis de direitos. Os animais são seres importantes para o meio ambiente como para a vida em sociedade. 
O termo dignidade não deve ser entendido aqui no sentido de ofensa a honra animal, os animais nos julgamentos morais. Este é um atributo especifico dos seres humanos. 
Nesse sentido, é fundamental observar o que diz Singer (1975), quando comenta que o fato dos animais não humanos serem capazes de sentir dor ou prazer não é menos importante do que a dor ou prazer dos humanos. Ao ver do filosofo australiano:
“Os animais são capazes de sentir dor. Como já vimos, não pode existir qualquer justificação moral para considerar a dor (ou prazer) que os animais sentem como menos importante do que a mesma dor (ou prazer) sentida, pelos humanos”. (SINGER, 1975, p.25).
Dessa forma, Singer entende que uma ação ética leva em consideração os interesses daquele que é afetado. A sensibilidade ou capacidade de sofrimento associada à consciência é referência para identificar os seres sujeitos de interesses. Nessa perspectiva, ao receber um tratamento que os poupe de sofrimento, os animais não humanos são tratados com dignidade. Conforme explica Singer:
“A aplicação do principio da igualdade a inflicção de sofrimento, pelo menos em teoria, é bastante evidente. A dor e o sofrimento são maus em si mesmos, devendo ser evitados ou minimizados, independentemente da raça, do sexo ou da espécie do ser que sofre. A dor é tanto mais má quando maior for a sua intensidade e mais tempo de durar, mais as dores que tem a mesma intensidade e dura o mesmo tempo são igualmente, más, quer sejam sentidas por humanos quer o sejam por animais”. (SINGER, 1975, p.26)
Atualmente as formas de utilitarismo se enquadram na categoria das consequências das ações humanas como o padrão certo e errado, se distinguindo das consequências na medida em que leva em consideração o bem estar de todos os indivíduos por igual. 
O credo que aceita a utilidade, ou o princípio da maior felicidade, com fundamento da moralidade, defende que as ações estão certas na medida em que tendem promover a felicidade, erradas na medida em que tendem a produzir o reverso da felicidade. 
Segundo esse princípio todas as coisas são desejáveis considerando o bem pra si e para outras pessoas. A busca da felicidade para o maior numero de pessoas e a diminuição de sua dor tanto individual como coletivo, tudo em favor de seus interesses. 
“A extensão do princípio básico da igualdade de um grupo a outro não implica que devamos tratar ambos os grupos exatamente da mesma forma, ou conceder os mesmos direitos aos dois grupos, uma vez que isso depende da natureza dos membros dos grupos. O princípio básico da igualdade não requer um tratamento igual ou idêntico; requer consideração igual” (SINGER 1975, p.16)
A descrição mais comum do utilitarismo diz respeito ao bem estar dos seres sencientes, aqueles que são capazes de sentir dor e prazer, em alguns casos até mesmo os não humanos. 
O princípio da igualdade se fundamenta na igualdade para todos os seres humanos levando em consideração os seus interesses. Já para Singer essa igualdade não pode ser restrita aos seres humanos, como ele descreve a seguir:
[...] tendo aceito o princípio de igualdade como uma sólida base moral para as relações com outros seres de nossa própria espécie, também somos obrigados a aceita-la como uma sólida base moral para as relações com aqueles que não pertencem à nossa espécie: os animais não-humanos. (SINGER 2002, p.65)
Os seres humanos são considerados iguais independente de cor, religião, e cultura. Então porque não estender igualdade aos animais não-humanos no que diz respeito à capacidade de sentir dor, rebatendo assim o argumento de que os seres humanos são espécies superiores. 
 Para Stuart Mill seria um desperdício a felicidade completa se um sacrifício não aumentasse ou não tendesse a aumentar tendo a possibilidade de aprender a viver sem felicidade:
[...] qualquer um possa servir melhor a felicidade dos outros através do sacrifício absoluto da sua própria felicidade, ainda assim, enquanto o mundo estiver neste estado imperfeito, admito inteiramente que a prontidão para fazer um tal sacrifício é a virtude mais elevada que se pode encontrar no homem. Embora a asserção possa ser paradoxal, acrescentarei que, no estado atual do mundo, a capacidade consciente de viver sem felicidade proporciona. a melhor perspectiva de a conquistar na medida em que ela é alcançável, pois só essa consciência pode colocar uma pessoa acima das eventualidades da vida, fazendo-a sentir que, mesmo que o destino e a fortuna façam o seu pior, não têm poder para a subjugar - este sentimento libel1a-a do excesso de ansiedade relativamente aos males da vida e permite-lhe, como a muitos estóicos nos piores tempos do Império Romano, cultivar' tranquilamente as fontes de satisfação que lhe são acessíveis, sem se preocupar com a incerteza da sua duração nem com o seu fim inevitável. ( MILL 2005, p.29)
Assim se entende de alguns filósofos, que defendem a dignidade animal através da igualdade de seus interesses de não sentir dor e da busca de sua felicidade, ou seja, os humanos e não humanos têm igualdade de consideração no que diz respeito às suas necessidades de sobrevivência em coletividade uma vez que todos tem sua particularidade quanto a sua capacidade de sofrimento e interesse do seu bem estar.
1.2 Antropocentrismo e Especismo: a ideia do uso dos animais para a satisfação do humano.
 Os animais fazem parte do meio ambiente, mas os seres humanos costumam tratá-los como coisas que podem ser manipuladas indiscriminadamente. Este comportamento do homem é explicado pelo o antropocentrismo, uma corrente de pensamento que entende que o ambiente e os recursos naturais existem apenas para o benefício humano.
Como o oposto ao Teocentrismo (uma doutrina que considera Deus como o centro de tudo) o Antropocentrismo destaca o homem como dotado de inteligência e capacidade para realizar suas atividades como um indivíduo livre, tendo assim o homem representado como a figura central mais importante do mundo, como o centro de tudo. A vida humana tem valor intrínseco, enquanto outras entidades como (plantas, animais e outras) são exploradas para benefício do homem.
Segundo a visão antropocêntrica, o “Direito Ambiental é voltado para a satisfação das necessidades humanas” (Fiorillo 2012, p.69), não havendo proteção ambiental se não houvesse beneficio direto e imediato à espécie humana, logo todos os benefícios da tutela do meio ambiente deveriam dirigir-se ao homem, centro de todo ambiente. Logo o direito ambiental possui uma necessária visão antropocêntrica, onde o único animal racional é o homem cabendo a este a preservação das espécies.
Quando a Constituição Federal de 1988 passou a proibir práticas cruéis contra os animais, esteve contrária à visão antropocêntrica do direito ambiental, uma vez que tais práticas foram observadas pelo direito constitucional como abusivas indo contrárias ao que é estabelecido no texto constitucional no que diz respeito à proteção a fauna. 
Por conseguinte a extinção de espécies e a crueldade contra os animais, quando entram em confronto com a atividade cultural típica como, por exemplo, “a farra do boi” fica evidente que prevalece a atividade cultural por ser voltada para a cultura da região considerada uma prática normal para aqueles que organizam certas manifestações culturais envolvendo animais. 
Por se tratar de seres não-humanos, muitos sofrem e não tem seus direitos reconhecidos para a garantia e preservação do seu bem-estar, SINGER em uma entrevista dada a revista “VEJA” é perguntado:
Por que alguém deveria se preocupar eticamente com um animal? Afinal, os animais não se preocupam eticamente com os seres humanos. Realmente, eles não se preocupam. Mas bebêse crianças pequenas também não têm preocupações éticas e todos concordariam que devemos nos preocupar com eles eticamente. Se alguém quisesse causar dor numa criança por diversão, iríamos pensar que é errado, mesmo que a criança ainda não seja capaz de pensar eticamente sobre as outras pessoas. Acho que o mesmo vale para os animais. Eles são capazes de sofrer, sua vida pode ser boa ou má. E mesmo assim nós usamos bilhões deles para motivos fúteis, sem levar em conta seus interesses. Se há sofrimento acontecendo – que nós estamos causando estamos diante de 12 uma questão ética importante. (http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/petersinger).
Na fala de Singer assim como para todos aqueles que assumem a responsabilidade de lutar pelos direitos dos animais, há uma preocupação quanto a seu sofrimento, pois os animais assim como os seres humanos sentem necessidades, mas a sua realidade é dura e em muitos casos são tratados de maneiras fúteis pelo o homem e os seus interesses não são levados em consideração assim como seu bem-estar. 
Os animais não-humanos têm a capacidade como os humanos, tendo em vista que anos atrás essa capacidade passou-se a ser considerado sendo exclusiva dos seres humanos, logo os não-humanos foram tratados como coisas e explorados das mais diversas formas terríveis, ficando em muitos casos largados a própria sorte e em situações de necessidade uma triste realidade que afeta a sua dignidade como ser vivo dependente do que é necessário para sua sobrevivência.
Há tempos o mundo vive diversas discriminações de vários tipos diferentes, onde alguns recebem maior consideração essas discriminações era contra certos humanos com relação a seu sexo, sua orientação, sua cor da pele e por diversas outras razões. Sendo possível discrimina-lo e ao mesmo tempo em alguns casos podem também trata-los bem. 
Uma das consequências do antropocentrismo, de que uma concepção coloca o ser humano como centro das atenções do mundo e indicando o homem como uma única espécie de humanidade que têm direitos tem-se o que se entende no especismo. 
O especismo é uma atitude tão insinuante e generalizada que mesmo aqueles que atacam uma ou duas das suas manifestações - como o abate de animais selvagens efetuado por caçadores, ou a experimentação cruel ou as touradas - participam, eles próprios, noutras práticas especistas (Singer 1975, p.159).
Especismo sendo um tipo de discriminação contra os seres que não pertencem a certa espécie, sendo normal em muitas das sociedades humanas variando de lugar para lugar. Esse termo é utilizado para se referir a discriminação a diferentes valores e direitos baseados na sua espécie. Uma grande parte dos humanos são especistas com relação a certos animais (melhor dizendo os não-humanos), por se colocarem inferiores e os colocando abaixo do seu patamar não lhe conferindo qualquer direitos.
Os não-humanos possuem necessidades e interesses próprios, sendo assim não sendo exclusivas só de humanos. Porém as necessidades dos humanos predominam sempre em detrimento dos interesses dos animais não humanos. 
A esse tipo de discriminação é chamado de especismo. Alguns especistas levam em consideração que a raça humana é superior, com poder de domínio sobre a terra e os que nela habitam. A interpretação errônea de gênesis, demonstrado na seguinte passagem da Bíblia: “Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra” (GENESIS, 1:26-28, grifo nosso).
Essa capacidade de raciocinar dos seres humanos muitas das vezes é utilizada para difamar as outras espécies. A falta de empatia para com outras espécies é outro termo utilizado para outro tipo de discriminação que ocorre entre os seres humanos (ex. racismo) onde durante muitos anos por diferença na cor da pele foram explorados e escravizados tratados sem dignidade e sofrendo a todo tipo de castigos, assim como hoje muitos outros animais são explorados e escravizados porque são tidos como diferentes e por vezes não sentem empatia com eles.
Logo o especismo acontece livremente como racismo onde se desconsidera totalmente o bem de um indivíduo, de se causar sofrimento sendo possível causar danos injustamente, de causar morte, de explorar e escravizar usando o indivíduo em questão, desfavorecendo ou favorecendo tendo como critério a espécie escolhida e somente aqueles que delas fazem parte e da importância dos interesses que estão em conflitos. 
Na obra “Abolicionismo animal[footnoteRef:7]” Gordilho (2008) faz um estudo sobre o especismo comparando-o com o sexismo e o racismo, sendo também um tipo de preconceito não devendo ser levado em consideração para a criação de certas opiniões morais. Gordilho faz uma divisão de especismo em duas categorias: o “especismo celetista” onde discrimina determinadas espécies e o “especismo elitista” onde o ser humano faz discriminação todos de outras espécies. [7: O abolicionismo animal é um movimento que defende os direitos das espécies, advoga a abolição da dominação e da exploração dos animais por meio de uma ética biocêntrica que respeita a vida de todos os seres sencientes da Terra.] 
O autor conclui então que a visão especista do mundo, expressão da discriminação humana é resultante de uma construção histórica, sendo questionada duramente pelos pensadores atuais. 
Na maioria das sociedades humanas é considerado completamente normal discriminar animais de outras espécies o que hoje em dia tornou-se uma discussão para tal discriminação. 
As maneiras pelas quais essa discriminação ocorre e suas severidades variam de lugar para lugar, e certos animais são tratados de maneira pior em alguns lugares do que em outros. 
Por exemplo, cães, vacas e golfinhos são considerados de forma muito diferente dependendo da sociedade. 
Uma coisa que a maioria das sociedades tem em comum é que elas discriminam de maneira muito danosa pelo menos algumas espécies de animais, e assim sendo práticas habituais certos comportamentos abusivos e dão tão pouca importância ao fato de que são seres vivos com necessidades de sobrevivência. 
Conforme o pensamento de Nietzsche, o homem não é o centro de tudo nem a medida para todas as coisas ao qual o Planeta gira e o que se distancia dos animais é o nosso orgulho e a nossa vaidade, uma vez que eles existiam há muitos anos até mesmo antes do homem. Em “Nietzche para Estressados[footnoteRef:8]” Percy interpreta os grandes pensamentos de Nitetzche e quanto ao animal: [8: Publicado no Brasil pela editora Sextante, “Nietzsche para Estressados” é um pequeno manual que reúne 99 máximas do gênio alemão e sua aplicação a várias situações do dia a dia. No livro, cada capítulo é iniciado por um aforismo de Nietzsche, seguido de uma interpretação atual feita por Allan Percy, autor da compilação.] 
Acredito que os animais veem o homem como um ser igual a eles que perdeu, de forma extraordinariamente perigosa, a sanidade intelectual animal. Ou seja: veem o homem como um animal irracional, um animal que sorri, que chora, um animal infeliz. É muito difícil os homens entenderem sua ignorância no que diz respeito a eles mesmos. Pobre do pensador que não é o jardineiro mas apenas o canteiro de suas plantas! (Percy, 2011,pg. 74)
Em pleno século XXI muitas pessoas ainda vivem presas a esse passado que foi tão antigo e violento, e hoje em dia nos deparamos com casos de desprezos e empatia onde o que predomina mais que o planeta é o seu próprio ego, uma visão em que tudo que existe ao redor pode-se fazer o que quiser o que bem entender.
1.2 Evolução histórica da proteção animal no Brasil e o reconhecimento de seus direitos enquanto seres sencientes.
Ao redor do mundo muitos ordenamentos jurídicos tutelam um conjunto de instrumentos com objetivo de nos conscientizar com relação à conservação e preservação do meio ambiente. 
No direito clássico, pós-Revolução Francesa a natureza e seus componentes eram tidas na categoria de um bem ou coisa, ocódigo civil francês de 1804 no livro II, afirmava que 
“coisa” em direito romano seria tudo que se encontra na natureza e já as coisas que possuem capacidade para sofrer impressões e/ou modificações de apropriações seriam “bens”.
Nem sempre a filosofia foi inspiração para a evolução dos direitos dos animais, ao longo da história percebe-se que grandes filósofos, contribuíram para o rompimento com as leis da natureza e com o contrato natural destacando a importância do homem, o antropocentrismo, a utilização dos animais em benefício daqueles, como seres inferiores e a serviço do ser humano.
O movimento em defesa dos direitos dos animais começa a aparecer como um novo direito fundamental no Direito Constitucional, como forma de proteger não só o meio ambiente, mas coibindo atos de violências e crueldades contra animais e consequente a extinção de muitas espécies, mas também seus direitos de vida, liberdade e o direito de serem respeitados.
	Pitágoras no século VI A.C. já tratava sobre a transmigração de almas, ou seja, na crença da reencarnação entre seres humanos e animais ou vice-versa, defendendo o respeito aos animais. 
Luhman (2007) em sua interpretação concluiu que para Aristóteles os animais são tidos como meros instrumentos para a satisfação do homem pelo fato de não raciocinar, portanto não estaria na mesma proporção natural do homem. 
A ideia do uso dos animais por humanos, para comida, vestimenta, entretenimento e objeto de pesquisa era moralmente aceitável. Para Aristóteles os animais, as mulheres e os escravos eram inferiores aos homens, na visão de Aristóteles, não havia qualquer tipo de racionalidade nos animais, havia alguma sensitividade e nada mais ele defende que os animais não merecem consideração moral. Luhman comenta sobre Aristóteles esclarecendo:
“Aristóteles dita: ‘ Em tudo o que é composto de parte e nasce delas para chegar a ser uma unidade comum (hén ti koinón) seja de partes relacionadas ou separadas – sempre se apresenta também algo governante (to árchon) e algo governado ( to archómenon)’. Para isso, Aristóteles apela maciçamente à natureza, à necessidade e à utilidade – e para a desigualdade só faz valer como argumento de justiça que as melhores partes são as que governam”. ( Luhmann 2007, p.728)
Portanto como visto acima o homem pode, se distinguir de outros seres e seu universo pode se determinar por meio destas distinções, onde a estrutura social da sua vida é a revelação da sua natureza. 				
	“A história bíblica da criação estabelece de forma muito clara a natureza da relação entre o homem e o animal tal como o povo hebreu a via”. (Singer, 1975, p. 132). Onde Deus diz que a terra produza animais domésticos, répteis e feras de acordo com cada espécie. 
 Na Bíblia traz a ideia do uso dos animais por homem para comida, vestes, no conceito teológico de “domínio”, onde Deus disse a Adão: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra, Genesis (1:20-28).
Durante séculos foi desprezado o direito animal pelos intelectuais, tendo como uma visão centrada na serventia descrita na Bíblia, todo animal sobre a terra para uso do homem. Rousseau mencionou em seu “Discurso sobre a Origem e Fundamentos da Desigualdade entre Homens” (1754) segundo ele os animais devem fazer parte da lei natural, porque são seres sencientes (capacidade de sofrer ou sentir prazer ou felicidade) e não porque eles são racionais.
“Parece, com efeito, que, se sou obrigado a não fazer nenhum mal a meu semelhante, e menos porque ele é um ser racional do que porque é um ser sensível, qualidade que, sendo comum ao animal e ao homem, deve ao menos dar a um o direito de não ser maltratado inutilmente pelo outro”. (Rousseau, 2007, pg. 29)
	Dizia Francisco de Assis o santo italiano que renunciou toda a riqueza para se dedicar a pobreza, para ele “Todas as criaturas são nossos irmãos e irmãs”. E ele não via os animais como seres com menos direito à vida do que os humanos, o mesmo pregava tanto com pessoas como animais. O amor dele por Deus se manifestava por meio do seu amor por criaturas humanas e não humanas, atribuía a eles reações e comportamentos humanos por isso sua comunhão com os animais.
	Peter Singer esteve sempre envolvido na luta e defesa a favor dos direito dos animais, ao lançar seu Livro “Animal Liberation” influenciou toda uma geração. Onde a sua obra tornou-se muito conhecida como a Bíblia do movimento de direito dos animais, uma luz para os interesses daqueles que defendem o direito animal tornando-se visível a grande luta nesse sentido.
O bem-estar dos animais leva-se em consideração o sentimento do animal e sua concepção, e não o sentimento e a concepção do ser humano, de que por sentirem necessidades assim como os seres humanos, como fome, sede, dor e etc., estes ao longo dos anos foram tendo atenção quanto ao tratamento e respeito pelos humanos, a fim de sua autonomia para seguirem sua vida de forma livre. 
Assim, é necessária a criação de leis que viabilize a proteção animal garantindo aos não-humanos um direito de sobrevivência longe de tantas discriminações.
Os experimentos com animais continuam a ser utilizados para testes de produtos pelas indústrias farmacêuticas e uma parte das produtoras de cosméticos e artigos de limpeza para os riscos quanto a sua periculosidade para o ser humano, o uso de suas peles para vestimentas pressupõe a criação de uma grande quantidade de animais com o objetivo de serem retiradas as peles para confecções de cintos, botas entre outros em prol da utilidade.
A comercialização dos animais é um ato condenado pelos defensores de animais, desta forma são colocados preços nas suas vidas tendo como a prática de mercantilização assim muitas espécies é vistas como objetos e por infelizmente sendo comercializados como coisas e descartados por não ser mais útil ao homem, o que acabam por assim ferindo a dignidade animal enquanto ser vivo e passiveis de sentimentos. 
Animais comercializados vêm os filhotes separados de suas mães rompendo os laços familiares, sendo confinados em canis e muitos casos em condições cruéis até que sejam vendidos por preços de acordo com raças e seus portes, e os muitos que vagam pelas ruas são maltratados e mortos. E por consequências ao tornarem adultos passam a ser um peso e ter custos por precisarem de cuidados e alimentos que contribuam para sua vida saudável até mesmo por questão de saúde no ambiente em que foram domesticados. 
	Com a Declaração Universal dos Direitos Animais proclamada em assembleia, pela UNESCO em 1978, em Bruxelas, foram expressas características reprovadas pelos defensores em favor dos direitos dos não-humanos, sendo um documento de caráter normativo orientando as nações quanto as leis protetivas a fauna em sua ampla diversidade. Um alerta para o direito a vida distante de sofrimento ou quaisquer tipo de crueldade. Proclamando em especial o direito a vida e o direito ao respeito.
Proclama-se o seguinte. “Artigo 1º -Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência; Artigo 2º -1.Todo o animal tem o direito a ser respeitado. 2.O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais 3.Todo o animal tem odireito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem; Artigo 3º-1.Nenhum animal será submetido nem a maus tratos nem a atos cruéis. 2.Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia; Artigo 4º- 1.Todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir. 2.toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a este direito; Artigo 5º- 1.Todo o animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direitode viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie. 2.Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito; Artigo 6º- 1.Todo o animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural. 2.O abandono de um animal é um ato cruel e degradante; Artigo 7º- Todo o animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso; Artigo 8º- 1.A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação. 2.As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas; Artigo 9º- Quando o animal é criado para alimentação, ele deve de ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor; Artigo 10º- 1.Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem. 2.As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal; Artigo 11º- Todo o ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é um crime contra a vida; Artigo 12º- 1.Todo o ato que implique a morte de grande um número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie. 2.A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio; Artigo 13º- 1.O animal morto deve de ser tratado com respeito. 2.As cenas de violência de que os animais são vítimas devem de ser interditas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal; Artigo 14º- 1.Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar representados a nível governamental. 2.Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem”. (Declaração Universal dos Direitos Animais, 1978).
No século XVI foram desembarcados no Brasil os primeiros animais domésticos, onde eram utilizados na pecuária, expedições de bandeiras, na lavoura e transportes, sendo muito comum o uso de carros de boi, burros e cavalos no sertão, por exemplo, animais são utilizados para carregamento pesados e expostos a climas quentes sem um tratamento adequado para tal exposição entre outros e assim como a criação de animais pequenos para sustento das famílias dentro das comunidades como: galinhas e porcos.
		No século XVI, em 1521 foi promulgada a obra legislativa denominada Ordenações Manuelinas, um destaque a primeira legislação em âmbito penal muito embora voltadas aos direitos do dono do animal, disciplinava regras a respeito da proteção de propriedade sobre o animal, fazendo alusão ao ato das queimadas e à caça não permitida de animais. Consta das Ordenações Manuelinas
 “Da pena que haverá o que matar bestas ou cortar árvores de fruito. E que tanto que o guado se decepar se esfole logo. Qualquer pessoa que matar besta de qualquer sorte que seja, ou boi ou vaca alheia por malícia , se for na Villa, ou em qualquer casa, pague a estimação em dobro e se for no campo pague em tresdobro e tudo para se dono”. (Ordenações Manuelinas, 1521, Livro V, Título C).
Sucessora das Ordenações Manuelinas no que concerne o Processo Civil, igualmente as Ordenações Filipinas continha previsões voltadas ao meio ambiente, sendo as que mais perduraram no Brasil, no que diz respeito às Ordenações Filipinas:
“Dos que compram colmeias para matar as abelhas e dos que matam bestas. E a pessoa que matar besta, de qualquer sorte que seja, ou boi ou vaca alheia por malícia, se for na Villa ou alguma casa, pague a estimação em dobro e se for no campo pague em tresdobro , e tudo para o seu dono, e sendo o dano de 4 mil reis, seja açoitado e degradado quatro anos para a África. E se for de valia de trinta cruzados e daí para cima será degredado para sempre para o Brasil”. (Ordenações Filipinas, 1603 Livro V, Título LXXVIII).
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As velhas Ordenações (Manuelinas e Filipinas), indiretamente protegiam o animal, foi um marco histórico importante na defesa dos animais.
Foi estabelecido por colonos europeus na Nova Inglaterra em 1641, um código jurídico composto por uma lista de liberdade utilizada como orientação para o tribunal daquela época, onde protegia os animais domésticos na América, deixava expressa que qualquer ser humano não poderia exercer qualquer crueldade contra qualquer criatura que fosse mantida para o seu uso.
Em sede internacional destacam-se a Declaração de Estocolmo[footnoteRef:9] (ONU, 1972), sendo a primeira reunião organizada para a concentração de questões ambientais, uma atitude mundial na tentativa de preservar o meio ambiente. Nos itens 1 e 2 da Declaração de Estocolmo fica consagrado que: o homem é responsável pelo meio ambiente, e este lhe oferece o sustento material e a possibilidade de evoluir de forma moral, social e espiritual: [9: A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 junho de 1972, atenta a necessidade de um critério e de principios comuns que ofereçam aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano.] 
Proclama que: “1. O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem 
adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma. 2. A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos. ”. (Declaração da Conferência das Nações Unidassobre o Meio Ambiente Humano, 1972)
	A Conferência de Estocolmo entrou para a história como a inauguração da agenda ambiental e o surgimento do direito ambiental internacional, elevando a cultura política mundial de respeito à ecologia, e o primeiro convite para a elaboração de um novo paradigma econômico e civilizatório para os países.
Na esfera nacional há de que se falar no Decreto Lei n 24.645, de 10 de Julho de 1934, onde definiu situações de maus tratos contra os não-humanos (animais) estabelecendo medidas de proteção aos mesmos, decreta:
“Art. 1 Todos os animais existentes no País são tutelados do Estado. Art. 2 (...) §3 Os animais serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério Público, seus substitutos legais e pelos membros das sociedades protetoras de animais.” (Decreto n 24.645/34)
Esse decreto n 24.645/34 funciona como parâmetro para caracterizar maus tratos praticados contra animais ainda hoje, dentre muitas condutas que se enquadram penalmente se destaca as de: manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o descanso, ou os privam de ar ou luz; utilização em serviço desgastante um animal cego, ferido, enfermo, fraco, extenuado ou desferrado (em ruas calçadas); fazer viajar um animal a pé, mais de 10 quilômetros, sem lhe dar descanso, ou trabalhar mais de 6 horas contínuas sem lhe dar agua e alimento; realizar ou promover lutas entre animais da mesma espécie ou de espécie diferente, touradas e simulacros, ainda mesmo em lugar privado; dentre outras condutas.
A Lei nº 6.938/81 disciplina a Política Nacional do Meio Ambiente[footnoteRef:10], compreende por estas diretrizes por lei com o objetivo de integrar e harmonizar políticas públicas de meio ambiente dos entes federativos, tonando mais eficazese efetivas. É a referencia mais importante na proteção ambiental, sendo recepcionada pela Constituição Federal de 1988 dando efetividade ao artigo Constitucional 225. [10: A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.] 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 foi um marco importante para a defesa dos direitos dos animais. Em seu art. 225, §1, inciso VII trata sobre o meio ambiente e destaca a proteção à fauna como um dos valores constitucionais.
	Foi um passo dado para evolução no novo tratamento ao meio ambiente pela Constituição Federal deixando expressa em seu texto constitucional uma garantia à proteção e sua valoração, Benjamin deixa muito claro a importância e a valoração no tratamento para um equilíbrio ecológico a seu ver:
[...] em melhor sintonia com o pensamento contemporâneo e o estado do conhecimento cientifico, baseada na valoração não apenas dos fragmentos ou elementos da natureza, mas do todo e de suas relações recíprocas: um todo que deve ser “ecologicamente equilibrado” visto por um lado, como “essencial á sadia qualidade de vida”, e por outro, como “bem de uso comum do povo”. Numa palavra, o legislador não só autonomizou o meio ambiente, como ainda o descoisificou, atribuindo-lhe sentido relacional, de caráter ecossistêmico e feição intangível. Um avanço verdadeiramente extraordinário. (Benjamin, 2001, p.80)
A partir dessa determinação foram criadas normas visando à proteção dos animais, garantindo a preservação do meio ambiente estipulando sanções penais e administrativas para quem vier causar prejuízos, assim como cometer crimes que cause a morte do animal, caçar, vender ou guardar em cativeiros animais silvestres, entre outros. Com exceção as pessoas que possuírem licença ou autorização assim não sendo considerados crimes.
A lei 9.605/98, conhecida como a Lei de Crimes Ambientais (LCA) prevê-nos art. 29 a 37 como crimes os maus tratos contra os animais, as penas previstas pela lei. determina as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. As penas agora têm uniformização e gradação adequadas e as infrações são claramente definidas. A lei define a responsabilidade das pessoas jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam responsabilizadas criminalmente pelos danos que seus empreendimentos possam causar à natureza 
Trazido um avanço ao criminalizar os maus tratos, ferir ou mutilar animais dependendo da espécie, em algumas cidades, estados e municípios existem leis que aplicam multas, por exemplo, contribuindo assim para a utilização dos defensores de animais na proteção contra a exploração e crueldades sofridas pelos animais.
As normas legais são necessárias para combater abusos contra os não-humanos mais também se faz necessária uma mudança no pensamento dos aplicadores do direito, sendo preciso que o direito dos animais seja utilizado para acabar com todos os atos que expõem os animais não-humanos a violência e qualquer tipo de exposição que fere a sua dignidade. 
A presença do Ministério Publico vem como papel de guardião da ordem jurídica sobre tais condutas e o apoio da sociedade jurídica e também civil é imprescindível para uma mudança de paradigma na forma como tutelamos de forma legal os animais não-humanos.
O Brasil tem a quarta maior população de animais no mundo Fonte IBGE 2013, isso sendo muito preocupante, pois com o crescimento dessa população são crescentes também os casos de abandonos e maus tratos, é preciso toda atenção com relação a esse crescimento uma vez que tratamos de vidas e direitos que os mesmo possuem e para que esses mesmos direitos tenham efetividade deve-se colocar em prática o que as normas expressas em leis protege e defende a respeito do meio ambiente.
 O objetivo tratado no presente trabalho diz respeito ao direito a fauna como destaque o direito dos não-humanos bem melhor dizendo os animais domesticados, adestrados pelo homem, que passam a se harmonizar no ambiente doméstico tendo por fim o abandono por parte de seus tutores, e por consequência o difícil retorno à natureza para viver de forma independente neste caso precisando passar por uma readaptação e em muitos casos precisam de cuidados clínicos para sua saúde. 
Quando são abandonados os animais ficam debilitados, contraem as mais variadas doenças e as transmitem para outros. Trata-se, portanto, de um problema de saúde pública e principalmente um problema moral que precisa ser tratado como tal. 
Os cuidadores devem se conscientizar da responsabilidade que assumem quando compram ou adotam um animal de estimação. O homem e o animal devem ser protegidos em razão de sua saúde e qualidade de vida.
Os problemas começam a partir da aquisição de um filhote sem se dar conta de que eles crescem e precisam de cuidados, em muitos casos especiais, por envelhecerem ou adoecerem. Mas quando esses animais adoecem e/ou envelhecem, seus cuidadores, em geral, recorrem à solução mais prática: o abandono. O animal é descartado como coisa que não serve mais, como um brinquedo que está apresentando defeito ou a sacrifício. 
Diante de tantos casos de abandono e maus tratos, nota-se a ausência de políticas de incentivo à proteção dos direitos dos animais deixarem de tratar animais como ‘coisas’ mais sim como sujeitos de direitos, ou seja, descoisificar dando tratamento igual a todos os animais, atribuindo os padrões de proteção conforme seus interesses. 
É fazer apelo a responsabilização do Estado, cidadãos e das autoridades públicas, a simples criação de leis lhe dando direitos não é garantia de que serão cumpridas mais sim comprovar que eles são seres sencientes e não fazem jus a qualquer tratamento cruel assim na prática quando violadas sejam punidas severamente. 
Há uma filosofia que reconhece o valor da vida animal e o direito a sua dignidade, no que diz Edna Cardoso Dias:
“Esse documento é um convite para o homem renunciar à sua atual conduta de exploração dos animais e, progressivamente, ao seu modo de vida e ao antropocentrismo, para ir de encontro ao biocentrismo. Por essa razão, representa uma etapa importante na história da evolução do homem.” (DIAS, 2000, p.333).
É importante reeducar a sociedade na posição em especial de cuidador aqui presente no trabalho, do significado para os animais como sujeitos de direitos trazendo a dignidade e respeitos aos animais e a punição quanto aos crimes de abandono e maus tratos. 
2. O PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO E O TRATAMENTO NO DIREITO BRASILEIRO FRENTE AOS MAUS TRATOS CONTRA ANIMAIS NÃO-HUMANOS. 
Uma vez que os animais não humanos não são iguais aos humanos em todos os aspectos, a questão da igualdade concorda que animais não têm todos os desejos que um humano tem, e não compreendem tudo que os humanos compreendem, mas tem desejos em comum e compreendem o desejo por comida e água, abrigo e companhia, liberdade de movimentos e de não sentir dor. 
São sentimentos compartilhados com os humanos, muitos entendem o mundo no qual vivem senão eles não sobreviveriam, e mesmo com tantas diferenças há igualdade. Todos, humanos e não humanos, estão no mundo e todos são cientes de que dele fazem parte.
Para a maioria dos seres humanos há uma relação que envolve um ou mais animais de estimação, ficando evidente que uma das maneiras de como os animais serve os homens é como companheiros. 
O homem é tido como seu tutor e por assim deve ter na mesma perspectiva de conscientização da sua existência e de que busca no animal sua companhia também deve se conscientizar da importância e dos cuidados que o animal precisa e deve ter ao sair de seu habitat natural para assim servir ao humano dentro da sua família e sua comunidade.
A domesticação constitui um dos fundamentosda humanidade, se bem que hoje ela seja muitas vezes representada por um fato histórico, a domesticação dos animais pelos homens foi muito importante para a própria evolução do ser humano uma vez que os animais possuem algumas habilidades como a caça, força e velocidade que os próprios seres humanos não detinham, já por conta disso notou-se uma fraqueza diante desses animais pelo humano e logo o homem tornou os animais como seus aliados. 
Com a convivência entre os animais percebeu-se que a presença dos seres humanos era aceitável por alguns o que foi os tornando mais dóceis e por isso passou a ser uteis para algumas finalidades facilitando o processo de domesticação.
Os seres vivos são expostos a novas condições de vida durante várias gerações onde lhe causam mudanças apreciáveis e ao longo do tempo começa a sofrer alterações, no que diz Charles Darwin [footnoteRef:11]a respeito tem-se: [11: Seu livro em 1859 primeira edição original, A Origem das Espécies, causou espanto na sociedade e comunidade científica da época, mas conseguiu grande aceitação nas décadas seguintes, superando a rejeição que os cientistas tinham pela transmutação de espécies.] 
Não se poderia citar exemplo algum de um organismo variável que tenha cessado de variar no estado doméstico. As nossas plantas há longo tempo cultivadas, tais como o trigo, ainda produzem novas variedades; os animais reduzidos de há muito ao estado doméstico são ainda susceptíveis de modificações ou aperfeiçoamentos muito rápidos. (Darwin, 2009, pg. 6)
	Diante disso fica claro que os animais são expostos a muitas variações e transformações ao ser domesticados e no entender de Darwin eles se aperfeiçoam e essas variadas mudanças são pelo o fato de serem criados pelo homem. 
	
2.1 A domesticação de animais e os cuidados e responsabilidades de seus tutores.
Há algum tempo atrás em um determinado período o ser humano percebendo que alguns animais eram dóceis e fáceis de convivências passaram a separar os mesmos para que se reproduzissem entre em si e assim iniciava-se o processo de domesticação.
	Antigamente o homem do período pré-histórico no período Paleolítico[footnoteRef:12] era conhecido como nômades, ou seja, devido às baixas temperaturas da Terra o homem era obrigado a viver em cavernas para sua proteção se deslocando constantemente em busca de morada e alimentos, conhecidos por caçadores e coletores. [12: Paleolítico adjetivo substantivo masculino CRONOLOGIA diz-se de ou período mais antigo da Pré-História, caracterizado pela indústria da pedra lascada, ou seja, pedaços de rocha quebrados grosseiramente, us. como armas e como ferramentas; período da pedra lascada, idade da pedra lascada.] 
	O período Neolítico [footnoteRef:13]é considerado um marco importante para o desenvolvimento da sociedade e mudanças culturais tendo em vista que o homem nesse processo de transformação começa a se relacionar com a natureza cuidando de plantas e consequentemente pela sedentarizarão do homem passa a domesticar animais para suas finalidades o que antes os mesmo faziam sós e com o passar do tempo foram domesticando animais para assim o fazerem em seu lugar. [13: Neolítico CRONOLOGIA última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais. 2. período da Pré-História que se estende de 7000 a.C. a 2500 a.C., caracterizado pelo uso de artefatos de pedra polida, e que entra pela Idade do Bronze (c3000 a.C. no Oriente Médio).] 
Logo entra em cena a Co-evolução [footnoteRef:14]o processo dado onde aponta um pacto contido entre espécies e pessoas na condição benéfica para ambas às partes, o termo foi utilizado pela primeira vez por Ehrlich e Raven (1964) na representação sobre influências de plantas e insetos tem sobre a evolução um do outro. O resultado poderia ser o padrão de relações entre borboleta-planta de Ehrlich e Raven, o zoólogo britânico Ridley em sua obra “Evolução” comenta: [14: Co-evolução EVOLUÇÃO. evolução interdependente de duas espécies, em decorrência das importantes relações ecológicas existentes entre ambas.
] 
A ação da seleção natural sobre as plantas, por sua vez, favorece nseticidas melhorados. Por isso, a coevolução deveria constituir-se de ciclos, na medida em que os grupos de plantas são incluídos nas dietas dos grupos de insetos, ou delas retirados, e os insetos se “movem” evolutivamente entre os tipos de plantas, de acordo com suas capacidades bioquímicas. (Ridley, 2007, pg. 636)
Os primeiros animais domésticos foram os lobos sendo ancestrais dos atuais cachorros e com essa domesticação ganharam a proteção contra predadores, pois o homem no período de sua convivência os protegiam, os alimentavam e os abrigavam confortavelmente e aconchegante se aquecendo no calor das fogueiras.
	O homem e o lobo convivendo juntos e começa-se a adaptação devido ao crescimento e as manifestações culturais onde cada um tem no mesmo espaço sua função e contribuição dentro da sociedade deixando claro que nesse sentido o animal foi domesticado para servir o homem. 
Assim, pode se dizer que o cachorro foi o primeiro animal domesticado por ter se adaptado melhor em convivência com os humanos onde ambos foram fáceis de ser conquistados, no passado ambos caçavam para sua sobrevivência e forma de defesa, hoje o animal após ser domesticado passa a servir ao homem e o homem passa a cuidar para que os animais assim tutelados por eles estejam bem para que se cumpra a função ao qual o mesmo o coloca para seus interesses pessoais.
O que vem se constatando é que os animais domesticados vêm tomando um espaço dentro das famílias brasileiras, pelo fato dos mesmos serem tão fieis e fáceis de convivência uma vez que como já foi dito no decorrer do trabalho são seres que sentem alegria e assim demonstram gratidão por serem tratados bem o que não se pode negar é que os animais não-humanos são sim seres que tem na pessoa de seu tutor um refugio, um protetor que durante sua vida esta sempre pra atender no que ele precisar, e infelizmente até depois de sofrerem maus tratos muitos desses não-humanos ainda abanam seus rabos em um gesto de felicidade ao reencontrarem após serem abandonados covardemente. 
No ano de 2013 foi divulgada no Brasil uma pesquisa que apontou a aproximação de famílias na decisão de tutelarem mais animais do que crianças a de países como estados Unidos e Japão, indicando que 44,3% dos lares têm pelos menos um cachorro, em um total de cerca de 52.2 milhões de mamíferos de forma carnívora em todo território nacional (IBGE/PNS, 2013), destacando os Estados do Sul. 
Nessa perspectiva a mudança na constituição das famílias que envolva o bem-estar de animais que passam a ser humanizados para ficar no papel de filhos, tem resultados em diversas consequências biopsicossociais. 
A população de animais não-humanos vem crescendo a cada ano, o que mostra que as famílias brasileiras optam por ter um animal de estimação para o convívio com seus entes domesticados e assim ter um fiel amigo.
No Brasil essa população de animais contabilizou em 2013 um total de 132 milhões dentre eles 52,2 milhões cães; 37,9 milhões de aves; 22,1 milhões de gatos conforme tabela abaixo: 
Figura 1: População de Animais de Estimação no Brasil 2013
Fonte: IBGE Elaboração: Abinpet 
A estimativa em 2018 contabilizou que a população de animais no Brasil é de aproximadamente 139,3 milhões de pet (brasileiro) recebendo assim uma nova amostragem depois do ano de 2013 ilustrado na tabela acima já mencionado. Mostra então que o crescimento da população animal é uma realidade que preocupa a todos que identifica os seres sencientes com direitos, tudo isso porque com esse crescimento também se faz presente infelizmente o crescimento de maus tratos e abandonos em que o homem é responsável. Vejamos o que nos mostra a figura abaixo:
Figura 2: População de Animais no Brasil 2018
 Fonte: Instituto Pet Brasil Elaboração: Abinpet
O processo de domesticação é um caminho que deve ser tratado com mais seriedade umavez que seguindo o raciocínio de que “a natureza trata todos os animais abandonados aos seus cuidados com uma predileção que parece mostrar quanto é ciosa desse direito” (ROUSSEAU, 2007, pg.39) ao passar por esse processo o animal sai do seu habitat natural ficando vulneráveis e dependentes aos cuidados dos seres humanos, ou seja, seus tutores. 
	A domesticação é o processo de reorganização transmitindo os animais selvagens para a forma domestica tendo cuidados e preparação em alguns casos de acordo com os interesses pessoais, sendo reconhecidos na questão de “utilização” e assim mesmo que sempre lado a lado com o homem esses seres nunca foram reconhecidos por igualdade. “Há já séculos que as pessoas fazem cruzamentos de raças, domesticam, matam e exploram os animais de muitas formas”. (Singer, 1975, pg. 114)
	Deve-se levar em consideração que o humano ao optar por ter seu animal doméstico passa a ser responsável pela sua saúde e seu bem estar para que tenhas uma qualidade de vida digna e longe de sofrimento, e que ao optar por ter um animal o homem deve se perguntar: será para tê-lo e atender as suas necessidades ou se muitas vezes esta tendo para seu interesse ou o explorando? 
	Ao olho nu temos uma realidade triste e cruel com aqueles que são domesticados para servir a família onde a grande maioria são abandonados ou explorados pelo próprio dono. Muitos cães perdidos ou descartados nas ruas que após servir aos seus interesses por algum problema de saúde ou por ficarem velhos perdem a utilidade para seus tutores acabam assim jogados a própria sorte nas ruas.
Os animais de rua se tiverem a sorte de serem recolhidos e levados para um abrigo ou canil que trabalhem para a proteção dos mesmos, poderão esperar encontrar um novo lar podendo ter uma segunda chance de sobrevivência caso contrario sofrem, contraem doenças, são abusados e morrem nas ruas uma população de não humanos que crescem a todo instante e não só os cachorros considerados sem raça mais até mesmo aqueles comprados em pet shops vendidos por raça e sexo e que em igualdade nesse sentido passam a ser um obstáculo para a vida do homem, e passam pela difícil adaptação a sobrevivência após ter tido um lar e tutor. 
Mesmo que selvagens os animais atualmente podem ser domesticados rapidamente em condições controladas. Diferentemente de antes, onde o processo de uma espécie demorava décadas ou séculos, e como consequência levava a extinção de espécie em seu estado selvagem. Mas que ao passar pelo processo de domesticação ficam vulneráveis dependendo do homem para sua subsistência ou pior pela ignorância e superioridade humana são submetidos a qualquer tipo de crimes e ponto.
	Uma realidade que infelizmente para muitos é considerada normal, uma vez que os vejam e tratam como coisas e que por serem coisas não há necessidade de que sejam protegidos por leis ou que haja uma comoção com relação à realidade de muitos que sofrem.
	O que vemos é um mundo de superioridade onde o homem é o dono de tudo e pode fazer o que quiser mais o que esquecem é que eles não vivem sozinhos no planeta e que muitos já adquiram um animal até mesmo por cuidados de recuperações a saúde humana, por exemplo, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, bichos de estimação são liberados para entrar desde o ano de 2009 com autorização do médico responsável de cada paciente. 
	Ongs e muitas instituições trabalham levando animais as escolas, hospitais e centros de recuperações, como na APAE em muitos casos o animal pode ser até o próprio bicho do paciente. 
Os animais podem ser terapeutas e ajudar em recuperação de doenças, segundo estudos na área, os animais de estimação proporciona grande prazer ao dono, satisfaz as necessidades psicológicas básicas, além de oferecer uma parceria muito grande no que se relaciona a cuidados com doença e solidão. E ainda segundo estudos, pessoas que tem animais de estimação se sentem menos solidários e tem maior autoestima. 
Há que se questionar o porquê de tanta discriminação quanto ao sofrimento do animal, o que se vê é que os não-humanos são mais sociáveis e solidários com a espécie humana, como também necessitam de cuidados básicos como alimentação, abrigo e cuidados na saúde. 
O tutor tem um papel importante e deve por obrigação cuidar e proteger seu animal de estimação e ser ciente de que os mesmos como os humanos tem seu processo de crescimento e durante esse processo adoecem e envelhecem, então não será o abandono à solução adequada para que isso e as crueldades contra eles acabem deve se ter uma legislação que iniba toda e qualquer ação que coloquem os não-humanos em situações de maus tratos. 
2.2 Animais não humanos como detentores de direito e os desafios da realidade pratica.
	Os animais diferentes dos humanos matam outros animais, para manter assim o funcionamento da cadeia alimentar e o equilíbrio ecológico, ao contrário dos humanos que matam animais por esportes e até mesmo por prazer. 
Nas atividades agrícolas, o animal sofre assim que nasce, pois os filhotes são apartados de suas famílias e por não render lucros alguns chegam a ser descartados, em muitos casos os filhotes são levados para locais pequenos passando sua curta vida, sendo acorrentados sem liberdade de locomoção, para assim não desenvolverem músculos com a intenção de manter sua carne macia para o consumo de pessoas com paladares mais exigentes, esse tipo de tratamento com filhotes é visto como normal, pois assim sua carne é comercializada para saciar a vontade humana que consome carnes que no seu entender é mais sofisticada, os filhotes passam por um processo cruel e doloroso apenas para que sua carne atendam as necessidades dessas pessoas.
	Para satisfazer aos desejos exóticos do ser humano os animais são mutilados e obrigados a exercer funções que não condiz com a natureza atendendo assim as reivindicações econômicas de seus donos. Esses são os padrões das indústrias para animais criados e domesticados para alimentação, para roupas e nesse processo o sofrimento animal também é observado nos centros de pesquisas onde são submetidos a procedimentos dolorosos que pode gerar até a sua morte. 
	O nosso direito é também especista e as poucas leis existentes no Direito Brasileiro mostram o egoísmo o caráter econômico da legislação ambiental brasileira no que tange a tutela jurídica dos animais. Mesmo sendo o Direito uma criação humana que regulam suas necessidades socialmente ele também foi criado justamente para a proteção contra condutas humanas que provoquem destruição de valores no convívio social. 
O ser humano tem capacidade para transformar o mundo ao seu redor tendo dever moral e jurídico para agir com boa-fé entre seus semelhantes, não podendo ser diferente com as demais espécies uma vez que deve zelar pela preservação com o planeta Terra. Todos têm direitos, humanos e não humanos, como aponta Singer:
“alguns filósofos tiveram um trabalho imenso a desenvolver argumentos que demonstrassem que os animais não têm direitos. Afirmaram que, para ter direitos, um ser tem de ser autônomo, ou membro de uma comunidade, ou ter a capacidade de respeitar os direitos dos outros, ou possuir algum sentido de justiça. Estes argumentos são irrelevantes para a causa da Libertação Animal”. (Singer, 1975, pg.20)
Assim os animais não-humanos são vistos como objetos de valor econômico, bens negociáveis e adquiridos de diferentes maneiras, reforçando a concepção de valor de mundo natural domesticado e dos animais destituídos de direitos e de sentidos.
O direito ao animal já é idealizado por grande parte de doutrinadores jurídicos de todo o mundo, tendo como argumento o de que, assim como as pessoas morais possuem direitos de personalidade os animais tornam-se sujeitos de direitos subjetivos por força das leis que os protegem e do que eles representam e sentem.
 O Ministério Público expressamente tem a competência para representa-los em Juízo no momento em que as leis que os protegem sejam violadas. Para Edna Cardozo Dias:
[...] a legislação ao proteger o animal dá a ele