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CEDERJ – PORTUGUÊS I REVISÃO 4 – Aulas de 1 a 30 Leia o fragmento do conto “Missa do Galo”, de Machado de Assis, para responder às questões que se seguem. Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite. A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem, quando vim para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela casa assombrada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite, toda a gente estava nos quartos; às dez e meia, a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera a princípio, com a existência da tal comborça; mas afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que eram muito direito. (...) (MACHADO DE ASSIS,J. Obra completa, volume II, Contos, Páginas recolhidas, Missa do Galo, páginas 605, 606) 1) Observando os tempos e modos dos verbos empregados, identifique a atitude comunicativa que se evidencia no fragmento em análise. Explique. __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 2) O narrador de uma história é aquele que a coloca em cena. Pode incorporar várias identidades, assumindo a narração ou passando essa responsabilidade para um personagem. Pensando nisso, responda qual o foco narrativo deste texto? Justifique a sua resposta, ratificando-a com exemplos. __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 3) Identifique o sentido do “eufemismo” no trecho seguinte: “Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação.” __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ 4) Observe os enunciados em destaque nas duas frases abaixo: 1º) “Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; (...)” 2º) “A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem, quando vim para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios.” Essas frases exprimem relações semânticas determinadas sem, contudo, apresentarem conectores explicitamente. Faça, então, o que se pede: a) Reconheça a relação semântica expressa a partir dos enunciados sublinhados. __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ b) Reescreva as frases, selecionando um conector que explicite essa relação semântica. _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ 5) Leia o trecho seguinte: 6) “ Vivia tranquilo, naquela casa assombrada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos.” Agora, destaque um exemplo de: a) Paralelismo estrutural _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ b) Frase nominal _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ RESPOSTAS COMENTADAS: 1) Predominam tempos dos pretéritos perfeito, imperfeito e, em menor escala, mais-que-perfeito do modo indicativo, pois se trata da atitude comunicativa do “narrar”. O texto, portanto, situa-se no “Mundo Narrado”. (Ver Cadernos didáticos, volume 2, página 23) 2) O foco narrativo do texto é a 1ª pessoa, ou seja, o trata-se do “narrador de 1ª pessoa”, a que corresponde o papel de personagem e a não onisciência da narrativa Como exemplos, pode-se extrair qualquer passagem em que haja verbos ou pronomes de 1ª pessoa em referência ao narrador. (Ver Cadernos didáticos, volume 2, página 129) 3) “Eufemismo” é a figura de linguagem por meio da qual se abrandam as ideias, suaviza-se o que seria grosseiro, ou muito triste. Em suma, atenua-se a intensidade do que foi dito, dizendo uma coisa para significar outra, como ocorre no caso em questão. No texto, emprega-se “eufemismo” para significar que a “ida ao teatro” do escrivão Meneses era um eufemismo para esconder o que ele realmente fazia quando saía à noite: não era ao teatro que ia, mas à casa da amante. (Ver Cadernos didáticos, volume 1, página 247) 4) a) Relação semântica de causa e relação semântica de finalidade. b) “Como havia ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir” (ou “Preferi não dormir porque havia ajustado com um vizinho ir à missa do galo”, ou equivalentes). “A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem, quando vim para o Rio de Janeiro, meses antes, para estudar (a fim de estudar, com o objetivo de estudar) preparatórios. (Ver Cadernos didáticos, volume 1, capítulo 6). 5) a) Paralelismo estrutural: “com os meus livros, poucas relações, alguns passeios” ou “o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas”. (Ver Cadernos didáticos, volume 1, páginas 135-137) b) Frase nominal: “Costumes velhos” (Ver Cadernos Didáticos, volume 2, página 207).