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Linguagem, funções executivas e emoção


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19/03/2024, 20:15 Linguagem, funções executivas e emoção
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00336/index.html# 1/53
Linguagem, funções executivas e emoção
Prof.ª Virgínia Baptista Chaves Duarte de Lima
Descrição
A importância da linguagem e os centros cerebrais de controle da
linguagem, bem como os processos neurais que envolvem as funções
executivas e as emoções; memória de trabalho; controle inibitório;
flexibilidade cognitiva e redes frontais executivas. Emoções primárias,
secundárias e de fundo; teorias da emoção; amígdala e medo; córtex
pré-frontal e processamento emocional da tomada de decisão.
Propósito
Perceber que a linguagem, os comportamentos motivados, nossas
emoções e as funções executivas são essenciais para respostas
adequadas à vivência em sociedade como a conhecemos,
compreendendo, dessa forma, que identificar as bases neurais de tais
processos é importante para que se entenda as diferentes respostas
humanas, bem como suas adaptações.
Objetivos
Módulo 1
O processamento da linguagem
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Identificar os principais locais de processamento da linguagem no
cérebro humano.
Módulo 2
Funções cognitivas
Reconhecer as principais funções cognitivas processadas pelo
controle executivo.
Módulo 3
Processamento de emoções
Identificar a importância do processamento de emoções na tomada
de decisões.
Introdução
Imagine a seguinte situação: Um professor em uma sala de aula
(virtual ou não).
Ele precisa explicar conceitos específicos sobre determinado
assunto aos seus alunos. Para tal, ele organizou previamente um
plano de aula, no qual estruturou suas ideias principais e a ordem
dos assuntos que serão abordados.
O professor inicia sua fala, e os alunos ouvem o discurso e fazem
anotações em seus cadernos, tablets e smartphones. A
comunicação se estabeleceu e foi bem-sucedida. O professor
conseguiu com sucesso passar sua mensagem, que foi
transmitida por meio do uso da linguagem verbal e não verbal.
Além de sua fala, o professor providenciou imagens sobre o
assunto em questão, e isso facilitou o entendimento da matéria.
Nesse processo, tanto o professor quanto os alunos realizaram
diversas atividades, na sala ou mesmo antes de chegar a ela —

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das mais simples (como amarrar o cadarço do tênis) às mais
complexas (como elaborar esquemas, gráficos e imagens que
facilitem a compreensão de determinado conteúdo).
As funções executivas são as ações diretamente associadas a
partes específicas do cérebro.
Ao mesmo tempo, não somos capazes de compreender como
aconteceria a cena hipotética que mencionamos sem
imaginarmos se o professor chegou bem-humorado ou não, ou se
algum aluno sequer anotou uma frase, já que se recusava a dar
atenção àquele que lhe deu nota 2,0 na prova anterior.
Impossível imaginar as relações humanas se elas fossem
desprovidas de emoções, já que elas são tão necessárias como
habilidades adaptativas quanto os mecanismos de tomada de
decisão.
Dessa forma, compreender como a emoção é processada no
cérebro pode trazer informações relevantes sobre o
comportamento humano em diferentes situações.
É exatamente isso que vamos estudar agora!
1 - O processamento da linguagem
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais locais de processamento da
linguagem no cérebro humano.
Por que estudar a linguagem?
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A importância da linguagem
Mas o que é linguagem afinal?
Podemos defini-la como um sistema de comunicação com regras
específicas para que um emissor envie mensagens a um receptor, de
maneira que a mensagem principal seja compreendida.
Os sistemas de comunicação abrangem algumas especificações. São
elas:
Embora alguns animais, incluindo primatas não humanos,
possuam sistemas de comunicação próprios, a linguagem
humana, sem dúvidas, é a mais complexa. Basta observarmos
como a língua de determinado local sofre mudanças com o
tempo: recebe novas palavras, criam-se neologismos, termos,
gírias.
Com o avanço da tecnologia e das realizações humanas em
todas as áreas, novas palavras e novos vocabulários são criados
a fim de acompanharem o desenvolvimento da sociedade. Sem
contar as palavras que são absorvidas das mais diversas línguas
e modificadas para se ajustarem às regras gramaticais de outra
localidade. Com certeza, nossas tataravós não saberiam dizer o
que é um drone ou um smartphone. Entretanto, ambos fazem
parte de nossa vida no presente e sabemos seus significados e
suas funções.
A linguagem, portanto, é uma adaptação fundamental na
evolução dos seres humanos, e não é formada apenas de sons
específicos, mas envolve ainda gestos e expressões faciais, que
trazem emoção ao discurso.
Durante muito tempo, o estudo da linguagem humana limitou-se
a ensaios e testes com pacientes com lesões cerebrais, cujos
danos restringiram aspectos da linguagem. Porém, com o
Sistema de comunicação próprio 
Avanço tecnológico 
Evolução humana 
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avanço da tecnologia de imagens, foi possível inserir a
Neurociência no processo de investigação das áreas cerebrais
voltadas à linguagem, o que possibilitou uma compreensão
maior do fenômeno.
Alguns aspectos da linguagem
A linguagem pode ser desmembrada em componentes mais
específicos. Veja os detalhes:
Linguagem verbal
Inclui a vocalização de sons e a compreensão deles via sistema
auditivo.
Linguagem escrita
Encarrega o sistema visual de receber os estímulos para a
compreensão da informação.
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Linguagem braille
Será o Sistema somestésico o primeiro a receber as informações
necessárias para que a comunicação ocorra ao utilizar o braille.
Sistema somestésico
Ligado à percepção tátil.
Braille
Sistema de escrita com pontos em relevo que as pessoas privadas da visão
podem ler pelo tato e que lhes permitem também escrever; anagliptografia.
Dessa maneira, dependendo do tipo de linguagem utilizada, haverá um
pareamento de sistemas para a compreensão da mensagem.
Quando comparamos a linguagem verbal falada com a linguagem
escrita, por exemplo, entendemos que a primeira possui fortes bases
neurais, uma vez que, nos primeiros meses de vida, os seres humanos já
são capazes de iniciar processos de aprendizagem neste campo.
Ao passo que a escrita ocorre em etapas posteriores da vida e depende
de uma educação formal, o que nem sempre ocorre. No entanto, a
linguagem deve ser considerada universal, no sentido de que todas as
sociedades apresentam sistemas bem definidos de regras e se
comunicam, ao menos, verbalmente.
A universalidade da linguagem nos traz a ideia de que tal fenômeno é
inato ao ser humano e que, provavelmente, existam áreas específicas no
cérebro para o processamento desses dados.
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Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de
linguagem:
Áreas encefálicas envolvidas na fala
 Fonema
São unidades formadoras das palavras. São sons
distintos, cuja junção resulta em palavras e frases.
 Sintaxe
É uma estrutura de regras gramaticais para
associação de palavras em frases.
 Semântica
Representa a compreensão do significado das
palavras.
 Prosódia
São inflexões, entonações de voz, gestos e
expressões faciais que acompanham a fala.
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Você já se deu conta que a associação entre regiões cerebrais e a fala é
uma descoberta relativamente recente?
Exatamente! Durante muito tempo, acreditou-se que todos os processos
de regulação da fala se davam apenas em níveis inferiores, mais
especificamente os músculos da boca, língua e laringe.
Acompanhe a evolução dessa descoberta:
Confira, agora, alguns aspectos relacionados as áreas encefálicas e a
relação entre os problemas na fala.
Procedimento de Wada
O procedimento de Wada é uma técnica mais moderna desenvolvida por
Juhn Wada, no Instituto Neurológico de Montreal, relacionada a
pesquisas na área de epilepsia. Esse procedimento consiste na
administração de um barbitúrico de ação rápida pela artéria carótida de
apenas um dos lados do pescoço, o que faz com que apenas um
hemisfério seja anestesiado. Dentre os efeitos transitórios, estão:
paralisia do corpo no lado contralateral à injeção e problemas na
 1770
Foram observados os primeiros indícios de que as
áreas encefálicas estariam associadas a problemas
na fala.
 1863
O neurologista francês Paul Broca publicou um
artigo relatando vários casos de indivíduos com
lesões nos lobos frontais, especificamente no
hemisfério esquerdo, nos quais a linguagem estava
comprometida.
 1864
Broca propôs que havia dominância do hemisfério
esquerdo, no que diz respeito à linguagem, em
relação ao hemisfério direito.
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execução de tarefas que, especificamente, são controladas pelo
hemisfério anestesiado. Observe a imagem:
Juhn Wada
Juhn Wada (Japão, 1924) desenvolveu pesquisas na área de epilepsia,
incluindo sua descrição do teste de Wada para domínio hemisférico
cerebral da função da linguagem. Suas principais áreas de interesse são:
assimetrias do cérebro humano e neurobiologia da epilepsia.
Procedimento de Wada.
Utilizando anestésicos de ação rápida, é possível anular as funções de
um único hemisfério e observar as atividades que ele regula. Dessa
forma, foi possível associar a anestesia do hemisfério esquerdo e a total
incapacidade de fala. Em 96% dos destros e em 70% dos canhotos, o
hemisfério esquerdo é dominante para a fala. Apenas em uma parcela
muito pequena da população observa-se bilateralidade da fala.
Área de Broca
Área de Broca, nome dado em homenagem ao neurologista Paul Broca
(1824-1880), é a região do cérebro identificada como a responsável pela
articulação da fala.
Mais tarde, complementando o estudo, o neurologista alemão Karl
Wernicke (1848-1905) mostrou que lesões no hemisfério esquerdo, fora
da área de Broca, também resultam em dificuldades na fala. Tal área
ficou conhecida como área de Wernicke e localiza-se próximo ao córtex
auditivo e ao giro angular.
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Apesar de tais áreas ainda hoje estarem envolvidas em aspectos da
linguagem, sabe-se que seus limites não estão totalmente esclarecidos
e podem ser ainda mais abrangentes.
Componentes principais do sistema de linguagem no hemisfério esquerdo.
Além disso, há variações entre os indivíduos, já que existem questões
genéticas associadas à linguagem. Como o cérebro e suas estruturas
são plásticos e mutáveis frente aos diferentes estímulos ao longo da
vida, os circuitos podem sofrer variações de um indivíduo para o outro.
O estudo das afasias e o modelo Wernicke-
Geschwind
Você já percebeu que parte dos estudos sobre a linguagem e sua
associação com áreas encefálicas advém da análise de casos de
afasias?
Resposta
É isso mesmo! A afasia é a perda parcial ou completa da fala, resultante
de lesões encefálicas. Na maioria das vezes, isso acontece sem que
haja perda cognitiva ou da capacidade de mover os músculos
envolvidos na fala.
A afasia de Broca, também conhecida como afasia motora ou não
fluente, é caracterizada pela perda da capacidade de fala, com
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preservação da compreensão do que é ouvido ou lido. Pessoas com
essa síndrome apresentam fala difícil e telegráfica com recorrente
anomia, ou seja, incapacidade de encontrar nomes.
Tal anomia é seletiva, uma vez que palavras de conteúdo, como
substantivos, verbos e adjetivos, são frequentemente utilizadas. Já
palavras de função, como artigos, conjunções e pronomes, não são
utilizadas e não fazem parte das frases.
Conclui-se que a afasia de Broca está relacionada a algum tipo de
dificuldade motora na articulação da fala, uma vez que a compreensão é
mantida, porém a externalização das palavras, não.
O estudo das afasias
Assita ao vídeo e conheça mais sobre afasias: características e
tratamento.
Wernicke sugeriu que a área lesada na afasia de Broca poderia ser
responsável pelo controle motor na articulação de sons e palavras. Tal
ideia faz sentido quando percebemos que a área de Broca está
localizada próximo à área do córtex motor, que controla a boca e a
língua.

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Entretanto, em alguns pacientes com essa síndrome, observa-se a
possibilidade de eles falarem palavras como bee (abelha, em inglês),
mas nota-se igualmente a incapacidade de pronunciar palavras
foneticamente similares como be (ser, em inglês).
Conclui-se, portanto, que o problema estaria na distinção entre palavras
de função e palavras de conteúdo, e não em problemas meramente
motores, como muitos pesquisadores da área afirmam.
Acompanhe mais alguns aspectos sobre a afasia de Wernicke:
Tarefa não verbal
Devido ao fluxo de fala incompreensível, é difícil verificar com a afasia
de Wernicke se há ou não compreensão do que é dito ou escrito. Então,
designa-se determinada tarefa não verbal para checar a compreensão
do paciente.
Por exemplo, pode-se pedir ao indivíduo que coloque determinado
objeto sobre outro. O que se observa é que não há capacidade de
compreensão mesmo para tarefas simples como essa.
Sons de entrada
Da mesma maneira que a área de Broca fica perto de regiões motoras
que controlam boca e língua, a área de Wernicke está localizada próxima
ao córtex auditivo.
Tal associação pode induzir à ideia de que tal área está relacionada aos
sons de entrada e seus significados. Em outras palavras: seria uma área
de formação de memória entre sons e seus significados, o que gera a
compreensão da palavra propriamente dita.
Regulação da linguagem
Ainda em seu estudo com afásicos, Wernicke propôs um modelo de
processamento de linguagem no encéfalo, o qual foi complementado
por Norman Geschwind (1926-1984).
Esse modelo, conhecido por Modelo de Wernicke-Geschwind, acaba
sendo uma simplificação do que ocorrem em termos de regulação da
linguagem na realidade.
Para compreendermos o modelo de Wernicke-Geschwind, vamos
considerar duas situações distintas. Observe!
Repetição de palavras
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Nesse caso, as informações chegam ao encéfalo via sistema auditivo
até o córtex auditivo que, por sua vez, processa as informações
recebidas, as quais somente serão reconhecidas como palavras com
significado quando processadas na área de Wernicke.
As palavras serão finalmente pronunciadas depois que as informações
chegarem à área de Broca, onde comandos neurais serão enviados às
regiões motoras responsáveis pelo controle da língua e dos músculos
associados à fala.
Repetição de palavras faladas (Modelo de Wernicke-Geschwind).
Leitura em voz alta de um texto escrito
Sendo a tarefa a leitura de um texto escrito, o processo final é similar,
mas o início difere pelo fato de o sistema de entrada ser o visual, e não o
auditivo.Nesse caso, as informações chegam ao córtex visual, são processadas
e passam ao giro angular, onde serão novamente processadas e
transformadas em sinais de saída para a área de Wernicke, como se
fossem sinais falados, e não escritos.
O processo final é o mesmo do caso anterior, com as informações
sendo levadas à área de Broca e, então, para o córtex motor.
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Repetição de palavras escritas (Modelo de Wernicke-Geschwind).
Simpli�cações do modelo de Wernicke-
Geschwind
Embora coerente, o modelo acaba simplificando demais certos
aspectos.
Exemplo
As informações visuais podem chegar diretamente à área de Broca, sem
passar pelo giro angular.
As informações visuais não precisam ser transformadas em
informações auditivas, como sugerido. Além disso, sabe-se atualmente
que os danos nas afasias de Broca e Wernicke dependem da extensão
das áreas lesadas e de regiões não mencionadas no modelo, como o
núcleo caudado e o tálamo (ambas áreas subcorticais).
Outro aspecto importante reside no fato de que, em um acidente
vascular cerebral (AVC), a borda limítrofe das lesões é variável, o que
pode incluir ou não áreas de relevância à linguagem e que acabaram
excluídas do modelo.
Foram reportados, ainda, estudos que evidenciam a recuperação de
áreas lesadas, ou ainda a substituição de função por áreas
anteriormente não relacionadas à linguagem, o que agrava a
compreensão dos quadros. Vários casos de afasia são acompanhados
de disfunções da fala e da compreensão ao mesmo tempo.
Dessa forma, foram propostos modelos mais complexos de análise,
mas que mantêm alguns aspectos básicos do modelo de Wernicke-
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Geschwind.
Afasia de condução
Na afasia de condução ocorre desconexão entre as áreas de Broca e
Wernicke. Tal perda de conectividade ocorre devido a lesões no
fascículo arqueado, um conjunto de fibras que conectam ambas as
áreas de linguagem.
Nesse tipo de afasia, a compreensão e a fala são mantidas. Entretanto,
como há perda da comunicação entre as áreas, há perda da capacidade
de repetir palavras. O paciente até pode ouvir uma palavra ou frase e
compreender o que foi dito, mas será incapaz de repeti-la em voz alta da
forma correta.
Feixe arqueado – fibras responsáveis pela conexão entre as áreas de Broca e Wernicke.
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Especialização hemisférica
Quando Paul Broca apresentou seus trabalhos sobre a prevalência do
hemisfério esquerdo na formação da linguagem, a comunidade
científica entendeu e aceitou que haveria dominância de tal hemisfério
em relação ao direito, que teria apenas funções secundárias e
coadjuvantes. Entretanto, o conceito de dominância hemisférica tornou-
se ultrapassado; o que se entende atualmente é o conceito de
especialização, e não dominância.
A especialização hemisférica se traduz em hemisférios distintos, cada
qual especializado em um grupo de funções. Porém, ambos trabalham
em conjunto, integrados por milhões de fibras denominadas comissuras
cerebrais.
Comissuras cerebrais.
O conceito de especialização é correlacionado a outros dois conceitos.
Veja:
Lateralidade
A lateralidade ocorre quando não há bilateralidade em alguma função e
algum hemisfério acaba sendo responsável por determinada função
majoritariamente.
Assimetria
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O conceito de assimetria é mais amplo e pode ser considerado sob a
ótica de diversas modalidades: assimetrias morfológicas, funcionais e
comportamentais.
Assimetrias morfológicas
Uma observação precisa ser feita para que nenhuma informação seja
considerada de forma simplista. O conceito de especialização hemisférica
não pode ser traduzido como se o hemisfério esquerdo fosse inteiramente
responsável pela fala e o direito, pelas emoções, por exemplo. Tais fatos
incorrem em afirmações que carecem de necessária comprovação
científica.
Ainda sobre esse estudo, utilizou-se pacientes cujas comissuras foram
seccionadas a fim de evitar crises epilépticas fortes. É possível
pesquisar as especialidades hemisféricas fornecendo estímulos que
serão processados apenas por um lado do cérebro. Por meio de tais
estudos, foi possível localizar as especializações e associá-las aos seus
respectivos hemisférios, como também perceber o papel das
comissuras na integração dos hemisférios.
Por exemplo, quando falamos, veiculamos tanto informações cognitivas
quanto afetivas, e isso se dá por integração entre os hemisférios. A
prosódia é codificada pelo hemisfério direito, enquanto o esquerdo
regula a compreensão linguística e a fala. Confira:
Comissuras
Conjunto de fibras que têm a função de ligar um hemisfério do cérebro a
outro.
Especialização hemisférica.
Acredita-se que a única generalização permitida quando se trata de
especialização hemisférica é a de que o hemisfério esquerdo trata de
funções mais específicas, enquanto o direito regula funções mais
globais.
Com o avanço das técnicas de imagem, foi possível observar em mais
detalhes a ativação de partes específicas do encéfalo quando da
execução de determinadas tarefas.
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Os resultados obtidos por ressonância magnética funcional de
interferência (IRMf) e tomografia por emissão de pósitrons (TEP)
mostram certa bilateralidade na execução de tarefas ligadas à
linguagem, indo de encontro ao que se observa majoritariamente por
meio de exames com pacientes lesionados ou em situações de
anestesia hemisférica, como no teste de Wada.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A ideia de hemisférios dominantes não é mais aceita desde que se
entendeu que os hemisférios se complementam em funções, não
necessariamente executando as mesmas ações, mas
especializando-se. Sobre a fala e especialização hemisférica, é
possível afirmar que
A
o hemisfério esquerdo é o único responsável pela
execução da fala.
B
ambos os hemisférios estão envolvidos na
construção da linguagem.
C
as comissuras permitem a comunicação entre
neurônios do mesmo hemisfério.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Apesar de a maioria das regiões designadas para a fala estarem
localizadas no hemisfério esquerdo, o conjunto de informações
resultantes da fala inclui processamento linguístico do hemisfério
esquerdo, mas também processamento prosódico, o qual é
resultado do hemisfério direito.
Questão 2
Grande parte dos estudos que deram origem à área de Neurociência
da Linguagem advém de pacientes com lesões oriundas de
cirurgias ou lesões causadas por acidentes vasculares que
culminaram em afasias específicas. Entretanto, embora nos
ofereçam informações relevantes sobre funções comprometidas a
partir das lesões, alguns dados contrapõem tais estudos. Assinale a
afirmativa correta sobre o assunto:
D tanto em indivíduos destros quanto em indivíduos
canhotos observa-se em igual proporção a
dominância do hemisfério esquerdo.
E
o hemisfério direito é o único responsável pela
execução da fala.
A
As afasias podem variar em sintomas devido ao
tamanho e à região das lesões que as geraram,
trazendo alguns indícios de que as regiões definidas
originalmente possuem limites variáveis.
B
Apesar de as técnicas de imagemserem resultados
mais específicos, a observação de sintomas em
afásicos traz mais detalhes sobre as áreas
estudadas.
C
As áreas de Broca e Wernicke são específicas,
respectivamente, no controle de compreensão da
linguagem e controle do aspecto motor da
linguagem.
As lesões que resultam em afasias fornecem dados
bastante acurados sobre a localização dos circuitos
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Parabéns! A alternativa A está correta.
As lesões que ocasionam afasias são, normalmente, oriundas de
AVCs, os quais podem variar em extensão e fatores associados.
Dessa maneira, os dados relacionados a tais condições podem não
ser exatamente específicos em termos de localização e função
relacionada. Os exames de imagens podem proporcionar mais
dados associados, facilitando o estudo de tais regiões no encéfalo.
2 - Funções cognitivas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as principais funções cognitivas
processadas pelo controle executivo.
Controle executivo
A importância das funções executivas
D referentes à formação de linguagem, tanto em
compreensão quanto em resposta motora.
E
As lesões que resultam em afasias devem ser
identificadas somente por meio de exames de
imagem.
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Já parou para pensar sobre qual a importância das funções executivas?
Todos os dias, executamos diversas atividades e respondemos ao
ambiente com comportamentos normalmente adequados às situações.
Vamos ao trabalho, à faculdade, dirigimos, pegamos transportes,
deparamo-nos com pessoas, por vezes desconhecidas, e lidamos com
situações, ora corriqueiras, ora desafiadoras.
Em paralelo, para criar respostas adequadas aos estímulos, nosso
encéfalo (composto por cérebro, cerebelo, tronco encefálico), por meio
de suas inúmeras e complexas conexões neurais, processa tais
estímulos e adiciona ainda componentes emocionais, memórias e
outros aspectos que compõem nossas reações.
Em outras palavras, nossas ações externalizadas são resultado de uma
série de processos executivos coordenados, ou seja, existe um
comando executivo atuando a todo momento na mediação de nossas
respostas frente aos estímulos recebidos constantemente.
Componentes do encéfalo.
Imagine-se na seguinte situação:
Você está entrando em um restaurante para almoçar com seu chefe.
Você nunca esteve nesse restaurante; ainda assim, sabe exatamente o
que fazer. Você decide o prato que vai pedir levando em consideração
suas preferências alimentares, o custo-benefício de seu pedido e sua
dieta recém-iniciada.
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Paralelamente, você está preocupado com as respostas que dará ao seu
chefe, já que, claramente, esse almoço é um teste. Você decide
rapidamente quais informações dará e de que maneira o fará utilizando
a linguagem adequada à situação.
Com certeza, não trará à tona o atraso do mês anterior, a não ser que
seu chefe aborde o assunto. Você provavelmente não vai beber do copo
dele nem dar uma garfada no risoto de camarão que ele pediu. Também
não contará piadas.
Por que trouxemos tal exemplo?
Porque, embora pareçam ações comuns, pessoas com disfunções
executivas, dependendo da região afetada, podem ter dificuldades para
atuar em tal situação.
Atenção!
O domínio executivo permite que consigamos planejar, flexibilizar
quando necessário e autorregular nossos processos mentais e
comportamentais.
O conceito de função executiva veio da percepção de que indivíduos
com sérios problemas comportamentais e de personalidade podem
apresentar resultados normais (ou até superiores em desempenho) em
testes cognitivos padronizados.
É o caso de Phineas Gage, o indivíduo cujo acidente com uma barra de
ferro modificou sua vida e as pesquisas sobre o funcionamento do
cérebro (na verdade, encéfalo). Entenda mais a seguir.
O caso pioneiro
Simulação dos danos de conectividade e crânio de Phineas Gage.
Em 1848, Gage, que trabalhava na construção de uma estrada de ferro
nos Estados Unidos, no auge de seus 25 anos de idade, teve a cabeça
atravessada de baixo para cima por uma barra de ferro de 1m de
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comprimento e 30mm de diâmetro. Incrivelmente, foi levado com vida
ao hospital, onde detectou-se a perda de parte do lobo frontal esquerdo.
Gage perdeu a visão e ficou com o rosto paralisado no lado onde a barra
o atingiu.
Embora suas funções cognitivas estivessem aparentemente intactas,
Gage foi incapaz de retornar ao trabalho devido a mudanças drásticas
em seu comportamento. Dentre elas, apresentava-se mais agressivo e
menos respeitoso com quem interagisse, principalmente se fosse
contrariado. Passou parte de sua vida posterior ao acidente exibindo-se
em circos com sua barra de ferro. Faleceu junto à família de mal
epiléptico.
Comentário
O caso relatado nos mostra a importância da função executiva ou do
controle executivo. Phineas apresentou resultados adequados em testes
padronizados de funções cognitivas como memória, capacidade de
realizar cálculos, além de testes relacionados à linguagem. Entretanto,
sua convivência em sociedade e a execução de seu trabalho foram
afetados de forma drástica por mudanças nas funções executivas.
Um dos axiomas da Neuropsicologia diz que o funcionamento executivo
adequado gera autonomia ao indivíduo em relação ao meio ambiente.
Confira alguns aspectos importantes desse tema:
Axiomas
Axioma, originário da lógica, corresponde a uma sentença inicial ou
fundamento de alguma teoria sobre a qual se desenvolvem novos
conceitos.
Autonomia perdida x lesões
Quando a autonomia é perdida por lesões específicas em áreas
relacionadas ao controle executivo, perde-se parte da
capacidade adaptativa ao ambiente.
Autonomia perdida x meio ambiente
A perda de autonomia em relação ao ambiente está
relacionada ao fato de que os estímulos externos, em
situações em que a função executiva não está preservada,
acabam por se tornar prevalentes em relação às vontades e
aos planejamentos do indivíduo.
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Para compreender essa relação entre autônima perdida e o meio
ambiente, é necessário analisar um dos principais testes de função
executiva, que é o teste de Stroop ou teste de interferência cor-palavra,
que consiste em dois momentos, veja:
Neste teste, é pedido ao indivíduo que diga em voz alta, o mais rápido
que conseguir, o nome das cores de uma sequência dada.
Agora é com você! Faça o teste de Stroop!
Instrução: Você vai precisar de um cronômetro.
Prancha com estímulos de denominação de cores.
Etapa 1:
 1
O estímulo apresentado é a imagem de círculos de
cores diferentes.
 2
Ocorre o teste de interferência propriamente dito. O
estímulo, agora, consiste na mesma sequência de
cores. Porém, em vez de círculos coloridos,
aparecem os nomes de cores impressos em cores
incongruentes.
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Leia em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das cores
disponíveis na figura. Marque o tempo que você gastou para
realizar essa leitura.
Prancha com estímulos de interferência cor-palavra (os nomes são impressos em cores
incongruentes).
Etapa 2:
Leia em voz alta, o nome escrito das cores na figura. Marque,
também o tempo que você gastou para realizar essa leitura.
Qual o tempo que você gastou para realizar a leitura de cada teste?
Com os tempos anotados em cada tarefa, verifica-se que pessoas cujas
funções executivasestão íntegras, ocorre uma diferença de, em média,
dez segundos entre a primeira etapa e a segunda.
No entanto, como tal teste comprova a integridade (ou não) das funções
executivas? Entenda!
A leitura exerce certo predomínio sobre a denominação de cores em
pessoas alfabetizadas. Dessa maneira, o estímulo sensorial da palavra
escrita acaba sendo mais forte do que o estímulo de denominação da
cor impressa.
Comentário
Para obter sucesso no teste, o indivíduo deve suprimir a tendência
natural de ler a palavra escrita, o que indica flexibilidade e autonomia
sobre os estímulos ambientais.
Os indivíduos que não possuem as funções executivas íntegras levam
muito mais tempo para executar a segunda parte do teste, pois tendem
a verbalizar o nome da cor impressa.
Componentes preferenciais das funções
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executivas
Existem diversas abordagens ao se nomear as funções executivas (FE).
É possível encontrar listas extensas do que seriam ou são tais funções.
Porém, antes disso, é importante compreender que a ideia de controle
executivo é algo maior, por trás de funções cognitivas como a memória
e a atenção, por exemplo. Além disso, tal controle superior tem por
objetivo, dependendo da situação, exercer um direcionamento de
nossas funções cognitivas. Isto é, existem funções cognitivas que nos
permitem compreender o mundo, dar atenção aos estímulos adequados
e reagir a eles. Acima de tais funções, está o comando executivo
gerenciando como todas essas funções serão orquestradas a fim de
retornar uma ação adaptativa.
Apesar de ser possível encontrar listas com componentes distintos,
entende-se que os principais elementos de controle executivo são:
Memória do trabalho
Esse tipo de memória gerencia a nossa capacidade de reter e
manipular informações distintas por curto espaço de tempo. Tal
função permite que consigamos realizar tarefas sequenciais com
início, meio e fim, sem se perder em meio às informações.
Indivíduos com lesões no córtex pré-frontal podem apresentar
distúrbios de memória de trabalho e, com isso, tornam-se
incapazes de ler um texto extenso ou cozinhar, por exemplo. Ao
ler um texto, é necessário memória de trabalho para que se possa
lembrar do parágrafo anterior e dar sentido ao que se está lendo.
É esse tipo de memória que possibilita a realização de cálculos
mentalmente e a estruturação de pensamentos complexos que
dependam de várias informações simultâneas.
Flexibilização cognitiva
Essa função executiva visa sustentar ou alternar atenção em
resposta a diferentes demandas ou, ainda, auxilia a aplicar
diferentes regras a situações adequadas. Por exemplo, um
indivíduo faz seu caminho até a faculdade todos os dias.
Entretanto, em um dia específico, pode ser que ele necessite
passar no banco antes de ir à faculdade e, assim, terá de
modificar seu trajeto habitual. Parece algo simples de se fazer, já
que há um objetivo: passar no banco. Entretanto, pessoas com
lesões do córtex pré-frontal podem se mostrar incapazes de
reorientar seus trajetos, já que a “regra” original é manter o
caminho até a faculdade diariamente.
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Controle inibitório
Essa é a habilidade utilizada no controle de nossos impulsos, a
fim de que resistamos a distrações e hábitos e consigamos parar
antes de reagir. Esse tipo de controle permite a atenção seletiva e
sustentada, além da capacidade de priorizar tarefas a fim de
alcançar objetivos pré-estabelecidos. Está correlacionada
diretamente aos processos de controle emocional.
Em resumo, o controle executivo é evocado quando é necessário
suplantar respostas prepotentes, ou seja, respostas habituais e que são
mais fortes do que as novas ações requeridas. Em outras palavras, as
funções executivas são necessárias quando é preciso atuar de forma
contrária a um hábito fortemente adquirido.
O controle executivo atua de forma antagônica às formas automáticas
de processamento. Estas formas automáticas de processamento de
estímulos exercem o controle bottom-up, ou seja, de baixo para cima,
significando que os estímulos sensoriais (sentidos) e suas associações
criaram um hábito.
Hábito fortemente adquirido
Quando alguma ação é repetida por nós muitas vezes, cria-se um hábito.
Neurologicamente, isso significa que houve a criação de um circuito
específico que se repete em looping toda vez que um gatilho é apresentado.
Redes executivas frontais: anatomia das
funções executivas
Uma vez que entendemos que as funções executivas são vitais para a
adaptação ao ambiente, resta conhecer as regiões responsáveis por
essa atuação.
Os primeiros indícios de localização de um sistema de controle
executivo advêm de estudos em lesões cerebrais que resultam em
síndromes cognitivas peculiares, como as observadas no caso de
Phineas Gage. Tais síndromes levam a localizações que remetem às
regiões de lobos frontais.
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Lobos cerebrais.
Durante algum tempo, entendeu-se que os lobos frontais eram o
epicentro das funções executivas, visto que alojam uma série de áreas
importantes relacionadas a processos cognitivos, como linguagem e
áreas motoras, por exemplo. Entretanto, a maior parte das síndromes
que levam a disfunções de comportamento convergem para a região
específica do córtex pré-frontal (CPF).
Tal região é dividida em 3 partes: córtex pré-frontal dorsolateral, córtex
pré-frontal orbitofrontal e córtex pré-frontal ventromedial.
Regiões do córtex pré-frontal.
O córtex pré-frontal (CPF) possui inúmeras conexões com áreas
cerebrais. Compreenda mais algumas:
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A seguir, descreveremos algumas das funções executivas impactadas
por danos no CPF. Confira, então, alguns aspectos relacionados ao
córtex pré-frontal:
Pacientes com danos no CPF podem apresentar um
comportamento conhecido como perseveração (ou
perseverância), que consiste em manter comportamentos
desencadeados por estímulos sensoriais, mas sem dar a eles a
devida adequação circunstancial. É o caso de um indivíduo que,
a cada vez que se depara com um copo de água, não resiste e
toma todo o líquido, mesmo sem saber a quem pertence.
 O CPF possui grande número de conexões com
áreas cerebrais que processam informações
externas, incluindo todos os sistemas sensoriais,
além de áreas motoras corticais, assim como
informações internas das estruturas límbicas
(centro da emoção) e mesoencefálicas.
 Logo, o CPF exerce importante função ao processar
inúmeras informações internas e externas a fim de
orientá-las no alcance de objetivos específicos.
 Não basta ver, ouvir e compreender informações;
elas precisam ser coordenadas para gerar
respostas adequadas.
 Grande parte dos dados sobre o CPF advém de
estudos em pacientes com lesões da área.
Controle inibitório 
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Mesmo quando lesões do CPF mantêm intactas as unidades
básicas de comportamento, a capacidade de organização pode
ser perdida. Um indivíduo com lesões específicas no CPF pode
apresentar dificuldades em ordenar certos comportamentos,
como a execução de uma receita.
Para gerar comportamentos direcionados a objetivos, é
necessária a capacidade de avaliar as consequências de
diversas ações. Pacientes com lesões do CPF, especialmente na
área orbital, mostram-se incapazes de avaliar os prós e contras
de suas ações, o que resulta em decisões ruins em curto, médio
e longo prazos. Pesquisas na área (DAMASIO, 1996) mostraram
que o córtex pré-frontalorbital é capaz de associar pistas
afetivas às decisões a serem tomadas, e tal associação
emocional gera alto peso na tomada de decisões. Lesões nessa
área específica tornam indivíduos inaptos em vários testes
simples de tomada de decisão.
A habilidade de abstrair e generalizar regras é de extrema
importância no contexto da aprendizagem. Entretanto, quando se
perde tal função executiva, o indivíduo perde a capacidade de
aplicar regras e moldá-las aos diferentes contextos. Nesses
casos, a pessoa terá de lidar com cada nova situação na base de
erros e acertos, pois é incapaz de reutilizar e adaptar regras
aprendidas.
Redes executivas frontais: anatomia
das funções executivas
Entenda a seguir sobre a aprendizagem e a utilização de regras.
Planejamento 
Avaliação de consequências 
Aprendizagem e utilização de regras 

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Como você pode observar, essas funções e habilidades são
desenvolvidas no córtex pré-frontal, que desempenha um papel
relevante no controle executivo. Entretanto, algumas síndromes
chamadas disexecutivas foram associadas a regiões não frontais.
Atenção!
Vale destacar, que devido ao grande alcance de técnicas de imagem, é
possível estabelecer que tais síndromes causadas por lesões situadas
fora dos lobos frontais, mas em regiões ricamente associadas a eles por
conexões podem ser diagnosticadas.
Você já compreendeu a importância do controle executivo em nossa
vida. No entanto, a pergunta natural que poderia surgir a partir de tais
conhecimentos é:
Todos nascem com a plenitude de suas funções executivas?
A resposta para essa pergunta é não!
Mas, uma boa notícia é que tais funções e habilidades podem ser
desenvolvidas ao longo da vida, a partir dos estímulos corretos. Em
parte, não nascemos com elas porque os lobos frontais são os últimos
a serem finalizados em termos de desenvolvimento cerebral. Por outro
lado, ao longo da vida, concomitantemente ao desenvolvimento de tais
estruturas, temos experiências e estímulos que auxiliam no
desenvolvimento cada vez maior dessas habilidades. Observe no
gráfico:
Curva de desenvolvimento de funções executivas desde a infância até a adolescência.
Como vimos, as funções executivas começam a ser desenvolvidas logo
após o nascimento, com uma janela de oportunidade entre as idades de
3 e 5 anos. O crescimento em tais habilidades continua até a
adolescência e o início da fase adulta. A proficiência começa a ocorrer
em fases mais tardias da vida.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
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Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
As funções executivas são essenciais para a adaptação dos
indivíduos ao ambiente e permitem que as respostas e o
comportamento sejam adequados às diferentes situações. Apesar
de existirem uma série de funções classificadas como executivas, o
controle executivo pode ser entendido como
Parabéns! A alternativa C está correta.
As funções executivas são, na verdade, o gerenciamento cerebral
das principais funções cognitivas, e isso é feito por diversos
circuitos. Dentre eles, alguns específicos envolvendo os lobos
frontais e as áreas não corticais associadas.
Questão 2
Dentre as várias funções executivas, uma é particularmente
importante para que se leve uma vida normal em termos de
execução de tarefas organizadas. Pacientes com lesões no córtex
pré-frontal em áreas específicas podem encontrar dificuldades em
A
uma série de regiões cerebrais relacionadas ao
comportamento em sociedade.
B
o controle inibitório exercido pelo córtex pré-frontal
em quaisquer situações.
C
a coordenação de diversas funções cognitivas a fim
de gerar respostas adaptadas ao ambiente.
D
a função principal do córtex pré-frontal, a única
estrutura envolvida no controle de funções
superiores.
E
a coordenação somente de funções cognitivas
superiores.
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ler textos, organizar tarefas e lembrar-se de sua última refeição, por
exemplo. Tal função executiva está relacionada a
Parabéns! A alternativa C está correta.
A Memória de trabalho é aquela que confere ao indivíduo a
capacidade de reter, por curto espaço de tempo, algumas
informações a fim de manipulá-las em contextos distintos. A perda
de tal capacidade é extremamente limitante, impedindo que
funções simples, como a leitura de um texto ou a execução de
tarefas ordenadas, sejam executadas.
3 - Processamento de emoções
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a importância do processamento de
emoções na tomada de decisões.
A controle inibitório.
B planejamento.
C memória de trabalho.
D atenção.
E avaliação.
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As emoções
É possível encontrar diversas definições de emoção, variando entre
significados puramente linguísticos e outros mais biológicos.
Compreenda mais alguns aspectos:
Biológico
Do ponto de vista biológico, as emoções representam um
conjunto de reações fisiológicas, químicas e neurais que atuam
como base para a organização de respostas comportamentais
correspondentes.
Percepção
É importante compreender que as emoções são igualmente
geradas e gerenciadas por sistemas neurais, os quais são
capazes de lidar não somente com as respostas dadas frente às
emoções, mas também com a percepção delas.
Estados emocionais
Outro aspecto importante é a adaptação que os estados
emocionais configuram para a sobrevivência da espécie. Sem as
emoções, é muito difícil gerar respostas adequadas aos
diferentes estímulos.
Veja a seguir situações que mostram como as emoções são essenciais
em nosso dia a dia.
Exemplo
1. Um aluno que perdesse a capacidade de se sentir triste após ser
reprovado em uma prova, talvez não mobilizasse esforços a fim de
obter melhor nota no próximo exame.
2. Em casos mais drásticos, animais que não apresentam respostas
comportamentais de medo quando ameaçados por predadores
terão poucas chances de sobrevivência.
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Classi�cação das emoções humanas
As emoções podem ser classificadas de três maneiras: primárias;
secundárias e de fundo.
As emoções primárias são inatas, ou seja, é comum a todos os seres
humanos, independentemente de fatores socioculturais.
O primeiro pesquisador a estudar o assunto foi ninguém menos que
Charles Darwin (1809-1882). O pai da teoria da evolução observou que
algumas expressões emocionais eram similares em diferentes culturas.
Atualmente, os pensamentos de Darwin a respeito de emoções
primárias foram corroborados por pesquisadores, em especial Paul
Ekman, renomado psicólogo que aprofundou e sistematizou o estudo
sobre expressões faciais humanas e criou um método para sua
identificação.
Basicamente, o consenso entre os pesquisadores da área reside nas
seguintes emoções primárias: alegria, tristeza, medo, nojo, raiva e
surpresa. Provavelmente consideradas inatas por serem indicadores de
comportamentos de sobrevivência conservados na espécie humana.
Na figura é possível identificar algumas emoções, tais como: alegria,
medo, surpresa, nojo e raiva.
Emoções primárias demonstradas por expressões faciais.
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de
linguagem:
Emoções secundárias
Relacionadas a fatores socioculturais. Variam de um indivíduo para o
outro, por exemplo, a vergonha. Determinado ato pode ser vergonhoso
para uns, mas não paraoutros, dependendo das crenças e dos
costumes de determinada sociedade, ou mesmo da formação pessoal
do indivíduo.
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Emoções de fundo
São aquelas relacionadas a estados de bem ou mal-estar, e podem ser
associadas à percepção de estados internos do indivíduo. Portanto, sua
classificação com as emoções não é consenso entre os pesquisadores.
Um exemplo de emoção de fundo seria uma percepção de falta de
energia (não cansaço) por parte de alguém.
É importante não confundir expressão emocional e experiência
emocional. Enquanto a a expressão está relacionada às mudanças
fisiológicas resultantes da base neural das emoções, como respostas
hormonais, motoras e comportamentais, a experiência faz referência
aos estados emocionais que vivenciamos, como ansiedade, tristeza ou
raiva.
As teorias sobre emoções
Várias teorias foram postuladas sobre como as emoções são formadas
e processadas. Entretanto, duas teorias são de especial interesse, por
serem, de certa forma, antagônicas, apesar de não haver consenso no
meio científico sobre qual se aplica à realidade de forma plena. Uma
dessas teorias é a dos pesquisadores William James (1842-1910) e Carl
Lange (1834-1900) e foi proposta em 1884.
Segundo os autores, sentimos tristeza porque começamos a chorar;
sentimos felicidade porque sorrimos, e assim por diante.
Dessa maneira, a ideia central é a de que:
Alterações de nossos estados corporais são capazes de
provocar emoções especí�cas.
Segundo a teoria de James-Lange, a base das emoções estaria na
captação de estímulos emocionais, os quais seriam processados via
córtex sensorial, desencadeando respostas motoras específicas (riso,
choro, taquicardia etc). Tais mudanças seriam percebidas no córtex
cerebral, provocando, então, a percepção da emoção em si. Veja:
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Esquema da Teoria de James-Lange, reproduzido a partir do livro Neurociência da mente e do
comportamento.
Já no século XX, a teoria sofreu críticas frente a algumas constatações,
como o fato de algumas alterações corporais ocorrerem frente a
emoções diferentes.
Por exemplo, como posso identificar corretamente o medo com base na
taquicardia, se ela também ocorre em situações de surpresa e até
alegria? Um dos principais opositores da Teoria de James-Lange foi o
americano Walter Cannon (1871-1945). Ele propôs que, enquanto a
informação emocional é processada pelo encéfalo, são geradas
respostas corporais e a consciência da emoção simultaneamente.
Onde estão as emoções?
Após as teorias das emoções ganharem os pesquisadores da área,
buscou-se procurar efetivamente as áreas cerebrais responsáveis pelos
fenômenos emocionais. Quem primeiro postulou a localização de tais
regiões foi o anatomista americano James Papez (1883-1958), trazendo
a público a ideia de sistemas e circuitos, e não somente áreas isoladas
no cérebro.
As estruturas identificadas por Papez, em conjunto, ficaram conhecidas
como Circuito de Papez e incluíam o córtex cingulado, o hipocampo, o
hipotálamo e os núcleos anteriores do tálamo.
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Estruturas relacionadas ao Circuito de Papez, posteriormente chamado de sistema límbico.
Apesar de alguns locais efetivamente serem importantes para os
circuitos de emoção, outros foram acrescentados posteriormente, como
a amígdala, que desempenha papel fundamental nas emoções
negativas (como o medo e a raiva) e o córtex pré-frontal. Por sua vez,
não há evidências de que o hipocampo esteja envolvido na formação de
emoções, apesar de participar do processo de desenvolvimento de
memórias, incluindo as emocionais.
Veja as duas principais estruturas cujas funções estão consolidadas em
termos de gerenciamento das emoções: amígdala e córtex pré-frontal:
Estruturas modernas do sistema límbico.
Amígdala
A amígdala é uma estrutura localizada no polo do lobo temporal e
recebe conexões de todas as áreas sensoriais, com exceção do sistema
olfatório, e conexões provenientes do neocórtex, giros para-hipocampal
e cingulado.
Ela também se conecta ao hipotálamo.
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Localização da amígdala nos dois hemisférios cerebrais
As amígdalas possuem uma função extremamente importante no
desenvolvimento e nas demonstrações das emoções. Veja mais alguns
aspectos importantes dessa área cerebral:
Sua função está ligada fortemente ao medo e à ansiedade.
Estudos realizados com primatas não humanos, cujas amígdalas
eram lesionadas bilateralmente por medicamento,
demonstraram perda das respostas de medo. Os macacos
ganharam docilidade e tenderam a ignorar situações comuns de
perigo. Era como que não temessem mais seus predadores ou
situações perigosas, chegando mesmo a manipular cobras
sintéticas, por exemplo.
Aspecto 1 
Aspecto 2 
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Além de outras associações (como formação de memórias
emocionais negativas), a amígdala foi relacionada ainda ao
fenômeno de formação do medo condicionado. Isso foi
demonstrado, entre outros experimentos, quando ratos eram
expostos inicialmente a um breve estímulo auditivo e pequenos
choques. Após o condicionamento, apenas o estímulo auditivo
era suficiente para gerar ativação da amígdala e respostas de
medo, como aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial
e secreção de hormônios, como os glicocorticoides.
Logo, constatou-se que a amígdala exerce papel primordial em
detectar ameaças do ambiente e gerar os comportamentos
adequados a elas. Lesões da amígdala levam à perda da
capacidade de reconhecer perigos e ameaças, o que pode ser
prejudicial à sobrevivência, deixando indivíduos sujeitos a
situações reais de perigo.
Córtex pré-frontal
O córtex pré-frontal corresponde à porção mais anterior do lobo frontal e
pode ser dividido em três regiões: orbitofrontal, ventromedial
(relacionada à emoção) e dorsolateral (relacionada a funções
cognitivas).
Localização das regiões ventromediais e orbitofrontais do córtex pré-frontal.
Aspecto 3 
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Os estudos nessa área iniciaram-se após o clássico de Phineas Gage.
Porém, o grupo do neurologista português Antônio Damásio contribuiu
bastante para o estudo do córtex pré-frontal. Eles identificaram um
homem cuja perda de parte do córtex pré-frontal se deu devido à
retirada cirúrgica da região em tratamento, em razão de um tumor
agressivo (DAMÁSIO, 1996).
Nesse contexto, o homem também passou a apresentar condutas
alteradas, principalmente no que dizia respeito a julgamentos e tomadas
de decisão, que eram constantemente inapropriadas.
Curiosidade
Você sabia que em testes realizados, puderam perceber que os
indivíduos, a fim de tomaren decisões acertadas, além do componente
racional, necessitam de uma espécie de antecipação emocional, a qual
pode gerar modificações fisiológicas que podem ser perceptíveis ou não
(como sudorese, taquicardia, entre outras)? Tal hipótese é denominada
hipótese do marcador somático e propõe basicamente que, quando
antecipamos algum tipo de emoção, regiões específicas do cérebro são
ativadas exatamente como se estivéssemos vivenciando-a. Dessa
maneira, indivíduos com lesões no córtex pré-frontal perdem a
capacidade de antecipar tais estados, e isso os leva a tomar decisões
errôneas.
Motivação
Com certeza, você já ouviu, especialmente em ambiente educacional,
alguém falar em motivação. Porém, o que significamotivação para
você?
Quando nos sentimos motivados, temos a tendência de realizar algo ou
ir ao encontro de alguma coisa. Não é basicamente essa a ideia que
você tem?
Em neurociências, podemos chamar tal fenômeno de estado
motivacional. Esses estados geram comportamentos motivados. Assim,
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a motivação está associada ao movimento. Por exemplo, o estado
motivacional de frio nos leva ao comportamento motivado de buscar
agasalho.
É muito comum associarmos motivação a questões emocionais, quase
como se fosse uma emoção por si só. Entretanto, quando tratamos de
motivação e comportamentos motivados em neurociências, estamos
falando de questões que dizem respeito à adaptação e sobrevivência.
Basicamente, a regulação da motivação pode ser dividida em dois
sistemas:
Sistema apetitivo
Esse sistema está
relacionado à sobrevida
e procriação, portanto
inclui estados
motivacionais de fome,
sede, regulação da
temperatura e sexo, por
exemplo.
Sistema defensivo ou
aversivo
O sistema defensivo
está associado a
situações de perigo e
ameaça e, portanto,
gera comportamentos
motivados de esquiva e
fuga.
No sistema apetitivo, existem órgãos importantes, como o hipotálamo,
participando do processo de controle de ingestão alimentar. Tal controle
envolve a liberação de neurotransmissores e hormônios, em um arranjo
complexo a fim de manter a homeostasia.
Apesar de entendermos por que os organismos buscam comida, água,
dentre outros fatores de sobrevivência, ainda existe a dúvida sobre o
que nos leva a determinados comportamentos geradores de prazer,
como comprar, jogar, dentre inúmeras outras atividades.
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A resposta reside na obtenção de recompensa; dessa forma, muitos dos
comportamentos podem ser motivados por recompensas que não
necessariamente têm a ver com a manutenção da espécie no planeta,
mas, sim, com a busca pela sensação de prazer.
Homeostasia
O conceito de homeostase foi desenvolvido por Walter Cannon. Ele realizou
trabalhos em fisiologia experimental, denominando homeostase como o
princípio de “meio interno em que o sangue e os demais fluidos que
circundam as células constituem o meio interno com o qual ocorrem as
trocas diretas de cada célula e, por isso, deve ser mantido sempre com
parâmetros adequados à função celular, independentemente das mudanças
que possam estar ocorrendo no ambiente externo”. Assim, propôs que a
função final de todos os mecanismos fisiológicos é a manutenção da
homeostase, que deve ser compreendida como “a manutenção da
estabilidade do meio interno”. (SOUSA; SILVA; GALVÃO-COELHO, 2015)
Reforço e recompensa
Como os pesquisadores conseguem estudar motivação e
comportamentos motivados em animais? Utilizando técnicas de
autoestimulação elétrica.
Em experimentos clássicos da década de 1950, no Instituto de
Tecnologia da Califórnia, posicionaram um rato em uma caixa com uma
alavanca.
Quando pressionada a alavanca, um breve estímulo era acionado por
meio de eletrodos colocados em regiões específicas do encéfalo do
animal. Inicialmente, o rato pressionava a alavanca de maneira
randômica, porém, depois de um tempo, o animal permanecia próximo,
pressionando-a incessantemente, a ponto de evitar água e comida.
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Autoestimulação elétrica.
Por esses experimentos, entendemos que a recompensa (no caso, o
estímulo elétrico em regiões específicas) reforçava o comportamento de
puxar a alavanca. Por que comemos? Porque o ato de comer nos
reforça o comportamento de buscar comida, já que o alimento é
necessário para a sobrevivência.
A região e os circuitos que configuram as vias de recompensa e reforço
estão associados às fibras liberadoras de dopamina (neurotransmissor),
originárias da área tegmentar ventral e se projetam para o prosencéfalo.
Sistema dopaminérgico-mesocorticolímbico.
Relação de reforço e recompensa
aplicada à educação
Entada mais a seguir sobre reforço, recompensa e motivação.
Os experimentos demarcaram um momento marcante para
identificação das emoções e como elas estão associadas ao cérebro.
Compreenda mais alguns aspectos:
No mesmo modelo de experimento citado, os pesquisadores injetaram
drogas bloqueadoras de receptores dopaminérgicos, ou seja, impediram
a atuação da dopamina, causando diminuição na autoestimulação.
Esses experimentos sugerem fortemente que há reforço de certos
comportamentos associados a recompensas naturais, como água e

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alimentos. Interessante frisar que áreas dopaminérgicas cerebrais são
ativadas em antecipação à recompensa propriamente dita.
É o que ocorre quando vemos o garçom vindo em nossa direção com o
prato que escolhemos. O cérebro percebe o que está por vir e já ativa
áreas relacionadas à recompensa em si.
Uma dúvida recorrente quando o assunto é o sistema de reforço e
recompensa é a seguinte: como se estabelecem os vícios?
Basicamente, em situações nas quais buscamos avidamente por uma
recompensa de forma incessante e repetitiva, a fim de obter o que a
Neurociência chama de resposta hedônica (prazer).
Podemos utilizar, como exemplo, a nicotina para explicar o processo
que se forma no cérebro. Este composto, presente em altas doses no
cigarro, atua diretamente nos circuitos encefálicos de motivação de
comportamento. Logo, a ligação da nicotina a seus receptores em
neurônios dopaminérgicos estimula a liberação da dopamina em tais
circuitos, reforçando o comportamento pela busca da droga.
O problema de tal reforço comportamental (além dos malefícios da
própria nicotina em si em outras regiões do organismo) é o efeito de
tolerância. Tal efeito se dá como ajuste para a estimulação acentuada
frente ao uso crônico da substância, fazendo com que a resposta à
nicotina diminua. Para obter os mesmos efeitos, serão necessárias, daí
por diante, doses cada vez maiores da droga.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Segundo a Teoria de James-Lange, as sensações periféricas nos
fornecem substrato para as emoções; logo, sentimos tristeza
porque choramos, e assim por diante. Apesar de desacreditada
durante um tempo, a ideia original ressurgiu com o advento da
Teoria do Marcador Somático, de Antônio Damásio. De que maneira
se dá tal associação?
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Segundo a Teoria do Marcador Somático, as modificações
somáticas que nos acometem, ainda que imperceptíveis, atuam
como direcionadores na tomada de decisão. Dessa forma,
corrobora, em certo aspecto, com a ideia de que sistemas
periféricos têm influência na maneira como sentimos. Entretanto,
Damásio deixa claro que não há necessidade de que tais alterações
sejam processadas conscientemente.
Questão 2
Os comportamentos motivados são frequentemente
desencadeados por estados motivacionais internos. Dessa maneira,
a percepção de sensações e modificações somáticas se traduz em
comportamento específico, o que nos leva à busca por
A
Segundo a Teoria do Marcador Somático, os
indivíduos necessitam do componente emocional
para a tomada de decisão em maior proporção do
que a análise racional de fatos.
B
Segundo Damásio, a percepção de fatores
somáticos corporais afetaria de forma negativa a
percepção de informações cognitivas, oque levaria
a decisões ruins.
C
A antecipação emocional que se dá via marcadores
somáticos oferece pistas importantes na tomada de
decisão quando analisadas com fatos.
D
Damásio sugere que as emoções são afetadas
diretamente pelas reações corporais que temos
frente às situações cotidianas; dessa maneira, a
Teoria de James-Lange é corroborada por completo.
E
De acordo com Damásio, a percepção de fatores
somáticos corporais afetaria de forma negativa a
percepção de informações cognitivas, o que levaria
a decisões para proteção.
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recompensas. Quando obtemos a recompensa, acionamos circuitos
conhecidos, que, em contrapartida, reforçam tais ações. Foi
demonstrado que, antes mesmo de termos a recompensa em
mãos, áreas do cérebro já se encontram ativas, como se
estivéssemos realmente vivenciando o processo. Analise as
situações descritas a seguir.
I. Ingerir alimento saboroso.
II. Beber água gelada no calor.
III. Vestir um casaco em situação de frio.
IV. Fugir de situação potencialmente perigosa.
As situações que se relacionam com a geração de reforço positivo
são descritas em:
Parabéns! A alternativa A está correta.
O enunciado da questão já nos dá pistas de que, ao falarmos de
reforço positivo, estamos nos referindo ao reforço relacionado à
recompensa, como estudamos nesse módulo. A situação de fugir
de uma situação potencialmente perigosa não se enquadra nesse
processo, especialmente porque a ação do indivíduo não provém de
uma experiência de recompensa, mas, sim, de aversão.
A I, II, III
B I, II, IV
C II, III, IV
D I, III
E I, IV
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Considerações �nais
Esperamos que você tenha percebido a importância de reconhecer a
complexidade dos seres humanos; até mesmo atitudes mais simples –
como observar uma paisagem, cantarolar uma música, decidir se ignora
ou reage a uma provocação – são fundamentadas por bases neurais,
que também são complexas.
No entanto, outro ponto merece destaque: esse conhecimento,
especialmente acerca da linguagem, das funções executivas, da
emoção, deve levar-nos a tomar consciência daquilo que nos define
como espécie. Isso permite a compreensão de como as respostas que
damos a situações cotidianas são padronizadas, do ponto de vista
neurológico. Ao mesmo tempo, tal como o próprio desenvolvimento do
cérebro se deu por adaptações, cada indivíduo também é capaz de
adaptar-se às circunstâncias que o envolvem, até mesmo em situações
limites ( caso de Phineas Gage). Isso caracteriza a importância do
indivíduo, inclusive no contexto da espécie.
É exatamente aqui que gostaríamos que você percebesse a importância
de cada vez mais conhecer e se aprofundar no fantástico mundo da
mente humana. Aproveite cada indicação feita no Explore +!
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Para encerrar, ouça uma conversa sobre a importância da Neurociência
na Educação.
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Leia o artigo Influência da lateralidade nas assimetrias morfológicas e
funcionais em indivíduos sedentários.
Consulte o Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele
é uma excelente fonte de artigos sobre bases neurobiológicas dos
distúrbios de linguagem.
A Universidade de Harvard disponibiliza em seu site excelentes
materiais sobre as funções executivas. Um deles é o guia
absolutamente completo sobre o desenvolvimento de funções
executivas desde a infância até a fase adulta e sobre como desenvolvê-
las de forma contínua (material disponível em inglês).
Pesquise sobre o Dr. António Damásio, que é uma referência no âmbito
do processamento das emoções pelo cérebro. É possível encontrar
vídeos deles em plataformas como Youtube. Vale a pena ouvi-lo!
Referências
BEAR, M.; CONNORS, B.; PARADISO, M. Neurociências: Desvendando o
sistema nervoso. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
CENTER ON THE DEVELOPING CHILD.. How Early Experiences Shape
the Development of Executive Function. Harvard University, 2011.
CENTER ON THE DEVELOPING CHILD. How Early Experiences Shape the
Development of Executive Function. Harvard University, 2012.
DAMASIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano.
São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
MARCHETTI, P. et al. Influência da lateralidade nas assimetrias
morfológicas e funcionais em indivíduos sedentários. Revista Brasileira
de Ciências da Saúde, ano VII, nº 22, out/dez 2009. p. 08-14.
SOUSA, M.; SILVA, H.; GALVÃO-COELHO, N. Resposta ao estresse I:
homeostase e a teoria da alostase. Estudos de Psicologia. Vol. 20, no.1,
Natal, jan/mar 2015.
WEINTRAUB, S. Cognition Assessment Using the NIH Toolbox.
Neurology, 80 (Suppl 3), March 12, 2013.
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