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Aula 3 Linguagem, funções executivas e emoção

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NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
AULA 3
LINGUAGEM, FUNÇÕES EXECUTIVAS E EMOÇÃO
Definição
A importância da linguagem e os centros de controle da linguagem no cérebro humano. Funções executivas clássicas; processamento encefálico de funções executivas; memória de trabalho; controle inibitório; flexibilidade cognitiva e redes frontais executivas. Emoções primárias, secundárias e de fundo; teorias da emoção; amígdala e medo; córtex pré-frontal e processamento emocional da tomada de decisão.
Propósito
Perceber que a linguagem, os comportamentos motivados, nossas emoções e as funções executivas são essenciais para respostas adequadas à vivência em sociedade como conhecemos, compreendendo, dessa forma, que identificar as bases neurais de tais processos é importante para que se entenda as diferentes respostas humanas, bem como suas adaptações.
Introdução
Imagine a seguinte situação:
Um professor em uma sala de aula (virtual ou não). Ele precisa explicar conceitos específicos sobre determinado assunto aos seus alunos. Para tal, ele organizou previamente um plano de aula, no qual estruturou suas ideias principais e a ordem dos assuntos que serão abordados.
O professor inicia sua fala, e os alunos ouvem o discurso e fazem anotações em seus cadernos, tablets e smartphones. A comunicação se estabeleceu e foi bem-sucedida. O professor conseguiu com sucesso passar sua mensagem, que foi transmitida por meio do uso da linguagem verbal e não verbal. Além de sua fala, o professor providenciou imagens sobre o assunto em questão, que isso facilitou o entendimento da matéria.
Nesse processo, tanto o professor quanto os alunos realizaram diversas atividades, na sala ou mesmo antes de chegar a ela; das mais simples (como amarrar o cadarço do tênis) às mais complexas (como elaborar esquemas, gráficos e imagens que facilitem a compreensão de determinado conteúdo).
Funções executivas = Ações e atitudes diretamente associadas a partes especificas do cérebro
Por isso, todas essas atitudes são funções executivas, que estão diretamente ligadas a partes específicas de nosso cérebro.
Ao mesmo tempo, não somos capazes de compreender como aconteceria a cena hipotética que mencionamos sem imaginarmos se o professor chegou bem-humorado ou não, ou se algum aluno sequer anotou uma frase, já que se recusava a dar atenção àquele que lhe deu nota 2,0 na prova anterior.
Você já se deu conta de como seriam as relações humanas se elas fossem desprovidas de emoção?
Talvez não, mas a verdade é que as emoções são tão necessárias como habilidades adaptativas quanto os mecanismos de tomada de decisão.
Dessa forma, compreender como a emoção é processada no cérebro pode trazer informações relevantes sobre o comportamento humano em diferentes situações.
É exatamente isso que vamos estudar agora!
MÓDULO 1
Identificar os principais locais de processamento da linguagem no cérebro humano
Por que estudar a linguagem?
Mas, o que é linguagem, afinal?
Podemos defini-la como um sistema de comunicação com regras específicas para que um emissor envie mensagens a um receptor, de maneira que a mensagem principal seja compreendida.
Os sistemas de comunicação abrangem algumas especificações. São elas:
· SISTEMA DE COMUNICAÇÃO PRÓPRIO - Embora alguns animais, incluindo primatas não humanos, possuam sistemas de comunicação próprios, a linguagem humana, sem dúvidas, é a mais complexa. Basta observarmos como a língua de determinado local sofre mudanças com o tempo: recebe novas palavras, criam-se neologismos, termos, gírias.
· AVANÇO TECNOLÓGICO - Com o avanço da tecnologia e das realizações humanas em todas as áreas, novas palavras e novos vocabulários são criados a fim de acompanharem o desenvolvimento da sociedade. Sem contar as palavras que são absorvidas das mais diversas línguas e modificadas para se ajustarem às regras gramaticais de outra localidade. Com certeza, nossas tataravós não saberiam dizer o que é um drone ou um smartphone. Entretanto, ambos fazem parte de nossa vida no presente e sabemos seus significados e suas funções.
· EVOLUÇÃO HUMANA - A linguagem, portanto, é uma adaptação fundamental na evolução dos seres humanos, e não é formada apenas de sons específicos, mas envolve ainda gestos e expressões faciais, que trazem emoção ao discurso. Durante muito tempo, o estudo da linguagem humana limitou-se a ensaios e testes com pacientes com lesões cerebrais, cujos danos restringiram aspectos da linguagem. Porém, com o avanço da tecnologia de imagens, foi possível inserir a Neurociência no processo de investigação das áreas cerebrais voltadas à linguagem, o que possibilitou uma compreensão maior do fenômeno.
Alguns aspectos da linguagem
A linguagem pode ser desmembrada em componentes mais específicos; por exemplo, a linguagem verbal inclui a vocalização de sons e a compreensão dos mesmos via sistema auditivo. Dessa maneira, dependendo do tipo de linguagem utilizada, haverá um pareamento de sistemas para a compreensão da mensagem.
Quando a linguagem utilizada for escrita, o sistema visual será encarregado de receber tais estímulos.
Se a linguagem utilizada for o braille, por exemplo, o sistema somestésico será o primeiro a receber as informações necessárias para que a comunicação ocorra. (Braille. Sistema de escrita com pontos em relevo que as pessoas privadas da visão podem ler pelo tato e que lhes permite também escrever; anagliptografia). (Sistema somestésico.O sistema somestésico está ligado à percepção tátil).
Quando comparamos a linguagem verbal falada com a linguagem escrita, por exemplo, entendemos que a primeira possui fortes bases neurais, uma vez que, nos primeiros meses de vida, os seres humanos já são capazes de iniciar processos de aprendizagem neste campo.
Ao passo que a escrita ocorre em etapas posteriores da vida e depende de uma educação formal, o que nem sempre ocorre. No entanto, a linguagem deve ser considerada universal, no sentido de que todas as sociedades apresentam sistemas bem definidos de regras e se comunicam, ao menos, verbalmente.
A universalidade da linguagem nos traz a ideia de que tal fenômeno é inato ao ser humano e que, provavelmente, existam áreas específicas no cérebro para o processamento desses dados.
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de linguagem:
· FONEMA - São unidades formadoras das palavras. São sons distintos, cuja junção resulta em palavras e frases.
· SINTAXE - Estrutura de regras gramaticais para associação de palavras em frases.
· SEMÂNTICA - Trata-se da compreensão do significado das palavras.
· PROSÓDIA - São inflexões, entonações de voz, gestos e expressões faciais que acompanham a fala.
Áreas encefálicas envolvidas na fala
Você já se deu conta que a associação entre regiões cerebrais e a fala é uma descoberta relativamente recente?
Exatamente! Durante muito tempo, acreditou-se que todos os processos de regulação da fala se davam apenas em níveis inferiores, mais especificamente os músculos da boca, língua e laringe.
A partir de 1770, vieram os primeiros indícios de que áreas encefálicas estariam associadas a problemas na fala. Porém, em 1863, o neurologista francês Paul Broca publicou um artigo relatando vários casos de indivíduos com lesões nos lobos frontais, especificamente no hemisfério esquerdo, nos quais a linguagem estava comprometida. No ano seguinte, Broca propôs que havia dominância do hemisfério esquerdo no que diz respeito à linguagem em relação ao hemisfério direito.
Confira, então, alguns aspectos relacionados as áreas encefálicas e a relação entre os problemas na fala.
PROCEDIMENTO DE WADA
O procedimento de Wada – uma técnica mais moderna desenvolvida por Juhn Wada no Instituto Neurológico de Montreal – pode comprovar tal afirmativa. Esse procedimento consiste na administração de um barbitúrico de ação rápida pela artéria carótida de apenas um dos lados do pescoço, o que faz com que apenas um hemisfério seja anestesiado. Dentre os efeitos transitórios, estão: paralisia do corpo no lado contralateral à injeção e problemas na execução de tarefas que, especificamente,são controladas pelo hemisfério anestesiado. Observe a figura:
Utilizando anestésicos de ação rápida, é possível anular as funções de um único hemisfério e observar as atividades que ele regula. Dessa forma, foi possível associar a anestesia do hemisfério esquerdo e a total incapacidade de fala. Em 96% dos destros e em 70% dos canhotos, o hemisfério esquerdo é dominante para a fala. Apenas em uma parcela muito pequena da população observa-se bilateralidade da fala.
AREA DE BROCA
A área que Broca identificou como a responsável pela articulação da fala acabou ficando conhecida como área de Broca.
Complementando o estudo, o neurologista alemão Karl Wernicke mostrou que lesões no hemisfério esquerdo, fora da área de Broca, também resultam em dificuldades na fala. Tal área ficou conhecida como área de Wernicke e localiza-se próximo ao córtex auditivo e ao giro angular.
Apesar de tais áreas, ainda hoje, serem implicadas em aspectos da linguagem, sabe-se que seus limites não estão totalmente esclarecidos e podem ser ainda mais abrangentes.
Além disso, há variações entre os indivíduos, já que existem questões genéticas associadas à linguagem. Como o cérebro e suas estruturas são plásticos e mutáveis frente aos diferentes estímulos ao longo da vida, os circuitos podem sofrer variações de um indivíduo para o outro.
O estudo das afasias e o modelo de Wernicke-Geschwind
Você já percebeu que parte dos estudos sobre a linguagem e sua associação com áreas encefálicas advém da análise de casos de afasias?
É isso mesmo! A afasia é a perda parcial ou completa da fala, resultante de lesões encefálicas. Na maioria das vezes, isso acontece sem que haja perda cognitiva ou da capacidade de mover os músculos envolvidos na fala.
A afasia de Broca é caracterizada pela perda da capacidade de fala, com preservação da compreensão do que é ouvido ou lido. Pessoas com essa síndrome apresentam fala difícil e telegráfica com recorrente anomia, ou seja, incapacidade de encontrar nomes. ( Afasia de Broca
Também conhecida como afasia motora ou não fluente, pois a pessoa tem dificuldade em falar mesmo que possa entender a linguagem falada ou lida. Caracterizada por dificuldades no discurso, incluindo uma ampla gama de sintomas. O discurso dos pacientes é frequentemente telegráfico e custoso, vindo em rompantes desiguais).
Tal anomia é seletiva, uma vez que palavras de conteúdo, como substantivos, verbos e adjetivos, são frequentemente utilizadas. Já palavras de função, como artigos, conjunções e pronomes, não são utilizadas e não fazem parte das frases.
Conclui-se que a afasia de Broca está relacionada a algum tipo de dificuldade motora na articulação da fala, uma vez que a compreensão é mantida, porém a externalização das palavras, não.
Wernicke sugeriu que a área lesada na afasia de Broca poderia ser responsável pelo controle motor na articulação de sons e palavras. Tal ideia faz sentido quando percebemos que a área de Broca está localizada próximo à área do córtex motor, que controla a boca e a língua.
Entretanto, em alguns pacientes com essa síndrome, observa-se a possibilidade de eles falarem palavras como bee (abelha, em inglês), mas nota-se igualmente a incapacidade de pronunciar palavras foneticamente similares como be (ser, em inglês).
Conclui-se, portanto, que o problema estaria na distinção entre palavras de função e palavras de conteúdo, e não em problemas meramente motores, como muitos pesquisadores da área afirmam.
Acompanhe mais alguns aspectos sobre a afasia de Wernicke:
· TAREFA NÃO VERBAL
Devido ao fluxo de fala incompreensível, é difícil verificar com a afasia de Wernicke se está havendo ou não compreensão do que é dito ou escrito. Dessa forma, designa-se determinada tarefa não verbal para verificar a compreensão do paciente.
Por exemplo, pode-se pedir ao indivíduo que coloque determinado objeto sobre outro. O que se observa é que não há capacidade de compreensão mesmo para tarefas simples como essa.
· SONS DE ENTRADA 
Da mesma maneira que a área de Broca fica perto de regiões motoras que controlam boca e língua, a área de Wernicke localiza-se próximo ao córtex auditivo.
Tal associação pode induzir à ideia de que tal área está relacionada aos sons de entrada e seus significados. Em outras palavras: seria uma área de formação de memória entre sons e seus significados, o que gera a compreensão da palavra propriamente dita.
· REGULAÇÃO DA LINGUAGEM
Ainda em seu estudo com afásicos, Wernicke propôs um modelo de processamento de linguagem no encéfalo, o qual foi complementado por Norman Geschwind.
Esse modelo, conhecido por Modelo de Wernicke-Geschwind, acaba sendo uma simplificação do que ocorrem em termos de regulação da linguagem na realidade.
Para compreendermos esse modelo, vamos considerar duas situações distintas: repetição de palavras e a leitura em voz alta de um texto escrito.
Repetição de palavras
Nesse caso, as informações chegam ao encéfalo via sistema auditivo até o córtex auditivo. Este, por sua vez, processa as informações recebidas, as quais somente serão reconhecidas como palavras com significado quando processadas na área de Wernicke.
As palavras serão finalmente pronunciadas depois que as informações chegarem à área de Broca, onde comandos neurais serão enviados às regiões motoras responsáveis pelo controle da língua e dos músculos associados à fala.
Leitura em voz alta de um texto escrito
Já nessa situação, em que a tarefa é a leitura de um texto escrito, o processo final é similar, mas o início difere pelo fato de o sistema de entrada ser o visual, e não o auditivo.
Nesse caso, as informações chegam ao córtex visual, são processadas e passam ao giro angular, onde serão novamente processadas e transformadas em sinais de saída para a área de Wernicke, como se fossem sinais falados, e não escritos.
O processo final é o mesmo do caso anterior, com as informações sendo levadas à área de Broca e, então, para o córtex motor.
Simplificações do modelo de Wernicke-Geschwind
Embora coerente, o modelo acaba simplificando demais certos aspectos. Por exemplo, as informações visuais podem chegar diretamente à área de Broca, sem passar pelo giro angular.
As informações visuais não precisam ser transformadas em informações auditivas, como sugerido. Além disso, sabe-se atualmente que os danos nas afasias de Broca e Wernicke dependem da extensão das áreas lesadas e de regiões não mencionadas no modelo, como o núcleo caudado e o tálamo (ambas áreas subcorticais).
Outro aspecto importante reside no fato de que, em um acidente vascular cerebral (AVC), a borda limítrofe das lesões é variável, o que pode incluir ou não áreas de relevância à linguagem e que acabaram excluídas do modelo.
Foram reportados ainda estudos que evidenciam a recuperação de áreas lesadas, ou ainda a substituição de função por áreas anteriormente não relacionadas à linguagem, o que agrava a compreensão dos quadros. Vários casos de afasia são acompanhados de disfunções da fala e da compreensão ao mesmo tempo.
Dessa forma, foram propostos modelos mais complexos de análise, mas que mantêm alguns aspectos básicos do modelo de Wernicke-Geschwind.
Afasia de condução
· Outro tipo de afasia existente é a afasia de condução, na qual ocorre desconexão entre as áreas de Broca e Wernicke. Tal perda de conectividade ocorre devido a lesões no fascículo arqueado, um conjunto de fibras que conectam ambas as áreas de linguagem.
· Nesse tipo de afasia, a compreensão e a fala são mantidas. Entretanto, como há perda da comunicação entre as áreas, há perda da capacidade de repetir palavras. O paciente até pode ouvir uma palavra ou frase e compreender o que foi dito, mas será incapaz de repeti-la em voz alta da forma correta.
Especialização hemisférica
Quando Paul Broca apresentou seus trabalhos sobre a prevalência do hemisfério esquerdo na formação da linguagem, a comunidade científica entendeu e aceitou que haveria dominância de tal hemisfério em relação ao direito, que teria apenas funções secundárias e coadjuvantes. Entretanto, o conceitode dominância hemisférica tornou-se ultrapassado; o que se entende atualmente é o conceito de especialização, e não dominância.
A especialização hemisférica se traduz em hemisférios distintos, cada qual especializado em um grupo de funções. Porém, ambos trabalham em conjunto, integrados por milhões de fibras denominadas comissuras cerebrais.
O conceito de especialização é correlacionado a outros dois conceitos: o de lateralidade e assimetria.
· LATERALIDADE - A lateralidade ocorre quando não há bilateralidade em alguma função e algum hemisfério acaba sendo responsável por determinada função majoritariamente.
· ASSIMETRIA - O conceito de assimetria é mais amplo e pode ser considerado sob a ótica de diversas modalidades: assimetrias morfológicas, funcionais e comportamentais. (Assimetrias morfológicas. Uma observação precisa ser feita para que nenhuma informação seja considerada de forma simplista. O conceito de especialização hemisférica não pode ser traduzido como se o hemisfério esquerdo fosse inteiramente responsável pela fala e o direito, pelas emoções, por exemplo. Tais fatos incorrem em afirmações que carecem de necessária comprovação científica. Se quiser se aprofundar nesse assunto, visite o Explore+ ao final no tema).
Ainda sobre esse estudo, utilizou-se pacientes cujas comissuras foram seccionadas a fim de evitar crises epilépticas fortes, é possível pesquisar as especialidades hemisféricas fornecendo estímulos que serão processados apenas por um lado do cérebro. Por meio de tais estudos, foi possível localizar as especializações e associá-las aos seus respectivos hemisférios, como também perceber o papel das comissuras na integração dos hemisférios.
Por exemplo, quando falamos, veiculamos tanto informações cognitivas quanto afetivas, e isso se dá por integração entre os hemisférios. A prosódia é codificada pelo hemisfério direito, enquanto o esquerdo regula a compreensão linguística e a fala.
Acredita-se que a única generalização permitida quando se trata de especialização hemisférica é a de que o hemisfério esquerdo trata de funções mais específicas, enquanto o direito regula funções mais globais.
Com o avanço das técnicas de imagem, foi possível observar em mais detalhes a ativação de partes específicas do encéfalo quando da execução de determinadas tarefas.
Os resultados obtidos por ressonância magnética funcional de interferência (IRMf) e tomografia por emissão de pósitrons (TEP) mostram certa bilateralidade na execução de tarefas ligadas à linguagem, indo de encontro ao que se observa majoritariamente por meio de exames com pacientes lesionados ou em situações de anestesia hemisférica, como no teste de Wada.
Verificando o aprendizado
1. A ideia de hemisférios dominantes não é mais aceita desde que se entendeu que os hemisférios se complementam em funções, não necessariamente executando as mesmas ações, mas especializando-se. Sobre a fala e especialização hemisférica, é possível afirmar que:
A - O hemisfério esquerdo é o único responsável pela execução da fala.
(*)B - Ambos os hemisférios estão envolvidos na construção da linguagem.
C - As comissuras permitem a comunicação entre neurônios do mesmo hemisfério.
D - Tanto em indivíduos destros quanto em indivíduos canhotos observa-se em igual proporção a dominância do hemisfério esquerdo.
Comentário. Apesar de a maioria das regiões designadas para a fala estarem localizadas no hemisfério esquerdo, o conjunto de informações resultantes da fala inclui processamento linguístico do hemisfério esquerdo, mas também processamento prosódico, o qual é resultado do hemisfério direito.
2. Grande parte dos estudos que deram origem à área de Neurociência da Linguagem advém de pacientes com lesões oriundas de cirurgias ou lesões causadas por acidentes vasculares que culminaram em afasias específicas. Entretanto, embora nos ofereçam informações relevantes sobre funções comprometidas a partir das lesões, alguns dados contrapõem tais estudos. Assinale a afirmativa correta sobre o assunto:
(*)A - As afasias podem variar em sintomas devido ao tamanho e à região das lesões que as geraram, trazendo alguns indícios de que as regiões definidas originalmente possuem limites variáveis.
B - Apesar de as técnicas de imagem serem resultados mais específicos, a observação de sintomas em afásicos traz mais detalhes sobre as áreas estudadas.
C - As áreas de Broca e Wernicke são específicas, respectivamente, no controle de compreensão da linguagem e controle do aspecto motor da linguagem.
D - As lesões que resultam em afasias fornecem dados bastante acurados sobre a localização dos circuitos referentes à formação de linguagem, tanto em compreensão quanto em resposta motora.
Comentário. As lesões que ocasionam afasias são, normalmente, oriundas de AVCs, os quais podem variar em extensão e fatores associados. Dessa maneira, os dados relacionados a tais condições podem não ser exatamente específicos em termos de localização e função relacionada. Os exames de imagens podem proporcionar mais dados associados, facilitando o estudo de tais regiões no encéfalo.
MÓDULO 2
Reconhecer as principais funções cognitivas processadas pelo controle executivo, discernindo a relevância de tais processos na adequação de respostas ao ambiente
Controle executivo
A importância das Funções Executivas
Já parou para pensar sobre qual a Importância das funções executivas?
Todos os dias, executamos diversas atividades e respondemos ao ambiente com comportamentos normalmente adequados às situações. Vamos ao trabalho, à faculdade, dirigimos, pegamos transportes, deparamo-nos com pessoas, por vezes desconhecidas, e lidamos com situações, ora corriqueiras, ora desafiadoras.
Em paralelo, para criar respostas adequadas aos estímulos, nosso encéfalo (composto por cérebro, cerebelo, tronco encefálico), por meio de suas inúmeras e complexas conexões neurais, processa tais estímulos e adiciona ainda componentes emocionais, memórias e outros aspectos que compõem nossas reações.
Em outras palavras, nossas ações externalizadas são resultado de uma série de processos executivos coordenados, ou seja, existe um comando executivo atuando a todo momento na mediação de nossas respostas frente aos estímulos recebidos constantemente.
Por exemplo, imagine-se na seguinte situação:
Você está entrando em um restaurante para almoçar com seu chefe. Você nunca esteve nesse restaurante; ainda assim, você sabe exatamente o que fazer. Você decide o prato que vai pedir levando em consideração suas preferências alimentares, o custo-benefício de seu pedido e sua dieta recém-iniciada.
Paralelamente, você está preocupado com as respostas que dará ao seu chefe, já que, claramente, esse almoço é um teste. Você decide rapidamente quais informações dará e de que maneira o fará utilizando a linguagem adequada à situação.
Com certeza, não trará à tona o atraso do mês anterior, a não ser que seu chefe aborde o assunto. Você provavelmente não vai beber do copo dele nem dar uma garfada no risoto de camarão que ele pediu. Também não contará piadas.
Por que trouxemos tal exemplo?
Porque, embora pareçam ações comuns, pessoas com disfunções executivas, dependendo da região afetada, podem ter dificuldades para atuar em tal situação.
Atenção. Na verdade, o domínio executivo permite que consigamos planejar, flexibilizar quando necessário e autorregular nossos processos mentais e comportamentais.
O caso pioneiro
O conceito de função executiva veio da percepção de que indivíduos com sérios problemas comportamentais e de personalidade podem apresentar resultados normais (ou até superiores em desempenho) em testes cognitivos padronizados.
É o caso de Phineas Gage, o indivíduo cujo acidente com uma barra de ferro modificou sua vida e as pesquisas sobre o funcionamento do cérebro (na verdade, encéfalo).
Simulação dos danos de conectividade e crânio de Phineas Gage
Em 1848, Gage, que trabalhava na construção de uma estrada de ferro nos Estados Unidos no auge de seus 25 anos de idade, teve a cabeça atravessada de baixo para cima por umabarra de ferro de 1m de comprimento e 30mm de diâmetro. Incrivelmente, foi levado com vida ao hospital, onde detectou-se a perda de parte do lobo frontal esquerdo. Gage perdeu a visão e ficou com o rosto paralisado no lado onde a barra o atingiu.
Embora suas funções cognitivas estivessem aparentemente intactas, Gage foi incapaz de retornar ao trabalho devido a mudanças drásticas em seu comportamento. Dentre elas, apresentava-se mais agressivo e menos respeitoso com quem interagisse, principalmente se fosse contrariado. Passou parte de sua vida posterior ao acidente exibindo-se em circos com sua barra de ferro. Faleceu junto à família de mal epiléptico.
O caso relatado nos mostra a importância da função executiva ou do controle executivo. Phineas apresentou resultados adequados em testes padronizados de funções cognitivas como memória, capacidade de realizar cálculos, além de testes relacionados à linguagem. Entretanto, sua convivência em sociedade e a execução de seu trabalho foram afetados de forma drástica por mudanças nas funções executivas.
Um dos axiomas da Neuropsicologia diz que o funcionamento executivo adequado gera autonomia ao indivíduo em relação ao meio ambiente. Confira alguns aspectos importantes desse tema: (Axioma, originário da Lógica, corresponde a uma sentença inicial ou fundamento de alguma teoria sobre a qual se desenvolvem novos conceitos).
AUTONOMIA PERDIDA x LESÕES - Nesse caso, quando a autonomia é perdida por lesões específicas em áreas relacionadas ao controle executivo, perde-se parte da capacidade adaptativa ao ambiente.
AUTONOMIA PERDIDA x MEIO AMBIENTE - A perda de autonomia em relação ao ambiente está relacionada ao fato de que os estímulos externos, em situações onde a função executiva não está preservada, acabam por se tornar prevalentes em relação às vontades e aos planejamentos do indivíduo.
Para compreender essa relação entre autônima perdida e o meio ambiente é necessário analisar um dos principais testes de função executiva:
Você conhece o teste de Stroop ou teste de interferência cor-palavra?
Neste teste, é pedido ao indivíduo que diga em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das cores de uma sequência dada (figura 10). No primeiro caso, o estímulo é a imagem de círculos de cores diferentes. Na segunda etapa, ocorre o teste de interferência propriamente dito. O estímulo, agora, consiste na mesma sequência de cores. Porém, em vez de círculos coloridos, aparecem os nomes de cores impressos em cores incongruentes.
Agora é com você! Faça o Teste de Stroop!
Instrução: Você irá precisar de um marcador de tempo, um cronômetro para esse teste.
Qual o tempo que você gastou para realizar a leitura de cada teste?
Neste teste, com os tempos anotados em cada tarefa, verifica-se que pessoas cujas funções executivas estão íntegras, ocorre uma diferença de, em média, dez segundos entre a primeira etapa e a segunda.
No entanto, como tal teste comprova a integridade (ou não) das funções executivas? Entenda!
A leitura exerce certo predomínio sobre a denominação de cores em pessoas alfabetizadas. Dessa maneira, o estímulo sensorial da palavra escrita acaba sendo mais forte do que o estímulo de denominação da cor impressa.
Para obter sucesso no teste, o indivíduo deve suprimir a tendência natural de ler a palavra escrita, o que indica flexibilidade e autonomia sobre os estímulos ambientais.
Já os indivíduos que não possuem as funções executivas íntegras levam muito mais tempo para executar a segunda parte do teste, pois tendem a verbalizar o nome da cor impressa.
Componentes preferenciais das funções executivas
· Existem diversas abordagens ao se nomear as funções executivas (FE). É possível encontrar listas extensas do que seriam ou são tais funções.
· Porém, antes disso, é importante compreender que a ideia de controle executivo é algo maior, por trás de funções cognitivas como a memória e a atenção, por exemplo.
· Além disso, tal controle superior tem por objetivo, dependendo da situação, exercer um direcionamento de nossas funções cognitivas.
Em outras palavras, existem funções cognitivas que nos permitem compreender o mundo, dar atenção aos estímulos adequados e reagir a eles. Acima de tais funções, está o comando executivo gerenciando como todas essas funções serão orquestradas a fim de retornar uma ação adaptativa.
Apesar de ser possível encontrar listas com componentes distintos, entende-se que os principais elementos de controle executivo são:
MEMÓRIA DE TRABALHO - Esse tipo de memória gerencia a nossa capacidade de reter e manipular informações distintas por curto espaço de tempo. Tal função permite que consigamos realizar tarefas sequenciais com início, meio e fim, sem se perder em meio às informações. Indivíduos com lesões no córtex pré-frontal podem apresentar distúrbios de memória de trabalho e, com isso, tornam-se incapazes de ler um texto extenso ou cozinhar, por exemplo. Ao ler um texto, é necessário memória de trabalho para que se possa lembrar do parágrafo anterior e dar sentido ao que se está lendo. É esse tipo de memória que possibilita a realização de cálculos mentalmente e a estruturação de pensamentos complexos que dependam de várias informações simultâneas.
FLEXIBILIZAÇÃO COGNITIVA - Essa função executiva visa sustentar ou alternar atenção em resposta a diferentes demandas ou, ainda, auxilia a aplicar diferentes regras a situações adequadas. Por exemplo, um indivíduo faz seu caminho até a faculdade todos os dias. Entretanto, em um dia específico, pode ser que ele necessite passar no banco antes de ir à faculdade e, assim, terá de modificar seu trajeto habitual. Parece algo simples de se fazer, já que há um objetivo: passar no banco. Entretanto, pessoas com lesões do córtex pré-frontal podem se mostrar incapazes de reorientar seus trajetos, já que a “regra” original é manter o caminho até a faculdade diariamente.
CONTROLE INIBITÓRIO - É a habilidade utilizada no controle de nossos impulsos, a fim de que resistamos a distrações e hábitos e consigamos parar antes de reagir. Esse tipo de controle permite a atenção seletiva e sustentada, além da capacidade de priorizar tarefas a fim de alcançar objetivos pré-estabelecidos. Está correlacionada diretamente aos processos de controle emocional.
Em resumo, o controle executivo é evocado quando é necessário suplantar respostas prepotentes, ou seja, respostas habituais e que são mais fortes do que as novas ações requeridas. Em outras palavras, as funções executivas são necessárias quando é preciso atuar de forma contrária a um hábito fortemente adquirido. (hábito fortemente adquirido. Quando alguma ação é repetida por nós muitas vezes, cria-se um hábito. Neurologicamente, isso significa que houve a criação de um circuito específico que se repete em looping toda vez que um gatilho é apresentado. É o caso da mulher que, todo dia, pontualmente às 15h, deixa sua mesa de trabalho e vai até a cantina do trabalho comprar um bolo. Talvez ela nem esteja com fome, talvez esteja entediada, mas, para quebrar a rotina, inseriu esse hábito. Logo, o gatilho, nesse caso, pode ser o tédio em meio ao trabalho da tarde. Toda vez que esse gatilho se apresenta, a mulher associa a ele uma ação, que, no caso, é a compra (e consequente ingestão) do bolo. Tal circuito é quase automático, pois uma ação ou percepção leva à outra, e as respostas são quase imediatas. Entretanto, caso ela resolva abandonar esse hábito, terá de utilizar suas funções executivas para suplantar a vontade de obter recompensa imediata comendo o doce).
Atenção
O controle executivo atua de forma antagônica às formas automáticas de processamento. Estas formas automáticas de processamento de estímulos exercem o controle bottom-up, ou seja, de baixo para cima, significando que os estímulos sensoriais (sentidos) e suas associações criaram um hábito.
Redes executivas frontais: anatomia das funções executivas
Uma vez que entendemos que as funções executivas são vitais para a adaptação ao ambiente, resta conhecer as regiões responsáveis por tal atuação.Os primeiros indícios de localização de um sistema de controle executivo advêm de estudos em lesões cerebrais que resultam em síndromes cognitivas peculiares, como as observadas no caso de Phineas Gage. Tais síndromes levam a localizações que remetem às regiões de lobos frontais.
Durante algum tempo, entendeu-se que os lobos frontais eram o epicentro das funções executivas, visto que alojam uma série de áreas importantes relacionadas a processos cognitivos, como linguagem e áreas motoras, por exemplo. Entretanto, a maior parte das síndromes que levam a disfunções de comportamento convergem para a região específica do córtex pré-frontal (CPF).
Tal região é dividida em 3 partes: córtex dorsolateral, córtex orbitroventral e córtex frontomedial.
O córtex pré-frontal possui inúmeras conexões com áreas cerebrais. Compreenda mais algumas:
· O CPF possui grande número de conexões com áreas cerebrais que processam informações externas, incluindo todos os sistemas sensoriais, além de áreas motoras corticais, assim como informações internas das estruturas límbicas (centro da emoção) e mesoencefálicas.
· Logo, o CPF exerce importante função ao processar inúmeras informações internas e externas a fim de orientá-las no alcance de objetivos específicos.
· Não basta ver, ouvir e compreender informações; elas precisam ser coordenadas para gerar respostas adequadas.
· Grande parte dos dados sobre o CPF advém, como dito anteriormente, de estudos em pacientes com lesões da área. A seguir, descreveremos algumas das funções executivas impactadas por danos no CPF.
Confira, então, alguns aspectos relacionados córtex pré-frontal:
CONTROLE INIBITÓRIO
Pacientes com danos no CPF podem apresentar um comportamento conhecido como perseveração (ou perseverância), que consiste em manter comportamentos desencadeados por estímulos sensoriais, mas sem dar a eles a devida adequação circunstancial. É o caso de um indivíduo que, a cada vez que se depara com um copo de água, não resiste e toma todo o líquido, mesmo sem saber a quem pertence.
PLANEJAMENTO
Mesmo quando lesões do CPF mantêm intactas as unidades básicas de comportamento, a capacidade de organização pode ser perdida. Um indivíduo com lesões específicas no CPF pode apresentar dificuldades em ordenar certos comportamentos, como, por exemplo, a execução de uma receita.
AVALIAÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS
Para gerar comportamentos direcionados a objetivos, é necessária a capacidade de avaliar as consequências de diversas ações. Pacientes com lesões do CPF, especialmente na área orbital, mostram-se incapazes de avaliar os prós e contras de suas ações, o que resulta em decisões ruins em curto, médio e longo prazos. Pesquisas na área (DAMASIO, 1996) mostraram que o córtex pré-frontal orbital é capaz de associar pistas afetivas às decisões a serem tomadas, e tal associação emocional gera alto peso na tomada de decisões. Lesões nessa área específica tornam indivíduos inaptos em vários testes simples de tomada de decisão.
APRENDIZAGEM E UTILIZAÇÃO DE REGRAS
A habilidade de abstrair e generalizar regras é de extrema importância no contexto da aprendizagem. Entretanto, quando se perde tal função executiva, o indivíduo perde a capacidade de aplicar regras e moldá-las aos diferentes contextos. Nesses casos, a pessoa terá de lidar com cada nova situação na base de erros e acertos, pois é incapaz de reutilizar e adaptar regras aprendidas.
Como você pode observar com o vídeo, essas funções e habilidades são desenvolvidas no Córtex pré-frontal, esse desempenha um papel relevante no controle executivo. Entretanto, algumas síndromes chamadas disexecutivas foram associadas a regiões não frontais.
Vale destacar, que devido ao grande alcance de técnicas de imagem, é possível estabelecer que tais síndromes causadas por lesões situadas fora dos lobos frontais, mas em regiões ricamente associadas a eles por conexões podem ser diagnosticadas.
Você já compreendeu a importância do controle executivo em nossa vida. No entanto, a pergunta natural que poderia surgir a partir de tais conhecimentos é:
Todos nascem com a plenitude de suas funções executivas?
A resposta para essa pergunta é não!
Mas, uma boa notícia é que tais funções e habilidades podem ser desenvolvidas ao longo da vida, a partir dos estímulos corretos. Em parte, não nascemos com elas porque os lobos frontais são os últimos a serem finalizados em termos de desenvolvimento cerebral. Por outro lado, ao longo da vida, concomitantemente ao desenvolvimento de tais estruturas, temos experiências e estímulos que auxiliam no desenvolvimento cada vez maior dessas habilidades, como é possível observar no gráfico a seguir.
Como mostra o gráfico, as funções executivas começam a ser desenvolvidas logo após o nascimento, com uma janela de oportunidade entre as idades de 3 e 5 anos. O crescimento em tais habilidades continua até a adolescência e o início da fase adulta. A proficiência começa a ocorrer em fases mais tardias da vida.
Verificando o aprendizado
1. As funções executivas são essenciais para a adaptação dos indivíduos ao ambiente e permitem que as respostas e o comportamento sejam adequados às diferentes situações. Apesar de existirem uma série de funções classificadas como executivas, o controle executivo pode ser entendido como:
A- Uma série de regiões cerebrais relacionadas ao comportamento em sociedade.
B - O controle inibitório exercido pelo córtex pré-frontal em quaisquer situações.
(*)C - A coordenação de diversas funções cognitivas a fim de gerar respostas adaptadas ao ambiente.
D - A função principal do córtex pré-frontal, a única estrutura envolvida no controle de funções superiores.
Comentário. As funções executivas são, na verdade, o gerenciamento cerebral das principais funções cognitivas, e isso é feito por diversos circuitos. Dentre eles, alguns específicos envolvendo os lobos frontais e as áreas não corticais associadas.
2. Dentre as várias funções executivas, uma é particularmente importante para que se leve uma vida normal em termos de execução de tarefas organizadas. Pacientes com lesões no córtex pré-frontal em áreas específicas podem encontrar dificuldades em ler textos, organizar tarefas e lembrar-se de sua última refeição, por exemplo. Tal função executiva está relacionada a:
A - Controle inibitório.
B - Planejamento.
(*)C - Memória de trabalho.
D - Atenção.
Comentário. A Memória de trabalho é aquela que confere ao indivíduo a capacidade de reter, por curto espaço de tempo, algumas informações a fim de manipulá-las em contextos distintos. A perda de tal capacidade é extremamente limitante, impedindo que funções simples, como a leitura de um texto ou a execução de tarefas ordenadas, sejam executadas.
MÓDULO 3
Identificar a importância do processamento de emoções na tomada de decisões, a influência dos estados motivacionais e os locais encefálicos relacionados aos sentimentos
O que é emoção?
É possível encontrar diversas definições de emoção, variando entre significados puramente linguísticos e outros mais biológicos. Compreenda mais alguns aspectos:
BIOLÓGICO - Do ponto de vista biológico, as emoções representam um conjunto de reações fisiológicas, químicas e neurais que atuam como base para a organização de respostas comportamentais correspondentes.
PERCEPÇÃO - É importante compreender que as emoções são igualmente geradas e gerenciadas por sistemas neurais, os quais são capazes de lidar não somente com as respostas dadas frente às emoções, mas também com a percepção delas.
ESTADOS EMOCIONAIS - Outro aspecto importante é a adaptação que os estados emocionais configuram para a sobrevivência da espécie. Sem as emoções, é muito difícil gerar respostas adequadas aos diferentes estímulos.
Acompanhe um exemplo de como as emoções são essenciais em nosso dia a dia:
Imagine a seguinte situação:
Se um aluno perdesse a capacidade de se sentir triste após ser reprovado em uma prova, talvez não mobilizasse esforços a fim de obter melhor nota no próximo exame. Em casos mais drásticos, animais que não apresentam respostascomportamentais de medo quando ameaçados por predadores terão poucas chances de sobrevivência.
Classificação das emoções humanas
As emoções podem ser classificadas de três maneiras: emoções primárias; emoções secundárias e emoções de fundo. As emoções primárias são inatas, ou seja, é comum a todos os seres humanos, independentemente de fatores socioculturais.
O primeiro pesquisador a estudar o assunto foi ninguém menos que Charles Darwin. Ele observou que algumas expressões emocionais eram similares em diferentes culturas. Atualmente, os pensamentos de Darwin a respeito de emoções primárias foram corroborados por pesquisadores, em especial Paul Ekman, da Universidade da Califórnia. Basicamente, o consenso entre os pesquisadores da área reside nas seguintes emoções primárias: alegria, tristeza, medo, nojo, raiva e surpresa.
Provavelmente consideradas inatas por serem indicadores de comportamentos de sobrevivência conservados na espécie humana.
Na figura é possível identificar algumas emoções primárias. Observe a imagem e tente perceber as seguintes emoções: alegria, medo, surpresa, nojo e raiva.
Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de linguagem:
Emoções secundárias
As emoções secundárias são aquelas relacionadas a fatores socioculturais e, portanto, variam de um indivíduo para o outro, como, por exemplo, a vergonha. Determinado ato pode ser vergonhoso para uns, mas não para outros, dependendo das crenças e dos costumes de determinada sociedade, ou mesmo da formação pessoal do indivíduo.
Emoções de fundo
Por fim, as emoções de fundo são aquelas relacionadas a estados de bem ou mal-estar, e podem ser associadas à percepção de estados internos do indivíduo. Portanto, sua classificação com as emoções não é consenso entre os pesquisadores. Um exemplo de emoção de fundo seria uma percepção de falta de energia (não cansaço) por parte de alguém.
Atenção. Não confundir expressão emocional e experiência emocional. Enquanto a experiência faz referência aos estados emocionais que vivenciamos, como ansiedade, tristeza ou raiva, a expressão está relacionada às mudanças fisiológicas resultantes da base neural das emoções, como respostas hormonais, motoras e comportamentais.
As teorias sobre emoções
Várias teorias foram postuladas sobre como as emoções são formadas e processadas. Entretanto, duas teorias são de especial interesse, por serem, de certa forma, antagônicas, apesar de não haver consenso no meio científico sobre qual se aplica à realidade de forma plena. Uma dessas teorias é a dos pesquisadores William James e Carl Lange e foi proposta em 1884.
Em outras palavras, segundo os autores, sentimos tristeza porque começamos a chorar; sentimos felicidade porque sorrimos, e assim por diante.
Dessa maneira, a ideia central é a de que alterações de nossos estados corporais são capazes de provocar emoções específicas. Segundo a teoria de James-Lange, a base das emoções estaria na captação de estímulos emocionais, os quais seriam processados via córtex sensorial, desencadeando respostas motoras específicas (riso, choro, taquicardia etc). Tais mudanças seriam percebidas no córtex cerebral, provocando então a percepção da emoção em si.
Já no século XX, a teoria sofreu críticas frente a algumas constatações, como o fato de algumas alterações corporais ocorrerem frente a emoções diferentes.
Por exemplo, como posso identificar corretamente o medo com base na taquicardia, se a mesma também ocorre em situações de surpresa e até alegria? Um dos principais opositores da Teoria de James-Lange foi o americano Walter Cannon. Ele propôs que, enquanto a informação emocional é processada pelo encéfalo, são geradas respostas corporais e a consciência da emoção simultaneamente.
Onde estão as emoções?
Após as teorias das emoções ganharem os pesquisadores da área, buscou-se procurar efetivamente as áreas cerebrais responsáveis pelos fenômenos emocionais. Quem primeiro postulou a localização de tais regiões foi o anatomista americano James Papez, trazendo a público a ideia de sistemas e circuitos, e não somente áreas isoladas no cérebro.
As estruturas identificadas por Papez, em conjunto, ficaram conhecidas como Circuito de Papez e incluíam o córtex cingulado, o hipocampo, o hipotálamo e os núcleos anteriores do tálamo.
Apesar de alguns locais efetivamente serem importantes para os circuitos de emoção, outros foram acrescentados posteriormente, como a amígdala, que desempenha papel fundamental nas emoções negativas (como o medo e a raiva) e o córtex pré-frontal. Por sua vez, não há evidências de que o hipocampo esteja envolvido na formação de emoções, apesar de participar do processo de desenvolvimento de memórias, incluindo as emocionais.
A seguir, abordaremos as duas principais estruturas cujas funções estão consolidadas em termos de gerenciamento das emoções: amígdala e córtex pré-frontal
Amígdala
A amígdala é uma estrutura localizada no polo do lobo temporal e recebe conexões de todas as áreas sensoriais, com exceção do sistema olfatório, e conexões provenientes do neocórtex, giros para-hipocampal e cingulado.
Ela também se conecta-se ao hipotálamo. 
As amígdalas possuem uma função extremamente importante no desenvolvimento e nas demonstrações das emoções. Por isso, conheça mais alguns aspectos importantes dessa área cerebral:
ASPECTO 1 - Sua função está ligada fortemente ao medo e à ansiedade. Estudos realizados com primatas não humanos, cujas amígdalas eram lesionadas bilateralmente por medicamento, demonstraram perda das respostas de medo. Os macacos ganharam docilidade e tenderam a ignorar situações comuns de perigo. Era como se não temessem mais seus predadores ou situações perigosas, chegando mesmo a manipular cobras sintéticas, por exemplo.
ASPECTO 2 - Além de outras associações (como formação de memórias emocionais negativas), a amígdala foi relacionada ainda ao fenômeno de formação do medo condicionado. Isso foi demonstrado, entre outros experimentos, quando ratos eram expostos inicialmente a um breve estímulo auditivo e pequenos choques. Após o condicionamento, apenas o estímulo auditivo era suficiente para gerar ativação da amígdala e respostas de medo, como aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e secreção de hormônios, como os glicocorticoides.
ASPECTO 3 - Logo, constatou-se que a amígdala exerce papel primordial em detectar ameaças do ambiente e gerar os comportamentos adequados a elas. Lesões da amígdala levam à perda da capacidade de reconhecer perigos e ameaças, o que pode ser prejudicial à sobrevivência, deixando indivíduos sujeitos a situações reais de perigo.
[...]” Os estudos nessa área iniciaram-se após o clássico de Phineas Gage, mencionado anteriormente. Porém, o grupo do neurologista português Antônio Damásio contribuiu bastante para o estudo do córtex pré-frontal. Eles identificaram um homem cuja perda de parte do córtex pré-frontal se deu devido à retirada cirúrgica da região em tratamento, em razão de um tumor agressivo.” (DAMÁSIO, 1996)
Nesse contexto, o homem também passou a apresentar condutas alteradas, principalmente no que dizia respeito a julgamentos e tomadas de decisão, que eram constantemente inapropriadas.
Você saia, que em testes realizados, puderam perceber que os indivíduos, a fim de tomares decisões acertadas, além do componente racional, necessitam de uma espécie de antecipação emocional, a qual pode gerar modificações fisiológicas que podem ser perceptíveis ou não (como sudorese, taquicardia, entre outras).
Tal hipótese é denominada hipótese do marcador somático e propõe basicamente que, quando antecipamos algum tipo de emoção, regiões específicas do cérebro são ativadas exatamente como se estivéssemos vivenciando-a. Dessa maneira, indivíduos com lesões no córtex pré-frontal perdem a capacidade de antecipar tais estados, e isso os leva a tomar decisões errôneas.
Motivação
Com certeza, você já ouviu, especialmente em ambiente educacional, alguémfalar em motivação. Porém, o que significa motivação para você?
Quando nos sentimos motivados, temos a tendência de realizar algo ou ir ao encontro de alguma coisa. Não é basicamente essa a ideia que você tem?
Atenção.Em Neurociências, podemos chamar tal fenômeno de estado motivacional. Tais estados geram comportamentos motivados. Assim, a motivação está associada ao movimento. Por exemplo, o estado motivacional de frio nos leva ao comportamento motivado de buscar agasalho.
É muito comum associarmos motivação a questões emocionais, quase como se fosse uma emoção por si só. Entretanto, quando tratamos de motivação e comportamentos motivados em neurociências, estamos falando de questões que dizem respeito à adaptação e sobrevivência.
Basicamente, a regulação da motivação pode ser dividida em dois sistemas: sistema apetitivo e sistema defensivo ou aversivo.
Sistema apetitivo X sistema defensivo
No sistema apetitivo, existem órgãos importantes, como o hipotálamo, participando do processo de controle de ingestão alimentar. Tal controle envolve a liberação de neurotransmissores e hormônios, em um arranjo complexo a fim de manter a homeostasia. (Homeostasia.O conceito de homeostase foi desenvolvido por Walter Cannon [já citado anteriormente]. Ele realizou trabalhos em fisiologia experimental, denominando homeostase como o princípio de “meio interno em que o sangue e os demais fluidos que circundam as células constituem o meio interno com o qual ocorrem as trocas diretas de cada célula e, por isso, deve ser mantido sempre com parâmetros adequados à função celular, independentemente das mudanças que possam estar ocorrendo no ambiente externo”. Assim, propôs que a função final de todos os mecanismos fisiológicos é a manutenção da homeostase, que deve ser compreendida como “a manutenção da estabilidade do meio interno”. (SOUSA; SILVA; GALVÃO-COELHO, 2015)
Apesar de entendermos por que os organismos buscam comida, água, dentre outros fatores de sobrevivência, ainda existe a dúvida sobre o que nos leva a determinados comportamentos geradores de prazer, como comprar, jogar, dentre inúmeras outras atividades.
A resposta reside na obtenção de recompensa; dessa forma, muitos dos comportamentos podem ser motivados por recompensas que não necessariamente têm a ver com a manutenção da espécie no planeta, mas, sim, com a busca pela sensação de prazer.
Reforço e recompensa
Como os pesquisadores conseguem estudar motivação e comportamentos motivados em animais? Utilizando técnicas de autoestimulação elétrica.
Em experimentos clássicos da década de 1950, no Instituto de Tecnologia da Califórnia, posicionaram um rato em uma caixa com uma alavanca.
Quando pressionada a alavanca, um breve estímulo era acionado por meio de eletrodos colocados em regiões específicas do encéfalo do animal. Inicialmente, o rato pressionava a alavanca de maneira randômica, porém, depois de um tempo, o animal permanecia próximo, pressionando-a incessantemente, a ponto de evitar água e comida.
Por esses experimentos, entendemos que a recompensa (no caso, o estímulo elétrico em regiões específicas) reforçava o comportamento de puxar a alavanca. Por que comemos? Porque o ato de comer nos reforça o comportamento de buscar comida, já que o alimento é necessário para a sobrevivência.
A região e os circuitos que configuram as vias de recompensa e reforço estão associados às fibras liberadoras de dopamina (neurotransmissor), originárias da área tegmentar ventral e se projetam para o prosencéfalo.
Os experimentos demarcaram um momento marcante para identificação das emoções e como elas estão associadas ao cérebro. Compreenda mais alguns aspectos:
· No mesmo modelo de experimento citado anteriormente, os pesquisadores injetaram drogas bloqueadoras de receptores dopaminérgicos, ou seja, impediram a atuação da dopamina, causando diminuição na autoestimulação.
Esses experimentos sugerem fortemente que há reforço de certos comportamentos associados a recompensas naturais, como água e alimentos. Interessante frisar que áreas dopaminérgicas cerebrais são ativadas em antecipação à recompensa propriamente dita.
· É o que ocorre quando vemos o garçom vindo em nossa direção com o prato que escolhemos. O cérebro percebe o que está por vir e já ativa áreas relacionadas à recompensa em si.
Uma dúvida recorrente quando o assunto é o sistema de reforço e recompensa é a seguinte: como se estabelecem os vícios? Basicamente, em situações nas quais buscamos avidamente por uma recompensa de forma incessante e repetitiva, a fim de obter o que a Neurociência chama de resposta hedônica (prazer).
· Podemos utilizar como exemplo a nicotina para explicar o processo que se forma no cérebro. Este composto, presente em altas doses no cigarro, atua diretamente nos circuitos encefálicos de motivação de comportamento. Logo, a ligação da nicotina a seus receptores em neurônios dopaminérgicos estimula a liberação da dopamina em tais circuitos, reforçando o comportamento pela busca da droga.
· O problema de tal reforço comportamental (além dos malefícios da própria nicotina em si em outras regiões do organismo) é o efeito de tolerância. Tal efeito se dá como ajuste para a estimulação acentuada frente ao uso crônico da substância, fazendo com que a resposta à nicotina diminua. Para obter os mesmos efeitos, serão necessárias, daí por diante, doses cada vez maiores da droga.
Verificando o aprendizado
1. Segundo a Teoria de James-Lange, as sensações periféricas nos fornecem substrato para as emoções; logo, sentimos tristeza porque choramos, e assim por diante. Apesar de desacreditada durante um tempo, a ideia original ressurgiu com o advento da Teoria do Marcador Somático, de Antônio Damásio. De que maneira se dá tal associação?
A - Segundo a Teoria do Marcador Somático, os indivíduos necessitam do componente emocional para a tomada de decisão em maior proporção do que a análise racional de fatos.
B - Segundo Damásio, a percepção de fatores somáticos corporais afetaria de forma negativa a percepção de informações cognitivas, o que levaria a decisões ruins.
(*) C - A antecipação emocional que se dá via marcadores somáticos oferece pistas importantes na tomada de decisão quando analisadas com fatos.
D - Damásio sugere que as emoções são afetadas diretamente pelas reações corporais que temos frente às situações cotidianas; dessa maneira, a Teoria de James-Lange é corroborada por completo.
Comentário. Segundo a Teoria do Marcador Somático, as modificações somáticas que nos acometem, ainda que imperceptíveis, atuam como direcionadores na tomada de decisão. Dessa forma, corrobora, em certo aspecto, com a ideia de que sistemas periféricos têm influência na maneira como sentimos. Entretanto, Damásio deixa claro que não há necessidade de que tais alterações sejam processadas conscientemente.
2. Os comportamentos motivados são frequentemente desencadeados por estados motivacionais internos. Dessa maneira, a percepção de sensações e modificações somáticas se traduz em comportamento específico, o que nos leva à busca por recompensas. Quando obtemos a recompensa, acionamos circuitos conhecidos, que, em contrapartida, reforçam tais ações. Foi demonstrado que, antes mesmo de termos a recompensa em mãos, áreas do cérebro já se encontram ativas, como se estivéssemos realmente vivenciando o processo. Dentre as situações a seguir, qual NÃO se relaciona com a geração de reforço positivo?
A- Ingerir alimento saboroso.
B - Beber água gelada no calor.
C - Vestir um casaco em situação de frio.
(*) D - Fugir de situação potencialmente perigosa.
Comentário. O enunciado da questão já nos dá pistas de que, ao falarmos de reforço positivo, estamos nos referindo ao reforço relacionado à recompensa, como estudamos nesse módulo. A situação de fugir de uma situação potencialmente perigosa não se enquadra nesse processo, especialmente porque a ação do indivíduo não provém de uma experiência de recompensa, mas, sim, de aversão.
Considerações Finais
Ao chegarmos ao fim deste tema, esperamos que você tenha percebido aimportância de reconhecer que, como humanos, somos seres extremamente complexos e que até mesmo atitudes mais simples – como observar uma paisagem, cantarolar uma música, decidir se ignoro ou reajo a uma provocação – são fundamentadas por bases neurais, que também são complexas.
No entanto, outro ponto merece destaque: esse conhecimento, especialmente acerca da linguagem, das funções executivas, da emoção, deve levar-nos a tomar consciência daquilo que nos define como espécie. Isso permite que compreendamos como as respostas que damos a situações cotidianas são padronizadas, do ponto de vista neurológico. Ao mesmo tempo, tal como o próprio desenvolvimento do cérebro se deu por adaptações, como vimos, cada indivíduo também é capaz de adaptar-se às circunstâncias que o envolvem, até mesmo em situações limites (como no caso de Phineas Gage). Isso caracteriza a importância do indivíduo, inclusive no contexto da espécie.
É exatamente aqui que gostaríamos que você percebesse a importância de, cada vez mais, conhecer e se aprofundar no fantástico mundo da mente humana. Aproveite cada indicação feita no Explore + e nas referências a seguir.
Referências
BEAR, M.; CONNORS, B.; PARADISO, M. Neurociências: Desvendando o sistema nervoso. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD UNIVERSITY. How Early Experiences Shape the Development of Executive Function. 2011.
CENTER ON THE DEVELOPING CHILD AT HARVARD UNIVERSITY. How Early Experiences Shape the Development of Executive Function. 2012.
DAMASIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
MARCHETTI, P. et al. Influência da lateralidade nas assimetrias morfológicas e funcionais em indivíduos sedentários. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano VII, nº 22, out/dez 2009. p. 08-14.
SOUSA, M.; SILVA, H.; GALVÃO-COELHO, N. Resposta ao estresse I: homeostase e a teoria da alostase. Estudos de Psicologia. Vol. 20, no.1, Natal, jan/mar 2015.
WEINTRAUB, S. Cognition Assessment Using the NIH Toolbox. Neurology, 80 (Suppl 3), March 12, 2013.
Explore+
Confira o artigo: Influência da lateralidade nas assimetrias morfológicas e funcionais em indivíduos sedentários.
Consulto o Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria ele é uma excelente fonte de artigos sobre bases neurobiológicas dos distúrbios de linguagem.
A Universidade de Harvard disponibiliza em seu site excelentes materiais sobre as funções executivas. Um deles é o guia absolutamente completo sobre o desenvolvimento de funções executivas desde a infância até a fase adulta e sobre como desenvolvê-las de forma contínua (material disponível em inglês). Vale a pena conferir.
Pesquise sobre o Dr. António Damásio que é uma referência no âmbito do processamento das emoções pelo cérebro. É possível encontrar vídeos deles em plataformas como Youtube. Vale a pena ouvi-lo.

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