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Impactos Ambientais na Ponte do Macaco

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ
FACULDADE DE GEOGRAFIA
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA PONTE DO MACACO: Cidade de Oeiras do Pará
Cametá-PA
2020
JURACY RIBEIRO DA COSTA
ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NA PONTE DO MACACO: Cidade de Oeiras do Pará
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Geografia, Faculdade de Geografia, Campus Universitário do Tocantins/Cametá, Universidade Federal do Pará, como requisito parcial à obtenção do título de Licenciado em Geografia.
Orientador(a): Prof.(a) Dr.(a) Nome do(a) Professor(a).
Orientador(a): Prof.(a) Dr.(a) Nome do(a) Professor(a).
Cametá-PA
2020
JURACY RIBEIRO DA COSTA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Licenciado em Geografia e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará.
Cametá, PA, 15 de Junho de 2020.
Professor e orientador Fulano de Tal, Dr. (Presidente)
Universidade Federal do Pará
Prof. Fulano de tal, Dr. (Membro externo)
Universidade...
Prof. Fulano de tal, Dr. (Membro interno)
Universidade Federal do Pará
Carinhosamente, dedicado à minha mãe
EPÍGRAFE
AGRADECIMENTOS
A Fulano de tal.
“Texto”
Autor do texto (ANO, p. N)
RESUMO
Este trabalho aborda a questão dos impactos ambientais urbanos, com ênfase nas Áreas de Proteção Permanente (APP`s). Os impactos de ordem socioambiental são aqueles em que as suestais naturais e humanísticas estão profundamente interligadas. Repercutindo, por conseguinte, em graves problemas de exclusão, miséria, carências de serviços de saúde, moradia, saneamento, educação e afins. Este trabalho foi constituído a partir de uma natureza teórica referente à presente temática. Além disso, como forma de verificar as proposições teóricas, houve realização de campo, constituída de observação e aplicação de questionários a um universo pesquisado. Nesse sentido, o lócus da pesquisa foi o Igarapé do Macaco, na cidade de Oeiras, Estado do Para. Através do referido recorte espacial, buscou-se compreender os impactos de ordem socioambiental como aspectos decorrentes do universal processo de urbanização que se apresente no atualmente. Identificando os impactos que ali decorrem. Relacionando-os ao processo de expansão urbana ocorrente na cidade de Oeiras do Para.
Palavras-chave: Impactos ambientais. 
 
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Coloração da agua do Igarapé do Macaco
FIGURA 2: Foz do Igarapé do Macaco
FIGURA 3: Ponte do Macaco
FIGURA 4: Descarte de resíduos sólidos nas margens do igarapé (frente as residências)
FIGURA 5: Sanitários com fossas a céu aberto
FIGURA 6: Acumulo de resíduos sólidos e cobertura vegetal removida
FIGURA 7: Acumulo de resíduos sólidos e cobertura vegetal removida
FIGURA 8: Impermeabilização do solo ocasionada pelo asfaltamento
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1:		 GÊNERO DOS ENTREVISTADOS
GRÁFICO 2:		FAIXA ETARIA DOS ENTREVISTADOS
GRÁFICO 3:		Nº DE RESIDENTES POR DOMICILIOS
GRÁFICO 4:		GRAU DE ESCOLARIDADE (%)
GRÁFICO 5:		OCUPAÇÕES
GRÁFICO 6:		SETOR DE OCUPAÇÃO
GRÁFICO 7:		RENDA FAMILIAR
GRÁFICO 8:		RECEBIMENTO DE AJUDA GOVERNAMENTAL
GRÁFICO 9:		TEMPO DE RESIDENCIA NO LOCAL
GRÁFICO 10:	IMPACTOS AMBIENTAIS OBSERVADOS PELOS MORADORES
GRÁFICO 11:	IMPACTOS CONSIDERADOS GRAVES PELA POPULAÇÃO
 
LISTA DE SIGLAS
APP	Área de Proteção Permanente 
EA	Educação Ambiental
IBAMA	Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 	Renováveis
IBGE	Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH	Índice de Desenvolvimento Humano
MMA	Ministério do Meio Ambiente
ONU	Organização das Nações Unidas
PRONEA	Programa Nacional de Educação Ambiental
SEMA	Secretaria Especial de Meio Ambiente
TCC	Trabalho de Conclusão de Curso
UFPA	Universidade Federal do Pará
LISTA DE ABREVIATURAS
adj.	Adjetivo
adv.	Advérbio
conj.	Conjunção
n.	Nome
v.	Verbo
 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................
2 A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO
3 A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO E A QUESTÃO AMBIENTAL
3.1 A QUESTÃO AMBIENTAL URBANA
4. OEIRAS DO PARÁ E O CONTEXTO AMBIENTAL
4.1 A PROBLEMÁTICA SÓCIOAMBIENTAL NA PONTE DO MACACO- OEIRAS DO PARÁ
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
APÊNDICE
ANEXO
 
1. INTRODUÇÃO
Ao longo da história, o homem vem imprimindo marcas no espaço. Estas, caracterizando-se como ações continuas e sobrepostas no espaço geográfico. As chamadas materialidades.
Um dos maiores e mais complexos exemplos de materialidades, trata-se do espaço urbano. Espaço esse onde incontáveis ações decorrem. E a relação homem-meio encontra-se imbricada dessas ações. Os impactos socioambientais com vista na perspectiva à degradação figuram como um dos mais interessantes e necessários temas te abordagem quando atrelados ao espaço urbano.
Nesse sentido, as práticas decorrentes em Áreas de Proteção Permanente (APP). Dentre estas, as ocupações de rios e igarapés urbanos, encontram-se, na maioria das vezes, em desarmonia em relação ao almejado desenvolvimento sustentável.
As manifestações de degradação ambiental nas margens de rios urbanos se nota como fenômeno nacional, mais especialmente, a partir da década de 1990, momento em que o processo de industrialização, aliada ao incessante processo de globalização, passam a alcançar todas as camadas da sociedade com mais intensidade, mas de formas diversas.
Em Oeiras do Pará, localizada na Região Nordeste do Estado Paraense, as práticas de ocupação de rios e igarapés no espaço urbano desse município, também acompanham o desenfreado ritmo da degradação ambiental, decorrente na maioria das pequenas cidades. Em especial, as da Região Norte do Brasil.
De diversas ordens, o problema da degradação ambiental encontra-se latente em todos os igarapés que permeiam a cidade de Oeiras do Pará. Desmatamentos, acúmulo de resíduos sólidos, poluição hídrica, visual e do ar. Consequentemente, comprometendo a qualidade de vida da população. Tanto as que ali residem, quanto as que frequentam, direta ou indiretamente, o espaço em questão. Qualidade esta, relacionada a educação, saneamento, saúde, serviços, e afins.
As justificativas para a abordagem desta temática se deu a partir de diversos pontos. Porém, é conveniente destacar-se dois, em especial: Um de cunho social e outro de âmbito acadêmico. Primeiramente, os impactos ambientais constituem ocorrências proporcionais ao crescimento desenfreados das cidades, em suas mais diversas escalas (FERREIRA, VENTICINQUE & ALMEIDA, 2005, p. 157). Em contrapartida, percebe-se uma inércia do poder público em relação a estas precariedades manifestas. Em virtude disso, populações financeiramente menos abastadas tendem a ocuparem parcelas de espaços periféricos dessas cidade, onde justamente encontram-se a maioria de impactos: animais causadores de doenças, resíduos sólidos, desmatamento, poluição de igarapés urbanos. Faltando-lhes acesso a serviços básicos de saúde, educação e habitação.
Em relação à perspectiva acadêmica, há pouca ou quase nenhuma pesquisa que discorra sobre esses impactos na cidade de Oeiras do Pará. Carecendo, nesse sentido, de um olhar mais investigativo e apurado, para assim, poder apresentar possíveis ideias com vistas a contribuírem na resolução dos inúmeros problemas que tangenciam a questão ambiental no espaço urbano da Cidade em questão.
Em virtude disso, diversos foram os questionamentos que emergiram ao longo da proposta de construção dessa discussão, dentre elas, podendo ser destacada: Quais aspectos caracterizam a ocupação de margens de rios de igarapés nos espaços urbanos, como está a questão ambiental atrelado as suas diversas nuances como deterioração, conservação, planejamento e conscientização.
O objetivo geral na construção da presente pesquisa se constituiu em analisar como está ocorrendo o processo de crescimento da cidade ou expansão urbana sobre áreas de rios e igarapés. Assim,os objetivos específicos se deram a partir da busca em identificar os principais problemas de ordem socioambiental relacionados a pratica de ocupação do solo e averiguar a ação do poder público em relação ao processo de aterramento e ocupação das áreas de rios e igarapés na cidade de Oeiras do Para.
Para a construção desta pesquisa, diversas etapas de procedimentos foram empregadas. Primeiramente, foi feita a escolha do tema, retratando, nesse contexto, um recorte espacial, o qual corresponde à denominada "Ponte do Macaco" a partir do cenário socioambiental ali presente. A identificação, mapeamento e avaliação foi feita utilizando-se imagens de satélite, cartas e visitas locais.
Em seguida, foi feito levantamento bibliográfico de assuntos pertinentes, em especial, aos ligados às questões ambientais urbanas. Tais levantamentos se deram a partir de livros impressos, de artigos disponíveis em sites especializados, em especial o Google Acadêmico e o Scielo. Com consequente análise e organização desse material.
Após isso, foi realizada uma pesquisa de campo, tendo-se como lócus a "Ponte do Macaco". Foram aplicados 15 questionários, cuja estrutura investigativa era a mesma. Estes aplicados em 15 domicílios localizados à margem direita do "Igarapé do Macaco". Os questionários tiveram por perspectiva, identificar e compreender os aspectos socioeconômicos e ambientais, estes considerados fundamentais para uma compreensão a respeito da problemática ambiental que se apresenta não somente naquele recorte espacial, como também nos demais espaços de Oeiras, e que se assemelha em muito com as demais pequenas cidades deste Estado.
Foi empregado o registro de figuras como forma de reforçar as afirmações feitas ao longo da presente discussão. Estas fotografias foram obtidas a partir de celular marca Samsung, modelo indefinido. 
As entrevistas ocorreram ao longo de duas manhas, e o registro das fotografias ocorreram em uma tarde. Após as informações obtidas, tanto de cunho teórico-conceitual, quanto da pesquisa local, foi feita a organização das ideias propostas de serem discutidas e, consequentemente, culminando na elaboração do presente texto.
Por conseguinte, este trabalho consta da presente introdução, seguindo-se para o tópico número 2, intitulado "A produção do espaço urbano". O qual apresenta o homem como agente produtor desta especificidade de espaço, juntamente com essa produção, constrói-se, também, uma série de relações sócioespaciais, que nem sempre notam-se harmônicas entre sociedade e meio ambiente.
O capítulo 3, cuja denominação é "A produção do espaço urbano e a questão ambiental", busca correlacionar os elementos que dizem respeito ao espaço urbano à questão ambiental. Mais especificamente, os danos que ambiente sofre em virtude do crescimento da cidade.
O capítulo 4, denominado "Oeiras do Pará e o contexto ambiental urbano", por sua vez, especifica ainda mais o contexto em que a cidade de Oeiras encontra-se mediante determinados impactos de cunho social e ambiental. Apresentando em um tópico mais especifico os problemas de cunho social e ambiental localizados na ponte do macaco, o lócus da presente pesquisa.
Por conseguinte, as conclusões apresentam uma síntese das reflexões abordadas ao longo de todo o texto. Denotando as perspectivas gerais aqui presentes. Seguidamente, são elencados os referenciais bibliográficos utilizados para a construção desta pesquisa, bem como o anexo do questionário utilizado para a obtenção dos dados desta.
Boa leitura!
2. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO
A produção do espaço figura, atualmente, como um dos mais complexos temas de análise, especialmente, na Geografia. Um dos fatores, se deve pelo fato da intensa contribuição teórica que os estudiosos têm fornecido ao tema. Mas também por nos permitir abstrair uma compreensão mais integra da realidade humana.
Trata-se, nesse sentido, de um tema relativamente recente, tanto em termos de abordagens teórica, quanto metodológica. Datando, mais especificamente a partir da década de 70, pelo sociólogo e filósofo Francês Henri Lefebvre, momento quando abordou e discutiu o termo "Produção do Espaço" pela primeira vez. Lefebvre (2013) propõe uma teoria que entende o espaço em questão como fundamentalmente atado a uma dada realidade social. Concluindo-se que o espaço “em si mesmo” jamais pode servir como ponto de partida epistemológico. O espaço não existe em “si mesmo”. Ele é produzido (LEFEBVRE, 2013).
Desde então, não pararam mais os registros literários-científicos e as discussões acerca deste. Especialmente pela importância que representa para nossa sociedade no que diz respeito às tomadas de decisões.
No Brasil, diversos autores passaram a abordar e discutir esta categoria de análise, especialmente na Geografia, dentre eles, faz-se conveniente destacar Milton Santos (1989; 2008), Roberto Lobato Corrêa (1989; 2000), Ana Fani Alessandri Carlos (2008), além de outros que vem fornecendo uma enorme contribuição para a discussão desta temática, sobretudo no âmbito da Geografia.
Desse modo, conforme afirma Lefebvre (2013), até pouco tempo esse termo não evocava nada, exceto um conjunto de conceitos que relacionados apenas as formas geométricas. As práticas humanas, bem como seus desdobramentos não eram levadas em consideração. E quando o eram, fazia-se de modo extremamente precário.
Schmid (2012) nos mostra, a partir desta perspectiva, os motivos que levaram uma maior valorização e necessidade nas discussões sobre esta temática, apontando as ciências sociais como disseminadora desta pratica.
Em virtude da chamada “virada espacial”, tem tomado as Ciências Sociais frente das questões sobre o espaço. O qual tem recebido grande atenção, estendendo-se para além da geografia. Na essência, isto está ligado aos processos combinados de urbanização e globalização: novas geografias se desenvolveram em todas as escalas. Essas novas configurações espaço-temporais que determinam nosso mundo clamam por novos conceitos de espaço correspondentes às condições sociais contemporâneas (SCHMID, 2012, p. 89-90).
O espaço o qual a presente abordagem compreende, trata-se do espaço geográfico. Devido as ininterruptas ações humanas nele decorrente ao longo dos tempos. SANTOS (1989) define o espaço geográfico como atual objeto de análise, da seguinte forma:
O espaço geográfico é a natureza modificada pelo homem através do seu trabalho. A concepção de uma natureza natural onde o homem não existisse ou não fora o seu centro, cede lugar à ideia de uma construção permanente da natureza artificial ou social, sinônimo de espaço humano (SANTOS, 1989, p. 119).
	Ao iniciarmos os estudos fazendo uma abordagem desse conceito, deparamo-nos com um elevado grau de complexidade e significados que a produção do espaço representa. Nesse sentido, uma série de questionamentos passa surgir:
Podemos nos perguntar a respeito do espaço geográfico: que fenômeno expressa? Que contradição esconde? Qual sua relação com a realidade objetiva? Ele é exterior a sociedade ou intrínseco a ela? Que espaço a sociedade produz e como ela se reproduz na reprodução de seu espaço? Quais os objetivos e as necessidades do processo de produção espacial? Como a sociedade se vê a partir de sua própria produção e que caminhos vislumbra? (CARLOS, 2008, p. 28).
Desse modo, a partir do contato do homem com um espaço natural, intocado, emerge-se uma segunda natureza. Esta, por sua vez modificada e transformada pela ação humana. É desse modo que cada sociedade tem a sua própria geografia, a sua própria organização espacial.
Estes objetos fixos ou formas dispostas espacialmente (formas espaciais) estão distribuídas e/ou organizadas sobre a superfície da Terra de acordo com alguma lógica. O conjunto de todas essas formas configura a “organização espacial da sociedade”. A organização espacial é a segunda natureza (CORRÊA, 2000, p. 29).
Para Santos (1989) a produção do espaço implica na criação e organização dos elementos indispensáveis à reprodução humana, através das técnicas e dos instrumentosde trabalho. E tal causa, é decorrente da necessidade do homem de sobreviver (CORRÊA, 2000). Nesse sentido, este autor afirma que esta produção espacial foi, em um primeiro momento:
Marcada pelo extrativismo, passando em seguida por um progressivo processo de transformação, incorporando a natureza ao cotidiano do homem como meios de subsistência e de produção, ou seja, alimentos, tecidos, móveis, cerâmicas e ferramentas. Fala-se, assim, da natureza primitiva transformada em segunda natureza (CORRÊA, 2000, p. 29).
A Produção do Espaço abrange, desse modo "as concepções que de forma individual ou coletiva, nascem, morrem, sofrem e agem a partir da relação homem – Espaço” (LEFEBVRE, 2013, p.33). 
Marcelo Lopes de Souza (2013), afirma que o espaço está constantemente a se modificar, e que essas modificações são decorrentes das múltiplas interações decorrentes da formação e organiza dos inúmeros seres humanos nas mais diversificadas sociedades, primordialmente por meio das práticas espaciais.
Desse modo, CORRÊA (1989, p. 11) colabora afirmando que:
A complexidade da ação dos agentes sociais inclui práticas que levam a um constante processo de reorganização espacial que se faz via incorporação de novas áreas ao espaço urbano, densificação do uso do solo, deterioração de certas áreas, renovação urbana, relocação diferenciada da infraestrutura e mudança, coercitivo ou não, do conteúdo social e econômico de determinadas áreas da cidade.
 
“O espaço é uma produção social ao longo do processo histórico" (CARLOS, 2008, p.37). As relações sociais, cada uma com suas particularidades irão repercutir diretamente na vida do ser humano, mas principalmente no espaço. O espaço geográfico, nesse sentido, se apresentará como um reflexo social. E as manifestações que decorrem da relação homem-homem são, na verdade reproduções dessas relações (LEFEBVRE, 2013; TORO, 2015). Essa perspectiva é reforçada quando Souza (2013) afirma tal produção:
Abrange desde a materialidade transformada pela sociedade (campos de cultivo, infraestrutura, cidades, etc.) até os espaços simbólicos e as projeções espaciais do poder, que representam o entrelaçamento dos aspectos imaterial e material da especialidade social (SOUZA, 2013, p. 31).
Assim, o termo “Produção do espaço” engloba o sentido de produção no âmbito das práticas e ações humanas direcionadas ao espaço, bem como os desdobramentos que neste espaço se sucedem. Tratando-se, desse modo, da produção do espaço em seu sentido amplo, abrangendo-se, também, as relações sociais e a reprodução dessas relações. Assim:
A reprodução dos grupos sociais faz-se através de muitos meios. A transmissão do saber, formalizada ou não, constitui um. Outro, e dos mais importantes, é a organização espacial. Ao fixar no solo os seus objetos, fruto do trabalho social e vinculados às suas necessidades, um grupo possibilita que as atividades desempenhadas por este alcancem um período de tempo mais ou menos longo, repetindo, reproduzindo as mesmas (CORRÊA, 2000, p. 30).
A organização espacial, ou também, o conjunto de objetos criados pelo homem e dispostos sobre a superfície da terra, e resultado do trabalho humano acumulado ao longo do tempo, é assim, um meio de vida no presente (produção), mas também uma condição para o futuro (reprodução). É assim, pois, que o processo de produção engloba, também, o de reprodução.
A organização espacial acumula formas herdadas do passado. Elas tiveram uma gênese vinculada a outros propósitos e permaneceram no presente, porque puderam ser adaptadas às necessidades atuais, que não mudaram substancialmente ao longo do tempo. As formas espaciais herdadas do passado e presente na organização atual apresentam uma funcionalidade efetiva em termos econômicos ou um valor simbólico que justifica sua permanência (CORRÊA, 2000, p. 37).
SANTOS (1989) ressaltou que para se compreender a organização espacial e sua evolução, torna-se necessário que se interprete, a partir das categorias de análise do espaço, a relação dialética entre forma, função, estrutura e processo de determinado objeto geográfico. Estas categorias são essenciais nesse processo pelo fato de serem as categorias analíticas que permitem a compreensão da totalidade social em sua espacialização. Nesse sentido, as categorias de análise espacial surgem como elemento de compreensão sobre o espaço. Uma forma facilitadora de buscar, de codificar o espaço. Assim:
“O espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante de nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções” (SANTOS, 1989, p.122)
Desse modo, a forma tem a ver com o aspecto visível, exterior que um objeto espacial particular possui. Essa formas espaciais são resistentes à mudança social e uma das razões disso está em que elas são também, ou antes de tudo, matéria. Já a função, está relacionada à tarefa, atividade ou papel desempenhado pelo objeto.
A estrutura está relacionada ao modo como os objetos estão organizados e conectados entre si. Preocupando-se, desse modo, em compreender a inter-relação da natureza social e econômica de uma sociedade em um dado momento do tempo e do Espaço. De como as relações sociais se sucedem. Bem como se caracteriza a estrutura hierárquica entre os indivíduos inseridos no contexto de determinado objeto geográfico. Por sua vez, o processo realiza-se continuamente, implicando tempo e mudança em determinado contexto sócio- espacial.
Não se pode dissociar essas categorias de análise no estudo das organizações espaciais. Pois somente a partir destas é que se torna possível uma compreensão mais abrangente sobre a realidade de cada sociedade. “O espaço deve ser considerado como um conjunto de relações realizadas através de funções e de formas que se apresentam como testamento de uma história escrita por processos do passado e do presente” (SANTOS, 1989, p. 122)
3. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO E A QUESTÃO AMBIENTAL
Esta parte do texto tem por objetivo geral analisar as relações da humanidade com a questão ambiental global, quais processos históricos contribuíram para uma mudança de paradigma ambiental, percebendo as variadas percepções do homem com o meio ambiente.
O espaço urbano é definido pela maioria dos estudiosos como o ambiente em que as ações humanas se realizam de forma mais completa, complexa e mais totalizante. É onde se torna possível perceber o maior número destas ações ocorrendo simultaneamente. O modo pelo qual essas ações se darão, dependerá, evidentemente, dos condicionantes processos de produção nesses espaços (CARLOS, 2008, p. 27). Nesse contexto, adotando-se o espaço urbano como lócus da ação humana, através das relações sociais, Corrêa (1989) afirma que estas ações ocorrem das mais diversas formas nestes espaços:
Manifestam-se empiricamente através dos fluxos de veículos e de pessoas associadas às operações de carga e descarga de mercadorias, aos deslocamentos cotidianos entre as áreas residenciais e os diversos locais de trabalho, aos deslocamentos menos frequentes para as compras no centro da cidade ou nas lojas de bairro, às visitas aos parentes e amigos, e às idas ao cinema, culto religioso, praias e parques (CORRÊA, 1989, p. 07).
O espaço urbano, conforme explicitado anteriormente, torna-se evidente contexto das múltiplas ações humanas. Nesse sentido, Carlos (2008) colabora com essa acepção ao afirmar que:
Quando o homem começa a produzir ele muda as suas relações com o meio. Ele passa a produzir um espaço, e nesse relacionamento ambos começam a se modificar. Nessa evolução de relações a sociedade cria novas técnicas para o suprimento de suas necessidades de sobrevivências (CARLOS, 2008, p. 31).
 
Ainda nesse sentido, a referida autora nos afirma que: “Embora produzido de forma socializado, o espaço urbano, enquanto trabalho social materializado é apropriado de forma diferenciado pelo cidadão” (CARLOS, 2008, p. 28).
Para isso, tem-se como exemplo,o centro de uma cidade, o qual torna-se local de concentração de atividades comerciais, suporte do sistema de gestão capitalista, de serviços, de áreas industriais, áreas residenciais distintas, em termos de formas e conteúdo social, de lazer, dentre outros modos de usos do espaço. Podendo-se mencionar, também, aquele de reserva para futura expansão, por exemplo (CARLOS, 2008).
As ações que decorrem no espaço urbano, tendem a acumular-se ao longo do tempo. Ou seja, uma ação, ou prática mais recente, não anula uma outra ação anteriormente feita. Mas sim, sobrepõe-se às anteriores, apresentando novas configurações, novos aspectos, novos processos os quais estão interligados aos anteriores. Conforme nos relata Spósito (2011):
A cidade de hoje, é o resultado cumulativo de todas as outras cidades de antes, transformadas, destruídas, reconstruídas, enfim, produzidas pelas transformações sociais ocorridas através dos tempos, engendradas pelas relações que promovem estas transformações (SPÓSITO, 2011, p. 11).
Nesse sentido, as cidades são frutos das atividades humanas, que durante sua história, as transformam constante e ininterruptamente. A cidade contém e revela ações passadas, ao mesmo tempo em que o futuro almejado se constrói na trama do presente (CARLOS, 2008, p. 11).
Essas alterações ocorridas histórico-espacialmente, visam constituir um modo de vida com perspectiva ao conforto, à praticidade, ao moderno. Porém, ao almejar tais perspectivas, ocasionam, por outro lado, problemas de ordem social e ambiental (RODRIGUES, 2016).
Convém ressaltar, em relação ao contexto histórico, a emergência da consciência ambiental e os motivos que colaboraram para tais origens. Nesse sentido, trata-se de um termo que:
Começou a aflorar na segunda metade do século XX, como resultados de fatos marcantes registrados entre os anos de 1940 e 1960, como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, a explosão demográfica e o êxodo rural, a desertificação, a fome e a miséria na África, a eclosão e a força dos movimentos sociais, além do alerta à degradação causada pelos avanços tecnológicos derivados da industrialização (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 33). 
A partir dos acontecimentos históricos principalmente no século XX, o homem começou a pensar a natureza de maneira diferente, levando em consideração seus processos e as consequências das interações "negativas" do homem-biosfera. A emergência da preocupação com o meio ambiente e, sobretudo com a qualidade de vida, vem ser reflexo das transformações industriais, urbanas, sociais, que a humanidade vem sofrendo, enfaticamente após a revolução industrial, processo este, que potencializou e acelerou as transformações no cotidiano das pessoas, e do meio ambiente.
Inúmeros foram os eventos que ocorreram tendo-se como contexto a temática ambiental. Podendo-se identificar, em um primeiro momento, a reunião do Clube de Roma, em 1968, a qual contou com a presença de chefes e líderes de Estado, visando discutir e encontrar saídas para o desenvolvimento das sociedades humanas, visto ameaças futuras comprometerem a qualidade da vida no planeta, também, buscando-se tratar dos limites do desenvolvimento. Este encontro elevou a temática e questão ambiental a uma nova dimensão dos fóruns políticos (MENDONÇA & DIAS, 2019; SANTOS, 2004).
Após a reunião proposto pelo Clube de Roma em 1968, desencadeou uma série de eventos. Nesta perspectiva, convém apontar as conferencias ambientais, reflexo da grande amplitude que tomou a dimensão ambiental a partir daquele momento. Ao todo, estas conferencias somam-se 4, a saber. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-72), RIO-92, Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10),
As conferências organizadas ao longo dos tempos foram de fundamental importância para o desenvolvimento de uma concepção ambiental mais sutil. A partir de então, diversas instituições foram criadas em todo o mundo, visando normatizar a relação sociedade-natureza e, ao mesmo tempo, frear a degradação ambiental do planeta.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-72), organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em Estocolmo, representa um ponto chave para a questão ambiental. Essa conferência reuniu cientistas de todas as áreas do conhecimento, políticos, líderes de Estado e ambientalistas para debater sobre os rumos do planeta com relação ao meio ambiente.
Abordando-se, nesse sentido, temas como: mudanças climáticas, qualidade da água, poluição e chuva ácida, alteração da paisagem, extinção da fauna e da flora, dentre outros. Além disso, esse evento colocou no plano político internacional as questões relativas aos limites do crescimento (desenvolvimento) diante dos problemas ambientais anteriormente mencionados (MENDONÇA & DIAS, 2019). 
As discussões que envolvem essa conferencia se deram devido aos inúmeros desastres ecológicos, especialmente os emergentes a partir da segunda metade do século XX, os quais podem ser identificados pelo referido autor:
A poluição e a contaminação por mercúrio em Minamata (Japão, 1954); O rompimento dos tanques de armazenagem de químicos em Seveso (Itália, 1976); O "vale da morte" em cubatão e a liberação de gases tóxicos na atmosfera (Brasil, 1980); Os gases letais em Bhopal (Índia, 1984); a falha nos dutos subterrâneos da Petrobras, que provocou um incêndio na Vila Socó (Brasil, 1984); a exposição à radiação causada pela usina em Chernobyl (Ucrânia, 1986); o vazamento de óleo causado pelo navio petroleiro Exxon Valdez (EUA, 1989); a explosão da plataforma de petróleo no Golfo do México (2010); e, mais recentemente, o rompimento da barragem em Mariana- MG (Brasil, 2015) (MENDONÇA & DIAS, 2019, pp. 34-35).
Tais problemas e desastres ambientais desencadearam consequências graves, ao meio ambiente, mas especialmente, ao homem. Ainda, evidenciaram o desrespeito das sociedades humanas com as dinâmicas e os processos da natureza, visto almejarem-se, por parte das sociedades dominantes, somente a manutenção do modo de produção e a busca do lucro (MENDONÇA & DIAS, 2019).
Além disso, a relação economia e meio ambiente foi amplamente debatida, de modo que a dimensão ambiental e o uso dos recursos naturais passaram a ser tratados como condicionantes e limitadores do modelo tradicional do crescimento econômico. O relatório final, publicado à época, aponta, por exemplo, a contestação de países subdesenvolvidos em relação às políticas conservacionistas, pois eles significavam, em primeira instância, a continuidade de seu atraso social e econômico, atestando uma lacuna substancial entre os interesses de países ricos e pobres (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 2012).
Ao fim da Conferência, foi publicada a Declaração da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o ambiente humano, que resumia os resultados dos debates travados em Estocolmo em 26 princípios básicos para a preservação e conservação do meio ambiente. Entre esses princípios, abordam-se a desigual relação entre países ricos e pobres, reiterando a necessidade de se reduzir suas diferenças e o papel dos países desenvolvidos nesse processo.
Vinte anos após a conferência de Estocolmo, foi realizada uma nova conferência para a discussão da questão ambiental, na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1992. Conhecida como cúpula da terra ou Rio-92. A qual contou com 108 chefes de Estado (MENDONÇA & DIAS, 2019).
A Rio-92 uniu, em território brasileiro, 178 nações que debateram temas voltados à conservação ambiental, à qualidade de vida na Terra e à consolidação política e técnica do desenvolvimento sustentável. Os caminhos propostos pela Cúpula da terra podem ser averiguados em cinco principais documentos: Convenção sobre mudanças climáticas, Convenção sobre diversidade biológica, Princípios para manejo e conservação de florestas, declaração do Rio e a Agenda 21 (SANTOS, 2004, p. 19-20) 
Essa conferência promoveu discussões sobre temas ambientais mais específicos, como a biodiversidade e as mudanças climáticas. Foi nela que o termoDesenvolvimento Sustentável passou a ser mais usual. Nessa conferência, delegou-se uma maior responsabilidade aos países desenvolvidos, diante da expressiva degradação ambiental mundial, que incitou a necessidade de compensar tais problemas mediante a criação de programas ambientais. Por outro lado, foi dada prioridade a programas voltados a atender os países mais pobres e ambientalmente vulneráveis, assim como uma atenção especial à erradicação da pobreza.
Ao fim da conferência, entre as proposições e os encaminhamentos firmados estão: a criação da Agenda 21, a Convenção sobre biodiversidade, a Convenção do clima, o Acordo Sobre Desertificação e a Declaração de Princípios sobre Florestas. E, apesar de todos esses apontamentos, novamente foi atestada a dificuldade dos países participantes em colocar os direcionamentos e acordos em prática (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 215).
Dez anos depois, em 2002, a ONU decidiu organizar outra conferência mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento, denominada Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (CDMS). Essa conferência ficou conhecida como Rio+10 e ocorreu na cidade de Johanesburgo, na África do Sul.
Relacionando a declaração final dessa conferência com a declaração de dez anos antes, não observamos avanços substanciais, posto que o processo de desenvolvimento predatório continuou sua marcha no planeta. Contudo, podemos ressaltar a inserção da problemática da globalização e a preocupação com a manutenção de regimes democráticos diretamente relacionados à eminente pobreza. A conclusão máxima da Rio+10 talvez seja a cobrança internacional pelo atraso do continente africano, explorado a esmo para o sucesso e desenvolvimento dos países mais avançados do capitalismo mundial (MENDONCA & DIAS, 2019).
Dentre os compromissos firmados por ocasião da conferência, ressalta-se: a redução, em cerca de 50%, na proporção de pessoas sem acesso a saneamento e água potável; a redução no uso de produtos químicos; e o compromisso para disponibilizar o acesso à energia elétrica para todos.
Com o agravamento dos problemas ambientais gerais em todo o mundo, especialmente no contexto da globalização, os chefes de Estado se reuniram em uma nova conferência na cidade do Rio de Janeiro, discutindo os rumos do desenvolvimento e sua relação com o meio ambiente, conhecida por Rio+20. Nela, atestou-se o fato de que a questão ambiental tornou-se uma das mais importantes questões políticas contemporâneas.
No centro dos debates dessa nova conferência, estava o paradoxo da economia verde versus desenvolvimento sustentável. O documento final elaborado pelos participantes de todo o mundo foi intitulado O futuro que queremos e foi dividido em cinco seções: I- Preparação; II- Renovação do compromisso político; III- Economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; IV- Quadro institucional para o desenvolvimento sustentável; V- Quadro de ação e acompanhamentos.
Uma expressiva falha no sistema de conferências se expressa de forma preocupante, tendo em vista o descaso geral para compromissos firmados nos documentos resultados das reuniões de cúpula de Estado.
Assim, desde 1972, houve a organização de quatro grandes eventos político-ecológicos em momentos distintos. O primeiro, organizado em Estocolmo, travou o proêmio nos debates que envolviam o desenvolvimento econômico e social em conjunto com a preservação dos recursos naturais. Ele se constituiu, também, num importante momento histórico para o despertar da percepção humana sobre a finitude dos recursos naturais.
O segundo evento, realizado em 1992 no Rio de Janeiro, apresentou um caráter mais complexo, mediante o qual a concepção de meio ambiente passou a integrar, cada vez mais, as atividades humanas como elemento do processo. Os estudos sobre a interferência do homem no meio ambiente haviam evoluído muito, assim como a política dos países a esse respeito, o que é atestado pelo início das legislações ambientais. Nesse encontro, o conceito de desenvolvimento sustentável, que já era usual, motivou a criação da Agenda 21 e a proposição de convenções específicas para o clima e a biodiversidade.
A partir do terceiro evento, ocorrido na África do Sul em 2002, as contestações se intensificaram em razão da ausência de resultados expressivos, já que as metas traçadas em 1972 e 1992 não demonstraram efeitos e, em alguns casos, não foram devidamente cumpridas. Foi nesse momento que a África, o mais problemático dos continentes, passou a cobrar dos países desenvolvidos seu atraso histórico.
No quarto e último evento, esse desapontamento se tornou uma realidade, o que é comprovado pela ausência de líderes de importantes nações e pelos poucos resultados concisos. A degradação ambiental global se tornou uma catástrofe; o capitalismo agora globalizado, avança como jamais visto na história humana, aumentando a pobreza e a miséria no planeta. 
Após essas considerações, e possível compreender as origens do que hoje compreende-se ``meio ambiente``, como resultado de inúmeras discussões concernentes ao planeta terra. Nesse sentido:
O termo meio ambiente evidencia, primeiramente, a ideia de relações entre elementos constituintes de determinada realidade. Ao contrário de natureza, ele não evoca elementos isolados, e sim a combinação e a complexidade de elementos relacionados em dado contexto temporal e espacial (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 24).
Desse modo, consideramos como meio ambiente, os diversos componentes (Solo, água, vegetação, bem como o próprio homem, carregado de práticas espaciais e culturais) presentes em um determinado espaço e as relações presentes entre esses componentes. Nesse sentido, a presença de uma árvore, por exemplo, não deve ser interpretada como um ambiente, mas sim, constitui o ambiente, seja de uma floresta, ou mesmo de um espaço urbano (MENDONÇA & DIAS, 2019).
Reforçamos essa ideia com a seguinte afirmação conceitual buscada em Veyret (1999, p. 6 apud Mendonça, 2019, p. 25), ao buscar entender a complexidade da concepção de meio ambiente:
A noção de meio ambiente não recobre somente a natureza, ainda menos a fauna e a flora somente. Este termo designa as relações de interdependência que existem entre o homem, as sociedades e os componentes físicos, químicos, bióticos do meio e integra também seus aspectos econômicos, sociais e culturais.
Apesar da ampla definição que o termo em questão abrange, os problemas emergentes no meio, por sua vez, são deixados em segundo plano. Especialmente, quando se mascara tais ações sob os aspectos do “Desenvolvimento Sustentável”, da "Educação Ambiental", dentre outros termos usados a cada novo momento. 
Nesse sentido, conforme aponta Mendonça & Dias (2019), o termo "desenvolvimento sustentável" emergiu perante às crises ambientais e problemas atrelados ao meio ambiente, decorrentes no mundo a partir de 1950. Observando-se maior ênfase em seu uso a partir de 1987, com o lançamento do "Relatório Brundtland". Documento este, elaborado após três anos de discussão entre líderes de governos, chefes de Estado e sociedade civil organizada. Elencando problemas ambientais, possíveis medidas e as preocupações e propostas, visando-se a garantia de um futuro melhor para o globo.
Além disso, essa nova concepção de desenvolvimento apresenta dois pontos fundamentais ao longo do relatório: a prioridade às necessidades das camadas mais pobres e às limitações que os correntes estados de tecnologia e organização social impõem ao meio ambiente. Em virtude disso, o relatório apresenta a responsabilidade dos países desenvolvidos, que devem conseguir avanços em ciência e tecnologia para atingir estágios cada vez mais sustentáveis (MENDONÇA & DIAS, 2019).
O desenvolvimento sustentável incorpora à conservação da natureza externa (sustentabilidade ecológica) a sustentabilidade social e também uma sustentabilidade econômica. Porém, alguns autores, instituições e práticas de política ambiental continuam privilegiando ou considerando exclusivamente a sustentabilidade ambiental (Foladori,2002, p. 104, apud Mendonça & Dias, 2019, p. 74). 
Desse modo, o conceito desse tema é: "Atender as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades (ONU, 1988, p. 46) (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 73). Atualmente, conforme explicita-nos Rodrigues (2016):
Nessas atividades, na busca por sobrevivência, o homem muda o ciclo da natureza, desvia Rios, derruba montanhas, faz o mar recuar nessa intervenção, realize uma construção humana com outros ritmos, tempo, leis (ODUM, 1988).
No urbano, para atender aos preceitos do "desenvolvimento sustentável", criam-se parques, coletam-se os recicláveis separadamente, implantam-se programas de "educação ambiental" e, enquanto isso, os rios são canalizados e recobertos para a construção de avenidas de fundos de vales, impermeabilizando-se o solo com edificações e asfalto em ruas, avenidas e estradas (RODRIGUES, 2016, p. 224).
Desse modo, a proposta do desenvolvimento sustentável, no entanto, consegue contornar tais situações, mantendo a lógica consumista de mercado e transformando a preservação ambiental em simples retórica de discursos desenvolvimentistas (MENDONÇA & DIAS, 2019, pp. 80-81).
Essas práticas espaciais, dentre as mencionadas na citação anterior (ODUM, 1988; RODRIGUES, 2016), são dirigidas por grupos e classes dominantes e constantemente executadas em larga medida pelos próprios grupos dominados. 
Essas práticas tem prevalecido no tocante à modelagem de ordem sócioespacial do mundo. Isso ocorre nas cidades de todos os tamanhos, e nas diversas culturas. Trata-se, dessa forma, do poder heterônomo, ou heteronomia (SANTOS, 1989, p. 162).
	Assim, os impactos negativos ocasionados devido às ações ambientais são presenciados e vivenciados por toda a sociedade. Porém, é nas classes menos favorecidas que as consequências tornam-se mais danosas e evidentes. Nesse sentido, buscou-se o conceito de impactos ambientais em Brasil (Resolução CONAMA, N. 001, de 23/01/1986, apud MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 123) como se tratando de:
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente ou indiretamente: a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades socioeconômicas; o meio biótico e abiótico; as condições estéticas e sanitárias ambientais e a qualidade dos recursos ambientais.
	Os impactos ambientais dizem respeito, diretamente, aos processos de transformação e degradação do meio ambiente causados pelas atividades humanas. Esses ambientes degradados passaram a constituir motivo de preocupação de forma mais explicita, há algumas décadas, quando a queda na qualidade de vida no meio urbano tornou-se mais evidente, culminando na crise ambiental urbana (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 124).
	Estes espaços urbanos, por estarem a todo o momento, sendo crivados por uma série de práticas originárias da ação humana, que nos dizeres de teóricos como Milton Santos (1989), se sobrepõem, se interpõem e se compõem, mais do que nunca, causando danos complexos ao homem, carecem, seriamente, serem compreendidos através da perspectiva do geógrafo, em especial. Analisando-se, com ênfase, as particularidades globais do espaço (SANTOS, 1989). Portanto, sendo mais uma vez, reforçada a importância da geografia como forma de compreensão dessas particularidades que concernem à cada espaço.
	
3.1 A QUESTÃO AMBIENTAL URBANA
Japiassú & Lins (2004) afirmam, ao longo de sua obra, que o processo de expansão urbana consiste na apropriação do espaço urbano em função de suas necessidades. Esse processo pode ser horizontal ou vertical. Ocorre quando os indivíduos são atraídos pelas cidades na procura de melhores condições de vida. Em complemento a esta perspectiva, Carlos (2008) afirma que
O uso do solo urbano será disputado pelos vários segmentos da sociedade de forma diferenciada, gerando conflitos entre indivíduos e usos, pois o processo de representação espacial envolve uma sociedade hierarquizada, dividida em classes, produzido de forma socializada para indivíduos privados. Desse modo, a cidade enquanto trabalho materializado social é apropriada de forma diferenciada pelo cidadão (CARLOS, 2008, p. 80).
A expansão urbana repercute nos impactos que afetam o meio ambiente. Trata-se de um aspecto crucial ao longo do processo de produção do espaço. Especialmente do espaço urbano. O qual possui a tendência à inevitável expansão.
Da expansão urbana, também tornam-se inevitáveis os problemas ambientais, especialmente notando-se mais frequentes nas últimas décadas. Estes impactos começaram a fazer parte da consciência pública, sobretudo em função da escala e da gravidade por eles assumidas. Essa série de preocupação pode ser reconhecida tanto através da incorporação do meio ambiente urbano, em agendas e documentos que constituem o marco institucional da área, quanto no seu aparecimento em disciplinas diversas, sugerindo a emergência do tema como área específica de investigação científica (SILVA & TRAVASSOS, 2008, p.28).
A preocupação com a questão ambiental emergiu, conforme já afirmado anteriormente, ao longo das década de 40 e 60 em países Europeus e nos EUA (MENDONÇA & DIAS, 2019). A partir de 1970, no Brasil. Nesse sentido, a criação da Secretaria de Estado do meio ambiente (SEMA) em 1973, revela os esforços do Brasil em mitigar e controlar os impactos ambientais existentes já naquele momento.
No Brasil, as mudanças mais evidentes no campo dos movimentos ambientais só tomaram corpo no início dos anos de 1970. Gonçalves (1990), Mendonça (1993) e Suertegaray (2005) acreditam que a causa e o início desses percalços se deram após a década de 1950, com a crescente contingência populacional e o desenvolvimento de uma ideologia baseada no consumo e no modo de vida altamente degradantes dos ecossistemas terrestres, bases da vida humana (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 34).
Em virtude disso, muitos programas e movimentos foram criados, cujo cunho, abrange o contexto nacional. Dentre as ações, pode-se constatar que
No contexto brasileiro, a Agenda 21 Global e a Agenda Habitat contribuíram para a elaboração da Agenda 21 Brasileira, especialmente no que tange ao eixo temático denominado Cidades Sustentáveis. Incorporando os objetivos que se referem à promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos (SILVA & TRAVASSOS, p. 30).
Além das considerações anteriormente feitas, Gouveia (2012), Silva & Travassos (2008) destacam que os debates envolvendo a questão ambiental passaram a intensificarem-se após o ano de 1992, momento em que ocorreu a Rio-92, bem como em face do intenso processo de urbanização e, consequentemente, da industrialização e da revolução tecnológica. 
Esse e diversos outros movimentos que tangenciam a problemática ambiental que vêm decorrendo, também são acompanhados de paradigmas e que, atualmente, deparamo-nos com um paradigma bastante diferente dos anteriormente construídos. Tal "novidade" apresenta-se a partir de rupturas, com sucessivas e significativas alterações no arcabouço teórico, conceitual e metodológico (RODRIGUES, 2016).
O campo de conflitos estruturado em torno da questão urbano-ambiental caracteriza-se por uma dinâmica intrincada de relações e disputas de poder que produz diferentes matrizes discursivas sobre cidade e meio ambiente e gera importantes limites à formulação e legitimação de diretrizes de política ambiental (COSTA & BRAGA, 2002, p.4). 
 Nesse sentido, Gibbs & Jonas (2004) mencionam que, em virtude disso, uma aliança do ambientalismo com a ideologia do empresarialismo urbano tem constituído uma nova narrativa ambiental. Ressalta que o atual paradigma aponta que a crise ambiental estabelecida não se deve pelo modo de produção vigente no planeta, mas sim aos impactos por ele causados.
A preocupação com a água, com a poluição e com os impactos sociais, o surgimento dos movimentos preservacionistas e os avanços da ciência, de Darwin a Gaia, são acontecimentosque foram se somando ao longo da história, pressionando mudanças, definindo ideários e determinando um novo paradigma que incorporasse as questões ambientais, expressas em uma política ambiental (SANTOS, 2004, p. 18-19).
Ainda nesse contexto, outro equívoco é o de atribuir os problemas ambientais ao consumo e aos consumidores, deixando-se a margem desse processo a produção. Que, em seu ritmo desenfreado, continua a produzir sempre mais mercadorias para suprir as necessidades de nossa atual sociedade.
Tal narrativa defende a proteção de ecossistemas valiosos no interior da malha urbana com o objetivo de contribuir para a construção de uma imagem de cidade consciente ecologicamente e, portanto capaz de atrair recursos externos e gerar empregos para a economia local.
A emergência desse recente discurso ocupa uma importância crucial para o estudo da atual política urbana mundial. Considerando-se, para isso a legitimação de regulações, políticas públicas e ações do Estado que podem alterar ou acentuar o padrão e as formações sócioespaciais vigentes no urbano.
Diante desse contexto ambiental que se encontra em estado crítico, Topalov (1984) afirma que um novo paradigma vem surgindo, com novos olhares, novas atitudes e novas formas de compreender o meio, especialmente sobre o espaço urbano. De acordo com as colocações do autor: “o meio ambiente tem se tornado o problema central em torno do qual, daqui em diante, todos os discursos e projetos sociais devem ser reformulados para serem legítimos”.
Ainda nesta perspectiva de reflexão, Silva & Travassos (2008) esclarece-nos que esse enfoque torna-se, também, e essencialmente necessário ao meio ambiente urbano. Enfatizando a necessidade de uma séria mudança na forma pela qual a atual sociedade comporta-se perante a natureza. Desse modo, houve o que perpassa até aos dias atuais, o denominado movimento ambientalista. Nesse sentido:
O movimento ambientalista surgiu no fim da década de 1960 e início da de 1970 com o objetivo de incitar a conscientização pública e a preservação dos ecossistemas. Por meio dele, a repercussão das problemáticas ambientais tomou destaque na política na economia e na educação (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 26).
Essa mudança de perspectiva e explicitada em Silva & Travassos (2000), quando estes autores afirmam que:
A importante mudança de perspectiva dos problemas relativos aos centros urbanos não é fruto do acaso e sim de um longo percurso realizado pelo movimento ambientalista, em que novos parâmetros foram gradualmente introduzidos nas abordagens pertinentes ao meio ambiente. Já a partir da década de 1970, o Novo Ambientalismo trazia à tona o estreito relacionamentos. (SILVA & TRAVASSOS, 2008 p. 29).
Nesse sentido o movimento ambientalista vem, ao longo dos tempos carregando-se de inúmeros paradigmas. Dentre esses, o preservacionismo e o conservacionismo sendo os mais observáveis (DIEGUES, 2000). Ainda nesse sentido, os discursos sobre meio ambiente, em particular, tem se mostrado com alto grau de aceitação e legitimidade política nos dias de hoje, além de um enorme fôlego para combater o modelo de desenvolvimento estabelecido. Mesmo que por vezes, tratem-se apenas de discursos. Ausentes de uma prática necessária.
Compreender a atual crise ambiental a partir das ideias anteriormente mencionadas nos auxiliaria quanto a compreensão do processo de produção de mercadorias e a partir destas, desvendar as causas e os agentes ligados a este fenômenos. Nesse sentido, carecendo-se uma abordagem mais complexas sobre a poluição do ar, dos rios, das derrubadas das florestas, da perda da biodiversidade e da sócio-diversidade, dentre outras consequências que o meio ambiente vem enfrentando.
A partir das ressalvas a respeito da importância das discussões ambientais, cuja temática é voltada especialmente para a cidade. Decorre que, questão ambiental e espaço urbano são elementos geralmente carregados de sinônimos, destacando-se, dentre estes: meio ambiente, desenvolvimento sustentável, cidades sustentáveis, dentre uma série de outros termos que possuem igual valor de análise. 
Uma abordagem ambiental a respeito do espaço urbano torna-se de fundamental importância. Nas suas diversas esferas, seja acadêmica, seja da sociedade civil organizada, dos gestores do espaço e afins. Mediante a importância que possui, quando se trata de comunidade acadêmica, a discussão ambiental precisa ser repensada. A presente temática abrange um campo bastante vasto nas diversas disciplinas acadêmicas. Assim, carregando-se de termos como: interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, multidisciplinaridade, dentre outros. 
Conforme explicitado anteriormente, a abordagem ambiental pode favorecer a interlocução entre disciplinas cientificas sem integrá-las, aumentando, assim, a espessa cortina de fumaça sobre a questão teórica e metodológica que permite entender a totalidade (RODRIGUES, 2016, p. 209).
Confirmando, assim, sua presença nos dias atuais e os múltiplos campos do saber em que esta encontra-se presente. E, consequentemente, a oportunidade em aproveitar esses meios para se empregar discussões referentes ao espaço urbano. Especialmente em termos de diálogos interdisciplinares. Pois as ciências parcelares a abordam de forma muito particular e individualista. Sobretudo, a partir de uma discussão mais integrada entre os diversos âmbitos do saber (MENDONÇA & DIAS, 2019). Ainda nesse contexto, o mencionado autor sugere que:
As ciências que a investigam necessitam proceder ao resgate histórico para um melhor discernimento das concepções subjacentes ao termo, podendo, assim, situar as relações estabelecidas com o campo da ciência (ecologia, biologia, geografia, geologia etc.) e com o campo do movimento social (ambientalismo) (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 288).
 Tal prática torna-se essencial, especialmente pelo fato de diversos autores afirmarem que, sobre a questão ambiental, atualmente, permite-se perceber uma crise vivenciada por diversas sociedades e civilizações. Aponta-se que, a causa para tal crise se dá pelo fato da desenfreada produção decorrente em seus mais diversos níveis. Especialmente a produção industrial. Ocasionando, assim, uma série de problemas ambientais e sociais (PEREIRA, 2001). 
Diversos são os componentes apontados a causar danos ao meio ambiente. Nesse sentido o Relatório Brundtland aponta que as causas de deterioração ambiental são identificadas em três campos: no uso de tecnologias poluidoras; no aumento demográfico; na intensificação e expansão da miséria.
O êxodo rural e apontado como um dos elementos atrelados a desestabilização do meio ambiente urbano. Com o desenvolvimento do capitalismo, a partir da segunda metade do século XX, houve um crescimento acelerado da população em geral, agravado por forte processo migratório de pessoas do campo para as cidades resultando em sérios problemas sociais urbanos (FERREIRA, VENTICINQUE & ALMEIDA, 2005; SILVA & TRAVASSOS, 2008; MENDONÇA & DIAS, 2019). Conhecidos, amplamente, por degradação ambiental.
O êxodo rural, um processo marcante no final do mercantilismo e inicio do capitalismo na Europa Central, consistiu na saída dos trabalhadores do campo em direção às cidades. Essa migração tinha como fim encontrar condições para sobrevivência dos antigos habitantes rurais, fazendo com que as cidades, sem preparo para recebê-los dignamente, gerassem espaços e ambientes fortemente degradados (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 127).
Em relação ao Brasil, nas últimas décadas, a expansão urbana ocasionada pelo aumento da população nas cidades e pelo êxodo rural vêm ocasionando crescimento desordenado dos espaços urbanos e acarretando, nesse sentido, em inúmeros impactos ambientais (SILVA & TRAVASSOS, 2008). Assim, 60% da população vivendo em espaço urbano na região amazônica (FERREIRA VENTICINQUE & ALMEIDA, 2005, p. 157).
Tais problemas são evidenciados pelo fato de o Brasil ser um país essencialmente urbano, e a questão ambiental nas suas cidades assume um caráter cada vez mais importante em termos de abordagens (HOGAN,1995). Esse crescimento urbano no Brasil passou a se tornar mais evidente a partir da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente, a partir das regiões Sul e Sudeste, posteriormente, se estendendo para as demais regiões do Brasil. Tendo-se o Brasil como referência, podemos compreender que:
Ao longo do século, mas, sobretudo, nos períodos mais recentes, o processo brasileiro de urbanização revela uma crescente associação com a pobreza, cujo lócus passa a ser, cada vez mais, a cidade, sobretudo a grande cidade. O campo brasileiro moderno repele os pobres, e os trabalhadores da agricultura capitalizada vivem cada vez mais nos espaços urbanos (SANTOS, 1993, p. 10 apud MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 140).
Ainda no contexto brasileiro, o processo de urbanização consolidado ao longo das últimas décadas não se mostrou diferente desse padrão. Entre 1940 e 2000, o país apresentou um crescimento da população urbana de 31,2% para 81,2%, passando de uma condição basicamente rural para outra predominantemente urbana (CLARO, 2018).
Juntamente com a desenfreada urbanização, os impactos ambientais mostram-se evidentes. A acelerada concentração urbana, tende a culminar na degradação da qualidade de vida das pessoas nos espaços urbanos, na segregação social (PEREIRA, 2001), na vulnerabilidade social (JATOBÁ, 2011), bem como ocorrendo o inverso. Ou seja, também produzindo uma série de desequilíbrios socioambientais, que tem comprometido e colocado em risco todo o ciclo natural do planeta (JATOBÁ, 2011).
Hogan (1995) afirma que parte desses problemas decorrem devida a falta de vontade e de competência que sempre marcaram a ação governamental ao longo dessas últimas décadas. Assim, não tornando-se difícil reconhecer que o país enfrenta um caos ambiental na maioria das cidades, demandando-se atenção urgente e investimentos vultosos.
O processo de ocupação do solo urbano pode ser identificado a partir da perspectiva de Magalhães (1994, apud MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 134) o qual distingue, basicamente, três fases presentes ao longo dos processos de alteração da paisagem nas áreas urbanas:
1. A transformação do pré-urbano para o urbano inicial, marcada pela remoção da vegetação e a construção das primeiras casas, o que aumenta a vazão dos rios, sua sedimentação etc.
2. A construção de mais casas e edifícios e a impermeabilização dos solos pelos calçamentos, diminuindo a infiltração da água e seu escoamento superficial, a insuficiente rede de tratamento de esgoto, a poluição das águas etc.
3. O urbano avançado com a instalação de indústrias, a construção de grandes edifícios residenciais e comerciais e a completa impermeabilização dos solos, enchentes, formação de ilhas de calor, chuva ácida etc.
Desse modo, com base nas abordagens teórico-conceituais, é possível notar as mudanças que, decorrentes da expansão urbana sobre as cidades, afeta, dentre as inúmeras parcelas do espaço urbano, rios e os igarapés. Visto que, o planejamento e execução da produção do espaço urbano, feito de modo desordenado, ocasiona profundos impactos socioambientais, pois essas áreas onde habitava uma biota rica, e servia no pretérito de meio de navegação, articulando a cidade com outras áreas, perde toda essa dinâmica com a ocupação e aterramento desses espaços, causando, dessa forma, danos e mudanças na dinâmica do espaço.
No âmbito da legislação ambiental brasileira, por exemplo, a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, define degradação da qualidade ambiental como alteração adversa das características do meio ambiente.
Atualmente, com poucas alterações, a expressão degradação ambiental qualifica os processos resultantes dos danos ao meio ambiente como qualquer lesão ao meio ambiente causada por ação de pessoa, seja ela física ou jurídica, de direito público ou privado, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade ou a capacidade produtiva dos recursos ambientais (LIMA & RONCAGLIO, 2001). Garcia et al (2018) colabora ao afirmar se tratar de qualquer alteração adversa das características do meio ambiente.
As tecnologias poluidoras constituem-se de um universo bastante vasto: desde as emissões de gases advindos de fábricas e veículos automotores, até descartes de materiais (radioativos, por exemplo) extremamente nocivos ao homem. O processo de industrialização nesse espaço urbano, também é apontado como um dos principais aspectos repercutindo na intensificação da urbanização no país (CLARO, 2018), vinculadas aos processos de expansão e concentração do capitalismo conforme relaciona Santos (1989) e a consequente degradação ambiental.
Nestes aproximadamente duzentos anos de industrialização do planeta, a produtividade de bens materiais e seu consumo se deu de forma bastante acelerada. Como esse processo de industrialização desrespeitou a dinâmica dos elementos componentes da natureza, ocorreu uma considerável degradação do meio ambiente. Essa degradação tem comprometido a qualidade de vida da população de várias maneiras, sendo mais perceptível na alteração da qualidade da água e do ar, nos "acidentes" ecológicos ligados ao desmatamento, queimadas, poluição marinha, lacustre, fluvial e morte de inúmeras espécies animais que hoje se encontram em extinção. A degradação do ambiente e, consequentemente, a queda da qualidade de vida se acentuam onde o homem se aglomera: nos centros urbanos-industriais. Aqui, os rios, fundos de vales e bairros residenciais periféricos dividem o espaço com o lixo e a miséria. Nesse sentido:
A indústria, como integrante fundamental do processo de modernidade (urbanização), desenvolveu-se à custa da precarização social e da máxima exploração dos recursos naturais. A partir do final do século XVIII, na Europa Central, por exemplo, tornaram-se flagrantes as péssimas condições de vida dos proletários e dos operários, bem como a intensa degradação das áreas de exploração, que proporcionou as bases para o desenvolvimento do capitalismo no Estado Moderno (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 127).
Além destas causas propulsoras dos impactos ambientais, constam-se muitas outras, as quais têm contribuído fortemente para a deterioração de todo o meio ambiente natural e para a ampliação das disparidades sociais.
A urbanização e as invasões constituem-se a partir de uma relação intrinsecamente ligadas (SILVA & TRAVASSOS, 2008). O parcelamento do solo urbano se dá de maneira heterogênea. Grupos de pessoas usufruem de espaços mais adequados, mais saudáveis e propícios ao seu desenvolvimento. Em contrapartida, pessoas desprovidas de condições, dentre elas, a financeira, de escolaridade, idade e afins, tendem a deslocarem-se para espaços hostis e desfavoráveis à condições saudáveis de vida. Geralmente áreas periféricas da cidade (HOGAN, 1998) e apresentando-se, desse modo, problemas ao longo da infraestrutura urbana (CLARO, 2018). Hogan, nesse sentido, afirma que tais condições de moradia depreendem de renda, escolaridade, idade e afins. Em consonância as ideias apontadas, Lima & Roncaglio (2001) colaboram ao afirmar que:
As diversas localizações urbanas, resultantes do processo de produção da cidade, assumem diferentes preços, estabelecidos pelo mercado imobiliário. As áreas melhor localizadas são mais caras e serão ocupadas pela população que têm renda para arcar com esses custos. A população de menor poder aquisitivo tende a ocupar áreas desvalorizadas no mercado imobiliário, como a periferia urbana, precária de serviços, e regiões ambientalmente frágeis − fundos de vale, encostas, áreas sujeitas à inundações, áreas de proteção ambiental (LIMA & RONCAGLIO, 2001, pp. 39-40).
	O agravamento da degradação ambiental urbana e os problemas sociais, expressivamente a pobreza, constituem-se a partir de uma relação de reciprocidade, constituindo-se numa urbanização cada vez mais segregadora e desigual, em que o padrao de renda expõe determinados grupos sociais a susceptibilidade aos riscos ambientais urbanos (ALMEIDA & CARVALHO, 2010).
A degradação ambiental é uma consequência direta do sistema de concentração derenda que impera no mundo atual. As classes altas da sociedade apropriam-se da natureza, a transformam, degradando de maneira profunda os recursos naturais e os lugares de sua exploração e reprodução da riqueza, mas afastam de sua proximidade os resíduos daí derivados. As classes menos abastadas, os pobres e miseráveis, convivem com esses resíduos, o que evidencia uma falsa imagem que associa a pobreza à degradação do ambiente: seus espaços são, aparentemente, os mais degradados, mas a gênese da degradação não lhes compete na totalidade (MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 150). 
	Pobreza e degradação ambiental são temas recorrentes e uma preocupação manifesta em todas as discussões sobre o espaço urbano (MENDONÇA & DIAS, 2019), sendo, também muito frisado nos diversos documentos e relatórios. Tanto em âmbito nacional, quanto internacional, que vêm sendo produzidos nas últimas décadas (LIMA & RONCAGLIO, 2001, p. 56).
Via de regra, a expansão de áreas periféricas e a ocupação de áreas intra-urbanas por favelas se processam em áreas desprezadas pelo mercado imobiliário formal e/ou em áreas de restrição de uso – como beiras de córregos, encostas dos morros, terrenos sujeitos a enchentes ou áreas de proteção ambiental –, as quais frequentemente envolvem algum tipo de risco. Ou seja, de maneira paradoxal, são exatamente as áreas mais frágeis do ponto de vista ambiental e que por esse motivo jamais deveriam ser ocupadas que passam a dar suporte a esse tipo de ocupação urbana, especialmente precária e predatória (Maricato, 1996). 
	Ao estudar os fenômenos ambientais no âmbito das cidades, surge a questão: o que é um ambiente urbano degradado? Nesse contexto, o documento do Banco Mundial conhecido como Agenda Marrom, em concomitância a outros autores, aponta-se os maiores problemas da poluição no Brasil: saneamento básico inadequado (SILVA & TRAVASSOS, 2008), poluição do ar e das águas nos cursos das áreas urbanas (CLARO, 2018), gestão precária de resíduos sólidos e poluição localizada grave (SILVA & TRAVASSOS, 2008).
	Claro (2018), amplia a quantidade de apontamentos desses problemas, identificando o desmatamento dos espaços, a queima de combustíveis fosseis e uso de automóveis, a destruição de habitats e paisagens naturais, a incoerência entre a limitação dos recursos energéticos, os modelos de transportes urbanos adotados e as crescentes demandas habitacionais, como elementos propulsores à degradação do espaço urbano.
Tais problemas não atingem igualmente todo o espaço urbano, sendo os espaços ocupados por populações menos favorecidas os mais atingidos por tais impactos negativos (FERREIRA, VENTICINQUE & ALMEIDA, 2005).
	Em relação aos resíduos sólidos, apresentam-se como uma das maiores preocupações por parte tanto da sociedade civil organizada, quanto pelos órgãos governamentais e não-governamentais e ao meio ambiente (HOGAN, 1995, p. 17; PEREIRA, 2001). Os resíduos sólidos são objetos constantes dessas discussões por diversos fatores, em particular os nocivos à saúde humana e animal.
Uma vez acondicionados em aterros, os resíduos sólidos podem comprometer a qualidade do solo, da água e do ar, por serem fontes de compostos orgânicos voláteis, pesticidas, solventes e metais pesados, entre outros13. A decomposição da matéria orgânica presente no lixo resulta na formação de um líquido de cor escura, o chorume, que pode contaminar o solo e as águas superficiais ou subterrâneas pela contaminação do lençol freático. (GOUVEIA, 2012, p. 1505).
 
Conforme anteriormente identificado, o saneamento ambiental é um dos aspectos que adquire foco nas discussões de cunho ambiental. A ausência deste, contribui para inúmeros problemas, em especial, a proliferação de doenças.
O saneamento é meta primordial, nesse sentido, para que se busca melhorias de cunho social e ambiental. Visto que determinadas práticas como manuseio inadequado do solo, surgimento de lixões e aterros a céu aberto, a exploração inconsciente dos recursos causa problemas, tanto ao meio ambiente, quanto à saúde, através do surgimento de doenças (HOGAN, 1995). Podendo-se identificar: Câncer, anomalias Congênitas, baixo peso ao nascer, abortos e mortes neonatais (Gouveia, 2012). “Hoje, quando não é mais possível ignorar os prejuízos que a falta de saneamento acarreta para a saúde, os custos financeiros para implantá-los desafiam os governos municipais, estaduais e federal (HOGAN, 1995, P. 20).”
A relação entre rios e cidade e complexa, já que a maior parte das cidades do mundo situa-se junto a rios por motivos e circunstancias históricas`` (ALMEIDA & CARVALHO, 2010, p. 155). No contexto urbano a ocupação de áreas permeadas por rios e igarapés é uma prática antiga, que vem se dando em boa parte das cidades do mundo. Porém, de forma diferente, a partir das particularidades de cada lugar.
Os rios sempre estiveram no cerne do cotidiano das cidades. O controle sobre suas aguas foi a chave para a construção das sociedades humanas. Mas foi com o advento da revolução industrial, em meados do século XIX, que se iniciou uma forte ascendência de urbanização em praticamente todo o mundo, inicialmente entre os países industrializados e depois nos países de economia emergentes (ALMEIDA & CARVALHO, 2010, p. 154).
Infelizmente, os rios urbanos no Brasil tem sido tratados como resíduos da cidade, fundos de lotes e local de despejo. Além disso, as ocupações desses espaços de encostas se dão de forma inadequada, constituindo-se com riscos e vulnerabilidades (ALMEIDA & CARVALHO, 2010). Acumulando diversas práticas humanas que culminam na degradação ambiental. O desmatamento das margens desses espaços caracterizam-se como os mais evidentes.
Dos diversos tipos de ambientes e paisagens terrestres, os rios urbanos são de longe os mais utilizados, ocupados, modificados, degradados e subjugados. Desde as primeiras civilizações hidráulicas, até as áreas urbanas mais desenvolvidas da atualidade, rios foram e são usados para os mais distintos fins e propósitos (ALMEIDA & CARVALHO, 2010, p. 145).
Nesse sentido, as Áreas de Proteção Ambiental emergiram da necessidade de se preservar esses espaços perante o constante processo de degradação, especialmente a partir da formulação do Código Florestal Brasileiro através do artigo 4.771, no ano de 1965. Surge do reconhecimento da importância da manutenção da vegetação de determinadas áreas. Geralmente, ocupando porções particulares de uma sociedade (SKORUPA, 2003). 
De acordo com as definições daquele documento, APP`s são áreas: “Cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (SKORUPA, 2003, p.02).
Porém, o que normalmente se constata nas cidades brasileiras e que as APP`s urbanas não possuem uma função de tecido urbano, sendo por isso utilizadas para os mais variados fins que não o da preservação ambiental ou do lazer (ALMEIDA & CARVALHO, 2010). 
Como exemplo de APP`s, destacam-se as áreas marginais de corpos d’água, rios, córregos, lagos, reservatórios e nascentes, áreas de encostas, matas ciliares, restingas e mangues. Geralmente, no processo de administração de APP`s, leva-se em consideração as bacias hidrográficas que englobam essas áreas. Pois constituem-se como
A mais adequada unidade de planejamento para o uso e exploração dos recursos naturais, pois seus limites são imutáveis dentro do limite do planejamento urbano, facilitando o acompanhamento das alterações naturais ou introduzidas pelo homem. Assim, o disciplinamento do uso e da ocupação da bacia e o meio mais eficiente de controle dos recursos hídricos (GARCIA et al, 2018, p. 229).
 
Nesta perspectiva, Almeida & Carvalho (2010) caracterizam `bacia hidrográfica` ou `bacia de drenagem` como uma área da superfície terrestre que drena agua, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum, num determinado ponto de um canal fluvial, seja no oceano, num lago ou num outro rio.Isso ocorre pelo fato de as bacias hidrográficas serem formadas nas regiões mais altas do relevo, delimitadas por divisores, onde as aguas das chuvas, ou escoam superficialmente formando os rios, ou infiltram no solo para formação de nascentes e de lençol freático (GARCIA et al, 2018). 
Nesse sentido, as bacias mais impactadas são aquelas em ocupação. Geralmente, as bacias urbanizadas. Caracterizadas pelos despejos industriais e de altas cargas orgânicas, os quais tendem a elevarem a temperatura.
A manutenção dessas áreas mostra-se de fundamental importância, especialmente pelos inúmeros benefícios ambientais, paisagísticos e sociais que estas podem possibilitar. Por exemplo, em áreas de encosta acentuada (o caso do Igarapé do Macaco), a vegetação possibilita a estabilidade do solo pelo emaranhado de raízes das plantas, evitando sua perda por erosão e protegendo as partes mais baixas do terreno, como as estradas e os cursos d’água.
Os recursos hídricos têm sido alvo das intervenções antrópicas há longo tempo, desde o surgimento das primeiras comunidades humanas, que se utilizavam deles para sua dessedentação, preparo de alimentos, higiene, construção, navegação, irrigação, etc. contudo, é em tempo historicamente mais recentes que são registradas as maiores intervenções nesses recursos, notadamente nos rios. O crescimento exponencial da população e sua concentração em determinadas porções do território- as cidades--aumentam o número e a intensidade das interferências. Embora as necessidades humanas básicas apresentadas permaneçam, outras necessidades emergiram, como a geração de energia elétrica, o controle das enchentes, o aumento de área para ocupação etc. (BOTELHO, p. 74).
Nesse sentido, GUERRA & CUNHA distinguem as interferências feitas ao longo dos canais fluviais a partir de dois grupos que, apesar de apresentarem distinções entre si, possuem aspectos em comum que se sobrepõem em grande parte das vezes. Assim:
O primeiro se refere a modificações ocorridas diretamente no canal fluvial para controlar as vazões (para armazenamento das águas em reservatórios ou desvios de águas) ou para alterar a forma do canal impostas pelas obras de engenharia, visando a estabilizar as margens, atenuar os efeitos de enchentes, inundações, erosão ou deposição de material, retificar o canal e extrair cascalhos. Essas obras alteram a seção transversal, o perfil longitudinal do rio, o padrão de canal, entre outras modificações (GUERRA & CUNHA, 238).
O segundo grupo relaciona-se às mudanças fluviais indiretas que resultam das atividades humanas, realizadas fora da área dos canais, mas que modificam o comportamento da descarga e da carga sólida do rio. Tais atividades estendem-se para a bacia hidrográfica e estão ligadas ao uso da terra, como a remoção da vegetação, desmatamento, emprego de práticas agrícolas indevidas, construção de prédios e urbanização (GUERRA & CUNHA, 238).
O desmatamento causa impactos ambientais severos, inclusive perda de biodiversidade (MYERS, 1992), exposição do solo à erosão (BARBOSA & FEARNSIDE, 2000), perda das funções da floresta na ciclagem d'água (LEAN, 1996) e armazenamento do carbono (FEARNSIDE, 2000). Evitar o desmatamento evita estes impactos, dando assim um valor significativo às atividades que resultam em desmatamento reduzido.
O assoreamento apresenta-se como processo visível nesses espaços, a partir do desmatamento. Isso se dá devida a remoção da mata ciliar. Esta servindo como fitoestabilizadora do ambiente (CUNHA & ALMEIDA, 2010). 
A mata ciliar e aquela que margeia os corpos dagua, tendo comumente porte arbóreo, e sua remoção causa prejuízos incontestáveis para a natureza de modo geral. A sua manutenção e fundamental para a preservação do rio e do solo do entorno, bem como para melhorar a capacidade de infiltração, além de exercer a transpiração, contribuindo para a evapotranspiração e consequentemente para a manutenção do ciclo da vida (GARCIA, 2018, p. 238).
A remoção da mata ciliar pode Culminar, assim, assim, em possíveis desbarrancamentos das margens quando da ausência dessa cobertura, denominados de pontos erodíveis. Os sedimentos sendo transportados e depositados a jusante da seção transversal do canal (BOTELHO, xxxxx). Além disso, ocasiona o empobrecimento da fauna e da flora, modificação considerável no relevo original ao serem feitas práticas de terraplenagens e aterros, visando-se a criação de um ambiente hibrido (ALMEIDA & CUNHA, 2010). 
A eficiência das matas ciliares e extremamente importante, pois hidrologicamente, exercem ação de proteção física contra a poluição da agua. Essas características de ocupações constituem, em sua maioria, de ações ilegais, estando entre parte dos espaços irregularmente ocupado. 
De modo mais amplo, estes impactos ambientais não são causados por ações isoladas contra o ecossistema natural, mas resultam das relações entre as mudanças socioambientais que o país vem experimentado ao longo dos anos, sendo estes heterogêneos entre os diferentes espaços do país. Repercutindo, desse modo, na desorganização social, na carência de habitação, no desemprego, em carências no saneamento básico, na poluição das águas e dos solos, e na modificação na paisagem natural.
Desse modo, para que se compreenda as causas desses impactos ambientais, é de fundamental importância que se conheçam os processos que os geram, o contexto e as suas particularidades. Há, por outro lado, a necessidade de um planejamento urbano eficaz, o qual leve em conta heterogeneidade dos espaços brasileiros e inclua as dimensões sociais, políticas e urbanas a seus planos e projetos os quais são considerados mecanismos essenciais na mitigação dos impactos da urbanização ao meio ambiente e na promoção do bem-estar social. 
Hoje, diante da dimensão e complexidade que assumiram os problemas socioambientais, a questão urbana é percebida, cada vez mais, na sua estreita relação com a natureza e não na sua dissociação. Isto implica, sem dúvida, uma revisão profunda no modo de pensar, planejar e executar políticas públicas; no modo de produzir e reproduzir o espaço urbano, no modo de viver e conviver nas cidades (LIMA & RONCAGLIO, 2001, p. 56).
As propostas não podem centrar-se apenas no problema, ou seja, na degradação ambiental, mas nas causas que o criam, sua essência. A análise dos indicadores de degradação ambiental tem que ser feita de maneira não reducionista; é preciso compreender as contradições do processo de urbanização, identificando quem é beneficiado por esse processo e quem dela é excluído.
O estudo a respeito da degradação ambiental não deve ser realizado apenas sob o ponto de vista físico. Na realidade para que o problema possa ser entendido de forma global, integrada, holística, deve-se levar em conta as relações existentes entre a degradação ambiental e a sociedade causadora dessa degradação que, ao mesmo tempo, sofre os efeitos e procura resolver, recuperar e reconstituir as áreas degradadas (Cunha & Guerra, 2003).
Noffs (2000, p.12) define como área degradada "toda área que por ação natural ou antrópica teve suas características originais alteradas além do limite de recuperação natural". Nesse sentido, o homem é, ao mesmo tempo, o causador do impacto e o responsável pela recuperação do ambiente.
3.2 A DEGRADAÇÃO E A NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO AMBIENTAL
O planejamento adjetivado "ambiental" pode ser concebido como um caminho para o desenvolvimento social, cultural, ambiental e tecnológico adequados de um dado processo produtivo e da sociedade como um todo. O planejamento ambiental constitui-se, então, num instrumento de proteção à natureza e de fomento a qualidade de vida das populações (SANTOS, 2004, p. 63, apud MENDONÇA & DIAS, 2019, p. 179). 
Após a conferência de Estocolmo, diversos práticas de planejamento foram organizadas na perspectiva de combater o processo de degradação da natureza. Essas práticas dizem respeito tanto a órgãos governamentais, quanto a documentos orientados para tais fins.
O planejamento ambiental surgiu, nas últimas três décadas,

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