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LIVRO TEXTO - Unidade_I_Teoria_Geral_do_Direito_Empresarial_diagramado (1)

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TEORIA GERAL DO DIREITO 
EMPRESARIAL E CAMIBIÁRIO 
 
Prof. Mestre Gustavo Aurélio Martins 
 
 
 
Prof. Guilherme Bernardes Filho 
Diretor Presidente 
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes 
Diretor Tesoureiro 
Prof. Frederico Ribeiro Simões 
Reitor 
 
UNISEPE – EaD 
Prof. Me. Igor Gabriel Lima 
Prof. Me. Ricardo Nakamura 
Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa 
Prof. Me. Leonardo José Tenório Mourão Torres 
 
Material Didático – EaD 
 
Equipe editorial: 
Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395 
Isis Gabriel Alves 
Laura Lemmi Di Natale 
Pedro Ken-Iti Torres Omuro 
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz 
 
Apoio técnico: 
Alexandre Meanda Neves 
Anderson Francisco de Oliveira 
Gustavo Batista Bardusco 
Matheus Eduardo Souza Pedroso 
Vinícius Capela de Souza 
 
Equipe de diagramação: 
Laura Michelin de Oliveira Machado 
 
Equipe de revisão: 
Ana Beatriz Torres Omuro, Prof.ª Camila Santos Seimaru, Prof.ª Fabíola Löwenthal, Marcela Gonçalves 
Ferreira Camillo. 
 
 
 
 
 
 
SOBRE O(A) AUTOR(A): 
Graduado em Direito, mestre em Direitos Difusos e Coletivos, docente do curso de 
graduação em Direito da UNIFIA e autor de artigos científicos na área do Direito. 
 
SOBRE A DISCIPLINA: 
A disciplina Teoria Geral do Direito Empresarial e Cambiário tem o iniciativo de 
introduzir o estudo da matéria voltado ao ramo empresarial. No início, como visto, o 
Direito é dividido em vários ramos, Constitucional, Civil, Penal, Ambiental e, entre 
estes, encontra-se do Direito Empresarial, ramo destacado para cuidar das relações 
de cunho comercial, onde somente as regras civis não seriam suficientes, em virtude 
das especificidades que permeiam os negócios de relações jurídicas empresariais. 
Assim, para aprofundar o estudo das citadas relações, como em todas as disciplinas, é 
necessário introduzir as bases, nas quais serão construídos todos os conceitos e 
ensinamentos do ramo, o qual se tem a finalidade de estudar, neste caso, o 
Empresarial e Cambiário. Portanto, esta disciplina irá apresentar as informações 
conceituais e necessárias para compreender toda a ciência deste ramo do Direito. 
 
 
 
 
 
 
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de 
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE I .............................................................................................05 
1º Nascimento e evolução do Direito Empresarial.......................05 
2º A teoria da empresa.................................................................16 
3º Princípios do Direito Empresarial.............................................27 
4º Fontes do Direito Empresarial..................................................38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE I 
CAPÍTULO 1 – NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DO DIREITO 
EMPRESARIAL 
 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ A terminologia adotada para a disciplina de Direito Empresarial; 
✓ O que é o Direito Empresarial; 
✓ A origem do Direito Empresarial; 
✓ A definição contratual na antiguidade; 
✓ A evolução percorrida pelo Direito Empresarial; 
✓ A teoria dos atos de comércio; 
✓ A aplicação da teoria dos atos de comércio no Brasil; 
✓ A transição entre as maiores teorias de disciplina da atividade empresarial. 
 
 
Introdução 
 
O Direito Empresarial tem suas bases fundadas nas relações de comércio desenvolvidas pelo 
homem. No entanto, o Direito é uma ciência em constante evolução e sofre diretamente as 
influências da mutação da sociedade. Assim, quando os seres humanos alteram as condições em 
que vivem, sobretudo as relações comerciais, as regras impostas acabam também sendo 
alteradas, o que nos leva a estudar a evolução do ramo do Direito Empresarial, sendo certo de que 
este dos dias atuais, não é o mesmo do passado. 
 
A incorporação do direito consuetudinário, baseado em usos e costumes da prática mercantil, 
deu lugar ao direito legislado pelo Estado soberano, onde não há possibilidade de aplicação dos 
Estatutos das Corporações de Ofício, outrora utilizados para solucionar, em tribunais próprios, os 
litígios que surgissem da prática comercial. 
 
O segundo momento de evolução, que ocorre no Direito francês, com o Código Civil em 1804 
e o Código Civil em 1808, nos traz a teoria dos atos do comércio, revolucionado a prática usual de 
atividades comerciais, mas com muitas críticas pela doutrina da época. O Brasil, acompanhando o 
movimento internacional da época, adota esta teoria em sua legislação, o Código Comercial em 
1850. 
 
Ao estudarmos a evolução do Direito Empresarial, conhecemos as bases de institutos que, 
desde a antiguidade até os dias atuais, estão sendo utilizados, sobretudo, conhecemos os 
embasamentos que a sociedade utilizou para criação deste ramo do Direito e podemos refletir 
acerca de sua aplicação na atualidade. O Direito enquanto ciência traz a necessidade do 
conhecimento histórico de seus institutos, é neste caminho que se inicia o percurso do Direito 
Empresarial, do passado e de sua evolução, transitando por legislações e conceitos, e chegando 
ao método atual de disciplina normativa do ramo da atividade econômica que é campo de atuação 
da norma empresarial. 
 
 
 
 
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1.1 A nomenclatura: Direito Empresarial 
 
A questão da nomenclatura a ser adotada pela disciplina ganha importante contorno quando não 
há um consenso construído em volta de uma única referência. O Direito Empresarial cuida da 
atividade mercantil, que, por sua vez, possui vários objetos. Não há um único tipo de negócio 
jurídico a ser cuidado por este ramo do Direito, mas inúmeras possibilidades. Em virtude disso ao 
longo dos séculos, várias foram as nomenclaturas adotadas pelos estudiosos e profissionais. 
 
As denominações mais utilizadas são: Direito Mercantil, Direito Comercial e Direito 
Empresarial. Ao estudarmos as citadas nomenclaturas, podemos perceber que há determinada 
ligação com as evoluções históricas da norma a serem estudadas em futuro próximo. 
 
Originariamente, em uma linguagem mais culta, os primeiros doutrinadores e estudiosos da 
matéria utilizavam a expressão ius mercatorum. A utilização dessa denominação residia no fato de 
ser um direito construído de forma consuetudinária, através dos costumes dos mercadores, 
aqueles que praticavam a atividade da mercancia. 
 
Quando traduzimos a expressão citada, temos o Direito dos Mercadores, ou seja, nos traz a 
definição de um conjunto de regras que foi criado pela própria classe dos mercadores, não uma 
imposição de regras para disciplinar suas atividades, mas escolhas efetuadas por eles próprios 
para organizarem suas relações de comércio. 
 
Com o passar do tempo, o Estado enquanto ente soberano a todos os sujeitos assumiu o 
poder de disciplinar as relações jurídicas por intermédio da Lei. Assim, as regras que eram 
costumeiras passaram a estar contidas em diplomas legais, momento em que se passou a adotar 
as nomenclaturas: Direito Mercantil ou Direito Comercial. O Direito, por excelência, é um conjunto 
de regras que define as atividades de seu tempo, portanto, podemos dizer que o Direito Mercantil 
ou Comercial, naquele momento, tratava-se de um conjunto de regras que buscava disciplinar as 
atividades comerciais definidas como “atos de comércio”, sendo aqueles que os exerciam de forma 
profissional chamados de comerciantes. 
 
Assim, a evolução da norma nos traz uma nova definição, não em volta do ato praticado, mas 
sim da forma de organização de quem o pratica, a “atividade econômica organizada”. Voltada ao 
estudo da produção ou circulação de bens ou serviços, remete-nos aos primórdios da construção 
das normas, ao direito consuetudinário praticado pelos mercantes. Nesse modelo, os doutrinadores 
têm adotado, na atualidade, também em virtude da nova teoria adotada pelo Código Civil, a 
nomenclatura de Direito Empresarialpara definir o ramo do Direito que cuida das relações jurídicas 
oriundas da atividade empresarial. 
 
 
1.2 O Direito Empresarial 
 
A regra imposta pela legislação é no sentido de disciplinar as atividades desenvolvidas no âmbito 
das relações jurídicas comerciais. Nesse sentido, a definição de forma breve nos traz um conjunto 
específico de normas que visam a disciplinar a atividade econômica organizada para produção ou 
circulação de bens ou serviços e aqueles que a exercem profissionalmente. 
 
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Quando falamos em conjunto de normas específicas, é necessário entender que estamos 
tratando de regras e princípios, estes últimos são valores que permeiam não somente a atividade 
empresarial, mas toda a ciência do Direito, há princípios, valores máximos, para todo o 
ordenamento, e outros que são específicos para a atividade empresarial. 
 
O campo de atuação do Direito Empresarial é a própria vida da empresa, seus contratos 
internos, suas relações empresariais, mas não as relações que pertencem a outros ramos do 
direito, como já citado, portanto, não podemos fazer uma presunção equivocada de aplicação 
irrestrita das normas do Direito Empresarial, quando, na verdade, seu campo de atuação é limitado 
aos fatos já destacados. 
 
 
Enfim, a origem do ius mercatorum (hoje Direito Empresarial) está intrinsicamente relacionada às mudanças 
econômicas, sociais, políticas e culturais vivenciadas no início do período de transição da baixa Idade Média 
para a Idade Moderna (séculos XII a XVI), com destaque para a gradativa substituição do feudalismo por 
uma economia pré-capitalista, para a ascensão social da burguesia e para o deslocamento da sociedade do 
campo para a cidade. (SANTA CRUZ, 2019, p.7) 
 
 
 
1.3 Origem do Direito Empresarial 
 
Ao analisarmos a atividade empresarial, o campo de atuação, a atividade desenvolvida pelos 
empresários, a criação de um regime autônomo do Direito para cuidar dessas relações, a aplicação 
de princípios próprios, ao estudar as características deste ramo do Direito, percebemos que a 
atividade que ele regula, há muito tempo já existia na sociedade, ou seja, a mercancia já havia 
nascido muito antes das regras e princípios do Direito Empresarial. 
 
O que falta na antiguidade, tendo delimitado que o comércio já existia naquele tempo, são 
regras uniformes, pois haviam disposições confusas, esparsas, havia comércio, mas não 
conhecimento de regras claras e precisas que o organizassem. 
 
O Direito Comercial somente ganha contornos na Idade Média, muito em virtude das relações 
comerciais desenvolvidas nas cidades italianas. Alguns doutrinadores destacam que o 
desenvolvimento tardio de um ramo de ciência autônomo para cuidar das relações comerciais, 
muito particularmente, aconteceu devido ao fato de algumas regras existentes estarem incluídas 
em outros diplomas, como na Roma antiga, onde regras estavam contidas dentro do Direito 
comum, ou seja, do Direito Civil. 
 
No período da Idade Média, temos o renascimento dos burgos, florescimento do comércio, 
mais especificamente o marítimo, nasce uma nova civilização, mas focada nas relações de 
mercancia, mais livre, o que permitia um rápido desenvolvimento econômico, portanto, a primeira 
fase do Direito Comercial. 
 
 
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O fortalecimento do Direito Comercial se deu em virtude da troca de regime aplicado, a 
evolução do feudalismo para uma política pré-capitalista, onde há a ascensão social da burguesia, 
alterações econômicas, sociais, fortalecimento das cidades com a mudança das pessoas do campo 
para a vida em sociedade, todos esses fatores auxiliaram o fortalecimento do comércio, e 
consequentemente a formação do Direito Comercial. 
 
As Corporações de Ofício, formadas por profissionais de determinadas classes, acabavam 
reunindo suas próprias regras, tendo em vista a falta de um poder central que pudesse disciplinar, 
de forma geral, as atividades envolvidas. Essas Corporações criavam seus estatutos, regimentos 
internos que disciplinavam todas as suas atividades mercantis, bem como quando havia a 
necessidade de resolver alguma disputa, acabavam recorrendo aos tribunais próprios, criados com 
a finalidade de aplicar as regras já delimitadas nos estatutos citados. 
 
Temos aqui um critério, como destaca a doutrina, subjetivista. O direito construído no Direito 
Mercantil valeria somente para aqueles que eram associados às Corporações de Ofício, não 
atingia todos aqueles que pudessem talvez realizar a atividade da mercancia, o que o levou a se 
tronar um direito de determinada classe, um direito privado, um direito feito pelos comerciantes 
para os comerciantes. 
 
Com o passar dos anos, as regras dos estatutos das Corporações de Ofício passaram a ser 
aplicadas em maior abrangência, alcançando comerciantes que não estavam associados e elas, 
bastando que uma das partes da relação estivesse filiada, a aplicação dos estatutos seria possível. 
 
Nesse período do Direito Comercial, temos o surgimento de institutos conhecidos, como a 
letra de câmbio, contrato de seguros e registros contábeis. Outrossim, a atividade ganha grandes 
contornos de informalidade e celeridade. 
 
 
Procure saber sobre as Corporações de Ofício e seus estatutos, origem da primeira fase de evolução do 
Direito Mercantil. 
 
 
 
1.4 A definição contratual 
 
No Direito romano, a defesa da propriedade é de grande valor e importância, tendo aplicação 
imediata das normas da época. Sendo assim, a forma contratual, durante a evolução do Direito 
Comercial, sofreu forte influência desse período na história do Direito. 
 
Em Roma, como a questão a ser discutida era a propriedade em si, o contrato assumiria o 
papel de transmissão de uma coisa, não propriamente de circulação ou prestação de serviços. No 
Direito romano, temos a estabilidade da relação como algo primordial, o contrato deveria ser 
respeitado e era algo rígido entre as partes, não possibilitando alterações, os pactos deveriam ser 
cumpridos. 
 
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Para a classe mercantil, o contrato era algo advindo de um mercado instável, com constantes 
mudanças de preços, formas de prestação de serviços e vendas dos produtos. Portanto, uma 
forma estática de contrato não poderia mais ser aplicada no que tangia ao mundo mercantil, haja 
vista a necessidade de maior velocidade e elasticidade das relações contratuais. 
 
Nesse sentido, estava aberta a porta para a introdução do princípio da liberdade na forma de 
celebração dos contratos. O Direito Mercantil, como já visto, transforma a situação contratual da 
época, retirando da rigidez e dando maior especulação, resultando em atos negociais por 
excelência. 
 
 
A teoria dos atos de comércio vai de encontro ao direito consuetudinário aplicado anteriormente. No entanto, 
temos que refletir se, apesar da tentativa de objetivar o Direito Comercial, este não continua sendo classista, 
ou seja, aplicado a uma determinada classe. Parece-nos que é o que ocorreu, apesar de evoluir em matéria 
legal, não deixou o caráter subjetivo para trás. 
 
 
1.5 A evolução histórica 
 
Após o período anteriormente destacado, quando se iniciou a construção de um ramo do Direito 
autônomo para cuidar das relações jurídicas negociais, o Direito Comercial tomou grandes 
contornos de evolução de normas e princípios, pairando sobre todas as etapas, dois grandes 
marcos, a “teoria dos atos de comércio” de origem francesa e a “teoria da empresa” de origem 
italiana. 
 
Vários acontecimentos pressionaram as alterações do Direito Comercial da época, novos 
Estados nascendo, uma figura central de poder que acabava disciplinando todas as matérias 
normativas, a intensificação do comércio que ultrapassou fronteiras e assumiu posição 
internacional, todos esses fatores contribuíram para um novo momento das normas mercantis. 
 
Com isso, as Corporações de Ofício, outrora fortalecidas e detentoras da capacidade de criar 
estatutos e julgaros litígios, foram perdendo espaço, uma vez que os Estados assumiram papel 
importante em dizer como o Direito que deveria ser aplicado aos fatos mercantis. Ora, se as 
Corporações perdem espaço, a liberdade de exercício das profissões acaba ganhando o momento 
de florescer, e com a liberdade vem uma intensificação da prática comercial. 
 
O movimento de reunião das normas nas mãos do Estado fez com que ele também trouxesse 
para si o poder de julgar os conflitos oriundos das relações comerciais, onde anteriormente eram 
aplicados os Estatutos das Corporações de Ofício. 
 
É no Direito francês que temos o início da segunda fase do Direito Comercial, precisamente 
em 1804 e 1808, quando, respectivamente, tivemos a edição do Código Civil de Napoleão e 
posteriormente o Código Comercial. Definitivamente, estávamos agora frente a um Direito estatal 
 
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primário, onde o Estado, através do exercício de seus poderes, introduzia as normas jurídicas que 
seriam aplicadas em todos os âmbitos da sociedade. 
 
Para conferir as atividades mercantis do Regulamento 737 de 1850, publicado no Brasil, visitem o endereço 
eletrônico a seguir: http://legis.senado.leg.br/norma/389155/publicacao/15633387 e confiram o artigo 19. 
 
 
 
1.6 Os atos de comércio 
 
O Código Civil Francês trouxe a necessidade de colocar uma norma no sistema jurídico que 
tratasse somente das relações mercantis, haja vista que a norma civilista trabalhou o campo do 
direito privado, isolando-o do direito público. Assim, a saída foi criar a teoria dos atos do comércio, 
cuja finalidade era atribuir a quem praticasse os atos de comércio a alcunha de comerciante, e com 
ela todos os benefícios que lei trazia para este. 
 
Ora, o Código Comercial francês de 1808 somente poderia ser aplicado para os que 
recebessem a denominação de comerciantes que, como citado, seriam aqueles que praticassem 
os atos de comércio definidos pela legislação. A incidência da denominação separava o julgamento 
dos litígios, tendo em vista que as causa comuns eram decididas pelos tribunais civis, e as causas 
envolvendo o Código Comercial eram decididas pelos Tribunais do Comércio. 
 
A teoria dos atos de comércio tem origem francesa, fruto das codificações napoleônicas, Código Civil em 
1804 e Código Comercial em 1808, e influenciaram as legislações da época, inclusive o Código Comercial do 
Brasil em 1850. 
 
 
Os atos de comércio deveriam ser definidos pelo legislador, este poderia descrever condutas 
que seriam consideradas como mercancia ou simplesmente enumerar uma séria de atividades que 
considerava como de comércio, sendo que a última, como veremos à frente, foi a escolha do nosso 
legislador. 
 
O importante salto é a questão do estudo do objeto do Direito Comercial, pois não mais 
usamos um direito de classe, voltado para os sujeitos, como eram as Corporações de Ofício, mas 
passa-se a avaliar o objeto em si da conduta praticada, qual era a atividade de mercancia 
desenvolvida, independente de quem a desenvolvia. 
 
Não havia na listagem nenhum tipo de ligação entre as atividades e condutas, outras que 
poderiam constar como movimentações mercantis não estavam contempladas, o que colocava 
http://legis.senado.leg.br/norma/389155/publicacao/15633387
 
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seus praticantes sem a benesse da aplicação do Código Comercial, acabando resolvendo os 
litígios pelo Código Civil. 
 
O Estado não conseguia, portanto, com eficácia definir quais eram os atos do comércio, pois 
a lista não condizia com os anseios da classe e com a realidade vivida entre os sujeitos. Por 
exemplo, atividades importantes não estavam na lista, como a prestação de serviço, que veio a se 
desenvolver posteriormente, e não acabou sendo incluída, fazendo com que os prestadores de 
serviços não fossem considerados comerciantes à luz da legislação. 
 
1.7 Atos de comércio no Brasil 
 
No Brasil, o Código Comercial francês serviu de inspiração para a criação de nossa legislação 
própria, sendo que até a edição do Código Comercial brasileiro em 1950, as legislações aplicadas 
ainda eram as portuguesas. 
 
O Código brasileiro, como grande parte da legislação comercial dos anos 1800, tomou como 
base para sua edição a legislação francesa, importando na adoção da teoria dos atos de comércio. 
O Código brasileiro definiu como comerciante o sujeito que exercia a mercancia de forma habitual, 
como sua profissão. 
 
No entanto, a legislação não dizia o que era a mercancia, não trazia nada que pudesse levar 
à identificação de quem seriam os sujeitos chamados de comerciantes, pois diziam quais eram os 
atos de comércio. Assim, o legislador editou o Regulamento 737 de 1850, onde colocou quais eram 
as atividades consideradas atos de comércio, por exemplo, compra e venda ou troca de móveis, 
operações de câmbio, banco, corretagem, empresas de fábricas e transporte de mercadorias. 
 
A crítica realizada à época era a mesma efetuada na legislação francesa, atividades 
importantes ficaram de fora da lista, o que gerava uma insatisfação e insegurança. Não foram 
colocadas atividades como prestação de serviço, negociação imobiliária e atividades rurais. 
 
O Regulamento 737 foi revogado em 1875, mas como não foi colocado nada no lugar, o seu 
rol continuou sendo relevante para solucionar os problemas e dizer quem era comerciante. Com o 
tempo, outras atividades foram sendo incluídas, como a letra de câmbio e notas promissórias. 
 
1.8 A transição dos atos de comércio 
 
Com a evolução ocasionada pelas falhas impostas no mercado em virtude da lacuna na lei, o 
sistema dos atos de comércio precisava ser substituído por uma nova doutrina, por um novo 
conceito que pudesse abarcar todos os modelos de atividades comerciais, e que não trouxesse 
prejuízo para nenhuma das partes envolvidas. 
 
Ora, no Brasil, como no mundo todo, a teoria dos atos de comércio sofreu grandes ataques e 
considerações, justamente em virtude de não conseguir alcançar o modelo proposto, tornando-se 
mais uma vez um direito de determinada classe, aqueles que estavam contidos dentro das 
atividades consideradas pela lei. 
 
 
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Contudo, todos aqueles que eram colocados fora da listagem, por questão óbvia, estavam 
prejudicados e pleiteavam alteração na legislação. O Direito Comercial, apesar de ter evoluído, 
ainda encontrava falhas em seu sistema, o que resulta em uma nova fase, uma transição do 
modelo francês para o modelo italiano de Direito Empresarial, o que será estudado no próximo 
capítulo. 
 
Considerações Finais 
 
O Direito Comercial assume, como vimos, importante contorno para a definição da prática 
mercantil, não podemos pensar em uma existência do comércio sem que tenhamos uma legislação 
para disciplinar suas condutas. 
O sistema comercial de legislação reflete a aplicação de um florescimento do mercado, ou 
seja, das atividades comerciais. O renascimento do comércio na Idade Média, portanto, faz com 
que novas normas sejam editadas em virtude da necessidade de disciplinar as atividades 
desenvolvidas. Ora, é a ciência do Direito que entra em cena na evolução da humanidade, quando 
o homem social necessita de estabilização do sistema de práticas, o Direito assume determinante 
papel de manutenção da ordem. 
Contudo, a legislação deve refletir a velocidade do sistema, motivo que levou a transição do 
modelo de atos de comércio para um novo modelo, o italiano. Anteriormente, tínhamos um direito 
consuetudinário, firmado pelas bases negociais dos próprios comerciantes, após a criação do 
Estado soberano, passamos a ter um direito disciplinado universal, sendo que a intenção era 
despersonalizar e objetivar o Direito Comercial. 
A aplicação da teoria dos atos do comércio não ficou como esperavam os doutrinadores da 
época, o que resultou na necessidade de mudança. As críticas foram intensificando, atividades 
importantes não foram incluídas, e mais uma vez, como afirmado, o Direito Comercialera 
personalizado para atender a vontade de alguns em detrimento de muitos. 
Os atos do comércio precisavam estar alicerçados na prática do mercado, mas como não 
condiziam com os movimentos mercantis da época, muitos negócios praticados foram colocados 
de lado, o que resultou em uma legislação ineficiente, defrontando, mais uma vez, a necessidade 
de alteração do Direito para estabilização do sistema. 
Portanto, o Direito Comercial continua sua evolução, buscando avaliar uma teoria que 
conseguisse alcançar todas as propostas de todas as áreas, e desenvolver um regime mais justo e 
igualitário para todos os comerciantes. 
 
O Direito assume, neste estudo, várias nomenclaturas ao longo de sua evolução, como Direito Mercantil, 
Direito Comercial, e mais recentemente o Direito Empresarial. As nomenclaturas podem ser ligadas ao 
período de seu surgimento, como destacado na evolução histórica do instituto. 
 
 
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A ramificação do Direito que é responsável por estruturar e disciplinar as relações empresariais é o 
Direito Empresarial. Assim, afastam-se as demais legislações, aplicando-se este ramo do Direito para tratar 
dos atos e negócios praticados pelos empresários, sendo certo que não cuida de todas as relações, como as 
trabalhistas e consumeristas que ficam a cargo de suas próprias legislações. 
 
A origem do campo de estudo do Direito Mercantil é muito antiga, pois a prática comercial é anterior à 
própria criação das regras comerciais. No entanto, é com o renascimento do comércio na Idade Média, que 
iremos falar na criação das Corporações de Ofício e de seus estatutos, normas consuetudinárias que serviam 
para disciplinar a atividade mercantil da época, dando origem aos tribunais consulares, que eram compostos 
por membros eleitos das mesmas Corporações. 
 
O contrato praticado no Direito Empresarial ganha novos contornos. No Direito Romano, o importante 
era a estabilidade da relação, fruto da incidência do direito de propriedade. Portanto, contrato era o 
instrumento capaz de transferir a propriedade de determinada coisa, seguindo regras rígidas e devendo ser 
cumprido. No Direito Mercantil, o contrato reflete contornos de celeridade e deve ser adaptado para os novos 
negócios, pois nem sempre há transferência de propriedade, como na prestação de serviços. 
 
A evolução do Direito Mercantil continua a ocorrer, levando-nos ao estudo das teorias adotadas em 
dois momentos, na França, a teoria dos atos de comércio e na Itália, a teoria da empresa. Ambas possuíam 
como objetivo disciplinar as atividades comerciais, uma vez que o Estado soberano assumiu o dever de 
cuidar do comércio, em detrimento das Corporações de Ofício que passaram a perder influência e deixaram 
de existir. 
 
A teoria dos atos de comércio, adotada pelo Código Comercial francês em 1808, traz uma definição de 
atividades que seriam consideradas como comerciais, sendo que os sujeitos que as exercessem seriam 
considerados comerciantes. A definição poderia ocorrer com a descrição da atividade, ou com a simples 
citação em uma listagem. 
 
O Brasil, em 1850, adotou em seu Código Comercial, a teoria francesa dos atos de comércio, 
disciplinado as atividades através do Regulamento 737 de 1850, pois o próprio Código não trazia o que seria 
considerado como exercício de comércio, mas definia como comerciante quem o exercesse de forma 
habitual. 
 
Os doutrinadores em todo o mundo passaram a criticar a teoria dos atos de comércio, pois não refletia 
muitas atividades que eram praticas, como a prestação de serviço, que por não estar na lista, acabou não 
sendo considerada como comercial, o que resultou na necessidade de uma nova transição no modelo 
adotado, o que ocorreu com a criação da teoria da empresa no Direito Italiano. 
 
 
 
 
 
O Direito Empresarial, nos dias atuais, assume grandes contornos de aplicabilidade no mercado de negócios. 
Novas atividades acabam surgindo diariamente no mercado, sendo que os empreendedores têm buscado 
revolucionar o mundo financeiro. Neste sentido, importante olhar para a origem deste ramo do Direito, que 
hoje assumiu importante papel. Ora, se hoje precisamos olhar para a realidade, qual das alternativas guarda 
maior ligação com as características de origem do Direito Empresarial? 
 
a) Obrigatoriedade. 
b) Liberdade. 
c) Onerosidade. 
d) Consuetudinário. 
e) Amplitude. 
 
 
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O Direito Empresarial realmente assume um papel importante nos dias atuais. A celeridade das informações 
e condições de possibilidades de novos negócios influenciam a dinâmica do comércio. Assim, como no 
passado, o Direito precisa olhar para as relações, portanto, a base continuará sendo o direito 
consuetudinário, construído através das práticas mercantis, fazendo a alternativa “d” a resposta correta. 
 
 
 
 
 
 
Questão Objetiva 
 
Em relação ao Direito Comercial, indique qual a legislação que influenciou as normas elaboradas nos anos 
1800 com a criação da teoria dos atos de comércio: 
 
a) Código Comercial brasileiro de 1850. 
b) Código Comercial francês de 1808. 
c) Código de Comércio português de 1833. 
d) Código Comercial espanhol de 1885. 
e) Decreto brasileiro 737 de 1850. 
 
 
Em relação à evolução do Direito Empresarial, aponte a assertiva correta. 
a) A teoria dos atos de comércio, de origem francesa, permite a amplitude de aplicação da norma 
empresarial, inclusive para novas atividades. 
b) A teoria dos atos de comércio, desenvolvida na época das Corporações de Ofício, não vislumbrava 
uma aplicação para todas as atividades, sendo um direito classista. 
c) A teoria dos atos de comércio, de origem francesa, trazia um rol de atividades que poderiam ser 
entendidas como atividades mercantis, o que engessava o sistema e não incluía novas atividades. 
d) A teoria dos atos de comércio não foi adotada no Brasil, pois o Código Comercial de 1850, quando 
editado, já o foi com a referida teoria ultrapassada pelos estudiosos. 
e) A teoria dos atos de comércio, de origem desconhecida, trazia um rol de atividades a serem 
aplicados no Direito Empresarial, sendo que as atividades comerciais seriam somente aquelas que 
estivessem na listagem desenvolvida pelo poder público. 
 
A nomenclatura adotada no início do desenvolvimento do Direito Empresarial era: 
a) Direito Empresarial. 
b) Direito Comercial 
c) Direito Cambiário 
d) Direito Mercantil. 
e) Ius mercatorum. 
 
Questão Discursiva 
 
O que é a teoria dos atos de comércio? 
 
 
Explique a origem do Direito Empresarial. 
 
 
 
 
 
 
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Direito Empresarial, André Santa Cruz Ramos – Excelente doutrina para o aprofundamento do Direito 
Empresarial, desde a origem até os institutos específicos, muito utilizada por acadêmicos na graduação e por 
profissionais que prestam concurso público. 
 
 
 
 
 
SANTA CRUZ, André. Direito Empresarial. 9ª Ed. São Paulo, Método. 2019. 
 
 
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UNIDADE I 
CAPÍTULO 2 – A TEORIA DA EMPRESA 
 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ A necessidade de um novo momento no Direito Empresarial; 
✓ A teoria da empresa; 
✓ Como ocorreu a evolução da aplicação da teoria da empresa no Brasil; 
✓ A adoção da teoria da empresa no Brasil, oficialmente pela legislação; 
✓ O Direito Empresarial como ciência autônoma; 
✓ As características do Direito Empresarial; 
✓ Os institutos do Direito Empresarial; 
✓ A necessidade de diálogo do Direito Empresarial com o ramo civilista. 
 
 
Introdução 
 
A evolução do Direito Empresarial continua na história, a aplicação da legislação atual é diferente 
dos atos de comércio. A teoria francesa não conseguia alcançar todas as atividades desenvolvidas 
pelo homem, muitos comerciantes ficavam de fora dos benefícios trazidos pela legislação 
comercial. 
 
Foi nesse momento que surge nova teoria no mundo empresarial, visando a avançar no 
Direito, como ciência e com características próprias, mas ao mesmo tempo alcançar todas as 
atividades possíveis. 
 
O novo momento passava pela necessidadede entendimento do Direito como disciplinador 
de um fenômeno econômico, mais célere e eficaz. As dificuldades de adaptação do Direito como lei 
em relação ao mundo o qual está inserido motivaram os doutrinadores a elaborarem uma nova 
teoria. A teoria da empresa não pode ser confundida como mera repetição da anterior, pois renova 
os institutos e altera a forma de aplicação. 
 
Ao adotar a teoria da empresa, o Direito não mais visa a uma atividade, mas ao fenômeno 
dessa atividade, como ela é exercida, sobretudo de forma profissional e organizada, entregando 
elementos, institutos e características próprias. Ora, se não fosse assim, não poderíamos pensar 
no ramo empresarial com uma doutrina autônoma dos demais ramos jurídicos. 
 
Sua autonomia não retira a necessidade de enquadramento dentro de um ordenamento 
jurídico. Portanto, o Direito Empresarial deve sempre dialogar com outros ramos, para juntos 
formarem um complexo mecanismo de disciplina da vida humana e de suas atividades dentro de 
uma sociedade. 
 
Dessa forma, é necessário compreender essa nova teoria do Direito Empresarial, pois é ela 
que vai determinar os caminhos a serem seguidos e disciplinar o fenômeno da atividade econômica 
dentro do Estado, bem como trazer para dentro do mundo jurídico, a celeridade das relações 
empresariais, com características e institutos próprios que o diferenciam dos demais ramos, dando-
lhe autonomia e exigindo adequação ao mesmo tempo. 
 
17 
 
 
 
2.1 Um novo momento no Direito Empresarial 
 
O avanço da história, sobretudo a Revolução Industrial, culminou com o surgimento de inúmeras 
outras atividades que não estavam elencadas nos atos de comércio. Assim, recordando que a 
crítica em relação à teoria dos atos de comércio era a não previsão de todas as atividades 
comerciais, no momento em que acontece a Revolução Industrial e infinitas novas atividades 
surgem, a real necessidade de uma teoria ficou explicitamente demonstrada. 
 
Portanto, o Estado, que passou a ser detentor do poder de normatizar as relações jurídicas 
comerciais, frente a esse processo de industrialização, necessitou transformar a norma até então 
aplicada e, mais uma vez, o Direito Empresarial passaria por uma grande evolução. 
 
No ano de 1942, exatamente 134 anos após a entrada no mundo da teoria dos atos de 
comércio com o Código Comercial francês em 1808, temos a edição, na Itália, de um novo Código 
Civil, e este por sua vez traz uma nova realidade para o Direito Empresarial, uma teoria que 
abarcaria todas as atividades comerciais, sem, contudo, trazer qualquer tipo de listagem, uma 
norma que idealizada em momento anterior, continua atual para as novas experiências comerciais 
que surgirem no futuro. 
 
O Código Civil italiano trouxe ainda uma unificação do direito privado, percebam que o Direito 
francês realizou uma separação, havia o Código Comercial e Código Civil, no Direito italiano há a 
junção em uma mesma codificação de ambos os assuntos. 
 
O Direito Comercial, no Código Civil italiano, não mais será uma lei do comerciante, mas uma 
norma que disciplina a empresa, avançando na questão da objetividade do Direito Empresarial, que 
não deve olhar o sujeito que pratica a atividade, mas sim cuidar de todas as relações empresariais 
desenvolvidas. 
 
A teoria da empresa, ao contrário da teoria dos atos do comércio, não cuida de disciplinar 
atividades listadas, mas expõe uma atividade econômica organizada, um complexo de situações 
que são desempenhadas para obtenção da classificação como empresa, buscando romper a 
barreira da limitação imposta pelos atos de comércio disciplinados, e dando maior amplitude aos 
métodos empregados de normatização do Direito Empresarial. 
 
 
 
A teoria da empresa revoluciona o Direito Empresarial, pois atinge exatamente o ponto de crítica da teoria 
anterior, trazendo para dentro da realidade da norma empresarial, todas as atividades possíveis, tornando 
igualitária a aplicação dos institutos e elementos do Direito Empresarial. 
 
 
 
 
 
18 
 
2.2 A teoria da empresa 
 
Definir o que é uma empresa é muito difícil para o Direito, estamos tratando com uma situação que 
é extremamente célere, novas modalidades surgem todos os dias, sendo que o Direito como 
legislação não consegue acompanhar todos esses movimentos. No entanto, ao tratar da empresa, 
vamos acompanhar alguns fatores de produção: natureza, capital, trabalho e tecnologia. 
 
A norma empresarial tem a função de trazer o fenômeno econômico da empresa para dentro 
do Direito, e com isso discutir as fases e etapas que estão envolvidas dentro desse fenômeno. A 
doutrina italiana observou a empresa por várias frentes, destacando os seguintes elementos: 
 
a) Perfil subjetivo: a empresa seria uma pessoa, seja ela física ou jurídica, trazendo a figura do 
empresário. 
b) A empresa seria uma força em movimento, onde sua atividade é dirigida para alguma 
finalidade econômica organizada. 
c) Perfil objetivo: conjunto de bens destacado para que a empresa realizasse a atividade 
econômica organizada. 
d) Perfil corporativo: onde teremos a união do empresário e dos seus funcionários para a 
busca de um fim econômico em comum. 
 
Nos dias atuais, não mais utilizamos a última definição, própria de outra época, mais voltada 
para o sentido de colaboração na corporação dos auxiliares. Atualmente, os três primeiros 
elementos, subjetivo, objetivo e funcional acabam se relacionado com as definições de empresário, 
estabelecimento empresarial e atividade empresarial. 
 
Assim, a empresa, fenômeno do mundo comercial, acaba sendo absorvida pelo Direito, onde 
ganha a expressão de atividade econômica organizada. Neste meio de atividade organizada, a 
empresa realiza a administração dos fatores de produção, natureza, trabalho, capital e tecnologia. 
 
 
Procure saber mais sobre os ramos do direito privado, como a junção deles que cuida da vida dos indivíduos 
que compõem o Estado. 
 
 
 
2.3 A adoção da teoria da empresa no Brasil 
 
Após a edição da teoria da empresa, no Código Civil italiano em 1942, o Direito brasileiro se voltou 
para estudar essa nova realidade. Na década de 60 já podemos visualizar a opção pela teoria 
formulada na Itália. Ora, a mudança é que a noção de ato de comércio vai dando lugar à disciplina 
de atividade empresarial. 
 
 
19 
 
O poder judiciário brasileiro, na contramão da legislação, passou a adotar a teoria da 
empresa, deferindo medidas, como a concordata, para atividades que não estavam contempladas 
nos atos do comércio previstos no Regulamento 737 de 1850. Nesse aspecto, importante destacar 
que a adequação de determinada atividade como comerciante era importante para dar direito a 
determinadas medidas, como a renovatória compulsória do contrato de aluguel. Assim, a mudança 
pela jurisprudência de aplicação da teoria prevista na legislação passou a auxiliar e proteger maior 
número de interesses. 
 
Outras legislações que foram editadas no Brasil após 1942 tomaram como base a teoria da 
empresa, como o Código de Defesa do Consumidor, lei 8.078/1990, que trouxe um conceito de 
fornecedor bem amplo, onde já se enquadravam inúmeras atividades que anteriormente eram 
negligenciadas. 
 
Portanto, como podemos observar, a passagem da teoria dos atos de comércio para a teoria 
da empresa no Brasil demorou um determinado período de tempo, não ocorrendo imediatamente 
ao mesmo tempo da formulação na doutrina italiana. 
 
2.4 O novo Código Civil de 2002 
 
O Código Comercial de 1850, na parte da teoria dos atos de comércio, ficou vigente até a entrada 
em vigor do Código Civil de 2002, que seguindo a inspiração do Código Civil italiano de 1942, 
adotou em seu texto a teoria da empresa de forma explícita, não deixando mais dúvidas acerca de 
sua adoção em território brasileiro. 
 
Na nova lei desaparece a figura de comerciante e surge um novo personagem, o empresário. 
A incidênciada norma empresarial foi definitivamente delimitada pela teoria da empresa. Dessa 
forma, os elementos caracterizadores de empresa a serem estudados em capítulo futuro passaram 
a identificar o campo de atuação da norma de Direito Empresarial. 
 
Não se falando mais em comerciante, pois não há atividade comercial, mas fala-se, agora, 
em empresário, pois temos atividade empresarial, aquela onde existe o exercício profissional de 
atividade economicamente organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, 
conforme o artigo 966 do Código Civil de 2002. 
 
Portanto, o Código Civil de 2002, afastando o deficiente critério da teoria dos atos do 
comércio, acaba finalizando um período de transição no Direito Empresarial brasileiro, permitindo 
que atue devidamente em compasso com os padrões internacionais de legislação e segurança das 
atividades empresariais. 
 
2.5 Autonomia do Direito Empresarial 
 
Primeiramente, fazemos a divisão entre direito objetivo e subjetivo, o primeiro é o conjunto de 
normas, o segundo, a possibilidade de o sujeito agir em conformidade com essas normas. Assim, 
direito objetivo compreende a junção de todas as normas de um determinado país, formando o que 
chamamos de ordenamento jurídico. 
 
 
20 
 
Assim, o ordenamento jurídico deve ser organizado para uma melhor aplicação. Portanto, 
temos a divisão das normas, segundo determinados critérios de aglutinação. São esses os critérios 
que permitem a divisão do Direito em ramos diferentes, como Direito Civil, Penal, Processo Civil e 
Direito Empresarial. 
 
Assim, após estabelecer as premissas históricas do Direito Empresarial, podemos concluir 
que, através de sua evolução, ele recebe status de disciplina autônoma, ou seja, ramo autônomo 
do Direito, onde há a possibilidade de formar um conjunto de normas que disciplinam o mesmo 
aspecto de atuação da vida social, ou seja, as atividades econômicas e aqueles que a exercem. 
 
No entanto, não podemos jamais afirmar que por ser o Direito Empresarial um ramo 
autônomo, ele não possui diálogo com outras áreas do Direito, principalmente o Direito Civil. A 
ligação entre os ramos do direito privado, principalmente, são imensas, muitas vezes o Direito 
Empresarial se utiliza dos conceitos emanados do Direito Civil, como o conceito de capacidade, 
fazendo com que exista uma harmonia entres os setores do Direito e ordenamento jurídico como 
um todo, ressaltando que todos devem obedecer à norma suprema, que é a Constituição Federal 
de 1988. 
 
O Direito Empresarial, apesar de autônomo, deve dialogar com outros ramos do Direito, sobretudo o Direito 
Civil, pois é dele que são retirados muitos conceitos para concretizar os seus institutos, ambos os ramos 
fazem parte do direito privado. 
 
 
 
 
Assim, pode-se dizer que cabe ao Direito Civil, como bem destacava o art. 1° do Código Civil de 1916, a 
disciplina geral dos direitos e obrigações de ordem privada, concernentes às pessoas, aos bens e às suas 
relações, sendo, ademais, fonte normativa subsidiária para os demais ramos do Direito. Já ao Direito 
Empresarial cabe, por outro lado, a disciplina especial dos direitos e obrigações de ordem privada, 
concernentes às atividades econômicas organizadas (antes: atos de comércio; hoje: empresas). (SANTA 
CRUZ, 2019, p. 33) 
 
 
Ora, o direito privado possui uma imensa ligação, enquanto o Código Civil disciplina de forma 
geral as relações subjetivas mantidas pelas pessoas. Por outro lado, o Direito Empresarial cuidará 
do fenômeno econômico, o que exige normas próprias que não podem ser colocadas em conjunto 
com outras disciplinas. 
 
Muito vimos da evolução histórica do Direito Empresarial, enquanto discutimos Corporações 
de Ofício, teoria dos atos de comércio, até chegarmos à teoria da empresa. Percebemos que os 
elementos que são discutidos no ramo empresarial são outros daqueles utilizados pela norma geral 
civilista. 
 
21 
 
 
Portanto, a Direito Empresarial se torna um ramo especial para disciplinar a atividade 
econômica, integrando o rol das disciplinas do direito privado, apoiando-se em conceitos do Direito 
Civil e dialogando com diversas normas e áreas do Direito, mas sempre mantendo sua autonomia 
enquanto ciência e disciplina. 
 
Durante muito tempo, antes do florescimento das atividades comerciais, o Direito Civil foi o 
ramo predominante no direito privado. Contudo, as mudanças das condições fáticas vividas pela 
sociedade, acabaram exigindo a separação de institutos e criando novos meios de disciplinar a 
atividade econômica, que conforme crescia, precisava ser estudada de forma separada. Dessa 
forma, a autonomia do Direito Empresarial, fato comprovado, foi uma conquista e necessidade do 
ordenamento jurídico, trazendo mais segurança jurídica para as relações empresariais. 
 
 
2.6 Características do Direito Empresarial 
 
Desde sua origem, como vimos, o foco do Direito Empresarial já recebeu contornos diferentes 
daqueles exarados na norma geral civilista, o que o fizeram receber o status de disciplina 
autônoma. Portanto, faz-se necessário estudar tais elementos formadores das características do 
ramo empresarial. 
 
Imediatamente, quando nos referimos ao Direito Empresarial, estamos falando de um ramo 
que tem caráter de união econômica, e consecutivamente de união de povos diferentes. Esse fato 
nos traz a característica do cosmopolitismo do Direito Empresarial, fator de demonstração da 
intensa relação internacional entre os sujeitos, prova disso são os inúmeros acordos internacionais 
de comércio existentes, como a Convenção de Genebra, que criou uma unificação de disciplina 
sobre títulos de crédito. 
 
A onerosidade também é característica importante, uma vez que há a necessidade de gastos 
para o exercício da atividade econômica, a busca pelo lucro é consequência óbvia do exercício da 
atividade empresarial, não podendo ser diferente, já que o sistema é criado para aferição de 
lucratividade. 
 
O informalismo, que nos remete aos primórdios do Direito Mercantil, faz com que 
entendamos a agilidade e flexibilidade do ramo empresarial, onde as relações são construídas com 
uma dinâmica muito maior que em outros tipos de relação, como no direito público, onde existem 
diversos métodos e caminhos a serem seguidos. 
 
Podemos afirmar que o Direito Empresarial é fragmentado, essa característica é fruto de 
outros sub-ramos que nascem do primeiro, como o direito falimentar, societário, cambiário, entre 
outros. 
 
O Direito Empresarial está, pela sua evolução histórica, em constante mudança, o que traz a 
característica da elasticidade, pois deve sempre acompanhar as alterações sociais e do mercado o 
qual está inserido e, ao mesmo tempo, dialogar com outros ramos do direito privado. 
 
Portanto, percebemos que o Direito Empresarial possui características marcantes próprias, 
que reforçam a sua autonomia, apesar de ter que dialogar com outras divisões, guarda 
 
22 
 
independência em seus institutos jurídicos, mantendo sempre sua disciplina própria das atividades 
econômicas e das relações empresariais. 
 
2.7 Institutos jurídicos 
 
Como é característico do todos os ramos do Direito, quando falamos nas relações empresariais é 
preciso destacar alguns institutos que compõem o objeto de estudo. Ora, os institutos serão 
estudados ao longo da disciplina de Direito Empresarial, pois todos eles merecem destaque 
próprio, pois compõem o fenômeno econômico aqui disciplinado. 
 
Assim, no Direito Empresarial, possuímos as sociedades anônimas, os títulos de crédito, 
falência, recuperação judicial, marcas e patentes, todos recebem disciplina própria, mas fazem 
parte deste, que disciplina todos os aspectos da atividade econômica e de quem a exerce. 
 
 
2.8 O Direito Civil e o Direito Empresarial 
 
Estudar o Direito Empresarial é olhar também para o Direito Civil. Após ter visto as características e 
elementos que afirmam a independênciadeste ramo, não podemos esquecer que o Direito Civil é 
importantíssimo para complementar as lacunas contidas na relação empresarial. 
 
Ora, na realização de um contrato, a necessidade de partes capazes para sua concretização, 
leva-nos a olhar o que o Código Civil aponta como capacidade, quem são os capazes na vida civil, 
e assim olharemos para os artigos 3° e 4° da legislação civilista. Dessa forma, não há participação 
sozinha do ramo empresarial no mundo jurídico. 
 
O fenômeno comercial disciplinado pelo Direito Empresarial deve ser visto como um todo, ou 
seja, olhado desde suas características, e passando pelas relações com outros ramos, percebendo 
que sua autonomia não o torna supremo aos demais, mas sim igualitário, complementando e 
sendo complementado. 
 
O ordenamento jurídico deve ser pensando como um todo, não pode haver diferenças entre 
as normas que não permitam suas existências simultâneas. Assim, todos os direitos previstos no 
ramo empresarial, devem, antes de tudo, serem inseridos em consonância com as demais áreas do 
Direito, não ocasionado uma instabilidade no sistema. 
 
Destacar a necessidade de aplicação simultânea do Direito Civil e do Direito Empresarial é 
necessário para entender que, ainda que o segundo tenha vindo do primeiro, e mesmo após a 
decretação da sua autonomia como ciência, não podemos vislumbrar um Direito Empresarial que 
não esteja apoiado e que necessite do Direito Civil para dar maior segurança jurídica e estabilidade 
ao sistema. 
 
Apesar terem princípios próprios, como veremos no próximo capitulo, não podemos separar 
ambos os ramos sob a pena de invalidade do sistema. Portanto, a melhor técnica exige uma 
coesão entre as regras do Direito Empresarial e do Direito Civil, proporcionado, como afirmado 
anteriormente, maior segurança jurídica para as atividades empresariais e para quem as exerce. 
 
 
23 
 
Considerações Finais 
 
Ao olhar o estudo do Direito Empresarial, bem como sua evolução, já passamos a notar a 
importância que este ganha no mundo jurídico. O fenômeno econômico a ser disciplinado, não 
poderia ser tratado por outro ramo do Direito, o que nos trouxe até à criação da norma empresarial 
e sua autonomia enquanto ciência própria. 
Olhar o Direito Empresarial sozinho não produz o efeito correto, precisamos perceber que 
este é uma engrenagem no meio de todo o ordenamento jurídico, deve dialogar com outros ramos, 
como outras normas, sobretudo com a Constituição Federal de 1988, que é a norma máxima de 
todo o ordenamento jurídico. 
Portanto, esta área não mais é olhada como meros atos a seres disciplinados que, como já 
analisamos no capítulo anterior, não passava de uma continuação de um direito classista, pois 
favorecia a uns, enquanto prejudicava outros. A mudança deveria ser capaz de alcançar o maior 
número possível de indivíduos e atividades. 
Nesse sentido, a norma se renova até a teoria da empresa, um novo modelo do Direito 
Empresarial, visando à atividade econômica desenvolvida, e não ao ato praticado. A organização 
ganha papel importante, não podemos pensar em uma atividade a ser disciplinada pelo Direito 
Empresarial que não seja organizada, que não possua uma linha de pensamento por quem a 
pratica, o empresário. 
No entanto, a teoria da empresa demorou determinado tempo para ser aplicada em larga 
escala, tendo em vista que sua formação se deu em 1942, com o Código Civil italiano. No Brasil, 
ainda antes da reforma do Código Civil, já sentíamos a necessidade de alteração, o que levou os 
doutrinadores e o poder judiciário a defenderem a aplicação da teoria, alterando a forma de 
aplicação da lei vigente à época, para transformar o Direito em um modelo mais justo e igualitário 
dentro do ramo empresarial. 
Importante destacar que, o que se busca com as alterações legislativas e adoção de uma 
teoria, nada mais é que a segurança jurídica, a igualdade entre os sujeitos, que os atores do 
mundo empresarial possam exercer suas atividades com igualdade de direitos, podendo todos 
utilizar dos mesmos institutos e situações da norma empresarial. Restringir a norma para 
determinadas atividades, ao contrário, atrasaria a evolução econômica e sobrecarregaria o sistema 
judiciário. 
Portanto, a alteração foi necessária e correta, um novo Direito Empresarial focado na 
atividade econômica organizada, nos elementos e características que são próprios deste ramo 
específico, dialogando com outras áreas, mas mantendo sua autonomia de disciplinar o fenômeno 
da atividade econômica. 
 
 
24 
 
 
 
Após a teoria dos atos do comércio, havia a necessidade de um novo momento no Direito Empresarial, uma 
forma de trazer para dentro da regra, inúmeras atividades que não eram beneficiadas pela norma comercial 
anterior, o que gerava uma dificuldade de igualdade e de evolução no universo econômico. 
 
Assim, o Código Civil italiano de 1942 inaugura uma nova etapa no mundo do Direito Empresarial, pois 
apresentou ao mundo jurídico a teoria da empresa, não focada em atos de comércio, como a teoria antiga, 
mas na atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou serviços, forma que seria 
capaz de adequar as inúmeras atividades existentes dentro da norma empresarial. 
 
No Brasil, a teoria foi muito bem vista, mas o Código Comercial ainda adotava a teoria dos atos de 
comércio, motivo que levou, após 1942, os doutrinadores e juristas a adotarem a teoria da empresa, ainda 
que não estivesse formalmente na legislação. As decisões judiciais passaram a observar que teorias e novas 
legislações foram surgindo com esse conceito, como o Código de Defesa do Consumidor, em 1990. 
 
Com o Código Civil de 2002, o Brasil adotou oficialmente a teoria da empresa, passando a disciplinar a 
atividade econômica organizada, e não olhar mais para os atos de comércio praticado. A instalação do novo 
regime trouxe inúmeros benefícios para o Direito Empresarial, pois alargou a possibilidade de utilização de 
institutos, como falência e recuperação judicial, para muitas atividades que antes viviam à margem da 
legislação. 
 
O Direito Empresarial foi, ao longo da história, desenvolvendo inúmeros conceitos e atributos próprios, o 
que o levou a ser considerado uma ciência autônoma, uma disciplina própria do Direito, com legislações e 
institutos que fazem parte deste ramo que visa a disciplinar o fenômeno da atividade econômica. 
 
Por ser uma ciência própria, guarda características e elementos identificadores específicos, são eles: 
cosmopolitismo, onerosidade, informalismo, fragmentarismo e elasticidade. Tais elementos não podem ser 
retirados da disciplina empresarial, pois fazem parte daquilo que a diferencia dos demais ramos, tornando-a 
própria e autônoma. 
 
Além dessas características, o Direito Empresarial possui institutos próprios, formando sub-ramos dentro 
desta disciplina, como a falência, títulos de crédito, recuperação judicial, entre outros. Esses institutos, muitas 
vezes regulados por leis próprias, continuam dentro do ramo do Direito Empresarial, pois é ele que regula a 
atividade econômica organizada. 
 
Apesar dessa autonomia, o Direito Empresarial deve dialogar com outras legislações, sobretudo com o 
Código Civil, pois retira dele muitos conceitos para concretizar seus institutos, sendo que ambas as 
legislações pertencem à divisão do direito privado, disciplinando a vida dos sujeitos, o Código Civil, as 
obrigações e deveres dos indivíduos e do Direito Empresarial e a atividade econômica praticada pelos 
empresários. 
 
 
 
Para saber um pouco mais e ter contato com um instituto de Direito Empresarial, a falência, você pode visitar 
o seguinte link e visualizar a lei que trata de forma específica sobre ele. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
 
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O Direito Empresarial enquanto ciência autônoma cuida de um determinadoaspecto da vida social. Ora, o 
Direito é idealizado para cuidar de todos os indivíduos que compõem uma determinada sociedade, bem 
como disciplinar suas atividades. É exatamente neste momento que entra em cena a norma empresarial, 
cuidando do aspecto econômico dentro de um determinado Estado. Indique abaixo a teoria e o aspecto que 
importam ao Direito Empresarial; 
 
a) O Direito Empresarial cuida da formação da empresa, ficando as relações por ele mantidas à luz de 
outros ramos, a teoria por ele adotada nos dias atuais é a teoria dos atos de comércio. 
b) A teoria da empresa foi adotada pelo Direito Empresarial moderno, sendo que este somente cuida, 
conforme esta teoria, de determinadas atividades listadas no Código Civil de 2002. 
c) A teoria dos atos de comércio, de criação italiana, disciplina um número de atividades específicas, e 
é utilizada pelo Direito moderno no ramo empresarial. 
d) A teoria da empresa, de criação italiana, foi adotada pelo Código Civil de 2002 no Brasil, e tem como 
objeto, para o Direito Empresarial, a disciplina do fenômeno das atividades econômicas. 
e) O Brasil adota atualmente a teoria dos atos de comércio, de origem francesa, sendo que as 
atividades praticadas são conceituadas de forma aberta, não havendo listagem, como era na teoria 
da empresa. 
 
Para resolver esta questão, as informações importantes residem nas teorias aplicadas: a teoria dos atos de 
comércio, de origem francesa, visa a somente determinadas atividades eleitas em uma lista própria, 
enquanto a teoria da empresa tem origem italiana, e visa à atividade econômica organizada, aplicando-se 
todas as atividades. O Brasil adota no Código Civil de 2002, a teoria da empresa. Dessa forma, a alternativa 
correta seria a letra “d”. 
 
 
 
 
 
Questão Objetiva 
 
Assinale a alternativa que corresponda à teoria adotada pelo Código Civil de 2002. 
 
a) Teoria dos atos de comércio. 
b) Teoria da empresa. 
c) Estatutos comerciais. 
d) Tribunais consulares. 
e) Direito subjetivo. 
 
 
Assinale a assertiva que melhor se amolda às diretrizes do Direito Empresarial. 
a) A teoria da empresa, anterior à teoria dos atos de comércio, trazia um rol de atividades a serem 
seguidas pelo universo econômico, somente seria atividade comercial aquela que estivesse na 
listagem definida. 
b) A teoria da empresa foi devidamente adotada já no Código Comercial de 1850, pois este já foi 
editado com a queda da teoria dos atos do comércio. 
 
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c) A teoria da empresa, de origem italiana, traz um rol de atividade que podem ser consideradas como 
comerciais e já foi adotada pelo Código Civil de 2002. 
d) A teoria da empresa, adotada no Código Civil de 2002, tem origem italiana, e amplifica o alcance da 
norma empresarial, visando a disciplinar a atividade econômica organizada para produção ou 
circulação de bens e serviços. 
e) A teoria da empresa não substitui a teoria dos atos de comércio, mas a complementa, tendo o 
ordenamento jurídico brasileiro adotado ambas as teorias em suas legislações. 
 
Assinale a alternativa que aponta a assertiva incorreta. 
a) A teoria da empresa, de origem italiana, traz a disciplina da atividade econômica organizada para 
produção ou circulação de bens ou serviços. 
b) A teoria da empresa, adotada no Brasil no Código Civil de 2002, é posterior à teoria dos atos de 
comércio e a substitui nas legislações de Direito Empresarial. 
c) A teoria da empresa, adotada no Brasil no Código Civil de 2002, não substitui a teoria dos atos de 
comércio, mas a complementa, pois traz novas atividades comerciais. 
d) A teoria da empresa aumenta o campo de incidência da norma de Direito Empresarial, permitindo 
que seus institutos possam ser aplicados a mais atividades. 
e) A teoria da empresa, posterior à teoria dos atos do comércio, substitui esta nas legislações, retirando 
as listagens de atividades e inserindo um conceito amplo de regramento da atividade econômica em 
si, e não mais visando a disciplinar o comerciante, mas sim a empresa. 
 
 
Questão Discursiva 
 
Descreva a teoria da empresa. 
 
Indique a adoção da teoria da empresa no Brasil. 
 
 
 
 
 
Direito Empresarial, André Santa Cruz Ramos – Excelente doutrina para o aprofundamento do Direito 
Empresarial, desde a origem até os institutos específicos, muito utilizada por acadêmicos na graduação e por 
profissionais que prestam concurso público. 
 
 
 
SANTA CRUZ, André. Direito Empresarial. 9ª Ed. São Paulo, Método. 2019. 
 
 
27 
 
UNIDADE I 
CAPÍTULO 3 – PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL 
 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ Necessidade da existência de princípios no Direito; 
✓ Livre-iniciativa; 
✓ Função social da empresa; 
✓ Livre concorrência; 
✓ Existência de diversos tipos de empresas; 
✓ Tratamento da microempresa e empresa de pequeno porte; 
✓ Preservação da empresa; 
✓ Demais princípios a serem aplicados no Direito Empresarial. 
 
 
Introdução 
 
Todo ramo do Direito tem uma ligação imediata com princípios. Não podemos pensar em um 
ordenamento jurídico que não possua princípios capazes de resolver litígios e de nortear as 
criações de leis pelo poder legislativo. 
 
Dessa forma, o Direito Empresarial possui seus princípios próprios, voltados para a disciplina 
do mercado e construção de uma atividade empresarial com segurança e condições de 
concorrência por diversos atores. Ora, a preocupação do Estado vai além de simplesmente fazer 
leis que tratam como as empresas devem funcionar, ou até mesmo como seria o mercado 
empresarial. O poder público deve pensar no mercado como um todo, visualizando os 
consumidores e sujeitos que estarão participando da criação do fenômeno econômico. 
 
Para tanto, os princípios empresariais permitem que o mercado cresça, mas com justiça e 
igualdade, com inúmeras atividades, pois não poderá o Estado limitar a quantidade de profissões, 
nem favorecer determinadas empresas mais fortes economicamente em detrimento dos menores 
empresários, a lei deve olhar para todos e possuir elementos que consigam permitir que todos 
participem da construção do mercado financeiro. 
 
“O particularismo do Direito Mercantil revela-se também pela existência de princípios próprios, impostos 
pelas exigências econômicas, que lhe atribuem almejada dignidade científica”. (SANTA CRUZ, 2019, p. 35) 
 
 
O consumidor deve possuir ampla oferta de produtos e serviços. Os princípios do Direito 
Empresarial visam a garantir tal direito, não apenas sendo aplicados no momento do litígio, mas 
durante todo o caminho do mercado econômico, na criação das empresas, início de determinadas 
profissões, impedimento de condutas, realização de legislações e resolução de conflitos. Os 
princípios estão em todo o momento, auxiliando e construindo o sistema. 
 
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Portanto, é de extrema importância conhecer os princípios a serem aplicado na Teoria Geral 
do Direito Empresarial, pois a construção do sistema de normas que disciplinam o fenômeno da 
atividade econômica organizada, sem dúvidas, passa pela aplicação de princípios específicos 
deste ramo do Direito que irão controlar, juntamente com a legislação, as condutas das empresas e 
dos empresários. 
 
 
3.1 A necessidade de princípios 
 
Antes de iniciarmos as discussões dos princípios empresariais, precisamos compreender a 
importância que estes possuem dentro de um sistema. Já falamos que o Direito é composto de um 
ordenamento jurídico, este é a reunião de todas as legislações de um determinado território. Assim, 
a união dessas leis deveria ser capaz de resolver todos os problemas da vida em sociedade. 
 
Ora, o ser humano naturalmente irá desenvolver conflitos, a vida em sociedade é produtora 
de litígios, em virtude das pretensões dos indivíduos encontrarem obstáculo nas expectativas dos 
demais indivíduos. Dessa forma, é necessário pacificar os conflitos, momento em que a norma é 
acionada. 
 
Nesse sentido, a norma é criada de forma genérica, não tem porbase um caso concreto, mas 
deve solucionar estes quando do momento de sua aplicação. Portanto, temos uma lei genérica 
para solucionar casos concretos, o que traz a dificuldade de imaginação da infinidade de 
problemas e casos que podem surgir e que talvez a norma não se adeque. 
 
Assim, o princípio assume papel importante na adequação da norma, pois são valores muito 
específicos, criados pelo próprio sistema para dar validade e propiciar a aplicação correta das 
normas. É verdade que a preferência de aplicação é da norma em si, mas ela própria recebe em 
sua criação a influência dos princípios, pois eles balizam todo o sistema. 
 
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 170, traz os princípios a serem aplicados no 
Direito Empresarial, importantes para a consecução da atividade econômica, são citados a livre-
iniciativa, livre concorrência, propriedade privada e autonomia da vontade, todos devem ser 
aplicados conjuntamente, não somente na criação das leis, sobretudo nas relações cotidianas 
desempenhadas pelos próprios indivíduos. 
 
Portanto, faz-se importante estudar todos esses princípios que ganham notoriedade própria 
dentro do Direito Empresarial, que como ciência autônoma e célere, utiliza-se destes para melhorar 
as relações empresariais e manter a segurança jurídica nas atividades econômicas desenvolvidas. 
 
3.2 A livre-iniciativa 
 
À luz de Fábio Ulhoa Coelho, podemos citar quatro importantes aspectos da livre-iniciativa (SANTA 
CRUZ, 2019): 
 
a) Necessidade de existência da empresa privada para que os indivíduos possam ter acesso 
aos bens e serviços que desejam; 
 
29 
 
b) Lucratividade como combustível para o exercício da atividade econômica pelos 
empresários; 
c) Importância da criação de normas que protejam os investimentos realizados pelos 
empresários; 
d) Reconhecer a empresa como fenômeno econômico que gera empregos e riqueza para a 
sociedade que está inserida. 
 
 
A livre-iniciativa pode ser restringida dependendo da exigência de qualificação profissional, no caso de 
profissões regulamentadas, e na necessidade de autorização do poder público para funcionamento de 
determinada atividade. 
 
 
O artigo 170 da Constituição Federal de 1988 nos traz que “a ordem econômica, fundada na 
valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa”, ou seja, temos uma disposição constitucional 
expressa acerca da necessidade de livre-iniciativa no mundo empresarial, recordando que o Direito 
aqui estudado deve se curvar às disposições das normas constitucionais, pois estas lhe são 
superiores. 
 
No próprio artigo citado, em seu parágrafo único, temos a previsão de “livre exercício de 
qualquer atividade econômica”, garantindo, mais uma vez, a necessidade de permitir que os 
indivíduos possam iniciar seus projetos empresariais, independente do gênero, de forma livre, sem 
que o poder público faça restrições indevidas e impeça o desenvolvimento econômico do país. 
 
Contudo, como nenhuma outra garantia, a livre-iniciativa não é absoluta, pois o próprio texto 
constitucional, artigos 5°, XIII e 170, parágrafo único, trazem possibilidades de limitação, quando 
houver exigência de determinada qualificação profissional, ou, excepcionalmente, autorização do 
poder público para desenvolvimento da atividade. 
 
3.3 Função social da empresa 
 
A combinação da proteção constitucional da propriedade privada e da função social da propriedade 
remete-nos ao princípio da função social da empresa, este muito discutido entre os doutrinadores, 
pois não há maiores definições, dependendo de forte caráter interpretativo para seu entendimento. 
 
Precisamos compreender que a empresa é uma atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou serviços, sendo a pessoa que a exerce, o empresário e este 
pode ser pessoa jurídica ou física. Em outro aspecto, temos o estabelecimento empresarial, 
conjunto de bens organizados para a persecução do objetivo econômico em comum, este conjunto 
é utilizado no exercício da empresa. 
 
Ao falar de função social da empresa, temos que olhar para a atividade empresarial, e em 
que sentido ela ficaria satisfeita nos aspectos de busca da lucratividade pelo empresário. Ora, tem-
se entendido que para respeitar esse princípio seria necessário que a empresa produzisse 
determinados tipos de comportamento, como geração de empregos, pagamento de tributos, 
 
30 
 
contribuição para o desenvolvimento econômico, social e cultural daqueles que estão à sua volta, 
respeito aos direitos dos consumidores, entre outros. 
 
Assim, a empresa precisa estar inserida na vida da comunidade que está ao seu redor. Em 
um primeiro momento, funcionários e trabalhadores, e posteriormente, dependendo de sua 
extensão, na vida da comunidade em si, com criação de projetos e métodos de desenvolvimento 
da sociedade através de sua atividade econômica, contribuindo, por meio de seu crescimento, para 
o de todos os indivíduos. 
 
Concretizando esse princípio, podemos citar o artigo 116, parágrafo único da Lei 6.404/76 
(Lei da Sociedade Anônima): “o acionista controlador deve usar seu poder com o fim de fazer a 
companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social”. Portanto, empresa não deve mirar 
somente nos interesses individuais do empresário, mas também nos difusos e coletivos. 
 
Na verdade, todos os elementos do Direito devem buscar, de uma forma ou de outra, o bem 
comum, pois é o principal meio de desenvolvimento da sociedade, permitir que todos possam 
alcançar a realização de seus projetos, sem prejudicar as idealizações dos demais. 
 
3.4 Livre concorrência 
 
O inciso IV do artigo 170 da Constituição Federal de 1988 traz de forma expressa o princípio da 
livre concorrência, sendo este uma criação de um sistema que coíba práticas desleais entre os 
empresários e que venham a dificultar o desenvolvimento econômico. 
 
Podemos citar como meios de proteção da concorrência a Lei de Propriedade Industrial 
(9.279/96) e a Lei de Defesa da Concorrência (12.529/11). As duas legislações trabalham sanções 
para condutas que atentem contra o sistema, como a formação de cartel para obter monopólio de 
produção ou circulação de bens ou serviços, o que possibilitaria um tabelamento de preço, 
prejudicando o consumidor e o nascimento de empresas concorrentes. 
 
Assim, as bases que se montam para proteção da livre concorrência estão em dois aspectos, 
a coibição de práticas desleais, por intermédio de criação de crimes de concorrência desleal, bem 
como a caracterização de condutas que seriam consideradas como abuso de poder econômico, o 
que atentaria contra a ordem econômica em si e o desenvolvimento do Estado. 
 
 
A livre concorrência tem poder para garantir uma melhor qualidade nas prestações de serviços no cenário 
econômico, é um direito do universo empresarial, existindo, inclusive, crimes de concorrência desleal. 
 
 
O artigo 173, § 4° da Constituição Federal de 1988 é explícito ao afirmar que “a lei reprimirá o 
abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e 
ao aumento arbitrário dos lucros”, o que evidentemente é cumprido pelo legislador na edição das 
leis citadas anteriormente. 
 
31 
 
3.5 Identificação dos tipos de empresas 
 
Ao analisarmos os princípios do Direito Empresarial, precisamos compreender que em todos os 
seus aspectos, as iniciativas legislativas precisam concentrar forças para a formação de um bloco 
legislativo que permita o florescimento econômico do Estado. Assim, faz-se importante identificar 
os tipos de empresas que existem no mercado, pois este é formado por grandes e pequenos 
empresários. 
 
O legislador necessita, portanto, encontrar medidas que apoiem o florescimento, sobretudo, 
dos pequenos empresários, pois grande parte do consumo depende deles, não podendo somente 
favorecer o domínio econômico dos grandes conglomerados, sob a pena da criação deum 
monopólio, o que, como vimos, é vedado pela livre concorrência. 
 
Ora, só haveria um caminho a ser seguido, garantir por medidas legislativas o bom 
andamento do mercado econômico, inserindo direitos e garantias para os pequenos empresários, 
possuindo um olhar mais estratégico e específico sobre a atividade destes, não podendo 
compreender que os movimentos realizados seriam iguais aos dos grandes empresários. 
 
Nesse sentido é extremamente proposital o mandamento constitucional de observância das 
particularidades de um sistema que procure as partes mais fracas, garantindo o desenvolvimento 
do universo econômico como um todo, e não somente das partes mais fortes economicamente. 
 
Portanto, teremos regras que beneficiam e dispensam determinados empresários do 
cumprimento de algumas obrigações, não por serem melhores, mas para terem condições de 
competir e concorrer em igualdade com todos os outros indivíduos inseridos no mercado 
econômico. 
 
 
Procure saber sobre princípios dos institutos do Direito Empresarial, como a limitação da responsabilidade 
dos sócios no Direito Societário. 
 
 
 
3.6 Microempresa e empresa de pequeno porte: tratamento 
 
Por imposição constitucional, artigo 170, IX, temos um princípio que obriga o “tratamento 
favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham 
sua sede e administração no País”, ou seja, a maior norma do ordenamento jurídico brasileiro 
determina o tratamento diferenciado, cabendo ao legislador infraconstitucional, somente obedecer 
e impor as regras a serem seguidas. 
 
Não obstante, o artigo 179 da Constituição de 1988 determina, mais explicitamente, que 
União, estados e municípios dispensem o tratamento diferenciado à microempresa e empresa de 
pequeno porte, incentivando o florescimento e desenvolvimento destas, simplificando obrigações 
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou até mesmo eliminando tais obrigações. 
 
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A edição da lei complementar 123 de 2006 é fruto desse mandamento constitucional. Nesse 
diploma legislativo, temos a reunião de todo o tratamento diferenciado a ser dispensado às 
empresas de pequeno porte e às microempresas, onde os impostos federais, estaduais e 
municipais acabaram sendo reunidos para recolhimento conjunto, facilitando a administração do 
sistema. 
 
O Simples Nacional, regime tributário simplificado e diferenciado, proporciona às 
microempresas e empresas de pequeno porte, a possibilidade de uma carga tributária reduzida e 
com menos burocracia, permitindo que possam focar em outras áreas de desenvolvimento de seus 
projetos, haja vista que muitas vezes são carentes de funcionários para desempenhar todas as 
funções necessárias em uma empresa. 
 
O favorecimento é aplicado ainda em outras áreas, como trabalhista, previdenciária, acesso 
ao crédito no mercado financeiro, preferência nas aquisições de bens ou serviços pelo poder 
público, entre outros. As medidas impostas são para impedir que o mercado seja dominado pelo 
poder econômico de alguns, mas que tenhamos uma concorrência que permita, ao mesmo tempo, 
oferta de produtos e serviços e desenvolvimento econômico para todos. 
 
3.7 Preservação da empresa 
 
A preservação da empresa é um princípio importante do Direito Empresarial, do ponto de vista que 
ele deve regular todos os aspectos da vida das atividades empresariais desenvolvidas. Assim, não 
basta garantir o nascimento e simplificações, mas também deve o legislador olhar para as 
empresas do ponto de vista de sua manutenção, criando institutos que facilitem, em tempos 
difíceis, a continuidade das atividades. 
 
Portanto, o poder judiciário e a legislação têm voltado seus olhos para essa necessidade que 
foi imposta pelo sistema, e construindo um método de preservação das empresas, podendo citar a 
Lei 11.101 de 2005 (Lei de Falência e Recuperação de Empresas). 
 
Esse princípio é utilizado ainda para fundamentar determinadas decisões judiciais em casos 
complexos, por exemplo, dissolução societária. Percebam que a necessidade do princípio está em 
não permitir que a empresa deixe de existir, o que resultaria em uma perda da capacidade de 
investimentos no mercado, diminuição de recolhimentos e principalmente fechamento de posições 
de trabalho. 
 
Quando uma empresa fecha, temos todo um impacto econômico e social no mundo a sua 
volta. Em virtude disso, famílias perdem acesso à renda, a taxa de desemprego aumenta, os 
demais empresários perdem lucratividade, pois haverá menor quantidade de fluxo de capital no 
mercado. Portanto, é melhor preservar a empresa, colocar meios para que ela não feche 
abruptamente, mas que tenha condições de restaurar sua saúde financeira, crescer e contratar 
mais e devolver ao mercado mais fluxo de capital. 
 
No entanto, a ressalva é que esse princípio jamais garanta a determinados empresários, que 
nunca possam falir, se assim fosse, as empresas poderiam ser terrivelmente administradas e 
nunca sofrerem a consequência da falência, pois sempre haveria um método de salvar os 
investimentos do empresário. A empresa que não tem uma boa administração traz muitos prejuízos 
 
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ao mercado, pois seus credores não recebem, consequentemente pode levar outras empresas a 
terem problemas financeiros, portanto, em certos casos, a falência será a melhor situação a ser 
aplicada. 
 
3.8 Princípios complementares 
 
Como já destacamos, o Direito Empresarial possui diversos pontos inferiores, como Direito 
Societário, Cambiário, entre outros. Assim, é necessário entender que existem outros princípios 
específicos de cada ponto da existência dos institutos deste ramo do Direito. 
 
Ora, no Direito Societário, temos o princípio da limitação da responsabilidade dos sócios, este 
não está contido na relação dos que estudamos agora. No entanto, existe no instituto para dar 
maior eficácia a sua aplicação. 
 
Contudo, é preciso entender que os estudados aqui são os princípios gerais do Direito 
Empresarial, ou seja, serão aplicados juntamente com os demais princípios que existirem dentro 
desta disciplina, todos eles serão empregados para proteger o sistema econômico, o qual a norma 
está inserida. 
 
Considerações Finais 
 
A aplicação de princípios no sistema normativo traz, sem sombra de dúvidas, maior estabilidade 
para todas as pessoas. Não podemos vislumbrar uma norma que alcance todas as possibilidades 
de litígios no mundo, e por isso, os princípios recebem o fator de ligação entre a norma e a 
realidade, não podendo existir um sistema jurídico sem princípios legais. 
Nesse sentido, o Direito Empresarial não poderia ser diferente, olha para a realidade do 
comércio, desde sua evolução, e acaba produzindo princípios que não somente possam favorecer 
a estabilidade das relações já existentes, mas garantir as relações futuras, através de métodos 
eficazes que possam garantir a existência do mercado. 
O mercado em si possui muitas particularidades, e quando olhamos para os princípios 
empresariais, percebemos que eles acabam atingindo todos os detalhes da relação jurídica. 
Podemos citar a livre concorrência, ter um princípio dessa envergadura que permite a vedação de 
formação de cartel e monopólio econômico é sem dúvida um grande avanço e de grande 
importância para todos os indivíduos, sendo certo que proporcionará um maior número de 
variedades de empresas, com maior concorrência e mais circulação de riquezas e 
desenvolvimento. 
Ora, não basta termos a noção dos princípios, temos que saber que eles foram criados para 
serem utilizados, para estarem presentes nas legislações que forem realizadas pelo poder 
legislativo, mantendo um mercado ativo e igualitário para todos os seus participantes. 
O caráter dos princípios é garantir, como vimos, maior estabilidade ao sistema, entregando 
um mercado que funcione, não para alguns, mas para todos, não permitindo que uns tenham

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