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Adenoviridae
Curso de Medicina Veterinária
Virologia Veterinária
Adenoviridae
Nome da família - o primeiro vírus do grupo foi isolado a partir de 
explantes de glândulas adenóides humanas em 1953
Trato respiratório, digestivo e vascular
O adenovírus canino (CAdV), apresenta dois representantes: 
o CAdV-1 e o CAdV-2. 
O CAdV-1 é o agente causal da hepatite infecciosa canina, e o CAdV-2 está 
envolvido na etiologia de uma doença respiratória multicausal, conhecida 
como tosse dos canis. 
Classificação e nomenclatura
Desde 2002, o International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV) classifica os 
membros da família em quatro gêneros:
Mastadenovirus, Aviadenovirus, Atadenovirus e Siadenovirus
Hexons - Essa nova classificação é baseada principalmente em diferenças na
organização genômica e na similaridade do gene que codifica a proteína hexon
desses vírus – determinam a classificação em gênero.
Propriedades
Físicas/ Químicas
• Sobrevive no ambiente durante dias e até meses.
• Contamina fômites e ectoparasitas.
• Destruído à 56°C em 5 min.
• Moderadamente resistente a desinfetantes,
• com exceção dos quarternários de amônia (10’) e formol 5%.
Características gerais
Morfologia e estrutura
Hexagonais
dsDNA linear
Capsídeo icosaédrico
Fibras – prolongamentos proteicos no vértice – responsáveis pela ligação a célula
Hexon – conjunto de triângulos do capsídeo
Não envelopados
Besson et al 2020 The Adenovirus Dodecahedron: Beyond the Platonic Story Viruses
Replicação
Adsorção:
-pentons+ receptores celulares - epítopos
Penetração:
A internalização do complexo vírion/receptor ocorre por endocitose dependente 
de clatrina. 
Egresso/liberação:
-lise celular
Montagem:
-local: núcleo
-corpúsculos de inclusão
Hepatite - significa inflamação, ou infecção, no fígado.
Hepatite infecciosa canina (HIC) é uma infecção viral causada por um membro da
família dos Adenovírus (Adenoviridae).
Não acomete humanos.
Sua ocorrência é bem menos frequente que a cinomose e a parvovirose, e a
mortalidade também não é tão alta.
O vírus atinge o fígado e outros órgãos, especialmente os rins.
O animal pode apresentar quadros assintomáticos ou leves autolimitantes, espécie-
específicos.
Definição
Brasil
Hepatite infecciosa canina (HIC), Hepatite viral canina, Hepatite contagiosa dos 
cães (HCC)
Mundial
Infectious Canine Hepatitis (ICH)
Histórico
Descrita em 1930 por Cowdrey, Scott e Green na Suécia e reconhecida em 1947 
por Rubarth, onde anteriormente era confundida com cinomose.
Distribuição Geográfica
Cosmopolita. 
Sinonímia
Agente etiológico
Adenovírus canino tipo 1 (AVC-1 ou CAV-1) – gênero Mastadenovirus.
O CAdV-1 é o agente etiológico da hepatite infecciosa canina (HIC).
Epidemiologia
Os cães, as raposas e outros canídeos são susceptíveis ao AVC-1,
principalmente cães não vacinados. Os canídeos silvestres permanecem
um reservatório da infecção.
Condições socioeconômicas baixas, a imunização dos animais de
estimação não é uma prática frequente.
Cães com idade inferior a 6 meses
Forma aguda e prognóstico favorável
• Células hepáticas e renais principalmente
Principais sítios de infecção
Possíveis hospedeiros
• Cães, eventualmente gatos, podendo infectar raposas, ferrets e dingos, 
também são reservatórios
• Transmite-se pelo contato direto de urina ou secreções nasais e oculares de
animais infectados com animais susceptíveis.
• Os animais susceptíveis adquirem a infecção pelo contato direto, pela via oronasal
ou conjuntival; ou indireto, a partir de fômites contaminados
• O vírus é excretado nas secreções e excreções dos cães infectados. A excreção pela
urina pode persistir por mais de seis meses após a recuperação clínica, e estes
animais são a principal fonte de disseminação do CAdV-1.
• A multiplicação primária ocorre nas tonsilas e linfonodos regionais.
Transmissão
Após a exposição oronasal ou conjuntival, o AVC-1 causa a viremia e se dissemina
replica-se inicialmente nas tonsilas e placas de peyer, disseminando-se para os
linfonodos regionais, eventualmente alcança a circulação sanguínea.
Depois acontece a viremia e a disseminação para vários órgãos, como o fígado, os rins, o
baço e os pulmões.
As células parenquimatosas e as células endoteliais do organismo são os alvos principais
para a replicação.
A lesão dos hepatócitos resulta em necrose aguda do fígado ou em hepatite ativa
crônica.
A lesão endotelial pode afetar qualquer tecido, mas o AVC-1 é particularmente notado
por seus efeitos no endotélio da córnea (edema e inflamação), glomérulos renais
(inflamação) e endotélio vascular (coagulação intravascular disseminada – CID).
A extensão e a gravidade das lesões hepáticas estão relacionadas com a imunidade
humoral.
Patogenia 
Atinge principalmente cães jovens e os sinais clínicos manifestam-se em 2 a 5 dias
após a infecção, embora o período de incubação possa atingir os 14 dias (média de
quatro a sete dias).
- perda de apetite, depressão e febre.
- Em alguns casos pode-se observar o desenvolvimento de uma opacidade em
uma ou em ambas as córneas (olho azul) após uma a duas semanas (reversível) e
sinais respiratórios, como secreções liberadas pelos olhos e nariz e tosse.
- Dor abdominal, vômitos, diarréia, edemas na cabeça e no pescoço e icterícia.
- Hepatomegalia, sendo o fígado palpável além de seu limite normal anatômico
(hepatite crônica com fibrose) = efeito citotóxico.
Sinais e Sintomas Clínicos
Infecção Hiperaguda ou Superaguda
Os cães agudamente doentes tornam-se letárgicos e morrem dentro de horas 
(morte súbita). 
Infecção Aguda
Dura em torno de 5 a 7 dias e caracteriza-se inicialmente por febre de 39,5o a 
41,0o C, acompanhada de vômito, diarréia, dor abdominal, inflamação das 
tonsilas (amídalas), inflamação na faringe e edema cervical. 
Infecção Aguda
Podem ocorrer sinais no sistema nervoso central como resultado de
encefalopatia hepática e alteração vascular, de hipoglicemia (coma hepático)
ou encefalite não–supurativa.
Ocorrência de coagulação intravascular disseminada (CID), com petéquias,
equimoses e sufusões.
Glomerulonefrite = comp. Ag x Ac.
Infecção Ocular 
Os sinais oculares, que ocorrem no caso de infecção aguda ou após
recuperação de infecção inaparente, incluem edema corneano (nublação
corneana, também chamada “olho azul da hepatite”) e uveíte anterior
(blefaroespasmo, inflamação, miose e glaucoma complicante)
= complexo Ac x Ag no endotélio corneal.
Prognóstico
Reservado, quando há desenvolvimento sistêmico, ou infecção aguda. O óbito
pode ser de origem secundária.
Diagnóstico
A suspeita de hepatite infecciosa canina é baseada nos sinais clínicos em um
cão não-vacinado, especialmente se ele tiver menos de um ano de idade.
Diagnóstico
As avaliações laboratoriais rotineiras podem inicialmente revelar
neutropenia/linfopenia, com leucopenia (< 2500), trombocitopenia e
posteriormente leucocitose neutrofílica (durante recuperação).
Elevação da ALT (Alanina Aminitransferase- TGP) e da FA, anormalidades
hemostáticas típicas de CID e ocasionalmente hipoglicemia.
Diagnóstico
Testes sorológicos, de isolamento viral, ou histopatologia (necrose hepática
centrolobular com inclusões virais intranucleares).
Material a coletar
Animais vivos
Na fase aguda se encontra em todos líquidos e secreções corpóreas. Disto
pode-se concluir possível coleta em vários locais tais: fezes, urina, secreção
orofaríngea, e sangue.
Principalmente nos túbulos renais em até um ano pós recuperação do animal.
Diferencial
Na forma hiperaguda com morte súbita = envenamento, ou outra 
enfermidade que cause morte súbita.
Nas formas crônicas: cinomose e parvovirose principalmente.
Não existe tratamento específico.
Objetivo: redução dos sintomas dando tempo para uma resposta do sistema
imunitário do animal. Isto inclui repouso, fluidoterapia e medicação para
reduzir os sintomas. O tratamento é de suporte
Vacinas
CAV1 e CAV2
- atenuada por passagens em ovos embrionados;
- atenuado em cultivos celulares.
O esquemapreconizado e mais utilizado na clínica é o de vacinar os cães com
uma primeira dose aos 30-50 dias, segunda dose em 60-70 dias e a terceira
aos 90-120 dias.
Geralmente a vacina contra hepatite infecciosa canina vem combinada com
cinomose e parvovirose. Recomenda-se a vacinação anual
Em cães comerciais as reprodutoras devem ser vacinadas anualmente.
Referencias Bibliográficas
• CORRÊA, W. M. & CORRÊA, C. N. M. 1992. Enfermidades Infecciosas dos
Mamíferos Domésticos, 2a ed. Editora MEDSI, SP, 824p.
• Virologia Veterinária – Eduardo Flores