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Políticas de Saúde Mental


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FAEP – FACULDADE DE EDUCAÇÃO PAULISTANA 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA 
 
 
ELIENE MOREIRA NERI DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA E AMPARO NA SAÚDE MENTAL 
DE MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
 
 
 
 
 
 
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ELIENE MOREIRA NERI DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA E AMPARO NA SAÚDE MENTAL 
DE MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA 
 
Artigo apresentado à Fac u ldade de 
Educação Pau l i s tana , como requisito parcial 
para a obtenção do título de especialista em Gestão 
de Saúde Pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ELIENE MOREIRA NERI DOS SANTOS 
 
 
 
 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA E AMPARO NA SAÚDE MENTAL 
DE MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em: 
 
Banca Examinadora 
 
Orientador(a) 
 
 Prof.(a) Ms ______________________________________________________ 
 
Assinatura________________________________________________________ 
 
Prof.(a) ___________________________________________________________ 
 
Assinatura_________________________________________________________ 
 
Prof(a)Ms_________________________________________________________ 
 
Assinatura_________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“De homem a homem verdadeiro, 
o caminho passa pelo homem louco.” 
Michel Foucault
http://pensador.uol.com.br/autor/michel_foucault/
RESUMO 
 
Recentemente as politicas publicas de assistência vem contribuindo com a 
saúde mental dos moradores de rua, porém esses individuos estéo mais 
suscetiveis a adoecerem. Assim, o objetivo deste artigo é investigar a 
contribuição da vida nas ruas para o adoecimento mental destas pessoas e 
pesquisar as dificuldades enfrentadas pelos mesmos. Este trabalho foi realizado 
atraves de pesquisas bibliográficas e qualitativas e o resultado foi confirmar que 
quem vive nas ruas tem uma maior fragilidade para adoecer e sua saúde mental 
vive em constante alteração em consequência do uso de drogas e bebidas 
alcoolicas, o medo de ser assassinado e tambem a falta de higiene pessoal. 
 
Palavras-chave: Politicas Públicas; Adoecimento Mental; Moradores de Rua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ABSTRACT 
 
Recently, public assistance policies have contributed to the mental health of 
homeless people, but these individuals are more susceptible to becoming ill. 
Thus, the objective of this article is to investigate the contribution of life on the 
streets to the mental illness of these people and to research the difficulties faced 
by them. This work was carried out through bibliographic and qualitative research 
and the result was to confirm that those who live on the streets have greater 
fragility to fall ill and their mental health lives in constant change as a result of the 
use of drugs and alcoholic beverages, the fear of being murdered and also the 
lack of personal hygiene. 
 
Keywords: Public Policies; Mental Illness; Homeless. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................07 
2. SERVIÇO SOCIAL E SUA RELAÇÃO COM A REFORMA 
PSIQUIÁTRICA......................................................................................08 
3. POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA...............................................10 
4. CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA MORADIA DE RUA............13 
5. CAPS......................................................................................................15 
6. MÉTODO................................................................................................17 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................18 
REFERÊNCIAS...........................................................................................19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
 
É importante considerar que o processo histórico no qual a Saúde 
Mental se desenvolveu reflete atualmente na visão que a sociedade 
apresenta das pessoas com transtornos mentais. 
Essa ideologia que se propagou a ainda se propagada é construído 
pela própria sociedade, é esta quem vai estabelecer quem é aquela pessoa 
considerada “normal” ou “sadia” e aquela que não se adapta aos padrões, ou 
a considerada “doente”. 
Segundo Foucault (1975, p. 49) “[...] a doença só tem realidade e valor 
de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal [...]”. Com a 
emergência do modo de produção capitalista, a “loucura” vai estar associada 
a improdutividade, pois não obedecem a prerrogativa principal desse modelo, 
a venda da força de trabalho, onde estabelece que “Os loucos agora não são 
mais ‘possuídos’, mas ‘improdutivos’ e ‘vagabundos’, portanto, uma ameaça 
social e um problema moral” (VIETTA, KODATO; FURLAN, 2001, p.100). 
Neste modo de produção são intensificadas o número de pessoas que 
apresentam sofrimento mental, devido ao contexto de intensa exploração que 
esse sistema apresenta. 
A presença do Serviço Social torna-se importante na Saúde mental, 
pois além da exclusão dos pacientes com transtornos mentais há a 
necessidade de suprimir as outras formas de exclusão que estão submetidos, 
manifestados pela miséria, pela pobreza e pelas contradições próprias da 
sociedade capitalista. Pois as pessoas com sofrimento mental passaram e 
ainda passam por preconceitos e a condição se intensifica quando estas 
pessoas se encontram nas camadas mais pobres da população. 
Para isso é necessário compreender como o Serviço Social inseriu 
esta temática nos estudos e como o trabalho do Assistente Social se 
desenvolve atualmente com o estabelecimento do movimento de Reforma 
Psiquiátrica. 
 
 
 
 
 
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2. SERVIÇO SOCIAL E SUA RELAÇÂO COM A REFORMA 
PSIQUIÁTRICA 
 
O Serviço Social adentrou a década de 1960 se adequando aos 
processos de modernização vivenciando assim, naquele momento. Isso fez com 
que os profissionais da área passassem a questionar as bases mais antigas, 
fazendo com que se iniciasse uma mudança teórica e conceitual com o intuito 
de conferir um caráter mais técnico e científico á sua prática. 
O movimento denominado de econceituação teve seu início na década de 
1960 e foi um marco na categoria por ser a primeira tentativa de romper as bases 
conservadoras da profissão. 
Na década de 1980 iniciou-se a vertente denominada intenção de ruptura 
que influenciou a profissão de Assistente Social por direcionar a ética e a politica 
que até hoje é adotada pelos Assistentes Sociais nos processos de 
trabalho.ressalta-se também que neste mesmo período ocorreu a expansão dos 
cursos de graduação e pós-graduação em Serviço Social. 
As mudanças da Reforma Psiquiátrica quebraram o paradigma da 
centralidade médica no atendimento a pessoa com transtorno mental ou 
qualquer outro tipo de doença mental, a partir do conceito de clínica ampliada. 
O movimento de Reforma Psiquiátrica vem mostrar significativa 
importância para o Serviço Social, pois ele apresenta como discussão a busca 
pela garantia de direitos das pessoas com transtornos mentais, a partir da 
substituição de antigos modelos manicomiais por instituições inovadoras que 
possibilitem um atendimento humanizado e esteja voltado para a efetivação de 
direitos das pessoas com transtornos mentais. 
O Projeto ético-politíco do Servilo Social, dentre outras coisas, posiciona-
se pela defesa de liberdade e dos direitos humanos, pela consolidação da 
cidadania, quebra de preconceitos e em favor da equidade. 
Bisneto (2007) concordacom Vasconcelos (2002) quanto ao número de 
disciplinas relacionadas com a temática de higiene mental nos cursos de Serviço 
Social e destaca que essas disciplinas se diferenciam muito dos estudos atuais 
da saúde mental pelo Serviço Social, devido a estas disciplinas apresentadas 
nos primórdios do curso estarem ligadas a temáticas de concepções de eugenia 
(VASCONCELOS, 2000 apud 5 BISNETO, 2007, p. 22). 
 
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A efetivação de Assistentes Sociais vai se apresentar nos anos de 1970, 
quando o Instituto Nacional de previdência social (INPS) passa a exigir equipes 
multiprofissionais nestas instituições e a contar dentre estes profissionais a 
presença do Assistente Social (BISNETO, 2007, p. 23 e 24). Porém, a inserção 
deste profissional nas instituições psiquiátricas apresentava um objetivo, que 
não estava centrado na problemática da saúde mental, mas na atuação frente 
aos problemas relacionados à pobreza. 
Neste período o regime militar estava ocorrendo e a justificativa era de 
que a presença do Assistente Social era para controlar e manter esse estado 
ditatorial, como aponta Bisneto (2007),“o Serviço Social foi demandado pelo 
Estado ditatorial como executor terminal de políticas sociais na área de Saúde 
Mental, repetindo sua contradição histórica, de uma demanda para as elites para 
atender aos ‘necessitados’." (BISNETO, 2007, p.25). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA 
 
A população de rua caracterizam-se por ser um grupo composto por 
pessoas com diferentes realidades, mais que tem em comum a condição de 
pobreza, vínculos que foram interrompidos, falta de moradia, problemas com 
álcool ou drogas, e por este e diversos outros motivos acabam nas ruas, sem 
habitação, sem lugar para colocar seus filhos, sem um lugar decente para 
manter a sua higiene pessoal. 
Os principais fatores que levam as pessoas a viverem nas ruas são: 
vínculos familiares rompidos, perda de algum ente querido, desemprego, 
violência seja ela qual for, autoestima baixa, alcoolismo, uso de drogas que 
não é aceito pela família e doença mental, que está entre um dos maiores 
fatores que levam as pessoas a viverem nas ruas. 
Neste sentido, devem ser desenvolvidas politícas que atuem na causa 
dos moradores de rua, não somente em serviço de distribuição de alimentos, 
roupas e materiais para higiene mais também que atuem na causa que 
proporcione dignidade para todos os moradores de rua. 
Seja nas cidades grandes ou pequenas, a situação de vida nas ruas é 
alarmante. Apesar de não ser muito comum, existem pessoas que escolhem 
viver nas ruas, embora os principais motivos seja muitas vezes, violências e 
abusos domésticos. 
Devemos ressaltar que é difícil quantificar o número de pessoas nessa 
situação no Brasil, pois a maioria dos censos leva em conta o local de 
moradia das pessoas e as que estão em condição de rua não tem esta 
constância, o que atrapalha a realização de pesquisas, contabilizações e 
afins. 
Além do direito à moradia, o governo federal criou em 2009 uma 
Política Nacional para a População de Rua, a partir do decreto 7.053. No 
entanto, a política pouco avançou desde a sua implementação, o que tem 
motivado a atuação das defensorias públicas, organizações sociais e a 
sociedade civil. Como aponta a defensora pública Núcleo de Defesa dos 
Direitos Humanos-RJ, Carla Beatriz Maia, a cidade do Rio de Janeiro tem 
uma política própria criada, mas sem a instalação do Comitê, a segunda 
capital com maior população de rua no país tem registrado uma quantidade 
 
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insuficiente de soluções práticas. 
Convém ressaltar, que está descrito no artigo 6 da Constituição 
Federal: “todos têm direito a saúde, educação, alimentação, moradia[…]”, ou 
seja, se o cidadão não apresentar meios suficientes para suprir necessidades 
vitais, é obrigação do poder público garanti-lo, diferentemente do que se é 
observado: indivíduos, famílias se abrigam em bancos públicos, 
praças, tendo como renda o “pedir dinheiro”; só demonstrando a incúria do 
governo a problemas sociais. 
Neste contexto, também é válido esclarecer que medidas para alterar 
situações como aquelas, poderiam vir de pequenas ações da própria esfera 
social, porém, isto não é perceptível, assim como Zygmunt Bauman, em 
Modernidade Líquida: “As relações se esvaem pelos vão dos dedos”, 
simplesmente porque a preocupação cidadã deixou de ser como parte de um 
conjunto mas pelo individual, comum do período pós moderno. 
Portanto, em dimensão dos fatos apresentados, é necessário atitudes 
tanto do governo brasileiro, especificamente entre o Ministério da 
Cidadania possibilitando a maior aderência a programas sociais em 
fiscalização de sua realização através do Poder judiciário, além de agentes 
governamentais, a Mídia poderia atuar na difusão desses programas para 
conhecimento público assim incentivando a população a ajudar a transformar 
a vida de muitas pessoas. 
Embora grande parte dos estudos sobre esse tipo de população tenha 
sido realizada no século XX, há registros de sua existência desde o século 
XIV. Portanto, a população em situação de rua não teve a devida atenção 
nos séculos anteriores, e sua abordagem pode ter sido impulsionada pelo 
aumento de seu contingente, visto que a cada ano mais indivíduos utilizam 
as ruas como moradia. 
Com a Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de 
Rua, foi possível obter dados sobre essa população no país inteiro – e 
apesar de ser de 2008, é a pesquisa mais abrangente e completa que 
há até 2017, que leva em conta todo o país. Dessa forma, foi possível 
traçar um perfil das pessoas que vivem nas ruas: qual o seu gênero, sua 
idade, sua cor de pele, sua situação econômica, etc. 
Perfil da população em situação de rua no Brasil 
 
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Gênero: O primeiro ponto a ser ressaltado: a imensa maioria de quem vive 
nas ruas são homens. Do total dessa população, 82% é masculina. De toda 
a população masculina, a maioria é jovem: 15,3% são homens na faixa 
etária dos 18 aos 25 anos. A faixa da idade com o maior número de homens 
em situação de rua é a dos 26 aos 35 anos, com 27,1%. 
Já a população feminina representa os outros 18% do total de pessoas que 
vivem em situação de rua. A maioria das mulheres também é jovem e está 
nas ruas com idade menor do que a dos homens: 21,17% delas têm entre 
18 e 25 anos e 31,06% têm entre 26 e 35 anos. 
Cor da pele: Quanto à cor de pele de todas as pessoas que vivem nas 
ruas, 39,1% se autodeclararam pardos na pesquisa; 29,5% se declararam 
brancos e 27,9% se declararam pretos. No censo do IBGE – que junta 
negros e pardos –, contabiliza a população brasileira em 53% de negros e 
46% de brancos. Levando em conta a população em situação de rua, se 
formos usar o mesmo método, a representação negra é de 67% – bem mais 
alta que a sua representação na população brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA MORADIA EM RUA 
 
A vivência em um ambiente muitas vezes hostil, onde não há garantias de 
segurança, tanto em relação a estrutura fisíca das moradia quanto em relação a 
criminalidade, gera medo e o alerta constante de viver em perigo, e pode levar a 
problemas de ansiedade, fobia social e outros. 
“…a proliferação de favelas, o desemprego, o subemprego, a poluição 
do ar, das águas, do som, a violência urbana, enchentes, a 
segregação social, as irregularidades na ocupação do solo urbano, a 
ineficiência e/ou insuficiência no atendimento de saúde e educação, a 
falta de habitação adequada, pessoas vivendo às margens de rios e 
canais, ou mesmo a completa falta de moradia.” (Filho, 2006) 
 
Frequentemente permeados pelo descaso e pela pobreza em suas vidas, 
se encontram as pessoas em situação de rua, que como se pode imaginar, 
passam a viver nela não por opção, mas sim por falta dela. 
Assim como ocorre coma exclusão social, morar na rua não acontece do 
dia pra noite. Um processo de fatores distintos contribui pra que se culmine 
nessa situação, dado que cada morador tem sua história, seu modo de ser e 
seus problemas, mesmo antes da rua. 
A fragilidade das relações familiares, o uso abusivo de substâncias, o 
desemprego, a miséria, a ausência de vínculos sociais e comunitários 
significativos, a dificuldade no acesso a direitos fundamentais, são exemplos 
comuns disso. 
A junção desses elementos tem um grande impacto na vulnerabilidade 
psicológica dessas pessoas; a falta de apoio inerente a vida delas tende a ser 
um fator de agravamento dessas circunstâncias; o sentimento de não 
pertencimento leva o próprio ser a se excluir; e as consequências dessa 
realidade não ajudam a superar a condição. 
Quanto maior a falta de recursos, maior também a insegurança 
psicológica e, em decorrência disso, a probabilidade e o risco de se 
desenvolverem transtornos mentais como a depressão ou transtornos graves de 
ansiedade, por exemplo. A situação de quem está nas ruas é extremamente 
delicada, até mesmo para os profissionais dispostos a ajudar lidarem. 
Vive-se sob o estigma e o isolamento social, sem perspectiva de um futuro 
melhor. Na rua, estão sempre submetidos a toda espécie de abandono e 
https://blog.cenatcursos.com.br/saude-mental-prioridade-do-proximo-governo-federal/
 
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deterioração pessoal, como a violência, o frio, a fome, o cansaço, a ausência de 
esperança, o constante risco de contração de doenças, a solidão, a insegurança, 
entre tantos outros (Filho, 2006). 
Nesse contexto, muitos recorrem as alternativas de “solução” mais fáceis, 
mais próximas, como o álcool ou as drogas, que apesar de suscitarem algum 
alívio temporário dentro do que sentem e pensam os moradores, a longo prazo, 
podem ter impactos intensamente negativos na saúde mental dos seus usuários. 
A situação psicológica se agrava conforme não se encontram serviços, 
suporte ou algo que nutra a esperança de sair da rua. Daí surge a importância 
das políticas e dos serviços públicos de apoio a essa parcela da população 
tantas vezes esquecida pelo Estado e pela própria sociedade. 
Um dos serviços mais utilizados na prevenção e tratamento de transtornos 
psicológicos e de outros problemas mais comuns exibidos por pessoas em 
situação de rua são os Consultórios na Rua. 
Componente da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), os Consultórios 
na Rua são compostos por equipes de profissionais que atuam nos ambientes 
urbanos com o fim último de ajudar as pessoas em situação de rua, oferecendo 
a eles cuidados necessários em saúde mental em consonância com outros 
serviços, responsáveis por outros tipos de cuidados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. CAPS – CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
 
O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi 
inaugurado em março de 1986, na cidade de São Paulo: Centro de Atenção 
Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua 
Itapeva. A criação desse CAPS e de tantos outros, com outros nomes e lugares, 
fez parte de um intenso movimento social, inicialmente de trabalhadores de 
saúde mental, que buscavam a melhoria da assistência no Brasil e denunciavam 
a situação precária dos hospitais psiquiátricos, que ainda eram o único recurso 
destinado aos usuários portadores de transtornos mentais. (BRASIL, 2004) 
 Os CAPS, Centro de Atenção Psicossocial, são instituições destinadas a 
acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e 
familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes 
atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-
los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu território, o 
espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. 
(BRASIL, 2013). Atualmente, as unidades dos Centros de Atenção Psicossocial 
estão dividos no Brasil em: 
Os CAPS, além do atendimento ambulatorial, trabalham com essas três 
estratégias (BRASIL, 2013): 
Serviços Residenciais Terapêuticos– SRT: São casas localizadas no espaço 
urbano, constituídas para responder as necessidades de moradia de pessoas 
com transtornos mentais graves egressas de hospitais psiquiátricos ou hospitais 
de custódia e tratamento psiquiátrico, que perderam os vínculos familiares e 
sociais; moradores de rua com transtornos mentais severos, quando inseridos 
em projetos terapêuticos acompanhados nos CAPS. São 596 casas no Brasil, 
com 3.236 moradores. 
Programa de Volta para Casa– PVC: Tem por objetivo garantir a assistência, o 
acompanhamento e a integração social, fora da unidade hospitalar, de pessoas 
acometidas de transtornos mentais, com história de longa internação psiquiátrica 
(02 anos ou mais de internação ininterruptos). É parte integrante deste Programa 
o auxílio-reabilitação, pago ao próprio beneficiário durante um ano, podendo ser 
renovado, caso necessário. São 3.832 beneficiários do PVC no país. 
 
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Leitos de Atenção Integral em álcool e outras drogas: São leitos de 
retaguarda em hospital geral com metas de implantação por todo o Brasil. 
Os CAPS, assumindo um papel estratégico na organização da rede 
comunitária de cuidados, farão o direcionamento local das políticas e 
programas de Saúde Mental: desenvolvendo projetos terapêuticos e 
comunitários, dispensando medicamentos, encaminhando e acompanhando 
usuários que moram em residências terapêuticas, assessorando e sendo 
retaguarda para o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Equipes 
de Saúde da Família no cuidado domiciliar. Esses são os direcionamentos 
atuais da Política de Saúde Mental para os CAPS – Centros de Atenção 
Psicossocial, e esperamos que esta publicação sirva como contribuição para 
que esses serviços se tornem cada vez mais promotores de saúde e de 
cidadania das pessoas com sofrimento psíquico. (BRASIL, 2004) 
O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área 
de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social 
dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e 
fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de 
atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em 
hospitais psiquiátricos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. MÉTODOS 
 
O trabalho foi todo estruturado através de arquivos de autores 
reconhecidos por artigos relacionado ao tema do trabalho. 
Podemos considerar que o Assistente Social, é chamado a atuar na 
política de saúde mental, pois apresenta como objeto de trabalho, as expressões 
da “questão social” que se desenvolvem na sociedade capitalista. E, neste 
sentido a Saúde Mental constitui-se de uma expressão da “questão social” por 
ser uma configuração que se amplia no sistema capitalista e o Assistente Social 
passa a atuar frente às essas demandas envolvidas neste setor. 
Com a emergência do Movimento de Reforma Psiquiátrica, novas ações 
são apresentadas ao Assistente Social. Porém, vimos que há ainda neste setor 
a delimitação e focalização em determinadas ações devido a interesses 
institucionais, outras questões que não estejam dentro deste objetivo 
institucional acabam não tomando sua significativa relevância e que estes 
interesses institucionais são intensificados com a emergência do modelo 
neoliberal, que traz para o Assistente Social novas demandas e desafios dentro 
destas instituições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Cabe ao Assistente Social, porém, ir além desses objetivos 
institucionais e enfrentar esses desafios que se colocam na sua realidade de 
trabalho. Este profissional que se apresenta dotado de capacidade crítica e 
reflexiva da realidade tem como objetivo realizar o seu trabalho de maneira a 
analisaro contexto do seu usuário (o paciente da instituição de saúde 
mental), buscando para isso, conhecer a relação deste usuário com a 
sociedade que o cerca, como família e a comunidade em que está inserido 
sobre a perspectiva de identificar e intervir em situações que se configuram 
como demandas de sua prática profissional, com o objetivo de lutar para a 
garantia e construção dos direitos dos seus usuários. 
Assim, é necessário que este profissional desenvolva um cenário 
capaz de mostrar a sua importância e a sua contribuição na construção do 
processo de Reforma Psiquiátrica, onde juntamente com as categorias 
profissionais da Saúde Mental, os usuários desta política, os familiares destes 
usuários, a sociedade como um todo devam estar envolvidas neste processo, 
considerando que ele não está restrito apenas a uma política, a Política de 
Saúde Mental, mas está envolvido em uma ação integral e articulada com 
outros processos e outras políticas que a sociedade em geral está inserida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
BARATTO, Geselda; AGUIAR, Fernando. A “psicologia do ego” e a psicanálise 
freudiana: das diferenças teóricas fundamentais. Revista de Filosofia: Aurora, v. 
19, n. 25, p. 307-331, 2007. 
 
BRASIL. Lei 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para 
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento 
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União. 
Brasília, 19 set 1990. Disponível em: < 
http://www.conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080_190990.htm> Acesso em 
07 dez 2020. 
 
BISNETO, José Augusto. Serviço social e saúde mental: uma análise 
institucional da prática. São Paulo: Cortez, 2007. 
 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL.Código de ética do assistente 
social. 10. ed. Brasília: CFESS, 2011. 
 
VASCONCELOS, Eduardo Mourão (Org.). Saúde mental e serviço social: o 
desafio da subjetividade e da interdisciplinaridade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 
2002.

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