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1 FAEP – FACULDADE DE EDUCAÇÃO PAULISTANA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA ELIENE MOREIRA NERI DOS SANTOS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA E AMPARO NA SAÚDE MENTAL DE MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA SÃO PAULO 2021 2 ELIENE MOREIRA NERI DOS SANTOS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA E AMPARO NA SAÚDE MENTAL DE MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA Artigo apresentado à Fac u ldade de Educação Pau l i s tana , como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Gestão de Saúde Pública. SÃO PAULO 2021 3 ELIENE MOREIRA NERI DOS SANTOS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ASSISTÊNCIA E AMPARO NA SAÚDE MENTAL DE MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA Aprovado em: Banca Examinadora Orientador(a) Prof.(a) Ms ______________________________________________________ Assinatura________________________________________________________ Prof.(a) ___________________________________________________________ Assinatura_________________________________________________________ Prof(a)Ms_________________________________________________________ Assinatura_________________________________________________________ 4 “De homem a homem verdadeiro, o caminho passa pelo homem louco.” Michel Foucault http://pensador.uol.com.br/autor/michel_foucault/ RESUMO Recentemente as politicas publicas de assistência vem contribuindo com a saúde mental dos moradores de rua, porém esses individuos estéo mais suscetiveis a adoecerem. Assim, o objetivo deste artigo é investigar a contribuição da vida nas ruas para o adoecimento mental destas pessoas e pesquisar as dificuldades enfrentadas pelos mesmos. Este trabalho foi realizado atraves de pesquisas bibliográficas e qualitativas e o resultado foi confirmar que quem vive nas ruas tem uma maior fragilidade para adoecer e sua saúde mental vive em constante alteração em consequência do uso de drogas e bebidas alcoolicas, o medo de ser assassinado e tambem a falta de higiene pessoal. Palavras-chave: Politicas Públicas; Adoecimento Mental; Moradores de Rua. 6 ABSTRACT Recently, public assistance policies have contributed to the mental health of homeless people, but these individuals are more susceptible to becoming ill. Thus, the objective of this article is to investigate the contribution of life on the streets to the mental illness of these people and to research the difficulties faced by them. This work was carried out through bibliographic and qualitative research and the result was to confirm that those who live on the streets have greater fragility to fall ill and their mental health lives in constant change as a result of the use of drugs and alcoholic beverages, the fear of being murdered and also the lack of personal hygiene. Keywords: Public Policies; Mental Illness; Homeless. 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................07 2. SERVIÇO SOCIAL E SUA RELAÇÃO COM A REFORMA PSIQUIÁTRICA......................................................................................08 3. POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA...............................................10 4. CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA MORADIA DE RUA............13 5. CAPS......................................................................................................15 6. MÉTODO................................................................................................17 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................18 REFERÊNCIAS...........................................................................................19 8 1. INTRODUÇÃO É importante considerar que o processo histórico no qual a Saúde Mental se desenvolveu reflete atualmente na visão que a sociedade apresenta das pessoas com transtornos mentais. Essa ideologia que se propagou a ainda se propagada é construído pela própria sociedade, é esta quem vai estabelecer quem é aquela pessoa considerada “normal” ou “sadia” e aquela que não se adapta aos padrões, ou a considerada “doente”. Segundo Foucault (1975, p. 49) “[...] a doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal [...]”. Com a emergência do modo de produção capitalista, a “loucura” vai estar associada a improdutividade, pois não obedecem a prerrogativa principal desse modelo, a venda da força de trabalho, onde estabelece que “Os loucos agora não são mais ‘possuídos’, mas ‘improdutivos’ e ‘vagabundos’, portanto, uma ameaça social e um problema moral” (VIETTA, KODATO; FURLAN, 2001, p.100). Neste modo de produção são intensificadas o número de pessoas que apresentam sofrimento mental, devido ao contexto de intensa exploração que esse sistema apresenta. A presença do Serviço Social torna-se importante na Saúde mental, pois além da exclusão dos pacientes com transtornos mentais há a necessidade de suprimir as outras formas de exclusão que estão submetidos, manifestados pela miséria, pela pobreza e pelas contradições próprias da sociedade capitalista. Pois as pessoas com sofrimento mental passaram e ainda passam por preconceitos e a condição se intensifica quando estas pessoas se encontram nas camadas mais pobres da população. Para isso é necessário compreender como o Serviço Social inseriu esta temática nos estudos e como o trabalho do Assistente Social se desenvolve atualmente com o estabelecimento do movimento de Reforma Psiquiátrica. 9 2. SERVIÇO SOCIAL E SUA RELAÇÂO COM A REFORMA PSIQUIÁTRICA O Serviço Social adentrou a década de 1960 se adequando aos processos de modernização vivenciando assim, naquele momento. Isso fez com que os profissionais da área passassem a questionar as bases mais antigas, fazendo com que se iniciasse uma mudança teórica e conceitual com o intuito de conferir um caráter mais técnico e científico á sua prática. O movimento denominado de econceituação teve seu início na década de 1960 e foi um marco na categoria por ser a primeira tentativa de romper as bases conservadoras da profissão. Na década de 1980 iniciou-se a vertente denominada intenção de ruptura que influenciou a profissão de Assistente Social por direcionar a ética e a politica que até hoje é adotada pelos Assistentes Sociais nos processos de trabalho.ressalta-se também que neste mesmo período ocorreu a expansão dos cursos de graduação e pós-graduação em Serviço Social. As mudanças da Reforma Psiquiátrica quebraram o paradigma da centralidade médica no atendimento a pessoa com transtorno mental ou qualquer outro tipo de doença mental, a partir do conceito de clínica ampliada. O movimento de Reforma Psiquiátrica vem mostrar significativa importância para o Serviço Social, pois ele apresenta como discussão a busca pela garantia de direitos das pessoas com transtornos mentais, a partir da substituição de antigos modelos manicomiais por instituições inovadoras que possibilitem um atendimento humanizado e esteja voltado para a efetivação de direitos das pessoas com transtornos mentais. O Projeto ético-politíco do Servilo Social, dentre outras coisas, posiciona- se pela defesa de liberdade e dos direitos humanos, pela consolidação da cidadania, quebra de preconceitos e em favor da equidade. Bisneto (2007) concordacom Vasconcelos (2002) quanto ao número de disciplinas relacionadas com a temática de higiene mental nos cursos de Serviço Social e destaca que essas disciplinas se diferenciam muito dos estudos atuais da saúde mental pelo Serviço Social, devido a estas disciplinas apresentadas nos primórdios do curso estarem ligadas a temáticas de concepções de eugenia (VASCONCELOS, 2000 apud 5 BISNETO, 2007, p. 22). 10 A efetivação de Assistentes Sociais vai se apresentar nos anos de 1970, quando o Instituto Nacional de previdência social (INPS) passa a exigir equipes multiprofissionais nestas instituições e a contar dentre estes profissionais a presença do Assistente Social (BISNETO, 2007, p. 23 e 24). Porém, a inserção deste profissional nas instituições psiquiátricas apresentava um objetivo, que não estava centrado na problemática da saúde mental, mas na atuação frente aos problemas relacionados à pobreza. Neste período o regime militar estava ocorrendo e a justificativa era de que a presença do Assistente Social era para controlar e manter esse estado ditatorial, como aponta Bisneto (2007),“o Serviço Social foi demandado pelo Estado ditatorial como executor terminal de políticas sociais na área de Saúde Mental, repetindo sua contradição histórica, de uma demanda para as elites para atender aos ‘necessitados’." (BISNETO, 2007, p.25). 11 3. POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA A população de rua caracterizam-se por ser um grupo composto por pessoas com diferentes realidades, mais que tem em comum a condição de pobreza, vínculos que foram interrompidos, falta de moradia, problemas com álcool ou drogas, e por este e diversos outros motivos acabam nas ruas, sem habitação, sem lugar para colocar seus filhos, sem um lugar decente para manter a sua higiene pessoal. Os principais fatores que levam as pessoas a viverem nas ruas são: vínculos familiares rompidos, perda de algum ente querido, desemprego, violência seja ela qual for, autoestima baixa, alcoolismo, uso de drogas que não é aceito pela família e doença mental, que está entre um dos maiores fatores que levam as pessoas a viverem nas ruas. Neste sentido, devem ser desenvolvidas politícas que atuem na causa dos moradores de rua, não somente em serviço de distribuição de alimentos, roupas e materiais para higiene mais também que atuem na causa que proporcione dignidade para todos os moradores de rua. Seja nas cidades grandes ou pequenas, a situação de vida nas ruas é alarmante. Apesar de não ser muito comum, existem pessoas que escolhem viver nas ruas, embora os principais motivos seja muitas vezes, violências e abusos domésticos. Devemos ressaltar que é difícil quantificar o número de pessoas nessa situação no Brasil, pois a maioria dos censos leva em conta o local de moradia das pessoas e as que estão em condição de rua não tem esta constância, o que atrapalha a realização de pesquisas, contabilizações e afins. Além do direito à moradia, o governo federal criou em 2009 uma Política Nacional para a População de Rua, a partir do decreto 7.053. No entanto, a política pouco avançou desde a sua implementação, o que tem motivado a atuação das defensorias públicas, organizações sociais e a sociedade civil. Como aponta a defensora pública Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos-RJ, Carla Beatriz Maia, a cidade do Rio de Janeiro tem uma política própria criada, mas sem a instalação do Comitê, a segunda capital com maior população de rua no país tem registrado uma quantidade 12 insuficiente de soluções práticas. Convém ressaltar, que está descrito no artigo 6 da Constituição Federal: “todos têm direito a saúde, educação, alimentação, moradia[…]”, ou seja, se o cidadão não apresentar meios suficientes para suprir necessidades vitais, é obrigação do poder público garanti-lo, diferentemente do que se é observado: indivíduos, famílias se abrigam em bancos públicos, praças, tendo como renda o “pedir dinheiro”; só demonstrando a incúria do governo a problemas sociais. Neste contexto, também é válido esclarecer que medidas para alterar situações como aquelas, poderiam vir de pequenas ações da própria esfera social, porém, isto não é perceptível, assim como Zygmunt Bauman, em Modernidade Líquida: “As relações se esvaem pelos vão dos dedos”, simplesmente porque a preocupação cidadã deixou de ser como parte de um conjunto mas pelo individual, comum do período pós moderno. Portanto, em dimensão dos fatos apresentados, é necessário atitudes tanto do governo brasileiro, especificamente entre o Ministério da Cidadania possibilitando a maior aderência a programas sociais em fiscalização de sua realização através do Poder judiciário, além de agentes governamentais, a Mídia poderia atuar na difusão desses programas para conhecimento público assim incentivando a população a ajudar a transformar a vida de muitas pessoas. Embora grande parte dos estudos sobre esse tipo de população tenha sido realizada no século XX, há registros de sua existência desde o século XIV. Portanto, a população em situação de rua não teve a devida atenção nos séculos anteriores, e sua abordagem pode ter sido impulsionada pelo aumento de seu contingente, visto que a cada ano mais indivíduos utilizam as ruas como moradia. Com a Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, foi possível obter dados sobre essa população no país inteiro – e apesar de ser de 2008, é a pesquisa mais abrangente e completa que há até 2017, que leva em conta todo o país. Dessa forma, foi possível traçar um perfil das pessoas que vivem nas ruas: qual o seu gênero, sua idade, sua cor de pele, sua situação econômica, etc. Perfil da população em situação de rua no Brasil 13 Gênero: O primeiro ponto a ser ressaltado: a imensa maioria de quem vive nas ruas são homens. Do total dessa população, 82% é masculina. De toda a população masculina, a maioria é jovem: 15,3% são homens na faixa etária dos 18 aos 25 anos. A faixa da idade com o maior número de homens em situação de rua é a dos 26 aos 35 anos, com 27,1%. Já a população feminina representa os outros 18% do total de pessoas que vivem em situação de rua. A maioria das mulheres também é jovem e está nas ruas com idade menor do que a dos homens: 21,17% delas têm entre 18 e 25 anos e 31,06% têm entre 26 e 35 anos. Cor da pele: Quanto à cor de pele de todas as pessoas que vivem nas ruas, 39,1% se autodeclararam pardos na pesquisa; 29,5% se declararam brancos e 27,9% se declararam pretos. No censo do IBGE – que junta negros e pardos –, contabiliza a população brasileira em 53% de negros e 46% de brancos. Levando em conta a população em situação de rua, se formos usar o mesmo método, a representação negra é de 67% – bem mais alta que a sua representação na população brasileira. 14 4. CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA MORADIA EM RUA A vivência em um ambiente muitas vezes hostil, onde não há garantias de segurança, tanto em relação a estrutura fisíca das moradia quanto em relação a criminalidade, gera medo e o alerta constante de viver em perigo, e pode levar a problemas de ansiedade, fobia social e outros. “…a proliferação de favelas, o desemprego, o subemprego, a poluição do ar, das águas, do som, a violência urbana, enchentes, a segregação social, as irregularidades na ocupação do solo urbano, a ineficiência e/ou insuficiência no atendimento de saúde e educação, a falta de habitação adequada, pessoas vivendo às margens de rios e canais, ou mesmo a completa falta de moradia.” (Filho, 2006) Frequentemente permeados pelo descaso e pela pobreza em suas vidas, se encontram as pessoas em situação de rua, que como se pode imaginar, passam a viver nela não por opção, mas sim por falta dela. Assim como ocorre coma exclusão social, morar na rua não acontece do dia pra noite. Um processo de fatores distintos contribui pra que se culmine nessa situação, dado que cada morador tem sua história, seu modo de ser e seus problemas, mesmo antes da rua. A fragilidade das relações familiares, o uso abusivo de substâncias, o desemprego, a miséria, a ausência de vínculos sociais e comunitários significativos, a dificuldade no acesso a direitos fundamentais, são exemplos comuns disso. A junção desses elementos tem um grande impacto na vulnerabilidade psicológica dessas pessoas; a falta de apoio inerente a vida delas tende a ser um fator de agravamento dessas circunstâncias; o sentimento de não pertencimento leva o próprio ser a se excluir; e as consequências dessa realidade não ajudam a superar a condição. Quanto maior a falta de recursos, maior também a insegurança psicológica e, em decorrência disso, a probabilidade e o risco de se desenvolverem transtornos mentais como a depressão ou transtornos graves de ansiedade, por exemplo. A situação de quem está nas ruas é extremamente delicada, até mesmo para os profissionais dispostos a ajudar lidarem. Vive-se sob o estigma e o isolamento social, sem perspectiva de um futuro melhor. Na rua, estão sempre submetidos a toda espécie de abandono e https://blog.cenatcursos.com.br/saude-mental-prioridade-do-proximo-governo-federal/ 15 deterioração pessoal, como a violência, o frio, a fome, o cansaço, a ausência de esperança, o constante risco de contração de doenças, a solidão, a insegurança, entre tantos outros (Filho, 2006). Nesse contexto, muitos recorrem as alternativas de “solução” mais fáceis, mais próximas, como o álcool ou as drogas, que apesar de suscitarem algum alívio temporário dentro do que sentem e pensam os moradores, a longo prazo, podem ter impactos intensamente negativos na saúde mental dos seus usuários. A situação psicológica se agrava conforme não se encontram serviços, suporte ou algo que nutra a esperança de sair da rua. Daí surge a importância das políticas e dos serviços públicos de apoio a essa parcela da população tantas vezes esquecida pelo Estado e pela própria sociedade. Um dos serviços mais utilizados na prevenção e tratamento de transtornos psicológicos e de outros problemas mais comuns exibidos por pessoas em situação de rua são os Consultórios na Rua. Componente da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), os Consultórios na Rua são compostos por equipes de profissionais que atuam nos ambientes urbanos com o fim último de ajudar as pessoas em situação de rua, oferecendo a eles cuidados necessários em saúde mental em consonância com outros serviços, responsáveis por outros tipos de cuidados. 16 5. CAPS – CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, na cidade de São Paulo: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva. A criação desse CAPS e de tantos outros, com outros nomes e lugares, fez parte de um intenso movimento social, inicialmente de trabalhadores de saúde mental, que buscavam a melhoria da assistência no Brasil e denunciavam a situação precária dos hospitais psiquiátricos, que ainda eram o único recurso destinado aos usuários portadores de transtornos mentais. (BRASIL, 2004) Os CAPS, Centro de Atenção Psicossocial, são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá- los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu território, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. (BRASIL, 2013). Atualmente, as unidades dos Centros de Atenção Psicossocial estão dividos no Brasil em: Os CAPS, além do atendimento ambulatorial, trabalham com essas três estratégias (BRASIL, 2013): Serviços Residenciais Terapêuticos– SRT: São casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder as necessidades de moradia de pessoas com transtornos mentais graves egressas de hospitais psiquiátricos ou hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, que perderam os vínculos familiares e sociais; moradores de rua com transtornos mentais severos, quando inseridos em projetos terapêuticos acompanhados nos CAPS. São 596 casas no Brasil, com 3.236 moradores. Programa de Volta para Casa– PVC: Tem por objetivo garantir a assistência, o acompanhamento e a integração social, fora da unidade hospitalar, de pessoas acometidas de transtornos mentais, com história de longa internação psiquiátrica (02 anos ou mais de internação ininterruptos). É parte integrante deste Programa o auxílio-reabilitação, pago ao próprio beneficiário durante um ano, podendo ser renovado, caso necessário. São 3.832 beneficiários do PVC no país. 17 Leitos de Atenção Integral em álcool e outras drogas: São leitos de retaguarda em hospital geral com metas de implantação por todo o Brasil. Os CAPS, assumindo um papel estratégico na organização da rede comunitária de cuidados, farão o direcionamento local das políticas e programas de Saúde Mental: desenvolvendo projetos terapêuticos e comunitários, dispensando medicamentos, encaminhando e acompanhando usuários que moram em residências terapêuticas, assessorando e sendo retaguarda para o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Equipes de Saúde da Família no cuidado domiciliar. Esses são os direcionamentos atuais da Política de Saúde Mental para os CAPS – Centros de Atenção Psicossocial, e esperamos que esta publicação sirva como contribuição para que esses serviços se tornem cada vez mais promotores de saúde e de cidadania das pessoas com sofrimento psíquico. (BRASIL, 2004) O objetivo dos CAPS é oferecer atendimento à população de sua área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. É um serviço de atendimento de saúde mental criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos. 18 6. MÉTODOS O trabalho foi todo estruturado através de arquivos de autores reconhecidos por artigos relacionado ao tema do trabalho. Podemos considerar que o Assistente Social, é chamado a atuar na política de saúde mental, pois apresenta como objeto de trabalho, as expressões da “questão social” que se desenvolvem na sociedade capitalista. E, neste sentido a Saúde Mental constitui-se de uma expressão da “questão social” por ser uma configuração que se amplia no sistema capitalista e o Assistente Social passa a atuar frente às essas demandas envolvidas neste setor. Com a emergência do Movimento de Reforma Psiquiátrica, novas ações são apresentadas ao Assistente Social. Porém, vimos que há ainda neste setor a delimitação e focalização em determinadas ações devido a interesses institucionais, outras questões que não estejam dentro deste objetivo institucional acabam não tomando sua significativa relevância e que estes interesses institucionais são intensificados com a emergência do modelo neoliberal, que traz para o Assistente Social novas demandas e desafios dentro destas instituições. 19 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Cabe ao Assistente Social, porém, ir além desses objetivos institucionais e enfrentar esses desafios que se colocam na sua realidade de trabalho. Este profissional que se apresenta dotado de capacidade crítica e reflexiva da realidade tem como objetivo realizar o seu trabalho de maneira a analisaro contexto do seu usuário (o paciente da instituição de saúde mental), buscando para isso, conhecer a relação deste usuário com a sociedade que o cerca, como família e a comunidade em que está inserido sobre a perspectiva de identificar e intervir em situações que se configuram como demandas de sua prática profissional, com o objetivo de lutar para a garantia e construção dos direitos dos seus usuários. Assim, é necessário que este profissional desenvolva um cenário capaz de mostrar a sua importância e a sua contribuição na construção do processo de Reforma Psiquiátrica, onde juntamente com as categorias profissionais da Saúde Mental, os usuários desta política, os familiares destes usuários, a sociedade como um todo devam estar envolvidas neste processo, considerando que ele não está restrito apenas a uma política, a Política de Saúde Mental, mas está envolvido em uma ação integral e articulada com outros processos e outras políticas que a sociedade em geral está inserida. 20 REFERÊNCIAS BARATTO, Geselda; AGUIAR, Fernando. A “psicologia do ego” e a psicanálise freudiana: das diferenças teóricas fundamentais. Revista de Filosofia: Aurora, v. 19, n. 25, p. 307-331, 2007. BRASIL. Lei 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 19 set 1990. Disponível em: < http://www.conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080_190990.htm> Acesso em 07 dez 2020. BISNETO, José Augusto. Serviço social e saúde mental: uma análise institucional da prática. São Paulo: Cortez, 2007. CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL.Código de ética do assistente social. 10. ed. Brasília: CFESS, 2011. VASCONCELOS, Eduardo Mourão (Org.). Saúde mental e serviço social: o desafio da subjetividade e da interdisciplinaridade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.